JORNAL O GANCHO -edição 51

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O Gancho

Jornal Laboratório do curso de Bacharelado em Jornalismo da Universidade Estadual do Piauí - Campus Poeta Torquato Neto

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Foto: Emily Araújo
Sala das moedas do Museu Dom Avelar Brandão Vilela

O Gancho

Jornal Laboratório do curso de Bacharelado em Jornalismo da Universidade Estadual do Piauí - Campus Poeta Torquato Neto

EDITORIAL

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Na51ªediçãodonossojornal-laboratório, O Gancho, a turma reflete sobre temas do nosso tempo e sobre experiências cotidianas em diferentes editorias. Aqui o jornalismo convida a observar lugares especiais da cidade, exercer a sensibilidade eaempatia.

Entreaspautasdestaedição,destacam-se discussões urgentes e atuais: a saúde mental e seus desafios na rotina contemporânea, transportes e inclusão, o uso do celular nas escolas e seus impactos na educação, o papel das telenovelas em nossa cultura e na formação do imaginário popular, e o protagonismo dos artistas independentes que resistem e criam novas formas de expressão. Também revisitamos o valor dos museus como espaços de memóriaetransformaçãosocial.

Este espaço de aprendizagem e experimentação foi pensado para promoveroencontroentreteoriaeprática, com a autonomia de pensar o tempo, a cidade e a importância do jornalismo. O resultadoficadisponívelparaampliaressas conexões.

Esta é a edição de encerramento do períodoletivoeselaacontribuiçãodecada estudante nesse processo de ensinoaprendizagem. Acreditamos que O Gancho seguecomoumespaçoondeotrabalhoflua apartirdecadaideia,contribuição,dúvida e insistência. Que siga vivo o desejo de compreender as vidas, ler o mundo e contar histórias. O jornalismo é um importante instrumento para concretizaçãodessedesejo.

Expediente

Jornal Laboratório do Bacharelado em Jornalismo da Universidade Estadual do Piauí, campus Poeta Torquato Neto (Teresina, Piauí)

Este jornal faz parte das atividades laboratoriais das disciplinas Design Jornalístico e Redação, Produção e Edição Para Mídias Impressas

Editoras: Isadora Vitória dos Santos Araujo e Yanna Raizza Silva Rodrigues

Ilustradores: Christian Emanuel Silva de Jesus e Vitor Alves Almeida Ribeiro

Equipe de repórteres/geral:

Alice Gabrielly Lima Campelo

Ana Cecília de Carvalho Paiva

Ana Lucia Freitas Rodrigues Chaves

Christian Emanuel Silva de Jesus

Emily Fernanda Martins Araujo

Ericka Aline Sousa dos Santos

Erik Paulo Sousa Silva

Gabrielle Zanin Borges de Sousa

Isack Costa Silva

Isadora Vitória dos Santos Araujo

Ismael Vitor dos Santos Oliveira

Jaspe Lieedh Nunes de Miranda Conceição

Kauanny Holanda Reis

Luís Alberto Lustoza Damasceno

Luís Miguel Silva Sousa

Luisa Regina da Silva Reis

Marco Antonio Sena Martins

Maria da Conceição da Silva

Maria Eduarda Oliveira Assunção

Maria Julia Borges Martins

Maria Juliana Moraes Fontinele

Maria Vitória de Saboia Linhares

Maria Vitória Soares da Silva

Sarah Cristina Carvalho Silva

Thais Cabral Romero Chaves

Vinicius Vieira Rodrigues

Vitor Alves Almeida Ribeiro

Yanna Raizza Silva Rodrigues

Revisão de diagramação e criação de projeto gráfico: Pedro Wesley

Revisão geral e supervisão: Ohana Luize –professora do curso de Jornalismo

Endereço: Curso de Bacharelado em Jornalismo. CCECA –Centro de Ciências da Educação, Comunicação e Artes. Rua João Cabral, 2231, Setor 6, Coordenação de Jornalismo, Pirajá, Teresina – PI. CEP: 64002-150.

Ilustração: Christian Emanuel
Por: Professora Ma. Ohana Luize
Foto: Ohana Luize
A teia de aranha como metáfora para o aprisionamento digital

As eleições na Universidade Estadual do Piauí (Uespi) representam um dos momentos mais importantes da vida democrática dentro da instituição. É nesse período que docentes, técnicos e discentes escolhem seus representantes para cargos de reitor(a), vicereitor(a), diretor(a) de centro e coordenador(a) de curso. Apesar de reafirmar o princípio da gestão participativa, que orienta o ensino público superior, parte da comunidade acadêmica ainda desconhece as etapas e o papel de cada segmento na votação. Como o que acontece no final do ano de 2025, um desafio que a universidade busca superar a cadanovopleito.

De acordo com o pró-reitor de Administração, Eduardo Albuquerque Diniz, o processoeleitoraldaUespiéregidopornormas próprias, previstas no Estatuto e no Regulamento Geral da instituição, ambos aprovados pelo Conselho Universitário (CONSUN) e homologados pelo Governo do Estado. Ele explica que cada eleição é organizada de forma transparente e coletiva, começando pela criação de uma comissão eleitoral central, responsável por elaborar o editalefiscalizartodooprocesso.

Segundo Diniz, o sistema é estruturado para garantir legitimidade e equilíbrio entre os segmentos. A comissão inclui representantes de professores, técnicos e estudantes, além de observadores externos, como membros da OABedoConselhoEstadualdeEducação“Essa pluralidade assegura a transparência e o caráter democrático das eleições, pois todas as decisões são colegiadas e não individuais”, destacouopró-reitor.

