O Futuro Mandou Lembranças - Orlando Mollica

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O Futuro Mandou Lembranรงas



H.Rocha Galeria de Arte e Ana Mollica

convidam para a exposição

O Futuro Mandou Lembranças O r l a n d o

M o l l i c a

Inauguração 5 de agosto às 19h30 Exposição de 6 de agosto a 6 de setembro de 2014, de terça a sábado, das 12h às 19h Shopping Cassino Atlântico, Av Atlântica 4240, lj.333 - Copacabana - RJ /22070-002 Telefones: 021 2227-1179 / 021 98582-0008 / gartehrocha@uol.com.br www.facebook.com/hrochagaleriadearte www.galeriadeartehrocha.art.br


ORLANDO DE MAGALHテウS MOLLICA - Rio de Janeiro - 1944 - 2014



“O futuro mandou lembranças (antes e depois de J. Batista da Costa)”

E

ste é um trabalho pictórico que aborda a visualidade brasileira na sua pluralidade a partir de um repertório bastante diversificado de modos de olhar para o país (em especial para a cidade do Rio de Janeiro, e que tem correspondência nas diversas escolas europeias que para aqui vieram, sendo devidamente metabolizadas ao longo da criação do país, tendo se transformado em maneirismos brasileiros. Tanto os pintores viajantes quanto os impressionistas como Monet, os expressionistas como Van Gogh e até mesmo alguns simbolistas como Gauguin, pós-impressionistas como Cézanne, Bonnard e outros que executavam seus trabalhos ao ar livre, buscaram um registro mais aproximado da natureza. Apesar de nitidamente serem referências para o presente trabalho, este se configura concretamente, na prática, na medida em que todas essas vivências e observações de Brasil são refeitas com um cruzamento de situações que se refletem esteticamente na busca da “coexistência pacífica” de modos e meios de produzir pintura em um só espaço: o quadro. Ou seja, em quadros que consigam harmonizar as grandes tensões entre esses modos, por vezes, tão heterogêneos de fazer pintura.

Nau da Armada de Gonçalo Coelho avistada da Praça Paris.

Tec: acrílica sobre tela - 139 X 193 cm


Paralelamente, esse fenômeno da heterodoxia de modos de pintar e suas respectivas escolas trazidas da Europa e aqui misturadas pode, perfeitamente, dialogar com uma analogia de um determinado conceito de tempo que nesse trabalho se confunde com um questionamento da nossa cultura em seus diversos patamares, por exemplo: é como se disséssemos que “houve um amanhã” ou “haverá um ontem” sem que deixemos de ter na convergência dessas duas conjugações verbais um “eterno presente”, de acordo com Georges Braque. “O país macunaímico” de Mário de Andrade, equivalente ao “País do Carnaval” de Jorge Amado ou ao “O País do Futuro” de Stephan Zweig, tem como característica comum o futuro como justificativa do presente, resultando numa distopia bem exemplificada nas palavras de José Antonio Moroni: “Estamos num impasse: para avançarmos precisamos de outras institucionalidades. Por quê? Porque nunca tivemos força suficiente para provocar rupturas. Sempre saímos de um período histórico para outro por meio da conciliação. E esta sempre foi feita tendo como sujeitos políticos hegemônicos as forças conservadoras e as elites.” Haja vista que nossos três primeiros governos republicanos foram militares e com forte traço imperial, já que boa parte do parlamento permaneceu o mesmo.


