Guia dos Tubarões de Profundidade dos Açores

Título: Guia dos Tubarões de Profundidade dos Açores

Capa: Aurora Ribeiro - Observatório do Mar dos Açores

Entidade promotora: Instituto de Investigação em Ciências do Mar, Okeanos–UAc / IMAR

Revisão: Carla Dâmaso, Filipe Porteiro Edição: Okeanos-UAc / IMAR

Autores: Laurence Fauconnet1, Aurora Ribeiro2, Diana Catarino1,3, Eva Giacomello1, Diya Das1, Telmo Morato1, Alexandra Rosa1, Pedro Afonso1 .

Local e ano: Horta, Portugal, 2020 Financiamento: Este trabalho foi parcialmente apoiado pelo projeto de investigação e inovação Horizonte 2020 da União Europeia, DiscardLess (Nº. 633680)

Afiliações: 1Instituto do Mar (IMAR) e Centro I&D Okeanos, Universidade dos Açores, Departamento de Oceanografia e Pescas, 9901862 Horta, Portugal

ISBN: 978-989-99834-2-7 Depósito legal: 472050/20

OMA, Observatório do Mar dos Açores, Fábrica da Baleia de Porto Pim, 9900-000 Horta, Portugal

2-

Edição: digital, 2020

Centre for Coastal Research (CCR), Department of Natural Sciences, University of Agder, Kristiansand, Norway

3-

Como citar: Fauconnet L., Ribeiro A., Catarino D., Giacomello E., Das D., Morato T., Rosa A., Afonso P., 2020. Guia dos Tubarões de Profundidade dos Açores.

Publicações científicas Okeanos nº 2, Okeanos-UAc / IMAR, 48 páginas.

Prefácio: Jorge Gonçalves, presidente da APEDA Design e ilustrações: Aurora Ribeiro - Observatório do Mar dos Açores Fotografias: Rodrigo Sá da Bandeira, Samuel Iglésias MNHN, ARQDAÇO ©ImagDOP, Christoph Noever ©ImagDOP, Diana Catarino ©ImagDOP, Cambraia Duarte ©ImagDOP, Octavio Melo, IMAR, Mikhail Nazarkin (Zoological Institute of the Russian Academy of Sciences).

OKEANOS-UAC ®

2

O

PREFÁCIO

objetivo principal deste guia é dar a conhecer aos profissionais da pesca uma abordagem inovadora, que integra a ciência, a biologia e a ilustração com o propósito do reconhecimento das espécies de tubarões de profundidade dos Açores (algo novo na Região e, talvez, no País).

Numa altura em que cada vez mais a sustentabilidade dos recursos naturais é fundamental para o equilíbrio do ecossistema, é necessária uma efetiva sensibilização dos intervenientes, para o facto de que nenhum recurso é infinito ou inesgotável.

Assim, a capacidade de identificarmos todas as espécies que cheguem a bordo levar-nos-á a um patamar mais elevado de conhecimento (até agora impensável) e ao progresso da preservação das espécies.

A pesca nos Açores caracteriza-se pela utilização de métodos artesanais, utilizando práticas e artes seletivas (amigas do ambiente), como linhas e anzóis, por isso a pesca que se pratica nos Açores é uma pesca sustentável tanto do ponto de vista ambiental como económico.

Nos Açores, a pesca dirigida aos tubarões de profundidade, mais propriamente à gata-lixa, começou na década de 1970 prolongando-se até à década de 1990. Pescámos à gata-lixa com linhas de mão entre os 90 e os 165 metros e só mais tarde, entre 1985 e 1994, foi introduzida a pesca com redes de emalhar a uma profundidade que variava entre os 200 e os 450 metros. Desde então, não voltou a haver nos Açores, com

3

nenhum tipo de arte, qualquer pesca dirigida a tubarões de profundidade.

A pescaria exercida a esta espécie por linhas e anzóis foi muito importante economicamente, porque tudo era aproveitado: a pele para lixa, o músculo para filetes e para secar (sendo conhecida por Bacalhau Açoriano) e os fígados para retirar o esqualeno muito utilizado na medicina e na aeronáutica civil e militar. Algumas destas espécies têm um valor económico significativo, como é exemplo a gata-lixa mas também outros tubarões de grande profundidade capturados recentemente (como captura acessória) em novas pescarias como é o caso do Espada Preto e da Melga.

Praticamos uma pesca artesanal sustentada e sustentável. Julgo, por isso, que estão reunidas todas as condições para que possamos fazer pesca dirigida com linhas e anzóis desde que acompanhada cientificamente com medidas de gestão de stocks.

A presente publicação, que tenho o prazer de prefaciar, é sem dúvida o melhor guia que alguma vez tenha visto e constitui um contributo extraordinário para a identificação das espécies de tubarões de profundidade. Assim, felicito os autores deste guia pelo trabalho realizado.

Jorge Gonçalves Presidente da APEDA * *Associação de Produtores de Espécies Demersais dos Açores

4

O

INTRODUÇÃO

s tubarões de profundidade são peixes cartilagíneos que vivem geralmente abaixo dos 500 ou mesmo 1000 m, em ambientes caracterizados por baixas temperaturas, elevadas pressões e ausência de luz. São predadores de topo, contribuindo para o equilíbrio e a boa saúde dos ecossistemas, controlando as populações de muitas outras espécies posicionadas mais abaixo na cadeia trófica.

Ao longo de mais de 500 milhões de anos de evolução, os tubarões foram desenvolvendo capacidades e comportamentos únicos para dominarem estes ambientes extremos, como olhos capazes de detetar a mais ínfima luz ambiente, o olfato apuradíssimo que lhes permite identificar presas a quilómetros de distância, ou o controlo perfeito da flutuabilidade de várias espécies ao fazer as suas migrações verticais diarias.

