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Macaé (RJ), sábado, 14, domingo, 15 e segunda-feira, 16 de outubro de 2017, Ano XLII, Nº 9414
Fundador/Diretor: Oscar Pires
CADERNO DOIS O DEBATE DIÁRIO DE MACAÉ
Bico da Coruja: 35 anos de samba, choro e animação!!! Isis Maria Borges Gomes isismaria@odebateon.com.br
O
stentando uma trajetória que mistura o amor pela música e o prazer do convívio entre amigos, entra em cena um espaço tradicional da cidade. Trata-se do bar e restaurante Bico da Coruja, o reduto do chorinho e do samba da cidade, que celebra 35 anos de atividades, compondo um bela página da história de Macaé. Paralelamente, está em evidência naquele espaço o expressivo grupo que leva o mesmo nome, e que embala a animação
da comunidade, abrilhantando o local sempre às quartas-feiras. Assim, próximo à praia do Forte e ao Mercado de Peixes, o Bico da Coruja é apontado como um pedacinho da Lapa na nossa cidade. Ao longo desses anos, um enorme grupo de amigos se reúne para tocar e curtir roda de samba e choro naquele espaço situado justamente na Rua Benedicto Lacerda, 134 (Pororoca), batizado em homenagem ao grande chorão macaense Benedicto Lacerda, reconhecido internacionalmente como um dos ícones do chorinho e grande parceiro de Pixinguinha.
Há 35 anos ali se reúne a nata do choro macaense. Começou de for-
ma despretensiosa, onde os amigos se reuniam e faziam rodas para
tocar cavaquinho, pandeiro, violão e bandolim, mas a “brincadeira”
dos chorões ficou séria e formaram um grupo homônimo ao bar.
Reduto do Choro Macaé, terra de Benedicto Lacerda e de Viriato Figueira da Silva, precursores do choro, por tradição passou a preservar este reduto tradicional de choro e samba. O grupo Bico da Coruja já possui dois
Cds gravados. E por la, o clima é descontraído e alegre e o ponto de encontro atrai outros músicos e grupos de Macaé e arredores. Os versos de uma das músicas mais tradicionais do
Bico resumem um pouco desse lugar especial de Macaé. “Quem chega no Bico da Coruja encontra uma roda de bambas.” O local respira boa música e com um clima completamente diferente.
Boa gastronomia Vários motivos contribuem para o tradicional êxito do Bico da Coruja, incluindo a sua peculiar gastronomia, além de ser o ponto de encontro para um bom papo e divertimento. Neste sentido, um dos pratos de maior sucesso do local é a tradicional Sardinha na Pressão,
Ídolo em comum Amantes do samba e do chorinho, os músicos do Bico têm um ídolo em comum. O cantor e compositor João Nogueira, que sempre foi referência para todos eles. E um dos momentos mais marcantes da história do Bico foi quando o grupo abriu um show do João, no Clube Cidade do Sol, em 1999, poucos meses antes do falecimento dele. Mas nem todo mundo pôde ir ao inesquecível show. O aposentado Edson Assis, o Batata, precisou cuidar do filho Daniel, então recémnascido, e não esteve presente. Se por um lado ele perdeu a chance de tocar com um ídolo, ganhou um presente anos depois. O pequeno Daniel cresceu, hoje, estudante de medicina, quando dá um tempo, é companheiro do pai nas quartas no Bico. “Foi engraçado que não fui ao show por causa dele. Mas a recompensa veio depois”, brinca. “Posso dizer que frequento o Bico desde 7 dias de vida, assim que nasci meu pai já me levou lá para conhecer o lugar e principalmente o Tio
Wallace, uma das figuras mais originais e carismáticas que já conheci. O Bico representa resistência, amizade, companheirismo e amor pela música, é a minha escola, foi lá que eu me fiz chorão e sambista. Poder chegar lá bebê e hoje fazer parte da roda é um orgulho sem fim”, declarou Daniel Abreu Assis. DEFESA DE TESE
Quem diria que o Botequim Bico da Coruja seria assunto de tese de pós graduação? Quem teve essa ideia incrível foi o professor de história, Diógenes. Ele defendeu em curso de pós-graduação em humanidades na UFRJ Macaé e foi um sucesso. “Acho que em toda cidade do mundo tem um Bico da Coruja, pois é impossível uma cidade sobreviver sem a imperiosa resistência dos valores fundamentais à vida: amizade, respeito, muitas risadas e boa música. Procure o Bico da sua cidade, com certeza você será mais feliz”, disse José Medeiros.
Formação atual O grupo Bico da Coruja é composto pelos seguintes integrantes: Dr. Celso (bandolim); Ivam (violão): Mauricio (violão 7 cordas); Dr. Cesar (pandeiro e voz); Wallace (tambor); Daniel Abreu (cavaco); Gustavo (clarinete e Cavaco); Edson Batata (cavaco); e as participações nas rodas de choro de Urandir, Raimundão e Zé Medeiros.
que só o dono Walace Agostinho tem a receita. Os sabores são acentuados pelo prazer delicioso do som de chorinho e samba, que estão sempre no cardápio. O proprietário do bar ressalta que a qualidade do que se ouve interfere diretamente nas pessoas que frequentam o local.
“A própria qualidade da música seleciona as pessoas que vão ao Bico. Aqui, o nível é alto e isso atrai pessoas que gostam desse tipo de música. Não pode falar alto para não atrapalhar, tem que se comportar direitinho”, conta Walace.
Bico da Coruja O proprietário do Bar Bico d a C or u ja , Wal ace A g o s t i n h o, l e m b r a c o m satisfação da fundação do espaço, que foi batizado por um amigo seu, Tidinho Monteiro ( já falecido). E segundo Walace, desde o
início o Bico da Coruja vem atraindo talentos da música, abrindo suas portas para os apaixonados pelo chorinho e samba de raiz. E com o passar dos anos, a sua proposta inicial não se desvirtuou. Ao contrá-
rio. Lá se reúne a nata dos chorões de Macaé, todos amantes da boa música e amadores, curtindo a união harmônica do cavaquinho, pandeiro, violão e bandolim, produzindo o melhor som da cidade.