Especial Raio X 2021 - A retomada do turismo já começou

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FORTALEZA - CEARÁ, TERÇA, 30 DE NOVEMBRO DE 2021

A RETOMADA DO TURISMO JÁ COMEÇOU NA TERCEIRA EDIÇÃO DO ESPECIAL RAIO X, CELEBRAMOS A RETOMADA DO TURISMO E DOS EVENTOS CULTURAIS, POSSÍVEIS POR CAUSA DO AVANÇO DA VACINAÇÃO NO ESTADO. NAS PÁGINAS A SEGUIR, TRAÇAMOS OS CENÁRIOS DE RECUPERAÇÃO ECONÔMICA E REINVENÇÃO ESTRATÉGICA DO LAZER E DO ENTRETENIMENTO


EXPEDIENTE

EDITORIAL

DEMITRI TÚLIO

Turismo e serviços

A casa cheia de novo É só passear pela Beira Mar neste fim de novembro que se nota a movimentação mais intensa. São os turistas que estão de volta para passar férias “onde você mora”. Essa retomada do turismo cearense provoca a recuperação do setor de serviços. De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o setor de Serviços recuou 13,6% em 2020 no que foi o pior resultado desde 2012. Só o turismo despencou 40,9% no ano passado. Mas o quadro negativo que foi observado em 2020 tem sido revertido. O IBGE mostra que o setor já acumula alta de 11,1% em 2021, até setembro, quase recuperando as perdas da pandemia. Alexandre Pereira, titular da Secretaria Municipal de Turismo, está confiante. Em entrevista ao Raio X ele traça um cenário otimista para os próximos dezembro e janeiro. “Eu vou te dar uma perspectiva de crescimento, mas é um feeling porque a gente não pode ficar chutando. A gente tem um observatório do turismo que me deu agora essa previsão de 500 mil turistas para a alta estação. Isso não é um chutômetro”, diz. Alexandre fala sobre os investimentos para atrair o turista kitesurfista para a capital, valorizar o turismo interno e unir forças com outros estados do Nordeste na estratégia de vender a região como Caribe brasileiro. O setor de eventos também comemora. A última medida do Governo, instaurada no dia 16 de novembro, permite que eventos sociais possam receber até 2 mil pessoas em locais abertos e 1,2 mil em ambientes fechados. O que só é possível por causa do avanço da vacinação. O Ceará conta com mais de 12.862.000 doses de vacina aplicadas, representando cerca de 63% da população com esquema de vacinação completo, de acordo com a Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa) e a Secretaria da Cultura. Que bom será ver a casa cheia de novo.

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ACOMPANHE O PROJETO RAIO X O projeto “Raio X” Ceará é um estudo sobre análises setoriais, tendências e perspectivas da economia cearense. O projeto apresenta as perspectivas dos mercados frente ao crescimento da economia nacional. Além de três cadernos especiais, são três lives e um webinar baseados em estudos de análises setoriais, tendências e perspectivas da economia cearense, com foco em negócios e inovação.

PROGRAMAÇÃO

As três lives e o webinar são transmitidos no Facebook e Youtube do O POVO e da Fundação Demócrito Rocha

Datas e temas das lives

16/11 – ENERGIA, VISÃO PARA 2022 Entrevista com o presidente do Grupo Qair no Brasil, Armando Abreu

19/11 - A FORÇA DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO

Entrevista com Sílvio Carlos Ribeiro Vieira Lima, secretário executivo do Agronegócio da Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Trabalho do Ceará

23/11 - SERVIÇOS - INCENTIVO AOS PEQUENOS NEGÓCIOS E EMPREENDEDORISMO

Entrevista com Alci Porto, diretor técnico do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-Ceará)

Data e tema do webinar

30/11 - RAIOX - CEARÁ:

DESAFIOS DA ECONOMIA 2022 Datas e temas dos cadernos especiais:

28/11/2021 – INFRAESTRUTURA ENERGIA EÓLICA E HIDROGÊNIO VERDE 29/11/2021 - INDÚSTRIA, COMÉRCIO E AGRONEGÓCIO

30/11/2021 - TURISMO E

SERVIÇOS - SETOR DE EVENTOS

Confira as lives já realizadas em: https://fdr.org.br/raiox/


TUR


RISMO PODE CRESCER ATÉ 15% EM 2022

A AFIRMAÇÃO É DE ALEXANDRE PEREIRA, SECRETÁRIO DE TURISMO DE FORTALEZA. EM ENTREVISTA AO RAIO X, ELE TRAÇA EXPECTATIVAS PARA O PRÓXIMO ANO E DESENHA OS DESAFIOS DO SETOR