Essa pluralidade

assegura a transparência e o caráter democrático das eleições

Um dos pontos mais debatidos dentro da universidade é o peso diferenciado dos votos. Na Uespi, o voto dos docentes e técnicos tem valor maior que o dos estudantes, docentes e técnicos80%,discentes20%.Umamedidaque, segundo o pró-reitor, busca equilibrar a representatividade entre os grupos. Ele lembra que, enquanto professores e servidores permanecem décadas na instituição, os alunos costumam passar menos de seis anos, o que exige uma ponderação para evitar desequilíbriosnaescolhadasgestões.“Setodos osvotostivessemomesmopeso,onúmerode

estudantes, que chega a mais de 12 mil, poderia decidir sozinho todas as eleições. Isso nãoseriademocrático,poisexcluiriaavozdos técnicosedocentes”,explicou.

Além disso, a universidade adota votação eletrônica, o que torna o processo mais acessível e seguro. O sistema utilizado, segundo Diniz, é o mesmo empregado por instituições como USP, Unicamp, Universidade Federal de Santa Catarina e entre outras instituições no Brasil e no mundo, o Helios Voting. Garantindo confiabilidade e permitindo que qualquer membrodacomunidadevotedeondeestiver. Mesmo com avanços tecnológicos e normativos, o pró-reitor reconhece que há desafios. Manter o engajamento de todos os segmentos, lidar com questionamentos e garantir a participação ativa são algumas das dificuldades enfrentadas. Para ele, a democracia universitária deve ir além do ato de votar. “O envolvimento precisa acontecer antes, durante e depois do processo eleitoral. Participar é mais do que criticar, é contribuir com ideias, propor soluções e acompanhar as gestõeseleitas”,afirmou.

Essa percepção é compartilhada pela professora Sônia Carvalho, chefe de gabinete daUespiedocentedocursodeJornalismo.Ela observa que, ao longo de seus 22 anos na instituição,aconscientizaçãosobreoprocesso eleitoraltemcrescido.“Acadaeleição,percebo um esforço maior em envolver os estudantes, não apenas no voto, mas também em espaços como conselhos, comissões e colegiados. Essa presença ativa é essencial para fortalecer a cultura democrática dentro da universidade”, ressaltou.

Para Sônia, a democracia precisa ser vivida diariamente, e não apenas em períodos de eleição.Eladefendeaampliaçãodosespaços

Palácio Pirajá, sede da administração da Uespi, localizado no Campus Poeta Torquato Neto, em Teresina
Foto: Marco Sena
Foto: Marco Sena

de diálogo e escuta entre os diferentes setores da comunidade acadêmica. “A cultura democrática deve permear todas as nossas ações. É preciso incentivar os centros e diretórios acadêmicos, ouvir sindicatos e promover debates constantes. Isso forma cidadãos críticos e conscientes do papel que exercemdentrodauniversidade”,afirmou.

Entre os estudantes, as opiniões sobre o processo eleitoral refletem tanto o reconhecimento da importância da democracia universitária quanto as lacunas de informaçãoqueaindapersistem.

O aluno Alexandre, do 5º período de Jornalismo, afirma nunca ter participado das eleições institucionais por falta de conhecimento sobre o processo. “O que me desmotivou foi a falta de informação. Eu nem soube que as eleições estavam acontecendo”, contou.

Mais do que um procedimento administrativo, as eleições da UESPI simbolizam um exercício de cidadania.

de Jornalismo, teve uma vivência diferente. Ela conta que já participou de votações anteriores e reconhece avanços na divulgação e na forma de votação. “O processo é online, e isso facilita muito. As informações hoje são bem divulgadas nas redes sociais, mas antes não era assim. Antigamente, a comunicação era mais limitada e muita gente só sabia da eleição quando chegava na universidade”, relatou.

essencial para garantir que as decisões representem de fato os interesses da comunidade acadêmica. “Acredito que muitos estudantes se interessam em participar, sim. A cenário de avanços e desafios. Embora a universidade tenha ampliado seus canais de comunicação, ainda há grupos que se sentem distantes do processo político-institucional. Para a gestão, o fortalecimento da cultura democrática depende não apenas da estrutura formal das eleições, mas também do engajamento individual e coletivo dos seus membros.

Mais do que um procedimento administrativo, as eleições da UESPI simbolizam um exercício de cidadania. Elas reforçam o compromisso da universidade com a pluralidade de vozes e o diálogo, elementos fundamentais para qualquer instituição pública. Como lembram os entrevistados, democracia é participação contínua em um processo que se constrói com informação, escutaeresponsabilidade.

Enquanto o número de votantes cresce e o interesseserenovaacadapleito,aUespisegue fortalecendo sua missão: formar cidadãos críticos, capazes de compreender que a verdadeira democracia universitária não se resume às urnas, mas se vive todos os dias dentrodacomunidadeacadêmica.

Sônia Carvalho, docente do curso de Jornalismo e chefe de gabinete da Uespi
Foto: Acervo pessoal
Alexandre Pereira, aluno do 5º período de Jornalismo
Eduardo Albuquerque Diniz, Pró-Reitor de Administração
Foto: Marco Sena

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A acessibilidade no transporte público de Teresinacontinuasendoumdesafiodiáriopara centenas de usuários com deficiência física, mesmo com leis que garantem o direito de ir e vir com dignidade. Muitos enfrentam ônibus com rampas quebradas, motoristas despreparados e barreiras físicas que comprometem a segurança e a saúde de quem dependedosistemaparaselocomover.

Usuários relatam que, embora o discurso sobreinclusãoestejapresenteemcampanhase propostas públicas, a prática ainda é marcada por descaso e abandono. Uma estudante universitária com mobilidade reduzida, que prefere não ser identificada, afirma que já considerou abandonar os estudos por não conseguirutilizarosônibuscomsegurança.

