Meninas dos Olhos de Deus - 2009

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Nepal Meninas dos Olhos de Deus

Apresentação

Em novembro de 1997, estava passando por um bairro chamado Red Light, na cidade de Mumbai, na Índia, quando vi um corpo de uma mulher nua, enrolado em um lençol fino, jogado em um monte de lixo. Além da brutalidade da cena, chamou-me a atenção o pequeno volume do corpo. Ao me aproximar, apesar da recomendação do guia que nos acompanhava para que não tocasse no corpo, pois se tratava de algo considerado impuro, uma vez que a mulher havia morrido na prostituição, levantei o lençol e vi que, na verdade, era uma criança de, não mais que, 12 anos de idade. Sou médico, acostumado com cenas fortes da morte, mas nunca havia visto uma cena de tamanho pavor. Depois de morta, sob uma condição de vida certamente estarrecedora, seria levada sobre um mesmo caminhão, ela, animais mortos já em estado de putrefação e todo o lixo comum das pessoas. Lixo, era apenas isso o que aquela criança era para aquelas pessoas.

Nos dias seguintes, descobri que somente do Nepal são traficadas para a Índia, por ano, cerca de sete mil crianças, entre sete e doze anos de idade, que serão usadas na prostituição, e farão, às vezes, sob efeito de álcool ou drogas, em média, 25 relações sexuais por dia, até que a morte possa vir em seu socorro.

Estas crianças são roubadas ou vendidas pelos próprios pais, em vários países daquela região do mundo, como Nepal, Camboja, Tailândia e na própria Índia, e levadas pelos traficantes para os grandes centros do Oriente. O preço de venda gira entre US$ 50 e 200 por cabeça. Elas podem também ser alugadas, pelos pais, a estranhos viajantes e aos amigos, por um valor entre US$ 6 e 8 por mês.

Pelos meses seguintes, este assunto tomou a minha mente e o meu coração.

Dois anos mais tarde, eu estava em Varanasi, também na Índia, iniciando a instalação de uma Igreja, quando fui visitado fortemente pelo Senhor. Havia passado uma manhã inteira em oração, pleiteando com Deus pela Sua intervenção naquele assunto, quando ouvi do Senhor que este era o motivo pelo qual Ele havia me leva- do para a Índia. Pediu-me que, doravante, todo o esforço de minhas ações fossem efetivamente dirigidos para este fim.

Naquela manhã, escrevi cartas a pastores no Brasil e fiz um voto ao Senhor pela restauração daquelas meninas. Um ano depois, em novembro de 2000, os Pastores Silvio e Rose, convocados por Deus, mudaram-se para o Nepal, onde começaram o trabalho de resgate destas crianças, com o apoio da Missão Cristã Mundial, a MCM.

Hoje, oito anos depois, temos instaladas no Nepal cinco casas-abrigo, envolvendo, no projeto, mais de 200 crianças resgatadas da escravidão. Missão cumprida? Não! Agora, o Senhor nos deu um novo comando: deveremos resgatar, nos próximos cinco anos, 3.000 crianças, somente no Nepal.

Estima-se que o mercado mundial do tráfico humano para a prostituição movimente entre US$ 5 e 7 bilhões a cada ano. Somente em Mumbai, arrecada-se cerca de US$ 2 milhões por dia. Dados oficiais afirmam que existem mais de 100 mil mulheres nepalesas na prostituição em bordéis indianos.

Esta é uma epidemia mundial, que se alastra por países pobres e ricos. Por essa razão, estamos estabelecendo muitas outras casas, em vários cantos do mundo, incluindo o Brasil.

Este pequeno livro tem três objetivos. Primeiro, mostrar como o nosso trabalho está sendo realizado, expor os firmes princípios que têm norteado nossas ações,

compartilhar os sonhos e as estratégias que o Senhor têm colocado em nossos corações, comprovar, através de fatos e fotos, como tais planos têm sido implementados, falar sobre os recursos que têm viabilizado tal projeto e como eles têm sido efetivamente aplicados nessa missão.

O segundo objetivo é o de conquistá-lo a tornar um intercessor ativo e permanente e de sensibilizá-lo a envolver-se neste projeto, assumindo o papel de Companheiro Espiritual de uma destas crianças. Aqui cabe destacar um princípio muito importante: a cada criança é permitido que se tenha um único mantenedor. Não desejamos que o relacionamento seja apenas um ato financeiro. Queremos que o Companheiro Espiritual saiba detalhes da criança e viceversa. Que orem e intercedam mutuamente um pelo outro. Que haja laços, que se criem vínculos espirituais e, por fim, que um dia, um possa conhecer o outro. Este é o nosso maior desejo.

O terceiro objetivo é o de mostrar a maneira como você pode participar do projeto “Meninas dos Olhos de Deus”. Mas não tome uma atitude por impulso. Elas, normalmente, tem curta duração. Pesquise, informe-se e comprove sobre o nosso trabalho. Mais que isto: ore, pergunte a Deus, e, se estiver convicto, junte-se a nós, nesta maravilhosa e imensa missão.

Os costumes

As causas da venda de meninas estão firmadas sobre quatro pilares: extrema pobreza, questões de ordem cultural, questões de cunho religioso e ignorância. Oficialmente, a renda per capita do Nepal é uma das mais baixas do planeta, com somente 220 dólares, ou seja, cada nepalês vive com menos de um dólar por dia. Considerando que milhões de pessoas não têm registro de nascimento, o quadro é ainda mais grave do que os números oficiais. Entremeando monarquias absolutistas e parlamentaristas, o país viveu, nos últimos anos, um terrível conflito armado, que ceifou milhares de vidas, devastou a economia e desorganizou administrativa e politicamente a nação. Hoje, o Nepal busca a paz e a democracia.