Estas e outras características da sua história natural também tornam os tubarões de profundidade especialmente vulneráveis à pesca, tais como crescimento lento, poucas crias por ninhada, e períodos de gestação de um ano ou mais. A combinação destas características com a intensificação da pesca no mar profundo tem conduzido à sobrepesca de muitas populações e à sua inclusão em políticas de conservação, como a Lista Vermelha de espécies ameaçadas da IUCN, que considera que quase metade das 25 espécies de tubarões de profundidade dadas para os Açores estão atualmente ameaçadas. A proibição de captura em vigor desde 2010 para 16 destas espécies, nas pescarias geridas pela União Europeia, incluindo águas portuguesas, é uma medida de gestão para contrariar esta situação.

5

Tem barbatana anal?

sim

Número de barbatanas dorsais?

2

Focinho espalmado?

sim

PATA-ROXA-DA-ISLÂNDIA

pg. 12

MAMÔNA

não

pg. 30

não

1

LEITÃO-ISLANDÊS

pg. 26

Barbatanas dorsais com espinhos?

sim

Início da 1ª dorsal antes da pélvica?

sim não

não

1ª dorsal acaba no início das pélvicas?

ALBAFAR-BRAVO

pg. 27 pg. 19

sim

não

Número de

fendas branquiais

7 6

Boca terminal

sim não

ALBAFAR

pg. 28

GATA-AÇORIANA

pg. 31

GATA-LIXA

pg. 20 Um ou dois espinhos? um na primeira dorsal um em cada dorsal

1ª dorsal e peitoral arredondadas?

sim não

1ª dorsal duas vezes maior que a 2ª?

sim

PAILONA

pg. 34

não

TUBARÃO-DA-GRONELÂNDIA

pg. 33

TUBARÃO-ANÃO

pg. 35

Espinho da segunda dorsal?

pequeno

Dorsais muito altas em forma de vela sim

pg. 29 não

grande e curvo

Pele?

escur a (castanha ou preta)

Focinho longo?

pg. 17 forma ventral do focinho

não

Prega ao longo da barriga?

sim

Focinho?

Quilha ventral antes da caudal ?

CAROCHO

não

sim

não

espalmado e comprid o

não

Dentes inferiores triangulares apontando para cima?

não

sim

pg. 16

ARREGANHADA

pg. 32

BARROSO

pg. 13

XARA-BRANCA

pg. 14 sim

SAPATA-BICUDA

pg. 22

não

SAPATA-BRANCA

não espalmado e curto

Cor escura e uniforme?

ARREGANHADA-DE-VELUDO

pg. 36 pg. 18

clara (cinzenta)

Extremidade da barbatana peitoral alongada?

SAPATA-PRETA

sim

pg. 21

sim

Pele?

pg. 24

escorregadia e brilhant e áspera e sem brilho

Dentes superiores e inferiores iguais?

sim

pg. 15 não

pg. 23 pg. 25

COMO USAR ESTE GUIA Frequência (cor) e código da espécie para recolha de dados

Espécies com as quais pode ser confundida

Nome comum (Açores)

Xara-preta-de-natura Centroscymnus owstonii

Nome científico

Características distintivas da espécie Comprimentos médios ao longo da vida

focinho curto e convexo

dentes sup. e inf. diferentes

ATENÇÃO! Espécies similares: Carocho p. 16 Arreganhada-de-veludo p. 36 Sapata-preta p. 17

2 barbatanas dorsais com espinhos muito curtos

Quadro de distinção B p. 38

prega rígida ao longo de toda a barriga

0 cm

30 cm

Comprimento

ao nascer

76 cm 1ª mat.

100 cm 1ª mat.

0m 150 m

1460 m

Gestação

Profundidade onde ocorre

Desenho esquemático

sem barbatana anal 120 cm máximo © Diana Catarino - ImagDOP

(pelo qual as fichas se organizam alfabeticamente)

escamas visíveis e pele áspera castanha ou preta

Comportamento

Curiosidade Uma das espécies com maior distribuição global, embora com registos geograficamente dispersos.

5 - 31 crias duração desconhecida 3500 m

Fotografia

8

(cores na página seguinte)

Características de gestação (número de crias por ciclo)

Comportamento social (ver página seguinte)

Facto interessante ou surpreendente

CHAVE DOS ÍCONES Frequência

Distribuição vertical 0m

Comum

250 m

Escala de profundidade onde a espécie pode ocorrer

Pouco frequente Rara

2000 m

Tirar fotografia!

Esta informação é baseada nos dados da campanha demersal ARQDAÇO e nos dados de capturas registradas pelos observadores embarcados nas pescarias de palangre de fundo (programa PNRDPORPESCA) e da pescaria de palangre derivante ao peixe-espada preto (POPA). Não reflete abundâncias reais.

Escala de profundidade onde a espécie ocorre preferencialmente

3500 m

Comprimentos e Gestação

Comportamento Segregação

1ª mat.

= machos na primeira maturação

1ª mat.

= fêmeas na primeira maturação

Os machos e as fêmeas ocorrem em diferentes zonas ou profundidades Os juvenis e os adultos ocorrem em diferentes zonas ou profundidades

(prov.) = provavelmente

As fêmeas prenhes ocorrem em diferentes zonas ou profundidades

Ovovivíparo (crias desenvolvem-se no útero com saco vitelino)

Agregação Indivíduos podem formar grandes agregações

Ovíparo (fêmeas põem ovos)

Fêmeas prenhes podem formar agregações

9

TERMOS USADOS PARA OS TUBARÕES ESPINHOS

BARBATANAS DORSAIS

BARBATANA CAUDAL QUILHA S

FOCINHO BARBATANA PEITORAL

PREGA DA BARRIGA

BARBATANA PÉLVIC A

BARBATANA ANAL

VISTA VENTRAL Machos

Cláspers juvenis

Fêmeas

Barbatana pélvica (as fêmeas não têm cláspers)

Cláspers adultos

10

LIX1

GLD LIX3

FAB

Comum Pouco frequente Rara

APR

Pata-roxa-da-Islândia Apristurus laurussonii

Tirar fotografia!

