Revista Observatório Social

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foto: Sérgio Vignes

cia governamental. É um esquema organizado e perene. Envolve empresas, políticos e servidores públicos. O problema transcende governos e não discrimina partidos. É uma ação de Estado, praticada desde a implantação do polo siderúrgico de Marabá, no final dos anos 1980. Nessas décadas, administraram o estado Almir Gabriel, Simão Jatene, Ana Júlia e novamente Simão Jatene, atualmente no cargo. Nesse período, os problemas ambientais só se agravaram, exceto o enfrentamento do trabalho escravo no setor siderúrgico, que tem apresentado bons resultados nos últimos anos, pelo menos nas carvoarias legalizadas e cadastradas por algumas empresas. O governador Jatene foi insistentemente procurado para falar sobre sua estratégia de enfrentamento da corrupção no órgão ambiental do estado que administra. As perguntas foram enviadas após a veiculação da reportagem A Floresta que Virou Cinza – também publicada pelo Observatório Social, e já durante o curso da atual apuração. A Floresta que Virou Cinza mostra como opera um dos muitos esquemas de legalização fraudulenta do carvão do desmatamento e do trabalho escravo. Uma ação que envolve políticos, empresários e funcionários do governo do Pará, que se uniram para fraudar documentos e esquentar centenas de carregamentos de carvão, direcionados às siderúrgicas do polo de Carajás. A princípio, Jatene concordou em responder quatro per-

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guntas enviadas por e-mail. Depois de várias mudanças de data para o envio das respostas, informou, via assessoria de imprensa, que elas não mais seriam respondidas. As perguntas que o governador não respondeu são as seguintes: 1.Como o Sr. avalia o envolvimento da Secretaria de Meio Ambiente em esquemas criminosos de esquentamento de carvão para as siderúrgicas do polo de Carajás? 2.Que medidas o governo do Pará vai adotar para evitar que o setor siderúrgico do polo de Carajás continue usando carvão do desmatamento e do trabalho escravo? 3.Que medidas o governo do Pará vai tomar para sanear a Secretaria de Estado de Meio Ambiente, que vem sendo sistematicamente relacionada a fraudes ambientais, inclusive em relatórios do IBAMA e em inquéritos da Polícia Federal? 4.Que estratégias o Sr. vai adotar, ao longo da sua gestão, para enfrentar o desmatamento e o trabalho escravo no Pará? No Pará, se a corrupção, o crime ambiental e o trabalho escravo fossem estancados de um dia para o outro, o setor siderúrgico entraria em colapso. Isso porque a quantidade de carvão ilegal usado pelas empresas ultrapassa até mesmo os cálculos mais pessimistas, como será visto mais adiante.


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