Embora seja muito pobre e tenha imensas carências, o nepalês não sofre tanto com a fome, pois, apesar de estar no Himalaiaa mais alta cadeia montanhosa do mundo, o povo adquiriu o bom hábito de plantar em cada palmo de terra. Assim, mesmo sem dinheiro, eles conseguem obter a base alimentar para a sobrevivência. A relação de afetividade e o valor dado à terra chegam a ser maiores que o afeto familiar.

A falta de condições de proporcionar uma vida digna à família leva os pais a abrirem mão de seus filhos. A venda ou a entrega de crianças a organizações sociais é bem vista, pois, além da possibilidade de uma vida melhor para a criança, ficarão livres de uma futura despesa. No Nepal, cabe ao pai da noiva oferecer um dote ao noivo, por ocasião do casamento. Ele junta dinheiro por um longo tempo para prestar à família do noivo um generoso dote. Um pequeno dote é motivo de grande desonra. O descarte de uma criança, nem tanto.

Quando a família pobre tem mais de uma filha, a possibilidade de uma ou mais

serem descartadas é muito grande. Como justificativa, o pai dirá que a criança foi disponibilizada para trabalhar, estudar ou ainda que se casou com algum forasteiro. A palavra “vendida”, provavelmente, jamais será usada.

São muitas as armadilhas. Mulheres muito bem vestidas viajam pelas vilas do interior oferecendo trabalho. Traficantes, sob a condição de “marido a procura de uma esposa”, casam-se e estes, com um agravante: apossam-se do dote.

Levam as crianças para uma cidade grande indiana, hospedam-se num prostíbulo, como se fosse um hotel, e somem. A menina vai descobrir, alguns dias depois, que foi vendida para o dono de um prostíbulo, e que agora terá que trabalhar como prostituta para cobrir suas despesas. A menina não fará nenhum esforço para fugir, pois ela sabe que se voltar para a vila será desprezada. Será considerada impura e amaldiçoada. Há vilas no distrito de Nuwakot, onde não existem meninas na faixa dos doze anos. Agora, começaram a levar as de sete e oito anos de idade.

A população nepalesa é constituída pela miscigenação de muitos outros povos, o que lhe gerou características físicas de exótica beleza. O lado ruim desta qualidade é que as nepalesas despertam grande atração no mercado da prostituição, pelos belos traços físicos que possuem.

Os nepaleses acreditam em muitas lendas e mitologias, vivem, em sua maioria, sob o regime de castas, dividindo a sociedade em classes, seguindo, cada uma, específicos costumes e regras. Algumas famílias e comunidades casam as crianças ainda na infância, entre seis e dez anos, pois acreditam que o casamento tardio traz maldição à família. Nos rituais hindus, há casos de crianças que se casam com animais e frutas.

Os nepaleses nem sempre valorizam o afeto. Parece não existir calor nas relações entre pais e filhos, ou entre marido e esposa. Vivem em uma sociedade extremamente patriarcal, onde tudo gira em torno do homem. A mulher tem um papel secundário na família e na sociedade. Ao longo das gerações, este costume criou um grande abismo nas relações humanas. Nem sempre se valoriza a covivência humana. As pessoas amontoam-se em pequenos cômodos para dormir, geralmente compartilhados por várias famílias e pessoas de diferentes sexos. Muitas casas não têm infraestrutura, sendo apenas um lugar para comer e dormir. A maioria das casas não dispõe de banheiro, e, quando existem, são compartilhados por dezenas ou centenas de pessoas diferentes, que habitam no mesmo prédio, cortiço ou comunidade.

A cultura nepalesa também não valoriza o conforto, a interação familiar, a intimidade, a segurança, a infraestrutura e seus relacionamentos.

Fatores culturais, religiosos e econômicos agravam este contexto. Nas relações diárias, as pessoas mostram-se desconfiadas e sempre esperam o pior. Não se doam e não gostam de prestar favores uns aos outros.

Muitos acreditam que se alguém poupar o sofrimento de outra pessoa, ajudando-a, estará prejudicando esta pessoa em sua caminhada. Dessa forma, se uma criança está passando pela escravidão da prostituição, é porque precisa suportar aquela situação para poder se purificar e ter uma vida melhor na próxima encarnação, livrando-se de pecados praticados em vidas anteriores. Assim, pensa-se que o sofrimento é um justo merecimento e, pior, que compaixão é um sinal de fraqueza.

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A cultura e a religião

Os nepaleses orgulham-se de ser uma nação hindu. O país tem uma população de 26 milhões de pessoas: 87% hindu, 8% budista, 4% mulçumana e, apenas 1%, tem outras religiões, dentre as quais, 0,2% é cristã. Recentemente, o Nepal tornou-se uma nação secular.

Os costumes e hábitos do povo nepalês seguem as doutrinas da religião hindu. Em sua essência, o hinduísmo crê em milhões de deuses, em uma multiplicidade de objetos de adoração, numa extraordinária seleção de manifestações, credos e práticas politeístas, misturadas a lendas místicas, oriundas das tradições dos povos e raças, grupos e sub-grupos étnicos que o formam e que falam mais de 70 diferentes línguas e dialetos.

É difícil de acreditar, por exemplo, mas uma menina de 3 anos é venerada como uma deusa viva, conhecida como Kumari. Em 2008, foi apresentada uma nova criança como a encarnação da deusa residente em Katmandu. Sua escolha seguiu um ritual que leva em conta a casta, o mapa astral e 32 sinais de perfeição esperada de uma divindade.

As kumaris - há mais duas em outras cidades, vivem em templos hinduístas, cercadas de mimos e adoração. Em troca, precisam ter um comportamento de uma artificialidade impossível de se imaginar numa criança. Qualquer choro, tombo ou amuo são interpretados como presságios de terríveis consequências.

O que poderia ser interpretado como uma grande honraria e bênção é, na verdade, uma maldição, pois, na primeira menstruação, as pequenas deusas perderão tudo e serão devolvidas às suas famílias. Sua vida estará, praticamente, acabada, devido às superstições e maldições que envolvem uma ex-kumari.

