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Macaé (RJ), sexta-feira, 9 de dezembro de 2016, Ano XLI, Nº 9197
Fundador/Diretor: Oscar Pires
CADERNO DOIS O DEBATE DIÁRIO DE MACAÉ
Novos talentos sob aplausos do público macaense Os formandos do Curso Técnico de Teatro sobem aos palcos do Teatro Municipal de Macaé, encenando a peça ‘Salém Além das Bruxas’ Isis Maria Borges Gomes isismaria@odebateon.com.br
G
anha evidência na cidade e muitos aplausos do público macaense a 5ª Mostra de Arte Dramática de Macaé, com a Formatura dos alunos da turma 2015 do Curso Técnico de Teatro, promovida pela Escola Municipal de Artes Maria José Guedes (EMART), através da Fundação Macaé de Cultura. O evento acontece em
minitemporada, revelando grandes talentos da arte cênica, realizando montagens de final de ano como forma de apresentar o desenvolvimento técnico individual. Assim, os palcos do Teatro Municipal de Macaé recebem o grupo de alunos nas noites desta sexta-feira e sábado (9 e 10), encenando a peça ‘Salém Além das Bruxas’. O espetáculo acontece em duas sessões, às 18h30 e às 20h30, com texto de Arthur Miller, adaptação
e direção de Marcelo Atahualpa. A entrada é franca. ‘SALÉM ALÉM DAS BRUXAS’
A peça teatral “As Bruxas de Salém”, escrita em 1953 pelo dramaturgo norte-americano Arthur Miller (1915-2005), retrata eventos ocorridos no vilarejo de Salém, Massachusetts, no ano de 1692, quando aquela comunidade foi tomada por um surto de histeria coletiva que levou à prisão de 150 pessoas e
o enforcamento de outras 20, condenadas pelo crime de bruxaria. No roteiro original, um grupo de meninas é pego dançando na floresta. Assustadas e temendo retaliações, as meninas passam a se dizer arrependidas de terem sido tentadas pelo demônio e, para livrarem-se de represálias, passam a acusar outras pessoas. O procedimento padrão dos julgamentos instaurados passa a ser este: uma pessoa acusada de bruxaria deveria confes-
sar seu crime e, em seguida, ajudar o tribunal a continuar “limpando” a comunidade das “manifestações demoníacas”, acusando outras pessoas. Caso um acusado se negasse a fazêlo, seria condenado à forca. Daí advém a expressão “caça às bruxas”, que serve para designar a busca interminável por um mal inexistente onde a própria busca é um mal em si. Arthur Miller, ao retratar Salém, faz uma crítica ao chamado Macartismo, política de perse-
guição ao comunismo que vigorou nos Estados Unidos entre os anos de 1950 e 1957, impulsionada pelo Senador Josephy McCarthy. Ao longo desse período milhares de cidadãos americanos foram acusados e muitos perderam seus empregos ou até mesmo foram presos, a partir de incontáveis delações carentes de fundamento. A maioria das punições foram baseadas em julgamentos que mais tarde foram anulados e leis que foram declaradas inconstitucionais.
Expectativas do diretor
Ficha técnica ● AUTOR:
Arthur Miller
● DIREÇÃO E ADAPTAÇÃO: ● FOTOS:
Marcelo Atahualpa:
Carol Rainha
● CENOGRAFIA, ILUMINAÇÃO E FIGURINOS:
Criação Coletiva.
● ELENCO: Guilherme Areias, Jaqueline Souza, Julie Silveira, Lorrany
Mothe, Magno Moreira e Viviane Santos Amanda Brandão, Carol Souza, Léo Mendes
● ATORES CONVIDADOS:
O Diretor Teatral Marcelo Atahualpa ressalta que a sua proposta da montagem deste espetáculo ‘Salém Além das Bruxas’ é traçar linhas de intertextualidades entre Salém de 1692, os Estados Unidos dos anos 50 e o Brasil dos dias atuais. “Importa-nos menos esse perigo forjado, mal urdido de um suposto mal denominado “bruxaria” em uns tempos ou “comunismo” em outros. Importa-nos mais entender de que modo o fanatismo religioso dá margem para eventos de histeria coletiva, gerando o perigo (este sim eminente) de um estado supostamente laico, mas cada vez mais totalitário e teocêntrico. Interessanos saber em que medida a justiça deixa de ser “justa” e passa a ser
regida tão somente pelo desejo de vingança”, declarou o diretor, acrescendo que a montagem se posiciona de maneira crítica em relação à intolerância religiosa, já que é preciso que todos estejam atentos à questão da diversidade cultural, mostrando ainda que a falta de tolerância pode gerar fenômenos históricos lamentáveis, como o ocorrido em Salém em fins do século XVII. DETALHES DO ESPETÁCULO
Marcelo Atahualpa informa que este espetáculo traz para a cena o resultado de dois anos de estudos dos alunos da Turma 2015 do curso Técnico de Teatro da EMART.
“Foram seis meses intensos de ensaios onde investigamos o surgimento de personagens a partir de um trabalho contínuo de ritualidade laica e física. A partir de movimentos de coro, gestualidades físicas, corpos moldados em situação de esforço, surge uma gama de figuras diferentes entre si”, afirma. E conclui: “As bruxas nunca existiram. A perseguição sim. Por isso é preciso treinar nossa percepção. E cada vez mais entender Salém para além das bruxas”.
EMART A Escola Municipal de Artes Maria José Guedes é uma
escola de artes cujo acesso é inteiramente gratuito. A escola oferece diversos cursos na área de artes em nível técnico profissionalizante e em nível de iniciação. Os cursos oferecidos são: Teatro (Técnico e iniciação); Instrumentos Musicais (Técnico e iniciação); Canto (Técnico e iniciação); Pintura em tela (Iniciação). Os cursos são devidamente reconhecidos pelo MEC, cadastrados no Sistec e fi scalizados pela Supervisão de Ensino da Secretaria Municipal de Educação. O endereço atual da escola é Av. Rui Barbosa, 780, 3º Andar. Prédio do Teatro Municipal de Macaé e da Fundação Macaé de Cultura.