JL ROSA/ESPECIAL PARA O POVO

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ITALO COSME

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m viagem à região Sul do Brasil para conhecer boas práticas do setor turístico, o titular da Secretaria Municipal do Turismo, Alexandre Pereira, conversou com O POVO no fim de novembro sobre as perspectivas para o Réveillon e alta estação na capital cearense. O gestor diz que são esperados cerca de 500 mil turistas na cidade nos próximos meses, deixando R$ 1,5 bilhão. Pereira projeta ainda crescimento de até 15% do turismo em Fortaleza em 2022. Para ele, o próximo ano deve ser marcado pela promoção dos destinos da cidade - demanda do trade fortalezense. Como desafio, o titular diz que é preciso incentivar o turismo a partir de políticas visando redução de custos. O POVO - De que forma é preciso equilibrar para movimentar a economia local,
 mesmo com a pandemia em curso? Alexandre Pereira - A nossa expectativa, a partir de levantamentos para a alta estação, de dezembro a janeiro, é que a capital receba 500 mil turistas. Já é uma decisão. A cidade experimenta o retorno do turismo extremamente forte, sustentável e com oportunidades.
 Eu estou no Rio Grande do Sul, na Serra Gaúcha, em Gramado, depois vou a Foz do Iguaçu, dois destinos brasileiros extremamente profissionais, para entender o que está sendo feito nesses locais em termos turísticos. O turismo interno hoje será a grande mola propulsora do desenvolvimento econômico
do Brasil. Estes 500 mil turistas chegando em Fortaleza, agora no final do ano, devem deixar, em média, R$ 3 mil reais na cidade. Isso é em torno de R$ 1,5 bilhão na economia, movimenta do pipoqueiro ao hoteleiro. OP - Por que o turismo interno será propulsor do desenvolvimento econômico? Alexandre - Nós estamos com uma oportunidade fantástica. O brasileiro não conhecia o Brasil. Antes da pandemia, 18 milhões de brasileiros viajavam para o exterior para gastar os seus dólares e euros. Sabe quantos turistas internacionais vêm para cá? Apenas 6 milhões. É menos que a Argentina. Só a cidade de Barcelona recebia em média 30 milhões, Paris, 35 milhões. Em Orlando? 65 milhões. A gente está experimentando neste momento esse turismo interno. Por que está muito forte? Porque esses 18 milhões de brasileiros que iam gastar dinheiro lá fora não estão indo por conta do preço do dólar e do euro. O brasileiro de classe média alta sonhava em viajar e conhecer outras cidades no mundo. Agora, estão todos viajando por dentro. Por isso que o Brasil está todo lotado. Estamos diante de uma grande oportunidade. É para ser uma estratégia federal junto com estados e capitais para incentivar esse turismo interno. OP - Então, podemos dizer que nós fazemos um novo tipo de turismo? Alexandre - O turismo vem mudando muito ao longo dos últimos dez anos. Um dos pontos que eu comecei a notar foi sobre o famoso turismo de experiências, quando ainda pouco se falava há cinco anos. As pessoas não querem mais viajar para apenas bater foto e contemplar monumentos. As pessoas querem sentir a experiência da cidade, e a principal experiência da cidade são as pessoas. O maior propagandista hoje é o Instagram e o Facebook das pessoas que moram em Fortaleza, que estão ali fotografando o pôr do sol, uma coisa bonita da cidade, e colocando nas redes sociais. Então, eu comecei a fazer um trabalho no turismo para que a memória afetiva da cidade de Fortaleza melhorasse. A pandemia nos deixou reflexivos de que a vida não era como a gente pensava como era. A primeira possibilidade que nós tivemos foi de andar dentro da própria cidade, depois turistar no próprio estado. Nunca nossos hotéis estiveram tão lotados. É um momento novo de experiência. É o chamado turista 4.0, que está muito mais preocupado com a experiência, com a sustentabilidade, com os animais, experiências culturais, gastronômicas e sensoriais. OP - Quais têm sido as reivindicações

do trade? Alexandre - Primeiro, houve reivindicações no que tange a questões fiscais, impostos e parcelamentos, que foram atendidos pelo Governo do Estado e pela Prefeitura no que era possível. Houve também muitos pedidos de assistência emergencial para aqueles profissionais autônomos. Neste momento, o que eu tenho sido mais cobrado pelo trade é a promoção do destino. Nós estamos inclusive fazendo uma licitação. A Prefeitura de Fortaleza vai fazer um investimento muito forte nos próximos três anos na promoção do turismo. A gente