O hinduísmo é diferente das demais religiões, pois não tem um fundador que lhe dê a estrutura de um pensamento formal e organizado. É a mais antiga religião do mundo, com milhares de anos em busca de uma verdade que se mistura a lendas e mitos, envolvendo cerca de 33 milhões de deuses, representados por pessoas, árvores, rios, pedras, frutas e animais.

Seus rituais exigem grandes sacrifícios. Alguns ramos secretos do hinduísmo atiram bebês em “rios deuses”. Os tradicionais fazem os mais variados e extremos sacrifícios físicos por horas seguidas, e apesar de terríveis cãibras, somente pararão após finalizada a penitência. Rolam no chão, por exemplo, por longas distâncias, até o templo de seus deuses, em busca da aceitação e bênçãos.

Quando questionados sobre as motivações que os levam a tais atitudes, surpreende-nos saber que não é o amor aos seus deuses, mas o medo de castigos e de maldições.

Este povo não precisa de uma nova religião, tampouco de outras regras, de novos dogmas. Eles precisam de amor. Um amor que os conquiste, que desestruture suas bases, que lhes transfira a segurança necessária para repensar tudo, talvez sem que nenhuma palavra seja dita.

Se, verdadeiramente, quisermos ser úteis, é de fundamental importância conviver com essa realidade, respeitar a individualidade, não condenar ou desfavorecer, observá-los com compaixão, apenas amando.

A principal ferramenta de trabalho que alguém pode possuir é o amor. Independente do que faça e onde esteja, se não tiver paixão, em um momento irá se frustrar. Apenas o amor pode nos levar a uma nação, onde os costumes e hábitos contrariam tudo o que aprendemos

em nossas casas, escolas e comunidades, onde viveremos sob condições extremamente contrárias.

Um exemplo: homens de baixas castas trabalharam asfaltando as ruas em frente às nossas casas, preparando e socando a terra, carregando britas, queimando piche, espalhando e nivelando o asfalto com enxadas, compactando com pesados blocos de cimento, sem a ajuda de nenhuma máquina ou equipamento. Sujos, verdadeiros escravos.

Durante este tempo, servimos a estes homens água, sucos, coca-cola e comida. Não pregamos a eles com palavras, mas com atitudes. De que adiantaria falar? Apenas expressamos cuidado e amor. O que se soube foi que eles comentavam entre si que éramos cristãos e que nunca se esqueceram do tempo que passaram no bairro de Hattigaudha. Alguém vai plantar, outros irão colher.

As Meninas chegam em nossas Casas feridas, sujas, maltratadas, desconfiadas, recebem novas roupas, cama limpa, comida quente.

Haverá um momento em que perceberão que não há esculturas, imagens ou altares. Que deus é este? Onde ele está? Quem está fazendo isso? Que sacrifício quer em troca? Como e com o que tenho que pagar? Por quê?

Depois de receber todos os cuidados necessários, descobrirão que Deus mora em cada coração que permitir sua entrada, que é bom, que ama, que cuida, que não impõe sacrifícios, pois, Ele já se fez sacrifício por elas. Estas pessoas, certamente, serão conduzidas a fazer o mesmo e dar continuidade a este projeto, que é, simplesmente, amar.

Revista VEJA, Edição 2082, 15 Out 2008, página 57

Nossos propósitos

Quando chegamos ao Nepal, em 2000, tínhamos na bagagem um comando e um desejo. Comando: uma Palavra de Direção de Deus para que trabalhássemos ativamente no resgate de meninas vitimadas pelo sistema de prostituição infantil. Desejo: conseguir, a qualquer custo, a realização deste sonho.

A MCM não tinha muitos recursos e tampouco experiência de campo nesta área. Tínhamos consciência da importância do assunto, fé em Quem havia dado o comando, convicção de ser uma causa de supremo valor e disposição para fazer da causa o motivo de nossas vidas.

Por sermos uma organização estrangeira, um dos primeiros obstáculos a ser transposto foi a formalização de um contrato com o governo do Nepal, para, assim, termos a permissão de trabalhar com liberdade, com a reabilitação e prevenção das meninas traficadas. Em 2001, iniciamos uma parceria com uma organização não-governamental nepalesa. Depois de quinze meses, tentando levar esta parceria avante, desistimos, pois seus objetivos eram bem diferentes. Procuramos e estabelecemos contatos com várias outras ONGs, mas, no geral, queriam apenas nosso suporte para o desenvolvimento de seus próprios e específicos projetos.

A seu tempo, outras pessoas começaram a se juntar a nós, quer como supridores, quer para o trabalho ativo de campo. O programa foi ganhando força, experiência e estrutura.

Em 2003, decidimos formar e suportar a nossa própria organização. Fundamos a Nepalese Home, presidida pela nepalesa Mamata Kumari Tamang, uma das pessoas levantadas e trazidas por Deus para ajudar a conduzir esta missão. Decidimos formar a Diretoria com as próprias meninas abrigadas em nossa Casa, que já

vinham sendo treinadas para, no futuro, assumirem tal tarefa. A Nepalese Home tornou-se afiliada ao Social Welfare Council, centraliza e dá cobertura para que todas as operações processem-se sob as condições legais local. As dúvidas sobre nossas intenções cessaram e o Governo, antes contrário, passou, não somente a aceitar, mas a incentivar nosso trabalho.

De fato, a falta desta qualificação nunca nos impediu de trabalhar ativamente no resgate e abrigo de crianças. Tínhamos uma licença temporária. Mas, agora, como uma organização local formalmente estabelecida, poderíamos desenvolver projetos, trabalhar abertamente e firmar contratos junto ao próprio Governo. Após 6 anos de operação, em 2007, assinamos um contrato com o Governo do Nepal, estabelecendo as metas operacionais da Nepalese Home, para os próximos cinco anos.

