O Gancho
Jornal Laboratório do curso de Bacharelado em Jornalismo da Universidade Estadual do Piauí - Campus Poeta Torquato Neto
O Gach 50: ÜÇaÏf Çad
{ ÇaiÏÜaÏ a UeÏÄi

![]()
Jornal Laboratório do curso de Bacharelado em Jornalismo da Universidade Estadual do Piauí - Campus Poeta Torquato Neto

Jornal Laboratório do curso de Bacharelado em Jornalismo da Universidade Estadual do Piauí - Campus Poeta Torquato Neto
EDITORIAL
Por: Professora Ma. Ohana Luize
Fazer parte da 50ª edição do nosso jornallaboratório é uma mistura de sorte, compromisso e privilégio de aprender e inscrever o nome nesse instrumento tão importante de aprendizado. A construção coletiva do projeto envolve estudantes e docentes que passam pelas disciplinas de design e redação no curso de jornalismo (em diferentes períodos e variações). Assim, buscamos com esta edição refletir o jornal como ferramenta de transformação social. Um exercíciodaatividadejornalísticaquebebenas tradições do impresso e chega ao digital por meiodaintegraçãoentrenarrativasetécnicas.
As matérias são resultado de uma proposta deescutaevalorizaçãodehistóriaspróximase que constroem a identidade da nossa comunidade. Seja na cidade, na universidade, entre colegas, estudantes, conhecidos ou nos assuntosqueenvolvemacuriosidadejorna-
alística desses profissionais em formação que ora assinam este expediente. Fazendo, errando, refazendo, acertando, ajustando e melhorando. Assim podemos resumir essa oportunidadedepráticalaboratorial.
Trazemos os impactos das mudanças climáticas na saúde, o turismo religioso como força cultural e econômica (na nossa editoria Mandacaru), o meio ambiente como pauta urgente e o protagonismo feminino na educação e no esporte. Também ressaltamos a importância do Centro Cultural da cidade de Teresina, além de discutir políticas públicas, pesca e economia sob a ótica do desenvolvimentosustentávelehumano.
Queesta50ªediçãoinspire,cumpraseupapel pedagógico e comunicacional, e integre a trajetória deste projeto junto a essa geração de jornalistaseasvindouras.
Ilustração: Vitor Ribeiro
Expediente
Jornal Laboratório do Bacharelado em Jornalismo da Universidade Estadual do Piauí, campus Poeta Torquato Neto (Teresina, Piauí)
Este jornal faz parte das atividades laboratoriais das disciplinas Design Jornalístico e Redação, Produção e Edição Para Mídias Impressas
Editoras: Isadora Vitória dos Santos Araujo e Yanna Raizza Silva Rodrigues
Ilustradores: Christian Emanuel Silva de Jesus e Vitor Alves Almeida Ribeiro
Equipe de repórteres/geral:
Alice Gabrielly Lima Campelo
Ana Cecília de Carvalho Paiva
Ana Lucia Freitas Rodrigues Chaves
Christian Emanuel Silva de Jesus
Emily Fernanda Martins Araujo
Ericka Aline Sousa dos Santos
Erik Paulo Sousa Silva
Gabrielle Zanin Borges de Sousa
Isack Costa Silva
Isadora Vitória dos Santos Araujo
Ismael Vitor dos Santos Oliveira
Jaspe Lieedh Nunes de Miranda Conceição
Kauanny Holanda Reis
O mundo contemporâneo e o avanço das crises sociais e ambientais provocadas pelo capitalismo

Luís Alberto Lustoza Damasceno
Luís Miguel Silva Sousa
Luisa Regina da Silva Reis
Marco Antonio Sena Martins
Maria da Conceição da Silva
Maria Eduarda Oliveira Assunção
Maria Julia Borges Martins
Maria Juliana Moraes Fontinele
Maria Vitória de Saboia Linhares
Maria Vitória Soares da Silva
Sarah Cristina Carvalho Silva
Thais Cabral Romero Chaves
Vinicius Vieira Rodrigues
Vitor Alves Almeida Ribeiro
Yanna Raizza Silva Rodrigues
Revisão de diagramação e criação de projeto gráfico: Pedro Wesley
Revisão geral e supervisão: Ohana Luize –professora do curso de Jornalismo
Endereço: Curso de Bacharelado em Jornalismo. CCECA –Centro de Ciências da Educação, Comunicação e Artes.
Rua João Cabral, 2231, Setor 6, Coordenação de Jornalismo, Pirajá, Teresina – PI. CEP: 64002-150.
Por: Ana Lúcia Freitas e Gabrielle Zanin