“Enfrento essa situação todos os dias, seja indo para a universidade ou para outros compromissos. Muitas vezes ouço a mesma resposta: a rampa não funciona, reclame na empresa. Esse problema não dura dias ou semanas, são meses com o equipamento quebrado.Játivequedesistirdepegarônibuse pedir carro por aplicativo por falta de acessibilidade”,conta.Subirosdegrausdaporta dianteira de um ônibus quando a rampa está indisponível pode representar um esforço perigosoparapessoascomlimitaçõesfísicasou patologiasgraves.

Entre tantos casos semelhantes, está o do senhor José de Ribamar, de 65 anos. Ele tem limitação de locomoção e pernas frágeis, o que torna difícil subir os degraus pela entrada normal. “Às vezes as pessoas me empurram para ajudar, mas já cheguei a cair e me machucar”, conta. José acredita que teria mais conforto e tranquilidade se pudesse usar a rampa de acesso, já que ela é menos concorrida e garantiria mais segurança. Por utilizar o transporte público todos os dias para ir ao centro, ao hospital e ao posto de saúde, afirmaquegostariadeterodireitogarantido.

Usuários relatam que, embora o discurso sobre inclusão esteja presente em campanhas e propostas públicas, a prática ainda é marcada por descaso e abandono.

Dentre algumas soluções poderiam estar: o aumento da frota de ônibus adaptados e a substituição de veículos antigos; a manutenção regular das rampas com testes frequentes; o treinamento adequado de motoristasecobradoressobreacessibilidade;a criação de rotas acessíveis integradas à infraestrutura urbana; campanhas de conscientização voltadas a passageiros e profissionais; e políticas públicas de inclusão no transporte, com foco no conceito de desenhouniversal.

Não foram localizados dados atualizados e divulgados publicamente sobre o número de ônibus adaptados com rampas funcionando em Teresina. Além disso, muitos usuários denunciam a falta de manutenção preventiva e a ausência de penalidades efetivas às empresas que operam com veículos fora dos padrões de acessibilidade. As rampas, quando funcionam, muitas vezes oferecem risco pela má conservação, e os pontos de embarque nem sempre são adaptados para facilitar o acesso.

Foto: Mariah da Conceição Silva

Atuação

do poder público e sociedade civil

O Ministério Público do Piauí e a Defensoria Pública têm sido acionados por usuários com dificuldade de acesso, e alguns casos resultaram em investigações ou termos de ajustamento de conduta com empresas e órgãospúblicos.

No entanto, sem fiscalização constante e participação da sociedade, a realidade tende a semanterestagnada.

A falta de acessibilidade não é apenas uma falha técnica, é uma violação de direitos humanos e sociais, prevista na Constituição e naLeiBrasileiradeInclusão.

Liana Sousa, analista processual do MP e assessora da Coordenação do Centro de Apoio Operacional de Promoção da Cidadania e Inclusão Social, em entrevista ao O Gancho, conta que diversos procedimentos existem e atuammediantealegislação.

“A LBI, que é a Lei Brasileira de Inclusão, assegura os transportes acessíveis, e as pessoas podemprocuraroMinistérioPúblico.Jáhouve diversos procedimentos sobre isso. Em Teresina, há o transporte eficiente, que é um transporte porta a porta específico para cadeirantes, exatamente por causa dessa falta de acessibilidade.” Ela explica que o transporte eficientetambémtemseuregulamento.

Todas as pessoas que precisarem podem solicitar rampas de acesso e procurar os órgãos oficiais. Além disso, é necessária uma conscientização da sociedade sobre os direitos das pessoas com deficiência e sobre a diversidade dessas pessoas, pois as limitações podemserdiferentesumasdasoutras.

No Ministério Público, a pessoa deve se dirigir à Ouvidoria para registrar possíveis reclamações.

“É preciso narrar o que aconteceu com o máximo de informações possíveis e encaminhar documentação, que será distribuída para as promotorias especializadas, como a de defesa da pessoa com deficiência e da pessoa idosa, que são a 28ª e a 33ª. Sendo distribuído para uma dessas duas, será instaurado um procedimento extrajudicial inicialmente, e a promotoria vai deliberar de acordo com o caso. Ela pode pedir informações à empresa, marcar uma audiência com a empresa e com a parte denunciante, e ir conduzindo de acordo com os fatos”, explica LianaSousa.

Além de órgãos públicos, os cidadãos podem buscar organizações sociais como a Associação dosDeficientesFísicosdoPiauí(ADEFT).

A instituição serve como uma ponte, aproximando as pessoas com deficiência das informações adequadas para que possam ter acessoaosseusdireitos.

Trabalhadores da STRANS. A realidade do transporte público é complexa e desafiadora para a capital

AmparoSouza,presidente,explica:“aADEFT tem o papel de fornecer informação e orientação, conectando as pessoas com deficiência às informações que elas precisam. Muitas vezes, nós as orientamos a procurar órgãos como a Defensoria e o Ministério Público, e acompanhamos esses casos quando é necessário”. O papel da instituição capacitar, oferecer conhecimento, recursos e apoio para que cada pessoa com deficiência possa participarplenamentedasociedade. De acordo com os fiscais da STRANS Francisco AmorimeWaldequeBrito,acidadedeTeresina possuiquatroconsórciosoperando.

