A eficácia da automação, da inteligência artificial e das tecnologias sucroenergética - OpAA73

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Opiniões

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www.RevistaOpinioes.com.br

ISSN: 2177-6504

SUCROENERGÉTICO: cana, milho, sisal, açúcar, etanol, biogás, bioeletricidade e carbono ano 19 • número 73 • Divisão C • Ago-Out 2022

a eficácia da automação, da inteligência artificial e das demais tecnologias do sistema sucroenergético 1


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instruções IMPORTANTE • IMPORTANT • WICHTIG • First of all, before any action, please touch in the flag of your language. • Tout d'abord, avant toute action, veuillez toucher le drapeau de votre langue. • Primero, antes de realizar cualquier acción, toque la bandera de su idioma. • Bitte berühren sie vor jeder aktion die flagge ihrer sprache. • Para que obtenha o melhor aproveitamento dos recursos que a Plataforma Digital Multimídia da Revista Opiniões pode lhe oferecer, solicitamos que assista ao video abaixo. Nele estão contidos alguns recursos que lhe serão úteis neste momento. Ao acionar o play, o video abaixo será iniciado. Ao chegar no final, o video das instruções será iniciado novamente.

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Índice: Acervo UNICA Capa: Acervo ATVOS

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índice

EDITORIAL DE ABERTURA: 10. Antonio Alberto Stuchi, Especialista em tecnologias PRAGAS: 14. Alexandre de Sene Pinto, Centro Universitário Moura Lacerda 16. José Francisco Garcia, Global Cana PLANTAS DANINHAS: 20. Edivaldo Domingues Velini, Unesp-Botucatu 22. Dib Nunes Jr, Grupo Idea DOENÇAS: 24 Caroline Rabelo C. Donadon e Simone Cristiane Brand, PlantCare SOLOS: 28. Jairo Antonio Mazza, Athenas Agrícola 32. Hélio do Prado, Solum GESTÃO DE MÃO-DE-OBRA: 36. Celso Albano de Carvalho, Pecege PLANEJAMENTO AGRONÔMICO: 38. Nilceu Piffer Cardozo, Canaplan IMPLEMENTAÇÃO DE SISTEMAS MECANIZADOS: 40. Marcelo Pierossi, Lidera AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL: 44. Carlos Eduardo Calmanovici, Atvos 48. Fernando Cullen Sampaio e Guilherme Fraga, São Martinho 52. Marco Antonio Alasmar, ISA - International Society of Automation TECNOLOGIA INDUSTRIAL: 54. Wilson Lucena, BP Bunge Bioenergia 56. Henrique Berbert Amorim Neto e Fernando H.C. Giometti, Fermentec EFICIÊNCIA E OCIOSIDADE: 58. Haroldo José Torres da Silva, Pecege O COTIDIANO DE USINAS AVANÇADAS: 62. Luís Ricardo Bérgamo, Clealco 66. Anderson Roberto Travagini, Colombo Agroindústria GEOTECNOLOGIAS: 68. Guilherme Dumit, Sigma Geotecnologia Digital GESTÃO: 72. Josias Messias, ProCana Brasil & Pró-Usinas

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áudios

Sua próxima viagem de carro Na sua próxima viagem de carro, pegue seu celular, entre no site da Revista Opiniões, escolha a edição recente desejada, folheie até esta página, ligue o rádio do seu carro, toque na foto do autor escolhido e ouça o primeiro artigo pelos controles do rádio do seu carro. Quando terminar, toque no segundo autor e assim por diante. Quando chegar no seu destino, provavelmente terá ouvido toda a revista. Se desejar ouvir o artigo numa outra língua, lido com voz nativa, localize o artigo desejado e toque na bandeira da língua que preferir. Além do português, estão à sua disposição os áudios em inglês, em espanhol, em francês e em alemão. Pelo fato do artigo ser traduzido e lido por robôs, poderá haver pequenas imperfeições. É lógico que você não precisa viajar para desfrutar desse conforto. O sistema também funcionará na sua mesa de trabalho, andando no parque, na esteira da academia, nas ruas congestionadas da cidade grande ou no sofá da sua Casa. Boa leitura ou boa audição, como preferir.

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ARTICULISTAS DESTA EDIÇÃO: 01. Antonio Alberto Stuchi, Especialista em tecnologias 02. Alexandre de Sene Pinto, Centro Universitário Moura Lacerda 03. José Francisco Garcia, Global Cana 04. Edivaldo Domingues Velini, Unesp-Botucatu 05. Dib Nunes Jr., Grupo Idea 06. Caroline Rabelo C. Donadon e Simone Cristiane Brand, PlantCare 07. Jairo Antonio Mazza, Athenas Agrícola 08. Hélio do Prado, Solum 09. Celso Albano de Carvalho, Pecege 10. Nilceu Piffer Cardozo, Canaplan 11. Marcelo Pierossi, Lidera 12. Carlos Eduardo Calmanovici, Atvos 13. Fernando Cullen Sampaio e Guilherme Fraga, São Martinho 14. Marco Antonio Alasmar, ISA - International Society of Automation 15. Wilson Lucena, BP Bunge Bioenergia 16. Henrique Berbert Amorim Neto e Fernando H.C. Giometti, Fermentec 17. Haroldo José Torres da Silva, Pecege 18. Luís Ricardo Bérgamo, Clealco 19. Anderson Roberto Travagini, Colombo Agroindústria 20. Guilherme DuMit, Sigma Geotecnologia Digital 21. Josias Messias, ProCana Brasil & Pró-Usinas

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milagre, tem tecnologia ! O que pode ser mais agradável para um produtor do que ouvir a seguinte frase: " Você pode dobrar a sua produção e baixar seus custos pela metade " Essa é a solução ideal para áreas com produtividade abaixo de 60 toneladas por hectare. A lógica é muito simples. A operação é aplicada em ruas alternadas. O equipamento faz o corte da cana de ambas as ruas e empurra a cana cortada para as duas ruas laterais. O trabalho a ser feito pela colhedora passa a ser: cortar da rua que ainda está de pé e recolher, na mesma operação, a cana já cortada pelo equipamento CORT-I-CANA, que recebeu o apelido muito próprio de "engordador de rua".

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Esta operação reduz o trabalho da colhedora pela metade, colocando o dobro da cana no elevador. Outra vantagem: para fazer o posicionamento de retorno, a colhedora passa a ter um raio de curva 3 vezes maior, reduzindo o número de manobras, o tempo, a complexidade dos movimentos e o pisoteio. Em função da sua produtividade, um "engordador " atende a duas colheitaderas. Assim, seu uso dobra ou triplica a massa de cana colhida. O CORT-I-CANA, copia o relevo do solo – independente da ação do operador – permitindo corte bem rasos, e auxilia na abertura de aceiros de colheita evitando o esmagamento da cana. O TCH limite para adensamento passa a depender da capabilidade da colhedora, pois a mesma passará a enfrentar um canavial com TCH dobrado. O uso de tratores com piloto automático facilitará sobremaneira a operação em áreas georeferenciadas. Temos agora também uma opção para o adensamento de 4 ruas em espaço alternado. O que você acha da ideia de ligar agora para a FCN e pedir uma visita? Se desejar se adiantar, solicite o envio de uma Planilha de Pay-back pelo e-mail Felix@fcntecnologia.com.br. Agora, aperte o botão do Play da página ao lado e assista ao vídeo que mostra a CORT-I-CANA em ação. Aguardamos seu contato.


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Índice

editorial de abertura

consolidação da tecnologia de produção de etanol 2G – desafios e oportunidades Como resultado da fotossíntese, as plantas produzem basicamente açúcares, que são usados principalmente como fonte de energia para seus processos, mas uma parte desses açúcares é polimerizada e usada na estrutura das plantas. Na indústria sucroalcooleira (1G), utilizamos basicamente os açúcares que a planta armazena para períodos de necessidade. O processo de etanol de segunda geração (E2G) se propõe quebrar os polímeros da estrutura da planta e utilizar os monômeros (glicose e xilose) para produzir etanol. A biomassa lignocelulósica consiste em três componentes principais: celulose (polímero de glicose C6), hemicelulose (polímero misto de C6 e xilose C5) e lignina (polímero de álcoois, Guaiacol, Syringol e Catechol). O etanol 2G é produzido a partir dos açúcares da celulose e hemicelulose, e a lignina é obtida inalterada em estado sólido.

Como podemos notar no quadro em destaque, algumas tentativas foram feitas nos últimos anos, não só com pesquisas de laboratório, mas também com a construção de plantas em escala industrial. EVOLUÇÃO: A decisão de implantação foi tomada pela Raízen em 2012, e, em 2013, os primeiros testes da tecnologia e da planta foram iniciados. A planta, em 2022, já opera na capacidade nominal de processamento de biomassa, e o rendimento de etanol por tonelada de biomassa já é da ordem de 90% do projetado. A próxima fase é de ajuste fino dos processos e verificação dos gaps de eficiência de cada etapa. A evolução da produção passou por várias etapas. • Pré-tratamento: uma série de problemas ocorreu no início da operação, principalmente quanto ao ajuste dos parâmetros processo e corrosão do equipamento. • Separação de lignina: A separação da lignina previa, originalmente, o uso de filtros de placas, mas foi preciso alterar o projeto.

O setor sucroalcooleiro é naturalmente um excepcional candidato para implantação do E2G: primeiro, pela abundante produção compulsória de biomassa, e, segundo, pela sinergia entre as plantas de 1G e 2G, principalmente quanto à utilização econômica de resíduos (vinhaça) e energia. "

Antonio Alberto Stuchi

Consultor especialista em tecnologias do setor sucroenergético

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Opiniões • Fermentação: A fermentação teve bons resultados desde o início da operação; a decisão foi por um processo sem recirculação de fermento, parecido com a fermentação da indústria de milho. • Vinhaça: A planta de E2G foi projetada para operação de, no mínimo, 300 dias por ano, e a produção de vinhaça no período de entressafra representou grande desafio a ser superado. O caminho para a solução passou pela concentração de vinhaça. • Manutenção: Um processo com exigências diferentes do 1G e operação contínua durante todo o ano demandaram elaboração de projeto de manutenção especial. DESAFIOS: Numa tecnologia em desenvolvimento, inúmeros desafios se apresentam, e como gerenciar as ações para priorizá-los é fundamental para o atingimento rápido dos objetivos do projeto. • Equipamentos auxiliares: Uma parte do equipamento projetado tem desenho e especificações concebidas para projeto, como pré-tratamento da biomassa, reatores enzimáticos, fermentadores e multiplicadores de fermento. Uma gama de outros equipamentos de uso comum na indústria, como filtros, centrífugas, evaporadores e bombas precisam de um criterioso processo de seleção.

• Formação de pessoas: Um grande desafio para projetos com tecnologia nova é formar as pessoas que vão cuidar da operação, manutenção, controle e projetos. Esse trabalho inicia-se durante os testes na planta piloto, com acompanhamento da engenharia e construção da planta. • Integração 1G/2G: Este é, sem dúvidas, um dos maiores desafios para a implantação do 2G: o fato de que a integração entre as duas plantas é essencial para o sucesso do projeto. • Separação e uso de Lignina e C5/ C6: Os problemas observados no pré-tratamento, corrosão e erosão também afetaram os processos de separação. OPORTUNIDADES: • Matéria-prima: A adaptação do processo do 2G para diferentes matérias-primas pode ser uma grande oportunidade para a consolidação do negócio. Considerando somente as possibilidades do setor sucroenergético, temos basicamente três matérias-primas a verificar: bagaço, palha e cana-energia. • Lignina: O principal subproduto da produção de E2G é a lignina, um polímero constituído basicamente de três álcoois aromáticos. No projeto de etanol 2G da Raízen, a lignina é obtida no estado sólido, facilitando seu uso direto como combustível, que garan; te o suprimento de energia para a planta.

PLANTAS COMERCIAIS DE ETANOL CELULÓSICO CONSTRUÍDAS NO MUNDO STATUS DE PRODUÇÃO: OUTUBRO DE 2021 PAÍS

PRODUTOR

LOCALIZAÇÃO

CAPACIDADE (MM litros)

STATUS

CLARIANT

PODARI, ROMÊNIA

60,52

Em Construção

ENERKEM

EDMONTON, CANADÁ

37,85

Prontidão Operacional

GRANBIO

SÃO MIGUEL DOS CAMPOS, AL

50,00

Prontidão Operacional

POET-DSM

EMMETSBUG, IOWA

75,70

Hibernada

QUAD COUNTY

GALVA, IOWA

15,14

Prontidão Operacional

RAÍZEN

PIRACICABA, SP

40,00

Prontidão Operacional

VERSALIS

CRESCENTINO, ITÁLIA

56,78

Prontidão Operacional

DUPONT

NEVADA, IOWA

ABENGOA

HUGOTON, KANSAS

113,55

Descomissionada

94,50

Descomissionada

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Índice

editorial de abertura Alternativas para a lignina são o uso direto como aditivo de polímeros; após processo de despolimerização, usar os monômeros aromáticos para substituição de produtos de origem fóssil e produtos carbonáceos (fibra de carbono). • Acondicionamento de biomassa: O principal insumo para a produção do E2G é a biomassa e que vai ser o fator decisivo na escolha dos locais de implantação das fábricas. O setor sucroalcooleiro é naturalmente um excepcional candidato para implantação do E2G: primeiro, pela abundante produção compulsória de biomassa, e, segundo, pela sinergia entre as plantas de 1G e 2G, principalmente quanto à utilização econômica de resíduos (vinhaça) e energia. Os desafios para a utilização de palha e bagaço para a fabricação de E2G começam na logística de recolhimento e armazenagem da palha de cana. Recolhimento de palha no campo (enfardamento) e colheita de cana integral (cana mais palha na colheita). Os dois processos têm seus prós e contras e estão em fase de desenvolvimento. • Enzimas: Esse é o principal e mais custoso insumo no E2G e o principal ponto de especulação sobre a viabilidade econômica do processo. A boa notícia é que os resultados obtidos estão dentro dos parâmetros de projeto, mas a necessidade de redução do custo é preponderante, e as alternativas para isso pode ser a nacionalização da produção, fábricas dedicadas e próximas ao usuário e aumento da concorrência. • Aumento de eficiência: Subprodutos do pré-tratamento, como ácido acético e furfurol, hoje considerados inibidores para fermentação e hidrolise enzimática, podem ser aproveitados com a evolução da tecnologia. A otimização do consumo de energia é de grande importância para o projeto, e alguns pontos já podem ser enumerados, como reaproveitamento de calor no processo e otimização da evaporação de C5 e C6 com utilização de vapores de mais baixa temperatura. A fermentação foi outra grande boa notícia no processo de E2G; os rendimentos iniciais já foram bem animadores, mas

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Opiniões ainda resta melhorar o teor alcoólico do vinho, que implica diretamente o consumo de energia e produção de vinhaça. • Materiais e engenharia: As características agressivas do pré-tratamento (pH, temperatura, contaminantes inorgânicos) demandam soluções especiais de materiais para os equipamentos. Teremos um desenvolvimento muito grande do projeto, com a seleção de materiais diferentes e soluções de engenharia para cada necessidade. Um item que se mostrou muito importante é a necessidade de tratamento inicial da biomassa para remoção de impurezas minerais e padronização granulométrica, que deverão ser um fator importante para redução de custo para implantação inicial e manutenção do projeto. Por fim, a nacionalização da produção dos equipamentos pode incentivar o surgimento de fornecedores que contribuirão com boas soluções. • Conclusão: A disponibilidade de biomassa excedente associada à produção de cana-de-açúcar pode ser muito atrativa para a implantação de uma planta de E2G anexa ao 1G. O etanol produzido pode ser classificado como combustível renovável “avançado”, e as demandas de mercado estão crescendo, principalmente na Europa, nos Estados Unidos e na Ásia, especialmente, incentivados por dispositivos legais. O projeto implantado na Raízen já se encontra em produção comercial, obviamente com algumas adaptações a serem concluídas e com uma série de oportunidades de melhorias. Os resultados obtidos já garantem segurança para colocar a expansão do projeto de E2G; essa decisão já tomada pela Raízen vai desencadear o desenvolvimento de fornecedores para equipamentos e insumos, que, no futuro, vão apresentar novas soluções para produtos e processos, aumentando, assim, a eficiência do projeto. Por fim, o uso da biomassa excedente pode ajudar na diluição do custo de produção de cana-de-açúcar, nesse caso propiciando um aumento expressivo do rendimento de produtos por hectare. n


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Índice

pragas

manejo biológico: um caminho sem volta Os grandes avanços nas ciências agrárias, embora, no passado, tenham sido mais adaptativos do que próprios, agora se avolumam e definem tecnologias particulares do “agro”, iniciando uma nova fase da agricultura, caracterizando a quarta Revolução Agrícola. Focando na fitossanidade, nessa Revolução, surgem tecnologias sofisticadas usando seres vivos e seus produtos para o controle de pragas, doenças e plantas daninhas e para o preparo do solo para as diversas culturas. Hoje, esses seres vivos (microbiológicos: fungos, bactérias, vírus e nematoides – e macrobiológicos: vespas, moscas e ácaros) usados de forma ampla na agricultura são chamados de bioinsumos, que também agregam os óleos vegetais, os extratos de plantas e de algas e substâncias atraentes e repelentes de artrópodes-praga. Dentre os bioinsumos, tem-se hoje os modernos biodefensivos, como bioinseticidas, biofungicidas e bionematicidas. Essa realidade é tão expressiva que o crescimento nesse setor, no Brasil, ultrapassa 50% ao ano, em contrapartida aos 10-15% de crescimento no mundo. Começamos com sete bioinsumos registrados no País, há uma década, e hoje esse número é superior a 500. É um caminho sem volta e com limites ainda desconhecidos.

Tem-se hoje os modernos biodefensivos, como bioinseticidas, biofungicidas e bionematicidas. Essa realidade é tão expressiva que o crescimento nesse setor, no Brasil, ultrapassa 50% ao ano, em contrapartida aos 10-15% de crescimento no mundo. "

Alexandre de Sene Pinto

Professor de Agronomia do Centro Universitário Moura Lacerda, Ribeirão Preto-SP

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O uso predominante de bioinsumos para o manejo do solo e de pragas e doenças caracteriza uma nova estratégia chamada de manejo biológico. São poucas as culturas onde o manejo biológico pode ser plenamente praticado, mas a cana-de-açúcar é uma delas, pois a maioria das pragas e doenças tem tecnologia de uso de bioinsumos bem desenvolvida, assim como o manejo do solo. O solo dos canaviais tem recebido a aplicação de diversos fungos e bactérias com funções bem definidas. Mas também se faz uso de misturas de microrganismos (probióticos), na maioria das vezes desconhecidos, incluindo ou não substâncias nutritivas para eles (prebióticos, ricos em carbono), que povoam o solo e melhoram suas características físicas e químicas.