2 barbatanas dorsais sem espinhos

cor uniforme acastanhada ou cinzenta escura

focinho comprido e espalmado com padrões de poros

início da barbatana pélvica antes da dorsal 25 cm

Comprimento

ao nascer

com barbatana 1ªbarbatana anal dorsal 59 cm 1ª mat.

68 cm 1ª mat.

72 cm máximo © Samuel Iglésias - MNHN

0 cm

ATENÇÃO! Várias espécies similares: Sapata-branca p. 21 Sapata-preta p. 17 Sapata-bicuda p. 22 Leitão-islandês p. 26

0m 560 m

2060 m

Gestação número de ovos e duração desconhecida

3500 m

Curiosidade O género Apristurus é um dos mais diversos entre os tubarões de profundidade, com 39 espécies conhecidas atualmente; a última foi descrita em 2017!

12

BRR

Barroso

Centrophorus granulosus

pele clara (cinzenta) relativamente lisa, com escamas pouco proeminentes

2 barbatanas dorsais com espinhos de tamanho semelhante

ATENÇÃO! Espécies similares: Xara-branca p. 14 Carocho p. 16 Quadro de distinção C p. 39

sem barbatana anal

barbatana peitoral com ponta interna alongada 41 cm

112 cm

143 cm

Comprimento

ao nascer

1ª mat.

1ª mat.

0m 150 m

1440 m

Gestação

Comportamento

1 - 6 crias duração desconhecida 3500 m

173 cm máximo © Samuel Iglésias - MNHN

0 cm

13

Curiosidade

A espécie Centrophorus lusitanicus não existe, os tubarões assim classificados são todos barrosos (Centrophorus granulosus).

XAR

Xara-branca

ATENÇÃO! Espécies similares: Barroso p. 13 Carocho p. 16

Centrophorus squamosus

pele clara (cinzenta) áspera e tipo lixa.

duas barbatanas dorsais com espinhos de tamanho semelhante

Quadro de distinção C p. 39

sem barbatana anal

barbatana peitoral com ponta interna arredondada 35 cm

99 cm

124 cm

Comprimento

ao nascer

1ª mat.

1ª mat.

Gestação

Comportamento

0m 240 m

3360 m 3500 m

164 cm máximo © Rodrigo Sá da Bandeira

0 cm

4 - 8 crias duração desconhecida

14

Curiosidade

É o tubarão com mais capturas acidentais nos Açores nas pescarias de palangre de fundo (83 t/ano na pesca de demersais; 15 t/ano na de peixe-espada preto).

FAB

Cação-torto

ATENÇÃO! Espécie similar: Lixinha-da-fundura-grande p. 23

Centroscyllium fabricii

focinho não espalmado e curto

dentes superiores e inferiores iguais:

18 cm

Comprimento

ao nascer

2 barbatanas dorsais com espinhos

espinho da 2ª dorsal grande e curvo

sem barbatana anal

pele de cor uniforme escura, áspera e sem brilho 56 cm 1ª mat.

107 cm

68 cm

máximo

1ª mat.

© Rodrigo Sá da Bandeira

0 cm

Quadro de distinção A p. 37

0m 180 m

2250 m

Gestação

Comportamento

16 - 40 crias duração desconhecida 3500 m

Curiosidade Apesar de raro, já foram observados indivíduos hermafroditas, com testículos e ovários em simultâneo.

15

COL

Carocho

Centroscymnus coelolepis

pele castanha / preta escamas placóides grandes tipo pele de cobra

1ª dorsal pequena

2 barbatanas dorsais com espinhos muito curtos

ATENÇÃO! Espécies similares: Xara-preta-de-natura p. 18 Arreganhada-de-veludo p. 36 Sapata-preta p. 17 Barroso p. 13 Xara-branca p. 14 Quadro de distinção B p. 38

sem barbatana anal

focinho muito curto e dentes sup. e inf. diferentes

corpo maciço e robusto normalmente com barriga dilatada

30 cm

Comprimento

ao nascer

88 cm

101 cm

1ª mat.

1ª mat.

0m 180 m

Gestação

Comportamento

máximo

Curiosidade A população do Mediterrêneo está isolada do resto do mundo devido à baixa profundidade do Estreito de Gibraltar.

10 - 14 crias > 2 anos 3675 m

122 cm

© Diana Catarino - ImagDOP

0 cm

sem prega rígida ao longo da barriga

16

SAP3

Sapata-preta

Centroscymnus crepidater 2 barbatanas dorsais com espinhos pequenos

pele escura castanha / preta

focinho alongado não espalmado

ao nascer

sem barbatana anal

64 cm

83 cm

1ª mat.

1ª mat.

105 cm máximo © Rodrigo Sá da Bandeira

32 cm

Comprimento

Quadro de distinção B p. 38

sem prega rígida ao longo da barriga

corpo esguio

0 cm

ATENÇÃO! Espécies similares: Sapata bicuda p. 22 Sapata-branca p. 21 Xara-preta-de-natura p.18 Arreganhada-de-veludo p. 36 Carocho p. 16

0m 200 m

1900 m

Gestação 3 - 9 crias duração desconhecida

3500 m

Curiosidade Têm fígados muito ricos em esqualeno, um óleo orgânico usado nas indústrias de medicamentos e dermo-cosmética.

17

Xara-preta-de-natura Centroscymnus owstonii escamas visíveis e pele áspera castanha ou preta focinho curto e convexo

dentes sup. e inf. diferentes

ATENÇÃO! Espécies similares: Carocho p. 16 Arreganhada-de-veludo p. 36 Sapata-preta p. 17

2 barbatanas dorsais com espinhos muito curtos

Quadro de distinção B p. 38

prega rígida ao longo de toda a barriga 30 cm

Comprimento

ao nascer

76 cm 1ª mat.