onhecida por décadas pelo termo “Cidade Verde", Teresina passou por transformações marcadas pelo crescimento urbano e pela expansão imobiliária. Essas mudanças levantam a discussão sobre a manutenção das áreas arborizadas e o impacto da urbanização no ambiente e na qualidade de vida dos moradores.
Para a professora da Universidade Estadual do Piauí (UESPI) Roselis Machado, bióloga, mestre em Botânica e doutora em Geografia, a expressão já não condiz mais com a realidade atualdacapital.
“Teresina com certeza hoje não tem mais esse título. Perdemos há muito tempo. Aliás, eu sinceramente nem sei se chegamos a tê-lo oficialmente. O processo de urbanização e a expansão imobiliária sem planejamento fizeram com que a cidade reduzisse grande partedassuasáreasverdes”,explicou. ParaRoselis,agestãodasáreasverdesdepende diretamente da atuação do poder público municipal, que deve contar com profissionais capacitados e políticas de monitoramento constantes. A professora avalia que a falta de continuidade nas ações de gestões anteriores prejudicou a manutenção e a distribuição dos espaçosarborizados.
Segundoela,avegetaçãourbana,assimcomo qualquer organismo vivo, requer acompanhamento e cuidados permanentes para se manter saudável e cumprir seu papel ecológico.
Moradores também percebem as mudanças no clima e na paisagem. Carlos Ribeiro, que vive há décadas na capital, afirma que o calor se intensificou nos últimos anos e que o númerodeárvoresdiminuiu.“Aquisemprefez muito calor, mas hoje em dia está ficando insuportável. Antes tinha realmente mais árvores, e vem diminuindo o número. Está cheio de prédios, parando para pensar chega atésermeiopreocupante.”
O termo “Cidade Verde”, segundo nossa apuração, foi atribuído à cidade pelo escritor maranhense Coelho Neto, durante uma visita em 1899, quando destacou a presença marcante da vegetação local, referência que ainda aparece como expectativa da população frenteàsaçõesemcurso.
A Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SEMAM), questionada sobre os desafios da arborização, lançou em dezembro de 2023 o Plano Diretor de Arborização Urbana de Teresina(PDAU),commetadeplantarcercade 1,4milhõesdemudasnodecorrerde20anos.
Ao longo de 2024 e 2025, o plano começou a ser implementado, com ações como o plantio de mudas em regiões com menor cobertura e parcerias com a Codevasf e o Exército Brasileiro para a recuperação de Áreas de Preservação Permanente (APPs). Até o momento, a SEMAM não divulgou dados atualizados sobre quantas mudas foram efetivamenteplantadas
O Gancho tentou contato com a secretaria para obter mais informações, mas não obteve respostaatéofechamentodestamatéria.
Aqui sempre fez muito calor, mas hoje em dia está ficando insuportável
Por: Christian Emanuel e Juliana Fontinele

Com o avanço das queimadas durante o período de seca, típico do B-R-O-Bró , forma que a comunidade piauiense chama o fenômeno do aumento de calor que ocorre entre os meses de setembro, outubro, novembro e dezembro , alguns problemas de saúdetambémaumentam.Esseefeitoeabaixa umidade do ar se somam ao aumento da fumaça e da fuligem, acarretando em risco crescente para a saúde respiratória da população.
Solange da Silva Sousa, costureira, convive comasmahá27anoseafirmaqueoclimaseco agrava muito sua condição. “Durante esse período, sinto uma coceira pulmonar e uma ardêncianopeito”,relata.Paratentaraliviaros sintomas, ela procura manter a casa sempre limpaebemarejada.

No entanto, a fumaça e o tempo seco já a levaram ao hospital em algumas ocasiões. “Eu me sinto muito triste, porque o ar já é muito seco e as queimadas só pioram para nós. Chega um momento em que o peito fica piando”, desabafa.
O pneumologista Dr. Renato Calil, da Hapvida, em declaração ao O Gancho, alertou para os perigos da exposição à fumaça e reforçou a importância de cuidados preventivos. Segundo ele, a exposição prolongada pode agravar doenças crônicas e causar sintomas como tosse, irritação nos olhos e falta de ar. “O que as pessoas podem fazerparaminimizarosdanosémanterportas e janelas das residências fechadas para diminuiraentradadessaspartículas,
trocarasroupasdecamaemanteroambiente úmido”, afirmou o médico. Renato ainda alertouparaanecessidadedeboahidrataçãoe cuidados respiratórios. “É importante manter as vias aéreas sempre bem umidificadas, ingerir bastante líquido e, se preciso, lavar as vias respiratórias com soro fisiológico ou até mesmoaspiraraágua”,reforçou.
É importante manter as vias aéreas sempre bem umidificadas, ingerir bastante líquido