tem planejamento para participação de várias feiras, shows, no próximo ano, e fortalecimento do destino. Fortaleza tem a vantagem de estar pronta. A Beira Mar está 95% pronta. A parte urbanística, a mobilidade urbana, iluminação, Nova Beira Mar, Praia de Iracema e Praia do Futuro foram requalificadas. Nossa cidade está um espetáculo. Já tivemos diversos eventos grandes na cidade. A gente tem recebido elogios quanto a infraestrutura e pelo serviço de Trade. OP - Por falar nisso, qual balanço desses investimentos foi feito no último ano? Alexandre - Eu tenho que juntar as duas gestões, o que foi feito durante o Roberto Cláudio e concluído no governo Sarto. Houve um investimento praticamente de US$ 100 milhões ao longo desses últimos cinco anos só na estrutura turística. Se você colocar requalificação

da Praia do Futuro, Praia de Iracema, nova Beira Mar, Polo Gastronômico da Varjota, nova Desembargador Moreira. Isso tudo foi feito com recursos da CAF e do Banco de Desenvolvimento das Américas. Inclusive, esse recurso que nós estamos licitando para promoção do turismo é um percentual pequeno desse recurso de infraestrutura turística que veio especificamente para isso. Agora vamos mostrar como está a cidade. OP - Logo, logo nós teremos o Polo gastronômico da Sabiaguaba. A prefeitura tem


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BÁRBARA MOIRA

“É um momento novo. É o chamado turista 4.0, que está muito mais preocupado com a experiência, com a sustentabilidade, com os animais, experiências culturais,

BÁRBARA MOIRA

gastronômicas e sensoriais”

Alexandre Pereira

Titular da Secretaria Municipal de Turismo

projetos similares para o próximo ano em pontos estratégicos da cidade? Alexandre - Então, são dois pontos muito estratégicos que vão despontar no próximo ano. Um é o polo gastronômico da Sabiaguaba, o outro é o polo gastronômico da Barra do Ceará, com o projeto Beira Rio. O projeto da Sabiaguaba é do Governo do Estado para requalificação de todas aquelas barracas. A gente pretende inclusive integrar os passeios de barco no parque do Cocó. É um trabalho que a gente está discutindo com a Secretaria de Meio Ambiente (Sema). Na Barra do Ceará, na outra ponta, completando os 34 quilômetros de orla, nós vamos ter o projeto Beira Rio, que será uma urbanização nos mesmos padrões da nossa Beira Mar de Fortaleza. Lá nós temos um plano forte para o Kite Surf. Nós já temos cinco escolinhas de kite funcionando com pessoas da própria comunidade.

Nós tínhamos muita frustração das pessoas que vinham ao Ceará para velejar e não ficavam em Fortaleza, iam pro Cumbuco, para Aquiraz, para longe da cidade. Agora não precisa mais. O kite é um grande instrumento de fortalecimento do turismo. Quem vem para isso é um turista de alto poder aquisitivo e que fica na cidade por uma semana, que deixa um recurso bom na cidade. Ele deixa um ticket médio maior do que um pai de família com a família ou quem vem a negócios. A gente quer colocar Fortaleza não só nessa rota. Os nossos 34 km de orla oferecem todas as

experiências náuticas que você possa imaginar. Não tem uma cidade no Brasil que ofereça tanta riqueza de experiências náuticas como a nossa. OP - Sendo assim, qual a projeção de crescimento para o setor turístico em 2022? Alexandre - Eu vou te dar uma perspectiva de crescimento, mas é um feeling porque a gente não pode ficar chutando. A gente tem um observatório do turismo que me deu agora essa previsão de 500 mil turistas para a alta estação. Isso não é um chutômetro. Acho que o turismo cresce no próximo ano, se tudo continuar como está, entre 10% e 15%, muito por conta desse turista nacional. A gente está diante de uma grande oportunidade, mas precisamos de uma estratégia. O próximo ano é de eleição. Então, eu acho que poderia ser uma coisa discutida com os candidatos, os presidenciáveis, e com os governadores.