Este programa prevê a assistência a 3.000 crianças nepalesas. Duzentos e cinquenta recuperadas ou repatriadas do tráfico infantil e abrigadas em dez casas - cinco das quais já existentes, sendo cinco casas na capital, Kathmandu, e cinco outras no interior, fronteiras e áreas montanhosas. As 2.750 crianças restantes participarão de um programa ativo de prevenção, que planeja mantê-las sob o abrigo de suas próprias famílias, sendo suportadas, através de bolsas de estudos, por nossa entidade, em todas as despesas escolares, como uniforme completo, sapatos, transporte, cadernos, livros, todo o material didático, bem como a própria mensalidade escolar. Às vezes em parte, às vezes no total, mas todo serviço público no Nepal é pago, onde se inclui, a própria educação escolar.

O contrato com o Governo prevê a condução de programas de informação e divulgação contra o tráfico infantil, junto

à população nepalesa, centrada nas castas mais humildes, através de visitas aos mais longínquos vilarejos do país. Veja os detalhes desta operação no bloco Ações de Prevenção.

Temos como meta fazer com que todas as operações, de todos os programas, sejam gestados, conduzidos, dirigidos, monitorados, controlados e administrados pelas próprias nepalesas. Assim, a formação e o treinamento de lideranças, são as principais preocupações em nossas Casas.

Investimos no item Educação grande parte dos nossos recursos. Acreditamos que ela dará o alicerce necessário para a reestruturação de um novo país. Os custos com a educação estavam tão altos, que nos motivou a abrir a nossa própria Escola. No início de 2009, fomos credenciados pelo Governo e estamos abrindo as portas da Escola das Meninas dos Olhos de Deus, a primeira escola secular da MCM nas nações. Agora, poderemos acompanhar mais de perto o ensino das crianças abrigadas e de parte das crianças que receberão nosso suporte, atendendo ao contrato firmado com o Governo.

Abrimos um Centro de Treinamento profissional nas áreas de carpetaria, computação, corte e costura, e outras atividades, que permitirão às meninas a obtenção do autossustento. Uma fábrica de tapetes e de bijuteria já está sendo estabelecida como geradora de renda para o programa Meninas dos Olhos de Deus no Nepal.

Planejamos também montar uma chácara, onde poderemos atender melhor a nossa alimentação, reduzir as despesas e gerar renda, com o plantio de ervas medicinais para venda a laboratórios de remédios e de produtos de beleza. Se possível, centralizaremos, nesse espaço, todas as casas.

Desejos nossos ou planos de Deus? Já não sabemos. Estamos muito felizes e confiantes na implantação de todos esses projetos.

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Nossas Casas

Chegamos ao Nepal em novembro de 2000. Montamos nossa primeira Casa em Ghagataghar-Baktapur, um bairro nos arredores de Kathmandu. Por três meses, dividimos a casa com pedreiros, carpinteiros, pintores, cimento e areia, sem água, sem vidros nas janelas. Numa cidade que chega a 5 graus negativos, no inverno, isto não foi nada agradável. Nem sempre os recursos e as necessidades encaixavam-se, mas tudo corria sob o controle do Deus provedor.

A emoção de acolher as primeiras garotas foi muito marcante. Chegou a Rushimilla (hoje Raquel), depois a Promila, depois a Menuca (hoje Angela), carregando, em suas pequenas bagagens - quando tinham - grandes feridas, traumas, carências e frustações.

Salvo raríssimas exceções, as meninas chegavam sem Registro de Nascimento. Como normalmente, seus nomes eram consagrados a deuses ou traziam indicação de suas castas de origem, quando começavam a entender, pediam para mudá-los. Elas mesmas os escolhiam. Este processo delicioso de novo nome e nova vida tomavam-lhes dias.

A comunicação era difícil. Não falávamos o nepalês e, na verdade, bem, nem mesmo o inglês. Nesta época, nossas mãos conseguiam se expressar muito melhores que nossas bocas.

Por dois anos permanecemos nesta imensa casa com apenas três crianças, transparecendo a muitos, no Nepal e no Brasil, que erámos, na verdade, um projeto fracassado. Chegou a Anju (hoje Prisca), mais ainda era muito pouco. Não sabíamos, mas estávamos passando por um imenso treinamento, com um aculturamento profundo e cadenciado. Deus sábio este que não nos trouxe a quantidade de meninas que tanto pedíamos.

O Nepal estava envolvido numa guerrilha, com forças maoístas lutando contra o Governo. Fiz, na época, com a ajuda de meu filho, um buraco numa cama box,

como escoderijo, para nos proteger em caso de invasão. Mantínhamos cordas nas janelas para fugirmos em caso de ataque da guerrilha ou dos traficantes de crianças, que já se incomodavam com nossa presença. Mudamo-nos para uma outra casa, no bairro de Hattigaunda. E, de repente, tudo começou a mudar. Novas vozes, novos gritinhos, crianças e moças começaram a chegar.

Nesta época, chegou a Mamata - cuja tradução do nepalês, tem, no nome, a exata expressão do que é: Amor de mãe. Foi ocupando seu espaço, ajudando-nos a montar a estrutura, adquirindo responsabilidades e expressão. Nossas ações foram ganhando consistência e respeito. Fundamos a Nepalese Home.

Quando atingimos 40 meninas dentro de uma única casa, sentimos que era hora de investirmos na segunda casa. Precisávamos de um segundo casal. Vários haviam sido cogitados, mas todos tinham ideias muito técnicas ou espiritualizadas sobre este trabalho. Havia um casal chamado Lucas e Sheyla, que passou uma temporada conosco.

Além de pregar, Lucas consertava carro, torneira, janela, tudo. Vivia, na prática, em favor do ser humano. Ia se tornando indispensável. Um dia, observando a Sheyla tirar piolhos de uma nova menina, sentimos o amor com que agia. Eles eram o casal ideal para a Casa 2.

