Entrevista a Luís Carvalho Lima, presidente APEMIP
“Procura mais exigente, oferta de maior qualidade” a um crescimento de imobiliárias. Qual, de facto, a importância deste serviço? As empresas de mediação imobiliária, pelos serviços que prestam ao público, muitos deles obrigatoriamente, são os maiores garantes da segurança das transacções imobiliárias. As empresas de mediação possuem um seguro de responsabilidade civil que pode ser accionado sempre que se justifique, mas que raramente é accionado pois os casos de fraudes e de enganos ocorrem, em regra, nas transacções não mediadas. Neste quadro é normal que cresçam as imobiliárias.
O OPINIÃO ESPECIAL entrevistou Luís Carvalho Lima, presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP). São muitos os portugueses que continuam à procura de casa. Um negócio seguro com a ajuda das mediadoras imobiliárias. Sofifiaa Abreu Silva Em primeiro lugar, qual quais são os propósitos/objectivos de trabalho da APEMIP? Credibilizar a actividade da mediação imobiliária e, paralelamente, contribuir para que ela seja, cada vez mais, reconhecida por parte do público e dos órgãos de Poder, como uma actividade chave para a economia portuguesa e como grande pilar da segurança das transacções imobiliárias. Quem são os vossos associados e quantos são? Há muitos, em concreto, de Famalicão? A APEMIP representa a quase totalidade do universo das empresas de mediação imobiliária que trabalham em Portugal, número que ronda, actualmente, os 3.500. Em Famalicão existem 21 empresas de mediação imobiliária associadas da APEMIP. Actualmente, de que forma a crise está a afectar o mer-
cado imobiliário? A crise, essencialmente uma crise financeira, afecta o mercado imobiliário pela via de um aumento da dificuldade no acesso ao crédito para habitação. Hoje, sem dinheiros próprios, torna-se muito difícil obter um financiamento a 100%. Continua a haver procura de casas e o imobiliário até se assume como um investimento alternativo a outros investimentos menos seguros. A dificuldade está no acesso ao crédito. Acredita que o mercado vai moldando também os serviços disponíveis das empresas de mediação
imobiliária? Não só acredito como verifico que isso acontece todos os dias. Os serviços que a mediação imobiliária oferece visam contribuir para que as transacções imobiliárias cheguem a bom termo e isso, hoje, implica uma série de ofertas muito diferentes das habituais noutras épocas. Basta pensar, por exemplo, na certificação energética das casas e na possibilidade de microprodução de energia por parte dos particulares. São aspectos que podem fazer parte de uma transacção imobiliária. Assistiu-se nos últimos anos
Há muitas imobiliárias que funcionam na ilegalidade e sem formação? A prática da mediação ilícita é cada vez mais difícil. E a ausência de formação profissional é incompatível com a boa mediação. Mas ainda há quem queira vestir a pele do mediador, especialmente se se limitar a fazê-lo na hora de obter proventos de tal actividade. Infelizmente isso surge de sectores insuspeitos e em escritórios e espaços recatados e até luxuosos. Cada vez menos, pois o público sabe distinguir quem é que oferece segurança. Quais os aspectos a que comum cidadão deve prestar atenção quando procura uma imobiliária?
Deve certificar-se que está a lidar com uma empresa de mediação imobiliária certificada pelo InCI. Quais são os próximos passos na mediação imobiliária? Que tipo de serviços devem dispor, de que tipo de serviços, de que tipo de formação? A mediação imobiliária caminha, claramente, para a auto-regulação. Paralelamente, verifica-se um acréscimo na procura de serviços, como, por exemplo, o aconselhamento financeiro, acréscimo de procura que justifica a revisão da própria lei da mediação. Tudo isto acompanhado sempre de muita formação contínua e até de formação inicial específica, alguma da qual de nível superior. Quais as expectativas para o futuro da mediação imobiliária? O mercado imobiliário vive a transição do ciclo da quantidade para o ciclo da qualidade. Por força de uma procura mais exigente e de uma oferta de maior qualidade. A mediação imobiliária está a adaptar-se a esta realidade e a responder pela formação a uma mudança de paradigma da sua própria actividade. As boas práticas da mediação imobiliária exigem hoje muito mais trabalho, mas os resultados vão ser, seguramente, muito melhores.
Certificado de eficiência energética obrigatório O certificado de eficiência energética para vender ou arrendar casa passou a ser obrigatório desde o início de 2009. O certificado, que terá de existir sempre que houver uma transacção comercial, tem de ser passado por um técnico reconhecido pela Agência para a Energia e pode chegar a custar, no caso de uma residência particular, mais de 300 euros. A certificação energética permite aos futuros utilizadores obter informação sobre os consumos de energia potenciais, no caso dos novos edifícios. Nos prédios existentes, a certificação energética destina-se a proporcionar informação sobre as medidas de melhoria de desempenho que o proprietário pode implementar. Do certificado, além da classificação energética da habitação, constam também sugestões para a tornarem mais eficiente, poupando-se assim na factura da energia. A legislação define coimas para quem não pedir ou apresentar o certificado energético, que vão dos 250 a 3.740,98 euros, no caso de pessoas singulares, e dos 2.500 a 44.891,81 euros no caso de pessoas colectivas.