“Diários de Otsoga”: o querido mês de Agosto passado em confinamento [PT]

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“Diários de Otsoga”: o querido mês de Agosto passado em confinamento e com o tempo virado do avesso ★ ★ ★ ★ ★ observador.pt/2021/08/19/diarios-de-otsoga-o-querido-mes-de-agosto-passado-em-confinamento-e-com-o-tempovirado-do-avesso

O novo filme de Miguel Gomes e Maureen Fazendeiro, “Diários de Otsoga”, tem alguns pontos de contacto com outro do realizador, “Aquele Querido Mês de Agosto” (2008). Ambos decorrem em Agosto, a certa altura, “realidade” e ficção encontram-se e confundem-se, e cultivam ambos o metacinema. Mas as semelhanças ficam-se por aqui, porque ao contrário daquele, “Diários de Otsoga” é um filme com os movimentos radicalmente tolhidos, em que os seus autores (que também assinaram o argumento, com Mariana Ricardo) quiseram reproduzir, simulando-a, a experiência do confinamento, fechando-se com três atores (Crista Alfaiate, Carloto Cotta e João Nunes Monteiro) e com os técnicos numa quinta na zona de Sintra. A fita é também contada ao contrário, em cronologia invertida, começando pelo fim e acabando no princípio, com a história das três personagens enclausuradas a transformar-se gradualmente na do dia-a-dia da rodagem em conjunto. E incorpora peripécias e situações que não estavam no argumento e foram acontecendo ao longo dos 22 dias da filmagem – incluindo a possibilidade do nascimento prematuro do bebé de Maureen. Este deve ser o primeiro filme que tem embutida a possibilidade da sua interrupção, devido a um problema com a gravidez de uma das autoras. E que levou a um hiato de autogestão,

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