Opiniões Bioinsumos à base do fungo Trichoderma harzianum ou das bactérias do gênero Bacillus são comumente aplicados para o controle de nematoides-praga (pequenos vermes que atacam as raízes) e de patógenos que causam doenças nas plantas. Para essas funções, há controle direto ou indireto, onde a imunidade da planta é aumentada, e a produção de raízes superficiais e profundas é estimulada, o que leva também a uma melhor resistência das plantas às pragas e à seca. Na década de 2020, os bionematicidas superaram, em área aplicada, os nematicidas químicos sintéticos no Brasil, pois eles têm mostrado melhor eficácia, maior período de ação e efeitos positivos adicionais, sem impactos para o homem, os animais e ambiente e com muitas funções secundárias agregadas. Mas esses microrganismos começam a ser explorados para substituírem os fertilizantes químicos, com performance superior a eles. O fungo e as bactérias mencionados disponibilizam fósforo, potássio, zinco, ferro e manganês, mas a bactéria Azospirillum brasilense tem sido usada para a disponibilização de nitrogênio para as plantas, chegando, hoje, a substituir quase integralmente o fertilizante químico, que é perdido principalmente por lixiviação, poluindo, muitas vezes, nossos lençóis freáticos. A próxima função de alguns desses microrganismos, como Trichoderma harzianum, será para a retirada de gás carbônico da atmosfera, pois esse fungo consegue transformá-lo em carbono de solo. Isso criará um novo valor para os bioinsumos, podendo acumular créditos de carbono num futuro próximo. Os fungos Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae têm sido usados mais frequentemente contra a maioria das pragas de solo, que predominam em canaviais. Desde a década de 2010, Metarhizium anisopliae tem sido misturado às caldas de inseticidas químicos (que são reduzidos em 10% da dose) para melhorar a performance e o período de ação deste último no controle das cigarrinhas, Mahanarva spp., e por proporcionar o controle de outras pragas, como broca-da-cana, Sphenophorus levis, pulgões, cochonilhas e pão-de-galinha. O fungo B. bassiana passou a ser usado para o controle de larvas e, principalmente, de adultos de Sphenophorus em canaviais, além da broca-da-cana, broca-gigante, pulgões, cochonilhas, formigas e pão-de-galinha.

Esses fungos e bactérias, hoje, são usados em mais de 5 milhões de hectares de canaviais no País. Eles só chegaram a esse patamar graças ao desenvolvimento das formulações complexas dos bioinsumos, que permitiram a melhor performance desses microrganismos nas condições adversas dos ambientes agrícolas. Vale a ressalva de que as fábricas on-farm de microrganismos podem até produzir produtos de qualidade, mas nunca terão as formulações modernas. Mas, infelizmente, a maioria dessas fábricas caseiras não produz microrganismos de qualidade, o que compromete o manejo biológico e poderá afetar a saúde pública. A partir de 2022, a ampliação do uso de nematoides entomopatogênicos (que causam doenças em insetos-praga) deverá mudar o manejo de pragas de solo, incluindo migdolus, cupins e Hyponeuma taltula (broca-peluda). Esses nematoides, que não atacam plantas, penetram os insetos no solo e regurgitam uma bactéria que causa infecção generalizada na praga, matando-a e liquefazendo tecidos internos, que servirão de alimento para esses vermes por 2-3 gerações. Finalmente, na parte aérea das plantas, a broca-da-cana é controlada com a vespinha Cotesia flavipes desde a década de 1970, no Brasil. Na década de 2010, Cotesia passou a ser substituída pela microvespa Trichogramma galloi, que tem uma grande vantagem sobre a anterior por parasitar os ovos da praga e não as lagartas, impedindo que ela entre no colmo da cana. Atualmente, tanto Trichogramma quanto Cotesia são liberadas em canaviais com drones. A base biológica para essas tecnologias foi desenvolvida pelo nosso grupo de pesquisa, em Ribeirão Preto-SP. A liberação de Trichogramma com drones, que foi iniciada em 2017, hoje representa 98% dos 3,5 milhões de hectares tratados. A liberação de Cotesia com drones é menor, mas tem garantido voos em quaisquer horários do dia, o que não é possível na liberação manual. Cotesia é utilizada em mais de 4 milhões de hectares em todo o País. Repito, o manejo biológico em canaviais é um caminho sem volta. Um mundo novo se descortina para os agricultores, que, ávidos, se esforçam para acompanhar as novidades científicas. Todos os profissionais do “agro” precisam de atualizações constantes sobre o uso de bioinsumos, que são tão técnicos quanto os antigos defensivos químicos sintéticos, mas muito superiores em resultados e em sintonia com o campo. n

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Índice

pragas

manejo racional de sphenophorus levis Apesar de todos os expoentes positivos, no tocante à exploração racional e econômica da cana-de-açúcar, essa cultura é atacada por várias espécies de pragas: fator importante na diminuição da qualidade da matéria-prima, produtividade e longevidade. Dentre os inúmeros insetos-praga que causam sérios prejuízos à cana-de-açúcar, pode-se destacar Sphenophorus levis, conhecido pelo seu alto potencial destrutivo e pela ampla distribuição. Prejuízo econômico As larvas abrem galerias nos rizomas, originando sintomas de amarelecimento e seca de folhas e perfilhos. Os danos se refletem no número, tamanho e diâmetro de colmos finais para a colheita, sendo que as perdas econômicas podem ser estimadas em relação à redução nas toneladas de cana esperadas por hectare. Assim, em alguns locais, tem-se detectado de 50 a 60% de perfilhos atacados, ocasionando reduções de 20 a 30 toneladas por hectare, inviabilizando, assim, a continuidade desse ciclo de cana-de-açúcar. Controle da praga Até o momento, mesmo não se obtendo resultados expressivos por meio de alguns métodos empregados de forma isolada, as medidas de controle devem ser adotadas, de preferência em conjunto, no momento adequado, para propiciar o combate à praga. Assim, os métodos empregados são: 1. Amostragem: O programa de Manejo Integrado de S. levis requer determinações precisas e rápidas da porcentagem de danos existentes, bem como das formas biológicas presentes na área. Se essa amostragem não for

efetuada corretamente e dentro da dimensão preconizada, haverá sempre o risco de serem tomadas decisões equivocadas, onerando, assim, o custo de produção. 2. Destruição de soqueiras: • Química: Prática fundamental para a eliminação de “tigueras” na área de reforma. Operação que antecede a eliminação mecânica de soqueiras, e não utilizada de forma isolada. • Física: A eliminação física de soqueiras deve ser realizada imediatamente após o corte da cana-de-açúcar para industrialização ou, no mínimo, 5 dias após a sua destruição química. O acme populacional de larvas ocorre entre os meses de abril a agosto, sendo este o momento mais propício para o uso dessa prática, contribuindo, assim, para reduzir drasticamente a sua população. 3. Barra total: Dez dias após a operação de destruição mecânica de soqueira, a eliminação de adultos remanescentes se faz necessária, através da utilização de barra total com inseticida químico específico. 4. Preparo de Solo: O preparo do solo visa complementar a eliminação das formas biológicas de S. levis remanescentes na área, além da melhoria das condições físicas e químicas para garantir a brotação, o crescimento radicular e o estabelecimento da cultura. 5. Rotação de culturas: Infelizmente, a rotação de culturas utilizada de forma adequada para o convívio com os problemas relacionados ao S. levis tem sido negligenciada. A escolha da cultura a ser implantada é fundamental, dando preferência a amendoim e soja, as quais irão utilizar inseticidas ao longo do seu desenvolvimento,

Dentre os inúmeros insetos-praga que causam sérios prejuízos à cana-de-açúcar, pode-se destacar Sphenophorus levis, conhecido pelo seu alto potencial destrutivo e pela ampla distribuição. "

José Francisco Garcia Diretor da Global Cana

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Opiniões evitando em áreas com a presença da praga, crotalária, a qual não irá contribuir para a redução populacional da praga. 6. Plantio: • Viveiro: cana-de-açúcar destinada a semente, seja ela via colmos ou mudas pré-brotadas ─ que devem ser manejadas de forma diferenciada. A utilização de inseticidas específicos ocorre no plantio e durante o desenvolvimento da cultura, tanto na forma de canteiro, bem como em meiosi. • Comercial: a utilização de inseticidas no plantio se faz necessário em áreas de histórico da presença de S. levis. Essa modalidade visa manter a sanidade dos colmos que estão sendo plantados. 7. Controle Químico: A manutenção da população de S. levis em níveis aceitáveis está intimamente ligada ao controle químico, o qual deverá ser utilizado apenas em áreas que possuam o nível de controle definido pela amostragem e que a cultura possua alto potencial produtivo. Assim, alguns pontos de atenção devem ser considerados nessa operação: • Amostragem: Esse procedimento - básico e indispensável - visa ao reconhecimento de todos os talhões, através do levantamento de 4 pontos por hectare em 30% da área de cada talhão. Atingindo o nível de controle em 60% dos talhões, recomenda-se paralisar o levantamento e realizar a aplicação em toda a área. Abaixo dessa porcentagem, o controle será realizado talhão a talhão. • Desenleiramento: essa operação, a qual visa à retirada da palha que está depositada sobre a linha da cultura, contribui sobremaneira para a redução de formas biológicas e elimina o efeito da barreira física para o futuro controle químico, através do cortador de soqueiras 70/30. • Cortador de soqueiras 70/30: Essa modalidade visa injetar 70% do inseticida de 10 a 15 cm dentro da soqueira e 30% dele sobre as touceiras, após o desenleiramento. Tal tecnologia de aplicação visa atingir todas as fases do ciclo biológico da praga, especialmente os adultos. • Moléculas: O conhecimento técnico delas é fundamental, tendo em vista que as aplicações ocorrem imediatamente após o corte, o que coincide com o período seco do ano. Produtos registrados para esse alvo - na dosagem correta, aliados à tecnologia de aplicação, proporcionam redução acentuada da praga. • Volume de calda: O desempenho da molécula definida está intimamente ligado ao volume de calda utilizado por hectare. No mínimo, os produtos registrados devem ser utilizados com 300 litros de calda por hectare.

• Período de corte de soqueiras: A operação de cortador 70/30 deve ser realizada após o desenleiramento da palha remanescente da colheita sobre as linhas. Dessa forma, independente da época do ano, essa ação visa quebrar o ciclo da praga, reduzindo-o a níveis aceitáveis. 8. Controle biológico: O uso de fungos entomopatogênicos, para o controle de S. levis, é uma alternativa complementar que vem se mostrando viável. Alguns experimentos, utilizando os fungos Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae, apresentam resultados promissores desses microrganismos no controle dessa praga, especialmente de adultos na época úmida. Isso porque os solos do agroecossistema da cana-de-açúcar, por sua temperatura moderada, umidade e presença de matéria orgânica, podem representar um ambiente favorável para o desenvolvimento desses fungos. 9. Regionalização: O manejo inteligente de S. levis deve ser realizado de forma regional e organizado, executando todas as ações conjuntas. 10. Conscientização: A consciência coletiva é o ponto fundamental para o sucesso no convívio com S. levis em cana-de-açúcar. O envolvimento de colaboradores das diferentes áreas dentro do processo produtivo, da reforma à colheita, é vital para a excelência nesse manejo. Considerações finais: Em face da gravidade dos prejuízos que ocasiona ao reduzir drasticamente a produção e a longevidade dos canaviais, pela dificuldade para controlá-lo, com resultados nem sempre satisfatórios, há necessidade de certas precauções para evitar a propagação de S. levis para áreas onde ainda ele não ocorre. Como o inseto possui baixa capacidade de dispersão, a sua principal forma de disseminação se dá com o auxílio do homem, pelo descuido no transporte de cana de áreas infectadas para outros locais. Sua presença pode ser confinada às áreas infestadas desde que se tomem cuidados preventivos. Assim, o transporte de cana de áreas atacadas deve ser realizado com segurança para evitar a queda de canas pelo caminho e, principalmente, não utilizar canas para muda de áreas sabidamente sob ataque de S. levis, a menos que elas sejam expurgadas com inseticida antes de deixarem esses locais. Em áreas infestadas, o uso de tecnologias para manter baixa a população da praga, nas épocas de maior presença de adultos (outubro a março), complementado com o controle mecânico, no momento adequado (abril a agosto), permite a convivência com a praga em níveis suportáveis sob o ponto de vista de danos econômicos à lavoura. n

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Localização dos leitores da Revista Opiniões, Tem muita gente analisando o seu artigo, o

Áreas de interesse: Edição Sucroenergética: • Cana • Milho • Sisal • Açúcar • Etanol • Biogás • Biometano • Bioeletricidade • Carbono Edição Florestal: • Celulose • Papel • Carvão • Siderúrgia • Painéis • Madeira • Produtos não-madereiros

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plantas daninhas

inovação em formulações de Inovar é desenvolver e aplicar novas ideias e conceitos. As inovações podem ser radicais quando ocorre uma mudança drástica no modo de produção ou consumo de um produto ou serviço. Quando se trata da proteção de plantas, as principais inovações radicais são os novos ingredientes ativos ou novos genes de resistência. As inovações radicais são complexas, têm alto custo, demoram a ser desenvolvidas e, por atenderem a mercados globais, precisam passar por processo de aceitação ou liberação de uso em escala mundial. Quando há a melhoria contínua nos produtos, processos ou serviços, ocorre a inovação incremental. As inovações incrementais resultam da reorganização do conhecimento existente e têm como objetivo atender a demandas locais ou regionais específicas. Algumas vezes, podem ser desenvolvidas soluções customizadas para clientes específicos. Em termos de proteção de plantas, as inovações incrementais podem corresponder a uma nova formulação, uma mistura de ingredientes ativos, ao ajuste mais preciso da dose ou momento de aplicação, novos equipamentos ou técnicas de aplicação e uma série de outras tecnologias. O lançamento de novos ingredientes ativos (inovações radicais) desacelerou muito nas últimas décadas. No Brasil, o processo de registro dessas novas substâncias ainda pode atrasar, em vários anos, a disponibilidade para os produtores.

herbicidas

Para atender às necessidades do mercado, as empresas têm desenvolvido formulações altamente inovadoras, que têm conseguido resolver muitos dos problemas mais relevantes e urgentes em termos de manejo de pragas, doenças e plantas daninhas. São exemplos de desenvolvimento recentes quanto a formulações: inseticidas ou fungicidas que são misturas de compostos que atuam em diferentes sítios de ação; tecnologia de encapsulamento dos ingredientes ativos; uso de componentes mais seguros; uso de componentes, adjuvantes ou técnicas de aplicação que reduzem as perdas por deriva; desenvolvimento de soluções específicas para contornar limitações do próprio ingrediente ativo como sensibilidade a fotólise ou volatilidade. O que se tem intensificado nos últimos anos é a “tropicalização” das formulações de defensivos agrícolas, com destaque para os herbicidas. No Brasil, praticamente todos os principais sistemas de produção de culturas anuais ou perenes têm o solo coberto com palha, exigindo que os herbicidas de pré-emergência tenham a capacidade de passar pela camada de palha e atingir o solo para que possam ter eficácia.

Se o Brasil ainda não conseguiu alcançar a densidade de conhecimento necessária para descobrir novos ingredientes ativos, possui redes de profissionais extensas e complexas, que praticam cotidianamente os conhecimentos agronômicos. "

Edivaldo Domingues Velini

Professor de Controle de Plantas Daninhas da Unesp-Botucatu

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Opiniões Em regiões tropicais, a incidência de radiação ultravioleta também é muito alta e aumenta o potencial de fotodegradação quando os herbicidas são mantidos na superfície do solo ou da palha. O desenvolvimento de formulações com menores perdas por volatilização talvez seja a demonstração mais clara da competência dos desenvolvedores de formulações atuando no Brasil e da contribuição das novas formulações para a produção sustentável e com menores riscos para os aplicadores, consumidores e para o meio ambiente. No caso dos herbicidas de pós-emergência 2,4-D e dicamba, foram desenvolvidas formulações com novos adjuvantes, sais (efetivamente cátions acompanhantes dos herbicidas que são ânions) e ajustes de pH que praticamente eliminaram as perdas na forma de vapor. Em termos de uso de herbicidas de pré-emergência, destaca-se o desenvolvimento de formulações encapsuladas pendimethalin e, principalmente, do clomazone, um herbicida graminicida de amplo uso em cana-de-açúcar por mais de três décadas. O clomazone é medianamente volátil, e parte do herbicida pode ser perdida na forma de vapor e transportada para áreas vizinhas, implicando risco para culturas sensíveis. O uso de formulações encapsuladas praticamente elimina as perdas por volatilização. Em contato com o solo, as cápsulas de clomazone se rompem e liberam o herbicida em alguns dias. Mas o mais surpreendente é que as formulações encapsuladas que foram desenvolvidas para reduzir a volatilidade também se mostraram úteis para reduzir a absorção pelas folhas da cana-de-açúcar, aumentando a seletividade e para aumentar o transporte do herbicida da palha ao solo pela água de chuva. Quando se usam formulações convencionais de clomazone, cerca de um terço atinge o solo após a ocorrência de chuvas. No caso das formulações encapsuladas, praticamente todo o herbicida pode ser carregado pela chuva até o solo. As quatro formulações de clomazone encapsulado disponíveis no Brasil são efetivas em reduzir a volatilidade, mas apresentam algumas diferenças em termos de absorção pelas folhas e passagem pela palha. A rápida aceitação dessas formulações pelo mercado comprova a grande contribuição que representam para a produção sustentável. Igualmente notáveis têm sido os avanços no desenvolvimento de formulações, adjuvantes e técnicas de aplicação que reduzem a deriva.

Apenas a parte do defensivo agrícola que deposita no alvo realiza o controle. Por outro lado, a deriva contribui para a contaminação do ambiente, de áreas vizinhas e dos aplicadores. Ao nível de formulações, é possível utilizar componentes que permitem reduzir a formação de gotas sujeitas à deriva, retardar a evaporação, aumentar a deposição, por exemplo. Em termos de tecnologia de aplicação, a redução dos movimentos horizontais e verticais da barra de aplicação, a redução da altura da barra, com o cuidado de não comprometer a uniformidade da aplicação, a seleção das pontas de pulverização, o ajuste das condições operacionais e o uso correto de adjuvantes podem permitir a realização de aplicações mais eficazes e seguras, além da ampliação dos intervalos em que as aplicações podem ser feitas, considerando as limitações impostas por ventos, temperatura e umidade relativa. A uniformidade da aplicação com a menor variação possível das doses no campo também tem sido um objetivo no desenvolvimento de novas formulações. Estudos recentes têm demonstrado que as doses pontuais podem variar de 50 a 150% da dose média observada, causando falhas de controle e intoxicações da cultura. Os movimentos e a altura da barra, a distribuição e espaçamento das pontas e a uniformidade de distribuição dos ingredientes ativos na solução de aplicação são as principais determinantes da uniformidade ou desuniformidade das doses no campo. Desenvolver formulações estáveis no tanque e que contribuem para a uniformidade das doses no campo se tornou uma preocupação obrigatória para os que desenvolvem formulações. O desenvolvimento de inovações passa obrigatoriamente por quatro etapas: a identificação do problema; o desenvolvimento da solução; a produção das informações que demonstram as vantagens da inovação desenvolvida e o uso da inovação na geração de benefícios e produção de riquezas. Se o Brasil ainda não conseguiu alcançar a densidade de conhecimento necessária para descobrir novos ingredientes ativos, possui redes de profissionais extensas e complexas, que praticam cotidianamente os conhecimentos agronômicos. Temos sido capazes de desenvolver, avaliar e utilizar formulações inovadoras que contribuem para o manejo sustentável de pragas, doenças e plantas daninhas. n

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plantas daninhas

o controle de plantas daninhas em grandes lavouras Com as atuais altas de preços dos insumos agrícolas, as empresas precisam pensar na maximização, numa gestão bastante rigorosa de uso desses produtos, de modo a obter os melhores resultados no combate a pragas, doenças e plantas daninhas nos canaviais. No caso do combate ao mato, para evitar erros em recomendações e desperdícios de produtos aplicados, é necessário realizar uma detalhada análise técnica da situação para direcionar corretamente os defensivos para hora, lugar e alvos certos. Uma das maiores dificuldades que os produtores enfrentam para combater esses problemas é administrar todas as atividades de controle de plantas daninhas nas extensas lavouras de cana-de-açúcar. As invasoras se disseminam com espantosa rapidez e estão se mostrando cada vez mais agressivas e adaptadas aos diferentes ambientes de produção. Ao menor descuido, concorrem com a cana, chegando a roubar mais da metade da produção em apenas alguns meses de matocompetição. Os produtores, de forma geral, enfrentam esse grave problema sem muita organização, e o que se observa é bater o desespero quando a situação fica crítica no período quente e úmido do ano. Basta não acompanhar de perto a lavoura e pronto, o produtor é surpreendido com vigorosas infestações de plantas daninhas que rapidamente sufocam as novas brotações, concorrendo por água, luz e nutrientes. O resultado desse problema é a queda na produtividade.

