"Patrick", a pedofilia internacional no primeiro filme de Gonçalo Waddington tsf.pt/portugal/cultura/patrick-a-pedofilia-internacional-no-primeiro-filme-de-goncalo-waddington12453484.html 22 de julho de 2020
Gonçalo Waddington despertou para o tema quando viu na televisão a notícia sobre o caso de uma criança vítima de tráfico sexual, no norte de Espanha. Mas só decidiu escrever o filme quando sentiu que tinha "maturidade para isso". Pelo meio, participou em "Alice", o filme de Marco Martins que aborda o desaparecimento de uma criança, na ótica dos pais. Já "Patrick", estreia do ator na realização, é um filme sobre identidades e, sobretudo, sobre o impacto do rapto na vida das vítimas: "O processo mental, psicológico, físico, de ter de começar a apagar certas memórias, porque essas memórias se tornam dolorosas". Ou seja, uma criança que ficará, após ser raptada, porque é que os pais não a vão buscar: "Se calhar não quiseram, se calhar não puderam; às tantas as pessoas arranjam respostas que são mais fáceis de aceitar porque são mais terminais, digamos assim." O que foi não volta a ser. No fundo, "as consequências para alguém que viveu com uma nova identidade, e como é que essa pessoa lida com isso quando é confrontada com a sua antiga identidade, uma vez que aparentemente essa pessoa já rejeitou esse passado", afirma o realizador, em entrevista nos estúdios da TSF. "Patrick", papel do lusodescendente Hugo Fernandes, conta a história de um jovem adulto que vive no meio festas e droga em Paris, com o namorado mais velho. Gere um site de pornografia adolescente, o que o leva a ser preso após uma rusga numa festa. As autoridades descobrem-lhe a verdadeira identidade e Patrick é afinal Mário, raptado, no interior de Portugal, quando era criança. Uma multiplicidade de barreiras espelhadas na ficção de produção internacional (Luís Urbano e Sandro Aguilar, O Som e a Fúria, conceberam o projeto): "barreira da língua, da pátria, a barreira da sexualidade, mas também a barreira familiar". Mas, num ponto em que o filme vai ao encontro da linha de outros sobre o mesmo tema: "o mesmo se passa com a mãe, que teve de aprender a viver sem ele, durante mais dez anos". Mário tem então a opção de voltar para a casa da mãe e colaborar na investigação do desmantelamento de uma rede de pedofilia. Ao regressar a Portugal, tenta adaptar-se a uma nova realidade, mas é recebido com desconfiança numa família destruída.
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