“Todos os veículos devem possuir rampas de acessibilidade. A fiscalização monitora a operação das rampas nos terminais e garagens para garantir que estejam funcionando antes de saírem para as ruas. As rampas podem ser usadas por cadeirantes, pessoas com mobilidade reduzida, pessoas obesas e usuários comcarrinhosdebebê”,dizWaldeque. Francisco Amorim confirma que as rampas podem ser danificadas por pavimento ruim ou problemas operacionais. “Reclamações sobre direitos violados, como rampas inoperantes, devem ser feitas através da Ouvidoria pelo telefone:31227600”.

Foto: acervo pessoal
Liana Sousa, do MPPI
Senhor José de Ribamar
Foto: Mariah da Conceição Silva
Foto: Mariah da Conceição Silva

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Em vigor desde o início de 2025, a lei que restringe o uso de celulares em escolas públicas e privadas visa reduzir as distrações em sala de aula e melhorar o rendimento dos estudantes. A medida busca garantir que o ambiente escolar seja voltado à aprendizagem, limitando o uso de aparelhos eletrônicos apenas a atividades pedagógicas autorizadas pelosprofessores.

Desde então, diversas instituições educacionais têm se adaptado à nova realidade, e uma delas é o Centro Estadual de Tempo Integral (CETI) Professora Áurea Freire, que tem se destacado pela forma como aplicou a medida e pelos resultados alcançados. A direção,osprofessoreseosprópriosestudantes relatam melhorias no comportamento, na atençãoeaténodesempenhoescolar.

O estudante Luís Fernando, do 3ª ano do ensino médio, conta que a mudança não teve grande impacto pessoal, mas reconhece os benefícios coletivos. “O que eu percebi é que a proibiçãoajudounaconcentração.Antestinha gente que usava pra colar, pesquisar resposta oudistrairosoutros.Agora,quemseesforçade

verdadeévalorizado.Alémdisso,osalunos começaram a conversar mais, brincar e interagir”,relataoaluno.

A partir da perspectiva da gestão escolar, o coordenador Franklin Lira destaca que o processo de adaptação à nova lei exigiu diálogo, paciência e ações educativas. Segundo ele, a escola precisou trabalhar tanto com os estudantes quanto com os pais para mostrar que a medida não buscava punir, mas melhorar o ambiente de aprendizagem e fortalecer os laços dentro da comunidade escolar.

“Houve uma certa resistência no começo, mas o governo não teria sancionado uma lei dessas se não fosse realmente necessária. Nós, que vivemos o dia a dia da escola, sabemos o quanto o celular prejudicava o processo de ensino-aprendizagem. Hoje já percebemos uma melhora significativa no rendimento dos alunos e também nas relações dentro da escola”,afirmaocoordenadorFranklinLira.

Franklin destaca ainda que o CETI Profª ÁureaFreireéumaescoladetempointegral,o quepermitedesenvolverprojetosvoltadosà

tecnologia de forma orientada e educativa. “Temos o Núcleo de Estudo de Desenvolvimento do Sistema (NEDS), que trabalha projetos na área da tecnologia, e também a disciplina de Inteligência Artificial, implantada desde 2023. Assim, a tecnologia continuapresente,masdeformapedagógicae responsável”,explica.

Sobre o impacto direto dentro das salas de aula, quem confirma as mudanças é o professor de Geografia, Cláudio Reis, que leciona tanto no ensino fundamental quanto no médio. Ele vivenciou de perto a diferença no comportamento dos alunos antes e depois da proibição, e afirma que o novo cenário trouxe ganhos significativos para o aprendizado e para as relações entre alunos e professores.

“Antes,ocelularatrapalhavamuito.Oaluno ficava desatento, mexendo no aparelho e procurandorespostasrápidasnainternet,sem realmente aprender. Depois da proibição, eles estão mais focados, participam mais das aulas e interagem melhor com os colegas e professores”,observaoprofessorCláudioReis.

Entrada do Centro Estadual de Tempo Integral Professora Áurea Freire
Foto: Vinicius Rodrigues

da UeÏÄi aÄ¡Ï ÇecebeÇ

ApsicólogaeintegrantedoServiçodePsicologia da Universidade Estadual do Piauí (UESPI), Mariane de Lira Siqueira, recebeu, no dia 21 de outubro, a Menção Honrosa “Mulher na Extensão”, durante o I Congresso de Ensino, PesquisaeExtensãodaUniversidadeEstadualdo Piauí (UESPI), promovido pela Pró-Reitoria de Extensão, Assuntos Estudantis e Comunitários (PREX) e foi reconhecida pelo seu engajamento emprojetosdeextensãovoltadosàsaúdemental, atuação em grupos terapêuticos voltados à comunidade acadêmica, com foco em temas como ansiedade, autocuidado e bem-estar psicológico.

OGanchoentrevistouaprofissionalparafazer algumasperguntasfalandosobreasuaconquista e compromisso com a promoção do ensino, da pesquisaedaextensãouniversitária.

Mariane, como foi receber a Menção Honrosa “Mulher na Extensão”? O que esse reconhecimento representa para você e para o seutrabalho?

Paramimfoiumimensoorgulhopoderreceber essereconhecimentodeumtrabalhoqueagentejá desenvolve há alguns anos aqui dentro da universidade onde a gente vislumbra passar o conhecimento sobre saúde mental, informações que são importantes para que as pessoas possam buscarajudaquandosentiremqueestãocomesse tipodenecessidade.Oreconhecimentoatravésde um prêmio como esse valoriza e potencializa a importânciadoqueéfalarsobresaúdementaleo nosso papel enquanto profissionais da saúde que sabemdaimportânciadessecuidado.

Você pode contar um pouco sobre a sua trajetória naUESPIecomosurgiuseuenvolvimentocomos projetosdeextensão?

