Retrato de cowboy de botas e sombrero com aldeia portuguesa em fundo [PT]

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Retrato de cowboy de botas e sombrero com aldeia portuguesa em fundo publico.pt/2016/05/04/culturaipsilon/noticia/retrato-de-homem-com-aldeia-em-fundo-1730805 Luís Miguel Oliveira

Fotogaleria Imagem anterior Imagem seguinte Entra-se em Rio Corgo com um longo travelling, acompanhando um homem por uma rua de aldeia abaixo, enquanto a voz off, que instintivamente compreendemos ser a desse homem, debita um sem-número de nomes de localidades portuguesas mais ou menos remotas. É um movimento de "mergulho", porque a rua é a descer, e é um movimento de "perseguição", porque é a câmara que vai atrás do homem, sempre de costas. Começamos, portanto, por conhecer Silva, o protagonista de Rio Corgo, como uma silhueta, e uma estranha silhueta, vestida de negro, grande saco branco às costas, botas de cowboy e um enorme sombrero. Não é a figura mais típica que se espera encontrar numa aldeia transmontana, intui-se que é uma personagem que traz "um filme" com ela. Maya Kosa e Sérgio da Costa, dois jovens realizadores à roda dos 30 anos, nascidos na Suíça, de origem portuguesa ele, de origem polaca ela (mas com contacto frequente com Portugal desde os dez/doze anos, como nos conta), oferecem-lhe esse "filme", tornam-no visível: Rio Corgo é um filme duma personagem e para uma personagem, esse estranho Silva, ex-prestidigitador entre muitas outras coisas, homem com um passado que volta sob a forma de visões e alucinações (a mulher amada há muito perdida), e possuidor de um inusitado sentido de showman. Mais do que outro filme sobre o interior rural português (Relvas, em Trás-osMontes), Rio Corgo é um retrato de um homem com aldeia em fundo, o recorte de uma estranheza numa paisagem, afinal, familiar. 1/5


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