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Hélio do Prado, Solum GESTÃO DE MÃO-DE-OBRA:
Índice solos pedologia: o estudo dos solos
A demanda crescente por energias renováveis aumenta cada vez mais. Nesse contexto, a cana-de-açúcar é importante opção para suprir a necessidade de etanol e da bioenergia, com direto impacto na sustentabilidade.
Segundo a Conab, para a safra 2021/2022, a estimativa de produção é de quase 585 milhões de toneladas de cana-de-açúcar.
De acordo com a NASA, o Brasil possui 400 milhões de hectares agricultáveis, dos quais 8 milhões são cultivados com cana-de-açúcar. Em 1950, foi iniciado o estudo pedológico – de solos –, no Brasil, ainda hoje somos apenas 60 pedologistas, completamente insuficientes para as demandas atual e a de um futuro próximo.
No Brasil, existem 13 tipos de solos no nível de classificação mais genérico e mais de 100 subtipos quando se consideram todos os detalhes pedológicos. Para se conhecer o potencial produtivo da cana-de-açúcar, é indispensável considerar o clima, o tipo de solo e o nível de manejo, o que representa ambientes de produção. Os solos mais comuns são os Latossolos e os Argissolos. Somente os Argissolos possuem grande diferença nos valores de argila entre a camada arável e abaixo dela, conferindo uma maior capacidade de armazenamento de água, que varia na profundidade onde ocorrem no perfil de solo.
Observa-se claramente o efeito dessa diferença na melhor brotação da planta no Argissolo e na pior brotação no Latossolo, sob o mesmo nível de manejo, conforme demonstra a Figura 1.
Na pedologia, diversas ferramentas são utilizadas para automatizar os processos de produção e contribuir com um tempo de resposta mais rápido nos resultados e nas tomadas de decisões.
O sensoriamento remoto é uma delas e, através de imagens de satélite, vem trazendo eficiência para a pedologia e os ambientes de produção, realizados pelas equipes de campo. Nesse método, a análise do solo é feita por reflectância (forma de energia refletida do solo e obtida na forma de radiação eletromagnética), por sensores presentes em satélites, desde que o solo esteja descoberto.
Devido aos diferentes componentes de cada solo, podemos obter diferentes respostas de comprimento de ondas, levando a algumas correlações interessantes, na camada arável dos solos, como observado na Figura 2.
Os modelos de elevação dos solos permitem avaliar a topografia de uma área e fazer boas correlações com possíveis variações dos tipos de solos, auxiliando a equipe de campo na coleta de dados.
Vários trabalhos vêm abordando a importância de unir várias “camadas” de informações, como imagens de satélite e modelos de elevação, em séries temporais, e realizando machine learning (aprendizado de máquina) com o objetivo de obter uma classificação de solos mais rápida e precisa, sem a necessidade de ir à campo.
Hélio do Prado

Presidente da Solum

1. Brotação diferenciada no Argissolo e no Latossolo de área adjacente com o mesmo material vegetal
2. Esquema de reflectância de alvos

Resultados interessantes estão mostrando algumas correlações que já possuem grande utilidade para a pedologia e, consequentemente, para os ambientes de produção.
Entretanto, ainda são necessários aprofundados estudos e mais publicações na área, para que nos permitam estabelecer metodologias com maior acurácia, principalmente considerando os solos existentes da camada arável, bem como o logo abaixo dela. Muitos solos possuem uma forte correlação com alguns modelos de topografia, mas isso não necessariamente permite identificar o solo que realmente é, tampouco mudanças na sua cor significam, necessariamente, mudança de solo.
O trabalho de classificação de solos no campo é sempre necessário, possibilitando elaborar mapas pedológicos fiéis das áreas, com escalas de publicação compatível com os níveis semidetalhado ou detalhado, alimentando bancos de dados que possam tornar realidade a inteligência artificial.
Na forma de régua, são apresentados os 181 199TCH5 A1+5 diferentes ambientes de produção de cana162 180TCH5 26,2 29,8nota -de-açúcar, em que se indicam as respecti22,4 26,0 A1+4 nota vas produtividades médias de cinco cortes 143 161TCH5 A1+3 (TCH5), figura 3. n 124 142TCH5 19,0 22,2nota
A1+2
14,8 18,4nota 104 TCH5123
3. Ambientes de produção de cana-de-açúcar no Brasil
A1+1
10,8 14,6nota
<50 TCH5 51
52 TCH5 55 56 TCH5 59 60 TCH5 63 64 TCH5 6768 TCH5 71 72 TCH5 75 76 TCH5 79 80 TCH5 83 84 TCH5 87 88 TCH5 91 92 TCH5 95 96 TCH5 99100 TCH5103