OP - O senhor sempre pontua essa questão do incentivo interno, da política, quais incentivos seriam esses que você daria? Alexandre - O senhor tem uma pessoa de Fortaleza que prefere ir para Lisboa do que ir a Gramado porque as passagens estão mais baratas. Isso desestimula. O cara que mora no Sul prefere conhecer um pedaço do Chile, da Argentina, porque é mais barato do que ir à Amazônia. Então isso precisa ser estruturado como política federal, política de estado, incentivando, dando subsídios. Se eu sou cearense e estou indo ao interior do Ceará na baixa estação, eu teria de ter um desconto. Esse tipo de estratégia é inteligente. Nós estamos aqui em Gramado conhecendo as estratégias, e eles não vendem Gramado ou Canela. Eles vendem a Serra Gaúcha. Então, quando eu vendo Fortaleza, eu estou vendendo Caucaia, Aquiraz. Para mim é a mesma coisa. Desde que ele esteja em Fortaleza, ele pode ir para outros locais. Você tem a questão aérea. Se você quer sair de Fortaleza para São Paulo, se não tirar com um mês de antecedência, você paga R$ 2 mil reais. Isso está errado. Precisa de alguma forma um estímulo maior. Se você me perguntar a fórmula, eu não tenho pronta. Dentro do estado do Ceará, você pode ter uma política onde o cearense que quer ir a Juazeiro do Norte poderia ter um desconto. Dois hotéis na Capital começaram a dar desconto para quem era de Fortaleza. Outras ações estratégicas, por exemplo, eu não vejo sentido o Nordeste brasileiro ficar disputando nas feiras internacionais. Todo mundo vendendo sol e praia. É tudo muito parecido. Tem de vender como o Caribe brasileiro. Eu estou montando essa estratégia agora com o Ministério do Turismo. Pedi para que fosse feita uma articulação com todos os secretários de turismo das capitais do Nordeste. São políticas de longo e médio prazo.


CEAR SE PREPARA PARA RETOMADA DE EVENTOS PRESENCIAIS

APESAR DE AINDA SER CEDO PARA FALAR DE UM SETOR ESTABILIZADO, FORMATO VIRTUAL JÁ É APONTADO COMO TENDÊNCIA PARA O MERCADO


AUGUSTO PESSOA/DIVULGAÇÃO

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LETÍCIA DO VALE

O

leticiadovale@opovodigital.com

Festa do Pau da Bandeira: TJA realizou programação virtual em 2021 pelo canal do YouTube

setor de eventos foi um dos mais afetados durante a pandemia. No entanto, com o avanço da vacinação e as quedas nos índices negativos causados pela doença no Ceará, o Estado começa a expandir cada vez mais o plano de retomada da área. A última medida do Governo, instaurada no dia 16 de novembro, permite que eventos sociais possam receber até 2 mil pessoas em locais abertos e 1,2 mil em ambientes fechados. Atualmente, o Ceará conta com mais de 12.862.000 doses de vacina aplicadas, representando cerca de 63% da população com esquema de vacina completo, de acordo com a Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa) e a Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult-CE). Segundo a Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (Abrape), 350 mil eventos foram cancelados em 2020, sendo uma queda no faturamento em torno de R$ 90 bilhões. As perdas para o setor cultural e da economia criativa nesses dois anos são estimadas em quase R$ 70 bilhões. De acordo com dados do Sindicato das Empresas Organizadoras de Eventos e Afins no Estado do Ceará (Sindieventos-CE), a pandemia causou a falta de entrada de mais de R$ 245 milhões no setor só em 2020. Em pesquisa entre as empresas filiadas à organização, foi constatado que 52% da folha de pagamento desse grupo teve que ser eliminada devido aos prejuízos acarretados pela crise. No Ceará, para combater o cenário, a Secult realizou distribuição de cestas básicas, acelerou o pagamento de cachês e editais pendentes, redimensionou projetos para o formato virtual e promoveu o lançamento de diversos editais, como o Edital Cultura DendiCasa, que premiou 400 projetos culturais com um valor de R$ 2.500 por projeto. Também foi implantada a renda básica emergencial para trabalhadores e trabalhadoras da cultura e o subsídio aos espaços culturais. Em paralelo, a Secretaria Municipal da Cultura de Fortaleza (Secultfor) seguiu com ações similares. Foram 3.228 beneficiados com o auxílio emergencial à cultura 2021, ao custo de R$ 645.600, e 3.228 artistas contemplados com cestas básicas no programa “Uma força para a Cultura”. “Como o setor cultural é marcado, principalmente, pela informalidade, foi muito importante a existência dessas ações e projetos. Esses investimentos foram fundamentais para socorrer o setor, garantir dignidade, fomentar e para que não tivéssemos os processos estagnados”, explica a secretária executiva da Secult-CE, Luísa Cela.