Em grandes áreas de cana, como as usinas, que cultivam milhares de hectares com canaviais em diferentes estágios de desenvolvimento esparramados por todo o lado, há uma grande diversidade e intensidade de plantas daninhas. A gestão de toda essa área não é uma tarefa fácil. O controle de plantas daninhas exige dos técnicos muita atividade e vigilância o ano todo, sob ação de diversos fatores que variam de acordo com um importantíssimo componente: as mudanças climáticas nas quatro estações do ano. Além dos fatores climáticos, é importante também saber a hora certa de se fazer os levantamentos de ocorrência das plantas daninhas e, ao recomendar os herbicidas, considerar quais espécies de mato estão ocorrendo, a intensidade de infestação na área, além do estágio de desenvolvimento da cana. Também a camada de palha, o teor de argila e a matéria orgânica nos solos são importantes, pois ajudam na determinação das dosagens dos defensivos. Isso tudo, sem mencionar o sistema de pulverização que vai ser utilizado. Para completar as preocupações dos responsáveis pelo controle das plantas daninhas, eles ainda têm que considerar as características dos herbicidas, como o período residual (que, geralmente, não é muito longo), o modo de ação sobre as diferentes invasoras, a solubilidade no solo, o modo de ação sobre as invasoras etc. Tudo isso precisa ser conhecido antes de se fazer a recomendação de produtos. Além de todo esse procedimento, ainda é necessário programar os levantamentos nas visitas de inspeção e nas operações realizadas antes, durante e depois dos tratamentos realizados.

Com os atuais preços dos insumos agrícolas, precisamos pensar numa rigorosa gestão de uso desses produtos, de modo a obter os melhores resultados no combate a pragas, doenças e plantas daninhas nos canaviais. "

Dib Nunes Jr.

Diretor do Grupo Idea

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Opiniões Nessa atividade há uma grande variabilidade de situações e dezenas de interações entre fatores interferentes, ambiente e produtos aplicados a cada tratamento realizado, que geram centenas de informações. O que fazer com esse enorme volume de dados coletados e armazenados cotidianamente? É humanamente impossível processar essas informações, porém precisamos deles para responder a muitas importantes questões, como: Quais foram os melhores produtos nas diferentes épocas do ano? Qual foi o período residual de cada produto e de suas misturas? Quais foram as principais plantas daninhas controladas? Quais foram os melhores produtos pré-emergentes na cana planta? E nas socas? Quais foram os melhores herbicidas para o controle em pós-emergência? E as aplicações em PPI? Foram eficazes? Houve necessidade de repasses ou catação? Quais produtos devemos colocar no portfólio de compras? Qual é a distribuição de plantas daninhas na lavoura (mapeamento)? Qual é o melhor método de levantamento para apurar ocorrência de daninhas e desempenho dos herbicidas utilizados? Como podemos nos organizar para não atrasar nenhum levantamento? Quais são os relatórios gerenciais que precisamos para realizar uma adequada gestão? Como agrupar dados para realizar as recomendações de herbicidas? Como organizar a dinâmica das Ordens de Serviço? Quais lições podemos tirar do controle que está sendo feito? Onde ainda precisamos melhorar? Essas e outras questões precisam fazer parte do cotidiano dos tratos culturais e conduzir essa prática a um permanente aprimoramento. Como se vê, essa é uma atividade que exige muito mais do que uma simples recomendação de produtos. Hoje, temos no mercado pelo menos 50 moléculas de herbicidas registradas para cana-de-açúcar, cada uma com suas características e especificações de posicionamento, além das incontáveis misturas desses produtos. Como administrar tudo isso? Como fazer uma gestão baseada em melhoria contínua dos processos e dos conhecimentos? No trabalho de combate às plantas daninhas, temos várias etapas que precisam ser organizadas e pontualmente acompanhadas.

Faz-se necessário um agendamento com levantamentos em datas preestabelecidas para recolher informações de pré e pós aplicação dos herbicidas e, principalmente, para montar uma rotina de atuação. Numa grande lavoura, vai existir, ao mesmo tempo sob vigilância, canaviais em diversos estágios da cultura que vão necessitar frequentes levantamentos de campo, consultas aos dados armazenados e estoques de produtos. Com organização, pode-se conhecer, a todo momento, a real situação do mato em toda a lavoura e melhorar a programação de serviços, principalmente nas áreas de reforma (momento bom para “despraguejamento”). A grande quantidade de dados levantados precisa ser canalizada ao arquivo correto, processado com agilidade e disponibilizado quando da emissão das O.S., com as recomendações dos herbicidas adequados a cada situação. São várias as fases e levantamentos de campo que devem ser efetivados antes e depois das aplicações de herbicidas. Para cada fase, relatórios com avaliação da situação precisam ser emitidos, com os mais diferentes retratos da situação de combate ao mato. Todo esse fluxo de dados e serviços deve seguir uma metodologia bem definida e prazos preestabelecidos para visitas de inspeção. Só assim os gestores terão toda a lavoura sob controle a qualquer momento do ano. A solução é a utilização de um software especialista que facilite e processe toda essa gama de informações advindas diariamente da lavoura. Já temos disponível no mercado ferramentas dotadas de algoritmos processadores de dados, que emitem os relatórios certos para a gestão dessa atividade. Esses softwares estão sendo disponibilizados aos maiores produtores de cana-de-açúcar, cooperativas e, principalmente, às usinas que tem grandes extensões de áreas a tratar. Portanto, utilizando todos esses conceitos e estratégias na gestão no combate ao mato é que será possível maximizar os significativos investimentos realizados, extrair o melhor dos herbicidas aplicados, ganhar continuamente informações sobre seu desempenho, e dessa forma, proteger os canaviais para alcançarem as melhores produtividades. n

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doenças

Opiniões

doenças:

fatores limitantes de produção

A tecnologia sempre foi uma ferramenta almejada em diferentes setores do mundo moderno, e não poderia ser diferente quando se trata do agronegócio. O uso incessante por mecanismos que aumentem a produtividade, qualidade de produtos, logística eficiente, entre outros, tem colocado o Brasil em uma posição de destaque no cenário agrícola mundial. O Brasil é o maior produtor mundial da cana-de-açúcar; juntamente com o título, tem-se os desafios que acompanham o crescimento e liderança do País. Dentre esses desafios, alguns merecem destaque, como diminuição das terras aráveis e necessidade de melhorar a pro-

dutividade dos cultivos agrícolas. A cultura da cana-de-açúcar apresenta características que fazem com que a qualidade sanitária da muda seja de particular importância. Trata-se de uma espécie propagada vegetativamente, portanto mais passível de transmissão de doenças como mosaico, raquitismo-da-soqueira, escaldadura-das-folhas, carvão e estria-vermelha, doenças estas propagadas pela muda. O setor canavieiro tem evoluído devido à extensa pesquisa no desenvolvimento e aproveitamento de

Infelizmente, a grande maioria das áreas de renovação, aproximadamente 70%, ainda é plantada com mudas originárias de canaviais comerciais, as quais são veículos de introdução de doenças desde o início do cultivo "

Caroline Rabelo Costa Donadon e Simone Cristiane Brand Diretoras da PlantCare Pesquisa Agrícola

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doenças produtos na área industrial, além das inovações agrícolas. Entretanto algumas práticas não acompanharam esse cenário evolutivo, incluindo o uso de colmos (rebolos) como unidade propagativa para instalação do canavial, cujo método remonta à introdução da cultura no Brasil. Infelizmente, a grande maioria das áreas de renovação, aproximadamente 70%, ainda é plantada com “mudas” originárias de canaviais comerciais, as quais são veículos de introdução de doenças desde o início do cultivo, podendo prejudicar a produtividade e a longevidade da cultura no campo em até 30%. Com a implantação de canaviais utilizando mudas pré-brotadas (MPB), esse problema é minimizado, mas apenas com técnicas como a cultura de meristemas podemos atestar a produção de mudas verdadeiramente livre de doenças. Na produção de mudas de qualidade sanitária, fica evidente o papel da automação, visto que são empregados equipamentos, técnicas e pessoal qualificado. A cultura de meristemas envolve, de forma resumida, as etapas de termoterapia, indexação e micropropagação, promovendo a limpeza do material propagativo, ou seja, a produção de mudas livres de doenças, como raquitismo-da-soqueira, vírus do mosaico da cana-de-açúcar (SCMV) e vírus do amarelinho da cana-de-açúcar (SCYLV). Além disso, a partir de um único meristema apical, podem ser produzidas milhares de mudas em um período de seis meses. A técnica tem levado inclusive à implantação de biofábricas nos EUA, Europa e Ásia, propiciando uma produção anual de mudas de elevada qualidade genética e sanitária. De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), as perdas anuais na agricultura são da ordem de US$ 314 bi com pragas e doenças em seis países, incluindo o Brasil. Condições ideais de clima e cultivos agrícolas em quase todo o território nacional, praticamente o ano todo, tornam o país um reservatório de agentes causais de doenças cujos danos levam a perdas, quando não controlados, de até 100%. Essas perdas são desastrosas quando se leva em consideração o custo de produção e o

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Opiniões patamar onde se encontra o Brasil, dentre os países exportadores de produtos agrícolas, deixando de ser competidor e gerando déficit econômico. As doenças são fatores limitantes de produção e preocupantes desde os primórdios, quando a agricultura era ainda de subsistência. Com as tão necessárias revoluções que aconteceram na agricultura, consolidou-se o desenvolvimento de ciências sobre os patógenos e suas relações com as plantas, o manejo das doenças através de diferentes formas de controle que melhor contemplava os patossistemas diversos. Algumas inovações no manejo das doenças vêm sendo desenvolvidas. Uma tecnologia apresentada recentemente para o controle da doença podridão vermelha, causada pelo fungo Colletotrichum falcatum, é a chamada Tecnologia do Consórcio Probiótico (TCP). A TCP é uma tecnologia de estabilização de microrganismos, gerando soluções à base de ecossistemas ou microbiomas criados a partir dessas estabilizações. As soluções podem ser de microrganismos, metabólitos, ou de ambos. De acordo com o pesquisador José Melhado Sanches, integrante do projeto, estudos in vitro atestaram que o uso da TCP para controle do C. falcatum obteve controle acima de 80% em todas as dosagens, ao 6º dia, e, ao 12º dia, acima de 90%. Estudos de campo estão sendo conduzidos para corroborar os realizados em laboratório. Constatando que o uso de TCP pode controlar o fungo nas lavouras de cana-de-açúcar acometidas por tal patógeno, será uma importante ferramenta no controle do fungo, que pode causar perda de 50 a 70% da sacarose de colmos atacados simultaneamente pelo fungo e pela broca-da-cana, além de reduzir a produtividade e a qualidade da matéria-prima. Tal informação sugere que é possível que a aplicação preventiva realizada no solo possa ajudar no controle do Colletotrichum e de outras doenças, além de incrementar a produtividade. Somente com evoluções desses níveis, podemos atingir patamares de produtividade de três dígitos em áreas expressivas de cultivo e melhorar a longevidade da cultura no campo. n


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solos

a automação viabilizando

o manejo dos solos

Em discussões técnicas que comparam a evolução temporal da produtividade dos grãos com a da cana-de-açúcar, na última década, os resultados são muito desfavoráveis ao setor canavieiro. Enquanto no manejo de solos do setor de grãos, cada vez mais, agregam-se práticas de construção da fertilidade do perfil de solo e plantadoras/colhedoras de dezenas de linhas das culturas, implicando redução da compactação e, ambas, resultando no incremento do sistema radicular das plantas, a cultura da cana-de-açúcar é submetida à intensificação da compactação, com extrema redução do sistema radicular. Adicione-se que, nessa comparação com o setor de grãos, a produção a ser retirada das lavouras de soja é de 3 a 5 t/ha, a de milho é de 7 a 10 t/ha e a da cana-de-açúcar é de 70 a 100 t/ha. Quanto à cultura canavieira, no antigo cenário de colheita, corte manual com despalha a fogo, o conjunto de colheita, constituído pela carregadora e caminhão ou trator com compartimento de carga, transportava, em uma passada, a produção de cinco linhas de cana.

No novo cenário, o conjunto “colhedora + trator com transbordo(s)” trafega nas lavouras linha por linha, posicionando por entrelinha duas vezes a esteira da colhedora e duas vezes o rodado dos transbordos, ou seja, dez vezes mais, procedendo à colheita e transporte de alta densidade com cana picada das linhas individuais. Saliente-se, ainda, que o período da colheita da cana-de-açúcar estendeu-se para meses de maior umidade no solo (março/abril e novembro/dezembro). Assim, significativas diferenças entre as colheitas do período com despalha a fogo e sem despalha a fogo, embora atualmente com expressivo e inquestionável ganho ambiental, potencializaram exponencialmente a compactação do solo, implicando drástica redução do desenvolvimento do sistema radicular, resultando em menor infiltração das precipitações, com incremento do déficit hídrico pelo menor aproveitamento das precipitações, menor utilização dos nutrientes contidos no solo e proveniente das fertilizações, maior impacto negativo das pragas de solo e menor eficiência do controle de ervas daninhas, pela lentidão do sombreamento das entrelinhas, resultando no decréscimo da produtividade e longevidade das lavouras. Soma-se, ainda, pela extrema redução da condutividade hidráulica da superfície do solo, uma maior produção de enxurrada, ;

No novo cenário, o conjunto 'colhedora + trator com transbordo(s)' trafega nas lavouras linha por linha, posicionando por entrelinha duas vezes a esteira da colhedora e duas vezes o rodado dos transbordos, ou seja, dez vezes mais "

Jairo Antonio Mazza

Diretor da Athenas Agrícola

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Opiniões

1: Desidratação extrema com morte do canavial no terceiro corte em talhão com menor desenvolvimento do sistema radicular (forte compactação) comparado com estresse hídrico acentuado porém sem morte da cultura em talhões com maior desenvolvimento do sistema radicular (sem compactação). Região Oeste Paulista.

COEFICIENTE DE CONSUMO DE ÁGUA (Kc)

2: Resultado obtido com a otimização da sistematização e consequente qualidade da colheita.Elevada compactação no centro das entrelinhas e pleno desenvolvimento de raízes na projeção da linha (fileiras de plantas) e seu entorno. SS

SS

SS

SI

SOLOS COM CAD INTERMEDIÁRIA

SC

SC

SC

SI

SS

SS

SS

SOLOS COM CAD

SOLOS COM CAD

SOLOS COM CAD

BAIXA

INTERMEDIÁRIA E ALTA

ALTA

3: Parâmetros a serem considerados no planejamento da safra, por bloco de colheita objetivando-se a redução dos déficits hídricos na cultura canavieira. SS: Sistematização simples (sulcação reta e/ou arco suavizado) SI: Sistematização Intermediária (Sulcação em arco suavizado com menos tendência ao nível.

M

A

M

J

J

A

S

O

N

D

SC: Sistematização Complexa (Sulcação em arco com maior tendência ao nível).

MESES DE ABRANGÊNCIA DO PERÍODO DE SAFRA DA CANA DE AÇÚCAR

4: À esquerda: as porções da lavoura com maior aderência da sulcação realizada em relação a projetada indicada pela coloração azul. À direita: o melhor desenvolvimento e vigor da lavoura nestas posições após colheita.

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solos tornando obsoletas as práticas de conservação do solo e da água, baseadas exclusivamente em terraceamento, especialmente os terraços não transponíveis pelo sistema mecanizado (não passantes). Portanto, atualmente, o princípio básico a ser adotado para o maior desenvolvimento do sistema radicular e a melhor conservação do solo e da água é a adoção de projetos de sistematização que permitam o posicionamento do rodado (esteiras das colhedoras e rodados dos transbordos) exatamente no centro das entrelinhas das plantas, através de tecnologia de piloto automático, levantamentos planialtimétricos detalhados exequíveis em larga escala e software de geoprocessamento (SIG), agregando-se também informações morfológicas, físico-hídricas e químicas dos perfis de solos. Aliando-se ao objetivo do estímulo e preservação de maior desenvolvimento do sistema radicular, as áreas com projetos de alinhamentos mais retos ou de arcos suavizados devem ser posicionadas para colheita nos extremos da safra, terço inicial e terço final, uma vez que, nesses períodos, os solos se encontram com umidade e, portanto, com máxima friabilidade, ou seja, maior suscetibilidade à compactação. As áreas com projetos de maior angulosidade, sulcações em arcos mais fechados com tendência ao nível, devem ser posicionadas em meados de safra, uma vez que, devido à presença de menor umidade, os solos se encontram com a máxima coesão e, portanto, menos sujeitos a níveis severos de compactação. Concomitantemente a esses critérios a serem adotados no planejamento e com o objetivo de otimização pela cultura da cana-de-açúcar do consumo da água advinda das precipitações, devem ser alocados solos de CAD (capacidade de água disponível) intermediária no início de safra, solos com CAD baixa em meados de safra e solos com CAD alta e de menor suscetibilidade à erosão no final de safra, respeitando-se, dessa forma, o critério de otimização da água disponível nos perfis de solos e o coeficiente de consumo de água da cultura canavieira (Kc). A partir dessas definições, são alocadas as variedades, permitindo que possam expressar um maior percentual de seu potencial genético. Recomenda-se, então, que o planejamento do manejo da cultura da cana-de-açúcar seja iniciado pelo planejamento da colheita, que é efetivado associando-se um conjunto de áreas, se possível com proximidade geográfica e com as características adequadas (solo, sistematização e Kc), definindo-se os blocos de colheita.

