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Macaé (RJ), sábado, 27, domingo, 28 e segunda-feira, 29 de maio de 2017, Ano XLII, Nº 9317
Fundador/Diretor: Oscar Pires
CADERNO DOIS O DEBATE DIÁRIO DE MACAÉ
Filme inspirado na obra de macaense ganha mundo O filme ‘Tagarela’, inspirado na obra poética do macaense Paulo Emílio Azevedo, estreia no próximo sábado (3) em Nova Yorque (EUA) Isis Maria Borges Gomes isismaria@odebateon.com.br
O
bra poética do macaense, Antropólogo, criador, escritor e professor Paulo Emílio Azevedo inspira filme, que estreia em Nova Yorque (EUA). Trata-se do filme ‘Tagarela’, assinado pelos diretores Fran Mattoso e Filipe Ulpiano Itagiba (Filipe Itagiba), que nasceu de um sarau de poesias no formato poetry slam (de-
safios de poesias) idealizado e fundado por Paulo Azevedo, em 25 de setembro de 2013, narrando as trajetórias pessoais e artísticas de Maxwell Medeiros (Max Medeiros), Letícia Vargas Brito (Letícia Brito) e Luiz Pontes (Mc Slow DaBF). Os três também são cofundadores do ‘Tagarela’. O filme de 15 minutos de duração terá sua estreia oficial no próximo sábado (3) no People´s Film Festival, em Nova York,
sendo representado pela diretora Fran Mattoso e a produtora Beatriz Torres. Além dos festivais citados, ‘Tagarela’ também tem exibição agendada para Indonésia, Bielorrússia, Chicago e Hollywood (EUA) e em festivais nacionais. Mesmo antes da estreia, o filme já recebeu o prêmio de Melhor Documentário na sessão do mês de abril do Around Festival Paris (AFR). “Ter parte de minha obra registrada e reconhecida (assim
como ocorre com as pessoas que estão envolvidas) é motivo de alegria e realizações. Por outro lado, possibilita olhar de outro ponto e atingir outra vista. O tagarela é união de corpo e palavra ocupando a cidade e essa é a minha percepção de arte e política no mundo. A poesia é o que transborda e não pode ser descrito em versos. É aí que o cinema chega para produzir memórias”, declarou Paulo Azevedo.
lhas para o megafone e lanches. Realmente, os resultados de ‘Tagarela’ impressionam pela forma que foi realizado e onde
se projetam seus impactos. Observando a diversidade poética presente nos protagonistas, os diretores Fran e Filipe
Paulo Emílio Azevedo
‘Tagarela’ Segundo o criador da obra inspiradora, o filme ‘Tagarela’, inscrito na categoria de Documentário, foi produzido de um
modo colaborativo e em seu orçamento teve um recurso inferior a R$ 100. Ou seja, o valor foi para pagar bilhetes de metrô, pi-
Entusiasmo do diretor
Entusiasmo da diretora A diretora do filme, Françoise Mattoso (Fran Mattoso), lembra que conheceu Paulo Azevedo (o “Xande”) através do irmão dele, Alcebiades. “Na época, ele tinha uma ideia na cabeça e eu tinha uma câmera na mão. Era quase uma parceria abençoada por Glauber Rocha se considerarmos esse ensinamento. Foi através do Paulo que conheci outro universo da poesia. Não a poesia dos livros (que também tanto admiro), mas uma poesia falada, senti-
da e, acima de tudo, do poeta para povo; do povo tocando o poeta”, declarou Fran. Fran prossegue ressaltando que foi durante o processo que percebeu que sua lente virou uma espécie de poesia subconsciente, onde ela precisava ser fluida, livre e lírica. Da mesma forma que o megafone dava voz àqueles poetas, a câmera precisava dar foco àqueles momentos, ilustrando uma batalha de poemas deixou de ser algo documental e se tornou a
perceberam que o espaço urbano era o ponto de interseção entre os mesmos e tantos outros que participam do filme. Não
própria poesia: um poema de imagens. “Através da sétima arte busquei dar beleza às cenas dispostas e a sinceridade ou coragem dos participantes, sendo um dos momentos que me deixou mais emocionada foi quando vi o Paulo recitar um poema (no megafone) apontando para o ouvido de seu filho Hiago, mas falando baixinho. Tal relação era tão poderosa, as palavras tinham um peso tão real que não pude conter a emoção”, frisou a diretora.
O diretor do filme, Filipe Ulpiano Itagiba revelou que conheceu Paulo Azevedo no início de todo um processo há quase 15 anos, quando era um adolescente, e ele um jovem com responsabilidade de gente grande. “Além de minha esposa, meu filho e minha família, com o devido destaque para a influência que meu avô Cláudio Ulpiano introduziu em meus primeiros contatos com o ´pensamento´, posso dizer que o Paulo é um divisor de águas na minha vida, na minha e de tantas outras pessoas nessa cidade e no mundo. Não sei se há destino, mas a mulher que eu amo conheci no projeto que ele criou; e Xande é um cara que eu respeito demais e admiro, e que tem uma inquietude de gênio. Quanto ao filme ‘Tagarela’, Filipe disse que ele e Fran planejaram passo a passo e partiram logo para a execução, enfrentando as batalhas de poesias pela cidade. No manuseio ele trabalhou também com uma câmera Go Pro atada ao bocal do megafone para dar uma sensação de maior velocidade às cenas. “Na edição, parte que meu trabalho foi ainda mais preciso, optei por sincronizar os detalhes de áudio e gestos dos poetas para potencializar a palavra, também o corpo como performance. Depois fui “brincar” com esse material”, concluiu ele.
havia uma poesia melhor que a outra, mas uma poesia mais impactante em determinados locais e contextos específicos.