100 cm 1ª mat.

0m 150 m

1460 m

Gestação

Comportamento

Curiosidade Uma das espécies com maior distribuição global, embora com registos geograficamente dispersos.

5 - 31 crias duração desconhecida 3500 m

120 cm máximo © Diana Catarino - ImagDOP

0 cm

sem barbatana anal

18

CLA

Tubarão-cobra

Chlamydoselachus anguineus

Tirar fotografia!

1 barbatana dorsal muito recuada

com barbatana anal

6 fendas branquiais alongadas focinho curto e boca terminal tipo cobra com dentes muito característicos: 0 cm

50 cm

Comprimento

ao nascer

118 cm 1ª mat.

138 cm 1ª mat.

196 cm máximo

0m 20 m

Gestação 2 - 12 crias 3 anos e seis meses 3500 m

Curiosidade

A primeira captura em massa desta espécie muito rara registou-se a norte dos Açores (34 indivíduos de uma só vez), possivelmente numa região de acasalamento.

19

© Octávio Melo ImagDOP

1500 m

GAT

Gata-lixa

ATENÇÃO! Espécie similar:

Dalatias licha

Gata-açoriana p. 31

2 barbatanas dorsais sem espinhos

focinho arredondado e muito curto, lábios espessos 0 cm

35 cm

Comprimento

ao nascer

100 cm 1ª mat.

120 cm 1ª mat.

159 cm máximo

0m

© Christoph Noever

37 m

1ª dorsal e peitorais muito arredondadas

sem barbatana anal

1800 m

Gestação 3 - 16 crias duração desconhecida 3500 m

Curiosidade

Na pesca dirigida a esta espécie (que nos Açores aconteceu entre as décadas de 1970 e 1990) registou-se uma captura máxima de 1700 indivíduos num único lance. O esqualeno era o principal produto desta pescaria.

20

SAP1

Sapata-branca Deania calcea

barbatanas dorsais com espinhos

ATENÇÃO! Espécies similares: Sapata-bicuda p. 22 Pata-roxa-da-Islândia p. 12

Quadro de distinção D p. 39

espinho da 2ª dorsal grande e curvo

focinho espalmado e comprido

sem quilha ventral sem barbatana anal

31 cm

Comprimento

ao nascer

88 cm 1ª mat.

105 cm 1ª mat.

0m 60 m

1500 m

Gestação 1 - 17 crias duração desconhecida 3500 m

122 cm máximo © Rodrigo Sá da Bandeira

0 cm

Comportamento

Curiosidade Além da gema, a nutrição do embrião depende também de secreções uterinas.

(prov.)

21

SAP2

Sapata-bicuda

ATENÇÃO! Espécies similares: Sapata-branca p. 21 Pata-roxa-da-Islândia p. 12

Deania profundorum

2 barbatanas dorsais com espinhos

focinho espalmado e comprido

Quadro de distinção D p. 39

espinho da 2ª dorsal grande e curvo

com quilha ventral antes da caudal

0 cm

27 cm

76 cm

Comprimento

ao nascer

1ª mat.

sem barbatana anal 98 cm 1ª mat.

máximo

© Christoph Noever

0m

110 cm

275 m

1785 m

Gestação

Comportamento

5 - 7 crias duração desconhecida 3500 m

Curiosidade Um dos tubarões de profundidade com concentração mais elevada de chumbo nos seus tecidos.

22

LIX3

Lixinha-da-fundura-grande Etmopterus princeps

2 barbatanas dorsais com espinhos espinho da 2ª dorsal grande e curvo focinho não espalmado e curto

dentes superiores e inferiores diferentes, dentes inferiores quadrados 0 cm

17 cm

Comprimento

ao nascer

ATENÇÃO! Espécies similares: Cação-torto p. 15 Lixinha-da-fundura-lisa p. 24 Lixinha-da-fundura-de-veludo p. 25 Quadro de distinção A p. 37

sem barbatana anal

pele de cor uniforme escura, áspera e sem brilho 57 cm 1ª mat.

61 cm

94 cm

1ª mat.

máximo

0m © Christoph Noever

350 m

1500 m

Gestação 3500 m 4500 m

7 - 18 crias duração desconhecida

Curiosidade Pode apresentar concentrações de mercúrio muito altas, tal como a maioria dos outros predadores de topo.

23

Lixinha-da-fundura-lisa Etmopterus pusillus

2 barbatanas dorsais com espinhos

focinho não espalmado e curto

ATENÇÃO! Espécies similares: Lixinha-da-fundura-de-veludo p. 25 Lixinha-da-fundura-grande p. 23 Quadro de distinção A p. 37

espinho da 2ª dorsal grande e curvo

pele de cor uniforme, escorregadia e brilhante

sem barbatana anal

0 cm

16 cm

40 cm

Comprimento

ao nascer

1ª mat.

44 cm 1ª mat.

50 cm máximo

0m 275 m

2000 m

3500 m

Gestação

Curiosidade

1 - 6 crias duração desconhecida

Os fotóforos (órgãos luminosos) das lixinhas estão dispostos de forma única que lhes permite localizar membros da sua espécie e do sexo oposto!

24

© Rodrigo Sá da Bandeira

LIX2

LIX1

Lixinha-da-fundura-de-veludo Etmopterus spinax

pele mais clara na parte dorsal do que na parte ventral

2 barbatanas dorsais com espinhos

focinho não espalmado e curto

ATENÇÃO! Espécies similares: Lixinha-da-fundura-lisa p. 24 Lixinha-da-fundura-grande p. 23 Quadro de distinção A p. 37

espinho da 2ª dorsal grande e curvo

sem barbatana anal

ventre com textura de veludo

0 cm

12 cm

29 cm

Comprimento

ao nascer

1ª mat.