O médico recomendou a busca por atendimento médico a partir de alguns sintomas, como dor ou aperto no peito, chiado e dificuldade para respirar. Crises de asma também foram consideradas sinais de alerta, segundoRenato.
AssimcomoSolange,milharesdepessoasem todo o estado enfrentam os efeitos diretos do ar seco e da fumaça durante o B-R-O-Bró. Enquanto as queimadas seguem castigando o meio ambiente, o desafio diário de respirar commaisdificuldadesetornaumlembreteda importância de cuidar da saúde e combater esseproblemaqueatingetantoslares.
Por: Yanna Raizza, Luisa Reis e Cecília Paiva
Nos últimos meses, o centro de Teresina vem ganhando um novo fôlego. O que antes era lembrado apenas pelo comércio e pela correria do dia a dia, hoje se transforma em um espaço de lazer, cultura e reencontros. O termo “ocupando o centro” voltou a circular entre os teresinenses, e não é à toa: ações de comerciantes locais, pequenos empreendedores, jovens, artistas e também projetos do Governo se somam em investimentos para fortalecer a região e resgatar o simbolismo e a importância do centroparaahistóriadacidade.
A proposta é clara, promover cultura, lazer e circulação da economia local. O objetivo é devolver ao centro a vida que ele sempre teve, mas que, por algum tempo, ficou adormecida. Entre as iniciativas, destacam-se eventos musicais, feiras e espaços voltados para o convívio, a diversidade e a valorização da arte local.
UmexemplodissoéaRuaLisandroNogueira, que se tornou um verdadeiro ponto de encontro entre jovens e amantes da boa música. Espaços como Casa Barro e Seu Javas mostram que o centro pode e deve ser um ambiente acolhedor e cheio de energia. A vibe de bar ao ar livre, com o público se divertindo e trocando histórias, faz com que muitos redescobrem o prazer de estar no coração da cidade.
Outro destaque é o evento que acontece na Praça Pedro II toda segunda quarta-feira do mês, que voltou com força para reunir o público com um bom samba, cerveja gelada e umaatmosferaalegreecontagiantenocoração de Teresina. É nesse cenário que o centro mostra sua força como palco da cultura popular,unindogeraçõesefortalecendolaços.
Para o frequentador João Vitor, que costuma participar das atividades culturais no centro, essas iniciativas representam muito mais do quesimpleseventos:
“Acho que são muito importantes para movimentar aquela região que ficou tanto tempo sem atrativos culturais. Esses eventos e espaços de lazer no Centro são uma forma de manter viva a memória da nossa cidade e promovem uma reflexão sobre a valorização da nossa cultura, dos nossos espaços e dos nossos artistas. Eu vejo essas ações como uma oportunidade para celebrar a diversidade e a riqueza cultural do centro, fortalecendo nossa identidade.”
Você, que já passou por essas ruas e talvez tenha boas lembranças de lá, pode perceber o quanto o centro tem se transformado. São empresários, artistas e produtores locais que vêm contribuindo para tornar a região mais atrativa e dinâmica. João comenta ainda que essemovimentocriaoportunidadesparatodos osgostos:
“Hoje é possível participar de eventos de diversos segmentos no Centro, do samba ao rock. Sempre vai ter algo que te conecta com o movimento que acontece lá. Além de ser uma ótimamaneiradesedivertircomosamigos.”
Mas, como ele mesmo ressalta, o trabalho aindanãoacabou:
O centro está melhorando, mas ainda há muito a ser feito para torná-lo um espaço de acolhimento e lazer para todos


O revivenciamento do centro de Teresina é mais do que um projeto urbano, e um reecontro com as origens da cidade. Teresina celebra sinais de mais interesse pela cultura e suas raízes ao mesmo tempo que clama por mais incentivo, políticas públicas e acessibilidade democrática aos espaços urbanos,sejanocentroouemoutraszonas. Oconviteparaquesevolteaocuparespaços públicos ou empreendimentos dos mais diversos,seconectacomaculturalocaleajuda aescreverumanovahistóriaparaocoraçãode Teresina, uma história feita de música, encontrosepertencimento.
O revivenciamento do centro de Teresina é mais do que um projeto urbano, e um reecontro com as origens da cidade.
Por: Luís Alberto e Maria Júlia

