OE1078

Page 1

Reis Magos: história cheia de mistérios No próximo domingo, 6 de janeiro, assinala-se o Dia de Reis. Um dia que tem assumido cada vez mais importância ao longo dos tempos, em homenagem aos Reis Magos que são mencionados na Bíblia Sagrada. Os Reis Magos são personagens que vieram do Oriente, guiados por uma estrela, para adorar o Deus Menino, em Belém (Mateus 2, 1-12). Ignora-se, no fundo, a providência dos Reis Magos, mas este episódio foi apenas relatado no Evangelho de S. Mateus e, mesmo assim, de forma muito resumida e vaga. Só com o passar do tempo, se foram acrescentando alguns detalhes, para se sanarem as lacunas deixadas no Evangelho em relação a esta história. Ainda recentemente, o Papa Bento XVI afirmou que os Reis Magos vieram de uma região entre Huelva, Cádis e Sevilha, na atual Andaluzia e não do Oriente, como se pensava até agora. A revelação foi feita no último livro da trilogia escrita pelo Papa. Bento XVI baseou-se no Evangelho de S. Mateus e nos textos do Profeta Isaías. No livro "A infância de Jesus", Bento XVI faz várias revelações sobre a principal figura do cristianismo. "A promessa contida nestes textos estende a proveniência destes homens até ao extremo Ocidente (Tarsis, Tartessos em Espanha), mas a tradição desenvolveu posteriormente este anúncio da universalidade aos reinos de que eram soberanos, como reis dos três continentes então conhecidos: África, Ásia e Europa", refere uma passagem da obra,

citada pela ABC. Na verdade, o livro está a fazer muito sucesso, sobretudo em países como Itália, Espanha e Portugal. Muitas sup osições Apesar das contradições em termos de informação, a designação “Mago” era dada, entre os Orientais, à classe dos sábios ou eruditos, contudo esta palavra também era usada para designar os astrólogos. Isto fez com que, inicialmente, se pensasse que estes ma-

gos eram sábios astrólogos, membros da classe sacerdotal de alguns povos orientais, como os caldeus, os persas e os medos. Posteriormente, a Igreja atribuiu-lhes o apelido de “Reis”, em virtude da aplicação liberal que se lhes fez do Salmo 71,10. Quanto ao número e nomes dos Reis Magos são tudo suposições sem base histórica, aliás algumas pinturas dos primeiros séculos mostram 2, 4 e até mesmo 12 Reis Magos a adorar Jesus. Foi uma tradição posterior aos Evange-

lhos que lhes deu o nome de Baltasar, Gaspar e Belchior (ou Melchior), tendose também atribuído a cada um caraterísticas próprias. O Belchior (ou Melchior) seria o representante da raça branca (europeia); Gaspar representaria a raça amarela (asiática) e seria descendente; por fim, Baltasar representaria todos os de raça negra (africana). Estavam assim representadas todas as raças bíblicas (e as únicas conhecidas na altura: os semitas, os jafetitas e camitas). Pode então dizer-se que a adoração dos Reis Magos ao Menino Jesus simboliza a homenagem de todos os homens na Terra ao Rei dos reis, mesmo os representantes dos tronos, senhores da Terra, curvam-se perante Cristo, reconhecendo assim a sua divina realeza. Esta ideia só surgiu no século XVI, assim só a partir deste século é que se começou a considerar que Baltasar era negro, de forma a que se pudesse abranger todas as raças. Para além desta simbologia, pela cultura cristã, os Reis Magos simbolizam que os poderosos e abastados devem curvar-se perante os humildes, despojando-se dos seus bens e colocando-os aos pés dos demais seres humanos, ou seja, devem partilhar a sua fortuna com os mais pobres. Também em relação às idades dos Reis Magos tudo são suposições sem nenhuma base histórica. Só no século XV, se fixou que Belchior teria 60 anos, Gaspar estaria com 40 anos e Baltasar 20 anos.

Figuras surgem na Bíblia, mas não há dados que provam a sua existência pub


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.