ESBrasil 148 Retrospectiva 2017

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APOIO INSTITUCIONAL




CAPA

SUMÁRIO

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Foto: Rafael Bertola

Confira os principais acontecimentos de 2017 nos variados setores econômicos e políticos do Estado: energia, petróleo, siderurgia, mineração, celulose, rochas ornamentais, vestuário, mercado imobiliário, construção civil, comércio exterior, saúde, educação, segurança, política, meio ambiente, cultura, esporte, entre outros. Além disso, especialistas avaliam esses segmentos e apontam os possíveis cenários para o próximo ano.

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Entrevista

O governador do Espírito Santo, Paulo Hartung, caminha para o último ano do seu terceiro mandato com a certeza de ter cumprido a missão de organizar as contas públicas e de investir em áreas prioritárias. Nessa entrevista, o político conta como enfrentou o período de turbulência econômica e fala sobre as expectativas para 2018.

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Perspectiva

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Coluna Família S/A

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O Endereço da História

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Mindset

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Corecon

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Essas Mulheres

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Modus Vivendi

ARTIGOS

A corrida de recuperação do Brasil tem sido lenta, longa e cheia de percalços. Tanto que o país entra em 2018 ainda necessitando alargar suas passadas para arrancar e deixar para trás pendências dos anos anteriores, como as reformas estruturais, o desemprego e a plena retomada econômica. Tudo isso com um incômodo calo no pé: o desequilíbrio fiscal.

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Clóvis Vieira

Que venha 2018

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Benoni Antonio Santos O novo sempre vem

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Haroldo Rocha

PNE, Escolas Vivas e a qualidade da educação

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Política

Veja os principais acontecimento do cenário político estadual, brasileiro e internacional. Destacamos os avanços realizados no primeiro ano de mandato dos prefeitos de municípios da Grande Vitória e do interior.

Carlos André

Cooperativismo: o grande resgatador e fomentador da vida em sociedade

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Diógenes Lucca

Segurança pública: o papel da imprensa

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Sidemberg Rodrigues

Árduos degraus da evolução...

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Eustáquio Palhares

Lições de 2017. Lições?

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EDITORIAL

É

... 2017 deu uma “pernada” em todos nós. Dificuldades? Sempre existirão. Crise econômica? Uma “adversária” que ainda está no nosso encalço. Política dando sinais de esgotamento no formato e nos atores? Isso ficou claro nos últimos anos. Mas o que dizer de um ano em que o desemprego parou de aumentar, que o Brasil teve três trimestres consecutivos de alta após 11 trimestres de baixa, que as vendas no mercado varejista começaram a subir? Ainda não sabemos bem como será 2018, mas o horizonte parece ser menos cinzento.

Realizamos, em dezembro, o tradicional “ES Brasil Debate – Desafios e oportunidades para 2018: como se preparar para o ano novo”. Economistas e representantes do poder público e da iniciativa privada discutiram sobre diversas vertentes de como lidar com um período em que teremos Copa de Mundo; eleições para presidente, governador, senador e deputados federal e estadual; e em que todos os brasileiros estão tentando ganhar o pão de cada dia com a situação econômica ainda oscilante. Recomendo que assistam à versão integral no nosso canal do YouTube. Foi um exercício democrático de embate e de concordâncias não visto há muito tempo. A nossa equipe jornalística também apresenta esta edição especial de fim de ano com a retrospectiva de 2017. São mais de 40 reportagens que envolvem todos os segmentos que impactam o dia a dia capixaba. Foram cerca de 170 fontes de informações diferentes, entre elas dados publicados por instituições críveis como Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), setores do poder público, instituições privadas, entidades de classe e especialistas nas áreas. Leia nossas matérias e tire suas conclusões. Subsídio você tem em suas mãos. Para mim, está claro: 2017 foi muito difícil, sim, mas já vejo a luz da saída da recessão econômica. Alguns dados são animadores e fazem pessoas como eu, essencialmente otimistas, pensarem que o pior já passou. Principalmente com os números do segundo semestre. Ao mesmo tempo, outras análises puxam o nosso pé para uma perspectiva um pouco menos promissora, que novamente me “faz ficar otimista” crendo na capacidade de adaptação de nosso povo brasileiro. Seja qual for a “atmosfera” que vamos encontrar, um fato já podemos dar como certo. Nós, da ES Brasil, em 2018 continuaremos entregando conteúdo diversificado, de qualidade e segmentado para ajudá-lo nas suas tomadas de decisão e para entender melhor essa realidade que nos cerca. Boa leitura e um 2018 diferente! Mário Fernando Souza, diretor executivo da Next Editorial e editor-executivo da ES Brasil

OPINIÃO DO LEITOR

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Há muitos anos sou leitor da ES Brasil. Sempre tenho uma edição aqui no escritório. É importante ter uma publicação como essa, porque nem tudo que sai nas revistas nacionais são realidade aqui no Espírito Santo e vice-versa.

Estou me acostumando a ler a ES Brasil pelo celular. Recebo a versão interativa pelo WhatsApp e vou lendo nos períodos de espera entre um lugar e outro que preciso ir. Conheci recentemente a versão em áudio das matérias. Achei muito prática. Nunca tinha visto isso em outra revista. Coloco um fone de ouvido e pronto. Estou gostando dessa evolução.

João Batista Gomes, advogado

Ana Paula Neves Montanari, despachante

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ES Brasil é uma publicação mensal da Next Editorial. Seu objetivo é apoiar o desenvolvimento do Estado do Espírito Santo, apresentando conteúdos informativos e segmentados nas diversas vertentes empresariais.

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Diretor-Executivo Mário Fernando Souza Diretora de Operações Julicéia Dornelas

EDITORIAL Editor-Executivo: Mário Fernando de Souza Gerente Editorial: Elisângela Egert Coordenadora de conteúdo: Fernanda Neves Apoio de Produção e de Redação: Bruna Schnerock e Mara Cimero Copidesque: Márcia Rodrigues Revisão: Andréia Pegoretti Textos: Adriana Nobre, Ana Lúcia Ayub, Andréia Pegoretti, Cintia Bento, Daniel Hischmann, Fernanda Zandonadi, Gustavo Costa, Karolyne Mayra, Lívia Albernaz, Luciene Araújo, Lui Lima, Mariana Carvalho, Mike Figueiredo, Vitor Taveira, Weber Caldas e Yasmin Vilhena Edição de Arte: Fábio Barbosa, Hobberson Miranda e Michel Sabarense Fotografia: Jackson Gonçalves, fotos cedidas e arquivos Next Editorial Colaboraram nesta edição: Benoni Antonio Santos, Carlos André, Clóvis Vieira, Diógenes Lucca, Eustáquio Palhares, Haroldo Rocha e Sidemberg Rodrigues

PUBLICIDADE Coordenador de Publicidade Felippe Gama Executiva de Contas Dayse Mathias Apoio Comercial Lívia Souza (27) 2123-6506 - publicidade@nxte.com.br

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ENTREVISTA

CINTIA BENTO E LUCIENE ARAÚJO

Reorganizamos o orçamento, e foi preciso fazer cortes duros. Tivemos que conviver com críticas e incompreensões, mas agora, começando a colher os resultados, tenho certeza de que aqueles que não estavam compreendendo os passos que estávamos dando hoje já entendem”

Veja o conteúdo desta entrevista no site da ESBrasil

PAULO HARTUNG ECONOMISTA POR FORMAÇÃO, O CAPIXABA DE GUAÇUÍ PAULO CESAR HARTUNG GOMES, 60, CAMINHA PARA O ÚLTIMO ANO DO SEU TERCEIRO MANDATO COMO GOVERNADOR DO ESPÍRITO SANTO COM A CERTEZA DE TER CUMPRIDO A MISSÃO DE ORGANIZAR AS CONTAS PÚBLICAS E INVESTIR EM ÁREAS PRIORITÁRIAS 8

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O

s últimos três anos não foram fáceis nem para o Brasil nem para o Espírito Santo. A crise econômica travou investimentos e exigiu que as administrações públicas tomassem medidas impopulares, como cortes no orçamento e de pessoal. Nesta entrevista, o governador Paulo Hartung conta como enfrentou esse período de turbulência – com a recessão batendo à porta já a partir do primeiro ano dessa gestão, em 2015 –, e fala das expectativas otimistas para 2018. Confira. Recentemente o Espírito Santo demonstrou melhorias nos indicadores econômicos, entre elas o aumento na produção e a recuperação do número formal de empregos. Quais ações contribuíram para isso? Nós temos uma grande empresa, a Samarco – que representa, sozinha, mais de 5% da nossa economia –, paralisada há dois anos, fruto do desastre ambiental lamentável em Mariana (MG). Então, o Espírito Santo sair da recessão, e sair na frente do Brasil, é uma coisa extraordinária. O emprego voltou a crescer no nosso Estado, que é outro fato importante, porque o pior dessa crise foi justamente a questão social. O país chegou a ter 14 milhões de desempregados, e a renda das famílias desabou quase 10% em dois anos. A própria receita do Estado – me refiro principalmente ao ICMS, que é o imposto que mede a atividade econômica – voltou a crescer: vamos fechar o ano com crescimento global próximo de 3%. Não é um crescimento extraordinário, mas os sinais são bons. Como foi a trajetória para chegar a esse resultado? Nós vimos que o Brasil estava indo no caminho errado, que íamos entrar numa crise econômica grave, que o Espírito Santo estava errando a mão, assumindo despesas em descompasso com a receita, e organizamos o Estado. Contei com o apoio da Assembleia, do Judiciário, do Ministério Público, do Tribunal de Contas, da Defensoria Pública... Reorganizamos o orçamento, e foi preciso fazer cortes duros. Tivemos que conviver com críticas e incompreensões, mas agora, começando a colher os resultados, tenho certeza de que aqueles que não estavam compreendendo os passos que estávamos dando hoje já entendem.

Nesse último ano (de governo) vai dar para fazer muito mais ainda. Teremos um pouco mais de recursos. A receita está melhorando, pouco, mas constantemente”

O Estado já se prepara para fazer novos investimentos? O Estado nunca parou de investir. Utilizamos recursos de operações de crédito com os do Banco Interamericano, do BNDES, do Banco Mundial, da Caixa Econômica. Mas agora, no segundo semestre, quando houve melhora da receita, iniciamos uma série de projetos com recursos próprios. Vou citar alguns, como o investimento em rodovias e em torres de celular no interior do Estado. Estamos comprando, de uma vez só, 100 torres, para pequenas comunidades terem acesso à internet. Temos também investimentos na área de saneamento em diversos municípios. Com o Sistema Reis Magos, estamos captando e tratando água – o equivalente ao volume que Cachoeiro de Itapemirim consome diariamente – e colocando na Grande Vitória. É uma obra robusta.

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O país não pode se dar o luxo, em 2018, de mergulhar numa nova aventura. Temos que trilhar um caminho sólido, responsável”

Na área da saúde, acabamos de trazer o pronto-socorro do Hospital Infantil para o HPM (Hospital da Polícia Militar), e está funcionando muito bem. Agora, vamos trazer também o setor de oncologia infantil para o HPM. Também decidimos pela reestruturação do HPM, para poder melhorar os serviços aos policiais, aos bombeiros e aos seus familiares. O investimento privado também está voltando, e estou muito animado com 2018. Acho que os capixabas vão viver melhor.