polos mais expressivos do turismo religioso na região Nordeste. Em cada canto do estado, a fé move multidões: romarias em Oeiras, peregrinações em Santa Cruz dos Milagres, celebrações em Campo Maior e grandes festivaisemTeresina.Maisdoquerituaisdefé, esses eventos se tornaram pontes entre a espiritualidade católica, cultura e desenvolvimentolocal.
Oturismoreligiosocrescedeformaconstante no Piauí, sustentado pela fé e pelo valor cultural das celebrações. Mesmo fora das grandes temporadas, os eventos mantêm o fluxo de visitantes e fortalecem o desenvolvimentodascomunidadeslocais.
Em diversas regiões, o turismo religioso é um reflexo direto da devoção popular. No interior do estado, o padre Marcelo Silva, de Altos, que há anos organiza romarias e peregrinações locais, destaca o poder transformador dessas manifestações.
“As romarias não são apenas caminhadas de fé, mas encontros de esperança. As pessoas vêmagradecer,pedirforça,renovarpromessas.
Ele observa ainda que, ao longo dos anos, a presença de visitantes cresceu de forma significativa. “Hoje, recebemos grupos de vários municípios. O turismo religioso é também um movimento de comunhão, une as pessoas e movimenta a economia das cidades porondepassa”,completa.
As peregrinações movimentam a economia e preservam tradições. Durante as festas, comidas típicas, feiras e manifestações culturais reforçam o caráter comunitário e fazem das romarias o ponto alto do calendário local.
A turismóloga e jornalista Conceição Santos, proprietária da empresa Ceiça Turismo e guia turismo religioso, reforça o potencial econômicoesocialdessascelebrações.
“Oturismocomoumtodogeraemprego,renda e movimentar a economia de uma localidade e com o turismo religioso não é diferente. Ele sozinho atrai muitos romeiros que sempre tem promessasparapagarebuscamiraoencontro
(localidade ou santo) que acredita ter relação com seu milagre. Então para chegar ao destino, ele necessita fazer um deslocamento, comer ou mesmo comprar algo como lembranças para levar e presentear as pessoas queridas, ou seja, todos os envolvidos com turismo de uma forma ou de outra, ganham.” explicou.
As celebrações geram impacto direto na economia das pequenas cidades, aquecendo o comércio e a rede hoteleira. Com isso, cresce também a necessidade de investimentos em infraestrutura e integração entre os destinos religiosos.
Conceição também aponta desafios a serem enfrentadosparaatenderopúblicocatólicodo estado da melhor forma, além de justificar e apresentar oportunidades que podem ser aproveitadasdentrodoterritóriopiauiense.
“O Piauí tem grandes desafios, principalmente na parte de infraestrutura, transporte e divulgação dos nossos destinos. Ainda falta investimento e reconhecimento do potencial que temos. Por outro lado, as oportunidades são enormes — o Estado é rico em locais de fé, com romarias e festas religiosasemváriasépocasdoano.
O Arcebispo de Teresina, Dom Juarez Sousa da Silva cita o turismo religioso como um ato de evangelização e valorização cultural. “Quando o fiel se desloca para participar de uma celebração, ele não busca apenas um evento, mas uma experiência espiritual. É um modo de evangelizar pela vivência, pela culturaepelapartilha”,observa.
Dom Juarez destaca ainda a importância da acolhida nas cidades que recebem os peregrinos. “A fé atrai, mas o acolhimento mantém. Precisamos preparar nossas comunidades para receber com carinho e estrutura aqueles que vêm movidos pela fé”, reforça.
Em Teresina, o padre Douglimar Lima, da Comunidade Católica Shalom, destaca o papel doFestivalHalleluyacomosímbolodessanova geraçãodefiéis.
“O Halleluya mostra que é possível evangelizar com alegria. A música, a arte e a convivência são linguagens que falam diretamente ao coração dos jovens”, diz o sacerdote.

