Boletim Novas Alianças #5: Drogadição

Page 1

05

COMO ESTRUTURAR OS SERVIÇOS

4

As equipes de atenção básica dos municípios podem ser preparadas para diagnosticar os casos de crianças e adolescentes envolvidos com álcool e drogas, além de contar com profissionais como psicólogos e médicos para acompanhamento dos casos, como explica a coordenadora estadual de saúde mental da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, Marta Elizabeth. Em municípios com mais de 40.000 habitantes, as ações de saúde mental na atenção básica devem ser desenvolvidas a partir da constituição de núcleos de atenção integral na saúde da família. A equipe de saúde mental do núcleo deverá ser constituída por 1 psicólogo ou psiquiatra necessariamente e 1 terapeuta ocupacional e/ou 1 assistente social. Essas equipes deverão dar suporte técnico às equipes responsáveis pelo desenvolvimento de ações básicas de saúde para a população. Nos municípios que já têm estrutura de Caps, os centros devem avaliar os casos e oferecer psicoterapia e orientação à família e inserir a criança ou adolescente em alguma atividade desenvolvida em seu espaço. Nos casos em que a criança ou adolescente precisa de medicação, devem ser encaminhados ao médico psiquiatra ou pediatra da equipe. Para a criação de Caps, o município deve observar o critério populacional. É preciso elaborar o projeto e encaminhá-lo à gerência regional de saúde, que irá discutir a proposta junto à Comissão Intergestora Bipartite

(CIBI). Após a aprovação, o projeto é encaminhado ao Ministério da Saúde para o credenciamento. Uma vez que o Centro esteja instalado e cadastrado junto ao Ministério da Saúde, o município pode buscar o cofinanciamento do governo federal. Segundo orientação do Ministério da Saúde, é possível solicitar incentivo antecipado ao próprio Ministério para a implantação do espaço. O valor varia entre 20 e 50 mil reais, de acordo com a complexidade do Centro. Segundo Marta Elizabeth, em Minas Gerais, o estado também libera uma verba de 15 mil reais para a compra de equipamentos. Ela afirma que a manutenção do centro será feita a partir da verba vinda do cofinanciamento federal e do próprio município. A contratação de funcionários é de responsabilidade da prefeitura. A criação de Conselhos Municipais Antidrogas é apontada pelo subsecretário de políticas antidrogas de Minas Gerais, Cloves Benevides, como um caminho importante para a estruturação da rede, sobretudo no que se refere à capacitação. Os conselhos já foram instalados em 204 municípios mineiros. O governo do estado em Minas Gerais apoia a formação dos Conselhos por meio de convênio. São repassados 15 mil reais para que os municípios produzam material publicitário e organizem rodadas de discussão, que devem incluir as redes de assistência, educação e saúde. Por meio do edital aberto em 2009, as 87 cidades que se inscreveram tornaram-se conveniadas.

BOLETIM INFORMATIVO DO PROGRAMA NOVAS ALIANÇAS JULHO DE 2010

n vas ALIANÇAS Foto: S. N. / www.sxc.hu

EDITORIAL

DESAFIOS DO ATENDIMENTO EM SAÚDE A CRIANÇAS E ADOLESCENTES QUE USAM ÁLCOOL E DROGAS

N

PARÂMETROS • • • •

Municípios até 20.000 habitantes - rede básica com ações de saúde mental Municípios entre 20 a 70.000 habitantes - CAPS I e rede básica com ações de saúde mental Municípios com mais de 70.000 a 200.000 habitantes - CAPS II, CAPS AD e rede básica com ações de saúde mental Municípios com mais de 200.000 habitantes - CAPS II, CAPS III, CAPS AD, CAPSi e rede básica com ações de saúde mental e capacitação do SAMU. Fonte: Site do Ministério da Saúde

EXPEDIENTE Programa Novas Alianças | Coordenação executiva: Oficina de Imagens – Comunicação e Educação | Coordenadora do Programa: Karla Nunes | Aliados estratégicos: ANDI – Agência de Notícias dos Direitos da Infância, Instituto Ágora em Defesa do Eleitor e da Democracia, Frente de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente de Minas Gerais, Fundação Avina, Fundação Vale e Instituto C&A | Parceiros: Assembleia Legislativa de Minas Gerais – Comissão de Participação Popular e Frente Parlamentar dos Direitos da Criança e do Adolescente, Ministério Público de Minas Gerais | BOLETIM Redação e edição: Oficina de Imagens – Comunicação e Educação | Jornalistas responsáveis: Carolina Silveira (11162/MG) e Eliziane Lara (12322/MG) | Estagiária: Gabriela Garcia | Revisão: Camila Andrade Reis | Projeto gráfico: Henrique Milen | Diagramação e adaptação de projeto: André Nóbrega | Apoio: Gráfica e Editora O Lutador – Projeto de Editoria Social | Tiragem: 2.000 exemplares | Informações (31) 3465-6806 | novasaliancas@oficinadeimagens.org.br

Os Centros de Atenção Psicossocial Infanto-Juvenil são previstos para municípios com mais de 200.000 habitantes, o que equivale a cerca de 2% do total de municípios brasileiros.

ão faltam dados que tratem do impacto do uso de álcool e drogas na vida de crianças e adolescentes. Mas quem lida diariamente com essa realidade sabe que nem é preciso estatística para ter dimensão do problema. Trata-se de um fenômeno complexo que exige a articulação de várias áreas, mas o que se vê normalmente é que a resposta acontece de forma desarticulada, ficando concentrada em campanhas educativas ou em ações relacionadas à repressão ao tráfico. O propósito deste boletim é discutir o papel das estruturas de saúde no atendimento às crianças e aos adolescentes quando eles já fazem uso de drogas. Não se trata de desmerecer a importância do trabalho preventivo, mas de tentar entender a lacuna que existe entre dizer “não entre nessa” e decretar que “quem usa drogas é bandido e deve ser punido”. Houve, portanto, um grande investimento de apuração para tentar entender os caminhos do que se prevê em termos de atendimento em saúde. Vimos que as ações devem ser contempladas dentro da área de atenção à saúde mental, em todos os municípios. Nas localidades menores, por meio das equipes de atenção básica. Nos maiores, em uma rede especializada. Mas faltam estrutura, articulação e informação. Os Centros de Atenção Psicossocial (Caps), equipamentos da saúde dedicados à atenção em saúde mental, resistem em receber crianças e adolescentes porque não são especializados no tema e são dedicados aos adultos. O Caps específico para álcool e drogas também usa o argumento do público para não atender a população de até 18 anos. E os Caps para crianças e adolescentes enfrentam problemas para atender os casos de álcool e drogas, e são previstos para municípios com mais de 200.000 habitantes, o que corresponde a cerca de 2% das cidades brasileiras. Ou seja, crianças e adolescentes que deveriam ter prioridade absoluta em qualquer situação vivem, no caso do atendimento de álcool e drogas, a experiência de serem transferidos de um lado a outro. Mas as regras existem e são claras. Toda a rede deve atender a crianças e adolescentes. Estando de acordo com os critérios populacionais, os municípios devem estruturar uma rede especializada. Não atendendo a esses critérios, devem pactuar o atendimento com outros municípios.

1


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.
Boletim Novas Alianças #5: Drogadição by Oficina de Imagens - Issuu