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Lucros do BNI crescem 80% para 208,62 milhões

• O banco público e de desenvolvimento vai pagar dividendos na ordem de MT 60 milhões ao accionista, o Estado.

O Banco Nacional de Investimento, BNI, encerrou o exercício de 2022 com um lucro de MT 208,62 milhões, uma aceleração de crescimento dos resultados na ordem de 80% face ao montante de MT 115,74 milhões do período homólogo, impulsionado pela evolução favorável dos proveitos e do adequado controlo dos custos operacionais, revelou a 28/04, sexta-feira, o banco.

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O BNI justifica que o excelente desempenho financeiro alcançado em 2022 repercutiu-se positivamente em todos os indicadores de rentabilidade, com maior destaque para a rentabilidade dos capitais próprios (ROE) e à rentabilidade dos activos (ROA) que se situaram em 5,78% (2021: 3,33%) e 2,02% (2021: 1,24%), respectivamente. Por seu turno, o rácio de eficiência (cost-to-income) melhorou de 66,14% em 2021 para 56,93% em 2022.

O BNI sublinha que o ano 2022 marca o fecho do Plano Estratégico 2018-2022, com uma melhoria significativa da situação financeira e patrimonial, como consequência da mobilização de recursos no mercado local e internacional que permitiram aumentar a intervenção do Banco no financiamento à economia.

Com efeito, indica o BNI, o volume de negócios cresceu significativamente, com o crédito bruto à economia a passar de MT 1.971,91 milhões em 2018 para MT 6.013,39 milhões em 2022, representando um aumento de 205%, sendo que, ao longo dos últimos cinco anos, tendo sido gerados lucros no montante global de MT 708,64 milhões; pagos dividendos ao accionista no valor global de MT 183,64 milhões.

“Importa realçar que, apesar destes sucessos, a gestão do Banco foi desenvolvida num contexto macroeconómico cheio de adversidades que afectaram a continuidade e expansão da actividade económica, desde questões da crise financeira global, insustentabilidade da dívida pública, instabilidade cambial e de preços, desastres naturais, pandemia da Covid19, guerra entre Rússia e Ucrânia, para além de focos de insegurança militar na regiões Centro e Norte do país, aspectos que no seu conjunto, criaram um ambiente de incertezas”. Explica Tomás Matola, o Presidente da Comissão Executiva.

Todavia, afirma ele que, o desempenho alcançado nos últimos cinco anos é corolário, não só da expansão da carteira de crédito, mas também da adopção de outros métodos para o incremento das receitas, nomeadamente, adequada gestão de tesouraria e aplicação do excesso de liquidez orientada para activos financeiros com risco e retorno controlados, intensificação das operações dos mercados cambiais doméstico e internacional, prestação de mais e melhores serviços bancários, nomeadamente, emissão de garantias bancárias, cartas de crédito, entre outros, e manutenção duma política rigorosa de gestão e controlo adequados dos custos operacionais”.

Instado a pronunciar-se sobre o futuro, Tomás Matola, afirmou que em 2023, o BNI iniciou um novo ciclo estratégico de 5 anos, o Plano Estratégico 2023/2027, no qual a ideia central é “fazer desse novo período muito melhor que o anterior, trazendo para os nossos clientes, novos produtos e serviços, melhores condições de acesso e melhor apoio e acompanhamento das suas actividades”.

“Pretendemos ainda agregar mais valor económico ao nosso accionista, não só aumentando o património do Banco, mas, sobretudo, financiando e apoiando projectos estratégicos para o desenvolvimento da economia moçambicana”. Frisou o Presidente da Comissão Executiva do BNI.

Explicando ainda a origem dos resultados em contra-ciclo económico, Tomás Matola justificou que o Banco conseguiu alcançar os seus principais objectivos para o ano de 2022, alicerçados na capacidade de geração do valor, apoiada pela abordagem de crescimento sustentável, confortável solidez do balanço patrimonial e adequação do capital, e uma estratégia de negócio conservadora à gestão de risco, evidenciado pelo Rácio de Capital Tier 1 de 17,69%, pelo Rácio de Solvabilidade de 17,57% e pelo rácio de liquidez de 95,39%, um nível acima dos requisitos regulamentares”.

Crescimento económico acelerará para níveis acima de 5% nos próximos anos,

prevê Standard Bank

• Desenvolvimento humano e de infraestruturas essenciais para uma recuperação económica sustentável do país

Enquanto isso, Moçambique está a fazer uma recuperação lenta do crescimento económico, afectado pelos efeitos da pandemia, do choque mundial do preço dos combustíveis na sequência da invasão da Rússia à Ucrânia, bem como da exposição do país aos choques climáticos recorrentes, disse o Economista-Chefe do Standard Bank, Fáusio Mussá, no decurso do Economic Briefing deste banco, ocorrido a 27/04, quinta-feira, na cidade de Maputo.

Esse contexto, tem feito com que a estabilidade macroeconómica em Moçambique requeira uma certa atenção, deste logo, o aperto na política monetária, para ajudar a manter a estabilidade da moeda e conter a inflação. Contudo, verifica-se que espaço, política fiscal, torna-se limitado para apoiar a aceleração económica, uma vez que a despesa de investimento mantém-se relativamente baixa.

O Economista-Chefe do Standard Bank considera ainda que o investimento esperado nos recursos naturais, pode acelerar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), para níveis acima de 5% nos próximos anos, de uma média pouco abaixo dos 3% entre 2016 e 2022.

Isto significa que muito provavelmente o PIB passa a crescer acima do crescimento populacional.

“Do ponto de vista da sustentabilidade da recuperação económica, é importante que o crescimento seja mais inclusivo e que se traduza em desenvolvimento humano”, frisou o Economista-Chefe do Standard Bank.

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), publicado pelas Nações Unidas, que mede um conjunto de dimensões incluindo a saúde (esperança de vida), o conhecimento (anos de escolaridade) e o padrão de vida (produto nacional bruto “per capita”) coloca Moçambique entre os países com menor desenvolvimento humano no mundo, ocupando a posição 185, num total de 191 economias.

É também importante que o país disponha de infraestruturas que apoiem a aceleração do crescimento económico e que sejam resilientes aos impactos cíclicos das mudanças climáticas.

Nesta edição 2023 do Economic Briefing, o painel de debate centrou-se à volta da discussão sobre o desenvolvimento de infraestruturas no sector da electricidade e estradas, como pilares para a sustentabilidade da recuperação económica.

Sobre este tópico, Fáusio Mussá considera que, dadas as limitações do Estado para financiar projectos de investimento à escala das necessidades do país, num contexto em que o rácio da dívida pública mantém-se acima de 100% do PIB, torna-se imperativo acelerar as reformas em curso, para tornar este sector mais atractivo ao investimento privado.

Moçambique tem implementado com sucesso um conjunto de projectos de infra-estrutura, através de parcerias público privadas (PPP), para a geração de electricidade e para operacionalizar os corredores de desenvolvimento (Maputo, Beira e Nacala). A integração regional desta economia tem sido um pilar para viabilizar estes investimentos.

Como resultado, espera-se uma aceleração de reformas no âmbito do pacote de medidas para acelerar o crescimento económico e que o sector privado participe, activamente, nas oportunidades que o mercado apresenta, em diferentes escalas, na geração de electricidade e no desenvolvimento de infraestruturas.

Economic Briefing do Standard Bank, ocorrido a 27/04, na cidade de Maputo, foi o décimo oitavo, um evento que visa partilhar as perspectivas de evolução da economia com os seus clientes, bem como fomentar o debate sobre questões económicas com a sociedade.

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