Consolidado como um dos maiores festivais católicos da América Latina, o Halleluya já integra o calendário oficial de Teresina e atrai multidões com sua proposta de evangelização pormeiodamúsicaedacultura.
O Halleluya se destaca por conter missão, cultura e oração em um só evento.
Família participa do Halleluya em Teresina e celebra, juntos, mais um momento de fé, alegria e unidade no festival
Entre os participantes está Luiz Gustavo, dentistaeseminaristadaComunidadeShalom, que já participou de diversas experiências de evangelização,contacomoéaexperiênciacom o festival Halleluya. Ele cita as demais experiências que vivenciou na caminhada católica e aponta a principal diferença entre elaseofestival.
“Já participei de romarias, retiros espirituais, grupos de oração e acampamentos da Canção Nova. Cada um desses tem sua graça própria: a romaria é marcada pela caminhada e penitência. O retiro espiritual é mais voltado paraosilêncio.Osgruposdeoraçãotratam-se

de uma vivência em comunidade, geralmente em encontros semanais. Já os acampamentos da Canção Nova são voltados para formações católicas e fortalecimento da fé. O Halleluya se destaca por conter missão, cultura e oração em um só evento. Se destaca por unir o sagrado e o cotidiano, mostrando que é possível evangelizar com arte, música e alegria,semperderaprofundidadeespiritual.” explicou.
Entre o som dos cânticos, o caminhar dos romeiros e a alegria dos festivais, o turismo religioso no Piauí mostra sua força e diversidade. Em cada cidade, a fé se manifesta de formas únicas, mas sempre com o mesmo propósito: unir pessoas e manter viva a esperança.SejanasantigasromariasdeOeiras ou nos palcos do Halleluya, a espiritualidade piauiense segue trilhando caminhos que unemtradição,culturaefuturo.
O
Halleluya mostra que é possível evangelizar com alegria. A música, a arte e a convivência são linguagens que falam diretamente ao coração dos jovens


Por: Alice Gabrielly e Jaspe Lieedh

A Copa Maria Bonita foi criada com o objetivo de fortalecer e dar visibilidade ao futebol feminino no Nordeste. A 1ª Edição aconteceu entre os dias 2 e 11 de outubro de 2025, na Arena de Pernambuco (PE), reuniu timesfemininospararepresentarosestadosdo Nordeste. Com nove clubes (um de cada estado), divididos em três grupos de três equipes, o campeonato aconteceu em turno único, sendo apenas os líderes de cada grupo e o melhor segundo colocado que avançam às semifinaisdacompetição.
O nome “Maria Bonita”, escolhido pela organizadora Federação Pernambucana de Futebol (FPF), vem de um símbolo de coragem, força e identidade nordestina. “Assim como a figurahistóricarompeubarreiraseocupouum espaço de liderança em um cenário dominado por homens, a Copa representa as mulheres que fazem do futebol um instrumento de transformação. É um nome que carrega o orgulho, a luta e a representatividade da mulher nordestina — dentro e fora de campo”, afirmaaFederação.
De acordo com a FPF, em parceria com a Perucci Agência de Marketing Esportivo, em buscaderepresentaraforçaeadiversidadeda mulhernordestinanoesportevinham,há três
anos, tentando viabilizar uma competição regional. Ao falar sobre os objetivos do campeonato, a FPF afirmou que: “buscamos impulsionar o movimento de valorização das mulheresnoesporte,reforçandoaimportância da inclusão e do protagonismo feminino no futebol.”
A organizadora afirmou ainda que a proposta central do torneio foi “nivelar as condições dentro e fora de campo”. Assim, a FPF, juntamente com a Perucci, forneceram hospedagem, alimentação e transporte para todos os times envolvidos, além de suporte técnico e administrativo para as atletas e delegações.
De acordo com a instituição o verdadeiro legadodaCopaMariaBonitaéinspirar.“Aodar visibilidade às atletas, mostrar histórias reais e exibir o talento das mulheres nordestinas em redenacional,otorneiomostraàsmeninasque o futebol também é um espaço delas. Queremos que cada jogo sirva de convite: que elassonhem,treinem,esaibamqueofutebolé, sim, um caminho possível e promissor”, reafirmaaorganizadora.
A jornalista da Globo Pernambuco, Sarah Porto, que participou das coberturas e transmissões do campeonato afirma ter
sentido a diferença dentro da imprensa esportivaemcomparaçãocomascompetições masculinas, “acho que a mídia não deu a devida atenção”. “A gente não via apelo de outros veículos nos jogos. É óbvio que existe a questão de concorrência, mas nas competiçõesdofutebolmasculinonãoháesse peso”,explicouajornalistaaoOGancho.
A principal dificuldade sentida por Sarah Porto, foi o difícil acesso à comunicação com as assessorias dos clubes, que não estavam adequadamente estruturadas. Ela afirma ainda que o mesmo clube com o qual teve dificuldadeparaentraremcontato,oSampaio Corrêa, não tinha um time de futebol feminino. “Eles pegaram o time do misto, da Paraíba, para competir por eles”, afirmou Sarahaojornal.
Em contrapartida, destacou que clubes como Atlético Piauiense, Sport, Fortaleza e Bahia estão em um patamar mais profissional, com equipes de comunicação voltadas ao futebol feminino. Para Sarah Porto, o grande desafio está em “os próprios clubes tratarem como elas merecem ser tratadas”.
A diferença de nível entre os clubes envolvidosfoioquemaischamou a atenção
da jornalista, na competição: “Infelizmente, uma coisa negativa, porque a gente vê um Sport ganhando de 14 a 0 do ABC. É uma discrepância que a gente não vê no futebol masculino”. Portanto, Sarah elogia as jogadoras por suas atitudes dentro e fora de campo, afirmando que “elas realmente davam valor e tratavam a gente com respeito, com educação, dandorealmentevaloràquelajanela,sabe,que estavasendodadaaelasali”.


