F A G R I C O O P Cooperativa Agrícola e dos Produtores de Leite de Vila Nova de Famalicão
Manuel Loureiro, presidente da Fagricoop, Cooperativa Agrícola e dos Produtores de Leite de Famalicão
“Não posso aceitar que se pague para não trabalhar” Manuel Loureiro, presidente da Fagricoop, Cooperativa Agrícola e dos Produtores de Leite de Famalicão, é um homem que conhece bem a agricultura e o trabalho que é feito, diariamente, pelos produtores do concelho. O dirigente, também ele agricultor, mostra-se crítico face à situação atual da agricultura nacional, onde muitos são aqueles que recebem dinheiro para não produzirem. Por isso, exige mais justiça para o sector. Sofia fia Abreu Silva
estávamos a ser tão mal pagos que muitos agricultores optaram por deixar cair a produção. As entidades que gerem todo o percurso do leite, como a Agros e a Lactogal, com a falta de leite, tiveram que obrigatoriamente subir o preço. No que concerne às matérias-primas, creio que foi a conjuntura que fez com que os preços descessem. Neste momento temos cerca de 110 produtores, mas já foram 130. Para se ter uma média de produção por animal acima dos 9 mil litros é preciso tratar bem os animais.
Como carateriza os produtores de Famalicão? Não há défice nenhum de formação nos nossos produtores. Somos associados da CONFAGRI e fazemos na cooperativa vários cursos de formação específica na atividade agrícola. Hoje, também o Ministério da Agricultura obriga os próprios agricultores a realizarem formação nas diversas áreas, como aplicação e manuseamento de produtos fitofármacos (herbicidas, fungicidas, inseticidas) gestão empresarial, cursos de inseminação artificial e também de técnicas de maneio animal. Portanto, de uma forma geral, todos têm uma formação específica na sua área de atuação e podem competir, ao mesmo nível, com colegas de outros países. Temos colegas que são licenciados, como professores, que exercem, além da sua atividade, a agricultura. E a maioria Esse equilíbrio conseguiu-se com uma dos novos agricultores são filhos de agrimaior capacidade reivindicativa dos pro- cultores, sendo que há uma experiência dutores? natural nessa atividade à qual se junta a Não, porque face aos grandes poderes te- formação nesta área. con ti nu a »»»»»»» mos pouca força. O que aconteceu foi que
OPINIÃO PÚBLICA: Na sua perspetiva, como acha que está a agricultura, em geral, no país? MANUEL LOUREIRO: Os produtores ligados à Fagricoop trabalham sobretudo com leite, quase 100%. E na questão da produção do leite, tivemos anos muito maus, com os fatores de produção a dispararem para preços terríveis, sendo que o leite esteve durante dois anos e meio a ser muito mal pago. Este desencontro entre o produto e fatores de produção sentiu-se na disponibilidade financeira dos agricultores. Entretanto, nos últimos meses fezse alguma justiça, o preço do leite subiu ligeiramente e os fatores de produção também baixaram qualquer coisa. Hoje, as coisas estão mais equilibradas e só pedimos que o cenário não piore.