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Opiniões Saliente-se que o deslocamento das áreas durante os meses de safra (teoria do terceiro eixo), para obtenção de maior idade cronológica dos canaviais, com possíveis incrementos de ATR/t de cana, poderá ser adotado, desde que se preservem os princípios considerados, ou seja, caso sejam deslocadas áreas com solos de CAD baixa e/ou de sistematização com maior angulosidade; no ano seguinte, pode ser bastante elevado o impacto negativo na brotação e no vigor das soqueiras e, consequentemente, na produtividade. Posteriormente ao planejamento da colheita, elabora-se o plano de plantio, baseado nas características pedológicas. Na sequência, efetua-se o planejamento do preparo do solo, adotando-se tecnologias que busquem, fundamentalmente, o máximo aprofundamento do sistema radicular, através da eliminação eficiente de restrições físicas e químicas, que coincidem com a máxima infiltração de água das precipitações. Recomenda-se a utilização de coberturas vegetais de rápido desenvolvimento, principalmente em solos de maior erodibilidade, admitindo-se também coberturas verdes com menor velocidade de desenvolvimento, desde que em solos de menor suscetibilidade à erosão. O preparo de solos em profundidade, que incrementa a condutividade hidráulica do perfil, deve ser realizado preferencialmente em faixas, com ou sem meiosi, complementando com elevada eficiência a prática mecânica de conservação do solo e da água baseada exclusivamente no terraceamento. Em função da época, das características morfológicas e físico-hídricas dos solos e das características topográficas, aliadas à cobertura vegetal e, especialmente, à adoção do preparo em faixas, pode-se minimizar, ou até mesmo substituir, a adoção do terraceamento. Com esse novo conceito de ordenação do planejamento agrícola, realizado com antecedência mínima de 3 a 5 anos, otimiza-se a adoção das tecnologias disponíveis e o desempenho das operações agrícolas, tanto no aspecto quantitativo como no qualitativo. Quando adotado o planejamento na sequência proposta: colheita, plantio e preparo, obtém-se a maximização da eficiência hídrica, quer pela maior infiltração das precipitações no solo, quer pelo maior desenvolvimento do sistema radicular da cana-de-açúcar, potencializando-se as demais variáveis, possibilitando que expressem positivamente seus efeitos na obtenção de melhores resultados operacionais, agronômicos e ambientais. n


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Q

Índice

solos

pedologia: o estudo dos solos A demanda crescente por energias renováveis aumenta cada vez mais. Nesse contexto, a cana-de-açúcar é importante opção para suprir a necessidade de etanol e da bioenergia, com direto impacto na sustentabilidade. Segundo a Conab, para a safra 2021/2022, a estimativa de produção é de quase 585 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. De acordo com a NASA, o Brasil possui 400 milhões de hectares agricultáveis, dos quais 8 milhões são cultivados com cana-de-açúcar. Em 1950, foi iniciado o estudo pedológico – de solos –, no Brasil, ainda hoje somos apenas 60 pedologistas, completamente insuficientes para as demandas atual e a de um futuro próximo. No Brasil, existem 13 tipos de solos no nível de classificação mais genérico e mais de 100 subtipos quando se consideram todos os detalhes pedológicos. Para se conhecer o potencial produtivo da cana-de-açúcar, é indispensável considerar o clima, o tipo de solo e o nível de manejo, o que representa ambientes de produção. Os solos mais comuns são os Latossolos e os Argissolos. Somente os Argissolos possuem grande diferença nos valores de argila entre a camada arável e abaixo dela, conferindo uma maior capacidade de armazenamento de água, que varia na profundidade onde ocorrem no perfil de solo. Observa-se claramente o efeito dessa diferença na melhor brotação da planta no Argissolo e na pior brotação no Latossolo, sob o mesmo nível de manejo, conforme demonstra a Figura 1.

Na pedologia, diversas ferramentas são utilizadas para automatizar os processos de produção e contribuir com um tempo de resposta mais rápido nos resultados e nas tomadas de decisões. O sensoriamento remoto é uma delas e, através de imagens de satélite, vem trazendo eficiência para a pedologia e os ambientes de produção, realizados pelas equipes de campo. Nesse método, a análise do solo é feita por reflectância (forma de energia refletida do solo e obtida na forma de radiação eletromagnética), por sensores presentes em satélites, desde que o solo esteja descoberto. Devido aos diferentes componentes de cada solo, podemos obter diferentes respostas de comprimento de ondas, levando a algumas correlações interessantes, na camada arável dos solos, como observado na Figura 2. Os modelos de elevação dos solos permitem avaliar a topografia de uma área e fazer boas correlações com possíveis variações dos tipos de solos, auxiliando a equipe de campo na coleta de dados. Vários trabalhos vêm abordando a importância de unir várias “camadas” de informações, como imagens de satélite e modelos de elevação, em séries temporais, e realizando machine learning (aprendizado de máquina) com o objetivo de obter uma classificação de solos mais rápida e precisa, sem a necessidade de ir à campo.

No Brasil, existem 13 tipos de solos no nível de classificação mais genérico e mais de 100 subtipos quando se consideram todos os detalhes pedológicos. "

Hélio do Prado

Presidente da Solum

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Opiniões

1. Brotação diferenciada no Argissolo e no Latossolo de área adjacente com o mesmo material vegetal

2. Esquema de reflectância de alvos

Resultados interessantes estão mostrando algumas correlações que já possuem grande utilidade para a pedologia e, consequentemente, para os ambientes de produção. Entretanto, ainda são necessários aprofundados estudos e mais publicações na área, para que nos permitam estabelecer metodologias com maior acurácia, principalmente considerando os solos existentes da camada arável, bem como o logo abaixo dela. Muitos solos possuem uma forte correlação com alguns modelos de topografia, mas isso não necessariamente permite identificar o solo que realmente é, tampouco mudanças na sua cor significam, necessariamente, mudança de solo.

O trabalho de classificação de solos no campo é sempre necessário, possibilitando elaborar mapas pedológicos fiéis das áreas, com escalas de publicação compatível com os níveis semidetalhado ou detalhado, alimentando bancos de dados que possam tornar realidade a inteligência artificial. Na forma de régua, são apresentados os diferentes ambientes de produção de cana-de-açúcar, em que se indicam as respectivas produtividades médias de cinco cortes (TCH5), figura 3. n

181 TCH 199 5

A1+5 26,2nota29,8 162 TCH 180 5

A1+4 22,4nota26,0 143 TCH 161 5

A1+3 19,0nota22,2 124 TCH 142 5

A1+2 14,8nota18,4

3. Ambientes de produção de cana-de-açúcar no Brasil <50 TCH 51 52 5

TCH5

55 56

G2 G1

0

nota

0,2 0,4

nota

TCH5

59 60

TCH5

63 64

TCH5

67 68

F2

F1

E2

nota

nota

nota

1,0 1,2

1,8 2,0

2,6 2,8

TCH5

71 72

TCH5

75 76

TCH5

79 80

TCH5

83 84

E1 D2 D1 C2

3,4 3,6

nota

4,2 4,2

nota

5,0 5,2

nota

5,8 6,0

nota

TCH5

87 88

TCH5

91 92

TCH5

95 96

104 TCH 123 5

A1+1 10,8nota14,6

TCH5

99 100 TCH 103

nota

9,8 10,0nota10,6

5

C1 B2 B1 A2 A1

6,6 6,8

nota

7,4 7,6

nota

8,2 8,4

nota

9,0 9,2

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Q

Índice

gestão de mão de obra

mão de obra:

desafios e ameaças, de fora e de dentro

Ser estratégico mediante o capital humano dentro da empresa é questão de sobrevivência no presente e investimento no futuro. Para isso, faz-se necessário analisar os fatores que envolvem a busca, o desenvolvimento, a retenção e a mitigação de perdas do nosso principal ativo, que são as pessoas. No setor sucroenergético, falando mais especificamente, temos fatores extrínsecos e fatores intrínsecos que nos remetem a uma situação de alerta constante para os desafios acima e as ameaças de perdas de talentos desenvolvidos, pois, com a dinâmica cíclica das economias, os fatores extrínsecos agem diretamente no capital humano dentro da própria empresa. Fatores como momentos de capitalização, ou momentos de declínio e descapitalização; concorrências canibais entre empresas de segmentos iguais, provocando e estimulando a fuga de pessoas com propostas tentadoras de crescimento financeiro e profissional; concorrências de outras atividades que vêm entremeando

Quando empresas e colaboradores perceberem a existência de um fator tão óbvio que passa despercebido, que é o fato de que suas relações são pactuais, os resultados se multiplicarão "

Celso Albano de Carvalho Membro da Equipe do Pecege Educação Corporativa

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gradativamente o parque produtivo canavieiro acabam nos provocando a voltarmos para dentro e analisarmos os motivos de alto turnover. Intrínsecos, como o turnover ou a rotatividade de pessoas entre empresas de mesmo segmento, ou de outros segmentos, podem ser ocasionados por alguns pontos importantes: falta de esclarecimentos sobre as metas da empresa; feedback necessário, desenhando claramente o que se espera do colaborador e aonde a empresa visualiza chegar com a ajuda do trabalho dele, sendo reconhecido, valorizado e desenvolvido. Outro ponto importante diz respeito a uma cultura clara e objetiva, que promova um marketing interno, proporcionando aos colaboradores o real entendimento dos objetivos, dos propósitos, dos valores e das metas da empresa, de sua área, de outras áreas correlacionadas, trazendo a sensação de conexão individual para o senso coletivo e construtivo. Engajamento à cultura da empresa é fato fundamental.


Opiniões Também temos como fator preponderante e estratégico o plano de cargos, salários e carreiras, de modo que o profissional se sinta confiante de que, com sua parte de contribuição, o reconhecimento ocorra, o desenvolva, o faça crescer, e sua satisfação aumente. Atentar-se para o mundo externo, para sua empresa vizinha, para as atividades concorrentes também nos faz enxergar a necessidade de sermos claros em políticas remuneratórias, tanto financeiras como de pleno aprimoramento e ganhos de valor pelo colaborador e pela empresa. Prover líderes que tenham a capacidade de enxergar em pessoas comuns, diferenciadas, especiais, ou outro adjetivo qualquer, uma joia a ser lapidada, preparada e desafiada para propósitos positivos e de progressos constantes faz com que o colaborador perceba, de imediato, que a sua empresa é realmente um lugar para ele também investir e ficar. Quando empresas e colaboradores perceberem a existência de um fator tão óbvio que passa despercebido, que é o fato de que suas relações são pactuais, os resultados se multiplicarão, pois, nesse pacto, um entrega, o outro reconhece; um proporciona, e o outro se desenvolve; um fomenta, e o outro se supera. E esse contrato óbvio e claro acaba gerando um clima mais feliz, prazeroso e saudável. Com os cenários recentes de pandemia, distanciamento, guerras, isolacionismo, preocupação com o futuro incerto, muitas visões e inovações foram atingidas com uma dinâmica impressionante, e mudou completamente o modelo contratual e relacional entre empresas e pessoas, pois temos mais tecnologia de aproximação e de comunicação que romperam barreiras físicas, culturais e idiomáticas. Percebeu-se de que nada adianta prover-se de capital financeiro sem estar conectado com o capital humano, que é a força motriz organizacional. Capital humano este que necessita ser preparado em competências e habilidades, engajado com um perfil aderente mutuamente: entre o indivíduo e a empresa. É um ativo vivo, que necessita de desenvolvimento, autonomia e motivação, treinamento e capacitação, para que atinja sua própria diferenciação como profissional, indivíduo, e, consequentemente, a diferenciação da própria empresa que se incumbiu de aprimorá-lo. E, após a fase de diferenciação, níveis novos surgem satisfatoriamente, gerando resultados positivos, através da superação, do aprimoramento e do melhor desempenho.

Diante de todos esses fatos, desafios e ameaças, e, principalmente, da real visão do valor do ativo humano, vem se percebendo um senso comum, ou melhor dizendo, um grande consciente coletivo empresarial em desenvolver seus núcleos de capacitação profissional, universidades corporativas, treinamentos mais constantes e aderidos às inovações tecnológicas, para proporcionar aos seus colaboradores um maior bem-estar em aprender e obter conhecimento, de formas realmente mais práticas, realistas, gamificadas e instigadoras. Estamos diante de um momento diferente, com aumento populacional e de consumo; de consciência de sustentabilidade da empresa, dos recursos e das atividades; de gerações em extremos de idade e valores pessoais tendo que conviver com suas diferenças; e, principalmente, a explícita falta de mão de obra cada vez mais qualificada, moderna, tecnológica e inovadora. Os antigos precisam aprender e absorver o dinamismo e a inovação dos novos, que, por sua vez, precisam atentar-se aos ensinamentos e fundamentos propagados pelos mais antigos, de modo que a reatividade seja evitada, e o aprendizado seja mútuo. E, por que não, através de ambientes de aprendizados e trocas? Os ambientes de ensino a distância, na verdade, aproximam, conectam e transformam. Destacamos brevemente o próprio exemplo vivido como profissional, membro do Pecege, na área de educação corporativa, deparando-nos com momentos em que nunca se falou tanto em prover conhecimento com tecnologia e suporte por parceiros dotados de competência, expertise e inovação. Tanto internamente como pelas próprias empresas que nos procuram. Isso nos desafia constantemente a construir uma estratégia de fomento ao conhecimento e capacitação da mão de obra no curto prazo, através das demandas externas, amparadas pelo know-how e expertise construídos pelo próprio aprendizado, rompendo barreiras perante modelos atuais, pensando no todo e na visibilidade sobre o que podemos construir, oferecer, desenvolver e elaborar soluções, no propósito de prover educação para as pessoas e para os negócios das pessoas, se tornando assim, a liga que aproxima a oferta e a demanda pelo conhecimento, formação e capacitação. n

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Q

Índice

planejamento agronômico

o resgate do planejamento agronômico no

setor sucroenergético brasileiro

Em seus primórdios, a agricultura brasileira teve como primeiro e grande ator a cana-de-açúcar, o que remonta ao século XVI, nos tempos das capitanias hereditárias. Passados mais de 500 anos, de ciclos de alta e baixa, pode-se dizer que a cana-de-açúcar é a cultura sobrevivente, que auxiliou no crescimento e desenvolvimento do País, mesmo em momentos de grande dificuldade. Nos últimos 20 anos, o setor passou por profundas transformações, as quais deixaram marcas profundas, ainda não cicatrizadas por completo: empresas familiares e bem estabelecidas em regiões tradicionais foram parcialmente substituídas por grandes grupos com unidades distribuídas por todo o País. Entre 2003 e 2013, a área cultivada com cana-de-açúcar aumentou de forma significativa, principalmente em regiões com pouca ou nenhuma tradição e em condições mais restritivas à produção. Solos degradados, de baixa fertilidade natural e capacidade de armazenamento de água, em regiões de clima restritivo, com ocorrência de veranicos e altos valores de déficit hídrico acumulado ao longo da safra, foram escolhidos durante essa expansão. No auge da expansão do setor, na ânsia por crescimento e consolidação, a agronomia e as boas práticas de produção, deram lugar ao crescimento desordenado:

Apesar de tantos desafios ficou evidente a existência de resultados diferentes: houve aqueles que sucumbiram, e os que cresceram mesmo com as adversidades. A grande diferença entre os cases de sucesso e os de insucesso pode ser resumida a apenas uma palavra: planejamento. "

Nilceu Piffer Cardozo

Consultor Associado Sênior da Canaplan

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era preciso garantir áreas, aproveitar o momento, antes que outro o fizesse. A rusticidade da cana-de-açúcar tornou-se seu maior inimigo, pois foi confundida com a possibilidade de elevada produção em qualquer lugar, independente das limitações locais ou do manejo agronômico adotado. Entretanto, tudo tem seu preço. O uso de áreas de cerrado degradado trouxe à tona a fragilidade da expansão canavieira no Brasil, pois muitos projetos subestimaram os desafios que viriam a enfrentar. Desafios que foram além das dificuldades ambientais e operacionais, se estendendo a problemas econômicos e restrição de crédito, além de políticas públicas que prejudicaram a consolidação do setor. Não é à toa que esse período marca também o início da redução dos patamares de produtividade e longevidade dos canaviais até então conhecidos: a produção de 12 t/ATR/ha-1 (média do Centro-Sul brasileiro) sofreu forte redução e se estabeleceu em 10 t/ATR/ha-1. Apesar de tantos desafios (sejam ambientais ou político-econômicos), comuns a todos os envolvidos, ficou evidente a existência de resultados diferentes: houve aqueles que sucumbiram, e os que cresceram mesmo com as adversidades. Mas qual a diferença entre eles? A grande diferença entre os cases de sucesso e os de insucesso pode ser resumida a apenas uma palavra: planejamento.


Opiniões Empresas ou produtores que se planejaram adequadamente e, tão importante quanto, seguiram seu planejamento são aqueles que sobreviveram e cresceram, mesmo diante de tamanhas dificuldades. O planejamento permitiu que eles estivessem preparados para as dificuldades que viriam e alcançassem o sucesso. Mas o que é planejamento agronômico e qual a sua importância? O planejamento agronômico está relacionado ao conjunto de técnicas, estratégias e premissas adotadas para alcançar maior produtividade agrícola, reduzir custos e alcançar a sustentabilidade do sistema de produção. O planejamento agronômico requer o domínio de informações críticas ao processo e a melhor forma de reagir a elas. É a arte de conhecer e aprender com o passado, medir o presente e estimar o futuro, de forma a se preparar não apenas para aproveitar as boas oportunidades que possam surgir, mas, principalmente, se defender contra eventos adversos (sejam climáticos ou econômicos). A estratégia por detrás de um bom planejamento agronômico consiste em responder a questões críticas ao negócio: o quê, onde, como, quanto, quando e por que devo ou não tomar uma ou mais decisões. Tais questões definirão as premissas do empreendimento, ou seja, o alicerce no qual ele será edificado. São as “cláusulas pétreas” do planejamento, as quais deverão ser o mais bem descritas e coerentes com a realidade de cada região, época do ano, características da cultura, entre outras variáveis importantes. As premissas agrícolas fundamentais estarão relacionadas, principalmente, ao potencial edafoclimático da região, como fertilidade natural, textura e capacidade de armazenamento de água do solo, volume e distribuição mensal das chuvas, déficit hídrico anual e riscos climáticos (como geadas e veranicos). Definidas essas premissas, será possível o dimensionamento mais assertivo dos recursos necessários ao projeto, bem como melhores momentos, locais e recomendações agronômicas necessárias para a execução das práticas de cultivo. Mas existe uma outra pergunta a ser respondida pelo planejamento e que, infelizmente, é esquecida na maioria das vezes. Até mesmo planejamentos adequados e que obedeçam às condições descritas podem sofrer com eventos inesperados, e, por isso, é sempre oportuno o questionamento: “E se?”. Nesse ponto, o planejamento flerta com o incerto e busca prevenir-se em relação ao futuro incerto. A visão de longo prazo é fundamental para organizar o crescimento

e a sustentabilidade do negócio, com ritmo cadenciado de expansão e renovação dos canaviais, de forma a evitar turbulências adicionais ao processo. Empresas bem-organizadas devem saber não apenas onde estão agora ou onde estarão no próximo ano, mas sim daqui a cinco ou dez anos e como pretendem chegar lá. O resgate do planejamento agronômico: Na ânsia por crescimento rápido e com menores custos, muitos projetos ignoraram a importância de descrever adequadamente os desafios que seriam enfrentados, e as consequências catastróficas são sentidas até hoje. A lógica perversa do mercado impunha que os desafios ambientais deveriam se moldar ao orçamento e ao cronograma requerido, algo completamente fora da realidade do que é agricultura de qualidade. Em meio à crise ocorrida, muitas unidades atuaram em modo ”sobrevivência”, em que o planejamento se confunde com a operação propriamente dita, limitando-se àquilo que é possível de ser feito em uma visão estritamente de curto prazo. Após anos de turbulência, o setor parece viver um novo ”grande momento”, de grandes oportunidades, mas também de grandes desafios. Afinal, desafios climáticos (como os de 2021, com seca severa e geadas) sempre existirão, bem como as oscilações político-econômicas do País e do mundo. O grande desafio é, então, retomar por completo o posto outrora ocupado, com organização, alta produtividade e competitividade. E essa condição só será possível com o resgate do planejamento agronômico adequado, justamente a prática que mais faltou durante a expansão desordenada e a crise subsequente. A percepção dos limites do crescimento rápido e a necessidade de solidez ao desenvolvimento dos canaviais têm gerado alterações no planejamento agronômico, o qual tem recebido autoridade para determinar quando, onde e por que as operações devem ocorrer. A importância do trabalho de base bem-feito, com uso de corretivos e preparo do solo adequados, com respeito às condições e épocas ideais para o plantio, colheita e tratos culturais, tornou-se a grande obsessão de toda e qualquer empresa, superando até mesmo o investimento em novas tecnologias. Ao que parece, o setor finalmente reconheceu que não há solução de prateleira para a falta de organização e, mais além, que não há retorno mais garantido ao investimento do que o planejamento agronômico de qualidade e com autoridade para executar as atividades de cultivo da cana-de-açúcar. n

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Q

Índice

implementação de sistemas mecanizados

Opiniões

a utilização eficiente dos dados na gestão de operações mecanizadas O uso crescente de dispositivos conectados aos equipamentos agrícolas e sistemas computacionais tem nos trazido a possibilidade de gestão em tempo real das mais diversas operações agrícolas, como agricultura de precisão, irrigação, mecanização, abastecimento de combustível, meteorologia, entre outras aplicações, hoje comuns. Uma das aplicações mais bem-sucedidas dentre as citadas acima é a gestão das operações mecanizadas agrícolas através da telemetria.