Mas temos que nos preocupar com depois de 2018, que vai depender muito da decisão política que o Brasil vai tomar na eleição para presidente da República. Quais as principais diferenças da atual gestão em relação aos dois mandatos anteriores do senhor (2003 a 2010)? Tem coisas que são parecidas. Em 2003 peguei o Estado quebrado. E em 2015, quando tomei posse, o Estado estava saindo do rumo, de novo. Mas tem muitas diferenças. Aquela crise nos anos 90, que chegou até 2001, 2002, era capixaba. Essa não. É uma crise brasileira. Lá em 2003, precisávamos resolver a nossa casa e, graças a Deus, resolvemos. Agora nós temos que ajudar o Espírito Santo e também tentar ajudar a cuidar do Brasil. Foi por isso que eu, pela primeira vez, passei a ter uma militância mais forte na política nacional, porque o Brasil virou uma pedra no caminho, literalmente. A gente está fazendo tudo certinho no Espírito Santo, mas, se o Brasil não resolver o seu caminho, em algum momento ele vai ser um dificultador para todos nós. Tem uma coisa bacana deste governo atual: tivemos que fazer um duro ajuste fiscal, mas não paramos aí. Conseguimos também inovar em políticas públicas, criamos a Escola Viva, que é uma revolução no ensino médio, lançamos o Pacto pela Aprendizagem, ao qual mais de 40 municípios já aderiram, criamos o programa Ocupação Social, voltado para as comunidades em risco social. Em plena crise, expandimos o Reflorestar, programa que cuida de nascentes e da cobertura florestal. Criamos a Rede Cuidar, uma inovação no SUS, levando consultas especializadas e exames para o interior do Estado. O que não deu para fazer ainda e será estratégico nesse último ano como governador? Nesse último ano vai dar para fazer muito mais ainda. Teremos um pouco mais de recursos. A receita está melhorando, pouco, mas constantemente. Isso vai permitir que a gente avance em diversos projetos que estão em curso e tire outros da gaveta. Eu pretendo, neste início de ano, fazer um ajuste do planejamento do Estado em função dessas mudanças, priorizando projetos que vão reforçar o que estamos fazendo e dando mais alguns passos nessa caminhada. Como o Estado pode retomar a capacidade de crescer? A Samarco deve voltar a funcionar no primeiro semestre de 2018, o que deve restabelecer um pedaço da nossa economia.

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A gente está fazendo tudo certinho no Espírito Santo, mas, se o Brasil não resolver o seu caminho, em algum momento ele vai ser um dificultador para todos nós”

Além disso, nós estamos tendo chuvas, o que é bom em todos sentidos, mas principalmente para a agricultura, que é uma base social importante do Estado. A cafeicultura, por exemplo, está presente na quase totalidade dos municípios. Qual é o problema que podemos ter? É o Brasil. Se o país não acertar o passo, não tem jeito. Isso passa pela eleição presidencial. Se a gente não acertar a agenda do país, se não modernizar, vai ter dificuldades. Numa palestra que fiz, citei os exemplos da Alemanha e da França. A Alemanha se modernizou, se tornou competitiva, e é hoje a grande locomotiva da Europa. E a França? Ficou igual ao Brasil, parada no tempo. Se o Brasil não tomar rumo, a nossa situação, que está ruim, vai piorar: vai atrapalhar o Espírito Santo e os brasileiros como um todo. Quais seriam esses rumos errados que o país poderia tomar? Os extremos. A gente cair na mão do radicalismo. Os americanos colocaram na Presidência da República um bravateiro e estão pagando o preço, mas eles têm gordura para queimar, e nós não. O Brasil está em pele e osso. Precisamos cuidar dos nossos problemas. Um deles é a melhora da educação básica dos nossos jovens. Se o mundo está integrado e competitivo, não tem lugar ao sol quem não consegue fazer a sua juventude ser bem informada e bem instruída. O desafio número dois é melhorar a infraestrutura do país: rodovias, aeroportos, ferrovias, portos, transmissão de dados, energia... Porque os países precisam ter uma infraestrutura boa, para produzir e movimentar seus produtos. Além disso, muitas das nossas leis são pré-históricas, temos que modernizá-las. Ou seja, temos um baita dever de casa. Por isso, o país não pode se dar o luxo, em 2018, de mergulhar numa nova aventura. Temos que trilhar um caminho sólido, responsável. Nós nascemos ouvindo dizer que somos o país do futuro. E esse futuro nunca se realizou. Por que um país que possui tanto potencial não consegue chegar lá? Outros conseguiram. Há 60 anos, nós estávamos na frente da Coreia do Sul, hoje estamos atrás. Há 52 anos, Cingapura conseguiu a independência da Malásia, e olha o

avanço que obteve. Qual o segredo? As duas apostaram na educação e formação dos seus jovens. Nós temos pistas pelo mundo afora do que temos que fazer. Precisamos de bom senso e equilíbrio para fazer aquilo que precisa ser feito para transformar o nosso país. Ao ser eleito, o senhor declarou que não seria candidato à reeleição. Esse posicionamento se mantém? Estou refletindo. Até a segunda quinzena de março vamos tomar uma decisão sobre essa e outras questões que acho que são importantes do ponto de vista político da minha caminhada, do projeto que eu represento. Até lá teremos mais elementos para amadurecer uma decisão que seja, principalmente, boa para os capixabas e, se possível, boa para os brasileiros também. radio.esbrasil.com.br •

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É sempre um bom caminho na hora de votar conhecer as histórias das pessoas”

O senhor vai participar de alguma chapa nas eleições presidenciais? Eu acho que o importante, para nós, não é se eu vou estar na chapa A ou B. A gente precisa é chamar a atenção do país. O Brasil precisa tomar um rumo sólido. Eu compreendo o mau humor da população, acho que ela tem razão. Mas, se a gente levar essa angústia para as urnas em 2018, não será um bom caminho. Toda vez que a população decide com o fígado, não decide bem. Estou torcendo para que essa melhora da economia brasileira, mesmo que pequena, chegue ao Brasil de carne e osso em 2018, gerando emprego e melhorando a renda das famílias, pois isso vai acalmar o país e abrir espaço para uma reflexão melhor sobre o nosso futuro. Eu não reivindico posição alguma, em chapa alguma, o que eu reivindico é participar de um movimento correto que coloque o país num rumo que possa nos dar orgulho nos próximos 10, 20, 50 anos. O senhor acredita que haverá aumento dos votos brancos e nulos nas próximas eleições, diante dessa insatisfação popular? Há dois fatores a considerar. A democracia representativa, que foi inventada pelos gregos, em que você elege as pessoas para representá-lo, está em crise, principalmente pelo advento das novas tecnologias. Esse mundo, que está transformando as relações humanas, também interferiu na política. Ou seja, a população tem um deficit de representatividade. Na disputa presidencial na França, quase 50% dos eleitores não compareceram para votar. O mesmo aconteceu no Chile. E, além disso, você tem os problemas do Brasil, que vive uma crise ética. É muito provável que nas eleições de 2018, até porque o sistema político não foi reformado, tenhamos muitas abstenções e votos nulos.

S e entregarmos o país para um demagogo, nós vamos viver mais quatro anos de aventura. Não sei se o país aguenta esse tranco” 12

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Qual é o caminho para combater a corrupção? Nós temos um conjunto de problemas, todos muito graves, e a corrupção é um deles. Precisamos enfrentar todos eles. O combate à corrupção ajuda, inclusive, a atrair investimentos. É importante a gente não parar esse processo de modernização do país, de combate à corrupção, de melhoria da educação, da infraestrutura, e de reforma desse Estado paquidérmico, caro, ineficiente. Precisamos seguir em frente. Outros países já passaram por isso, então não fiquemos desesperados. Eles passaram por questões muito similares. E superaram, reformaram, modernizaram, deram a volta por cima. Tem caminho. O que nós precisamos é pegar o caminho certo para concretizar o nosso potencial em uma vida melhor.



PERSPECTIVAS 2018

WEBER CALDAS

A CORRIDA DE OBSTÁCULOS DA RECUPERAÇÃO BRASILEIRA Ouça o conteúdo desta matéria no site da ESBrasil

PARA SUPERAR DE VEZ OS ESTRAGOS CAUSADOS PELA LONGA RECESSÃO, OS ANALISTAS AVALIAM QUE, EM 2018, O PAÍS PRECISA DAR UMA ARRANCADA NA RETOMADA DO CRESCIMENTO ECONÔMICO

Q

uem disputa corrida de rua sabe que um único passo em falso pode resultar em uma queda. Porém, é preciso levantar e seguir em frente. Fazer uma prova de recuperação. Superar as dores, os obstáculos e os adversários no caminho para cruzar a linha de chegada. No caso do Brasil, a corrida de recuperação tem sido lenta, longa e cheia de percalços. Tanto, que o país entra em 2018 ainda necessitando alargar suas passadas para arrancar e deixar para trás pendências dos anos anteriores, como as reformas estruturais, o desemprego e a plena retomada econômica. Tudo isso com um incômodo calo no pé: o desequilíbrio fiscal. Desde 2014, o Brasil enfrenta assombrosos deficits primários em seu Orçamento anual, e a previsão é que a conta só saia do vermelho em 2021, depois de atingir um patamar negativo de R$ 163 bilhões em 2017, com projeção de novo deficit de R$ 159 bilhões em 2018. Atingir a meta fiscal é, na visão de especialistas, essencial para conquistar equilíbrio nas contas públicas e aumentar a

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competitividade do país, reduzindo o risco Brasil e ampliando a capacidade de investimento por parte de governos, empresas e famílias, o que favorece o consumo e faz a roda da economia voltar a girar. Sem isso, a saída da recessão tende a ser mais lenta, e o cenário futuro fica ainda mais nebuloso. Essa trajetória, porém, se complicou ainda mais em razão das denúncias contra o presidente da República, Michel Temer, que dominaram o cenário político-jurídico e colocaram em xeque a agenda de reformas proposta pela equipe econômica federal. Assim, nem os sinais de recuperação do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, que teve três trimestres consecutivos de alta em 2017 (veja gráfico), são capazes de empolgar. Ainda é necessário cautela para avaliar como será no próximo ano. “O quadro que descreve a economia brasileira no final de 2017 é pitoresco e preocupante. Pitoresco porque, mesmo em meio aos problemas de ordem político-institucional que o país atravessa,


conseguiu-se um crescimento acumulado do PIB, o que foi interpretado como indicador do fim da recessão e início da retomada do crescimento. Mas o quadro ainda é preocupante, porque os entraves ao crescimento sustentável persistem e não estão tendo a devida atenção por parte dos agentes econômicos”, observa a economista e professora da Fucape Business School Arilda Teixeira. Em vez da recuperação da economia, outra preocupação dominou o ambiente político este ano e prejudicou o cenário para 2018, como salienta a professora. “O esforço da República foi o de salvar a sua elite política, envolvida em denúncias de corrupção, prevaricação, formação de quadrilha etc.”, aponta Arilda. “Uma inversão de valores que deteriorou as perspectivas para a economia em 2018, haja vista que as reformas econômicas estão sendo adiadas ou aprovadas pela metade.” Também para o economista Arlindo Villaschi, professor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), os sinais de retomada não são convincentes, por motivos semelhantes aos apontados pela professora

da Fucape. “Tem muito mais fumaça do que fogo nesses anúncios de retomada econômica. Nesse imbróglio político, a economia ficou totalmente paralisada”, afirma Villaschi, criticando as medidas adotadas pelo governo federal. “Quem ascendeu ao poder por meio do impeachment da presidente Dilma Rousseff tem uma pauta conservadora, com uma política econômica reacionária, que não deu certo em lugar nenhum do mundo e não vai dar certo no Brasil também.”

“Para os pequenos negócios, é importante manter o foco, planejar as decisões e se manter competitivo, para assegurar o consumo e incentivar a movimentação do mercado. Planejamento é algo fundamental ao se tomar qualquer decisão” José Eugênio Vieira, superintendente do Sebrae-ES

8ªposição O Espírito Santo perdeu duas posições no Ranking de Competitividade dos Estados, em 2017, ficando com 55,1 pontos – 6,9 a menos que no ano passado. Mas ainda continua acima da média nacional, que foi de 47,9

REFORMAS Porém, há quem prefira manter a confiança, baseando-se sobretudo na nova legislação trabalhista, em vigor desde novembro, e nas negociações para a aprovação pela Câmara da reforma da Previdência, cuja votação foi adiada algumas vezes pelo governo federal, que ainda na primeira quinzena de dezembro buscava votos para garantir o resultado. De acordo com balanço divulgado pelo governo federal em março, o deficit com a Seguridade Social (que envolve direitos relativos a saúde,

O cenário político-jurídico comprometeu o debate de reformas como a da Previdência

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Setor industrial do Espírito Santo apresentou um crescimento de 2,5% na produção, neste ano

VARIAÇÃO DO PIB (EM %) Acumulado no ano

2017

1,6**

0,89*

2016

-3,60

2015

-3,77

2014

3,3

-12,2 -1,1

0,5

Fonte: IBGE

previdência e assistência social) foi de R$ 258,7 bilhões em 2016. Esse rombo equivale a 4,1% do PIB. Vem daí a defesa, por parte de setores produtivos, da mudança no sistema previdenciário brasileiro como forma de fazer o país recuperar o equilíbrio fiscal. “Em 2017 conquistamos vitórias fundamentais, que contribuíram muito para o início da recuperação econômica, como a aprovação da lei do teto dos gastos públicos, o novo marco regulatório do pré-sal, a aprovação da lei da terceirização, a convalidação dos incentivos fiscais e a reforma trabalhista”, lista o presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Léo de Castro. 16

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“Mas certamente ainda precisamos avançar na reforma da Previdência ES e na reforma tributária e BRASIL política. Também é fundamental que o ajuste fiscal seja feito pelo governo e que ele ocorra no campo da despesa, e não por meio de aumento de imposto.” Essas conquistas, assim como outras que estão por vir, já têm ajudado a indústria capixaba. Se no ano passado o setor registrou queda de 18,8% na produção, na comparação com 2015 – um dos piores patamares de sua história –, de janeiro a outubro de 2017 os sinais de recuperação foram evidentes, com um crescimento de 2,5% no Estado e de 1,9% no país, conforme dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “Essa evolução da indústria capixaba veio acompanhada também de um saldo positivo na geração de empregos, no acumulado do ano. São sinais de que estamos em um momento de virada econômica”, comemora o presidente da Findes.