Eu sou psicóloga efetiva da universidade desde 2012 e quando eu cheguei meio que “caí de paraquedas” na Pró-Reitoria de Extensão. Era um espaçoondetinhaassistênciaestudantileentãoeu enveredei o meu trabalho para esse público. Começamos a realizar alguns atendimentos psicológicosparaalunos,especialmenteaquelesem situaçãodevulnerabilidadesocialquejáparti-

cipavam de alguns programas de assistência estudantil. Em 2016 tivemos inaugurado o primeiroespaçoparareceberessesalunosefazer osatendimentos.Em2022teveumaampliaçãodo serviçodepsicologiavindoparaesseespaçoatual, com o auxílio dos alunos do curso de psicologia queestãonosúltimosperíodoserealizamosseus estágios atendendo a nossa comunidade acadêmica.

Hojeconseguimosdesenvolveraçõescomoos grupos psicoeducativos online, os podcasts, a atividade de Cine Psi, e estender isso para a comunidadeexterna.

Para mim foi um imenso orgulho poder receber esse reconhecimento
Mariane (na margem esquerda) recebeu a menção honrosa " Mulher na Extensão", durante o I Congresso de Ensino, pesquisa e Extensão da Universidade Estadual do Piauí
F Ü : SiÜe da UeÏÄi

Quais foram os principais aprendizados e desafios durante esse percurso como psicóloga e extensionista?

Trabalhar com as questões emocionais de outras pessoas é um trabalho que exige bastante comprometimento. Eu gosto de falar que exige de nós uma entrega, uma postura empática para entender e acolher aquele sofrimento que, muitas vezes, não é palpável. Então, trabalhar com a vulnerabilidade emocional das pessoas é algo que exige uma postura de entrega. O nosso grande trunfo é também o nosso maior desafio, porque precisamos sempre cuidar também da nossa saúdementalparaestarmosbemparaorientarda melhor forma possível os caminhos para que a pessoa possa sair daquela situação que ela não está tão bem e encontrar formas de viver uma vidamelhor.Saúdementalaindaéumtabu,enós precisamos sensibilizar esse nosso público para buscar uma ajuda de um profissional quando estiveremsituaçãomaisdifícil.

O Serviço de Psicologia da UESPI tem se destacado por oferecer apoio à comunidade acadêmica. Como vocês têm estruturado essas ações?

Nós atendemos exclusivamente a comunidade acadêmicamatriculadanoregimeregulare tem três modalidades. O primeiro é o aconselhamento psicológico online com até três sessões onde disponibilizamos esse apoio psicológico.

Se for o caso, pode ser feito também presencial. Também temos o acompanhamento psicoterapêutico exclusivamente presencial, realizado em parceria com o curso de psicologia da UESPI, onde alunos dois dois últimos períodos, enquanto estagiários, realizam esses atendimentos e o acompanhamento psicoterapêutico semanal com um prazo maior a depender da demanda e de como o estagiário, e o supervisor responsável, observam. E o plantão psicológico está acontecendo às sextas-feiras, de 9h às 11h, e de 14h às 16h, para demandas emergenciais.

Que mensagem você deixaria para estudantes e profissionais sobre o cuidado com a saúde mental e o valor do trabalho coletivo?

A minha perspectiva é o fato do olhar para o outro com mais sensibilidade e isso não necessariamenteprecisaserdeumprofissionalde saúdemental.Éprecisoapartehumana,enxergar a completude do ser em momentos difíceis, ver as luzes, pontos positivos, reconhecer os momentos de baixa emocional e promover que saúde mental começa com um olhar mais sensível sobre si mesmo também. O que eu estou sentindo? O que euestoupassando?Oqueeuprecisoagora?Equal a minha real necessidade nesse momento? São questões para pensar as emoções e cuidar de si, dos outros. Quem fica com esse aprendizado pode passaradiante.

OServiçodePsicologiadaUESPIatuana promoção da saúde mental e prevenção do adoecimentopsicológicoeemocional,como objetivo de proporcionar bem-estar e contribuir para qualidade de vida da comunidade acadêmica, no contexto universitário. A equipe do Serviço de Psicologiadesempenhaumpapelestratégico ao oferecer suporte psicológico aos discentes, contribuindo para o desenvolvimento de habilidades essenciais à superaçãodosdesafiosdocotidianoeparaa promoção de um ambiente educacional que estimula a aprendizagem significativa e o fortalecimento de competências pessoais, sociaiseprofissionais.

Telefone:(86)3213-7098/Ramal:384 E-mail:servicopsicologiauespi@gmail.com

Fonte:Uespi

Mariane de Lira Siqueira, psicóloga

AÇÜe i•deÄe•de•Üe: ÇeÏiÏÜê•cia e ìÜa Ä Ç Ï bÇeiê•cia

“ei  à faÜa de eÏÜÇìÜìÇa, cÇiad ÇeÏ i•deÄe•de•ÜeÏ ìÜa“ ÄaÇa c •Ï idaÇ a aÇÜe c “  ÄÇ fiÏÏã  •  Piaìk

Ser artista independente em Teresina é mais do que criar: é resistir. Entre limitações estruturais e poucos espaços de visibilidade, homens e mulheres das artes enfrentam instabilidade financeira e emocional para continuar expressando suas histórias e identidades por meio da cultura piauiense. É preciso ouvir esses artistas e compreender que fazer arte exige tempo, dedicação e investimento,emuitasvezescustacaro.

A artista Nayla Frazão, por exemplo, transforma o próprio talento em sustento. Ela vende quadros, roupas personalizadas e desenhos feitos à mão, enquanto se aprofunda no aprendizado da arte digital. Mesmo com paixão e empenho, Nayla enfrenta barreiras quevãoalémdatécnica.