O custo das operações agrícolas tem se elevado consideravelmente nos últimos tempos devido ao aumento do valor do combustível e também do custo de aquisição das máquinas agrícolas, portanto a gestão da frota de máquinas é cada vez mais importante no planejamento, execução e controle das operações agrícolas, por envolver diretamente a rentabilidade da produção agrícola. Os sistemas de telemetria coletam, por meio de sensores, informações referentes ao desempenho das máquinas, como rotação e temperatura do motor; consumo de combustível e localização do equipamento, permitindo que diversas variáveis de desempenho sejam calculadas de forma automática, como tempo ocioso, pontos de parada, eficiência durante a operação, área trabalhada, entre outras. Entretanto, existem algumas dificuldades relativas à conectividade desses sistemas devido à baixa cobertura de rede celular, obstáculo que vem sendo superado por alguns fornecedores através de utilização do investimento em redes locais privadas (3G, 4G, LoraWan, Zigbee etc.).

O custo das operações agrícolas tem se elevado consideravelmente nos últimos tempos. A gestão da frota de máquinas é cada vez mais importante por envolver diretamente a rentabilidade da produção agrícola. "

Marcelo Pierossi

Diretor da Lidera Consultoria e Projetos

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:Recauchutagem de Pneus

de caminhões e máquinas agrícolas

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Q

Índice

implementação de sistemas mecanizados Dessa forma, todo projeto de telemetria das operações deve contemplar um estudo aprofundado dos objetivos que a organização pretende ao realizar investimento de tal monta. Na introdução dos sistemas de gestão das operações, devemos iniciar com um estudo detalhado dos processos agrícolas e das variáveis envolvidas em cada um dos processos, de forma a possibilitar a criação de métricas de análises e indicadores de relevância. Essas métricas e indicadores-chave de desempenho devem ser monitorados de forma contínua pela equipe do controle de operações e possibilitam detectar rapidamente, no caso de um monitoramento eficiente, desvios em alguns processos, melhorando a qualidade e reduzindo custos operacionais. Segundo o Dicionário Oxford, indicador-chave de desempenho (KPI em inglês) é uma medida quantificável usada para avaliar o sucesso de uma organização, funcionário, etc. no cumprimento dos objetivos de desempenho. Os indicadores-chave de desempenho são importantes métricas que quantificam o desempenho da empresa, com base em seus objetivos organizacionais, comparando os resultados obtidos com os planejados. Devem estar inseridos em sistemas automatizados que possibilitem captar e compartilhar as informações de forma ágil, acompanhando os resultados em tempo real, e tomar decisões com mais segurança, realizando os ajustes necessários, desenvolvendo oportunidades e medindo seu progresso que reflete um determinado período. Dessa forma, a definição adequada do período de apuração é de fundamental importância. A definição dos indicadores-chave deve seguir critérios bem-definidos para que sejam representativos e em quantidade adequada à gestão eficiente, por isso as seguintes questões devem ser levadas em conta durante a escolha dos indicadores: O que precisamos realmente medir? O que será mensurado? Quais dados estão disponíveis para a equipe? Qual o intervalo entre as medidas? Qual a frequência que devemos informar aos gestores? O que é considerado sucesso? Como identificar se o desempenho está tendendo para longe dos objetivos? Quais dados os envolvidos estariam mais interessados? Os conceitos gerais de indicadores de desempenho contemplam o Índice, que é o número que representa o desempenho obtido em um processo pelos indicadores de desempenho, o objetivo, que são os valores a serem visados em um período predeterminado, usando os indicadores de desempenho e o limite de tolerância aceitável para a variação de valores, fora da qual indicam que a conduta do processo é crítica. Com isso, algumas ações devem ser tomadas.

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Opiniões

Definidos os indicadores-chave, a próxima etapa é fazer com que a equipe que realiza o monitoramento e controle extraia conhecimento a partir da transformação dos dados, ou seja, coletar um conjunto de informações (dados), torná-los públicos através de alguma forma de comunicação (informação) e, então, compreender o fato para tomada da decisão (conhecimento). A correta utilização dos dados coletados em abundância em tempo real pelo campo nos traz a possibilidade de se fazer a análise preditiva das operações. As análises preditivas consistem no uso de tecnologias para antecipar comportamentos futuros ou estimar resultados desconhecidos, com base em dados atuais e históricos, baseados em modelos estatísticos, machine learning, mineração de dados e inteligência artificial. Com base nessas análises, deixamos de tomar decisões baseadas unicamente na intuição, conseguindo estabelecer um prognóstico mais sólido para cada ação, considerando uma maior quantidade de dados de diferentes fontes, criando diferentes cenários e avaliações. Uma das primeiras aplicações é relativa ao padrão de falhas em máquinas e equipamentos, possibilitando uma atuação prévia no equipamento, reduzindo tempos perdidos e custos nas manutenções. Apesar dos benefícios já possíveis para os sistemas de telemetria disponíveis no mercado, existem algumas barreiras a serem superadas. A primeira delas é com relação à contratação de mão de obra, peça fundamental na utilização adequada dos recursos computacionais instalados. A falta de integração dos diferentes sistemas é outro problema a ser resolvido, visto que as informações se encontram dispersas em vários locais, dificultando a correta visualização de como elas interagem na operação. Entretanto, o pontapé inicial desse novo mundo, o mundo analítico, na gestão das operações agrícolas já foi dado, e existem empresas colhendo bons resultados de projetos bem estruturados, com pessoal qualificado e dedicado e ferramentas adequadas, gerenciando o aumento da eficiência e da sustentabilidade da operação e de forma a reduzir os custos operacionais e o consumo de combustíveis fósseis. n


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Q

Índice

automação industrial

em busca da melhor sintonia “[...] por sua própria natureza, os atalhos heurísticos produzirão vieses, e isso é verdade para humanos e inteligência artificial, mas a heurística da inteligência artificial não é necessariamente a mesma dos humanos.” Daniel Kahneman, Prêmio Nobel de Ciências Econômicas (2002). A conquista tecnológica da automação de processos industriais foi emblemática para a sociedade e abriu novas perspectivas transformadoras a partir da alteração das condições operacionais de processos produtivos de forma automática, sem a intervenção humana. Além de ganhos econômicos e operacionais concretos, a automação das operações representa oportunidade integradora sem precedentes. Essa integração aproxima diferentes níveis e áreas de atividade das empresas, que ganham sinergia e agilidade nas decisões, incluindo a cadeia de suprimentos, operações agrícolas e industriais, até o cliente final. A jornada da automação começa na segunda metade do século XVIII, com dispositivos simples e semiautomáticos, indicando que era possível e mais eficiente controlar variáveis operacionais automaticamente. Com a evolução tecnológica nas indústrias, dispositivos pneumáticos permitiram controlar uma variável alterando outra: controlar uma temperatura, por exemplo, abrindo ou fechando uma válvula com base em regras simples de proporcionalidade entre variáveis. Qualquer iniciativa que se aventurasse além do controle monovariável com proporcionalidade ao erro da variável controlada já seria considerada controle avançado.

Escolhas tecnológicas não são decisões triviais. Ao contrário, representam exercícios de gestão de risco na busca pela excelência operacional e por melhores resultados, numa visão ampla e integrada do negócio no longo prazo. "

Carlos Eduardo Calmanovici

Diretor de Engenharia e Qualidade da Atvos

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Os dispositivos de controle evoluíram para computadores sofisticados e inúmeras possibilidades de cálculos e algoritmos de controle tornaram-se disponíveis, inclusive sensores virtuais que complementam e até substituem sensores físicos tradicionais. A automação de processo de última geração já opera sistemas multivariáveis e preditivos como tecnologias consolidadas. Recentemente, no setor sucroenergético, surgiram unidades industriais com elevado grau de automação, com COI (*1) centralizado e plantas de cogeração que integram turbinas de contrapressão com outras de condensação e caldeiras de alta pressão viabilizando a implementação de técnicas avançadas de otimização e controle. A biorrefinaria de cana-de-açúcar favorece a busca pela otimização em tempo real, com algoritmos avançados de controle na busca por maior estabilidade operacional e melhores eficiências. A implantação de um programa efetivo de automação industrial deve considerar algumas premissas e recomendações que podem garantir o sucesso da aplicação das tecnologias digitais da Indústria 4.0 no contexto do setor sucroenergético.


Opiniões a. Flexibilidade operacional: Cada solução adotada deve ser capaz de estabelecer comunicação simples e segura (cibersegurança) com outros sistemas e sensores de modo geral. Na prática, é necessário manter os sistemas com arquitetura aberta e disponível para agregação de novas ferramentas e tecnologias de controle, simulação e otimização, de acordo com as necessidades do negócio. b. Modularidade: Em sinergia com a flexibilidade operacional, as soluções de automação e controle devem ser preferencialmente modulares. A possibilidade de utilização modular da tecnologia de controle, por áreas ou por seções específicas, estimula a melhoria contínua do desempenho industrial de forma sustentável, conforme avaliações objetivas dos resultados e consolidação das capturas a cada etapa. c. Gestão operacional: Consiste no acompanhamento de indicadores de interesse (KPIs, Key Performance Indicators) para a definição de diretrizes operacionais e para a antecipação das principais tendências do processo. A capacidade preditiva com antecipação de tendências do processo produtivo é, talvez, a principal contribuição da automação e da inteligência artificial (IA). Além dos balanços realizados pelo laboratório industrial das usinas, a aplicação crescente de ferramentas para controle em linha (*2) (on-line) nos processos industriais deve mudar a forma de operar as usinas. O controle em linha com sondas NIRS (espectroscopia de infravermelho próximo) e outras técnicas analíticas avançadas podem contribuir significativamente para a estabilidade operacional das indústrias, com melhoria de rendimentos e eficiências. Juntamente com o controle em linha, iniciativas de autocontrole (*3) asseguram rapidez e engajamento completo da operação na otimização operacional das unidades industriais. A configuração de um sistema de automação avançada exige, também, alguma análise heurística para disponibilizar valores a serem carregados nos controladores e garantir tanto o desempenho quanto a segurança operacional. Além disso, a robustez do sistema pode ser assegurada através de sua capacidade de reagir a algum erro de instrumento, por meio de técnicas de reconciliação ou verificação de dados, como redes neurais adaptativas. Em todas as situações, é essencial manter equipes técnicas capacitadas para assegurar a excelência na sintonia de malhas e no acompanhamento dos resultados.

Na prática, a aplicação de IA aos processos industriais traz perspectivas concretas de ganhos. Essa tendência é confirmada, por exemplo, pela crescente densidade robótica que já atinge média mundial acima de 125 robôs por 10.000 operários. No Brasil, ainda estamos bem abaixo da média mundial e muito distante de países líderes, como Coreia do Sul, Cingapura, Japão e Alemanha. A capacidade do Brasil de evoluir e integrar novas tecnologias de forma eficiente garantirá sua competitividade no longo prazo. Mas escolhas tecnológicas não são decisões triviais. Ao contrário, representam exercícios de gestão de risco na busca pela excelência operacional e por melhores resultados, numa visão ampla e integrada do negócio no longo prazo. Não aderir a novas tecnologias também é uma escolha e pode ter consequências irreversíveis; por isso, devemos estar sempre atentos e monitorar as oportunidades oferecidas pela evolução do conhecimento técnico. No setor sucroenergético, é provável que a manutenção industrial seja a próxima onda para acelerar a aplicação de IA nas indústrias. A importância da manutenção industrial para o negócio, principalmente na gestão de custos e na disponibilidade industrial, justifica seu protagonismo na evolução tecnológica para o monitoramento dos ativos e das manutenções preditivas. Com aplicação de conceitos de mecânica de precisão e inteligência artificial para assegurar as rotas de manutenção, as soluções serão cada vez mais integradas, rápidas e ágeis, como já vêm ocorrendo nas empresas líderes no setor. Essa evolução é contínua; estamos predestinados a participar de ecossistemas que incorporarão novas tecnologias com velocidade crescente. Embora pareça paradoxal, as transições tecnológicas exigem ponderação e ousadia ao mesmo tempo, e cada país, cada indústria e cada setor deve construir estratégias próprias. Apenas não podemos ficar alheios aos movimentos que estão acontecendo. 1) COI: Centro de Operações Industriais. 2) Controle em linha: acompanhamento e controle do processo realizado por instrumentos colocados diretamente no processo produtivo, “em linha” com o fluxo produtivo. 3) Autocontrole: acompanhamento e análise de variáveis de processo realizado pelas equipes de operação, com o apoio e suporte das equipes de qualidade e laboratório. n

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Q

Índice

automação industrial

controles avançados e autonomia no

setor sucroenergético

Olhar para as tecnologias como habilitadoras para eficiência, segurança operacional e redução de custos é uma prática que acompanha o setor sucroenergético há muito tempo. Nas primeiras revoluções industriais, era muito claro o papel da tecnologia; as análises de viabilidade, dentro de sua complexidade, estavam limitadas à troca de ativos físicos por ativos mais capazes. A eficácia dos trabalhos sempre identificada por meio do objetivo atingido se mantém observada, aumentando a eficiência e segurança e reduzindo os custos dos processos. Dentro de tantos caminhos e oportunidades tecnológicas nos dias atuais, essa observação é menos trivial; conhecer bem nossos desafios e encontrar as melhores maneiras de atingir os objetivos operacionais, táticos e estratégicos são pontos-chave da geração de

resultados através da tecnologia e fundamentais para a prosperidade do setor. Para obtermos abordagens efetivas pela tecnologia, é necessário considerar o contexto histórico e o espectro tecnológico legado que trouxe o setor até os patamares atuais, que começa nas primeiras revoluções industriais, com a substituição da força de trabalho manual e tração animal pelas primeiras turbinas a vapor, seguida pela eletrificação de motores e uso de equipamentos elétricos. Os resultados e impactos dessas mudanças trouxeram não só os ganhos diretos observados durante a mudança, mas permitiram um grande aumento da escala das atividades no setor. Por volta dos anos 1940, período de fundação das nossas primeiras unidades, moíamos em uma safra menos do que o equivalente à moagem de um único dia atualmente.

Por volta dos anos 1940, período de fundação das nossas primeiras unidades, moíamos em uma safra menos do que o equivalente à moagem de um único dia atualmente. "

Fernando Cullen Sampaio e Guilherme Fraga

Assessor de Tecnologia Indl e Especialista em Automação da São Martinho, respectivamente

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Opiniões Com o surgimento da Terceira Revolução Industrial e total domínio da eletricidade, foi possível desenvolver automações de alta complexidade, reproduzindo as melhores operações, conhecidas pelos melhores operadores e em tempo real. Mais uma vez, gerando impactos nunca antes vistos pelos processos, traduzidos em estabilidade, produtividade e menor custo por unidade de moagem. Hoje, vivemos a Quarta Revolução Industrial, uma revolução silenciosa, quase imperceptível aos menos atentos, mas que dá um grande salto à frente, converge sistemas, transforma dados e informações em conhecimentos novos, permitindo tomada de decisão olhando para o futuro e não mais para o passado. Em contrapartida, com sua complexidade, profundidade e rapidez com que chega às empresas, com grandes promessas de ganhos, é comum observarmos diversas iniciativas, que se sobrepõem em seu objetivo final durante a busca pelos resultados vislumbrados.

No contexto histórico da São Martinho, desde a instalação dos primeiros processos automáticos provenientes de lógicas pneumáticas, eletropneumáticas e painéis elétricos, já era possível capturar valor dos sistemas, que assumiam as primeiras tarefas repetitivas e relevantes das plantas industriais; seguindo pelos primeiros controladores, possibilitando fechar as primeiras malhas de controle de algumas variáveis para estabilizar processos críticos da planta, gerando maior estabilidade. O sucesso dessas práticas, de forma rápida e natural, viabilizou os primeiros controles digitais que, hoje, desdobram-se por todo o ambiente industrial. Não só as práticas de controle e automatização surgiram e se aperfeiçoaram, mas também os sistemas de engenharia de processos e gerenciamento da planta. As primeiras iniciativas de simulação dos balanços de massa e energia da planta industrial, em grandes planilhas manuais, permitiram o planejamento da safra e o desdobramento diário para viabilizar a operacionalização.;

A jornada da tecnologia SM Gestão de Processos

Project end date

Plano Diretor

Gêmeo Digital

Plataforma de Analytics

Real Time Optimization - RTO

Torre de Controle

Área Corporativa

31/12/2021

Processos Industriais

Simuladores Dedicados

Historiador

Plataformas Digitais

Centro de Operações Industriais

Integração do Chão de Fábrica ao ERP

Conectividade 5G

Simulação Manual

ERP

Fibra Ótica Industrial

2020

Computadores de Grande Porte

Computadores de Pequeno Porte Descentralizados

Controles Digitais

Controles Analógicos

Controles Elétricos

2030

Tecnologia da Informação

Inovação Aberta

Automação e Conectividade

2010

2000

1990

Controles Pneumáticos

1980 Início das Atividades da São Martinho

1940

As 4 Revoluções Industriais Como elas impactaram e/ou impactam o setor sucroenergético 1ª REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

Marco principal: mecanização dos processos.

2ª REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

Surgimento da eletricidade e petróleo como novas formas de energia.

3ª REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

Primeiros equipamentos eletrônicos, telecomunicação e computadores.

