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Macaé (RJ), domingo, 20 e segunda-feira, 21 de setembro de 2015, Ano XXXIX, Nº 8817 Fundador/Diretor: Oscar Pires
CADERNO DOIS O DEBATE DIÁRIO DE MACAÉ
Médico macaense é premiado em concurso nacional
Dr. Joel Tavares Passos acaba de conquistar o segundo lugar no Concurso Cultural ‘A Minha História na UTI’, promovido pela Federação Brasileira de Hospitais (FBH) Isis Maria Borges Gomes isismaria@odebateon.com.br
O
brilhantismo de médico macaense é reconhecido no cenário médico-científico nacional. Trata-se de Dr. Joel Tavares Passos, especialista em CTI pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira e Coordenador Médico do CTI do Hospital Unimed Costa do Sol, que acaba de conquistar o segundo lugar no Concurso Cultural ‘A Minha História na UTI’, promovido pela Federação Brasileira de Hopitais (FBH), prêmio que visa difundir trabalhos inéditos que apontem iniciativas de melhoria na condição do
sistema de Saúde do país. Dr. Joel foi premiado com a crônica intitulada ‘A Escolha de Sofia’, onde relata com riqueza de detalhes os seus sentimentos com as dores dos outros, revelando a sua sensibilidade em relação ao próximo e a sua luta neste difícil contexto da saúde no Brasil. E neste domingo (20), Dr. Joel faz aniversário merecendo de todos os macaenses as mais expressivas homenagens, carinho, respeito e admiração. Ele comemora a data em família, junto a esposa, a advogada Patrícia Pacheco, o filho João Pedro, sendo abraçado também pela filha, a médica Bruna.
DR. JOEL TAVARES PASSOS
Nascido em Macaé, Dr. Joel Tavares Passos é especialista em CTI pela AMIB; especialista em Suporte Nutricional pela Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral; membro da Comissão de Formação do Médico Intensivista da Associação de Medicina Intensiva Brasileira; membro da Câmara Técnica de Terapia Intensiva do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro; Professor da UFRJ - Faculdade de Medicina; Coordenador Médico do CTI do Hospital Unimed Costa do Sol; ex membro da Diretoria Executiva da Associacão de Medicina Intensiva Brasileira; ex presidente da Subregional Lagos Norte Noroeste da Sociedade de Terapia Intensiva do Estado do Rio de Janeiro (SOTIERJ).
‘A escolha de Sofia’ (Dr. Joel Tavares Passos) Nós intensivistas que lidamos diariamente com pacientes criticamente enfermos, em um contexto que a falta de vagas em CTI é a regra, vivemos muitas vezes situações que nos reporta ao livro "A escolha de Sofia". Em meados do ano de 1989, em uma manhã como tantas outras, que nós médicos rotineiros de CTI iniciamos a correria do dia a dia, ao chegar ao hospital para mais um dia de trabalho no CTI, presenciei na emergência a chegada de uma jovem, que aparentava ter uns dezoito anos, tinha cabelos loiros compridos embebidos de sangue, rosto de pele clara acentuada pela lividez de um flagrante choque hemorrágico traumático, que não conseguia camuflar a sua beleza. Chegou inconsciente e recebeu os primeiros cuidados para proteção da via aérea. Quando o plantonista me avistou senti que vislumbrou a chance de uma vaga para aquela jovem, cuja única oportunidade de vida estava em um leito, que eu sabia que não existia no único CTI da cidade. No caminho para o CTI, fui relembrando os leitos ocupados que eu já visitara no dia anterior, tentando de alguma forma viabilizar uma possível alta para admissão da jovem. Entrei no CTI, e olhei leito por leito, tudo estava como antes, e me vi em frente ao leito 3. Lembro-me bem, ficava no canto direito de quem entrava no CTI, e abrigava uma jovem cujo tronco deformado fazia emergir membros superiores e inferiores imperfeitos, que a impediam de exercer qualquer movimento, mantinha os olhos abertos sem qualquer conectividade com o observador, vez ou outra a sua face
deformada fazia um gesto que simulava um sorriso seguido de muita saliva pelos cantos dos lábios. Ela havia saído da prótese ventilatória no dia anterior à tarde, cuja indicação foi uma crise convulsiva e coma pós-comicial. Por alguns instantes eu fiquei imaginando que qualidade de vida é aquela, de um ser que não se comunica e nem se move. Será que tipo de convivência teria com seu cuidador ou cuidadora, que não cheguei a conhecer, seria um estorvo? Meus pensamentos foram interrompidos pela voz da enfermeira, que dizia haver uma mãe aos prantos na porta do CTI, por causa de sua filha, voltei à vida real e fui em direção à porta do CTI, com o discurso pronto: Consegui a vaga para sua filha! - Bom dia - Falei, antes que a mãe tivesse a chance de esboçar qualquer palavra. - Fique tranquila, a vaga da sua filha está garantida e tudo vai dar certo! - Desculpe doutor, a minha filha já está internada no CTI, chama-se Sofia, e está no leito 3! - Desculpe senhora, ela está melhor, já retiramos o respirador, e deverá ter alta nos próximos dias! - Obrigada doutor, ela é tudo que tenho, faz dezoito anos que a minha vida é em função da vida dela, e a cada sorriso, peço a Deus que a conserve. Muito obrigada! Muito obrigada mesmo, por trazer de volta a coisa mais importante da minha vida! Falou a mãe, me abraçando e soluçando com o rosto sobre meu peito, [...] Sofia permaneceu internada e obteve alta 48 horas depois, com o sorriso de sempre nos lábios.
Dr. Joel, o Mestre Bus cando um constante aperfeiçoamento pelo mundo afora, Dr. Joel atua há mais de três anos como professor no CTI do Hospital Unimed Costa do Sol, que foi credenciado pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira como centro formador
de profissionais, e no Centro de Estudos do Hospital Público de Macaé (HPM), com a proposta de lutar e formar médicos principalmente humanos assim como ele. “Isso nos colocou em um grupo seleto de hospitais pelo Brasil, que têm a responsabilidade de
Dr. Joel com a esposa Patrícia e o filho João Pedro
formar médicos especialistas em CTI”, frisa o médico, esclarecendo ainda que atualmente o Centro possui vários residentes em CTI, que vêm de outras cidades e de outros estados, morar e estudar em Macaé, para se tornarem médicos especialista em CTI.
Dr. Joel com os filhos Bruna e João Pedro