Os dados, de fato, apontam uma redução no desemprego no Espírito Santo, em 2017. De janeiro a outubro, foram realizadas 251.454 admissões e 248.284 demissões, com um saldo positivo de 3.170 empregos. Bem diferente do cenário de anos anteriores, que terminaram com quedas expressivas na geração de emprego: -30.571 em 2015, e -28.470 em 2016. Os números capixabas refletem uma tendência nacional. O terceiro trimestre de 2017 registrou a sétima redução seguida na taxa de desemprego, que recuou para 12,2%, de acordo com o IBGE. Graças à geração de 2,3 milhões de postos de trabalho no país, o número de pessoas sem emprego caiu para 12,7 milhões. No entanto, ressalte-se a queda na qualidade do emprego: do total de posições abertas, 74%, ou 1,7 milhão, são informais. A quantidade de vagas com carteira assinada

“O Brasil ainda precisa caminhar muito para encontrar a rota do crescimento. Há muitas deficiências a serem superadas” Arilda Teixeira, economista e professora da Fucape


“A retomada das privatizações e a aceleração da agenda das concessões são pontos fundamentais para que o Brasil permaneça no caminho do desenvolvimento” Léo de Castro, presidente da Findes aumentou em apenas 17 mil, enquanto aquelas sem carteira cresceu 721 mil. Houve também aumento de 676 mil no número de trabalhadores por conta própria no país. EMPREENDEDORISMO O resultado de tudo isso se revela no crescimento do número de empreendedores por necessidade no Brasil, que saltou de 29% para 43% em 2015 e se manteve praticamente estável em 2016. “A crise econômica mudou o comportamento dos empreendedores. Aumentou o número de pessoas que decidiram empreender por não possuírem melhores alternativas de emprego, propondo-se a criar um negócio que gere rendimentos, visando basicamente à sua subsistência e à de seus familiares. Em 2016, o número de empreendedores por necessidade no país chegou a 11 milhões”, observa o superintendente do Sebrae-ES, José Eugênio Vieira. O economista Arlindo Villaschi vê esse crescimento no número de trabalhadores por conta própria como uma busca desesperada pela sobrevivência. “As pessoas estão tendo de sobreviver das maneiras mais diferentes possíveis: seja como motorista do Uber, seja como vendedor de churrasquinho nas calçadas. Se observarmos quem está migrando para os empregos informais, vamos encontrar pessoas com curso superior ou microempresários que se viram obrigados a se desfazer do negócio próprio”, afirma o professor.

278mil Número de trabalhadores desocupados no Espírito Santo, no terceiro trimestre de 2017, conforme a Pnad Contínua

EVOLUÇÃO DA TAXA DE DESEMPREGO (EM %)

No Espírito Santo, de ESPÍRITO SANTO BRASIL acordo com o Sebrae, os pequenos negócios estão 2017 em fase de crescimento. Até outubro deste ano, 1º trimestre 13,7 14,4 foram registradas 291.593 empresas optantes pelo 13 13,4 2º trimestre Simples Nacional, um aumento de 19,7% se 12,4 13 3º trimestre comparado a outubro de 2015. Desses, 196 mil são microempreendedores 2016 individuais. “Estamos chegando 1º trimestre 10,9 11,1 ao fim de 2017 com um cenário esperançoso para os 2º trimestre 11,3 11,5 empreendedores capixabas. Conseguimos perceber uma reação da economia, 3º trimestre 11,8 12,7 com melhora em diversos setores, como alimen4º trimestre 12 13,6 tação, comércio e beleza, entre outros”, contrapõe 2015 José Eugênio Vieira, que traça um cenário positivo 1º trimestre 7,9 6,9 para 2018. “O Brasil está no caminho certo para se 2º trimestre 8,3 6,6 recuperar e garantir a estabilidade econômica. No 3º trimestre 8,9 8,1 próximo ano, é provável que as medidas implantadas até agora comecem a fazer 4º trimestre 9,1 9 efeito e que a economia volte a crescer. As projeFonte: Pnad Contínua/IBGE ções são de um percentual entre 2% e 3% de crescimento do PIB, “As reformas têm que alavancados principalmente pela atividade acontecer. Ou o país se ajusta a do agronegócio.” O bom momento do agronegócio pode uma realidade ou está fadado ser percebido, no Espírito Santo, com o a ir à falência total” crescimento de 17,9% nas exportações, José Lino Sepulcri, no primeiro semestre de 2017, puxado prinpresidente da Fecomércio-ES cipalmente pelo aumento de 29% nas vendas externas de celulose que, sozinha, contribuiu relativamente com 18 pontos percentuais. principais responsáveis pelo desenvolviDestaque também para a evolução de mento. Dos 84 mil estabelecimentos rurais 79% na venda de café solúvel, de 29,4% da no Estado, 67 mil, ou seja, 80%, fazem carne de frango, de 15,1% das especiarias parte da agricultura familiar, que é respone de 13,6% dos chocolates. Por outro lado, sável por 44% do valor bruto da produção houve queda na exportação de carne bovina do Estado”, observa Júlio Rocha, presidente da Federação da Agricultura do Espírito (-32,6%) e de peixes (-26,5%). “O Espírito Santo possui a vocação Santo (Faes). Apesar do crescimento das exporagrícola como um fator determinante tações, de junho a outubro a variação na economia, e a agricultura é uma das radio.esbrasil.com.br •

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empregatícia foi negativa no agronegócio capixaba, de acordo com os dados divulgados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho. Em junho, foram fechados 1.354 postos de trabalho, em relação a maio. Nos meses seguintes, as vagas perdidas oscilaram entre 1,2 mil e 1,7 mil. Já em outubro, houve 151 empregos a menos do que em setembro. “A reforma trabalhista ajudou, mas tardiamente. Isso forçou os produtores a implantar a mecanização agrícola até para a colheita de café, levando a essas seguidas quedas de empregos no setor. Porém, com o recente alento que houve na economia, os empregos já estão retornando”, garante o presidente da Faes. Essa mesma expressão – “alento” – é usada pelo presidente da Federação do Comércio do Espírito Santo (Fecomércio-ES),

“Foi um ano difícil para todo o sistema de transportes. A expectativa de melhora não se concretizou” - Jerson Picoli, presidente da Fetransportes

José Lino Sepulcri, para se referir ao cenário econômico de 2017. “Neste ano, voltou a turbulência política, que praticamente engessou a economia. Após a definição sobre a manutenção do presidente, quer sim, quer não, deu-se um alento à economia, que, timidamente, começou a crescer”, destaca ele. RECUPERAÇÃO: ONDA OU MAROLINHA? Outros fatores que têm levado os consumidores de volta às lojas, na opinião do presidente da Fecomércio, são a estabilização da inflação, que deve fechar o ano em 3,09%, e a queda na taxa de juros, que está em 7% ao ano – o menor nível desde a criação do Copom (Comitê de Política Monetária), pelo Banco Central, em 1996. “Tanto a estabilização da inflação quanto a queda da taxa Selic, que há dois anos estava na ordem de 14% e hoje caiu pela metade, influenciam no consumo das famílias. Voltou-se a respirar alguma confiança”, analisa José Lino. Contudo, a onda da recuperação pode ser apenas uma marolinha. A economista Arilda Teixeira recomenda prudência para interpretar os movimentos do PIB como sendo uma retomada do crescimento.

12,7milhões Total de brasileiros desocupados no terceiro trimestre de 2017, conforme a Pnad Contínua

Do contrário, pode haver uma frustração de expectativas. Ela baseia essa postura cautelosa em uma análise do volume de investimentos no país, que ainda não começou a crescer. A variação acumulada ao longo do ano fechou o terceiro trimestre de 2017 em -3,6% na comparação com o mesmo período do ano anterior. “O verdadeiro impulsionador do crescimento é o volume de investimento, que não está nada animador, haja vista que apenas está caindo menos, depois de ter registrado quedas de -11,6% no terceiro trimestre de 2016 e de -12,4% no terceiro trimestre de 2015”, pontua Arilda. “Uma vez que o investimento é o componente do PIB que gera, simultaneamente, consumo e capacidade para produzir, ele é imprescindível para a sustentação do crescimento. Sua trajetória, até aqui, não permite afirmar que haverá crescimento acelerado da economia brasileira em 2018”.

Após mais de 10 anos de obras, novo aeroporto de Vitória enfim será inaugurado em 2018

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PROJEÇÕES 2018

2,6% Inflação 4,02% Juros 7% ao ano Dólar R$ 3,30 Balança comercial US$ 52 bilhões PIB

Fonte: Boletim Focus do Banco Central (1ª semana de dezembro de 2017)

MAIS VALE UM PÁSSARO NA MÃO... Se a economia corre o risco de não decolar, ao menos no novo aeroporto de Vitória os voos devem, enfim, ser autorizados, após mais de 10 anos de idas e vindas nas obras. Com inauguração prevista para março de 2018, o novo terminal terá capacidade para atender 8,8 milhões de passageiros por ano – bem acima dos 3,3 milhões atuais. O investimento total foi de R$ 653,9 milhões. Uma boa notícia para o setor logístico do Estado, que viveu 2017 às voltas com a polêmica da ameaça de não duplicação da BR 101. “Acredito que vai prevalecer o bom senso e haverá, sim, a duplicação da BR 101. É algo que vai garantir mais segurança e rapidez para a circulação de veículos e o transporte de bens e mercadorias no Estado”, confia o presidente da Federação de Transportes do Espírito Santo (Fetransportes), Jerson Picoli. “Já o novo aeroporto será um cartão de visitas para aqueles que querem investir ou visitar o nosso Estado. Enfim, teremos um terminal mais condizente com o nosso nível de crescimento e desenvolvimento”, constata. Como demonstram especialistas e representantes dos setores produtivos, a corrida

“Vejo 2018 com muita tristeza; vamos continuar em uma derrocada social muito forte no Brasil” Arlindo Villaschi, economista e professor da Ufes

“Sem Luciano Huck, Paulo Hartung pode ter nova chance na corrida presidencial caso outro nome apareça nos próximos meses” - Vitor de Angelo, cientista político de recuperação se transformou em uma maratona. Além de encarar obstáculos no caminho, o país precisará de ter fôlego para seguir em frente em 2018, sem perder o ritmo adquirido nos últimos meses. Do contrário, cruzar a sonhada linha de chegada, da plena retomada econômica e da volta do crescimento, pode se tornar um objetivo cada vez mais distante e difícil de ser alcançado. ANO DE ELEIÇÕES DEIXA INCERTEZAS NO AR Um fator a mais de incerteza para 2018 é o cenário político. As eleições para presidente, governador, senador e deputados deixam cidadãos e representantes do setor produtivo capixaba com um pé atrás, temendo uma ameaça à recuperação econômica do país. “No próximo ano teremos um cenário eleitoral complexo, com ameaças reais de retrocesso e desmonte da agenda modernizadora em curso no Congresso. Diante disso, é fundamental que os empreendedores se posicionem em torno do que acreditam ser essencial para o desenvolvimento sustentável do país”, alerta o presidente da Findes, Léo de Castro.

