Thomas Vinterberg venceu quase tudo nos Prémios do Cinema Europeu [PT]

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CULTURA

Thomas Vinterberg venceu quase tudo nos Prémios do Cinema Europeu 13.12.2020 às 11h27

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Mads Mikkelsen em “Drunk – Another Round”, de Thomas Vinterberg HENRIK OHSTEN

“Drunk – Another Round”, lme dinamarquês com Mads Mikkelsen, conquistou quatro das cinco categorias principais na cerimónia deste sábado,

em Berlim, realizada à porta fechada devido à pandemia. Foi a última edição presidida por Wim Wenders, que conduziu a Academia Europeia de Cinema desde a sua fundação, em 1988

FRANCISCO FERREIRA

O

novo lme de Thomas Vinterberg impôs-se nas votações da Academia Europeia de Cinema e saiu de Berlim no sábado com vitórias nas categorias de Melhor Filme, Melhor Realizador, Melhor Ator (Mads Mikkelsen) e Melhor Argumento (coassinado por Vinterberg e Tobias Lindholm). É um triunfo contundente do realizador dinamarquês num ano negro para o mundo e para o cinema, a premiar uma obra que foi selecionada e deveria ter tido a sua estreia mundial em maio, na competição do Festival de Cannes, cancelado pelo coronavirus.

“Drunk” (aka “Another Round”) foi depois exibido com a chancela de Cannes em festivais de nal de verão como San Sebastián, Toronto e Lyon, chegou a estrear-se comercialmente na Dinamarca e na França no m de setembro, mas continua, como tantos outros lmes de 2020, à espera de melhores tempos para poder ser visto no resto do mundo. Em Portugal, será distribuído pela Films4You, em data a anunciar.

Vinterberg traz-nos um desiludido professor de história de Copenhaga que se junta a três outros docentes do mesmo liceu, todos eles cinquentões e pais de lhos, para levar a cabo uma arriscada teoria: se é verdade que o ser humano nasceu com um dé ce de álcool no sangue, então que se comece o dia com umas pingas de vodka logo ao pequenoalmoço. E é claro que as aulas dos quatro professores mudam imediatamente de tom com esta embriaguez de grupo, ideia insensata que no início ainda é controlada com alcoolímetros digitais para logo car fora de controlo – a um tal ponto que a personagem de Mads Mikkelsen já nem consegue regressar de carro a casa. Com este bota-abaixo coloca-se Vinterberg no seu território de eleição, apontando a mira a uma classe média europeia resignada e frustrada pelo seu próprio conforto.

Com as 'sobras' de uma cerimónia realizada à porta fechada e em que os nomeados participaram pela Internet, cou Paula Beer, prémio de Melhor Atriz pelo seu notável papel protagonista em “Undine”, do germânico Christian Petzold. Paula Beer repete assim o galardão que já havia conquistado em fevereiro na Berlinale. Está previsto que este novo trabalho de Petzold se estreie em Portugal, pela Leopardo Filmes, a 14 de janeiro do ano que vem.

O realizador italiano Carlo Sironi venceu o prémio Descoberta do Ano, organizado pela FIPRESCI, federação da crítica internacional. “Collective”, do romeno Alexander Nanau, foi o Melhor Documentário Europeu. No campo da animação ganhou “Josep”, do francês Aurel, outra obra que Cannes havia selecionado, passada no pós-Guerra Civil de Espanha. O escocês Mark Cousins recebeu da Academia Europeia de Cinema um prémio especial para a “narrativa inovadora” dos seus documentários. E o português Luís Urbano foi distinguido com o prémio Eurimages, atribuído por este fundo de apoio ao cinema europeu e pela Academia, reconhecendo o seu trabalho na produtora O Som e a Fúria.

Wim Wenders e Marion Döring na cerimónia dos Prémios do Cinema Europeu ANDREAS RENTZ

Poucos dias antes da cerimónia deste sábado, conduzida pelo apresentador de TV alemão Steven Gätjen, foi também revelado que o destino da Academia Europeia de Cinema fundada há 32 anos por Ingmar Bergman e quarenta outros cineastas europeus - vai mudar de mãos. Wim Wenders, que a presidiu até agora, e Marion Döring, que a dirigiu em igual período, cedem o lugar à cineasta polaca Agnieszka Holland e ao holandês Matthijs Wouter Knol, que guiou longos anos o European Film Market do Festival de Berlim.

Este adeus a Wenders e a Döring e as videochamadas de despedida que a realização mostrou em seguida (representação portuguesa de Maria de Medeiros) foram o momento mais saliente da noite, sobretudo quando o veterano cineasta húngaro István Szabó recordou os primórdios da Academia, o seu espírito solidário e o seu contributo para a solidi cação do cinema europeu. Uma foto do primeiro encontro em que a semente foi lançada reuniu, além de Bergman e Wenders, Federico Fellini, Bernardo Bertolucci, Claude Chabrol, Theo Angelopoulos, Jirí Menzel, Dusan Makavejev, entre outros. Na época, a Academia foi limitada a 99 membros. Hoje tem quase quatro mil.

Mais informações no site da EFA

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