Locarno: uivo dos Lobo Antunes cultura.estadao.com.br/blogs/p-de-pop/locarno-uivo-dos-lobo-antunes
Rodrigo Fonseca 12 de agosto de 2019 | 09h55 Rodrigo Fonseca Festivais de cinema têm por vocação revelar bons atores, como é o caso de Miguel Lobo Antunes, septuagenário português formado em Direito, com um longo histórico na administração de centros culturais em Lisboa, que, desde ontem, fisgou corações em Locarno com suas peripécias no Irmão do escritor António Lobo Antunes, o jurista reformado delicioso longa-metragem Miguel vive Luis Rovisco em “Technoboss”, sensação de “Technoboss”, uma das joias da Locarno, na briga pelo Leopardo de Ouro competição suíça. Há 17 longasmetragens disputando o Leopardo de Ouro de 2019 (incluindo o inquietante drama brasileiro “A febre”, de Maya Da-Rin), mas um dos representantes de Portugal na peleja, a comédia musical (cheia de aversões aos dogmas do realismo) dirigida por João Nicolau, vem arrancando elogios na cidade por seu humor e pelo carisma de Miguel. Diz o veterano jurista, já reformado, que é primo (sabe-se lá de que grau) do músico e compositor Edu Lobo. Mas o sobrenome dele nos soa familiar por outra via, a da literatura: é irmão do aclamado escritor luso António Lobo Antunes, autor de “Os cus de Judas”. Diz ele que jamais atuou antes, tendo atraído o olhar de Nicolau ao dançar em uma festa. Mas quem vê seu desempenho, pautado pela leveza, em cena, duvida disso. “Meu único objetivo no set era deixar o João feliz, agradá-lo… mantendo a esperança de que possa deixar os espectadores satisfeitos também”, disse Miguel ao P de Pop ao fim da projeção de “Technoboss” a uma sorridente imprensa. “Pra uma pessoa que nunca fez nada no cinema antes, estrelar um filme inteiro é algo que só se faz às custas de muito trabalho. Ensaiei com Nicolau de junho a agosto do ano passado e tive umas aulas de canto durante o processo”. Pois apesar de toda a sua humildade aparente, Miguel consegue fazer um levante contra os formalismos mais semióticos do cinema autoral europeu à frente de “Technoboss”. Se no nietzschiano “John From” (2015), Nicolau mapeava a primavera de uma
Cena do divertido longa de João Nicolau
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