36 cm 1ª mat.

2000 m

© ARQDAÇO

0m 70 m

Gestação

Comportamento

1 - 21 crias 12 meses 3500 m

41 cm máximo

(prov.)

25

Curiosidade Tubarão com “sabres de luz” (fotóforos na base dos espinhos) e camuflagem luminosa ventral.

GMU

Leitão-islandês Galeus murinus

2 barbatanas dorsais sem espinhos

Tirar fotografia!

cor creme, mais claro na zona ventral

início da primeira dorsal depois da pélvica

focinho curto e não espalmado

com barbatana anal

barbatana pélvica

8,5 cm

0 cm

ATENÇÃO! Espécie similar: Pata-roxa-da-Islândia p. 12

46 cm

Comprimento ao nascer

1ª mat.

57 cm 1ª mat.

63 cm máximo

0m © ARQDAÇO

380 m

1250 m

Gestação 2 ovos duração desconhecida 3500 m

Curiosidade Ovíparos, as fêmeas põem apenas dois ovos por ninhada; as extremidades têm aspeto de cabelos.

26

HEP

Albafar-bravo

ATENÇÃO! Espécie similar: Albafar p. 28

Heptranchias perlo

1 barbatana dorsal 7 fendas branquiais

0 cm

26 cm

Comprimento

ao nascer

com barbatana anal 80 cm 1ª mat.

máximo Presença de mancha preta na barbatana dorsal e caudal nos juvenis (normalmente ausente nos adultos)

0m 27 m

1000 m

Gestação 6 - 20 crias duração desconhecida 3500 m

137 cm

98 cm 1ª mat.

Curiosidade Uma das 2 únicas espécies de tubarão com 7 pares de fendas branquiais. Esta é a única espécie do género Heptranchias.

27

© ARQBIOMETORE

focinho curto e pontiagudo com dentes característicos

HEX

Albafar

ATENÇÃO! Espécie similar: Albafar-bravo p. 27

Hexanchus griseus

1 barbatana dorsal

6 fendas branquiais

boca inferior com dentes muito característicos: 77 cm

Comprimento

ao nascer

de grandes dimensões

315 cm 1ª mat.

400 cm 1ª mat.

482 cm máximo © Samuel Iglésias - MNHN

0 cm

com barbatana anal

0m 200 m

2500 m

Gestação

Comportamento

22 - 108 crias duração desconhecida 3500 m

Curiosidade Flutuabilidade positiva que lhe permite ascender discretamente e surpreender as suas presas por baixo.

28

OXY

Peixe-porco-de-vela Oxynotus paradoxus

Tirar fotografia!

2 barbatanas dorsais em forma de vela e com espinhos

sem barbatana anal 25 cm

Comprimento

ao nascer

75 cm 1ª mat.

?

1ª mat.

118 cm máximo © Samuel Iglésias - MNHN

0 cm

0m 265 m 720 m

3500 m

Gestação

Curiosidade

número de crias e duração desconhecidas

Espécie muito rara cuja presença nos Açores só foi documentada em vídeo pelo submarino Lula da Fundação Rebikoff-Niggeler.

29

PSE

Mamôna

Pseudotriakis microdon 2 barbatanas dorsais sem espinhos

1ª dorsal longa e baixa

focinho não espalmado, boca de forma triangular

início da primeira dorsal antes da pélvica

0 cm

120 cm

Comprimento

ao nascer

com barbatana anal 235 cm 1ª mat.

de grandes dimensões 254 cm 1ª mat.

295 cm máximo

© ARQDAÇO

0m 360 m

(vista ventral) 1900 m

Gestação 2 crias duração desconhecida

3500 m

Curiosidade Ovovivíparos, os embriões desenvolvem-se no útero da fêmea, onde se alimentam de ovos não fecundados (oofagia).

30

AZO

Gata-açoriana

ATENÇÃO! Espécie similar: Gata-lixa p. 20

Scymnodalatias garricki

Tirar fotografia!

2 barbatanas dorsais sem espinhos

distância curta entre as duas dorsais

dorso convexo

sem barbatana anal

lobo inferior bem desenvolvido

0 cm

0m 300 m 580 m

Curiosidade Esta espécie é tão rara que apenas se conhecem 2 espécimes no mundo inteiro, ambos capturados na região dos Açores.

3500 m

41 cm

(máximo conhecido) © Mikhail Nazarkin, Zoological Institute of the Russian Academy of Sciences

Comprimento

31

Arreganhada

RIN

ATENÇÃO! Espécie similar: Carocho p. 16

Scymnodon ringens Tirar fotografia!

2 barbatanas dorsais com espinhos muito curtos

pedúnculo caudal muito curto

barbatana caudal ampla com lobos pouco definidos

sem barbatana anal

dentes muito característicos 0 cm

110 cm

Comprimento

© Samuel Iglésias - MNHN

máximo

0m 200 m

1600 m

Gestação (prov.) número de crias e duração desconhecidas 3500 m

Curiosidade Os grandes dentes inferiores triangulares e afiados deste tubarão sugerem que é um predador eficaz, capaz de atacar e desmembrar presas grandes.

32

GLD

Tubarão-da-Gronelândia Somniosus microcephalus

Tirar fotografia!

2 barbatanas dorsais semelhantes em tamanho sem espinhos

sem barbatana anal de grandes dimensões 0 cm

40 cm

300 cm

ao nascer Comprimento

450 cm 1ª mat.

640 cm máximo © Samuel Iglésias - MNHN

1ª mat.

quilha na base da barbatana caudal

0m

2200 m

Gestação número de crias e duração desconhecidas

3500 m

Curiosidade

Acredita-se que pode viver até aos 400 anos de idade e atingir a maturidade sexual apenas por volta dos 150 anos, sugerindo um crescimento muito lento.