Montamos a casa. Ela ficou alguns meses quase vazia. Eles foram submetidos ao mesmo treinamento pelo qual eu e Rose passamos no início de nosso aprendizado. Algum tempo depois, a Casa 2 já tinha 30 meninas.

A formação de líderes nepalesas, para sustentar a continuidade do programa, é uma prioridade de nosso trabalho, pois elas multiplicarão nossas ações. Nesta linha, duas meninas nepalesas, Shova e Binda, foram sendo treinadas nestes últimos anos para conduzir a Casa 2 e, recentemente, a assumi-

ram, ajudando o Lucas e a Sheyla na administração. Na época da formação da Casa 2, fomos reconhecidos pelo Governo Nepalês. Ganhamos legitimidade. Pudemos, enfim, trocar os vistos de estudantes, com os quais nos mantivemos até então, pelos de trabalho. Pouco tempo depois, a Casa 1 já tinha, novamente, 52 meninas, com problemas de espaço, de água e até de trânsito. Montamos a Casa 3. As nepalesas Mamata e Marcia, já treinadas, assumiram seu comando.

Certa vez, vi uma menina chorando. Depois de muito insistir, ela nos contou que seu irmão corria o risco de ir para a adoção estrangeira. Percebemos que, como ela, muitas meninas tinham irmãos na rua. Conversamos com o Pastor José Rodrigues, que nos autorizou acolhê-lo. Chegaram depois os irmãozinhos das outras meninas, em seguida os sobrinhos, os primos, os filhos das meninas acolhidas. Era hora de montarmos a casa dos Meninos. Juntamos todas as economias e montamos a Casa 4.

Em 2008, montamos a Casa 5, acoplando a ela um Centro de Treinamento, com teares de carpetaria, máquinas de costura, teares e equipamento para montagem de bijuterias. Assumiram a casa a Promila, a segunda menina acolhida - que tornou-se pastora, ordenada no Brasil, e Joshuda.

Mantemos hoje, em cada casa, cerca de 30 meninas. Parece-nos a medida ideal para uma macro-família, permitindo-nos o cuidado fino com as roupas, higiene, assistência médica e odontológica, acompanhamento escolar, educação, conforto e, sobretudo, amor, dignidade e restauração da autoestima.

Existe um valor social muito grande em tudo. Várias foram as ocorrências onde as meninas mobilizaram-se para apoiar financeiramente projetos em outras partes do mundo, inclusive no Vale do Jequitinhonha, no Brasil. Chorei muito no dia que isto ocorreu.

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Ações de prevenção

Por mais inimaginável e asqueroso que possa ser, a utilização de crianças, a partir dos 7 anos de idade na prostituição, é uma realidade e não envolve apenas homens de baixa renda e cultura, mas ricos empresários asiáticos e europeus, que viajam pela Ásia para saciar os desejos de sua doença. Prevenir é sempre melhor do que remediar. Custa mais barato, exige menos esforço e causa menos danos. É certo que a questão do tráfico de crianças, tem, no governo nepalês, o agente com o maior poder de ação para resolver a principal causa do problema: a pobreza. Entretanto, se queremos resolver esta questão, temos um imenso espaço onde podemos, preventivamente, trabalhar, antes que o tráfico aconteça de fato.

O trabalho de conscientização do povo nepalês e a educação escolar são as mais efetivas ações que podemos ter na redução e eliminação de novos casos de tráfico e prostituição infantil. É um trabalho que exige muito esforço, muita dedicação e um pouco de recurso.

Não podemos agir como se não tivéssemos nada a ver com isto. Cremos que o amor de Deus, sendo exercido de forma prática, pode eliminar tamanho mal. Somos verdadeiros e vivos instrumentos do amor do Senhor. Ou não?

Quando chegamos ao Nepal, não encontramos uma cartinha com uma lista de tarefas dizendo o que deveríamos fazer para trabalhar de forma eficiente contra o tráfico de crianças. Fomos tomando pé da realidade aos poucos, conhecendo os fatos, as razões e os mecanismos de como isto acontecia.

Em nenhum momento, agimos de forma impensada, mas, certamente, tomamos decisões certas e erradas. Às vezes, agimos de maneira rápida demais, em outras, muito mais lenta do que deveríamos.

O fato é que, ao longo desses anos, motivados por um profundo amor pelo povo nepalês, fomos desenvolvendo uma maneira própria de agir.

Trabalhamos nas seguintes frentes: 1. Combate ao tráfico de meninas; 2. Combate à prostituição infantil; 3. Acolhimento; 4. Cura de traumas; 5. Restauração da dignidade; 6. Educação escolar; 7. Programas de prevenção do tráfico e abuso infantil; 8. Repatriação das crianças - notadamente da Índia; 9. Autossustento; 10. Reintegração da criança à família, e, sobretudo, tornar o Senhor Jesus o Salvador dessa nação.

Depois de oito anos de operações de campo, abrigando crianças abandonadas temos em nossas Casas: crianças que, mesmo morando com suas famílias, encontravam-se em situação de pleno risco; crianças trazidas, voluntariamente, nas portas de nossas Casas, ou resgatadas em cinematográficas ações de sequestros em bordéis, ou ainda, em batalhas jurídicas nos tribunais do Nepal e da Índia. Entusiasmados pela conquista, a duras penas, da confiança do Governo do Nepal, e de ser classificado por ele, por órgãos autônomos de verificação e pela própria ONU, como uma entidade internacional de real credibilidade, decidimos investir diretamente na origem do problema de tráfico.