“Fortaleza tem se preparado progressivamente para a retomada das atividades culturais da Cidade, juntamente à Secretaria Municipal de Saúde e seguindo as orientações do Comitê de Combate à Covid no Estado do Ceará”

THEATRO JOSÉ DE ALENCAR (TJA) Apesar de ter afetado atividades de manutenção e de processos em andamento, além do uso dos espaços internos do TJA, a pandemia causou o processo de virtualização das atividades, ampliando o raio de atuação do equipamento. Um exemplo foi a realização virtual da “Festa do Pau da Bandeira” por dois anos, a estreia de espetáculos de grupos do interior no canal do YouTube e a ampliação da oferta de cursos utilizando-se o formato on-line. “O principal objetivo no período foi o de superação de dificuldades mais da produção cultural cearense, muito mais afetada que o próprio equipamento”, explica o diretor do TJA, Pedro Domingues. PLATAFORMAS VIRTUAIS Site: theatrojosedealencar.secult.ce.gov.br Youtube: /theatrojosedealencar Instagram: @tja.theatrojosedealencar Facebook: /theatrojosedealencar

BÁRBARA MOIRA

A necessidade de seguir protocolos sanitários específicos também pode ser um desafio financeiro para as empresas que permanecem no mercado de eventos. Esse fator, junto à urgência de se reinventar em um momento de pandemia, proporcionou um significativo avanço tecnológico no setor. Para a presidente do Sindieventos-CE, Circe Jane Teles, eventos em formato virtual são uma tendência que veio para ficar. A adesão a esse modelo já pode ser observada em alguns equipamentos do Estado, que desenvolveram as plataformas virtuais para atender o público durante a crise e, mesmo em um momento de retomada de atividades presenciais, continuam a fomentar o mundo virtual e expandir o alcance da cultura cearense.

FCO FONTENELE

Eventos híbridos: a nova tendência do mercado

Perspectivas para 2022 Apesar dos atuais índices positivos, secretária executiva da Secult-CE, Luísa Cela, alerta que as próximas etapas de flexibilização dependem diretamente da responsabilidade da população com os protocolos sanitários e a vacinação. “O Ceará segue com a análise semanal do contexto sanitário, assim como tem adotado medidas de monitoramento do processo de flexibilização. O que se deseja para 2022 é que possamos retomar integralmente as atividades culturais e de entretenimento. No entanto, ainda é cedo para esse anúncio, quando se avalia o cenário mundial”, aponta. O discurso cauteloso é o mesmo adotado pela presidente do Sindieventos-CE, Circe Jane Teles, que explica que, apesar da retomada ser um alento para começar a planejar a cobertura dos prejuízos causados no setor, ainda falta sustentabilidade financeira adequada para garantir totalmente o fortalecimento da área nos próximos meses. “É preciso um longo período para essa flexibilização continuar, para fazer esse alinhamento econômico entre as empresas que continuaram, já que muitas tiveram que fechar. Se o cenário continuar como está, sem nenhuma nova onda de contaminação, é possível que tenhamos até o segundo semestre de 2022 para estabilizar essas empresas que estão no mercado”, sugere.

CINETEATRO SÃO LUIZ Com uma alta demanda em torno da retomada das programações presenciais, com exibição de filmes, shows e peças teatrais, o Cineteatro São Luiz não abandonou o braço virtual desenvolvido durante a pandemia. Semanalmente são disponibilizados, nas plataformas digitais do Cineteatro São Luiz (Instagram e Youtube), conteúdos de programação cultural, e a visita guiada online. “Esse fechamento dos espaços presenciais trouxe a necessidade de uma reinvenção. Mergulhamos em uma reflexão acerca dos conteúdos que poderiam migrar ou serem criados para o ambiente virtual, que veio a ser o lugar natural de exposição artística/cultural e de acesso por parte do público”, aponta o diretor do equipamento, Alves Netto. PLATAFORMAS VIRTUAIS Youtube: /CineteatroSãoLuizFortaleza Instagram: @cineteatrosaoluiz Visita guiada: cineteatrosaoluiz.com.br/visitaguiada-online

LINHA DO TEMPO DE EVENTOS NO CEARÁ EM 2021


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Fortaleza de volta às atividades Para marcar o retorno das atividades presenciais e gratuitas na Capital, a Prefeitura de Fortaleza, por meio da Secultfor, preparou uma programação especial que segue até o fim de janeiro. O projeto, denominado Giro Cultural, tem como objetivo celebrar a cultura da Cidade. “Fortaleza tem se preparado progressivamente para a retomada das atividades culturais da Cidade, juntamente à Secretaria Municipal de Saúde e seguindo as orientações do Comitê de Combate à Covid no Estado do Ceará”, destaca o secretário da Secultfor, Elpídio Nogueira.