A atacante Nenê, do Clube Atlético Piauiense,celebrouaparticipaçãodoclubena Copa Maria Bonita como um marco na trajetóriadofutebolfemininoregional.Paraa jogadora, o torneio representou um avanço significativo na busca por reconhecimento e valorização da modalidade no Nordeste. “Eu fiquei muito feliz em ter a oportunidade de disputaraCopaMariaBonita,porqueacredito que foi um passo muito importante pra dar mais visibilidade ao futebol feminino do Nordeste”,afirmou.
Segundo Nenê, o torneio conseguiu atrair a atenção do público e de possíveis patrocinadores, algo essencial para o crescimento da modalidade. “Toda a visibilidadequetevenasredessociaisesendo transmitido na TV, acredito que chamou a atenção de muita gente”, destacou que a imprensa tem um papel importante na consolidaçãodofutebolfemininonordestino. O técnico Erandir da Silva, do Fortaleza, após conquistar a 1° edição da Copa Maria Bonita afirmou que o título representa muita como conquista pessoal e coletiva. "Como atleta fui vencedor no clube, é muito bom estar vencendo agora como treinador". Erandir reafirma a determinação e garra das jogadoras e mostra seu respeito por todas: "Elasestãofazendohistória".
"A gente tem poucas competições", afirmou o treinador citando a importância da Copa Maria Bonita para dar visibilidade às jogadoras com mais jogos na agenda. O treinador acrescenta ainda que as leoas devemseguirseusobjetivoscomfoco.

"Elas estão a cada dia se superando e fazendo história",pontuouErandir.
Em dois anos, a Copa do Mundo deve atrair não só mais torcedores para a Arena Pernambuco, mas também a imprensa. Em pequenaescala,cresceavalorizaçãodofutebol femininonoNordeste,jáqueoambienteainda se mostra muito tóxico para as mulheres. Na Copa Maria Bonita, as mulheres estiveram em mais espaços, sendo mulheres repórteres, fotógrafas, mulheres da Federação Pernambucana, mulheres representantes do GovernodoEstado, arbitragem e narração.

Por: Ericka Aline, Isack Costa e Luis Miguel
No encontro entre o rio Parnaíba e o rio Poti, há mais do que correntezas se cruzando. Há histórias, memórias e saberes que sobrevivem em cada rede lançada. Seu Artur Ferreira da Silva, de 63 anos, começou a pescar desde menino com seus oito anos de idade. A rotina diáriaésempreamesma,lançaarede,observa o rio e espera o tempo certo, com a mesma paciência de quem sabe que o peixe nem sempre vem. “Trabalho como pescador desde quenasci”disseoSeuArturFerreiradaSilva.
No período chuvoso, de 15 de novembro a 16 demarço,éotempodapiracema.Apiracemaé o período de reprodução de alguns peixes que nadamrioacimaembuscadelocaisadequados para reprodução e alimentação. Os pescadores não podem pescar nesse intervalo de tempo, sujeitos a multa caso desobedeçam. A captura desses peixes nessa época pode ocasionar uma diminuição da população de espécies, prejudicando, assim, o meio ambiente etodos que retiram do peixe o seu sustento. Como a pesca fica proibida, o Governo Federal oferece aos pescadores um benefício, o seguro defeso de um salário mínimo, conhecido como o períododedefeso.

