Sandro Arlan
CONTOS E CAUSOS II
Mosqueiro e seu mundo sobrenatural
Belém - Pará 2024
CONTOS E CAUSOS II
Mosqueiro e seu mundo sobrenatural
Prof. Sandro Arlan
Estácio FAP - Faculdade do Pará
IES Curso
Design Gráfico
Projeto de Design Editorial
Disciplina Docente
Ma. Fabiana Gillet
Discentes
Jadson Ribeiro
Diagramador e Revisor Ilustrador
Kaique Ferreira
Karen Bittencourt
Editora e Diagramadora Revisora
Mirella Celyne
Apresentação
A obra "Contos e Causos II - Mosqueiro e seu mundo sobrenatural" compõe a trilogia Contos e causos, escrita pelo Prof Sandro Arlan e publicada pela editora Dalcídio Jurandir com apoio da IOEPA (Imprensa Oficial do Estado do Pará), que conta mais sobre a cultura popular da ilha de Mosqueiro e dá destaque ao seu folclore e histórias populares. Contos e Causos II busca falar de forma próxima com o leitor, sobre o mundo sobrenatural da ilha.
O tema proposto pela obra foi o fator determinante para sua escolha, pois a parte da cultura mais difundida da região Norte vem da Amazônia e capitais nortistas, pouco se fala sobre a cultura das pequenas cidades ou ilhas que compõem a região. Além disso, a carência visual nas obras da coleção chamaram atenção por, apesar de possuírem um padrão que as identificavam, não condiziam com o público a ser alcançado ou com o conteúdo das obras.
Portanto exaltar obras e autores que não somente pertencem a capital foi um dos objetivos do grupo.
Préfacio
A leitura faz uma viagem do conhecimento do mundo em que vivemos e do mundo que imaginamos. Na obra "Contos e Causos II. Mosqueiro e seu Mundo Sobrenatural" o Autor Sandro Arlan, nos leva ao imaginário amazônico que ocorre na ilha de Mosqueiro, em Belém do Pará, com uma abordagem simples, que prende o leitor do início ao fim com a linguagem coloquial usada na forma de como os contos são descritos.
A narrativa do livro é baseada em contos míticos dessa bucólica ilha da Amazônia paraense. Usando da escuta e da oralidade regional nas quais o autor busca sua criatividade e imaginação para a construção de seus contos. Convidamos você, leitor, a se envolver e mergulhar de cabeça nos contos , mitos e no sobrenatural deste livro.
A MATINTA DO RIO MARI MARI
Era uma noite escura e fria como tantas da época do inverno amazônico. Seu Josinaldo esperava a hora de despescar a sua rede com a esperança de ser abençoado com uma boa pescaria, pois há dias não pescava nada e sua família precisava se alimentar.
Sentado em sua rede de dormir, iluminado por uma lamparina, pensava na vida e em tudo o que vivera, ultimamente e seus futuros objetivos, quando de repente, ouviu ao longe aquele assovio peculiar, fino e arrepiante. Ficou em silêncio, sabia o ue era, mas não quis dizer nada para esposa que estava deitada ao lado e os filho que dormiam tranquilamente sob seus lençóis velhos e rasgados pela ação do tempo. Rezou em pensamento para que aquilo fosse para bem longe, se levantou, pegou as lamparinas e abriu a porta dos fundos, o quintal era a mais sombria escuridão, mas precisava sair, pegou seus apetrevhos de pesca e logo percebeu que caía uma chuva fina e fria. Saiu pelo caminho da mata em direção ao porto para apanhar sua canoa e seu remo. Estava tudo muito tranquilol, só um ou outro barulho quebrava aquela calmaria de mata, o vento ou um animal que se afastava da presença do Josinaldo. Chegou ao porto, puxou a canoa da lama, pôs a lamparina na proa e subiu. Começou a remar nas águas tranquilas daquele rio majestoso, cheio de vida e histórias impressionantes. Seguia em longínquos pensamentos, quando bem no meio do rio escultou aquele assovio, que parecia bem perto, se benzeu e começou a fazer uma oração pedindo proteção divina. Logo escutou o bater das asas que parecia ser de um pássaro muito grande, começou a ficar assustado em meio aquela escuridão, olhava para cima, para frente e para os lados, porém não via nada e os assovíos mais fortes e frequentes.