GIRO CULTURAL PROGRAMAÇÃO Cultura à Beira Mar

Às sextas, sábados (apresentações de diferentes gêneros musicais) e domingos (programações infantis), das 17h30 às 20h30, no Anfiteatro da Beira Mar

Quarta do Humor

Às quartas, das 18h às 20h, no Teatro São José

Sons do Mercado

Às sextas, das 18h às 20h, chorinho e forró no Mercado dos Pinhões

Mercado Acústico

Aos sábados, das 18h às 20h, no Mercado Cultural dos Pinhões

Passeio Instrumental

Aos sábados, das 12h às 14h, apresentações de grupos instrumentais no Passeio Público

Piquenique no Passeio

Aos domingos, das 8h às 11h, apresentações que vão de contação de histórias a teatros infantis e de bonecos no Passeio Público

Festival da Música de Fortaleza

Dias 2, 3 e 4 de dezembro, no Teatro São José

Principais protocolos adotados Comprovação da vacinação completa (pelo menos 15 dias depois da segunda dose ou dose única), ou comprovação da vacinação pelo menos com a primeira dose acompanhada de resultado negativo de teste do tipo antígeno ou RT-PCR 24 horas antes do evento. O passaporte sanitário pode ser apresentado por meio físico (cartão de vacinação) ou por meio digital, pelo Ceará APP, ou pela plataforma Saúde Digital, ou pelo ConecteSUS, com apresentação de documento oficial com foto. Para comprovação de testagem negativa, deve ser apresentado o laudo laboratorial e documento de identidade.

Passeio Público retomou programação de fim de semana com música e atividades infantis

14 DE JULHO

Autorizada a volta da realização de eventos corporativos.

16 DE NOVEMBRO

26 DE JULHO

Liberação de eventos com até 100 pessoas, em ambientes fechados, e 200, em espaços abertos. O Ceará se torna o último estado da região Nordeste a fazer essa flexibilização.

17 DE SETEMBRO

O município de Guaramiranga, na região do Maciço do Baturité, sedia o primeiro evento-teste do Ceará com presença de público desde o começo da pandemia, o Festival de Jazz & Blues. Participação limitada a 200 pessoas.

Eventos sociais podem receber até duas mil pessoas em locais abertos, e até 1,2 mil pessoas em ambientes fechados. Mesas em restaurantes e buffets podem ser compostas por até 10 pessoas.

1º DE NOVEMBRO

6 DE OUTUBRO

Acontece, até 8 de outubro, o primeiro e maior evento-teste autorizado pela Secretaria Estadual da Saúde (Sesa) durante a pandemia de Covid-19, em Fortaleza, no Centro de Eventos do Ceará. A 48ª edição da Abav Expo & Collab teve limitação de fluxo simultâneo de três mil pessoas por dia.

Está prevista a permissão de realização de eventos de grande porte com até 3 mil pessoas em ambientes abertos e 2 mil em locais fechados.

1 DE NOVEMBRO

Ampliação da capacidade dos eventos sociais para 500 pessoas em locais fechados e 800 pessoas em espaços abertos. Ampliação da capacidade de público nos estádios de futebol para 80%, com exigência do esquema vacinal completo (duas doses ou dose única).

16 DE DEZEMBRO

Está prevista a ampliação da capacidade do público em eventos de grande porte para 5 mil pessoas em ambientes abertos, e 2,5 mil em locais fechados.


A RESILIÊNCIA DO SETOR DE

SERVI RECUPERAÇÃO DO SETOR SE MOSTRA CONSTANTE DESDE QUE HOUVE LIBERAÇÃO DAS ATIVIDADES. EXPECTATIVA SEGUE EM ALTA PARA O PERÍODO DE FÉRIAS, COM A CHEGADA DE TURISTAS

SAMUEL PIMENTEL

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samuelpimentel@opovo.com.br

ão há como falar sobre o desempenho do setor de Serviços em 2021 sem lembrar 2020. O ano que marcou o início da pandemia ainda reflete fortemente na maioria das atividades econômicas que compõem esse setor. O segundo lockdown foi novamente impactante para o setor. E as restrições que permaneceram até o início do segundo semestre são destacáveis. De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o setor de Serviços recuou 13,6% em 2020 no que foi o pior resultado desde 2012. Só o turismo despencou 40,9% no ano passado. Mas, o quadro negati-