Sob a figura e suporte da World Mobilization, desenvolvemos um projeto e, com o acompanhamento direto do Governo do Nepal, passamos a viajar e fazer um traba-

lho de conscientização da população das longínquas e quase inacessíveis vilas das montanhas do Himalaia, em 17 Distritos do Nepal. Para atingirmos algumas destas vilas, viajamos de jipe por 2 dias, subindo montanhas tão altas, que literalmente atravessamos as nuvens, e, depois delas, quando as estradas acabavam, estacionamos e prosseguimos por trilhas, caminhando por 12 quilômetros, atingindo vilas onde, às vezes, jamais um estrangeiro havia chegado. Fomos a regiões remotíssimas entre o Nepal e o Tibet, encontrando as mais lindas e pobres pessoas, das mais inferiores castas do povo nepalês.

Não se trata de um trabalho evangelístico, pois ele seria rejeitado, mas algo oficial, de caráter governamental, onde passamos vídeos sobre o tráfico, fazemos palestras e entregamos apostilas de fácil compreensão aos participantes.

O acompanhamento faz-se pelo vínculo criado através de um contrato entre a World Mobilization e a escola, envolvendo a doação, para cada aluno, de uniformes completos, incluindo dois pares de sapatos, todo o material didático e as mensalidades escolares. Desejamos ir mais longe do que cumprir este contrato. Queremos desenvolver maior intimidade. Temos como projeto, assim que os recursos permitirem, montar bibliotecas, laboratórios, e, se pudermos, escolas inteiras e hospitais. Temos ainda que, na primeira oportunidade, começar a falar sobre Jesus.

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Alcançando os povos

Trabalho de prevenção ao tráfico de meninas realizado nos povoados das montanhas do Himalaia, entre o Nepal e o Tibet

Mamata Kumari Tamang, Presidente da Nepalese Home

Sonhos

O maior desafio que temos é ministrar e consolidar esperança às meninas que chegam em nossa casa. Uma menina disse-me, certa vez, que ela era o lixo do lixo. Trabalhar a autoestima, talvez, seja o processo mais lento, dentre todas as nossas ações. Ensinar alguém a sonhar, certamente, é o maior bem que podemos fazer a uma pessoa, principalmente, se junto for desenvolvida uma real intimidade com Deus. Esta pessoa ganhará asas, tornar-se-á segura, autônoma, eficiente, eficaz, produtiva, multiplicadora e, realmente, útil.

Em 2004, tivemos uma ministração sobre sonhos e as meninas escreveram numa folha de papel seus sonhos mais ousados. Algumas semanas mais tarde, percebemos perplexos que o sonho comum de um grupo de onze delas era ir ao Brasil. Este não era um sonho fácil de se realizar, até mesmo para os brasileiros. Para elas, era algo grande demais, mas colocamos em oração e deixamos que sonhassem, em Deus, tal impossível sonho.

Aos poucos, as portas foram se abrindo para algumas delas e, sem que pedissem a alguém aqui da Terra, foram ganhando passagens para visitar o Brasil. Compartilhei, com o Pastor José Rodrigues, o desejo de levar ao Brasil um grupo de danças. O sonho ganhava proporções e formas. Houve a ideia de se levar somente as que haviam ganho as passagens, mas fizemos uma aliança de que ou iriam todas do grupo de dança ou nenhuma. Começamos um longo processo para conseguir a cidadania para elas - base para a expedição dos passaportes. Pela lei nepalesa, somente é concedida a cidadania a uma mulher, se um homem - pai, marido, tio, avô ou padrasto, lhe repassar, o que acontece em raros casos. Dificuldades foram surgindo, confrontando a fé. Mas, as meninas têm uma fé pura, sem preconceitos e questio-

namentos, fazendo com que as coisas lhes aconteçam com maior facilidades do que para nós. Elas nos ensinam a viver de forma mais simples. Numa noite, no início de 2006, o Pastor José não conseguiu dormir, e o Senhor lhe falou ao coração. Fez os cálculos e concluiu que o Honda Civic que estava estacionado em sua garagem poderia cobrir grande parte das despesas e me passou e-mail dizendo: “Pessoas são mais importantes que coisas, o Senhor proverá. Traga as meninas!” O e-mail caiu como uma bomba em nossa casa.

Imediatamente, imensos muros levantaram-se. Surgiram dezenas de intransponíveis problemas, envolvendo até poderosos órgãos do governo - com acusações de intenção de tráfico de crianças, ameaças de prisão, de cancelamento de nossos vistos e deportação. Mas, quando Deus dá um sonho, Ele é fiel para o cumprir. Ao longo dos meses, fomos ouvindo confiáveis Palavras de direção, assegurando que seria feita justiça, orientando-nos a não desistir. A nós, cabia orar, jejuar e confiar.

O Nepal vivia, naquele momento, o levante de uma guerrilha maoísta, contra o Governo Nepalês. Instalou-se uma convulsão nacional, com o exército nas ruas, com ordem para atirar em quem desafiasse o toque de recolher. Protestos, tiros e bombas explodindo. Os vistos do Brasil e, de trânsito da Índia e Inglaterra - dos quais precisávamos, foram completados apenas 4 dias antes do embarque. Todas as onze meninas que sonharam, estavam arrumando as malas para ir ao Brasil. No caminho do aeroporto, para evitar que a van fosse atacada e queimada, colocamos uma faixa ao redor do veículo: “Indo para o Aeroporto”. Gostaríamos de, na verdade, ter escrito: “Estamos indo viver um Sonho do Deus Fiel em nossas vidas”. Os problemas ainda persistiam.

Fizemos o check-in, passamos pela Imigração e já na sala de embarque tive uma crise renal que me fez cair ao chão e vomitar. A segurança do aeroporto queria me levar para um hospital, mas mesmo cambaleando, disfarçando a dor, entrei no avião. Descobri ali que sonhar, leva-nos a trabalhar duro pela realização do sonho. Temos que ser ousados, cegos e surdos para as circunstâncias, como aqueles homens que abriram o telhado e desceram o aleijado para Jesus curá-lo.