Minha nossa senhora! É ele! Protegei-me! Patou de remar e ficou quieto, quando sentiu a presença daquele vulto batendo asas e pousando bem no meio da canoa. ficou todo arrepiado, mas não entrou em pânico, continuou rezando e a criatura sentada bem à sua frente, algo muito assombroso e apavorante que lhe observava, parecia querer algo que ele possuía. Josinaldo, cabisbaixo, olhou pelo "rabo do olho" aqueel ser que ouvira falar muitas vezes desde quando ele ainda era criança. Era a Matinta Perera, a bruxa ou feiticeira que diziam assombrar e malinar aqueles que cruzavam seu caminho. Pegou seu cantil e encheu um copo com água e ofereceu, mas ela nem se mexeu, lembrou que diziam que ela gostava de café e tabaco, procurou em meioa seus trecos uma onça de tabaco e apanhou a garrafa térmica e serviu uma caneca de café, estendeu a mão em direção a ele que aceitou, guardou o tabaco entre seu vestido escuro e tomou o café enfiando a caneca em meio àquela cobertura arrepiada, ficaram calados, depois de alguns minutos, levantou-se, bateu asas e fez um sobrevoo ao redor da canoa, assoviou três vezes e gritou.
Você será abençoado e partiu sem rumo naquela escuridão. Josivaldo, embora commedo, estava feliz por ela não ter lhe feito nenhum mal. Remou apressadamente na direção em que estava sua rede de pesca e começou a puxar, estava muito pesada, como se estivesse cheia de lixo e pedaço de pau engatados, mas para sua surpresa, ela estava abarrotada dos melhores e maiores peixes daquele rio. Então ele entendeu o que ela falara. De fato teve uma pescaria abençoada e então agradeceu a Deus e à Matinta Pereira do rio Mari Mari.
Posfácio
Dado ao design original não estar alinhado com a proposta e o público-alvo, foram feitas mudanças que visam facilitar a usabilidade, e propõem uma nova estética a coleção apresentando o conteúdo da obra de forma não direta. As mudanças feitas buscaram respeitar o conceito inicial e fortalecer a ideia de uma obra popular.
As alterações específicas foram feitas a partir das justificativas a seguir:
- Capa, Contracapa e Orelhas: As informações sobre o autor foram retiradas da contracapa e movidas para sua orelha, deixando espaço para a sinopse, o texto foi reescrito para garantir seu fácil entendimento e as redes de contato do autor foram adicionadas juntamente de iconografia, visando facilitar sua identificação.
- A sinopse foi movida para a contracapa, que também foi reescrita visando a facilidade no entendimento, junto dela o selo ISBN e os logos das editoras foram ajustados em um novo selo que traz mais destaque às informações.
- A orelha da capa e da contracapa sofreram alterações de tamanho, deixando-as padronizadas, as imagens foram retiradas da orelha da contracapa deixando somente as informações sobre o leitor, quanto a orelha da capa o texto foi reformulado apresentando informações complementares a sinopse.
- Ilustrações e Iconografia: Foram adicionados elementos visuais para compor a iconografia do livro e enriquecer sua estética, já as ilustrações foram reimaginadas visando trazer fácil entendimento das mesmas.
As demais alterações feitas seguiram o plano geral de facilitação na usabilidade
Este livro foi impresso em papel pólen 80, e composto com as tipografias: Gimlet Display 10/12/16, Roca 20/16 e Folk Rough OT 32/24.
Com ilustrações em técnica digital.
