Filme "Diários de Otsoga" regista desejo de regresso à vida em comunidade observador.pt/2021/08/18/filme-diarios-de-otsoga-regista-desejo-de-regresso-a-vida-em-comunidade
Enquanto a vida esteve em suspenso em 2020, durante o confinamento por causa do coronavírus, os realizadores Miguel Gomes e Maureen Fazendeiro fizeram “Diários de Otsoga”, um filme que regista o desejo à vida em comunidade. “Diários de Otsoga” – que se estreia em Portugal na quinta-feira, um ano depois de ter sido rodado – não é um filme sobre a pandemia ou sobre o confinamento. “Tem qualquer coisa de antídoto a este tempo. É um filme sobre estar com outras pessoas“, afirmou Miguel Gomes, em entrevista à agência Lusa. O filme foi feito em 22 dias, num registo diarístico, com os atores Crista Alfaiate, Carloto Cotta e João Nunes Monteiro fechados numa casa com um jardim, onde decidem construir um borboletário. O argumento é de Mariana Ricardo, Maureen Fazendeiro e Miguel Gomes, e todos eles – técnicos, atores, duas cozinheiras e outros elementos da produção – entram no filme, discutindo e construindo coletivamente a narrativa à medida que ela foi sendo feita. “Não houve escrita, não houve trabalho de preparação. Fazia parte da ideia do filme de, no local, tentar improvisar um filme com a equipa”, tendo apenas algumas ideias de base da estrutura, contou Maureen Fazendeiro à Lusa. No entanto, este é um diário fílmico invertido, com os realizadores a subverterem a lógica temporal. O início do filme, que começa com um beijo, é na verdade o último dia da rodagem, e à medida que os dias são filmados percebe-se a intromissão da pandemia na produção.
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