OJORNAL 09/01/2011

Page 15

O JORNAL

Universidades A16

Domingo, 9 de janeiro de 2011 | www.ojornalweb.com | e-mail: cidade@ojornal-al.com.br

Fotos: Fabyane Almeida

Larissa Fontes

O motoqueiro avançou o sinal vermelho numa rua de Maceió e acabou sendo atingido por um veículo

O fisioterapeuta Arylennon Canuto faz atividades que estimulam musculatura e sistema circulatório

O risco de andar sobre duas rodas Relatório do HGE apontou mais de 2,5 mil casos de acidentes envolvendo motos no ano passado em Alagoas Fabyane Almeida Estagiária*

Maior mobilidade, fugir de engarrafamentos, preço mais baixo e economia nos gastos com manutenção e combustível são alguns dos atrativos para quem compra uma motocicleta. O que muitos esquecem é do risco que esse veículo traz, atrelado com a imprudência. Com o aumento da

frota, a moto se tornou a segunda maior causa de acidentes de trânsito em Alagoas. Poucos são os casos em que as vítimas conseguem se recuperar e sair sem nenhuma sequela. De acordo com dados divulgados pelo Hospital Geral do Estado (HGE), no ano de 2010 aconteceram 2.513 acidentes envolvendo motos, superior aos 2.435 que ocorreram no ano an-

terior. O maior número de ocorrências foi registrado no domingo, com homens de 25 a 34 anos de idade no horário das 18h às 21h, quando aumenta o fluxo de veículos nas ruas de Maceió. Para o diretor-geral e cirurgião do HGE, Carlos Gomes, moto é significado de insegurança. “Hoje só existem dois tipos de motoqueiro: o que caiu e o que ainda vai cair. Andar de moto é muito inseguro.

Amotoneta, que anda abaixo de 50 cilindradas, é vendida a qualquer um; não sendo necessário ter conhecimento das leis de trânsito, nem usar equipamentos de segurança, o que acaba sendo uma das grandes vilãs desse alto índice.Algumas pessoas ainda usam como meio de transporte para a família de três, até quatro pessoas, colocando a vida em risco”, disse Carlos Gomes. Para quem não conhece as leis

de trânsito, fica fácil cometer infrações. “Facilmente irão passar em um sinal vermelho, pegar uma contramão, não vai respeitar o limite de velocidade, além de andar sem capacete. E o resultado dessas atitudes nós já conhecemos: é a queda do piloto. O veículo de duas rodas se popularizou”, explicou. O alto número de pacientes que dão entrada no HGE vítimas de acidente varia: indo de escoriação

até pessoas com a perna amputada. Isso, em muitos casos, é decorrente da mistura de direção e álcool que não combina, principalmente sobre duas rodas. “Esse tipo de transporte é inseguro, e pessoas que não respeitam as leis, aliado à ingestão de álcool, sempre acabam em acidente”, explicou o diretorgeral do HGE, Carlos Gomes. *Sob a supervisão da Editoria de Cidades

Primeiros cuidados após o acidente Na maioria das vezes, víti- nos”, relatou o ortopedista e mas de acidentes com motos diretor médico do HGE, Rogéchegam ao hospital com poli- rio Barboza. “Após os proceditraumatismo, múltiplas lesões mentos legais, o paciente espepelo corpo, fratura no antera para ser transferido braço, bacia, membros infepara algum hospital riores, principalmente de rede”. no fêmur e tíbia. “Os Segundo o ortopepacientes passam pridista, o trauma é algo Dependendo meiro pela área versofrido pelos jovens do acidente, melha para ser serem que são mais atirados. examinados pelo ci”Os jovens, por terem alguns rurgião; em seguida é a ‘necessidade’ da pacientes encaminhado ao ortochegam e vão adrenalina, acabam pedista, onde é exaexcedendo o limite de direto ao minado fisicamente, velocidade e, após o centro para depois tirar um acidente, acabam ficirúgico raio X. Se for identificando com trauma. cada uma fratura exPrimeiro nós tentamos posta, o paciente é ensalvar a vida do pacaminhado ao centro ciente, depois salvar o memcirúrgico para que seja bro afetado, o que nem sempre feito o primeiro atendimento e é possível fazer”, explicou o mécolocados os fixadores exter- dico Rogério Barboza. (F.A.)