Por sua vez, José Lino Sepulcri, presidente da Fecomércio-ES, pontua: “O fato de ser um ano político nos deixa com um otimismo moderado em relação a 2018. Mas acredito em um crescimento tímido do país”. No jogo político do Estado, todas as atenções estão voltadas para a movimentação do governador Paulo Hartung, que já manifestou seu desejo de entrar na disputa presidencial, abrindo mão de concorrer à reeleição e embaralhando a corrida pelo Palácio Anchieta. “A grande janela para o governador era ser vice de Luciano Huck, que já anunciou não ter interesse em participar da disputa. Embora estranha a princípio, a chapa fazia sentido eleitoralmente falando. Huck seria o novo. Hartung, o velho. Porém, um velho prestigiado no mercado, pelo que se considera uma política responsável e exitosa de ajuste fiscal. Em todo caso, se uma candidatura nacional de Paulo Hartung ainda se viabilizar, quem se beneficiaria localmente seriam aqueles que, por falta de vaga na chapa, ficariam fora da disputa ao governo – talvez Cesar Colnago ou Ricardo Ferraço”, analisa o cientista político e professor da UVV Vitor de Angelo. De acordo com pesquisa feita pelo Instituto Datafolha, divulgada no começo de dezembro, o ex-presidente Lula (PT) lidera os cenários para a eleição presidencial em 2018, com Jair Bolsonaro (PSC) em segundo lugar. Vitor de Angelo não vê essa disputa como uma polarização entre dois candidatos. E acredita no surgimento de um novo nome na corrida pela presidência. “Polarização não significa antagonismo ideológico. Pode haver polarização eleitoral entre dois candidatos de direita, por exemplo. Digo isso porque não vejo Lula e Bolsonaro como contraface um do outro. O ponto a ressaltar é que o centro não necessariamente precisa de um terceiro candidato. Talvez ele possa ser ocupado, do ponto de vista da agenda econômica, pelo Bolsonaro, por exemplo. Mas acredito que, até que isso ocorra, muitos estão em busca desse terceiro nome, e um nome novo, preferencialmente”, aponta o cientista político. radio.esbrasil.com.br •

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Conteúdo Especial - Parceria do Editor

ACORDO DE SÓCIO

O ACORDO DE SÓCIOS

REGRAS PARA GARANTIR A LONGEVIDADE

É muito comum famílias empresárias misturarem a administração dos seus afazeres pessoais e dos seus ativos com a administração das rotinas da própria empresa familiar. Tarefas como a declaração de Imposto de Renda dos sócios e familiares, a organização de viagens de férias, a contratação de serviços pessoais e até o controle de aplicações financeiras costumam ser atribuídas a colaboradores da empresa. O family office constitui um importante instrumento de apoio à governança familiar, separando as esferas da família e da empresa e tornando mais profissional a relação entre elas. Conforme definição da SEC (comissão de valores mobiliários americana), trata-se de uma entidade estabelecida por famílias prósperas para administrar sua riqueza, planejar o futuro financeiro da família e prestar serviços diversos aos familiares. Existem vários formatos de family offices, abrangendo desde uma pequena estrutura para a simples prestação de serviços de concierge para os familiares, até estruturas mais elaboradas, que envolvam a gestão do patrimônio e a gestão da filantropia da família. Há, ainda, single family offices, estruturas que atendem a uma família empresária específica, e multi family offices, destinados a atender várias famílias. No Brasil, muitas famílias empresárias se consideram distantes dessa realidade, por acreditarem que o family office somente se justifica nos casos de fortunas muito grandes. No entanto, é altamente recomendável se pensar na sua implantação, ainda que, inicialmente, seja apenas para separar as atividades pessoais dos familiares das rotinas da empresa, o que já constitui um enorme avanço em termos de governança corporativa e familiar. Além disso, independentemente de o capital financeiro da família ser de R$ 10 milhões ou de mais de R$ 500 milhões, há várias questões que merecem um tratamento mais exclusivo do que o que normalmente é oferecido pelos bancos ou por consultorias financeiras. Essas questões incluem planejamento tributário, gerenciamento de riscos, diversificação, planejamento sucessório e liquidez. Tratar esses temas de forma exclusiva, por profissionais qualificados e numa estrutura sob controle da própria família, sob coordenação e supervisão do Conselho de Família, é altamente salutar para o bem-estar e o futuro da família empresária.

Adriano Salvi Conselheiro de administração certificado pelo IBGC, professor convidado da Fundação Dom Cabral e sócio da Vix Partners Governança Corporativa

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Danielle Quintanilha Merhi Psicanalista, especialista em empresas familiares, professora convidada da Fundação Dom Cabral e sócia da Vix Partners Governança Corporativa

Brigas familiares, confusão entre o patrimônio da família e o da empresa, indicação de membros familiares não preparados para posições estratégicas e sucessão mal planejada são causas que levam as firmas familiares a engrossar as estatísticas de mortandade nas primeiras gerações. Um bom acordo de sócios deve abordar com clareza essas questões, evitando que se tornem motivo de grandes dores de cabeça .

EMPRESA FAMILIAR E FAMÍLIA EMPRESÁRIA

UM ACORDO PARA EQUILIBRAR AS NECESSIDADES DE AMBAS Gerenciar uma empresa familiar e uma família empresária significa alcançar harmonia e bem-estar entre os familiares e, ao mesmo tempo, prosperidade e desenvolvimento nos negócios. Ambos os enfoques precisam estar contemplados na discussão sobre cada tema constante do acordo de sócios. Lembre-se: é o futuro da família e da empresa que está em jogo.

TAG ALONG

PROTEGENDO-SE NA VENDA DO CONTROLE DA EMPRESA Um risco em qualquer sociedade é o de que o seu controle seja alienado e que alguns sócios se vejam diante da indesejada situação de se tornarem minoritários em uma empresa controlada por alguém a quem eles não escolheram por sócio. Para evitar tal possibilidade, o acordo de sócios pode estabelecer o tag along, por meio do qual a venda do controle somente poderá ocorrer caso o adquirente faça oferta de compra das participações dos demais sócios nas mesmas condições de preço e forma de pagamento ofertadas pelo bloco de controle.



Quem são as personalidades que deram nome às ruas e às avenidas do Estado e qual a importância delas para o desenvolvimento capixaba? Para responder a essas e outras perguntas, a coluna “O Endereço da História” presta uma homenagem às pessoas que tanto contribuíram para o Espírito Santo. Confira.

ALZIRO ZARUR UM APÓSTOLO DO SÉCULO 20 É NOME DE RUA EM JARDIM DA PENHA

F José Eugênio Vieira é pesquisador com diversos livros publicados sobre a História do Espírito Santo e atualmente ocupa a Superintendência do Sebrae

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iel a seu próprio lema, Alziro Zarur, personagem enfocado nesta publicação, empreendeu uma jornada de vida que o faria protagonista de uma saga que poderia ser inserida, sem o risco de se cometer heresia, como capítulo de uma bíblia do século dos tempos modernos. Jornalista, radialista, poeta, escritor, ativista social, polêmico e carismático, filho do casal de imigrantes árabes Assima e Elias Zarur, ele nasceu no dia de 25 de dezembro de 1914, na cidade do Rio de Janeiro, onde foi registrado com o nome de Alziro Abrahão Elias David Zarur. Seus estudos preliminares foram realizados no Colégio Dom Pedro II, também no Rio, onde foi aluno brilhante. Sua vocação para o jornalismo o impulsionou a fundar, ainda jovem estudante, o jornal “O Atalaia” e a ser indicado para dirigir o órgão oficial da escola, o “Boletim do Colégio Pedro II”, passos iniciais para se

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tornar profissional da imprensa, aos 15 anos, como repórter do matutino “A Pátria”, de João do Rio, sob direção de Diniz Junior. Sua voz tocante o levou a participar da chamada “era de ouro” da radiofonia brasileira e a criar diversos programas. Essa fase da vida, no entanto, uma espécie de aprendizado marcado pelo jornalismo, universalizou sua visão do homem num plano mais elevado, fazendo-o mergulhar na inteligência e na alma numa missão evangelizadora, com a fundação, em 1954, da Legião da Boa Vontade (LBV), mais tarde declarada de utilidade pública por decreto do então presidente da República, Juscelino Kubitschek.


Bem localizada, a rua Alziro Zarur fica nas mediações do Parque Pedra da Cebola e da famosa avenida conhecida como Rua da Lama

GPS -20.2796094 -40.3004966

Sua formação religiosa foi ministrada principalmente pela avó católica, mas o espírito inquieto e perscrutador levou-o a frequentar cultos protestantes e até centros espíritos. Alziro Zarur Estudou na Faculdade Nacional de Direito, no Rio de Janeiro. Entretanto fez a opção de ser doutor em Evangelho e Apocalipse. Em 1948 “afastou-se dos círculos sociais durante cerca de um ano, vivenciando um período de ‘exílio espiritual para meditação e planejamento, em pormenores, da obra que viria a fundar”. No retorno do exílio, em 4 de março de 1949, criou o programa “A Hora da Boa Vontade” na rádio Globo (RJ), com forte cunho religioso e palavras de alento aos doentes de corpo e espírito. No ano seguinte, em 1950, fundou a Legião da Boa Vontade. Recebeu em 1965, por ocasião das comemorações dos 400 anos de fundação da cidade do Rio de Janeiro, o título de “Radialista do IV Centenário”. Criou a Associação Brasileira de Cronistas Radiofônicos (ABCR), entre outras ações. Fundou em 1964 o Partido da Boa Vontade (PBV), sigla política que poderia servir de plataforma para uma improvável candidatura

Participe da coluna enviando sugestões para enderecodahistoria@revistaesbrasil.com.br

à Presidência da República, mas que nunca chegou a funcionar. A ditadura militar se instalara no país. Faleceu na cidade do Rio de Janeiro no dia 21 de outubro de 1979. O nosso Estado, particularmente Vitória, teve motivos relevantes para honrar a memória de Alziro Zarur, dando seu nome a uma rua no bairro Jardim da Penha. Copidesque: Rubens Pontes. radio.esbrasil.com.br •

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INFORME PUBLICITÁRIO

OCEAN VILLE REÚNE FACILIDADES PARA QUEM QUER FAZER TUDO SEM SAIR DE CASA

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comodidade de morar na Praia da Costa e não ter que enfrentar o engarrafamento da Terceira Ponte para trabalhar. E ainda ter opções de lazer e compras, dispensando o uso de carro e evitando situações corriqueiras de estresse no trânsito. Essas são algumas facilidades oferecidas pelo Ocean Ville, que está sendo construído em uma das áreas mais nobres de Vila Velha e vai abrigar uma torre corporativa com mall no térreo e outra residencial. O formato do empreendimento é inédito no município, mas já é sucesso nas grandes cidades do Brasil e do mundo. “A tendência é esta. Quanto mais facilidades as pessoas têm na região onde moram e trabalham, menos elas precisam usar o carro e menos tempo elas perdem no trânsito”, ressalta o diretor-presidente da Galwan S/A, José Luís Galvêas Loureiro. 24

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OCEAN VILLE CORPORATE CENTER & MALL E OCEAN VILLE RESIDENCIAL Endereço: entre as ruas Henrique Moscoso, XV de novembro e Joseph Zogaib, na Praia da Costa, em Vila Velha Apartamentos: de três quartos, com até 91 metros quadrados e duas vagas de garagem. Salas comerciais: simples ou duplex, com metragens que chegam a 91 metros quadrados. Lazer: completo e equipado com piscinas adulto e infantil, sauna, salão multiuso, fitness, churrasqueira e playground. Realização e construção: Galwan Construtora e Incorporadora S/A Informações e vendas: 3200-4004

Galvêas destaca que o prédio está sendo construído em uma localização privilegiada, dentro do conceito atual dos edifícios comerciais, reunindo tecnologia, segurança e fachada diferenciada em pele de vidro. “Além disso, o Ocean Ville fica a poucos passos do calçadão da Praia da Costa, um convite para o passeio no fim do expediente”, disse. A torre corporativa terá 324 salas simples e duplex, com espaços que variam entre 28,44 e 91,68 metros quadrados, o que permite a utilização individual ou integrada. Serão 34 lojas no térreo, com chafariz e espelho d’água, e espaço para embarque e desembarque dos clientes. Já na torre residencial serão 45 unidades de três quartos, com até 91 metros quadrados e duas vagas de garagem. As opções de lazer para os futuros moradores incluem piscinas adulto e infantil, sauna, salão multiúso, fitness, churrasqueira, playground e brinquedoteca. O número de vagas no empreendimento também é generoso: 341 soltas e 12 vinculadas para as salas, 43 vagas para as lojas, 25 vagas para idosos, 13 para portadores de necessidades especiais, nove para motocicletas e 151 para bicicletas. “Até quem não conhece bem Vila Velha sabe como essa localização é privilegiada: a uma quadra do mar, fica próximo às avenidas Champagnat e Gil Veloso. É uma oportunidade única para quem quer trabalhar, morar e se divertir sem precisar sair de casa”, finalizou Galvêas.