A poluição dos rios provoca uma série de consequências graves tanto para o meio ambiente quanto para a saúde pública. A contaminação da água, principalmente com substâncias tóxicas, esgoto e resíduos industriais, prejudica diretamente os ecossistemas aquáticos.
Universidade Federal do Ceará (UFC), em Crateús, revelou que a poluição no Rio Poti ameaça a saúde dos peixes e eleva o risco de cânceremhumanospeloconsumo.
Entre várias vivências da vida de pescador, muitashistóriasacontareexperiênciasque ficam para a vida, Seu Artur também relata que já chegaram a achar corpos de mortos, por afogamento ou jogados por criminosos, assim facilitando o trabalho de buscas da polícia, que é algo que ocorre com frequência na região. Em conversa com outro experiente pescador, José Francisco, observa-se que essa ajuda geralmente acontece por conta dos horários emqueospescadorespodemserencontrados.


"Normalmente a gente trabalha a noite, a gente sai para pescar por volta de quatro horas da tarde, aí passa a noite, aí quando é 4h da manhã a gente está chegando no cais para venderospeixes",diz.
"As vendas antes eram até melhores", afirma JoséFrancisco.Eledizquehojeemdianãotem como sobreviver apenas da pesca. "Da pesca que a gente foi conseguindo, a residência, o alimento de casa, o transporte que eu tenho hoje que é uma moto, foi por conta do trabalho queagentetinhanorio".
Da pesca que a gente foi conseguindo, a residência, o alimento de casa.

Os Rios Poty e Parnaíba já fazem praticamente parte da família dos pescadores
Os Rios Poty e Parnaíba já fazem praticamente parte da família dos pescadores, esses que colecionam histórias, momentos e experiências dessa vida nas águas, estando nos rios praticamente todo dia e tendo a liberdadeatémesmoparaapreciaremabeleza das passagens que só eles em suas navegações conseguem contemplar. "A beleza da imagem do rio, o pôr do sol, a noite de lua cheia, algo espetacular para a gente está no rio, a gente que praticamente vive aqui. Eu continuo ainda surpreso com a beleza que a gente tem, é algo assim que sempre vai chamar a atenção da minha parte", de forma marcante, conta José Francisco, que sempre para sua canoa na águaparaverosolsepôrerefletirnaságuas.
Por: Maria Eduarda Oliveira
O número de crianças com acesso a telas no Brasil tem crescido de forma constante. Segundo a pesquisa TIC Kids Online Brasil 2024, aproximadamente 93% da população entre 9 e 17 anos utiliza a internet, o que correspondeacercade25milhõesdepessoas. Entreelas,23%afirmaramteracessadoarede pela primeira vez antes dos 6 anos de idade, uma proporção que mais que dobrou em relaçãoa2015,quandoeradeapenas11%.
O excesso de exposição às telas pode afetar negativamente o desenvolvimento físico, a saúde mental, o desempenho cognitivo e o equilíbrio emocional das crianças e adolescentes. Por isso, é fundamental buscar um equilíbrio saudável entre o uso das tecnologiasearealizaçãodeoutrasatividades, como brincadeiras, esportes e convivência social.
A psicóloga Maira Frazão explica que o uso de telas pode ser considerado normal, desde que seja feito de forma intencional e controlada, sem causar prejuízos à rotina, ao sono ou às relações pessoais. Segundo ela, quando há perda de controle e o acesso passa a ocorrer de maneira compulsiva, especialmente quando utilizado como refúgio para lidar com emoções, o comportamento já podesercaracterizadocomovício.

Quando há exagero no uso de telas, é possível perceber mudanças comportamentais, como irritabilidade, resistência ao diálogo e rigidez cognitiva. Esses sinais costumam se intensificar quando há tentativas de limitar o tempo de uso, indicando uma possível dependência desse tipodeestímulo.
“Surgeadependênciaemocional,comasredes sendo usadas como refúgio ou até como uma forma de sentido de vida. Entre os jovens, é comum o surgimento de comparações entre a própria imagem/realidade e o que é visto nas redessociais,oquepodeprovocaransiedadee baixaautoestima”,destacou.
O uso excessivo das redes sociais está ligado ao aumento de casos de depressão e ansiedade, especialmente entre adolescentes. As experiências nesses ambientes costumam gerar comparações irreais, afetando a autoestima e a percepção da realidade. De acordocomapsicóloga,“ousoconstantepode intensificar sintomas de ansiedade, dependência de validação”. Além disso, o uso excessivodetelaspodeprovocardistúrbiosdo sono, queda no rendimento escolar e, em casosmaisgraves,atrasonodesenvolvimento cognitivo.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que crianças menores de 5 anos utilizem telas por no máximo uma hora por dia. No entanto, mais do que o tempo de exposição, é essencial observar os impactos emocionaisecomportamentaisqueessehábito podecausar.
Não existe uma idade cronológica exata para iniciar o uso de celulares ou redes sociais. O importante é avaliar fatores individuais que garantam o uso saudável dessas ferramentas. Entre os aspectos que devem ser considerados estão a maturidade emocional da criança, o nível de responsabilidade e a supervisão dos familiares, fundamentais para preservar a saúdementaleemocional.
O uso excessivo das redes sociais está ligado ao aumento de casos de depressão e ansiedade, especialmente entre adolescentes
O Governo Federal lançou um guia de orientação voltado à proteção e conscientização de pais e responsáveis sobre o uso de telas por crianças e adolescentes. O documento reúne recomendações para promover um uso mais saudável e seguro da tecnologia.
Entreasprincipaisorientações,estão:
·Evitarousodetelasporcriançasmenoresde2 anos;
·Desencorajar o uso de smartphones por menoresde12anos;
·Regular o acesso a redes sociais conforme a classificaçãoindicativadecadaplataforma;
·Garantir que adolescentes (12 a 17 anos) utilizem dispositivos eletrônicos, aplicativos e redes sociais com acompanhamento de familiaresoueducadores;
·Estimular o uso de recursos digitais por crianças e adolescentes com deficiência, independentemente da idade, para fins de acessibilidadeeinclusão.
e TeÇeÏia Çef Çça a iÄ ÇÜâcia d
Por: Maria Eduarda Oliveira

