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Caderno Dois WWW.ODEBATEON.COM.BR • MACAÉ (RJ), SEXTA-FEIRA, 17 DE JANEIRO DE 2014 • ANO XXXVIII • Nº 8295 • FUNDADOR/DIRETOR: OSCAR PIRES

Ginga e devoção ao som do berimbau marcam fim de semana Macaé foi sede do 2º Encontro Nacional dos Capoeiristas Evangélicos Isis Maria Borges Gomes isismaria@odebateon.com.br

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raticantes evangélicos da capoeira montam ministérios e usam o jogo para evangelizar. Assim, numa iniciativa e empenho do professor Preto (Evandro Fernandes) e do instrutor Bacum (Sérgio Basílio), um trabalho que começou para levar a Palavra de Deus através da capoeira toma proporções bem maiores, na cidade. E, no final de semana passado, Macaé foi sede do 2º Encontro Nacional dos Capoeiristas Evangélicos. O evento aconteceu na Terceira Igreja Batista, sob a liderança do Pastor Geraldo Geremias. A abertura foi realizada na sexta-feira (10) com uma Roda de Capoeira Evangelística em frente ao Ciep da Aroeira. A promoção prosseguiu no sábado (11), com atividades que tiveram início às 8h no Templo da Terceira Igreja Batista de Macaé, cumprindo uma programação repleta de palestras, louvores, e debate sobre o tema ‘Capoeiristas no Evangelho’. O encontro foi encerrado com uma grande roda de capoeira, com destaque para o maculelê.

CAPOEIRA EVANGÉLICA

Ao som característico do berimbau, a roda se forma com praticantes vestidos de branco. Logo começa a capoeira. Vigorosos e ágeis, os movimentos são de encher os olhos. As palmas marcam o ritmo, enquanto manobras como cambalhotas, trança-pés e rabos-de-arraia se sucedem. Mas o que chama a atenção ali é o tipo de música utilizada para animar o grupo. Em vez de ritmos tradicionais, como a chula, a ladainha e o corrido, o que se ouve são corinhos evangélicos e brados de “aleluia” e “glória a Deus”. De uns tempos para cá, cada vez mais crentes têm praticado a capoeira, mostrando que, se o coração é de Cristo e a mente está cheia da Palavra de Deus, o corpo pode gingar à vontade. Em todo o Brasil, grupos de capoeiristas crentes montam verdadeiros ministérios que utilizam esse esporte tipicamente nacional, nascido da herança cultural negra, como veículo de evangelismo e ação social.

Preconceito contra a capoeira o preconceito contra a atividade da capoeira não tem apenas caráter religioso. A capoeira já foi até proibida oficialmente no Brasil, em 1850. Naquela época, quando ainda era utilizada como luta corporal, dizia-se que era coisa de vagabundos e ladrões - certamente, por discriminação em relação aos negros, já que ainda vigorava a escravidão no país. Quem fosse pego praticando capoeira ia preso e ainda podia sofrer severos castigos físicos. Foi só em 1937, sob o Estado Novo de Getúlio Vargas, que a capoeira deixou de ser legalmente proscrita.

SUCESSO TOTAL!!! SEGUNDO O MESTRE PRETO, o 2º

Encontro Nacional dos Capoeiristas Evangélicos marcou um expressivo sucesso, ao contar com a participação de cerca de 100 capoeristas vindos do Rio de Janeiro, São Paulo (SP), Nova Friburgo (RJ), Rio das Ostras (RJ), e Macaé. Numa organização do professor Preto, evento contou ainda com a participação especial dos Mestres Bahia (RJ), Ziza (Rio das Ostras), Altair (RJ), Tinega (Rio das Ostras), Grande (Macaé); e dos professores Jarrão

(de Friburgo), Águia (Rio das Ostras), Pudim (de Macaé). Nascido em berço evangélico, Evandro Fernandes (Professor Preto), de 45 anos, revela que luta/dança capoeira desde 1989. Percebeu que a capoeira não era aceita por algumas igrejas evangélicas. E num contexto de violência que assolava a sociedade e a juventude, sentiu de Deus um despertamento para que começasse a pregar o Evangelho nas rodas de capoeira. E, assim nasceu a chamada

Capoeira Evangélica, que logo contou com o apoio irrestrito do pastor Geraldo Geremias, da Terceira Igreja Batista. O movimento foi crescendo em todo o município macaense e também nos grandes centros. Atualmente, a capoeira já é praticada em muitas igrejas evangélicas de Macaé, atingindo cerca de 12 igrejas, expandindo ao mesmo tempo em todos os estados brasileiros. Segundo o professor Preto, os pioneiros da capoeira evangélica do Rio de Janeiro foram

os Mestres Altair e Ziza, que também estiveram presentes no evento de Macaé. “Não praticamos a capoeira para ganhar dinheiro e sim por amor ao Evangelho. E a nossa proposta é simplemente expandir o Evangelho através da arte da capoeira”, declarou o professor Preto, ressaltando que a Capoeira Evangélica vem atingindo plenamente os objetivos, transmitindo a palavra de Deus a todos que se interessam pela prática do esporte. Ele cita como exem-

plo que este encontro contou com a presença da comunidade macaense, em especial dos moradores da Aroeira, onde houve a apresentação na sexta-feira passada. Os interessados em praticar a capoeira evangélica podem procurar o professor Preto, que dá aulas de capoeira na Associação de Moradores do Morro de São Jorge, às segundas e quintas-feiras (das 19h a 21h). As aulas são gratuitas. Outras informações pelo telefone (22) 99939-1854.


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