Ao decolar de Kathmandu, pudemos sentir a emoção das meninas. Já nas nuvens, a dor nos rins cessou. De New Dehli, rumamos para Londres e de lá para São Paulo. Viemos assistindo pelas janelas do avião o mais lindo filme de nossas vidas, as maravilhosas paisagens do Nepal, da Índia, do Paquistão, do Irã, da Europa, o mar... As 5 horas da manhã do dia 12 de Abril de 2006, a Rose, minha esposa, falou em voz alta dentro do avião: “Meninas, sonhem outro sonho, pois este o Senhor já cumpriu”. Estávamos, naquele instante, tocando o solo brasileiro. Deus foi, é e sempre será Fiel.

Viajamos numa van 17.000 quilômetros pelo Brasil. Visitamos igrejas, escolas, lares, hospitais, Apaes, canais de TV, emissoras de rádio, muitas cidades - calculamos que estivemos junto de 34 mil pessoas, experimentamos diferentes tipos de comida, cantamos, dançamos, adoramos, vivemos cada minuto da presença de Deus. Vem-me à mente, agora, um versículo: Eu escolho as coisas que não são, para confundir as que são, as coisas loucas, para confundir as sábias.

A menina que me disse aquele frase com que iniciei este relato, a que se dizia ser o lixo do lixo, diz agora que trabalhará na área Política ou Social. Quem pode duvidar de tal sonho?

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A nossa própria escola

A educação é o exercício de apropriação do mundo e é por meio dela que o indivíduo construirá, dentro si, a real dimensão da liberdade. Na educação, está a base da estrutura de propagação do trabalho que iniciamos no Nepal.

Com muito poucas exceções, a escola do Nepal trabalha com métodos antiquados. Os alunos sofrem costumeiramente castigos físicos. Apanhar, tomar palmatórias, beliscões, puxões de orelhas e de cabelos, fazem parte do leque de opções dos professores. Ficar durante quarenta e cinco minutos debaixo do sol, exposto a toda escola, é uma punição comum para quem não responder a duas ou três perguntas de uma série de quarenta. Isto já não acontece com os filhos de nossa Casa, pois vigiamos as escolas e os professores muito de perto.

Um grande sonho era termos controle deste processo e montarmos nossa própria escola, utilizando-se dos métodos nos quais acreditamos. Deus realizou este nosso sonho. Recebemos a concessão do Governo do Nepal e, neste ano, estamos iniciando as operações da Escola Meninas dos Olhos de Deus no Nepal, a primeira escola secular da MCM nas nações.

A Escola será a principal ferramenta para facilitarmos a realização dos sonhos, a descoberta de talentos, da criatividade, da condução e consolidação de um pensamento estruturado. Norteados pelo caráter de Cristo, desenvolveremos os formadores de opiniões, que influenciarão a base da família da sociedade do Nepal, fazendo ruir, de uma forma natural, a estrutura das castas e, disseminando, ao povo desta nação maravilhosa, novos conceitos de uma vida saudável e rica.

Declaramos para que nossos corações e os céus ouçam: por nossa Escola passarão presidentes, primeiros-ministros, governadores, administradores públicos, médicos,

juízes, advogados, engenheiros, professores, que serão multiplicadores de um pensamento centrado numa nova verdade, que atuarão na sociedade de forma direta, com uma mentalidade diferenciada, um caráter transformado, moldados pela mente do Senhor Jesus.

Para quantos pacientes um médico poderá falar sobre aquele que cura, Jesus? Que tipo de leis assinarão as autoridades políticas formadas sob esta nova mentalidade? Quantas pessoas poderão ser influenciadas por estes novos professores? Nossa Escola não tem como meta formar alunos, mas líderes. Líderes que tenham em seus corações o propósito de disseminar o amor e a justiça ao seu amado povo e aos povos de todas as nações.

Começaremos a trabalhar com turmas da pré-escola até a quinta série, e a cada ano subsequente, aumentaremos mais duas séries. Em cinco anos, atingiremos a classe 12, completando todo o ciclo do sistema de ensino do Nepal. E depois? Lógico, a Universidade. Formaremos os profissionais desta nação. Assim como em todas as nossas operações, hoje estamos à frente da escola. Mas, nosso alvo é fazermos discípulos, e fazer com que nossos estudantes sejam, no futuro, os líderes desta escola, de outras que serão formadas, das universidades que serão criadas por nós e por eles.

O objetivo da Escola das Meninas dos Olhos de Deus é desenvolver as habilidades integrais do aluno nos campos cognitivo, afetivo e social, sua autonomia, sua responsabilidade, sua escala de valores e consciência ética. A função da nossa Escola é ampliar o universo cultural e social

do aluno, além de habilitá-lo para atuar na sociedade, com senso crítico, iniciativa, criatividade, autonomia, autoridade e responsabilidade social, por meio de estratégias eficientes e novas tecnologias, para conhecer o mundo e interagir intelectual e socialmente com essa realidade.

Educar significa agir para transformar. Em nossa prática educativa, partimos de certos princípios, convicções e valores, que são a fonte de nossa motivação e que nos servem de orientação. A esse conjunto de princípios e convicções, podemos chamar de Filosofia da Educação.

The Apple of God’s Eyes Academy, seu nome oficial, Escola Meninas dos Olhos de Deus, em português, está alicerçada sobre um fundamento firme, uma filosofia cristã de educação.

Isso significa que, para nós, a educação emana da fonte do cristianismo, a Escritura Sagrada, e dela extrai princípios e convicções que a fundamentam e regem. Em outras palavras, nosso esforço e paixão pela educação são motivados pelo amor de Deus, revelado especialmente em Jesus Cristo, e orientados pela ordem de Amar a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a si mesmo. Respeitamos as diferentes origens e convicções das pessoas que participam do processo educativo, sem nunca esconder nossa centralidade em Cristo e na justificação, pela fé, neste único e suficiente Salvador.