33

SOM

Pailona

Somniosus rostratus 2 barbatanas dorsais sem espinhos,1ª dorsal duas vezes maior que a 2ª

Tirar fotografia!

pele muito lisa

sem barbatana anal

0 cm

25 cm

Comprimento

ao nascer

71 cm

quilha lateral na base da barbatana caudal 108 cm

1ª mat.

1ª mat.

© ARQDAÇO

0m 180 m

2200 m

3500 m

143 cm máximo

Gestação número de crias e duração desconhecidas

Curiosidade Tem uma pequena e única quilha no pedúnculo caudal que funciona como estabilizador e melhora a capacidade de fazer viragens rápidas.

34

SQU

Tubarão-anão

ATENÇÃO! Espécies similares: Lixinha-da-fundura-lisa p. 24 Lixinha-da-fundura-grande p. 23 Lixinha-da-fundura-de-veludo p. 25

Squaliolus laticaudus

Quadro de distinção A p. 37

focinho curto

2 barbatanas dorsais

pele lisa e brilhante

barriga de cor esverdeada

0 cm

9 cm

Comprimento

ao nascer

15 cm 1ª mat.

cauda em forma de pá

sem barbatana anal

barbatana caudal com extremidade transparente

19 cm

28 cm

1ª mat.

máximo

Tamanho máximo: 28 cm

0m 200 m

2000 m

Gestação

Comportamento

Curiosidade É o tubarão mais pequeno a ocorrer na região dos Açores.

3 - 5 crias duração desconhecida 3500 m

© Cambraia Duarte, P.M.N. ImagDOP

espinho apenas na 1ª dorsal

35

ARR

Arreganhada-de-veludo Zameus squamulosus

pele escura (castanha ou preta), lisa, escamas pouco visíveis

ATENÇÃO! Espécies similares: Xara-preta-de-natura p. 18 Carocho p. 16 Sapata-preta p. 17

2 barbatanas dorsais com espinhos muito curtos

Quadro de distinção B p. 38

focinho curto e direito

sem barbatana anal dentes superiores e inferiores diferentes 20 cm

Comprimento

ao nascer

49 cm 1ª mat.

64 cm

84 cm

1ª mat.

máximo © Rodrigo Sá da Bandeira

0 cm

prega ao longo da barriga

0m 550 m

1450 m

Gestação 5 - 31 crias duração desconhecida 3500 m

Curiosidade Tem escamas translúcidas que transmitem luz dos fotóforos encobertos na pele.

36

Espécies similares A Lixinha-da-fundura-lisa Cação-torto

Pg. 24

Pele preta, brilhante

- Distingue-se de LIX1 por ter uma coloração uniforme preta e por ter uma pele brilhante e escorregadia.

- Distingue-se da LIX3 pela pele brilhante e escorregadia.

Pg. 35

Dentes superiores e inferiores semelhantes

Cauda em forma de pá

Barriga esverdeada

- Distingue-se da LIX3 (e de outras lixinhas) por ter os dentes superiores e inferiores semelhantes.

- Distingue-se por ter a barriga esverdeada (espécimes frescos), pela forma da barbatana caudal, em que a parte superior e inferior são semelhantes, e por não ter espinho na segunda barbatana dorsal

Lixinha-da-fundura-de-veludo

Lixinha-da-fundura-grande

Pg. 23 Dentes superiores pontiagudos

Dentes inferiores quadrados

Tubarão-anão

Pg. 15

Pg. 25

Contraste entre ventre e dorso

Textura de veludo na barriga

Pele áspera, baça e preta

- Distingue-se do FAB por ter os dentes superiores pontiagudos e os dentes inferiores “quadrados”.

- Distingue-se das outras lixinhas dos Açores por ter uma pele áspera e baça e uma coloração uniforme preta.

- Distingue-se de LIX2 por ter uma coloração marcadamente preta na barriga comparativamente ao resto do corpo; barriga tem uma textura de veludo ao toque; em espécimes frescos apresenta reflexos arroxeados nos flancos; pele não escorregadia.

- Distingue-se de LIX3 por não ter uma cor uniforme preta.

37

Espécies similares B Carocho

Xara-preta-de-natura

Pg. 16

Focinho curto

Pg. 18 Barbatana dorsal pequena

Focinho convexo e dentes inferiores quadrados

Sem prega na barriga

Com prega na barriga

- Distingue-se da CRY e da ARR por ter a barriga lisa, sem prega e um focinho mais curto.

- Distingue-se da SAP3 pelo focinho e pelo corpo muito avantajado.

- Distingue-se do BRR e XAR pela forma das barbatanas dorsais e por estas terem espinhos muito curtos. Pela pele, formato das escamas e coloração.

- Distingue-se do COL por ter uma prega rígida ao longo da barriga e um focinho ligeiramente mais longo.

- Distingue-se com algum custo da ARR pelos dentes e pela forma ventral do focinho.

- Distingue-se da SAP3 por ter o focinho mais curto, o corpo maior e mais avantajado e uma prega na barriga.

Arreganhada-de-veludo

Sapata-preta

Pg. 36

Pg. 17

Barbatana dorsal maior Focinho direito e dentes inferiores pontiagudos

Prega na barriga

Focinho alongado - Distingue-se da SAP1 e da SAP2 por não ter o focinho espalmado, pela forma das barbatanas dorsais e por estas apresentarem espinhos pequenos e forma das escamas diferente.

- Distingue-se da CRY, da ARR e do COL por ter um focinho muito longo e o corpo mais esguio.

- Distingue-se da CRY pelos dentes e pela forma ventral do focinho.

- Distingue-se do COL pela prega rígida ao longo da barriga e pelo focinho ligeiramente mais longo.