A corrida de rua vem ganhando cada vez mais adeptos em todo o país, impulsionada pelabuscaporbem-estar,saúdeequalidadede vida. Considerada uma modalidade acessível e democrática, ela se destaca por exigir poucos recursos e poder ser praticada em diferentes ambientes,comoruas,praçaseparques.
Os benefícios físicos e mentais têm atraído corredores de diferentes idades e perfis. Segundo o levantamento Year in Sport, divulgado pela plataforma Strava, a corrida de rua foi o esporte mais praticado no Brasil em 2024.
Apesar da popularidade das corridas de rua, pouco se fala sobre a importância da preparação adequada para garantir uma prática realmente saudável. Cuidados como o aquecimento dinâmico são fundamentais para evitar lesões, melhorar a mobilidade e favorecer a circulação sanguínea durante a atividade.
O idealizador do projeto Corrida Social, que ocorre na zona Sul de Teresina, Francisco Felipe, destacou a importância da orientação profissionalnapráticaesportiva.
“A corrida, assim como qualquer outro esporte, requer acompanhamento profissional. Com essa nova febre, muitas pessoas passaram a adotar a corrida como prática regular. Nosso propósito é mostrar a importância da preparação: não basta apenas calçar o tênis e sair correndo acreditando estar fazendo algo saudável. O preparo adequado é essencial para umapráticaseguraeeficiente”,destacou.
Fatores como respiração e postura também foram abordados durante a realização do projeto, com foco em orientar os participantes sobre a importância desses aspectos para o bomdesempenho.
A iniciativa busca alcançar principalmente pessoas que não têm acesso a acompanhamento profissional, oferecendo um direcionamento seguro para que possam praticar a corrida de forma mais eficiente, saudáveleconsciente.
Osbenefícios físicosementais têmatraído corredores dediferentes idadeseperfis
O profissional de educação física, João Victor, destacou que a iniciativa busca democratizar o acesso à informação e incentivar hábitos saudáveis entre os praticantes. “A gente criou esse projeto para alcançar pessoas que não têm acompanhamento profissional e oferecer um direcionamento para aprimorar a prática da corrida. Compartilhamos dicas sobre alongamentos, respiração e postura, fundamentais para um melhor desempenho e paraevitarlesões”,enfatizou.


Dawcylenny Alencar
Uma das participantes do projeto, Dawcylenny Alencar, demonstrou entusiasmo aofalarsobreaexperiência.Elacontouque,no início, sentiu certo receio em participar das atividades, mas acabou se surpreendendo positivamentecomosresultados.
“Eu achei muito legal, gostei bastante. Incentivo outras pessoas a participarem também. No início, fiquei um pouco resistente, sem saber se valia a pena, e confesso que estava receosa, mas no fim deu tudo certo. Saí com uma sensação muito boa, satisfeita, e pretendocontinuar”,relatou.
Maisdoqueumatendência,acorridaderua se consolida como um estilo de vida que alia saúde, superação e bem-estar. Com a crescente adesão de praticantes em todo o país, o esporte reafirma seu papel como uma atividade acessível, capaz de transformar rotinas e fortalecer tanto o corpo quanto a mente. Correr, hoje, é sinônimo de movimento, equilíbrioequalidadedevida.