www.galwan.com.br | 27 3200-4004 radio.esbrasil.com.br •

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INOVAÇÃO

O formato de arena no qual os encontros foram realizados permitiu o debate com o palestrante e a troca de experiências entre os participantes

OLHARES PARA O FUTURO EM UM FORMATO INOVADOR, ARENA VOS REÚNE REPRESENTANTES DE VÁRIOS SETORES DA SOCIEDADE CAPIXABA PARA DISCUTIR INOVAÇÃO SOB DIFERENTES PONTOS DE VISTA

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mpresários, professores, empreendedores, gestores públicos, arquitetos, engenheiros, pesquisadores, estudantes, influenciadores digitais… Vários olhares, de diferentes setores, reunidos para tratar de um assunto comum a todos: inovação. E a inovação já começou no formato escolhido para esse debate: dentro de uma arena, onde todos podiam falar e ser ouvidos, expondo seus pontos de vista de acordo com um tema central. Assim foi a primeira edição da Arena VOS (Vários Olhares Singulares), iniciativa da Vale voltada a abrir novos horizontes sobre temas da atualidade, relevantes para o Espírito Santo. Durante três quintas-feiras, de novembro, no Parque Botânico Vale, em Jardim Camburi, foram debatidos temas como “Cidades Inteligentes”, “Futurismo” e “Cultura de Inovação nas Empresas”. E cada participante pode, ao mesmo tempo, aprender e ensinar sobre o “admirável mundo novo” que está mexendo com estruturas antes consolidadas. “A Arena VOS surgiu de uma necessidade que nós, da Vale, tínhamos em ampliar ainda mais o nosso diálogo com a sociedade. Daí surgiu a ideia de criarmos um espaço que funcionasse como um catalizador de temas e pudesse reunir diferentes pontos de vista. Começamos por um assunto que está muito em evidência e que impacta a vida todos, a inovação”, explica o gerente de Comunicação

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da Vale, Maurício Manzali. “Pudemos trocar ideias, criar novos conhecimentos e gerar experiências”. Troca de experiências essencial para entender as transformações que estão acontecendo em velocidade cada vez mais rápida no planeta. Decifrar as mudanças provocadas pela era 4.0 – a chamada “4ª revolução industrial” – tem sido a missão dos futuristas, como é o caso de Jaqueline Weigel. Coube à coach e educadora futurista “abrir a arena” e fazer os convidados refletiram sobre como lidar com a necessidade de ser disruptivo. Ou seja, promover uma mudança brusca na forma padrão de funcionar e agir, criando o inesperado. Foi assim que, por exemplo, a Netflix sepultou as locadoras de vídeo, oferecendo acesso on-line a filmes e séries por meio de pagamento de assinatura mensal. “Pequenas empresas estão tirando grandes players do mercado”, destaca Jaqueline Weigel. “A primeira missão para as grandes corporações é a transformação digital. Digitalizem-se. Somos a última geração off-line.”

“A tecnologia digital transforma todo e qualquer objeto à nossa volta em uma estação de produção de dados” Caio Vassão, arquiteto e urbanista


DEPOIMENTOS “A iniciativa da Vale foi uma inovação. A discussão, com grupos de diferentes segmentos da economia, pontuou para nós diferentes visões sobre inovação.” Octacilio Pedrinha, diretor-presidente da Banestes Seguros “Discutir inovação é importante. E nesse ambiente proposto pela Vale foi ainda mais especial. Foi a oportunidade de ouvir ícones da área e, ao mesmo tempo, entender as observações feitas por outros segmentos sobre o assunto.” Aridelmo Teixeira, presidente do Espírito Santo em Ação

O alerta feito para as empresas também vale para os profissionais. “Se tudo está mudando, não é o nosso emprego que vai continuar igual. Mas vão surgir milhares de oportunidades”, garante a futurista. “A carreira passa a ser mais importante do que o emprego. A vida será feita de experimentações.” A solução para se manter conectado às novas exigências do mercado não está apenas em livros ou cursos, mas também na “hora bar”. Foi a dica dada por Romeo Busarello, diretor de Marketing e Ambientes Digitais da Construtora Tecnisa, de São Paulo, e professor da ESPM/Insper, durante a segunda palestra da Arena VOS. Mas não pense que “hora bar” é apenas ir para uma cervejaria e beber com amigos. O conceito é bem mais amplo e envolve a importância da criação de uma rede de relacionamentos para se manter atualizado.

“Dá trabalho seguir a agenda do século 21. Hoje eu ando cinco vezes mais rápido para ficar no mesmo lugar” - Romeo Busarello, diretor de Marketing da Tecnisa

“Toda essa mudança que está acontecendo não vai se estabilizar nos próximos anos. Há muita transformação ainda por vir” Jaqueline Weigel, coach futurista “O que é a ‘hora bar’? É ir a palestras, seminários, congressos, estar em almoços com executivos ou aproveitar o momento dos coffee breaks para construir rede de relacionamentos e manter uma network. Quem não faz isso, hoje em dia, fica descasado da transformação por que passa o mundo”, explica Busarello. Além da “hora bar”, o caminho da atualização não é, obrigatoriamente, correr atrás de um novo curso superior, uma MBA ou pós-graduação. A alternativa, conforme o professor, pode ser fazer nanodegrees, cursos que ensinam habilidades específicas para o mercado de trabalho. “São cursos que permitem a obtenção de certificados ágeis, específicos, por meio de aulas de curta duração, para que o profissional aperfeiçoe suas habilidades rapidamente”, ressalta Busarello. E não são apenas as pessoas e empresas que precisam se adaptar aos tempos digitais. As cidades também devem se tornar inteligentes. Saber utilizar a tecnologia à disposição e aproveitar os dados fornecidos pelos cidadãos, em diferentes plataformas, para entender as necessidades da população. Desafios apontados pelo arquiteto e urbanista paulista Caio Vassão, durante a última palestra da Arena VOS. “Para a antropologia, toda cidade é inteligente, porque é capaz de se organizar por meio da inteligência coletiva. O computador entra para acelerar esse processo, facilitando a forma de integração”, destaca Vassão. Graças ao celular, os cidadãos passam a ser uma fonte ininterrupta de dados que podem ser relevantes para a gestão pública. “A tecnologia digital transforma todo e qualquer objeto à nossa volta em uma estação de produção de dados. O desafio será saber fazer a mineração dessas informações para usá-las de forma eficiente na administração pública”, considera Vassão. Diante do medo que essa necessidade de transformação pode causar entre os profissionais e no mundo corporativo, a futurista Jaqueline Weigel garante não haver nada a temer. “Só os ignorantes têm medo do futuro. As oportunidades serão maiores que as ameaças.” O saldo da Arena VOS foi considerado positivo pela Vale. E novas edições estão sendo programadas para 2018: “Acredito que todos que estiveram presentes se sentiram impactados de alguma forma”, avalia Maurício Manzali. “Nossa ideia é seguir com o projeto em 2018 abordando outros temas de relevância para a nossa sociedade, para contribuir com o desenvolvimento do nosso Estado e com a melhoria da qualidade de vida das pessoas.” radio.esbrasil.com.br •

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“O que te trouxe até aqui não é o que vai te levar até lá.” Marshal Goldsmith

#RETROSPECTIVA Chegamos ao fim de 2017, e só tenho a dizer: que ano incrível para a humanidade! Falamos cada vez mais sobre inovação. E também estamos cada vez mais inseridos em tecnologias exponenciais. Prova disso é que a cada ano o uso desses recursos ficam gradativamente mais baratos. Mas olhar o passado requer cuidado. É mais sobre aprender com nossos erros do que se âncorar no que foi feito.

Leonardo Carrareto Especialista em Inovação e Futurismo e fundador da WIS Educação, escola de inovação. Busca acelerar o desenvolvimento dos mercados no mindset exponencial e da inovação disruptiva.

#FUTURO Como você se sente em relação ao futuro? Em meio aos dias corridos que vivemos, poucas vezes olhamos para o que virá (e não falo de planejamentos da próxima semana, mês ou ano). Quantas vezes você já parou para ter uma visão particular do assunto? Até mesmo uma visão descontaminada do que os outros falam a respeito. A partir daí você consegue ENTENDER, VER e ABRAÇAR o futuro, desenvolvendo uma relação muito mais amistosa e sadia.

#MINDSET As respostas que você tem são consequências das perguntas ou afirmações que você faz. Se você, em vez de emitir sua opinião, pergunta “o que você achou sobre”, prepare-se para ouvir pontos de vistas diferentes que podem lhe acrescentar mais do que um parecer formado.

#SINGULARITY Tive a grata oportunidade de participar de um dos programas voltados para líderes de todo o mundo na Singularity University, a universidade criada por Google, Nasa e diversos parceiros de peso que busca estudar as tecnologias exponenciais como forma de construir um futuro abundante. Sim, o futuro promete ser abundante em recursos que tornem a saúde mais acessível e aumentem a expectativa de vida, que gerem mais trilhões, que permitam mais moradia graças a impressão 3D. Que nos proporcionem mais tempo livre e qualidade de vida.

#LIDERANÇA E se você mudar a palavra diretor por designer? Falar designer financeiro em vez de diretor financeiro, designer executivo no lugar de diretor executivo? Enquanto a palavra diretor refere-se àquele que dirige ou orienta, o designer é aquele que concebe, que desenha, que cria. O mundo que vivemos está precisando menos de gente para orientar e mais pessoal para criar. E não basta ficar só no nome. Precisa mudar a forma de pensar.

#EXPONENCIAL Você sabia que toda tecnologia, antes de se tornar acessível a todos, passa por uma fase de decepção? É isso que dizem os 6Ds das tecnologias exponenciais. Depois que algo é digitalizado, a primeira etapa é exatamente essa negação. Você lembra como era vista a internet em 1996? Ou como era visto o iPhone em 2008? E quantas inovações morreram simplesmente nessa fase. O primeiro telefone touchscreen data de 1987, feito pela própria Apple. Na próxima vez que você vir alguma tecnologia nova, lembre-se de olhar menos para os aspectos que o repelem a ela e mais para o potencial. [Veja mais no blog]

#FRASE “E se existir no futuro um cenário que não envolva carros autônomos? Então nós vamos fazer que envolva.” Astro Teller, capitão de Moonshots da X, a empresa de experimentos do Google 28

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PANORÂMICAS

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ESTUDO

III FÓRUM DE CIDADANIA FINANCEIRA

CAPACITAÇÃO

O Conselho Regional de Economia do Espírito Santo (Corecon-ES) participou do III Fórum de Cidadania Financeira, em Vitória, nos dias 7 e 8 de novembro. No evento, que contou com a presença do presidente do Banco Central (Bacen), Ilan Goldfajn, e de representantes do Corecon-ES, foi apresentado o estudo “Inclusão Financeira nas Regiões e Unidades da Federação (UFs) com Ênfase no Espírito Santo”. O documento é de autoria do Bacen.

CURSO DE PERÍCIA ECONÔMICA Com o objetivo ajudar a aprimorar a qualidade dos serviços de perícia no Espírito Santo e fomentar novas oportunidades de trabalho para os economistas, o Corecon-ES promoveu o Curso de Perícia Econômica. A capacitação aconteceu nos dias 21 e 22 de novembro, em Vitória, e foi ministrada pelos economistas Vanner Simões, que é auditor do Estado, e Juliana Covre, doutora em Economia.

5º FÓRUM LIBERDADE E DEMOCRACIA Com o tema “Valores que Constroem Instituições Duradouras”, o 5º Fórum Liberdade e Democracia foi realizado no dia 6 de novembro, em Vitória. Participaram o presidente do Banco Central (Bacen), Ilan Goldfajn, o economista Gustavo Franco, responsável pela criação e implementação do Plano Real, a chefe do Departamento de Educação Financeira do Bacen, Elvira Cruvinel, e, representando o Corecon-ES, o economista Eduardo Araujo, que é vice-presidente do Conselho.