- Distingue-se da SAP3 pelo focinho mais curto e corpo maior.

38

Espécies similares C Xara-branca

Barroso

Pg. 14

Pg. 13

Barbatana peitoral alongada

Barbatana peitoral arrendondada

- Distingue-se da XAR pela zona das barbatanas peitorais mais próxima do corpo apresentar formato alongado; pele lisa.

- Distingue-se do BRR pelas barbatanas peitorais serem arredondadas; pele áspera, tipo lixa.

Espécies similares D Sapata-branca

Sapata-bicuda

Pg. 21

Pg. 22

Com quilha Sem barbatana anal

Sem quilha Sem barbatana anal

- Distingue-se da SAP1 por apresentar quilha nas zona ventral do pedúnculo caudal.

- Distingue-se da APR por não ter barbatana anal.

- Distingue-se da SAP2 por não ter quilha na zona ventral do pedúnculo caudal - Distingue-se de APR (p. 12) por não ter barbatana anal.

39

BOAS PRÁTICAS DE MANUSEAMENTO

D

e entre todas as espécies de profundidade capturadas intencionalmente ou de forma acidental, os tubarões e as raias são particularmente vulneráveis devido às características do seu ciclo de vida natural.

A mortalidade por pesca, mesmo que reduzida, pode ameaçar a conservação destas populações, o seu papel no equilíbrio do ecossistema e uma abordagem sustentável das pescarias.

Por isso, mas também como resposta à exigência dos consumidores, cada vez mais informados e preocupados, são necessários esforços para reduzir a sua mortalidade.

Apesar de geralmente serem considerados animais muito resistentes e de se assumir uma elevada taxa de sobrevivência após a libertação, os tubarões de profundidade são animais bastante sensíveis e as lesões sofridas durante o processo de pesca e o seu incorrecto manuseamento a bordo podem facilmente resultar na morte do animal.

Esta secção pretende fornecer ferramentas aos pescadores para aumentar a probabilidade de sobrevivência dos tubarões de profundidade após a sua captura e libertação e, ao mesmo tempo, garantir a segurança da tripulação a bordo.

Os tubarões são, por natureza, predadores bem equipados, que podem, em reações de autodefesa, causar ferimentos à tripulação. A segurança da tripulação deve ser sempre a prioridade, e por isso as práticas aconselhadas neste manual devem ser aplicadas de forma segura, voluntária e adaptadas a cada circunstância.

40

Pontos mais sensíveis dos tubarões MEDULA ESPINAL: BRÂNQUIAS E/OU FENDAS BRANQUIAIS:

Podem ser danificadas pelo anzol, bicheiro, ou quando o animal está fora da água, levando à sua morte lenta por sufocação após a libertação.

Pode ser danificada de forma irreversível durante o manuseamento, sobretudo se o animal for levantado pela cabeça ou pela cauda, resultando na sua morte.

ÓRGÃOS INTERNOS:

FOCINHO

É muito sensível e frágil porque contém muitos órgãos sensoriais.

OLHOS

NARINAS E POROS SENSORIAIS Para o olfato.

AMPOLAS DE LORENZINI

LINHA LATERAL

Serve para detetar movimentos e vibrações.

Ao contrário dos outros peixes, não estão protegidos por um esqueleto mas apenas por um tecido conjuntivo. Quando o animal está fora de água, o tecido rasga facilmente e os órgãos podem ser esmagados pelo peso do próprio animal.

Os frequentes danos nos órgãos sensoriais, mesmo que não causem a sua morte imediata, podem impedir o tubarão de detetar e capturar presas e levar à sua morte por inanição.

Para a electroreceção.

41

Na alagem Se for possível, deixar o tubarão na água.

Se não for possível: Içá-lo a bordo usando um camaroeiro ou peneira ou transportando-o como mostrado abaixo.

NOTA: Os tubarões grandes nunca devem ser içados a bordo porque podem provocar acidentes ou sofrer danos!

Nunca usar o bicheiro!

Nunca pendurar/arrastar o tubarão pela cauda ou pela cabeça!

42

Como remover o anzol O ANZOL ESTÁ VISÍVEL? SIM Removê-lo ferindo o tubarão o menos possível, se necessário com ajuda de uma lâmina ou cortando o anzol com um alicate de corte.

NÃO Cortar a linha na água junto à borda, o mais perto possível do anzol e sem arriscar ser mordido.

O USO DO DESEMBUCHA NÃO É RECOMENDÁVEL! Mas em caso de necessidade, seguir as seguintes recomendações:

Usar de forma a que o tubarão caia diretamente na água...

... ou usar de forma a que o tubarão esteja sobre uma superfície mole.

TUBARÕES DE MÉDIO PORTE Para retirar o anzol em segurança, um tripulante deve colocar-se por trás e imobilizar a cabeça, enquanto outro tripulante retira o anzol (se visível) ou corta a linha o mais perto possível do anzol (se embuchado).

Evitar ao máximo que o tubarão caia ao chão ou embata em objetos duros.

No convés Se for possível, libertar o animal imediatamente.

Se não for possível: • Colocá-lo numa caixa com água do mar • Ou colocá-lo à sombra, com um pano nos olhos, molhando-o fequentemente e colocando uma mangueira com fluxo moderado de água salgada na boca.

44

NOTA: Um porreto ou peixe morto podem também ser colocados entre as mandíbulas para evitar dentadas.

Como transportar e libertar um tubarão Tubarões de pequeno porte:

Levar o animal o mais perto possível da superfície do mar, apontando a sua cabeça para baixo a 45º e empurrando-o ligeiramente para baixo na água.