4ª REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

Digitalização das informações e a utilização dos dados

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Q

Índice

automação industrial Essa prática foi responsável por nortear nosso negócio até os anos 1990, e, com sua evolução, o norte encontrado a cada safra ficou cada vez mais claro, possibilitando entender também as melhores rotas e os possíveis desvios a serem feitos. Os impactos eram percebidos em uma geração de valor cada vez mais aderente, melhores estratégias comerciais, demandas de automação e otimização dos ativos agroindustriais. Assim, evoluções de controle, automação, TI e processos industriais avançaram de tal forma, que tanto as atividades dos processos como a tecnologia convergiram em seu desenvolvimento e, hoje, fazem parte de um mesmo e único roadmap. Como resultado, em minutos, conseguimos obter diversos cenários de produção, baseados nos dados agroindustriais, calculados por um gêmeo digital, que simula os processos em tempo real e vai muito além de um bom planejamento e também inclui o controle da planta de forma autônoma (laço fechado com otimização em tempo real - RTO), com base no melhor cenário global de eficiência possível e com a planta em nossas mãos. Essa visão sistêmica, baseada em engenharia e cálculos complexos, só é possível graças ao poder computacional, à confiabilidade e à segurança dos sistemas integrados, com bases de dados confiáveis, uma infraestrutura robusta e completa de medição e atuação no processo. A evolução operacional da planta, que atualmente é digital e otimizada, faz parte de uma jornada que começou com a infraestrutura base proveniente das primeiras revoluções industriais e foi potencializada a um patamar anteriormente inimaginável no momento de transição tecnológica. Com todos esses resultados, fica clara a importância do processo de automação das plantas agroindustriais, não apenas pelos ganhos e resultados, mas para habilitar o uso das tecnologias e também por contribuir para a transição do perfil técnico dos colaboradores, que são ainda mais capacitados para análises de dados, desvios e estatísticas de processos, e não somente operam uma planta de maneira repetitiva, alterando set points constantemente ou abrindo e fechando válvulas sob demanda.

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Opiniões O caminho pela frente ainda é longo e, por vezes, incerto; quando olhamos para trás, percebemos o quanto evoluímos e ainda temos que evoluir com os conhecimentos já adquiridos das revoluções e tecnologias existentes. Novas tecnologias também facilitam, por meio de soluções diferentes, resolvermos problemas antigos, que não se viabilizaram no passado e não chegaram até o estado da arte tecnológico. Tudo isso com baixo custo de aplicação, alto potencial de retorno e, muitas vezes, sem necessidade de adquirir um único ativo. Esse é o poder do digital, da conectividade, das novas inteligências e tecnologias que evoluem a cada dia e vão nos levar ao amanhã de forma exponencial. O crescimento exponencial e não linear precisa ser acompanhado de perto. Se a eficácia da automação, inteligência e tecnologias disponíveis no passado eram muito certas e percebidas com análises relacionais, a mudança tecnológica atual é cada vez mais rápida, e seu acompanhamento, avaliação, adoção com base sólida e controle dos riscos são a chave para o sucesso. No antigo, e ainda atual, mundo VUCA – Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo, que já evolui para o mundo BANI, traduzido em Frágil, Ansioso, Não linear e Incompreensível, surgem novas necessidades para as empresas. A São Martinho estrutura sua área corporativa, com uma visão estratégica das unidades, baseadas em uma visão global comparativa de cada unidade, em que a estratégia corporativa é desdobrada até o nível operacional e conectada por especialistas, que têm o olhar para as tendências, práticas e principais tecnologias de referência, tornando possível capturá-las e trazê-las para o grupo, de forma a garantir a velocidade adequada, suportados por ecossistemas robustos de inovação e pesquisa, pelos quais conseguimos completar nosso corpo de especialistas empreendedores e pesquisadores de diferentes universidades e startups que estão à nossa disposição, para entender e solucionar nossos desafios, gerando novas inovações e produtos para o ecossistema. n


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Q

Índice

automação industrial

automação e transformação digital A transformação digital não é mais um diferencial competitivo, é uma necessidade para qualquer tipo e porte de empresa ou segmento industrial. Em uma definição simples, a transformação digital está relacionada ao uso de tecnologias adequadas ao tipo de atividade e negócio, portanto deve ser analisada por profissionais da área e/ou consulta e interpretação de normas para conduzir investimentos financeiros e de tempo na direção correta. Por outro lado, apenas tecnologia não basta, e é aqui que começa o maior desafio. As inovações tecnológicas devem ser interpretadas como meio e não como fim, definindo corretamente quais modernizações de processos e ferramentas são necessárias e quais os resultados esperados. Transformação digital representa transformação cultural, sendo necessário que a empresa tenha agentes especializados para propagar, treinar e multiplicar conhecimentos nessa área, sem perder a cultura e a memória técnica da empresa. Quem faz a transformação digital são as pessoas, através de novos modelos mentais e mudanças culturais.

O ponto inicial nos investimentos da transformação digital são as decisões estratégicas e de negócios relacionados diretamente com os objetivos da empresa. Importante avaliar se a estrutura do sistema de controle da empresa cumpre com os requisitos mínimos para evoluir tecnologicamente, se todo o potencial de controle e desenvolvimento de estratégias foram implementadas, se o sistema está preparado para responder aos comandos de decisões hierarquicamente superiores. Segundo Helder José Celani de Souza, Diretor de Healthcare da ISA, a automação usualmente refere-se a reduzir as intervenções humanas para executar uma determinada atividade, transitando pelas categorias totalmente manual, semiautomática ou totalmente automática. A área de tecnologia da informação (TI) não aparece no cenário dos negócios até meados do século XX, quando, então, inicia sua jornada atrelada às novas tecnologias.

As inovações tecnológicas devem ser interpretadas como meio e não como fim, definindo corretamente quais modernizações de processos e ferramentas são necessárias e quais os resultados esperados. "

Marco Antonio Alasmar

Diretor de Açúcar, Etanol e Bioenergia da ISA – Intl Society of Automation

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Opiniões Muito provavelmente, por esse motivo, automação industrial e a tecnologia da informação caminharam em paralelo, isto é, com abrangência do chão de fábrica e da gestão corporativa do negócio. A área de automação e transformação digital segue uma estratégia fundamentada nos pilares de produtividade, flexibilidade e agilidade, cuja visão, em geral, não distingue os setores produtivos. Este artigo traz uma reflexão sobre a tomada de decisão dos investimentos em automação e transformação digital para ser avaliada pelas partes interessadas do setor sucroenergético. Trata-se do desafio de percorrer os caminhos corretos e eliminar defasagens tecnológicas e de conhecimentos que impactam a execução de projetos de alta tecnologia no setor, com objetivo de aumentar a probabilidade de sucesso deles. A reestruturação das empresas, do modelo centralizado para distribuído, a jornada da Indústria 4.0 iniciada na Alemanha, a mentalidade ágil nos negócios e nas metodologias e a revolução tecnológica em curso têm pressionado os dirigentes para agir de imediato, sob pena de perder competitividade. Muitas vezes, essa pressa, sem um plano diretor, sem análises profundas do estado corrente da empresa, tem precipitado investimentos com curto ciclo de vida, ou, como em muitos casos, fracassado, sem chegar ao resultado esperado. Isso posto, os pontos a seguir são propostos para tal reflexão antes da tomada de decisão de tais investimentos. O primeiro tópico de reflexão é a identificação do ponto de partida e dos critérios de definição de prioridades das demandas em andamento. Aqui há o risco de se optar por uma estratégia tipo Full Waterfall, diante de uma jornada inovadora de alta incerteza, em ambiente complexo, com ausência de mentalidade ágil e sem aprofundamento do estado atual da empresa. O segundo é ignorar a conexão da automação com os objetivos amplos do negócio. Nesse instante, há o risco do “passo maior que a perna”, seja referente a investimento em tecnologia sem a infraestrutura adequada, ou um investimento em um projeto sem o mapeamento prévio preciso dos processos, ou ainda a aplicação de uma visão local e não ponta a ponta do negócio. O terceiro é subestimar a criação de valor para os indivíduos, focando apenas a organização. O fator humano é crucial para o sucesso de projetos de automação e transformação digital, o que demanda uma gestão de mudanças intrínsecas a todos os projetos. O quarto é não desprezar, mas reconhecer e abordar os impactos na execução do trabalho antes e depois da implantação.

De acordo com uma pesquisa realizada mundialmente pela PwC, 60% de um total de 32.500 trabalhadores entrevistados dizem estarem preocupados com o fato de a automação colocar em risco seus empregos. O quinto é a falta de estabelecer uma base de medição de resultados. Quantas vezes observamos, na prática, um investimento de melhoria de um processo que não definiu uma linha de base para comparar os resultados futuros pós-projeto. Por último, o sexto tema de reflexão é a ausência da equalização da automação com os projetos de melhoria. A estratégia não deve simplesmente questionar “onde podemos automatizar?”, mas “onde podemos melhorar?” Automatizar apenas por modismo ou modernização inconsequente é perda certa para as empresas. Por outro lado, se o objetivo é aprendizado e experimentação, siga com um piloto de curta duração e baixo investimento, contudo com uma análise robusta dos resultados. O Eng. João Bassa, vice-presidente da ISA-Campinas, ressalta que a ISA tem, hoje, mais de 4.000 voluntários envolvidos em mais de 140 comitês, subcomitês, grupos de trabalho e forças-tarefa focados no desenvolvimento de normas e orientações em áreas diversas da automação, desde garantir a segurança dos equipamentos, passando pela adequada implementação dos sistemas, até como visar à economia de custos para interfaces entre computadores de controle de processos e seus subsistemas. A adoção das normas padronizadas comprovadamente auxilia as empresas a mitigar riscos e obter maior eficácia em um ambiente economicamente sustentável, permitindo que os recursos sejam usados de forma mais eficiente e lucrativa. Em particular, a ISA tem um grupo dedicado à Manufatura Inteligente e Internet das Coisas, cujos principais objetivos são fornecer clareza em torno desses assuntos em constante evolução, desenvolver conteúdo técnico útil, desenvolver abordagens padronizadas para resolver problemas críticos e fornecer um fórum para relacionamento e colaboração. O foco desse grupo é evoluir continuamente para se adaptar ao alto nível de atividade e interesse em toda a comunidade mundial, dado o desenvolvimento constante de novas tecnologias, novos aplicativos e novos conceitos na maioria dos principais fabricantes de hardware, fornecedores de soluções, empresas, instituições de pesquisa e até mesmo agências governamentais. n

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Q

Índice

tecnologia industrial

Opiniões

transformação digital torna operação das usinas mais eficientes e sustentáveis O setor sucroenergético tem se transformado em sinônimo de evolução tecnológica. Com investimentos consistentes em pesquisa e inovação, a cadeia produtiva se moderniza para levar não só alimento para o mundo, mas também produzir energia renovável, como etanol e bioenergia, fundamentais na diversificação da matriz energética. Nesse novo ciclo de uma cultura secular, a indústria de processamento de cana-de-açúcar exerce um papel de destaque. Nos primórdios, rudimentar e voltada somente para a produção do açúcar. Nos tempos atuais, inovadora e essencial para novas derivações e finalidades. Hoje, as usinas são centros de operações, trazendo mais eficiência que, além de propiciar melhores resultados, contribuem para a geração de menor "pegada ambiental", com uso racional de recursos e diminuição da emissão de gases e da geração de resíduos. A eficiência operacional se tornou possível com a evolução da indústria, agora mais moderna e integrada, que permite aprimorar a operação por meio de processos da chamada Indústria 4.0. Sistemas de inteligência artificial, IoT (internet das coisas) e computação em nuvem se tornam facilitadores para a tomada de decisões, permitindo agregar mais valor ao negócio.

Na BP Bunge Bioenergia, com 11 unidades de processamento em cinco estados brasileiros, o aprimoramento industrial tem como ponto central a excelência operacional. No dia a dia, buscamos melhorar, continuamente, processos e sistemas, compartilhando as boas práticas e o conhecimento entre as usinas. Um indicador importante para a indústria é o uptime, que, na prática, representa o aproveitamento do tempo industrial. Em outras palavras, a capacidade que as usinas têm para processar a cana-de-açúcar, sem interrupções. Para isso, contamos com soluções de monitoramento on-line, cujo objetivo é garantir que os equipamentos não falhem. Em linhas gerais, funciona assim: sensores são instalados nas máquinas, como turbinas a vapor, motores de desfibrador e exaustores de caldeira, capazes de detectar vibrações, temperaturas e outras variáveis que podem provocar mudança de comportamento do equipamento. Essas informações são compartilhadas em tempo real com a central de controle presente em cada uma das usinas. Após análise dos dados, ajustes para a manutenção são recomendados. O uso de automação para monitoramento on-line pode ser aplicado ainda em diversas etapas do processamento, e não apenas com o objetivo de prevenção de falhas. Essas soluções de tecnologia atuam, por exemplo, para ampliar a eficiência de equipamentos.

A indústria avança depressa. A evolução da tecnologia é ilimitada e conta com diversos agentes que, diariamente, lançam mão de inúmeras soluções, muitas delas oferecidas por centros de tecnologia e pesquisa e também de startups agro, as agritechs. "

Wilson Lucena

Diretor industrial da BP Bunge Bioenergia

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BOMBAS CENTRÍFUGAS Agora além de ser referência na fabricação de bombas centrifugas de qualidade e patenteadas, também é especialista em manutenções de todas as marcas. Century do Brasil / Séculos Service

11 2541-7145 11 2541-7049 www.centurydobrasil.com.br A inteligência artificial é capaz de “ler” e “aprender” o funcionamento das máquinas. Os dados registrados são interpretados por uma central de monitoramento, que, com uso de algoritmos, faz recomendações que auxiliam nas estratégias para maximizar a extração do açúcar da planta. Além disso, com recursos de tecnologia mais acessíveis, usinas têm desenvolvido projetos para digitalização de processos. Por meio da leitura de QR Codes, é possível ter acesso on-line e off-line a dados relacionados ao uso de máquinas, documentos operacionais, instruções de manutenção, dentre outras possibilidades. A indústria avança depressa. A evolução da tecnologia é ilimitada e conta com diversos agentes que, diariamente, lançam mão de inúmeras soluções, muitas delas oferecidas por centros de tecnologia e pesquisa e também de startups agro, as agritechs. Contudo, para que inovações sejam colocadas em prática, é preciso ter qualificação. Esse é o maior desafio para o setor. Novas tecnologias promovem uma transformação profissional, em que competências mais específicas passam a ser necessárias para atuação em um formato mais atual e dinâmico.

Essa capacitação, em parte, também é de responsabilidade do nosso segmento, que, por meio de treinamentos, qualificações e parcerias com associações e instituições de ensino, torna colaboradores aptos às novas funções trazidas pela transformação digital. É fundamental que as empresas desenvolvam profissionais capazes de lidar com esses novos recursos de trabalho dentro das usinas. Além de garantir excelência no desempenho dos equipamentos, essas atualizações devem resguardar e preservar valores essenciais para uma operação industrial segura. O setor sucroenergético é estratégico para o mundo e tem na eficiência de sua operação industrial um direcionamento para a evolução. Rica em nutrientes, a cana-de-açúcar é o grande fornecedor dos insumos da nossa indústria. Dela, extraímos o que é preciso e, ao mesmo tempo, conseguimos devolvê-la para o solo. Na jornada da transformação digital, os recursos de inovação e tecnologia das usinas do presente e do futuro não devem ser tratados como um fim em si, mas como o meio para se atingir a rentabilidade do ponto de vista do negócio e, sobretudo, com atuação ambientalmente sustentável. n

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Q

Índice

tecnologia industrial

ganhos reais com automação e integração

de sistemas e plataformas

Recentemente, temos incorporado ao nosso vocabulário termos ligados à tecnologia da informação e internet: nuvem, Big Data, machine learning, internet das coisas, inteligência artificial, entre tantos outros; mas como aplicar esses conceitos na usina ou em nossas rotinas de trabalho? A integração dessas tecnologias orienta as empresas para as chamadas ”fábricas inteligentes”, em que todos os processos são automatizados e conectados, gerando dados que são armazenados em nuvem e analisados em tempo real por sistemas de inteligência artificial, cooperando com especialistas humanos para decisões rápidas e descentralizadas. Ainda incipientes, algumas dessas inovações já estão em operação ou em pleno desenvolvimento. São exemplos dessa nova realidade: Automação industrial Assunto recorrente ainda na Terceira Revolução Industrial, o setor de bioenergia experimentou os avanços da automação industrial, nas três últimas décadas, com a adoção massiva das tecnologias de Controladores Lógicos Programáveis e o surgimento dos centros de operações integradas que controlam desde a chegada da cana até a saída do produto final. Um bom exemplo desses ganhos reais está na fermentação. Processos fermentativos de alta performance necessitam de atenção especial quanto ao preparo de mosto, condução da alimentação, controle de temperatura e procedimentos de CIP.