De fato, o que se pode perceber num primeiro olhar, usando o senso comum, para a História do Brasil é que a história da Nação brasileira confunde nossa memória. Esta situação está muito bem caricaturada por Stanislaw Ponte Preta quando compôs seu samba enredo, “Samba do crioulo doido”. Nesse sentido, entendemos que o fenômeno da miscigenação no Brasil não se reduz à questão racial apenas, como pensa Gilberto Freyre. Ele é, por outro lado, indutor de contaminações culturais provenientes das correntes mais híbridas e plurais que coexistem no ETHOS brasileiro, produzindo uma estética nacional carnavalizada, um “vale-tudo” cultural, onde não cabe qualquer reflexão crítica, dificultando a elaboração de um projeto de país. Esse fenômeno cultural é o conceito seminal deste trabalho, e como tal é apresentado nesta série de pinturas sob a forma de uma espécie de colcha de retalhos ou colagens pictóricas feitas de pequenas memórias, grandes feitos históricos, vultos da história nacional misturados, sincretizados, miscigenados aos signos mais banais presentes no imaginário do povo brasileiro. Nesse sentido, o que aparece nas narrativas dessa série “Futuro Mandou Lembranças” é um conjunto de pinturas formalmente heterogêneas remetendo à história da brasilidade, tomando a paisagem carioca como emblemática,

Hidroavião da Varig visto dos fundos do Palácio da Princesa Isabel.

Tec: acrílica sobre tela - 118X148 cm


pintada de ângulos e modos os mais diversos e inusitados, muitas vezes a partir de imagens de outros pintores de outrora, e contrapondo -as com algum veículo de locomoção ou outro signo distintivo de uma determinada datação histórica e que adentra a cena para criar uma situação diatópica e desconcertante para o espectador. Enfim, um evento atemporal fabulado no contexto político e sociocultural de um Brasil pintado como pretérito. Tais situações temporais “absurdas”, tornadas possíveis apenas como licença poética, são evidenciadas e salientadas nos títulos de cada obra. Com efeito, a natureza exótica ao nosso meio ambiente transplantada da Europa para os trópicos, na forma de jardins, é tratada pictoricamente neste trabalho de modos mais estilizados, beirando a ilustração e o kitsch, naturalizada à maneira dos pintores simbolistas, enquanto as representações da vegetação nativa desta região sudeste, típica do Rio de Janeiro, são preferencialmente pintadas a partir de escolas europeias mais “naturalistas”, devidamente assimiladas e apropriadas à maneira brasileira do artista, retiradas daquelas correntes de pintores europeus que gravitam em torno do Impressionismo, pós-impressionismo e do Romantismo.

Orlando Mollica, Abril de 2014



Santos Dumont dando a volta no Cristo Redentor com seu Dirigivel N°6, visto do interior de um canteiro de flores da Casa de Rui Barbosa Tec: acrílica sobre tela - 139X192cm


Auto subindo trilha do Alto. Tec: acrĂ­lica sobre tela - 140X180cm




E

ugenio C foi um navio ícone de um período da navegação transatlântica, que durante 40 anos percorreu os mares com seu nome original e com outros três similares, que se até ser desmontado em um estaleiro de Alang, na Índia. Ainda houve uma tentativa de manter o navio como museu no porto de Gênova, na Itália. Mas o projeto não deu certo. Lançado ao mar em novembro de 1964, o Eugenio C fez a viagem inaugural com membros da família Costa, italianos donos da companhia Linea C. Em 23 de maio de 1966 o Eugenio C partiu do porto de Gênova com destino a Buenos Aires em viagem inaugural, durante 20 anos percorreu a rota entre Europa e América do Sul.

Saco do Alferes (depois de T. Ender) de onde se avista Eugênio C. à espera do Porto Maravilha Tec: acrílica sobre tela - 125X158cm


Campinho de pelada visto do aqueduto do Corcovado em direção ao Pão de Açúcar. Tec: acrílica sobre tela -116X178 cm





Asa Delta - Numa tarde calma na Lagoa Rodrigo de Freitas - (depois de J. Batista da Costa) - 1923 - 2014. Tec: acrĂ­lica sobre tela -90X180 cm - Na pĂĄgina anterior


Surfe de Zumbi dos Palmares frente ĂĄ Igrejinha de Copacabana. Tec: acrĂ­lica sobre tela



Prisioneira virando vaca modernista

Tec: acrĂ­lica sobre tela - 31X36 cm


Paisagem campestre , Mate LeĂŁo, vacas e biquini Tec: acrĂ­lica sobre tela - 17x26 cm


