“Rio Corgo”: western à portuguesa [PT]

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“Rio Corgo”: western à portuguesa apaladewalsh.com/2021/03/rio-corgo-western-a-portuguesa 17 de março de 2021

Jorge Silva Melo, numa entrevista não muito longínqua, afirmava que todos os elementos que constituem a narrativa teatral, dramática e cinematográfica não têm existido numa tradição literária portuguesa. Isto é, afirmava o realizador e encenador que as narrativas portuguesas eram pouco ricas em personagens “rotundas”, que o imaginário cultural português estava mais preenchido por figuras “flat” [“lisas”, “planas”] que se diluíam na prosa. Com uma exceção: os retratos. Em particular os retratos de Columbano Bordalo Pinheiro. Só que estes “estão desinseridos de tudo, são fantasmas, são umas aparições, são retratos em que o Columbano está a dizer adeus aos seus amigos. Estão quase mortos, são sublimes de despedida”. Rio Corgo (2015) insere-se completamente nesta forma singular do retrato enquanto prática atípica das narrativas portuguesas, sendo também um filme de despedida, um retrato de um fantasma, ou de alguém que se encaminha, a passos largos, para a morte. Esse alguém é o senhor Silva.

Rio Corgo (2015) de Sérgio Costa e Maya Kosa

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