A aplicação desse tipo de controle promove uma melhor distribuição do açúcar no tempo, aumentando a eficiência em etanol e reduzindo os custos de produção. Em valores atuais, o aumento do Rendimento Geral da Destilaria (%) do processo manual para o processo automático em 1,43 ponto percentual equivale a mais de R$ 7,4 milhões para uma destilaria que produz 800 m3 etanol/dia. Tecnologia Analítica de Processo O conceito de PAT - Process Analytical Technology, que pode ser traduzido como Tecnologia Analítica de Processo, prevê a transferência das análises de qualidade para as linhas de produção (on-line/inline) e tem forte potencial de aplicabilidade nas indústrias de açúcar e etanol. O principal representante desse conceito é a tecnologia NIR – Near Infrared Spectroscopy. Praticamente, todas as amostras do setor podem ser analisadas pelo princípio NIR, como cana desfibrada, bagaço, caldos, torta, xarope, massas, méis, mosto, vinho, levedo, açúcar e etanol produzido, possibilitando as detecções analíticas em tempo real e otimizando o processo produtivo. Aplicações como controle de extração com análise direta de fibra, umidade e açúcares do bagaço na esteira do açúcar produzido e da fermentação já são realidade.

o aumento do Rendimento Geral da Destilaria do processo manual para o processo automático em 1,43% equivale a mais de R$ 7,4 milhões para uma destilaria que produz 800 m3 etanol/dia. "

Henrique Berbert Amorim Neto e Fernando Henrique C. Giometti Diretor-presidente e Coordenador de Transferência de Tecnologia da Fermentec, respectivamente

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Coautoria: Paulo Roberto Chiarolanza Vilela e Thiago José Barbosa Mesquita, Engº Mecatrônico e Especialista de Aplicação, respectivamente


Opiniões RENDIMENTO GERAL DA DESTILARIA (%)

92,71

91,73

91,28

Automático

Semiautomático

Manual

DISPERSANTE+ANTIESPUMANTE (g/L Álcool Absoluto)

0,39

Automático

0,44

Semiautomático

0,52

Manual

ANTIBIÓTICOS (mg/L Álcool Absoluto)

6,22

6,67

6,88

Automático

Semiautomático

Manual

Controle automático (interferência nula do operador) Controle semiautomático (acionado do COI pelo operador) Controle manual (acionado em campo pelo operador)

Soluções MES Dez entre dez gestores sonham em monitorar, em tempo real e com precisão, todas as operações industriais; em que um problema iminente seja detectado e solucionado pela equipe, que tem as informações necessárias para a tomada de decisão antes que ocorram os desvios que comprometam a qualidade ou eficiência da indústria. Isso é possível com as soluções MES (Manufacturing Execution Systems). Plataformas MES adquirem dados de diferentes fontes (sistemas de gestão, ERP, automação industrial por exemplo), automatizam a organização das informações por equipamento, batelada, operador, turno e realizam análises de métricas e desempenho da produção, controle estatístico de processo, indicadores de capacidade (Cp, CpK), fornecendo uma gama vasta de informações de valor gerencial que reduzem as falhas e aumentam a confiabilidade dos processos. Fábricas inteligentes O conceito de fábricas inteligentes consiste em criar um ambiente em que as tecnologias digitais trabalhem em conjunto, conectando sistemas e máquinas automatizadas. Assim, os sensores simples até os analisadores de múltiplos componentes (NIR) geram dados em tempo real, que são armazenados (Big Data) e definem os melhores set-points de forma autônoma, por meio de simulação, otimização e lógica fuzzy. As ações serão acompanhadas por plataformas MES e validadas por modelos preditivos que aprendem continuamente com cada novo dado. Conclusões As indústrias de açúcar, etanol e bioenergia têm investido em tecnologias que visam obter informações confiáveis e em tempo real, construindo uma trilha para a Indústria 4.0, elevando a indústria a um patamar inédito de produtividade, qualidade e segurança operacional. A combinação das tecnologias habilitadoras da Indústria 4.0 permite consumir, com facilidade, grande quantidade de dados e gerar análises e avaliações com grande rapidez, algo que, para um humano, poderia levar semanas de trabalho. Esse método ajuda a revisar e a ajustar as operações com base nas interações e comportamentos recentes da usina, apontando variáveis relevantes, acelerando e automatizando análises complexas, fazendo com que os humanos se concentrem apenas nos aspectos mais relevantes da indústria. Isso tudo representa redução de custos e melhor planejamento da produção para as safras atual e futuras para a geração de receitas e prevenção de possíveis prejuízos. n

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Q

Índice

eficiência e ociosidade

Opiniões

resgate da eficiência agrícola e mitigação da ociosidade industrial A introdução dos veículos flex-fuel no mercado brasileiro, em 2003, representou um importante incentivo ao investimento e à expansão da capacidade instalada do setor sucroenergético no País. O grande sucesso desse tipo de motorização é evidenciado, por exemplo, no fato de que, no primeiro semestre de 2022, dos 853.126 licenciamentos, 81,8% dos veículos eram flex-fuel. A possibilidade de livre substituição entre etanol e gasolina criou, do lado da demanda, uma dependência direta do preço do primeiro para com o preço da segunda. Do lado da oferta, por seu turno, o grande mercado potencial por etanol incentivou a criação de novas plantas industriais, inclusive pela redução do risco antes existente diante da dependência quase exclusiva para com o mercado global de açúcar. Considerando a evolução dos investimentos no setor no longo prazo, a Figura 1 apresenta a evolução da capacidade instalada de moagem de cana-de-açúcar no Brasil, desde a safra 05/06, bem como a produção efetiva de cana e o nível de utilização, compreendido como a razão entre ambas.

A capacidade de moagem de cana-de-açúcar atingiu um pico na safra 10/11, caindo progressivamente na sequência, em função do fechamento de algumas usinas, porém se mantendo relativamente constante a partir do ciclo 14/15. A ociosidade na indústria teve seu apogeu na safra 11/12, proximamente ao pico de capacidade instalada, tal que o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (NUCI) teria ficado abaixo de 70%. Similarmente à capacidade instalada em si, o nível de utilização teria apresentado maior estabilidade entre as safras 13/14 e 20/21, oscilando entre 83% e 88%. A Figura 2 apresenta a decomposição da variação do NUCI da indústria sucroenergética, permitindo, assim, observar a contribuição relativa da produtividade, a área colhida e o aumento da capacidade de moagem no aumento ou na redução da ociosidade da indústria. Após a introdução dos veículos flex-fuel, o aumento dos investimentos em capacidade industrial não foi acompanhado por ganhos de produtividade e de área colhida na mesma proporção, resultando em aumento da ociosidade, conforme evidenciado pela Figura 2. Na década de 2010, em especial, a partir de 2015, a combinação de redução da área colhida com estagnação da produtividade agrícola foi fundamental para que a ociosidade da indústria permanecesse, mesmo com o desinvestimento observado. Nas safras 21/22 e 22/23, o cenário apresentado na Figura 2 tende a permanecer na medida em que 1) a produtividade agrícola foi reduzida devido às adversidades climáticas e 2) os elevados preços de grãos – particularmente a combinação de soja e milho – têm atraído produtores independentes, que acabam por migrar de cultura no momento de reforma dos canaviais.

Considerando o atual nível de ociosidade da indústria de cana-de-açúcar, não se vislumbram, no curto prazo, oportunidades para expansão do parque de açúcar e etanol no País, sendo reduzida a probabilidade de crescimento via greenfields "

Haroldo José Torres da Silva Gestor de Projetos do PECEGE

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Coautoria: Peterson Felipe Arias Santos, Analista econômico do Pecege


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Q

eficiência e ociosidade

Índice

Opiniões

85

700 600

80

500 75

400 300

Capacidade Instalada

Produção de cana-de-açúcar

2020/21

2019/20

2018/19

2017/18

2016/17

2015/16

2014/15

2013/14

2012/13

2011/12

2010/11

2009/10

2008/09

0

2007/08

100

2006/07

70

200

65

NÍVEL DE UTILIZAÇÃO (%)

90 800

2005/06

CAPACIDADE E MOAGEM EFETIVA (MILHÕES DE TONELADAS)

1. EVOLUÇÃO DA CAPACIDADE INSTALADA DE MOAGEM (A), MOAGEM EFETIVA (B) E NÍVEL DE UTILIZAÇÃO (B/A)

60

Utilização

2. DECOMPOSIÇÃO DA VARIAÇÃO DA UTILIZAÇÃO PERCENTUAL DA CAPACIDADE INSTALADA DO SETOR SUCROENERGÉTICO 20%

10% 5% 0% -5%

Área Colhida

Produtividade

Capacidade

2020/21

2019/20

2018/19

2017/18

2016/17

2015/16

2014/15

2013/14

2012/13

2011/12

2010/11

2009/10

2008/09

-15%

2007/08

-10%

2006/07

VARIAÇÃO ANUAL (%)

15%

Capacidade Utilizada

3. DOWNTIME INDUSTRIAL MÉDIO DAS USINAS BRASILEIRAS POR GRANDE REGIÃO CANAVIEIRA

(% DO TEMPO DE SAFRA)

25 20 15 10 5 0

Centro-Sul 2018/19

Norte-Nordeste 2019/20

2020/21

2021/22

1,40

90

1,20

80

1,00

70 60

0,80

50

Capacidade Utilizada

Capacidade Ociosa

2020/21

2019/20

2018/19

2017/18

2016/17

2015/16

2014/15

2013/14

2012/13

2011/12

2010/11

0

2009/10

10

2008/09

0,40

20

2007/08

0,60

30

2006/07

40

0,20 0,00

PREÇO REAL DO ATR - SÃO PAULO (R$/KG)

100

2005/06

% DA CAPACIDADE DE MOAGEM

4. EVOLUÇÃO DA UTILIZAÇÃO DA CAPACIDADE INSTALADA E DO PREÇO REAL DO ATR (REFERÊNCIA CONSECANA-SP)

Preço do ATR

Nota: Valores corrigidos pelo IGP-M para preços de março/22

Além do hiato existente entre a capacidade potencial de processamento e a moagem efetiva de cana-de-açúcar, outro aspecto relevante nesse setor diz respeito ao downtime industrial. Ele equivale ao tempo em que a indústria fica parada devido à falta de matéria-prima, indisponibilidade climática ou problemas na própria planta industrial, refletindo o tempo de inatividade ou

60

indisponibilidades dos equipamentos da planta industrial. Esse aspecto pode ser observado na Figura 3. É importante ressaltar que o downtime industrial corresponde apenas ao período parado durante o período de safra e não é influenciado pela duração da safra em si. Uma hipotética usina que possua 5.000 horas de safra e permaneça parada por 500 horas terá 10% de downtime; da mesma maneira, caso no ciclo seguinte, em que o tempo de safra se reduza para 4.000 horas, e a usina permaneça parada por 400 horas, então seu downtime ficará constante. Nesse sentido, é interessante observar que as safras 18/19, 19/20 e 20/21, nas duas grandes regiões canavieiras, apresentaram redução contínua do downtime industrial. A permanência de uma elevada ociosidade na indústria tem impactos diretos sobre os custos unitários de produção, uma vez que existe elevada representatividade de custos fixos que acabam não sendo diluídos, pressionando as margens da atividade. As seguidas safras consideradas “curtas” implicam entressafras mais longas e necessidade de readequar os esquemas de trabalho nas usinas, de modo a incorporarem longas entressafras. Por fim, é necessário reforçar que a ociosidade ora presente no setor sucroenergético soma-se à pouca evolução, em termos reais, dos preços dos produtos do setor no longo prazo, conforme encontra-se ilustrado na Figura 4. Dessa forma, a despeito de picos relativamente cíclicos, o preço real do ATR – representativo da evolução do preço dos produtos do setor – permaneceu relativamente constante no longo prazo. Considerando o atual nível de ociosidade da indústria de cana-de-açúcar, não se vislumbram, no curto prazo, oportunidades para expansão do parque de açúcar e etanol no País, sendo reduzida a probabilidade de crescimento via greenfields (novas usinas de açúcar e etanol de primeira geração – E1G). É possível um incremento de cerca de 13,9% da moagem de cana-de-açúcar no País – média do nível de ociosidade entre 2016 e 2015 –, sem implicar aumento de capacidade instalada (ou de processamento). No curto prazo, o setor sucroenergético brasileiro tem um desafio para o seu crescimento: destravar a produtividade agrícola da cana-de-açúcar. Os ganhos de produtividade são necessários para catalisar a expansão da oferta de açúcar e etanol pelo País, implicando redução de custos e ganhos de eficiência. n


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Q

Índice

o cotidiano de usinas avançadas

gestão de operações e processos agrícolas Antes do surgimento das atuais tecnologias de monitoramento e automação de processos agrícolas, a gestão das máquinas no campo era realizada basicamente via rádio de comunicação. As informações que chegavam aos analistas e gestores eram atrasadas, e a tomada de decisão era relativamente tardia em relação às atividades e aos fatos ocorridos, sem contar que tais informações, muitas vezes, não eram confiáveis e preenchidas de forma manual. Com isso, os problemas eram analisados e tratados tardiamente, com poucos reflexos positivos no curto prazo das operações. A instalação de computadores de bordo nas máquinas agrícolas permitiu a obtenção de dados relacionados à telemetria (registros de sinais vitais do equipamento), principalmente com dados obtidos através da leitura da Rede CAN (Controller Area Network) e aos apontamentos das operações pelo operador, gerando em tempo real uma grande quantidade de dados das operações agrícolas. Com os computadores de bordo on-line, inicia-se a análise dos dados de monitoramento e apontamentos para a gestão e tomadas de decisões. De nada adianta comunicação em tempo real se não há análise de dados e tomada de decisão na busca pela melhoria contínua dos processos e operações agrícolas. Centros de Operações Agrícolas: Para apoiar as análises e as tomadas de decisões, os centros de operações – COA, ganharam destaque nas usinas, recebendo e analisando dados e transformando-os em informações, possibilitando uma visão holística de cada operação e

Na média de 142 usinas, perde-se 14,2% das 24 horas do dia em função da falta de transbordo, o que representa 3,41 horas/dia/colhedora. Uma frente de colheita com 4 colhedoras perde 13,64 horas/dia, ou algo como 2.728 horas por safra. "

Luís Ricardo Bérgamo

Coordenador do Centro de Operações Agrícolas da Clealco

62

comunicando a todo momento com os gestores, corrigindo os desvios operacionais em tempo real, evitando, assim, a ociosidade no campo e melhorando o sincronismo das operações. Com a missão de apoiar e auditar as operações, o COA deve sempre buscar a padronização das operações, e isso só é possível com disciplina operacional e alinhamento com o campo. A comunicação do COA com as equipes de campo é o ponto principal. Além de monitorar e passar informações relevantes aos líderes e gestores de campo, o COA deve apoiá-los na elaboração de planos de ação para a correção dos desvios identificados em cada parte do processo. Exemplo de gestão na colheita com inteligência artificial: Um dos principais motivos de paradas de colhedoras de cana-de-açúcar é a falta de transbordo. Essas paradas não necessariamente apontam um mau dimensionamento da relação transbordo e colhedora, mas sim a falta de sincronismo das operações envolvendo esses equipamentos. Apenas como referência de valores, aproximadamente 14,2% das 24 horas do dia são perdidas em função da falta de transbordo (média de dados de 142 usinas coletados em julho/2022), o que representa 3,41 horas/dia/ colhedora. Uma frente de colheita com 4 colhedoras perde 13,64 horas/dia, resultando em 200 dias efetivos de safra a grandeza de 2.728 horas perdidas. Não há dúvidas de que a automação desse processo reduz significativamente esse tempo perdido, transformando-o em produtivo e aumentando a eficiência operacional de toda a frente de colheita.


Opiniões Há soluções tecnológicas com inteligência artificial embarcada com tomada de decisão autônoma e independente do operador, tendo como principal objetivo o aumento da eficiência operacional das colhedoras de cana, através do chamado automático dos transbordos pela colhedora, sem nenhuma intervenção do operador. A lógica dos chamados automáticos dos transbordos pelas colhedoras dar-se-á pelos tempos de cada operação, estando esses tempos sempre atualizados pelos últimos ciclos.

Sem a Inteligência dos Chamados

Com a Inteligência dos Chamados

A rastreabilidade da cana é outro ponto que merece total atenção por parte das usinas. Notas de palha preenchidas de forma manual são passíveis de erros e podem gerar problemas complexos, como no pagamento de fornecedores de cana, prestadores de serviços, parceiros agrícolas, produtividade do canavial e produtividade de máquinas e equipamentos. Algumas tecnologias atuais rastreiam, de forma digital, todo o processo de CTT, desde o início da colheita até a balança de entrada, integrando todos esses dados com o ERP (Enterprise Resource Planning) no momento da pesagem do caminhão. Dados como talhões, zonas, fazendas, colhedoras, transbordos, caminhões, carretas, operadores e motoristas são trazidos da lavoura de forma totalmente automática, garantindo a confiabilidade de todos eles.

Fluxo de dados da rastreabilidade digital Nota da palha digital gerada de da cana-de-açúcar forma automática Com relação à automação da logística, tudo começa com o monitoramento on-line de todos os equipamentos envolvidos no CTT. Esses dados de monitoramento alimentam o sistema de logística em tempo real, ativando ou desativando os equipamentos em função do seu estado operacional do momento (trabalhando ou parado). Além dos dados de monitoramento, os dados dos ciclos dos transbordos são fundamentais na assertividade da logística, pois, com os tempos de todos os ciclos integrados a todas as colhedoras e com os eventos de paradas atualizados de forma on-line de todos os equipamentos, o cálculo da produção horária (t/h) de cada frente, considerando as capacidades de colhedora e transbordo, é atualizado minuto a minuto, possibilitando a integração on-line com o sistema de logística, garantindo assertividade no despacho de caminhões às frentes de colheita e otimizando a estrutura de transporte de cana. A falta de caminhão representa aproximadamente 2horas/ dia dos apontamentos dos transbordos (média de dados de 142 usinas coletados em julho/2022). ;

63


Q

Índice

o cotidiano de usinas avançadas

Opiniões

Automação do proceso logístico para o abastecimento da indústria

Gestão de abastecimento da indústria

Fluxo contínuo de matéria-prima

Distribuição dinâmica de recursos

Rastreabilidade da matéria-prima e otimização dos ativos

Informação em tempo real

Tomada de decisão autônoma

Existem, atualmente, tecnologias embarcadas em colhedoras que permitem a obtenção de mapas de produtividade do canavial de forma automática (sem nenhuma intervenção manual) e sem a utilização de sensores externos à máquina, evidenciando pontos de maior e menor produtividade dos talhões. Esses mapas podem ser utilizados para a aplicação de insumos e fertilizantes em taxa variável, buscando a otimização desses recursos, aplicando-os de acordo com a exportação de nutrientes da cana-de-açúcar e dos teores no solo.

Imagem aérea antes da colheita comparada ao mapa de produtividade da cana-de-açúcar Gestão englobando todas as operações mecanizadas: As operações envolvendo os processos de preparo de solo, plantio e tratos culturais também devem ser monitoradas e analisadas em tempo real, sempre atentando-se à maximização das horas produtivas dos equipamentos, incluindo os indicadores qualitativos de cada operação, como a velocidade e as sobreposições de operações e produtos, evitando retrabalhos e custos desnecessários. Independentemente de quais tecnologias a serem adotadas pelas usinas, vale sempre lembrar que é de extrema importância o conhecimento prévio de cada uma por parte dos gestores, principalmente com relação às premissas que devem ser atendidas para que cada solução entregue o máximo de ganho aos processos e operações agrícolas. A falta de entendimento das funcionalidades dessas tecnologias pode impactar sua implantação, gerando retrabalhos e custos extras, além de retardar os retornos financeiros esperados para cada projeto. n

64



Q

Índice

o cotidiano de usinas avançadas

arquiteturas de comando Arquiteturas da automação: A Colombo Agroindústria, hoje com três unidades produtoras no interior do estado de São Paulo, nas cidades de Ariranha, Palestina e Santa Albertina, está em constante busca por inovação tecnológica e automação, dentro do seu projeto para a Indústria 4.0. A segurança de seus colaboradores e dos processos são de suma importância para a prosperidade do negócio, e a automação é caminho para tornar possível e consolidar essa premissa. As arquiteturas de automação vêm sendo estudadas pelo Grupo, de modo que fiquem padronizadas com os equipamentos de ponta, instalados em seus processos. Com a robustez necessária, garantem a agilidade dos processos, eliminando interrupções. Atualmente, as unidades de Palestina e Santa Albertina trabalham com uma plataforma única de PLCs (Controlador Lógico Programável), cada uma com suas particularidades, com os equipamentos físicos extremamente confiáveis e de ótima performance.

A busca por uma melhor eficácia surge como uma grande preocupação em um mercado que está cada vez mais competitivo, onde há múltiplos objetivos para se atender aos múltiplos mercados "

Anderson Roberto Travagini

CEO da Colombo Agroindústria

Coautoria: Helio Luis Pavani, Diretor Industrial da Colombo Agroindústria

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avançadas

Na unidade de Ariranha, os investimentos estão sendo realizados para que a padronização seja finalizada até o próximo ano-safra. Redes industriais certificadas garantem fluidez e agilidade nos processos, e as ações dos operadores tornam-se instantâneas. Trabalhando em ambiente virtual com servidores de última geração, os sistemas supervisórios atuais dão “conta do recado”, gerando uma demanda de ações para a tomada de decisão entre os diferentes setores, tudo em tempo real e sempre buscando a otimização de toda a planta industrial. No setor agrícola, não é diferente, os maquinários adquiridos pelo Grupo, cada vez mais tecnológicos, são uma importante ferramenta no controle de emissões GEE, na garantia de produtividade e economia de insumos, buscando sempre a sustentabilidade. Pode-se afirmar que a Colombo apresenta KPIs de performance e eficiência ancorados na tecnologia e inovação; com isso, a cada processo automatizado, temos a certeza de que mais variáveis poderão ser gerenciadas, permitindo o alcance das metas estabelecidas. Indústria 4.0 no setor industrial: No setor industrial, as melhorias de processo são otimizadas em tempo real por softwares, monitoradas pelos operadores industriais.