“A maior dificuldade é não saber como funciona o mercado e o que o público mais se interessaemobter.Tambémnãotenhopessoas próximas com experiência para me apoiar, entãotudoémuitonoimproviso”,explica.

A trajetória de Nayla reflete a realidade de muitos artistas independentes em Teresina, que esbarram na falta de orientação, investimento e espaços estruturados para expor e comercializar suas criações. Ainda assim, a cidade abriga uma efervescência criativa silenciosa, marcada por iniciativas que unem música, performance, moda e experimentação.

Um exemplo dessa força é o DJ e produtor musical Lucrécio Arrais, mais conhecido como SENTADO. Com quatro álbuns lançados e uma carreira iniciada ainda na adolescência, ele é fundador da Bailerage, uma festa de techno undergroundquesetornoureferêncianacena alternativadacapitalpiauiense

“As secretarias de cultura e os espaços culturais são fomentadores necessários para a máquina girar. Fazer cinema, música ou qualquer trabalho autoral exige tempo, dedicaçãoedinheiro”,destacaoartista.

Além das pistas de dança, SENTADO se prepara para expandir sua arte para o audiovisual. Em dezembro, ele lança o filme “Bailerage – Um Beat para a Diversidade” no Museu da Imagem e do Som (MIS). E não para por aí: para 2026, já planeja um livro e um novoálbum.

Apesar da movimentação criativa, o apoio públicoaindaévistocomoinsuficiente.

“As leis de incentivo são maravilhosas, mas é preciso mais recursos disponíveis”, afirma SENTADO. Outro nome que representa essa luta é o artista João P. Luis, mais conhecido como Tio Pikachu, roteirista,produtor cultural e escritor. Ele também ministra palestras e oficinas sobre quadrinhos e literatura, buscando retratar a cultura piauiense em suas obras.Umdeseustrabalhosmaisconhecidosé o quadrinho “A Voz de Esperança Garcia”, que narra a vida de Esperança Garcia, considerada aprimeiraadvogadadoBrasil.

Esperança foi uma mulher escravizada no Piauí, no século XVIII. Em 6 de setembro de 1770, escreveu uma carta ao governador de suaprovínciadenunciandoosmaus-tratosque sofria e pedindo providências. O documento é considerado um dos primeiros registros da literatura negra brasileira e uma manifestação histórica contra a escravidão. Em sua homenagem, o Governo do Estado do Piauí instituiu o Dia Estadual da Consciência Negra, e a OAB reconheceu Esperança Garcia como a primeiraadvogadadopaís.

Tio Pikachu também é autor da adaptação em quadrinhos de “O Falso Francês”, de Ítalo Damasceno.

“Agentegostadeconsumirarte,gostadesair de casa para vivê-la. É um sentimento muito bom.”

Em entrevista, o artista fala sobre sua experiência como criador independente e destaca as dificuldades de viver exclusivamente de arte no Brasil. Segundo ele, muitos artistas precisam ter um segundo emprego para se sustentar. Apesar da importânciadasleiseeditaisdeincentivo,elas ainda não contemplam todas as linguagens artísticas. Por isso, os artistas acabam formando redes de apoio entre si, promovendo eventos, feiras e shows, criando um ciclo que permiteamuitosmostrarseutrabalho.

“A arte parece bonita para quem está olhando de fora, mas quem está dentro sabe comoépuxado,dámuitotrabalho”,diz.

Outro tema abordado foi a dificuldade de conquistar público. Para Tio Pikachu, o povo piauienseconsomeevalorizaaprópriacultura no dia a dia, na música, na dança e na culinária, mas é preciso um investimento maior para levar outras formas de expressão, como teatro, literatura e quadrinhos, a regiões periféricasecomunidadesquilombolas.

Mesmo diante dos obstáculos, o artista continua produzindo com entusiasmo. Para ele,fazerarteéumatopolítico,umaformade enxergar e representar a realidade, de tentar transformá-laebuscaraprópriaverdade. “Arteésobrevivência,éresistênciatambém.É algo que você precisa realmente gostar de fazer, porque ela te quebra no meio, mostra a realidade.”

Tio Pikachu fala com empolgação sobre seus próximos projetos, entre eles, a adaptação de “A Voz de Esperança Garcia” para uma animação independente, que será lançada gratuitamentenoYouTubeem2026. Ser artista independente em Teresina é mais do que criar: é resistir. Em uma cidade marcada por desigualdades e carência de espaços estruturados, a arte se afirma como forma de sobrevivência, expressão e identidade. Nesse cenário, a Fundação MonsenhorChaves(FMC)temdesempenhado um papel fundamental ao buscar democratizar o acesso às políticas culturais e oferecerapoiorealaosartistaslocais.

A obra retrata criatividade e expressão artística
ReÄÇ dìçã : Naa FÇa"ã

Em entrevista, o gerente de Promoção da Cultura da FMC, Júlio César, destacou que o processo de identificação e seleção de artistas ocorre de maneira descentralizada, combinando editais públicos, oficinas e o acompanhamento direto das expressões culturais nos bairros. “A FMC entende que a artenãoestáapenasnospalcosoumuseus.Ela nasce nas praças, nas periferias, nos grupos queresistememantêmvivaaculturapopular”, explica.

Segundo Júlio César, a Fundação tem priorizado o diálogo com artistas independentes, coletivos e produtores culturais que, muitas vezes, encontram barreiras para ingressar em processos mais formais. A ideia é aproximar essas vozes da política pública, garantindo que talentos periféricos e emergentes também sejam reconhecidos. “Nosso trabalho é fazer com que o artista se veja dentro das políticas culturais, que entenda que há espaço e oportunidade paraeletambém”,afirmaogerente.

