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reportagem
pampulha jornalpampulha.com.br BELO HORIZONTE 24 a 30 de junho de 2017
SAÚDE E BEM-ESTAR VIDA SAUDÁVEL Dr. Telmo Diniz
‘Choquinho’ MOISÉS SILVA
(CRM-MG 25.398)
telmo.diniz@jornalpampulha.com.br
Epidemia de demências s demências estão aumentando a passos largos no decorrer das últimas décadas. Não vejo, no Brasil, políticas públicas voltavas para o tema e um plano de enfrentamento para o problema, como ocorre nos casos de obesidade, nas epidemias virais, nas doenças cardiovasculares, etc. É como se nada tivesse acontecendo. A cada dia surgem mais e mais casos de demência e as famílias simplesmente não sabem como lidar com o drama. A publicação americana Alzheimer’s Disease International estima que 135 milhões de pessoas em todo o mundo estarão vivendo com demência até 2050. Essa previsão revista já é 17% acima das previsões anteriores e tende a aumentar, em grande parte, pelo aumento na expectativa de vida da população. Se de um lado está sendo bom viver mais, por outro, a qualidade está deixando a desejar – demência à vista. O Mal de Alzheimer é a causa mais comum de demência, e seus sintomas incluem perda de memória, mudança de humor, problemas com a comunicação e de raciocínio. O relatório norte-americano diz que a doença de Alzheimer e outras formas de demência representam “uma epidemia global”. Você, caro leitor, deve ter um parente ou conhecido portador desta doença. E se vivenciou um pouco, sabe dos transtornos e dificuldades que os familiares enfrentam. Os atuais tratamentos são caros e pífios. Observa-se uma melhora com as medicações no início da doença, entretanto, nos casos moderados a graves, a situação poÀ medida que de ficar caótica para os cuidadores no dia a a população dia. É essencial que envelhece, nos preparemos. Na verdade, o Brasil já eso sistema tá atrasado. A Organitradicional zação Mundial de Saúde (OMS) já encara o de cuidar vai problema como “séprecisar de um rio” e o tem como prioridade. apoio muito Pensemos o mesmaior – mo! Amanhã poderemos ter um ente queriinclusive do portador de demêndo Estado cia em casa, confuso, perdido no tempo, com falsos reconhecimentos e às vezes agressivo. Até que tratamentos efetivos venham à tona, pesquisadores do King's College de Londres sugerem que, à medida que a população envelhece, o sistema tradicional de cuidar, feito de maneira informal pelas famílias, amigos e comunidade, precisará de um apoio muito maior. Inclusive do Estado, já que, no Brasil, esse apoio é falho e feito com descaso. Segundo a pesquisa, pouco mais que uma em cada dez pessoas acima de 60 anos precisa de cuidados de longo prazo, como ajuda diária em tarefas como tomar banho, alimentar-se, vestir-se e usar o banheiro – as chamadas atividades da vida diária (AVDs). Isso pode ser um fardo para a família, já que muitos dos parentes que cuidam do idoso precisam deixar o trabalho e outros afazeres do dia a dia. Também sugere maior profissionalização dos residenciais para idosos, o que pode ser uma opção de escolha em tempos de famílias pequenas e atarefadas. Segundo a britânica Alzheimer's Society, a demência é a maior crise na área de saúde que o mundo enfrenta atualmente. Um alerta para governos mundo afora sobre a urgência de investir mais em cuidado e apoio. Faça uma boa semana.
Para suar Maquinário high-tech conecta unidade de comando a um traje especial com eletrodos
A
Treinamentode apenas20 minutosequivale atrêshorasde musculação Os movimentosde agachamento, polichinelo e abdominal estão lá, mas, em vez de puxar ferro, os alunos estão vestindo uma roupa repleta de eletrodos, que, ao darem “choquinhos”, fazem todo o trabalho de estímulo semelhante aos provocados por exercícios de musculação. O eletrofitness é um novo tipo de atividade em que, em 20 minutos de aula, 350 músculos se contraem ao mesmo tempo, o equivalente a três horas de treinamento convencional. O gasto calórico pode ultrapassar 500 calorias por aula. O equipamento usado é uma tecnologia alemã que virou febre entre atletas como Usain Bolt e Rafael Nadal. Depois de desembarcar no Brasil no início do ano, já caiu no gosto de Bruna Marquezine, Grazi Massafera e outras famosas. Estúdios que oferecem a modalidade em São Paulo já estão com filas de espera. O maquinário high-tech consiste em uma unidade de comando que se conecta a um traje composto por Litza Mattos
um colete e cintas umedecidos e colocados na região de braços, pernas e glúteos, conforme explica o profissional de educação física Marcos Breno Silva. As peças são equipadas com oito grupos de eletrodos, que podem ser programados para realizar três tipos de treinos. A intensidade dos pulsos varia de 0 a 100. “Nos exercícios de força, os movimentos são alternados entre quatro segundos de estímulo e quatro segundos de recuperação. No aeróbico, o protocolo é constante, porém a frequência é menos intensa. Na recuperação, são dez minutos de estímulos com o aluno parado. É mais usado para relaxar depois de uma competição, por exemplo”, explica Silva. RESULTADOS O método de eletroestimulação muscular (EMS, na sigla em inglês – Electric Muscle Stimulation) auxilia
no emagrecimento, na redução de gordura corporal, na tonificação muscular, no ganho de força, na hipertrofia muscular, na correção postural e no combate à celulite. Adepto do crossfit há três anos, o professor de matemática Alisson Marques, 40, percebeu que precisava mudar. “Chega um momento em que parece que o corpo fica estabilizado. Sinto que a eletroestimulação está me ajudando. Quando comecei, há um mês e meio, estava com 23% de gordura corporal e agora estou com 18%”, comemora. No entanto, a novidade nada tem a ver com uma “proposta milagrosa”, segundo Silva. “Só fazer isso não adianta e, assim como qualquer outra atividade física, deve estar associada a uma reeducação alimentar e boa qualidade do sono”, reconhece. Por ser um treino bem intenso – duas sessões são
“
Não podemos negar que é um avanço tecnológico e que estamos caminhando cada vez mais para o uso da tecnologia a favor da qualidade de vida, mas buscas milagrosas por aparelhos não podem substituir a atividade física regular Anderson Luís Coelho, fisioterapeuta
equivalentes a seis aulas convencionais de uma hora na academia –, o professor de educação física diz ser preciso ficar atento a alguns cuidados. “São necessárias de 48 horas a 72 horas de recuperação entre os treinos. O máximo recomendado são duas vezes na semana”, afirma. Se para muitas pessoas a ideia de se exercitar tomando “choquinhos” parece, no mínimo, estranha, Alisson garante que na prática os estímulos são bem toleráveis e não assustam. “A gente sente como se fossem formigamentos, mas a intensidade o personal que acompanha o aluno na aula vai ajustando na máquina”, tranquiliza.
DEPOIMENTO “A roupa umedecida dá frio. Ao ser plugada na máquina e com tantos fios aparentes, a sensação é a de estar em um filme de ficção científica. Fiz o treino de força, em que a máquina mostra os movimentos na tela e o aluno deve imitálos. São dez exercícios repetidos 12 vezes em movimentos lentos e sem peso, enquanto os choques vão percorrendo o corpo e, em alguns momentos, nos fazem rir. Ao final dos 20 minutos, o suor é aparente. Ideal para quem tem a agenda apertada.” Litza Mattos, 30 anos, jornalista