Tubarões de médio porte:

45

Nome científico

Estado de Conservação*

Espécies proibidas ** Sim

Hexanchus griseus

Não preocupante

ALBAFAR-BRAVO

Heptranchias perlo

Dados insuficientes

ARREGANHADA

Scymnodon ringens

Não preocupante

Zameus squamulosus

Dados insuficientes

Centrophorus granulosus

Criticamente ameaçada

Sim

ALBAFAR

ARREGANHADA-DE-VELUDO BARROSO CAÇÃO-TORTO CAROCHO GATA-AÇORIANA GATA-LIXA LEITÃO-ISLANDÊS LIXINHA-DA-FUNDURA-DE-VELUDO LIXINHA-DA-FUNDURA-GRANDE LIXINHA-DA-FUNDURA-LISA

Sim

Centroscyllium fabricii

Não preocupante

Sim

Centroscymnus coelolepis

Ameaçada

Sim

Scymnodalatias garricki

Dados insuficientes

Dalatias licha

Ameaçada

Sim

Galeus murinus

Não preocupante

Sim

Etmopterus spinax

Quase-ameaçada

Sim

Etmopterus princeps

Não preocupante

Sim

Etmopterus pusillus

Dados insuficientes

MAMÔNA

Pseudotriakis microdon

Dados insuficientes

PAILONA

Somniosus rostratus

Dados insuficientes

PATA-ROXA-DA-ISLÂNDIA

Apristurus laurussonii

Não preocupante

Sim

PEIXE-PORCO-DE-VELA

Oxynotus paradoxus

Dados insuficientes

Sim

SAPATA-BICUDA

Deania profundorum

Dados insuficientes

SAPATA-BRANCA

Deania calcea

Ameaçada

Sim

Centroscymnus crepidater

Não preocupante

Sim

Chlamydoselachus anguineus

Não preocupante

Sim

Somniosus microcephalus

Quase-ameaçada

Sim

Squaliolus laticaudus

Não preocupante

SAPATA-PRETA TUBARÃO-COBRA TUBARÃO-DA-GRONELÂNDIA TUBARÃO-ANÃO XARA-BRANCA XARA-PRETA-DE-NATURA

Centrophorus squamosus

Ameaçada

Centroscymnus owstonii

Não avaliada

Sim

* Classificação da Lista Vermelha da IUCN pela Europa 2018 ** Regulamento (UE) 2018/2025 do Conselho ** Proibido manter a bordo /descarga

Nome comum

NOME COMUM

NOME CIENTÍFICO

OUTROS NOMES COMUNS

pg.

ALBAFAR

Hexanchus griseus

tubarão-albafar

ALBAFAR-BRAVO

Heptranchias perlo

bico-doce

27

ARREGANHADA

Scymnodon ringens

boca, negra, risota

32

Zameus squamulosus

arreganhada-de-focinho-comprido

36

Centrophorus granulosus

lixa-de-lei, quelma, ramudo, xara-branca

13

Centroscyllium fabricii

-

15

Centroscymnus coelolepis

tubarão-português, xara-preta

ARREGANHADA-DE-VELUDO BARROSO CAÇÃO-TORTO CAROCHO GATA-AÇORIANA

28

16 31

Scymnodalatias garricki Dalatias licha

gata, gato

Galeus murinus

leitão-liso

26

Etmopterus spinax

lixinha-da-fundura, quelmazinha

25

LIXINHA-DA-FUNDURA-GRANDE

Etmopterus princeps

lixinha-da-fundura, lixinha-grande, lixinha-da-fundura-grada

23

LIXINHA-DA-FUNDURA-LISA

Etmopterus pusillus

lixinha-lisa, xarinha-preta, lixinha-da-fundura, quelmazinha

24

Pseudotriakis microdon

-

30

GATA-LIXA LEITÃO-ISLANDÊS LIXINHA-DA-FUNDURA-DE-VELUDO

MAMÔNA

20

PAILONA

Somniosus rostratus

-

34

PATA-ROXA-DA-ISLÂNDIA

Apristurus laurussonii

-

12

PEIXE-PORCO-DE-VELA

Oxynotus paradoxus

-

29

SAPATA-BICUDA

Deania profundorum

sapata-guilha, sapata

22 21

SAPATA-BRANCA SAPATA-PRETA TUBARÃO-COBRA TUBARÃO-DA-GRONELÂNDIA TUBARÃO-ANÃO XARA-BRANCA XARA-PRETA-DE-NATURA

Deania calcea

sapata, forreta, pífaro, pife, tutia

Centroscymnus crepidater

sapata-de-natura

17

Chlamydoselachus anguineus

-

33

Somniosus microcephalus

-

35

Squaliolus laticaudus

cação-espinho

19

Centrophorus squamosus

xara, lixa, lixa-de-escama

14

Centroscymnus owstonii

-

18

A

pesar de 25 espécies de tubarões de profundidade estarem atualmente descritas para a região dos Açores, existe ainda um grande desconhecimento sobre esta grande biodiversidade. Este guia prático de identificação de tubarões de profundidade foi concebido para dar a conhecer melhor estes extraordinários animais.

Nos Açores, os tubarões de profundidade são essencialmente capturados como espécies acessórias nas pescarias com palangres de profundidade.

Por esta razão, este guia foi pensado especialmente para os profissionais da pesca dos Açores como ferramenta de auxílio à identificação destes animais, incluindo ainda informação útil para conhecer a sua ecologia e melhorar a sua sobrevivência através de boas práticas de manuseamento.

No entanto, o guia será seguramente também útil e muito oportuno para estudantes, cientistas, ou simples entusiastas. Utilizamos uma linguagem simples, dando sobretudo ênfase às características externas diagnosticantes de fácil e rápida identificação, e apresentando factos curiosos e singulares de cada uma destas espécies baseando-nos no mais recente conhecimento científico.

Desta forma, esperamos também contribuir para a consciencialização de todos da necessidade de conservar os tubarões de profundidade e os seus habitats, e despertar a curiosidade sobre estes fascinantes animais!