Oseditaisdefomentoepremiaçãocontinuam sendo o principal instrumento de apoio financeiro, possibilitando a execução de projetos em diversas linguagens artísticas, música, teatro, dança, literatura, audiovisual e artes visuais. Esses recursos vêm tanto de verbas municipais quanto de programas nacionais, como a Lei Paulo Gustavo, a Lei Aldir Blanc e a Lei Tito Filho, que permite o incentivo fiscal por meio de empresas locais. “O financiamento é essencial, mas ele precisa vir acompanhado de formação e acompanhamentotécnico”,reforçaJúlioCésar.

Além do suporte financeiro, a FMC oferece apoio estrutural e formativo, disponibilizando espaços públicos para ensaios, apresentações e capacitação.ProgramascomoaBandaEscola,o Balé da Cidade e a Orquestra Escola ajudam a formar novos talentos e a manter uma programação cultural constante. A Fundação também promove oficinas e cursos voltados à escrita de projetos, para que os artistas aprendam a acessar editais e possam se tornar maisautônomos.

De acordo com o gerente, a linguagem dos editais vem sendo reformulada para torná-los mais acessíveis e inclusivos, especialmente para quem nunca participou desses processos. “Temos investido em uma comunicação mais direta e em oficinas de orientação, para que ninguém se sinta excluído por falta de informação”, explica. Essa aproximação tem permitidoquecadavezmaisartistasdebairros e comunidades participem das ações da Fundação.

Mesmo com os avanços, Júlio César reconhecequeosdesafiosaindasãograndes.A ampliação do orçamento cultural e a descentralização efetiva das ações continuam comoprioridades.

“Sabemos que ainda há muito a ser feito, principalmente nas periferias, mas o compromisso da Fundação é seguir construindo pontesentreoartistaeopoderpúblico”,afirma. Entre os planos futuros, estão a implementação do Fundo Municipal de Cultura, a criação da Escola de Formação Cultural da FMC e a expansãodepolosculturaisemdiferenteszonas da cidade. Essas ações pretendem consolidar uma rede sólida de produção e formação artísticaemTeresina

A arte é o que move a cidade. Ela transforma, dá voz e cria pertencimento. Apoiar o artista é apoiar a alma de Teresina

Tio Pikachu em projeto flor de mandacaru na comunidade quilombola de Arthur passos em Jurema do PI

Para Júlio César, o fortalecimento da cultura local passa pela valorização dos artistas independentes e pela compreensão de que arte é também investimento social. “A arte é o que move a cidade. Ela transforma, dá voz e cria pertencimento. Apoiar o artista é apoiar a alma deTeresina”,concluiogerente. Assim, entre a luta diária dos criadores e o esforço institucional da Fundação Monsenhor Chaves,acapitalpiauiensevaiconstruindouma cena cultural viva, diversa e, sobretudo, resistente, onde cada expressão artística é um atodefénaprópriacidade

DJ SENTADO em performance ao vivo durante o show.
Foto: reprodução
Foto: Reprodução/Instagram

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As telenovelas exercem um grande impacto na nossa cultura. Crescemos assistindo às novelasdoManeco,WalcyrCarrasco,Gilberto Braga, Glória Perez, dentre outros. Quem nunca disse “eu assisti Salve Jorge” ao receber uma proposta de emprego duvidosa? Ou dançou a abertura de Caminho das Índias quando criança? Ou até mesmo assistiu escondido, debaixo do lençol, algum capítulo enquanto era para estar dormindo? A novela vai muito além de entreter — ela nos ajuda a enxergar a nossa realidade de uma outra maneira.

Essa mídia é um microssomo social. É uma ferramentaeducativa.Éhistória.Éliteratura.É filosofia. Tudo é novela. Novela é cultura. Durante uma entrevista para a revista eletrônica Deadline Hollywood, a atriz Fernanda Torres destaca que, para ela, o formato é fundamental na formação da identidade nacional. “Nós temos ótimos autores dos anos 70 e 80. Eles fizeram os brasileiros aprenderem a assistir a si mesmos em português. Novelas foram uma ferramenta importante para ficarmos viciados em nós mesmos, para não sermos tão colonizados por culturasestrangeiras”,afirmou.

A teledramaturgia brasileira é a maior representação da nossa sociedade. Ela nos faz lembrar (e se orgulhar!) do nosso país e da nossa cultura. Essas obras possuem o poder de moldarcomportamentosevaloressociais,uma vez que são capazes de criar uma relação de confiança e intimidade com o público. Através de suas narrativas ficcionais, as novelas abordam temas relevantes para a sociedade e estimulam discussões sobre mentalidades e causassociais.

A ficção ajuda o telespectador a descer do muro e assumir conceitos e preconceitos. Nos estimula a expor a nossa visão sobre o mundo, as opiniões mais íntimas e as aversões. Ela nos mostra o Brasil urbano e rural, o moderno e o tradicional, o rico e o pobre, criando uma narrativa comum na qual o público se identifica.

Em uma matéria para o portal Terra, o jornalista Jeff Benício afirma: “Ao destacar assuntos desconfortáveis evitados nas conversas cotidianas — homossexualidade, transfobia, violência doméstica, machismo, desonestidade, racismo, ganância etc. — a novelaservecomoespelhoparamostrarquem somosecomosomos.”

Novela “Cheias de Charme” (2012)

Através de suas tramas, linguagens e personagens, as telenovelas popularizaram expressões, sotaques e modos de vida, transformando-se em um espelho do povo brasileiroeemumimportanteinstrumentode valorização cultural. Elas também refletem os costumesevaloresdecadaépoca,mastambém influenciam o comportamento social. Ao abordar temas como machismo, racismo, homofobia, saúde e tecnologia, elas provocam debateseinspirammudançasdeatitude.