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FCO FONTENELE

VIÇOS vo que foi observado em 2020, tem sido revertido. O IBGE mostra que o setor já acumula alta de 11,1% em 2021, até setembro, quase recuperando as perdas da pandemia. Muito desse resultado demonstra que a recuperação do setor de Serviços se deve à retomada do turismo. No acumulado do ano, o agregado especial de atividades turísticas no Ceará mostrou expansão de 15% frente a igual período do ano passado, impulsionado, sobretudo, pelos aumentos nas receitas de empresas que pertencem aos ramos de transporte aéreo; hotéis; restaurantes; locação de automó-

veis e rodoviário coletivo de passageiros, aponta o IBGE. Cadeia que congrega diversos setores - além dos já citados e que tiveram variações positivas, esse é um setor com alto potencial de contratação. E a chegada do período de fim de ano é animadora. Taiene Righetto, presidente da Associação Brasileira dos Bares e Restaurantes do Ceará (Abrasel-CE), destaca que, apesar do 2021 ainda oneroso, o setor de alimentação fora do lar mantém a esperança de que com a vacinação avançando, seja possível reconstruir o segmento. “Esperamos que até o fim de 2022, no desenvolvimento constante, possamos alcançar o patamar pré-pandemia”, destaca ele, ainda ressaltando o fato que a volta dos turistas no período de férias anima bastante. “O Ceará tem uma parte importante de seu PIB sendo composta pelo turismo e os bares e restaurantes fazem parte dessa engrenagem. A tendência de aumento do

turismo traz a expectativa positiva para todo setor”. Essa expectativa positiva também é vista na hotelaria. O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Ceará (ABIH-CE), Régis Medeiros, lembra que o baque no turismo foi cruel ao setor, que alcançou índices de ocupação mínimos. Retomada mesmo fomos ver neste segundo semestre. “Em outubro passado, foi bom, passamos em 1,5 ponto percentual a ocupação do mesmo mês de 2019. Isso mostra uma recuperação bem interessante, novembro está muito bom, a cidade está bem ocupada neste mês por conta

dos congressos que estão sendo realizados”. A expectativa para a ocupação hoteleira em dezembro é igualar a marca de 2019, último ano em que houve Réveillon. “É o momento do brasileiro viajar dentro do Brasil. Então estamos com expectativas positivas para os próximos meses. Baseando nisso por conta da vacinação, menor contaminação, 85% da malha aérea normal que tínhamos em voos domésticos em 2019, quase no nível normal”. Sobre os prognósticos, o membro do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE), Davi Azim Jú-

nior, lembra que a retomada está acontecendo na medida em que a vacinação avança. “A economia ainda está cambaleante, mas já temos notado melhorias no setor de turismo e, no Ceará, temos melhorado os índices do setor”.


THAIS MESQUITA

FCO FONTENELE

A busca por qualificação para trabalhar no setor Para muitos trabalhadores que perderam seus postos de trabalho durante a crise econômica causada pela pandemia, a alternativa foi empreender. E o desafio de qualificar essa mão de obra, que buscava cursos rápidos e efetivos que permitissem a geração de renda o mais breve possível foi a grande demanda. No Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Ceará (Fecomércio-CE), esse quadro foi o que mais se viu, destaca o gerente comercial do Sistema Fecomércio-CE, Eduardo Cavalcanti. Segundo ele, os cursos com capacidade de geração de renda no curto prazo, principalmente os relacionados aos segmentos de gastronomia, beleza, saúde, informática e idiomas foram os mais demandados. Cursos como de hamburgueria, confeiteiro, salgadeiro. Ou o de cabeleireiro, maquiador, design de sobrancelha. “Percebemos que esses cursos de base focados em geração de renda tiveram bastante sucesso. Outra área que avançou bastante foi a informática, além de idiomas. Pessoas que queriam trabalhar na área do turismo na retomada”, enfatiza. O gerente comercial ainda destaca que o foco desse tipo de curso fica muito preso nas classes C e D. Pensando nessa demanda, a Fecomércio inaugura no dia 15 de dezembro a nova unidade Sesc/Senac Estação, próximo ao Marina Park, no bairro Moura Brasil.

ARTIGO PROJEÇÕES PARA O TURISMO CEARENSE

IVANA BEZERRA DE MENEZES RANGEL

Presidente do Visite Ceará - Fortaleza Convention & Visitors Bureau

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leito como o melhor destino turístico do Brasil, segundo o Top Aviesp, o Ceará tem se destacado cada vez mais como um dos principais motores do turismo no Brasil. Berço de praias paradisíacas, uma cultura rica, gastronomia única e um acolhimento que não se vê em outro lugar, o estado nordestino tem atraído turistas de todas as partes do mundo. A capital, Fortaleza, tem se mantido como um dos cinco destinos mais procurados por turistas em 2021. Isso já vem se refletindo em excelentes resultados. Fortaleza tem batido mais de 90% de ocupação nos hotéis, segundo dados da Associação Brasileira de Hotéis. Com a aceleração da vacinação no Brasil, a retomada do turismo de fato vem ganhando um ritmo maior após a flexibilização das atividades econômicas no Ceará. Os últimos feriados prolongados, por exemplo, têm registrado excelente ocupação hoteleira, com crescimento cada vez mais contínuo. Uma das grandes expectativas do setor é o Réveillon, seguido pelo período de alta estação, que já vem aquecendo as vendas de pacotes para a virada do ano, movimentando o setor de hotéis, restaurantes, entretenimento e muitos outros. Os investimentos são fundamentais nesse desenvolvimento do turismo no Ceará. Foi anunciado que o Aeroporto Regional de Jericoacoara vai contar, a partir do dia 1º