CONSELHEIROS

CORECON-ES ELEGE NOVA CHAPA O Corecon-ES acaba de renovar um terço dos conselheiros efetivos e suplentes. A eleição aconteceu nos dias 30 e 31 de outubro. Com 87,64% de votos, foi eleita a chapa composta pelos seguintes economistas: Naone Manoel Garcia, Sebastião Demuner, Victor Nunes Toscano (efetivos), Julyana Covre, Letícia Pitanga Bertocchi e Luiz Eduardo Dalfior (suplentes). E ainda: Eduardo Reis Araujo (delegado efetivo) e Julyana Covre (delegada suplente).

CRESCE PROCURA POR CRÉDITOS De acordo com indicador da Serasa Experian, de janeiro a outubro, a procura por crédito apresentou uma alta de 4,6%. “A melhora na confiança do consumidor, a queda dos juros e o controle da inflação indicam parte do aumento da demanda por crédito pelas famílias”, avaliou o conselheiro do Corecon-ES Rudisom Rodrigues. O economista ressaltou, contudo, que é importante ficar atento ao uso responsável desse crédito, principalmente devido aos gastos extras de fim de ano.

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ESB DEBATE

MIKE FIGUEIREDO

Veja o vídeo do debate no nosso canal no YouTube: bit.ly/esbdebate

O auditório do Bourbon Residence Hotel recebeu o público que acompanhou a última edição do ES Brasil Debate de 2017

O QUE ESPERAR DE 2018? ECONOMISTAS, SETOR PÚBLICO E INICIATIVA PRIVADA DEBATERAM O CENÁRIO PARA O PRÓXIMO ANO EM ENCONTRO PROMOVIDO PELA ES BRASIL 30

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O

ano de 2017 está se aproximando do fim, e o último ES Brasil Debate antes da chegada de 2018 traçou um panorama dos acontecimentos dos meses que se passaram. Além disso, os especialistas convidados trouxeram as perspectivas e expectativas para a economia capixaba e brasileira para o próximo ano. Com o tema “Desafios e Oportunidades para 2018: como se preparar para o ano novo”, o evento foi realizado no auditório do Bourbon Residence Hotel, na praia de Camburi, em Vitória. Participaram como debatedores os economistas Arilda Teixeira, professora da Fucape Business School; Arlindo Villaschi, professor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes); Regis Mattos Teixeira, secretário de Estado de Economia e Planejamento do Espírito Santo; e Eduardo Fares Zanotti, vice-presidente comercial da ArcelorMittal e professor da Ufes. O editor executivo da ES Brasil, Mário Fernando Souza, deu as boas-vindas aos convidados e ao público presente. Ele também explicou o novo formato do debate. “Esta é a sexta edição que discute os desafios e oportunidades para o próximo ano. Começamos os debates na redação da ES Brasil, há 10 anos, e depois ampliamos para outros espaços. Agora, estamos entrando em outra era e produzindo o conteúdo para múltiplas plataformas”, anunciou.

DESAFIOS E OPORTUNIDADES A moderação ficou por conta do economista Eduardo Araújo, vicepresidente do Conselho Regional de Economia do Espírito Santo (Corecon-ES), que detalhou a dinâmica do encontro. Cada pergunta foi direcionada a um convidado, que teve quatro minutos para responder. Depois, outro participante comentou a primeira resposta. Ao ser questionada sobre a possibilidade de mudança na gestão pública nas eleições de 2018, Arilda Teixeira afirmou que há as

“O Congresso é hoje um entrave para a economia, porque ele não está se comportando em prol do país, mas de interesses de grupos específicos” Arilda Teixeira, economista e professora da Fucape Business School

ordens de questões política e econômica. “Vemos uma luta por poder nem sempre pautada na ética e na moral. Por isso, as pessoas se assustam com os políticos. O parlamento é hoje um entrave para a economia, porque ele não está se comportando em prol do país, mas em prol de interesses de grupos específicos”, considerou. Para a professora, 2018 pode não ser marcado por mudança, por causa da falta de lideranças e propostas. “O problema do Brasil não vai se resolver com discurso ou retórica. Para a economia funcionar, precisa de previsibilidade, e o nosso cenário econômico é uma dúvida. Para funcionar, vai precisar de mudanças de ordens estruturais.” Arlindo Villaschi também opinou sobre as expectativas para o próximo ano. “Acho que só podemos pensar 2018 a partir do golpe de 2016, que foi fruto de uma classe dominante, basicamente primário-exportadora, e do sistema financeiro, ligado aos interesses das finanças mundializadas. Hoje temos um Legislativo e um Executivo ilegítimos. O problema é gravíssimo. Estamos na hora de quebrar o monoteísmo do mercado, que é um excelente alocador de recursos, mas não é o único condutor do processo econômico”, avaliou. Sobre o desenvolvimento capixaba, o economista considera que devemos olhar mais para as regiões capixabas fora do eixo Grande Vitória-São Mateus. “Temos que pensar no outro lado da BR 101, onde há atividades extraordinárias, como a agricultura familiar razoavelmente diversificada, os arranjos produtivos locais, além de contar com um patrimônio intelectual em instituições de ensino superior, como a Ufes e o Ifes. Isso precisa de articulação e política de fomento. O desenvolvimento deve chegar pelas pequenas e médias empresas.”

“Só podemos pensar 2018 a partir do golpe de 2016, que foi fruto de uma classe dominante, basicamente primário-exportadora, e do sistema financeiro” A mediação do ES Brasil Debate ficou por conta do economista Eduardo Araújo, vice-presidente do Corecon-ES

Arlindo Villaschi, economista, professor da Ufes e pesquisador da Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais radio.esbrasil.com.br •

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ESB DEBATE

Especialistas discutiram os principais fatos econômicos e políticos de 2017 e as oportunidades para o próximo ano

“Há um crescimento econômico muito aquém do que a capacidade da estrutura produtiva do país. Há deficiências estruturais, e precisamos aprender que não tem atalho para o desenvolvimento” Régis Mattos Teixeira, economista e secretário de Estado de Economia e Planejamento

ECONOMIA E POLÍTICA O debate abordou também a reivindicação da classe empresarial brasileira, que não aguenta mais ficar à espera de soluções do poder público em relação a medidas para impulsionar a economia. “O setor produtivo cansou de passar praticamente três anos com a economia somente na regressão. Temos que pensar que houve descolamento da economia em relação à política, mas que isso não pode ficar desse jeito para sempre. Devemos fazer as reformas estruturantes para destravar todos os gargalos que temos em termos de competitividade da economia”, disse Eduardo Fares Zanotti.

“Percebemos otimismo dentro do setor siderúrgico para o ano que vem, mas há o risco com os resultados das eleições de 2018. A situação política é inesperada, e temos vieses de populismo, o que é perigoso” Eduardo Fares Zanotti, vice-presidente comercial da ArcelorMittal

ES BRASIL DEBATE Com o compromisso de analisar temas relacionados à economia e ao desenvolvimento social capixaba, o ES Brasil Debate se apresenta desde 2009 como uma das principais vias de discussão voltadas para o crescimento do Espírito Santo. Os debates são poderosas ferramentas para fortalecimento da relação institucional com o mercado e a sociedade. Muitos temas já pautaram o ES Brasil Debate. Em todas as suas edições, o evento reúne especialistas que avaliam os assuntos mais relevantes e atuais e compartilham com o público suas análises. Após o debate, o público presente também participou fazendo perguntas aos especialistas

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O objetivo do encontro é ser ferramenta auxiliar na formação de pensamento multidisciplinar, proporcionando uma mensagem conclusiva e enriquecedora para trazer crescimento e conhecimento sobre os temas tratados.


DEBATEDORES ARILDA TEIXEIRA É economista e professora da Fucape Business School. Sua área de concentração são macroeconomia e economia internacional, atuando principalmente nos seguintes temas: cenários macroeconômicos, comércio internacional, economia política das relações internacionais, internacionalização de empresas e de mercados. É doutora em Economia da Indústria e da Tecnologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Fez mestrado em Economia pela Universidade Federal Fluminense. Possui graduação em Ciências Econômicas pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. ARLINDO VILLASCHI É economista, professor da Universidade Federal do Espírito Santo e pesquisador da Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais. Tem experiência na área de economia, com ênfase em economia industrial. Possui doutorado em Desenvolvimento Econômico e Mudança Tecnológica pela Universidade de Londres. É mestre em Economia Regional pela Universidade da Califórnia. Possui graduação em Economia pela Ufes. REGIS MATTOS TEIXEIRA É economista e atua como secretário de Estado de Economia e Planejamento do Espírito Santo. É mestre em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas. Possui graduação em Economia pela Universidade Federal do Espírito Santo e formação executiva em Gerenciamento de Projetos pela Universidade George Washington, nos Estados Unidos, além de MBA e pós-MBA em Gerenciamento de Projetos pela Fundação Getúlio Vargas. Desde março de 2017, é presidente do Conselho Nacional de Secretários Estaduais do Planejamento (Conseplan). EDUARDO FARES ZANOTTI É vice-presidente comercial da ArcelorMittal. É mestre em Engenharia de Produção pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e graduado em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Espírito Santo, onde também é professor de Economia.

Depois do debate, foi sorteado entre os participantes com uma cafeteira Qool, da Delta Q

Sobre o que vai acontecer no ano que vem no setor siderúrgico, ele afirma que há otimismo, mas existe o risco com os resultados das eleições de 2018. Para Zanotti, a situação política é inesperada, e temos vieses de populismo, o que é perigoso. “Nós temos ainda um caminho muito grande pela frente para que a gente tenha um rumo de prosperidade”, comenta o dirigente da Arcelor Mittal. Já Régis Mattos Teixeira acredita que não houve exatamente um descolamento da economia com a política. Para ele, o que aconteceu foi a manifestação de um ciclo de recessão e ascensão, bastante demonstrado na teoria econômica. “As famílias e as empresas foram reduzindo o endividamento. A recessão ajuda a derrubar a inflação, de forma que lentamente a massa de salários vai se recuperando. E as empresas, mesmo com capacidade ociosa, precisam renovar seu maquinário. Mas é um crescimento muito aquém do que a estrutura produtiva do país poderia ser”, declarou. Segundo ele, há deficiências estruturais, e precisamos aprender que não tem atalho para o desenvolvimento. É necessário fazer um esforço numa série de frentes para crescer de maneira sustentável.

O conteúdo do ES Brasil Debate está publicado na internet. Para acessar o vídeo do encontro, é só acessar o endereço bit.ly/esbdebate

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essas MULHERES O QUE AS PERDAS ENSINAM Perdi meu pai e minha mãe num curto intervalo de tempo. Eu tinha meus 20 e poucos anos quando mamãe se foi e, poucos anos depois, papai também partiu. As duas perdas precoces e toda a luta que travamos quando os dois estavam batalhando pela vida, certamente, fizeram a pessoa que sou hoje e a mãe que eu viria a me tornar algum tempo depois. Uma das minhas grandes descobertas com a dor é que a forma como a enfrentamos faz toda a diferença na vida que teremos mais adiante. Então, durante a batalha na minha família, fiz uma escolha: manter, o máximo que pudesse, a serenidade e o equilíbrio. Não foi fácil, mas exercitei. Em alguns momentos, titubeei, é verdade, mas não desisti. Entender que nossa existência tem ciclos foi o meu primeiro passo para a superação. A partir daí, depois que eles se foram, passei a me alimentar das memórias doces e afetuosas, até mesmo da fase mais dolorosa que passamos.

APRENDENDO COM A DOR A dor tem sua beleza. Eu realmente acredito nisso. Tenho fortes lembranças do amor que nos sustentou durante os anos que meus pais lutaram contra o câncer. Não faltaram afeto e parceria na batalha. Costumo dizer que nos tornamos melhores após tudo o que vivemos. Ficamos mais generosos, mais pacientes, mais compreensivos, menos ansiosos e também mais fortes... Fomos aprendendo que há situações em que o que se pode fazer é ter paciência e manter a esperança. A fé, independentemente de crença, nos ajuda a levantar nos dias mais duros. Se tem uma herança que minha mãe me deixou, foi a fé. Olhar sempre otimista, sorriso no rosto e força no combate. É assim que me lembro dela. E essa recordação hoje, nos dias mais difíceis, me fortalece. A DOR TRAZ SABEDORIA Veja que a forma como enfrentamos o sofrimento impacta todo o restante da nossa vida. A paciência e a resignação que desenvolvi nos anos de lutas em família me ajudam hoje na criação dos meus filhos e em todos os outros aspectos do cotidiano. Num mundo cada vez mais imediatista, vou remando firme contra essa ansiedade e angústia generalizadas. Simplesmente porque, na época de toda aquela dor, precisei aprender a esperar e a aceitar o que não poderia mudar.