Paisagem com ĂĄrvores e cachorro-quente Tec: acrĂ­lica sobre tela - 38x51 cm


PRINCIPAIS EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS

1978 – Instalação – Museu de Arte Moderna – RJ. 1981 – “Eu Rio” – Desenhos – Sala Milliet – Funarte – RJ. 1984 – Pinturas – Galeria Divulgação e Pesquisa – RJ. 1987 – Gravuras “Erosatíricas” – Galeria Matias Marcier – RJ. 1988 – “Contraparede” – Casa Laura Alvim – RJ. 1990 – Pinturas – CC Cândido Mendes – RJ. 1991 – “Que Figuras” – Museu de Arte Contemporânea – Curitiba. 1991 – Pinturas – CC Cândido Mendes – RJ. 1993 – Pinturas – Museu Nacional de Belas Artes – RJ. 1995 – Desenhos Pinturas – Embaixada do Brasil – Paris. 1996 – “Peintures Recents” – Galerie Martine Collaire – Paris. 1997 – “Imaginaire Populaire” – Installation – C.C.F.B. Paris – França. 1997 – “Rio, Serra e Mar” – Centro Cultural Candido Mendes – RJ. 1998 – “Aquarelas do Brasil” – Casa de Cultura Laura Alvim – RJ. 2002 – “Guanabarassu” – Pinturas – Galeria Lana Botelho – RJ. 2004 – “Imagens Plácidas” – Centro Cultural Candido Mendes – Ipanema – RJ. 2007 – “Ressonâncias” – Galeria 90 – RJ. 2009 – “Revista Revista” – MAM – RJ. 2009 – “Revista Revista” – Fundação Medeiros de Almeida – Lisboa – Portugal. 2013 – “Impressões Retocadas” – UNESC – SC. 2014 – ‘‘Rio em Janeiro’’ – Galeria H. Rocha – RJ.

PRINCIPAIS EXPOSIÇÕES COLETIVAS

1985 – “Ao Mestre com Pintura”– Homenagem a Luís Áquila – EAV Parque Lage – RJ. 1988 – 2º Festival International du Dessin Politique – Bruxelas . 1989 – 8ª Mostra do Desenho Brasileiro – Curitiba – PR. 1990 – Exposições Itinerantes “Plumes Acides” – França. 1990 –1º Encontro Brasil – Portugal de Humor / Museu de Caricatura – Lisboa. 1991 – “Mestre – Aluno”– Centro Cultural Petrobrás – RJ. 1991 – Brazilian Paitings – Las Vegas – USA. 1992 – “Um Rio Que Passou Em Nossas Vidas” – IAB – RJ . 1993 – “O Papel do Rio” – Pintura / Desenho – Paço Imperial – RJ. 1994 – “Imagens Indomáveis” – EAV Parque Lage – RJ. 1995 – “A Cor do Rio” – Espaço Cultural Correios – RJ. 1995 – “Dezoito” – CC Cândido Mendes – RJ. 1995 – “Beijing” – China. 1992 – “Amado aos 80” – Homenagem a Jorge Amado – MNBA – RJ. 1995 – “Holywood Rock Graffitti” – MAM – SP. 1996 – “O Grito” – Museu Nacional de Belas Artes – RJ. 1997 – “Panorâmica 97”- CC Cândido Mendes – RJ. 1998 – “Doze Telas e a 7ª Arte” – Casa de Cultura Laura Alvim – RJ. 1999 – “Na Beira da Voz” – CC Candido Mendes – RJ. 2000 – “Brasil Arte Contemporânea” – Vila Rizzo – RJ. 2005 – “Paisagem Carioca” – Galeria Lana Botelho – RJ. 2010 – “Forma(ação) gráfica: a experiência da EAV Parque Lage” – RJ.


Projeto: Helio Rocha e Denise Mostacatto Rocha Realização : Galeria H.Rocha Programação Visual & Fotografia: Juan Russo Consultoria : Osvaldo Gaia Texto : Orlando Mollica Assessoria de Imprensa: BriefCom Comunicação Iluminação : Ubirajara Vasconcelos Impressão : Qualidade Gráfica e Editora

Todos os direitos reservados - H.Rocha Galeria de Arte



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