de dezembro, com 19 novas frequências, operadas pelas empresas aéreas Latam e VoePass. A Gol também confirmou que vai operar três rotas aéreas inéditas para Jijoca de Jericoacoara, a partir de dezembro, além de ampliar a quantidade de voos do destino cearense para a Grande São Paulo, mais precisamente para o aeroporto de Guarulhos. O interior do Ceará já se encontra movimentado em função do turismo regional, turismo de aventura e kitesurf, com eventos internacionais sendo realizados no Ceará. São notícias animadoras que impactam positivamente nossa economia. Só em outubro, o setor de turismo abriu pelo menos 700 vagas de trabalho no Ceará, gerando emprego e renda em um momento econômico ainda tão desafiador. As projeções são as melhores para 2022. É preciso seguir investindo e desenvolvendo o turismo no Ceará.


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ARTIGO

CULTURA ALIMENTAR COMO IMPULSIONADOR ECONÔMICO E UMA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL

LINA LUZ

Gestora Cultural e Coordenadora Geral e de Cultura Alimentar da Escola De Gastronomia Social Ivens Dias Branco

N

o cenário das políticas culturais, meu campo principal de atuação profissional, muito se discute sobre o viés econômico das manifestações artísticas e expressões culturais. Aqui quero experimentar a possibilidade de suscitar essa discussão com foco na Cultura Alimentar. De 2003 a 2015, o Brasil experimentou um processo de democratização do fazer cultural, calcado num olhar antropológico para a cultura, permitindo que novas expressões identitárias tomassem palco e assento nas políticas culturais. Desse movimento, surge na III Conferência Nacional de Cultura a reivindicação popular de que as políticas públicas de cultura usassem, dali em diante o termo “Cultura Alimentar”, inclusive, com direito a assento do Conselho Nacional de Políticas Culturais – CNPC. Um ganho nacional adormecido pelo cenário político desolador. Na contramão disso, seguimos no estado do Ceará como uma ilha de investimentos, por parte do Governo do Estado, para o campo aqui tratado, especialmente com a criação da Lei que institui uma política estadual para Gastronomia e Cultura Alimentar e a consolidação da Escola de Gastronomia Social Ivens Dias Branco, ambas aportadas na Secretaria de Cultura do Estado, dentre outras iniciativas de secretarias como a do Desenvolvimento Agrário e a do Turismo e instituições como o Senac.

É nesse cenário que vemos a Cultura Alimentar do Ceará ganhar força, estabelecendo os ingredientes e técnicas locais nos restaurantes do Estado, fazendo a economia local circular e fortalecer seus diversos elos. Ainda temos muito a percorrer, mas o certo é que os passos são firmes e em boa companhia. A dileta pesquisadora dos direitos culturais Anita Mattes, que sempre me oferece em palestras, conversas e textos o que chamo de “inquietudes culturais”, me conduz para a compreensão de que a cultura alimentar no velho mundo é por certo devido aos hábitos culturais e interesses econômicos, pauta das políticas de desenvolvimento territorial. Alimentos, costumes e os saberes em torno deles são preservados, para fortalecimento identitário, levando a Unesco a patrimonializá-los e assim fortalecendo a cadeia produtiva, permitindo a “seleiros” de saberes, dados em comunidades e tradições, o desenvolvimento por meio de iniciativas de economia da cultura, consumo circular e como alvo do turismo. Com isso em mente, quando olhamos para o insumo/ingrediente e pensamos de onde ele vem, o caminho que faz até nossas mesas em casa ou restaurantes e consideramos o dado alarmante da fome, podemos reconhecer nas atividades institucionais e dos trabalhadores e militantes o compromisso de desenvolvimento sustentável que qualifica um tipo de economia de base simbólica, com a qual sonho e pelejo para realizar.

“Vemos a Cultura Alimentar do Ceará ganhar força, estabelecendo os ingredientes e técnicas locais nos restaurantes do Estado, fazendo a economia local circular e fortalecer seus diversos elos”



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