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FABRICIA KIRMSE

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sta é uma coluna dedicada às mulheres. Essas que são filhas, mães, esposas e ainda dão conta de suas tarefas profissionais com charme, competência e uma sensibilidade que só elas têm!

RESIGNAÇÃO Num dos ápices do meu sofrimento, quando minha mãe já estava na fase terminal, lembro-me de ter ido à varanda do hospital, olhado as pessoas na rua seguindo suas vidas (enquanto a minha parecia ter parado em meio à dor), e pensado: “O mundo não vai parar para que a gente sofra nem para que a gente se recupere”. Entendi ali que teria de reencontrar meu caminho quando mamãe partisse. Quando se diz que é preciso seguir em frente, é fato. Porque ou você segue ou a vida o atropela. Mas eu sabia que o seguir adiante aconteceria dia após dia. Teria de esperar o sofrimento ir se diluindo para então buscar novos rumos. Cada pessoa tem seu tempo. E também é preciso aceitar isso.

ENTENDENDO NOSSOS LIMITES Meus pais eram nossa fortaleza. Vê-los fragilizados pela doença me trouxe uma intensa lição de humanidade, de humildade e de aceitação. Quando a gente consegue compreender as nossas limitações e as do outro, abre-se um mundo de descobertas positivas à nossa frente. A gente passa a caminhar mais leve. Somos, sim, limitados, perecíveis, frágeis. A nossa força está justamente em entender nossas fraquezas, respeitar os limites, mas mantendo a fé. E o bom é que, compreendendo que somos todos vulneráveis, podemos ser extremamente generosos uns com os outros. Temos todos os dias essa oportunidade. A empatia faz milagres, acalma corações, impulsiona para a luta, traz conforto e esperança.


IVO NOGUEIRA DIAS

HÁ MUITAS FORMAS DE SER FELIZ

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u não acredito que haja apenas uma maneira de ser feliz. Há dois fatores relativamente independentes que dão forma à vida humana. Um deles é o destino, apelido para todas as coisas sobre as quais não temos nenhuma influência; é o que acontece conosco, mas não foi causado por nós. O outro é o caráter, algo muito individual. Você pode trabalhar em cima do seu caráter. Se quiser, pode mudá-lo; melhorá-lo, boa parte dele está sob seu controle. A divisão de trabalho entre o destino e o caráter é tal que o destino estabelece a gama de opções que são realistas pra você. Sobre isso, você não tem nenhuma influência. Se você tivesse nascido 20 anos antes, sua gama de opções seria diferente; se tivesse nascido 20 anos depois, novamente seria diferente; se tivesse nascido em um bairro rico, teria uma gama de opções; se tivesse nascido num gueto, seriam opções completamente diferentes. Mas sempre há gamas de opções proporcionadas pelo destino. Porém as escolhas entre essas opções são feitas pelo caráter. E como os tipos de caráter são muitos e bem diferentes, não é possível dar uma receita para a felicidade. Hoje existem consultores ganhando muito dinheiro fingindo e comercializando receitas e métodos para se alcançar a felicidade em apenas 10 lições. Cuidado com essas facilidades; elas podem estar enganando você. Cuidado com esses tipos de conselhos. Muitos filósofos contemporâneos consideram a vida de Sócrates, a personalidade que ele construiu, como a relativamente mais perfeita possível que se pode imaginar. Mas o que isso significa? Significa que o tipo de vida escolhida por Sócrates era considerada a solução perfeita, para Sócrates? Significa que todos nós devemos imitar Sócrates e tentar ser iguais a ele? Não, pelo contrário, porque Sócrates precisamente considerava que o segredo de sua felicidade estava no fato de que ele próprio, por sua própria vontade, teria criado a forma de vida que viveu. As pessoas que imitam a forma de vida de outra pessoa, o modelo de felicidade de outra pessoa, não são como essas pessoas. Pelo contrário, são totalmente diferentes, aí os resultados também o serão. Precisamente porque será sua receita. Para a sua vida dentro do seu contexto. Bom, você pode traduzir isso em termos simples, dizendo que para cada ser humano há um mundo perfeito, feito especialmente para ele ou para ela. Assim sendo, é perfeitamente compreensível poder afirmar que: a felicidade está dentro de cada um de nós. A diferença é que alguns potencializam essa força. Já outros a desperdiçam, jamais alcançando as alegrias da vida, quem sabe por estarem muito mais ocupados com a felicidade do outro. Reflita e potencialize a felicidade que está aí dentro de você, ouça o seu coração e aja com sua mente, baseando-se, é claro, no seu caráter.

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LUIZ FERNANDO LEITÃO tiragosto@revistaesbrasil.com.br

PRATOS DO DIA

Guia Politicamente Incorreto dos Anos 80 pelo Rock Lobão

MOQUEQUINHAS • Domingos Martins se consolida como cidade turística. Tá no caminho certo; a iluminação de Natal vale a visita. Parabéns. • Basta chover que o asfalto vira buraco. • O verão nem começou, e os turistas já reclamam da poluição nas praias de Guarapari. • É impressão da coluna ou o comércio começou a reagir? • Parabéns à Prefeitura de Vitória pela solução dada aos quiosques de Camburi. Vai ser um sucesso!!! • Um feliz 2018!!!

Leonardo da Vinci W. Isaacson

O Livro de Jô Matinas Suzuki

WEB SUMMIT Lisboa se transformou em novembro na capital mundial da tecnologia e do empreendedorismo com a realização da Web Summit, o maior evento do segmento na Europa. A programação foi aberta com uma transmissão, em tempo real, de Stephen Hawking, que em sua mensagem fez um desafio aos participantes: aplicar o conhecimento e a tecnologia para fazer um mundo melhor. Investidores, empreendedores e profissionais de inovação discutiram tendências e possibilidades tecnológicas, muitas delas já sendo consideradas como irreversíveis. Internet das coisas, internet vestível, big data e inteligência artificial são alguns bons exemplos do que nos espera. A conferir.

EL PETRO

CARDÁPIO DE ASSUNTOS • O acesso ao aeroporto.

Esse é o nome da criptomoeda que o governo Maduro (foto) vai criar com o objetivo de “avançar em termos de soberania monetária e vencer o bloqueio financeiro imposto por países como os Estados Unidos”. A divisa será respaldada nas reservas venezuelanas de ouro, petróleo, gás e diamante. Maduro não explicou como esse arranjo passaria a circular. Parte da população local já recorre a criptomoedas, sobretudo o bitcoin, o mais famoso dinheiro virtual, com o intuito de proteger suas reservas dos efeitos da hiperinflação e escapar da falta de notas.

• A visita do Sapo Barbudo. • A reforma da Previdência. • O fim do Brasileirão. • Os já candidatos no Face.

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DICA DO CHEF “O talharim aos três cogumelos no Canto do Vinho.” – Karina Petronetto, advogada

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A SAIDEIRA!

Previsão para 2018. Até o carnaval nada acontece; vem a Copa do Mundo e nada acontece; durante a campanha eleitoral nada acontece. Aí a gente dá uma paradinha no fim de ano, porque ninguém é de ferro, né?




ES BRASIL RETROSPECTIVA 2017

40 Panorama

82 Mercado financeiro

46 Trabalho

86 Cooperativismo

48 Energia, Petróleo e Gás

88 Associativismo

56 Papel e Celulose

90 Educação

57 Vestuário e Calçados

92 Saúde

60 Metalmecânica

96 Ciência e Tecnologia

62 Rochas Ornamentais

98 Cultura

64 Química e Plástico

100 Segurança

66 Alimentos e Bebidas

102 Cotidiano

68 Mercado Imobiliário e Construção Civil

106 Turismo e Hotelaria

70 Móveis

107 Esporte

72 Agronegócio e Agricultura

108 Meio Ambiente

76 Mercado Automotivo

110 Infraestrutura e Logística

78 Varejo

113 Saneamento

80 Comércio Exterior

114 Política

Foto: Cleferson Comarela / Vix Fly Drones

O ano de 2017, assim como foi o de 2016, mostrou-se massacrante para a sociedade brasileira. A crise política não passou, e a economia está “saindo da UTI”, mas ainda sem apresentar um cenário estável. Veja como os principais segmentos que impactam o dia a dia do capixaba se comportaram nesse período. Acompanhe nas próximas páginas.


PANORAMA

ANA LÚCIA AYUB

2017

ESCÂNDALOS, DENÚNCIAS E CORRUPÇÃO CAEM NA ROTINA

Foto: Marcos Corrêa/PR

O presidente Michel Temer conseguiu se livrar de duas denúncias apresentadas pela ProcuradoriaGeral da República no Plenário da Câmara dos Deputados

Ouça o conteúdo desta matéria no site da ESBrasil

PRISÕES DE EMPRESÁRIOS E POLÍTICOS, DENÚNCIAS CONTRA O PRESIDENTE MICHEL TEMER, DELAÇÕES PREMIADAS E FILMAGENS DE FLAGRANTES DE POLÍTICOS ENVOLVIDOS EM PROPINAS FORAM CENAS CORRIQUEIRAS NO ANO

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ano de 2017 termina marcado por acontecimentos que deixaram os brasileiros perplexos com o nível de corrupção que assolou o país. Foi um ano destacado por prisões de magnatas e políticos envolvidos em propinas e lavagem de dinheiro, como o empresário Eike Batista e os ex-governadores Sérgio Cabral e Anthony Garotinho, entre tantos outros figurões. Foi também o ano em que a população assistiu ao imbróglio da maior delação premiada já feita no país, envolvendo o grupo JBS, que revelou haver pagado R$ 500 milhões em propina a políticos, incluindo o presidente Michel Temer e o senador Aécio Neves. Um vídeo flagrou o então deputado federal Rodrigo Rocha Loures – ex-assessor do presidente e agora afastado de suas funções parlamentares pelo STF – recebendo uma mala com R$ 500 mil oriundos de propina. Como se não bastasse, a Polícia Federal apreendeu R$ 51 milhões, em espécie, em um apartamento em Salvador (BA) que seria utilizado por Geddel Vieira Lima, ex-ministro do governo Temer.

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Para o cientista político Vitor de Ângelo, tantos acontecimentos envolvendo a corrupção podem trazer consequências desastrosas. “A sociedade pode acabar se acostumando com a corrupção, tanto pelo nível de exposição quanto pela popularização do agente corrupto. Se todos são corruptos e se eles estão em todos os lugares, a corrupção pode deixar de ter um caráter orientador para o voto em 2018, o que seria lamentável. Se todos são corruptos, o critério pode ser o que cada um fez quando eleito ou quem pode vir a fazer mais se for eleito”, diz ele. Com as delações, a Procuradoria-Geral da República apresentou duas denúncias por crime de corrupção e organização criminosa contra o presidente Michel Temer, mas a Câmara dos Deputados rejeitou o prosseguimento da ação. Entretanto, o placar da segunda votação foi mais apertado, o que dificultou a aprovação da reforma da Previdência para este ano. A reforma trabalhista não chegou a ser prejudicada pelas denúncias e foi aprovada. As novas normas


já começaram a valer. Os “salvos-condutos” dados pela Câmara Federal a Michel Temer já custaram ao combalido caixa da nação algo como R$ 32,1 bilhões, segundo estimativa do jornal O Estado de S. Paulo – quantia paga tanto em liberações de verbas quanto em negociações de cargos e de benesses, muitas vezes contrárias aos interesses do país e da sociedade. No cenário global, as marcas do ano foram trágicas: em 2017 o mundo viu com horror os vários ataques terroristas contra pedestres em Barcelona, Nice, Estocolmo, Berlim, Paris e Londres, que mataram centenas de inocentes, e a diáspora gigantesca e espantosa de povos perseguidos por suas etnias ou crenças, ou ainda fugindo de guerras, de grupos terroristas e de “limpezas éticas”. A ONU estima que, em 2016, havia no planeta 65,6 milhões de pessoas deslocadas de seus países e somente este ano mais de dois milhões foram forçados a abandonar seus locais de origem. Como se fosse pouco, 2017 vem sendo marcado também por severas catástrofes naturais relativas ao clima global (como os incêndios em Portugal, nos Estados Unidos – Califórnia – e no Brasil, onde enchentes completam os dramas) e pelos vários confrontos entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, em razão do avanço do programa nuclear do país asiático, tornando o cenário incerto quanto à possibilidade de uma guerra nuclear. ECONOMIA Na economia, o Brasil atravessou o ano entre indicadores altos e baixos, mas com resultados melhores do que 2016, sinalizando que a recessão iniciada há três anos parece finalmente estar ficando para trás. O mercado financeiro elevou a estimativa de expansão do PIB (0,89%, ante uma retração de -3,6% no ano passado) e prevê inflação de 3,03%, segundo o relatório Focus. A projeção da Selic a 7,0%, menor patamar até hoje, foi confirmada pelo Copom no dia 7 de dezembro. No Espírito Santo, o PIB cresceu 1,6% no primeiro semestre de 2017. A previsão é de alta de 2,8% este ano, mesmo com o

