Barao de Surui: 80 anos

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Tatuí, 27 de abril de 2011

Professor Nacif Farah terá monumento na praça Paulo Setúbal Uma das atividades que integram a programação dos 80 anos da atual Escola Estadual “Barão de Suruí” é a instalação do monumento em homenagem ao professor Nacif Farah. A é obra do artista plástico Cláudio de Camargo. Nacif Farah foi o primeiro professor de música do “Barão de Suruí”, tendo regido o notável “orfeon”. Sua estátua integra a série “Capital da Música”, que eterniza ícones da música local. Um maestro já foi instalado na rotatória da avenida Firmo Vieira com a rua São Bento, próximo ao Conservatório. O monumento do músico João Baptista Del Fiol e seu violoncelo estão instalados na Praça da Matriz, em frente ao Hotel Del Fiol. O monumento de Bimbo Azevedo foi também instalado na Praça da Matriz, em frente ao Café Canção. Os ícones de músicos tatuianos, instalados gradativamente, fazem parte de projeto turístico da Prefeitura de Tatuí, com atuação da Secretaria Municipal de Cultura, Turismo, Esporte, Lazer e Juventude e do Comtur (Conselho Municipal de Turismo) e prevê 13 monumentos de personalidades musicais. Os próximos a serem homenageados são os tradicionais seresteiros. Noel Rudi e Zé Fiuza serão os primeiros, e o trabalho seguirá com as esculturas de Dito Rolim, João do Irineu, Osmil Martins e Raul Martins. A idealização do projeto é do publicitário Giovani de Arruda Campos e as obras, do artista plástico Cláudio de Camargo. Nacif Farah nasceu em Capivari, no dia 22 de agosto de 1902. Filho de José Ignácio Farah e Eduarda Lhamas Farah. Diplomouse em primeiro lugar no curso de farmácia pela Faculdade de Farmácia e Odontologia de Ribeirão Preto. Sua formação musical deve-se ao cônego Oscar Sampaio Peixoto, que procurou familiarizá-lo com os segredos da harmonia e contraponto.

Nacif

Meia-noite. Luar. Silêncio em tudo. Frio. Hora de assombrações nos becos... nos quintais... Dorme do Poeta o bronze, entre o arvoredo, em paz. Apenas, quando em quando, ulula um cão vadio... ...No casarão da Escola – (eu sonho) – há boitatás... Perpassa-me, alto a baixo, um gélido arrepio... E pálido, e assustado, a vida por um fio, junto deles estou – espectros infernais! Que doido sarilhar no prédio a horas mortas! E eu vejo então no sonho, extático, surpreso, aos retintins sambando as túrgidas retortas... e em rigoroso forma – estranhos sinfonistas – provetas e balões, no anfiteatro aceso, na execução da “Ester” vibrando como artistas... Extraído de “Suruíadas – Professores de Hoje e de Ontem do Instituto de Educação Barão de Suruí”. Versos de Hugo Pires, 1958.

É o autor da obra sacra “Sete Palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo na Cruz”, a três vozes mistas (soprano, contralto e baixo), com acompanhamento de órgão ou harmônio, que foi premiada pelo governo da Espanha e até hoje é executada durante as cerimônias da “Semana Santa” em igrejas da França, Portugal, Espanha e Brasil. O revisor desta obra ficou extasiado diante dos profundos conhecimentos contrapontísticos demonstrados no trabalho do então jovem compositor, de 23 anos. Com 16 anos, Nacif compôs duas fantasias: “Éster” e “Noêmia”, prenúncio de um compositor sinfonista. Lecionou música nas cidades de Franca, Casa Branca e Mogi Mirim, todas do Estado de São Paulo. Em 1931, veio para Tatuí, sendo o primeiro professor de música do Ginásio do Estado “Barão de Suruí” (assumiu cadeira em 11 de setembro de 1931 e inaugurou o orfeon do ginásio estadual em 24 de novembro – semana de Santa Cecília, padroeira da música). Também nesta escola lecionou a disciplina de química por muitos anos consecutivos. Organizou e regeu um orfeão de muitas vozes, que conquistou vários prêmios pelo Estado de São Paulo. Foi um professor completo, pois, além de aulas de suas disciplinas, orientava seus alunos nos mais amplos aspectos da educação integral. Foi o criador do côro “Santa Cecília”, da Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição, sendo seu organista e regente. Casou-se em 1933, com a professora Francisca Vieira de Camargo Farah, nascida em Tatuí. Tiveram dois filhos: a professora Alzira Camargo Farah Loretti e o professor e pianista Mário Edison Camargo Farah. Toda a obra composta por Nacif Farah apresenta uma variedade rítmica, melódica, riqueza harmônica e trato contrapontístico. Nas suas composições musicais, utilizou-se de poesias de Castro Alves, Fagundes Varela, José Lannes, Paulo Sílvio Azevedo e José Celso de Mello. Nacif Farah faleceu na cidade de Tatuí em 15 de outubro de 1955, data em que se comemora o “Dia do Professor”.


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