ArteKino | John From, em análise www.magazine-hd.com /apps/wp/john-from-artekino-em-analise/ Cláudio Alves Em John From, o realizador João Nicolau captura, em 16mm, a efemeridade jubilante de um Verão na vida de uma adolescente inebriada pela doçura de um primeiro amor.
No cinema contemporâneo, com especial ênfase no panorama independente, dois conceitos são regularmente explorados em conjunto por uma miríade de diferentes cineastas. Falamos, pois claro, do Verão e da juventude, uma combinação bastante óbvia e repetida, mas não por isso fácil de retratar no cinema sem se cair ora no cliché, ora num problema muito mais comum, a incompetência. Não querendo ser injustamente cruel, a grande maioria dos cineastas que se propõe a retratar vidas e perspetivas adolescentes no seu cinema, tende a aplicar a essas histórias uma perspetiva claramente adulta, ou mesmo em posição de julgamento, alienando a audiência dos sujeitos ou criando uma visão artificial que nada tem de empática ou verosímil. Evidentemente, tais abordagens por vezes resultam em grandes triunfos, mas a mediocridade é o resultado habitual. Tudo isto para introduzir John From de João Nicolau, um filme onde o cineasta português nunca se coloca numa posição distante ou superior à sua protagonista adolescente. Pelo contrário, toda a obra parece existir no foro da mente adolescente, imatura e ainda com vislumbres da fértil e mágica imaginação infantil. Assim, Nicolau consegue aqui um delicado triunfo, o de capturar dois conceitos que, pela sua natureza, se referem a fenómenos e fases passageiras e intrinsecamente efémeras das nossas vidas.
1/6