A prancha ortostática, também utilizada por Tiago Gomes, serve para que ele possa ficar em pé

Motoqueiros usam o corredor

Superação faz parte da mudança

Equipamento pode salvar vidas

O jovem Tiago Alexandre Gomes, de 27 anos, na manhã do dia 13 de julho de 2008, seguia para o médico no momento em que foi surpreendidoporumveículonasua frente. Por não ter como desviar, ele acabou batendo e teve uma fratrura na vértebra C3 com pressão na medula, e isso o deixou tetraplégico. Segundo Alexandre, o acidente aconteceu muito rápido sem dar tempo para frear a moto. “Foi o tempo de virar a cabeça. Quando olhei, o carro já estava na minha frente, e não tive como evitar. Tentei me levantar, mas não sentia o corpo o tempo foi passando, e a sensação foi piorando. O socorro demorou cerca de 15 minutos para chegar, e, se eu não tivesse sido bem atendido, as sequelas poderiam ser ainda piores”, relatou o jovem. Foi necessário fazer várias cirurgias, colocar oito parafusos e uma placa de titânio para fixar as vértebras, ainda chegou a usar um colar no pescoço. Alexandre teve uma grande superação com relação ao seu quadro clínico. Muitas pessoas não acreditavam na sua recuperação. Ele foi além das expectativas da medicina. Quase três anos após o acidente, Alexandre ainda realiza treino de equilíbrio, pratica natação e faz fisioterapia. “90% da melhora depende unicamente de cada um, em se aceitar, mas

Com o aumento da frota de motos, há também um aumento do número de acidentes. Segundo o sargento Oseas Néri, do Corpo de Bombeiros, a pressa é o que tem gerado a maioria dos acidentes. "A maioria das ocorrências acontece com os entregadores e motoboys, porque sempre andam com muita pressa para sair dos engarrafamentos", disse o sargento. De acordo com o diretorgeral do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Maceió, José Cleber Santana, o maior número de acidentes no ano de 2010 ocorreu com carros e motos. "Ano passado ocorreram cerca de 694 acidentes envolvendo carros e motos. O Samu realiza cerca de quatro atendimentos diários a motoqueiros, que caem, batem em bicicleta, em outra moto e, na maioria das vezes, em carro", explicou. O uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) é necessário aos que andam de moto."Ainda existem pessoas que insistem em transportar crianças em cima do tanque de combustível e sem capacete", afirmou José Cleber. (F.A.)

Lula Castello Branco

Imprudências de motoristas e motoqueiros acontecem todos os dias

não se conformar com a condição, buscar sempre a melhora diária. Os trabalhos paralelos também são de fundamental importância”, explicou. “Hoje tenho uma vida normal, mas com as minhas limitações. Na época do acidente e até hoje, eu recebo força dos amigos, tenho muita fé e as pessoas fazem muitas orações por mim, sem contar na ajuda de minha família”. Estar certo no trânsito não significa encontrar-se imune de se tornar uma vítima de acidente. Assim aconteceu com Roberto Lima. Ele relatou que sua vida mudou no dia 13 de novembro de 1993, quando trabalhava como mensageiro de telegrama e tinha a necessidade de correr para fazer as entregas dentro do prazo. Ele conta que estava trafegando de forma correta, até que veio um carro na contramão e bateu de lado na moto, deixando sua perna imprensada. O condutor do veículo era um militar, inabilitado, estava dirigindo o carro de outra pessoa e ainda tentou fugir do local do acidente. Segundo Roberto, que sofreu fratura exposta, a recuperação é muito dolorosa. “Eu tive fratura exposta; o osso quebrou em cinco lugares. Aminha recuperação demorou cerca de três anos e meio, passei muito tempo andando

com muleta e ainda hoje o meu pé, tornozelo e joelho doem quando acordo, devido à perda de alguns vasos sanguíneos da perna. Eu ando mancando e tenho marcas na perna”, explicou Roberto. Aos 40 anos, ele teve sua vida profissional interrompida, e quem causou o acidente terminou não sendo punido. “Eu fiquei recebendo benefício porque fiquei impossibilitado de trabalhar. Quanto a quem causou o acidente, eu nunca o encontrei”, falou. Após a recuperação total, Roberto Lima comprou uma moto e disse que anda no corredor entre os carros. “Quando me recuperei, eu comprei uma moto e quando passava pelos carros ficava com medo, fiquei com trauma, mas agora ando pelo corredor apenas quando os carros estão parados para não ser trancado. Com o trânsito de Maceió, todo cuidado é pouco, porque as pessoas não respeitam as leis de trânsito, matando inocentes”, contou. Ficar atento ao motorista ao lado, respeitar as leis de trânsito ou procurar conhecê-las, evitar ingerir bebidas alcoólicas e usar os equipamentos de segurança, principalmente o capacete, são algumas das medidas indicadas para evitar os acidentes. (F.A.)

CMYK


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.