Projecto1:Apresentação 1
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Nacional
“Walking Flowing”, uma casa esculpida por elementos Texto de Ana Rita Sevilha
Fotos de D.R.
Walking Flowing”, uma casa “esculpida pelo vento, pela água, o sol e a terra, resultando numa total integração com a paisagem circundante”. A frase é de Gonçalo Guerreiro e Jennifer Gomes, que materializam o OPENLAB architects. Parece poesia? Talvez até seja. Mas olhando, dá ares de escultura? Talvez este seja um dos exemplos de que a arquitectura pode ser a mãe de todas as artes. Uma coisa é certa: foi distinguida no sexto ciclo do prémio World Architecture Awards.
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Auto-suficiente Projectar uma casa auto-suficiente foi o desafio colocado ao colectivo, e o Algarve, mais concretamente Vale do Lobo, a localização escolhida. “Os dados climáticos do local indicavam uma grande radiação solar anual, sendo ideal para a utilização da energia solar - quer para gerar electricidade como para produção de água quente”, explica a dupla de arquitectos. Para além disso, revelam, em visita ao lugar, a “imponência do lago [elemento existente no local] sobre o terreno”, fez nascer e crescer a vontade de utilizar a água como recurso local no projecto. Explorar Explorar foi uma das palavras de ordem no projecto, nomeadamente o ciclo da água, de forma a descobrir como este poderia ajudar a encontrar novas soluções sustentáveis no uso de uma habitação. Posto isto, Gonçalo Guerreiro e Jennifer Gomes propuseram “estender o lago para a vivência da casa (sendo esta uma fonte contínua e inesgotável devido à sua ligação com o mar) criando um espelho de água central que funciona como uma grande 'cisterna' e armazena e aproveita a água do elemento natural que a circunda – o lago”. A forma final da casa, explicam os arquitectos, foi ditada pelo ciclo natural da água juntamente com a orientação solar e dos ventos predominantes. Elemento: água A água tem especial destaque, tanto ao nível funcional, como estético e programático neste projecto, uma vez, no que diz respeito a este último, porque é o pátio de água que divide os dois blocos da casa através do hall de entrada e do espaço exte-
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rior – área de estar e refeições, que “goza por inteiro deste espaço”. “Dispusémos a parte social para aquele que consideramos ser o elemento principal – o lago”, partilham. Quanto à parte privada da habitação, é elevada face ao restante conjunto, e desta forma serve dois objectivos: “através da cobertura inclinada cria uma queda de água que por sua vez gerará energia, e segundo vai buscar a vista de mar e o pôr-do-sol”. Também o sistema de aquecimento e arrefecimento passa pelo aproveitamento da água do lago, que de acordo com os arquitectos “será utilizada num sistema cíclico de circulação de água através de tubos. No bloco da zona de quartos, a água será bombeada do pátio de água para a cobertura, passando por uma caldeira (aquecimento) ou por um refrigerador (arrefecimento), dependendo da necessidade”. O sistema é composto “por uma cascata de água que faz rodar turbinas gerando energia para bombear a água para o sistema novamente”. No bloco afecto à zona social, o sistema é o mesmo, mas usando o pavimento em vez da cobertura. Vento e Sol Depois de explorada a água, a dupla de arquitectos não quis deixar de lado os outros dois elementos: o vento e o sol. E explicam porquê: “se por um lado isolamos a casa dos ventos frios de Inverno, utilizando uma parede mais espessa em taipa, com isolamento adicional em cortiça (material local), quisemos explorar uma estratégia de utilização dos ventos quentes de Verão, que ao entrar em contacto com a cascata, arrefece o ar antes de entrar em contacto com a casa”. Já as inclinações das coberturas foram decididas tendo em conta a máxima exposição solar, combinando fotovoltaicos e colectores de tubos de vácuo. “A cobertura ajardinada acaba por se fundir com o terreno dando acesso a uma horta caseira e providenciando isolamento térmico adicional, reduzindo perdas de calor e ajudando a purificação do ar”.
TRAÇO # Dezembro nº 16