Tendências de moda, gírias e estilos de vida lançados nas novelas frequentemente se espalham pelo país. Diversas novelas marcaram momentos de virada social e política no Brasil. O Rei do Gado (1996), por exemplo, trouxe à tona o debate sobre reforma agrária e direitos dos trabalhadores rurais. Senhora do Destino (2004) abordou desigualdade social e corrupção política. Já O Clone (2001) discutiu clonagem humana e dependência química, enquanto Amor à Vida (2013) foi pioneira ao exibir o primeiro beijo gay masculino em horário nobre, abrindo espaço para maior representação LGBTQIA+ na TV. Essas tramas mostraram que o entretenimento também pode ser ferramenta deconscientizaçãoemudança.

Foto: reprodução TV Globo
Novela “Paraíso Tropical” (2007)
Foto: reprodução TV Globo

No cenário atual, essas mídias continuam exercendo forte influência, mas com novos desafios e formatos. As plataformas de streaming transformaram a maneira como o público consome conteúdo, levando as emissoras a adaptar suas produções para públicosmaissegmentadoseexigentes.

As novelas agora dialogam com as redes sociais, gerando discussões em tempo real, memes e campanhas digitais. Mesmo com a concorrência das séries, o gênero se mantém relevante por sua capacidade de representar o Brasil e contar histórias que refletem o sentimentocoletivodopaís.

Oprincipaldiferencialdasnovelasbrasileiras está na complexidade dos roteiros e na profundidade dos personagens. Enquanto muitas produções latino-americanas seguem modelos mais melodramáticos e lineares, as brasileiras costumam misturar drama, humor ecríticasocial,aproximando-sedorealismo.

A alta qualidade técnica, a diversidade de cenários e o tratamento de temas contemporâneos também contribuíram para o reconhecimento internacional. Por isso, as novelas brasileiras se tornaram referência mundial, exportadas para mais de 100 países e traduzidasparadezenasdeidiomas.

As novelas agora dialogam com as redes sociais, gerando discussões em tempo real, memes e campanhas digitais.
Novela “Três Graças” (2025).
Novela Vale Tudo, um remake realizado em 2025 que gerou debates sobre a influência da publicidade da narrativa
Foto: reprodução TV Globo

J gad ÇeÏ d  Ca“Ä  LaÇg  e•faÜi"a“

Em esportes de alto rendimento, como futsal, vôlei, atletismo e natação, a saúde mental é tão essencial quanto o preparo físico. A saúde mental exerce influência direta na disposição, concentração e desempenho dos atletas. Apesar disso, a presença de profissionais de psicologia esportiva ainda é limitadanosclubes,timeseequipesbrasileiras.

Procurados pela equipe de reportagem do Jornal O Gancho, os jogadores do Campo Largo Futsal destacaram a importância de cuidar da mente para alcançarresultadospositivosdentrodequadra.

“Para mim, a pressão psicológica é meio difícil porqueeusoudefora.Aíeutenhoquemeadaptarà cidade, adaptar ao clube, ao modo de jogo. É um poucomaisdifícil,masétrabalhandoqueagentevai conseguindo”, relatou o jogador William Dias, mais conhecido como Silvestre, que veio do Estado do ParáparaseguiracarreiradeatletanoPiauí.

Uma pesquisa realizada pela revista Trivela, em 2023, apontou que apenas 50% dos 20 clubes da Série A do Campeonato Brasileiro contam com um terapeuta fixo em sua comissão técnica, um dado que evidencia a carência de apoio psicológico no esportenacional.

O treinador do Campo Largo, Clemilton Miranda, reforçou a relevância de ter um profissional de psicologianaequipe.

“Quando eu trabalhei no Resenha, a gente tinha umapsicólogaeorendimentodaequipefoinotório.

Aconfiançadosatletas,apreparaçãoparaosjogos, para as competições, eu acho que isso é de suma importância”,disseotécnico.

Ele ainda destacou que o bom desempenho em quadra depende diretamente da estabilidade emocional dos atletas. Segundo o treinador, estar com a mente equilibrada é fundamental para lidar com situações adversas que podem interferir no placar e no rendimentoduranteaspartidas.

O goleiro Nicolas Oliveira também compartilhou sua experiência com a terapia e os benefícios do acompanhamento psicológico no esporte. “Eu fiz acompanhamento psicológico quando acarretou muitacoisa.Conquistas,ecomissoveioapressãoeas mudanças.”

Aterapiameajudouasermaismaduro,a saberlidarcomatorcidaecomasadversidades que existem dentro e fora da quadra”, relatou o atleta. Após uma competição em Joinville, Nicolascontoutersentidoopesodascobranças e da pressão após os jogos, o que o levou a buscarapoioprofissional.“Anopassado,quando eu estava em Joinville, aconteceu dos jogos impactarem bastante no meu mental, então tive que fazer acompanhamento psicológico e tudomais.Euinfelizmentesofroissodesdecasa também, pelo meu pai ter alcançado vários resultados importantes, então geralmente vem umacobrançanaturalemcimadofilho”,disseo goleiro.

Entre resultados, expectativas e autossuperação, o relato dos atletas do Campo Largo reforça a importância da saúde mental comoparteessencialdodesempenhoesportivo.

Elenco principal do time Campo Largo Futsal na Arena Verdão
Foto: Aldo Carvalho
Foto: Aldo Carvalho
Treinador do time Campo Largo Futsal, Clemilton Miranda
Ala do time Campo Largo Futsal, William Dias.
Foto: Aldo Carvalho/Campo Largo Futsal
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