Opiniões As ações em set points e geração de relatórios são baseadas em premissas predefinidas, a fim de garantir maiores produções, melhores resultados, sustentabilidade e segurança sempre. Historiadores fornecem informações de forma ágil, onde é possível criar ferramentas para analisar diferentes cenários e atuar de forma eficaz, eliminando desvios de processo ou encontrando melhores cenários produtivos, com planilhas inteligentes, gerando gráficos que podem ser separados por safra, ou até mesmo entre turnos, para análise individual de performance, identificando necessidades de treinamentos ou revisões em procedimentos, garantindo a melhoria contínua do Grupo. Com o Historian Web Admin na palma da mão com um tablet, temos todas as informações de processo em tempo real, além de ser totalmente possível analisar os dados de todas as ações tomadas pelo software ou pelo operador que antecederam algum evento escolhido. Sistema de manutenção industrial: Buscando sistemas extremamente ágeis e seguros, com flexibilidade da execução via mobilidade e a possibilidade de integração de monitoramento em tempo real dos ativos e também informações que agregam valor e segurança nas tomadas de decisões, chegamos a um sistema de manutenção industrial fazendo do investimento um aliado estratégico para a gestão da empresa.

O sistema consegue armazenar toda a informação de diversas fontes de uma indústria para auxiliar a gestão dos processos e a automatização da rotina do setor de manutenção, alinhado ao desenvolvimento e objetivos sustentáveis da empresa. Com início em abril/2021, a centralização dos dados, que, antes, se limitava aos diversos equipamentos e sistemas de uma indústria, agora chega a um novo cenário. O cruzamento e o armazenamento histórico dos dados oferecem inúmeras possibilidades para interpretação técnica, objetivando a antecipação de tendências e auxiliando na tomada de decisões. Tudo isso de forma sistêmica ao alcance dos técnicos. Portanto as possibilidades são imensas e as oportunidades de melhoria na gestão são cada vez mais evidentes. As inovações que vêm sendo implantadas em nossas atividades tornam os processos mais constantes e consistentes, pois elevam os limites das restrições de processo, sempre frisando a confiabilidade das operações. Essas ações fazem com que a equipe esteja sempre atualizada e focada, na melhor tomada de decisão para o processo, reduzindo custos de produção e gerando um ambiente de trabalho seguro. A busca por uma melhor eficácia surge como uma grande preocupação em um mercado que está cada vez mais competitivo, onde há múltiplos objetivos para se atender aos múltiplos mercados do açúcar, etanol e da bioenergia. n

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Q

Índice

geotecnologias

sensoriamento remoto:

o jogo começou para os gestores agrícolas Nos últimos 15 anos, o modelo de produção de cana-de-açúcar sofreu uma enorme mudança tecnológica. Parte disso provocada pela exigência legal e ambiental em reduzir (e eliminar) o sistema de produção de “cana queimada”, e outra parte, pela natural evolução de tecnologias, computadores de bordo, monitoramento em tempo real dos equipamentos, máquinas e caminhões. O conceito de Agricultura 4.0 avançou como uma onda em todo o sistema de produção, com tecnologias que incrementaram as atividades agrícolas de conservação e preparo de solo, plantios mecanizados, tratos culturais e manejo da colheita mecanizada, identificação de pragas do solo, controle de ervas daninhas, pulverizações automatizadas, programas de melhoramentos genético de variedades e por aí vai.

Os gestores agrícolas mais tradicionais lembram como era desafiador realizar uma estimativa de cana-de-açúcar andando nos carreadores para prever a produtividade, ou, um sobrevoo de avião ou helicóptero para ver o canavial de cima, seus pontos fortes e suas fragilidades. "

Guilherme Dumit

Diretor da Sigma Geotecnologia Digital

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De fato, vimos uma revolução na gestão e eficiência das operações mecanizadas, eficiência nas manutenções mecânicas preventivas e importantes otimizações no uso de equipamentos, máquinas, com forte reflexo positivo no budget das companhias. Todo o sistema produtivo apresentou ganhos reais, melhor qualidade nas operações, maior segurança aos colaboradores, importantes reduções de custos operacionais, melhorias na imagem das companhias e suas relações com a sociedade e com o meio ambiente.


Opiniões

;

Comenta-se, nas empresas, que, apesar de toda essa evolução tecnológica (especialmente nas atividades mecanizadas), não foram observadas evoluções significativas em produtividades agrícolas (TCH) nos últimos anos. Esse tem sido o grande desafio dos gestores agrícolas atuais. Diante desse desafio, se tornou imprescindível avaliar as melhores tecnologias para monitorar o comportamento do canavial – patrimônio biológico cana-de-açúcar, a fim de mitigar possíveis causas dessa estagnação das produtividades. Nesse sentido, houve, recentemente, uma grande evolução na utilização dos recursos de sensoriamento remoto para o efetivo monitoramento temporal da cana e açúcar. Satélites equipados com sensores ópticos que captam de forma temporal imagens da superfície terrestre a distância, entraram definitivamente no jogo da gestão agrícola das companhias. Os gestores agrícolas mais tradicionais lembram como era desafiador realizar uma estimativa de cana-de-açúcar andando nos carreadores e olhando horizontalmente a “lateral da cana” e prevendo suas produtividades. Assim como era ocasional um sobrevoo de avião ou helicóptero (uma ou duas vezes ao ano) para ver o canavial de cima, seus pontos fortes e suas fragilidades. Também desafiador era definir com precisão as áreas/blocos de reforma somente com uma análise visual e horizontal do canavial. Hoje, estão à disposição dos gestores plataformas digitais que utilizam imagens de satélites semanais, que classificam os níveis

de biomassa – NDVI (Índice de Vegetação por Diferença Normalizada), umidade presente na folhas NDWI (Índice de Diferença Normalizada da Água) de cada talhão, fazenda, apontando a curva de evolução ou involução do canavial e suas tendências de produção final - TCH e ATR. Os gestores agrícolas andam em campo com seus celulares em mãos, alimentadas com imagens recentes de satélites interpretadas com a tecnologia NDVI, indicando os níveis de biomassa de cada talhão, alertas de áreas do 1º ao 3º corte com baixas produtividades, presença de ervas daninhas, falhas, áreas suspeitas com pragas de solo, fácil identificação dos blocos de colheitabilidade, fotos georreferenciadas das anomalias cuja equipe a própria plataforma distribui, além da facilidade de definir os blocos de reforma (analises de NDVI das áreas candidatas a reforma). Essas plataformas digitais são alimentadas pelos banco de dados agrícolas, base cartográfica (mapas das fazendas georreferenciados), constantemente atualizadas, formando um conjunto histórico de dados (Big Data), conduzidos por algoritmos que apontam anomalias, alertas e desvios de comportamento do canavial – é a máquina trabalhando com os dados atuais e históricos a favor dos gestores (machine learning). Observe, a seguir, a ilustração que exemplifica uma fazenda com seus respectivos índices de biomassa (grade de cores), alertas de presença de ervas daninhas, falhas, pontos de baixas produtividades e manchas NDVI – pos; sível presença de pragas de solo.

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Índice

geotecnologias De fato, essas tecnologias disponíveis modernizam o atual modelo de gestão agrícola, realiza análises temporais e permite identificar, com a devida antecedência, problemas e surpresas futuros. O monitoramento permanente dos canaviais via satélites aponta anomalias e permite ações preventivas. O canavial mostra nas imagens de satélites suas qualidades e angústias. É verdade que pior que uma má notícia é uma notícia tardia. Uma outra importante utilização de imagens de satélites, está relacionada ao uso das terras no entorno das unidades industriais. Atualmente, os níveis de concorrência regional pelo uso das terras (aumento das áreas de plantios/expansões) tornaram-se um grande desafio para os gestores. A terra no entorno das unidades é um bem finito (não dá pra mudar a unidade industrial de lugar), e, por isso, os valores de parcerias/arrendamentos pelo uso da terra se elevam a cada ano (de forma preocupante).

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Opiniões Um levantamento via satélites de uso e ocupação do solo no entorno da indústria auxilia as decisões dos gestores. Com ele, é possível identificar, com exatidão, os hectares utilizados com cana-de-açúcar, áreas com outras culturas (cítrus, eucalipto, milho, soja), áreas disponíveis em pastagens e suas respectivas distâncias até a indústria, além da declividade do terreno e relevo. Com esse levantamento didático em mãos, os gestores agrícolas realizam uma análise estratégica e exata da disponibilidade de áreas para novos plantios/expansões de lavoura. Veja, a seguir, a figura ilustrativa de um levantamento de uso e ocupação do solo via satélites no entorno da indústria e suas respectivas utilizações agrícolas. Em uma escala maior, a utilização das técnicas de sensoriamento remoto (uso de imagens de satélites) possibilita também analisar e monitorar o comportamento de todo o canavial do Centro-Sul do Brasil – 9 milhões de hectares aproximadamente. Análises mensais via satélites permitem avaliar índices de crescimento temporal da cana-de-açúcar, compará-los com períodos anteriores, analisar os impactos das secas e geadas e prever tendência de produção de matéria-prima a cada safra, para cada região e estado do Centro-Sul do Brasil. Veja, ao lado, a ilustração do Centro-Sul do Brasil avaliado via satélites – NDVI e seus respectivos índices comparativos mensais/anuais de crescimento. Imagens de satélites interpretadas com tecnologia NDVI, registrando o comportamento histórico da cana-de-açúcar e permitindo uma melhor análise de tendências futuras. Ao olharmos pelo retrovisor, vimos que toda essa revolução digital na agricultura aconteceu aproximadamente nos últimos 15 anos (período muito curto). Ao olharmos para a frente, com o avanço da agricultura digital, Internet das Coisas, evolução das técnicas de sensoriamento remoto, imagens de satélites cada vez com mais revisitas e melhores resoluções espectrais, maior disponibilidade de Sensores de monitoramento, desenvolvimento de melhores algoritmos, Big Data, armazenamento de dados em nuvens, velocidade dos sinais da internet – 5G, ficamos nos perguntando: como estará nosso sistema e modelo de gestão agrícola daqui a 10 anos? Apertem os cintos. Muita emoção e trabalho pela frente. n


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Índice

gestão

"predict and control" ou "sense and respond"? Num cenário de transformações e incertezas crescentes, o entendimento e a correta aplicação desses conceitos podem contribuir significativamente para a perenização das empresas do sistema bioenergético. A conversa estava boa no almoço com amigos donos e gestores de uma usina no interior Paulista, quando o mais novo comentou sobre o quão tinha sido assertiva a decisão, alguns anos atrás, de investir na instalação de um concentrador de vinhaça. Na época, a decisão foi tomada com base no propósito e valores da empresa, ainda que o retorno econômico não pudesse ser claramente mensurado.

Passados apenas dois anos, a utilização da vinhaça concentrada e enriquecida já havia proporcionado uma economia de seis mil toneladas de fertilizantes, apenas na safra em andamento. "

Josias Messias

CEO da ProCana Brasil & Pró-Usinas

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Passados apenas dois anos, a utilização da vinhaça concentrada e enriquecida já havia proporcionado uma economia de seis mil toneladas de fertilizantes, apenas na safra em andamento. O assunto me levou a identificar alguns conceitos que eu havia estudado num artigo do Prof. Alexandre Di Miceli, durante o curso para formação de Conselheiro de Administração do IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, e sobre os quais pretendo fazer algumas provocações neste artigo. Essa decisão assertiva sobre a concentração da vinhaça foi tomada com base no conceito Predict and Control ou em Sense and Respond? Analisando os conceitos.


Opiniões O que é Predict and Control? Predict and Control é o modelo mental padrão que as grandes organizações vêm adotando nos últimos cem anos, o qual se baseia em olhar para frente, prever resultados e então construir sistemas baseados em controle para tornar essas previsões uma realidade. Técnicas de Predict and Control estão presentes na maioria dos cenários de agroindústrias, envolvendo planejamento, previsão ou decisão de futuros, sejam orçamento; planejamento estratégico; tomada de decisão centralizada; incentivo ao comportamento; gerenciamento de projetos complicados; gerenciamento de riscos. Existem duas suposições fundamentais inerentes à Predict and Control: 1. Podemos prever com precisão os resultados; 2. Podemos e devemos usar mecanismos baseados em controle para alcançar os resultados desejados (enquanto suportamos ou ignoramos as consequências negativas desses mecanismos). Em um século tão volátil, acelerado e imprevisível, também chamado de mundo VUCA, tais suposições enfrentam grandes dificuldades para se manterem de pé, colocando em xeque as pretensões de se tentar prever e controlar, na prática, o futuro. O que é Sense and Respond? Sense and Respond é o modelo alternativo ao Predict and Control que vinha dominando o status quo. Essencialmente, a ideia é que podemos absorver uma série de dados (qualitativos e quantitativos) e informações e reagir de acordo. Esse conceito se baseia na aceitação de que não podemos planejar com muita antecedência ou esperar controlar o futuro; então, o melhor que podemos fazer é traçar alguns cenários, guiar o caminho a seguir tentando algo, observando a reação e, então, tentando outra opção. Para usar um exemplo comum, jogamos xadrez com Sense and Respond; não poderíamos jogar com Predict and Control. Sense and Respond não é novo, é como as pessoas se auto-organizam há milênios em suas vidas pessoais, familiares e comunitárias.

É, portanto, um conceito que coloca mais humanidade na estratégia e gestão, mas incorporando a disciplina de modelos mentais sistêmicos, já que foi originalmente organizado baseado em princípios Lean. Sense and Respond soma o feeling humano, muitas vezes intangível, com técnicas e metodologias tangíveis, como o URSLIMM, onde: U (understand) – entenda o valor do negócio; R (remove) – remova o desnecessário; S (standardize) – padronize; L (learn) – aprenda fazendo; I (involve) – envolva todos; M (measure) – meça o que importa, e M (manage) – gerencie o desempenho visualmente. Aplicação prática em empresas bioenergéticas: As usinas e destilarias bioenergéticas são empresas de grande porte, demandantes extensivas de capital, de mão de obra e de tecnologia, cuja parte significativa das operações são sujeitas a princípios de engenharia e outra parte significativa sujeita a fatores externos ao seu próprio controle, como clima e mercado. Nesse sentido, é possível entender a aplicação dos dois conceitos na condução de empresas bioenergéticas. Mas, como aprendi no IBGC, às vezes mais importante do que questionar o que fazer é saber o que não fazer, aprendendo com os equívocos do setor: 1. Adotar o Sense and Respond como prática irrestrita, considerando que os empreendedores não conseguem mesmo deter o controle sobre os negócios, cujos resultados sempre estiveram nas mãos do governo, de Deus (clima) e do mercado (grandes tradings e distribuidoras). A estratégia é contar e se aproveitar de fatores externos para sustentar os negócios, principalmente políticos. Essa cultura deturbada teve uma certa abrangência no setor, principalmente por conta do paternalismo estatal desde o IAA e o Proálcool, e foi responsável pelo fechamento de centenas de unidades. Por outro lado, o sucesso das empresas remanescentes esteve muito ancorado na ; capacidade de Sense and Respond de um

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Q

Índice

gestão líder empreendedor ou de um pequeno grupo na condução, os quais trouxeram o segmento ao patamar de excelência dos nossos dias. 2. Adotar o conceito Predict and Control como regra em todas as atividades, como se técnicas e metodologias de gestão fossem capazes de controlar todas as variáveis do negócio. Esse equívoco ficou evidente na entrada de grupos estrangeiros no boom do início deste século, os quais somente começaram a ter êxito quando se renderam à realidade de que nossa cana e nossa gente formam uma cultura que merece ser compreendida e respeitada em todos os escalões e vertentes do negócio. Ainda há resquícios fortes desse equívoco em empresas do setor, nas quais o foco ainda permanece muito no meio e não nos fins, com uma infinidade de indicadores medidos, mas sem efetiva atuação com ganhos na operação. Muita gente envolvida na “fabricação de números”, esquecendo que o que realmente toca o negócio são indicadores tangíveis, como caixa, cana, açúcar e etanol… Como faz falta o Sense and Respond de dono! 3. Não adotar nenhum dos dois conceitos como prática, perdendo oportunidades estratégicas e operacionais por falta de maturidade na gestão. Propositura: Sabendo, então, o que não fazer, nossa provocação vem na direção de extrair o melhor dos dois conceitos, considerando que cada um pode proporcionar resultados mais consistentes em determinados componentes e vertentes da empresa. Como uma atividade das mais complexas do mundo, não se pode abrir mão de nenhum desses conceitos. A ideia é revisitar o Sense and Respond nas áreas que carecem desse tipo de percepção e atuação, notadamente na formulação e condução da estratégia, construção e vivência da cultura e da liderança da organização, e o Predict and Control nos componentes gerenciáveis a partir da engenharia, como operações agrícolas, industriais e de logística. Entende-se como engenharia fatores cujas principais variáveis são passíveis de controle a partir da

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Opiniões aplicação de métodos científicos ou empíricos conhecidos. Nesse sentido, muitas vertentes podem ser alçadas, contudo, devido ao espaço concedido para a realização deste artigo, nossa propositura envolve três iniciais: 1. Fluxo de caixa estendido: Sense and Respond requer uma certa folga para manobras e ajustes de rumo, portanto a liquidez e a bancabilidade da empresa, que já são fatores estratégicos, devem ganhar elasticidade. 2. Managing by wire: A junção dos dois conceitos na cultura da empresa, cria oportunidades de empoderamento das pessoas através da transformação digital, ou seja, deixar nas mãos das pessoas o que os humanos fazem melhor, que é perceber os rumos e adotar estratégias, traçar táticas e criar lógicas operacionais, utilizando todo o poderio do conceito Predict and Control para desdobrar as ações para a operação, através do uso intensivo de tecnologias, como Inteligência Artificial para automatização e robotização de tarefas. 3. Formação e revitalização de conselhos consultivos e de administração: Se a prosperidade da maioria dos grupos bioenergéticos deveu-se às habilidades de Sense and Respond de seus fundadores, a realidade é que muitos deles estão deixando a condução dos negócios e quase sempre não há sucessores com as mesmas habilidades e competências. Investir na formação de conselhos consultivos e de administração, ou revitalizar os estabelecidos com diversidade de percepções e competências adequadas às grandes transformações em andamento no ambiente de negócios, é uma forma de manter atualizada a capacidade de Sense and Respond da organização. Conclusão: Para o negócio se manter saudável e sustentável num mundo em constante e acelerada transformação, será necessária uma cultura baseada na reinvenção, resiliência e regeneração. E isto só será alcançado com o entendimento e aplicação balanceada dos conceitos Predict and Control e Sense and Respond. n


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