Vemos na educação cristã um instrumento de Deus para levar o evangelho aos povos não alcançados. Seguimos a Palavra: Ensina à criança o caminho que deve andar e ainda quando for velho, dele não se desviará.

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Como participar dos programas

Deus age pelas mãos de seus filhos. A uns é dado ir para o campo, a outros interceder e a outros sustentar. O trabalho a ser realizado é muito grande e a ninguém é dado achar que sozinho possa fazer algo de expressivo.

Quando abrigamos uma menina, não temos um prazo ou uma idade limite para que esta responsabilidade cesse. Temos, em nosso coração, o compromisso de mantê-la até que se case, que constitua a sua própria família.

Quando, no início de nossas operações, recebemos recursos suficientes para manter mais que uma Casa, abrimos a segunda, depois a terceira, a quarta, a quinta, depois uma escola, mas isto ainda é pouco. Precisamos ir além. Temos um país inteiro para atingir, depois o restante deste continente. Na verdade, nossos olhos estão em “todos os povos, línguas e nações”. Conforme o contrato firmado com o Governo do Nepal, nossos planos imediatos preveem a montagem de mais cinco Casas no Nepal. Entremeando, deveremos montar outras Casas de apoio à repatriação de meninas exploradas pelo tráfico internacional em Mumbai, Calcutá e Nova Dehli, dentre outros grandes centros.

Nosso objetivo principal não é tão somente socorrê-las e sustentá-las, mas contar-lhes sobre a vida de Quem nos enviou, falar-lhes sobre o único Salvador, o Senhor Jesus. Também não queremos apenas fazer isto, mas formar líderes que possam dar continuidade sozinhas, com excelência, a esta missão.

Tivemos por objetivo, neste pequeno livro, mostrar a você os princípios que têm norteado nosso trabalho no Nepal e de conquistá-lo para ser um de seus mantenedores.

Repetimos as palavras ditas pelo Pastor José Rodrigues, na apresentação deste livro:

“... Mas não tome uma atitude por impulso. Elas, normalmente, têm curta duração. Pesquise, informe-se e comprove sobre o nosso trabalho. Mais que isto: ore, pergunte a Deus, e, se estiver convicto, junte-se a nós, nesta maravilhosa e imensa missão.”

Formas de participação:

Bolsa de Estudo: Este programa prevê o pagamento de uma bolsa de estudo, envolvendo todos os custos para a manutenção de uma criança na escola. Na capital, Kathmandu, este valor mensal é de US$ 27 e no Interior do país, US$ 15.

Programa 30 Moedas: No Brasil, este programa tem o valor mensal de R$ 30,00. Chama-se assim, porque mantém o valor em cada país, mudando apenas a moeda local.

Adoção de uma Criança: Este programa prevê o sustento de uma menina, incluindo todas as despesas com alimentação, assistência médica e odontológica, medicamentos, vestimenta, com exceção da educação. Cada criança tem apenas um mantenedor. Tal relação será identificada, com o envio de fotos e dados gerais para o acompanhamento do mantenedor. Valor mensal: US$ 58.

Aluguel de uma Casa: Este programa suporta nossa necessidade de expansão. Prevê o pagamento do aluguel de uma Casa, com estrutura para abrigar entre 25 e 30 crianças. Nossos planos preveem a abertura de mais 5 Casas no Nepal. Outras deverão ser abertas na Índia, como apoio na repatriação. O valor mensal é de US$ 400.

Sustento Completo de uma Casa: Este programa prevê o suporte completo de uma Casa para 25 crianças, compondo o aluguel do imóvel, a manutenção, a comunição e todos os custos com sua operação, a alimentação integral das meninas, todas as despesas com vestimenta, assistência médica e odontológica, educação e transporte. Este programa pode ser adotado por pessoas individuais, grupos, Igrejas e Empresas. O valor mensal é de US$ 2.125.

MCM no Nepal:

Nepalese Home World Mobilization

PO Box 8975 - EPC 4174

Kathmandu, NEPAL

Fone: +977 1 213-1812

Celular: +977 98 4132-1940

Fuso Horário: +9 horas do Brasil

e-Mail: FaleConoscoNepal@Live.com

Contas-Correntes:

Brasil:

Envie para: MCM - Nepal

CNPJ: 01.437.718-0001-02

Banco: Bradesco - Agência: 1633-0

Conta-Corrente: 19600-2

USA:

Send to: Missao Crista Mundial - INC Bank of America - Florida Account: 0055 6525 3782

JAPAN, EUROPE and Other Countries: Send to: World Mobilization Account: 05-1800906-51

Standard Chartered Bank Nepal Ltd Branch: Lazimpat

City: Kathmandu, Nepal

Swift Code: SCB LNP KA

Correspondent bank in Japan: Standard Chartered Bank, Tokio

Swift Code: SCB LJP JT

Correspondent bank in Europe: Standard Chartered Bank, London

Swift Code: SCB LGB 2L

Correspondent bank for Other Countries

Wordwide: Standard Chartered Bank, New York

Swift Code: SCB LUS 33

Importante: Sempre que fizer um depósito informe por e-mail, para que possamos acompanhar a transferência entre bancos. Em resposta, enviaremos o Recibo confirmando a recepção e documentando a doação. Caso não recebamos seu e-mail, não teremos condições de identificar a origem do depósito. No primeiro e-mail, defina qual programa deseja participar ou se é uma oferta isolada.

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Nossa Galeria

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Primeiro Casamento realizado nas Casas da Nepalese Home: Stevens & Promila Lucas Barbosa Junior & Sheyla Silvio Silva & Rose e seus filhos David e Asha

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www.MCMPovos.Com

www.MeninasDosOlhosDeDeus.Com.Br

www.TheAppleOfGodsEyes.Com

ESTE PEQUENO LIVRO FOI DOADO POR MEMBROS DA COMUNIDADE CRISTÃ DE RIBEIRÃO PRETO Ribeirão Preto, SP, Brasil

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