impacto da paralisação CENÁRIO DA ECONOMIA NO ES da Samarco na economia PIB 1 local, com retração de 5% do PIB no acumulado Efetivado 1,6% 1º semestre de 2017 em quatro trimestres (até Previsão 2,8% em 2017 julho de 2017), segundo o Instituto Jones dos MERCADO DE TRABALHO 2 Santos Neves (IJSN). O problema com a mine37.966 postos de trabalho radora trouxe prejuízos 2016 3.170 postos de trabalho (até outubro/2017) também ao comércio, à 2017 arrecadação de impostos – com queda prevista PRODUÇÃO INDUSTRIAL 3 de R$ 70 milhões no ICMS – e ao mercado de - 18,8% trabalho. Mesmo consi- 2016 + 3,0% (até setembro/2017) derando esse impacto, em 2017 2017, até outubro, foram criados 3.170 postos Fontes: IJSN, Caged/IJSN e IBGE de trabalho no Espírito Teixeira destaca que o Estado conseguiu Santo, resultado mais animador do que o de 2016, quando foram fechadas 37.966 vagas. se manter organizado e com credibilidade De acordo com o presidente do para atrair novos investimentos. “Para 2018, Movimento Empresarial Espírito Santo as condições estão dadas. Devemos voltar em Ação, o economista Aridelmo Teixeira, para o azul, a receita do Estado vai crescer apesar de positiva, essa tendência ocorre de e abrir portas para novos investimentos, forma tímida ainda e persistirá por muito o que vai influenciar positivamente toda a tempo, inclusive em 2018. “A recuperação cadeia produtiva.” Alguns segmentos conseguiram atrano emprego vai continuar acompanhando a dos índices da economia em todo o Brasil, vessar melhor o ano, como o comércio mas não será como antes. Tivemos uma exterior capixaba, que chegou a outubro recessão muito longa, que gerou grande com as exportações somando US$ 6,6 ociosidade nas indústrias, que tiveram bilhões – alta de 26,5% sobre 2016. que investir em tecnologia para sobreviver. Nas importações, o crescimento foi de Mas, quando essas empresas voltarem à 27,30 %, totalizando US$ 3,75 bilhões. plena carga, nem todas as vagas que exis- Até setembro, a indústria capixaba também tiam antes existirão novamente. O fator que alcançou taxa positiva de 3,0% frente a igual pode ajudar a minimizar esse impacto é a período do ano passado, ficando em quarto reforma trabalhista, que dará mais flexibi- lugar no ranking da produção nacional. Mas executivos e gestores industriais consilidade ao trabalho”, disse. deram que o quadro ainda exige cautela, uma vez que a base de comparação, o ano de “Com o avanço de algumas 2016, registrou queda de 18,8% para o setor. reformas, a estabilidade do PIB e Já o volume de vendas do comércio a trajetória decrescente na taxa varejista caiu 3,6% este ano, até setembro, contra igual intervalo do ano passado. de desocupação, os índices de Para alavancar as vendas, o grande desafio confiança dos empresários têm é a retomada do consumo das famílias, melhorado sistematicamente” que ainda depende da recuperação dos Victor Toscano, presidente do empregos, segundo a Fecomércio-ES. Conselho Regional de Economia Para o presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon-ES), Victor Toscano, (Corecon-ES) 1

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Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Durante a greve da PM, 199 pessoas morreram e só na região metropolitana, e ocorreram 650 roubos e 270 furtos de veículos

os indicadores positivos registrados até agora têm relação com a recuperação da confiança dos agentes econômicos. “Com o avanço de algumas reformas, a estabilidade do PIB e a trajetória decrescente na taxa de desocupação, os índices de confiança dos empresários têm melhorado sistematicamente. Mas ainda falta um longo caminho para que o país alcance as condições econômicas observadas antes da crise. O ano de 2018 está rodeado de incertezas na economia e na política. Há uma série de condicionantes para a continuidade da

recuperação – a retomada das atividades da Samarco, no Espírito Santo, por exemplo –, mas o cenário político se apresenta como uma grande incógnita e pode ter impacto positivo ou negativo sobre essa trajetória”, explica. CRISE NA SEGURANÇA PÚBLICA... O Espírito Santo passou pela maior crise de segurança já registrada no Estado. Em fevereiro, mulheres de policiais militares fecharam as entradas de batalhões e companhias na capital e

ES: SEGURANÇA PÚBLICA EM NÚMEROS MORTES VIOLENTAS INTENCIONAIS 2016

1.296 mortes

2015

1.462 mortes

HOMICÍDIO DE MULHERES 2016

106 mulheres

2015

133 mulheres

FEMINICÍDIO 2016 2015

Fonte: Anuário Fórum Brasileiro de Segurança Pública

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em outras cidades, impedindo seus maridos de saírem para atuar nas ruas. Elas reivindicavam, entre outras coisas, a correção da remuneração dos PMs pela inflação do período desde o último reajuste, ocorrido quatro anos antes. A greve durou 23 dias, período em que morreram 199 pessoas, conforme levantamento do Sindicato dos Policiais Civis (Sindipol-ES). Estabelecimentos foram arrombados, e assaltos à mão armada eram praticados à luz do dia, deixando a população sitiada dentro de casa. Indústria, comércio e serviços tiveram prejuízos de mais de R$ 2,1 bilhões durante a greve. Só na capital, Vitória, 200 estabelecimentos sofreram ataques. Na região metropolitana, foram 650 roubos e 270 furtos de veículos. Durante todo o mês, o total foi de 1,3 mil ocorrências, a maioria na Serra, segundo o Sindipol. Os manifestantes desocuparam os quartéis em 25 de fevereiro. Dados divulgados em outubro em relação à segurança pública do país também mostram uma triste realidade: ocorreram 61.619 mortes violentas em 2016, o maior número da história, segundo o 11º Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. A taxa é de 29,9 homicídios por 100 mil habitantes, e em 14 das 27 capitais brasileiras aumentou o número de mortes. Em relação às mulheres, 4.456 foram


assassinadas em 2016 e apenas 533 casos foram classificados como feminicídios, demonstrando as dificuldades no primeiro ano de implementação da lei. No Espírito Santo, foram registradas 1.296 mortes em 2016, contra 1.462 em 2015, uma queda de 12,3%. Dessas mortes, 106 foram de mulheres, mas só 34 foram consideradas feminicídios, conferindo ao Estado o quinto lugar no ranking nacional desse tipo de crime. Os dados indicam que, mesmo com as leis do feminicídio, em 2015, e Maria da Penha, há 10 anos, os crimes passionais contra as mulheres ainda são alarmantes: a cada duas horas, uma delas é assassinada no país. No Estado, de janeiro a agosto de 2017, 84 mulheres foram mortas (13 somente naquele último mês), sendo 23 registradas como feminicídios. E, em setembro, um caso emblemático marcou 2017: o assassinato da médica Milena Gottardi Tonini Frasson, que chocou a sociedade capixaba e levou o governo a lançar uma ampla campanha de combate à violência contra a mulher. De acordo com o tenente-coronel da reserva da Polícia Militar e ex-comandante do Grupo de Ações Táticas Especiais

6,9 mortes por grupo de 100 mil mulheres é a taxa registrada para o Espírito Santo, acima da média nacional, que é de 4,5 mortes para cada grupo de 100 mil mulheres (Atlas da Violência 2017)

(Gate) da PM de São Paulo Diógenes Lucca, o cenário para o futuro não é nada positivo, caso as políticas de prevenção e de segurança não se tornem prioridade na agenda dos governantes. “A segurança pública deve ser priorizada como uma política de Estado, de forma permanente e com um novo modelo para o país. O atual dá sinais claros de exaustão e só serve para apagar incêndios”, disse. ...E NA SEGURANÇA HÍDRICA Garantir a oferta de água foi outro problema enfrentado pelo Estado, mesmo que em menor escala do que nos dois anos anteriores. Até o final de 2017, três municípios tiveram que lidar com o racionamento de água: Itaguaçu, Itarana e Conceição da Barra. Mas a

situação ainda inspira cuidados. Tem chovido no litoral, porém o cenário é de atenção nas demais regiões. Para que não se chegue a um estado de calamidade, a Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh) estabeleceu algumas medidas em setembro, recomendando a adoção permanente de ações de racionalização e proibindo a captação no período diurno, em todo o Estado, para fins que não sejam os de abastecimento humano. Não há prazo para o fim da resolução. Os produtores de café, por exemplo, estão proibidos de irrigar suas lavouras entre as 5h e as 18h. Como resultado das condições climáticas adversas, a produção da agricultura em 2017 deve ter uma queda de 3,3%, com R$ 5,3 milhões de toneladas. FINANÇAS PÚBLICAS Os municípios capixabas amargaram o segundo ano consecutivo de queda em suas receitas, que em 2016 totalizaram R$ 10,43 bilhões – redução de 6,5% em relação a 2015, último levantamento realizado pelo anuário Finanças dos Municípios Capixabas, divulgado este ano. Em 2015, as 78 cidades sofreram perdas; já em 2016,

A crise hídrica levou o Estado a adotar medidas de racionalização e de proibição de irrigação de lavouras no período diurno

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foram 68 resultados negativos. A receita do Estado também vem caindo. Só as rendas de petróleo tiveram uma queda de 32,8% em 2016. Apesar de registrar queda de receitas, o Espírito Santo foi o único Estado que realizou um ajuste fiscal em 2016, segundo a edição 2017 do Boletim de Finanças do Tesouro Nacional. Com arrecadações menores, Estado e prefeituras têm sacrificado os investimentos para conseguir fechar a equação fiscal. Nas prefeituras, o volume de investimentos encolheu 16,6%, quando foram aplicados R$ 999,6 milhões para esse fim. Em 2015, esse valor foi de R$ 1,2 bilhão. No Estado, enquanto o governo destinou cerca de R$ 2 bilhões para investimentos em 2010 – segundo dados do Tesouro Nacional – em 2016, o volume foi reduzido em 75%, totalizando R$ 486 milhões. Obras como o Estádio Kleber Andrade e o Cais das Artes até hoje não foram concluídas, entre diversas outras que estão paradas. O orçamento estadual de 2017 também foi menor do que 2016. Foram destinados

“A recuperação no emprego vai continuar acompanhando a dos índices da economia em todo o Brasil, mas não será como antes” Aridelmo Teixeira, presidente do Movimento Empresarial Espírito Santo em Ação e economista 44

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R$ 16,19 bilhões, cifra 5,04% inferior ao orçamento do ano passado. As áreas de educação, saúde e segurança pública, definidas como prioritárias pelo governo, foram contempladas com as maiores fatias. A saúde recebeu R$ 2,43 bilhões em investimentos; a educação, R$ 2,11 bilhões; e a segurança, R$ 1,78 bilhão. Para 2018, a receita prevista é de R$ 16,87 bilhões, um crescimento de 4,19% em relação ao deste ano. COMBATE À CORRUPÇÃO No combate à corrupção, o destaque foi a ida do secretário de Controle e Tr a n s p a r ê n c i a d o G ov e r n o d o Espírito Santo para a Diretoria de Investigação e Combate ao Crime O r g a n i z a d o d a Po l í c i a F e d e r a l . O convite a Eugênio Ricas partiu diretamente do novo diretor-geral da PF no país, Fernando Segovia, nomeado em novembro pelo presidente Michel Temer. Caberá a ele o controle da atividade de investigação criminal sobre atos praticados por organizações criminosas e contra a ordem política. Em 2017, a Operação Lava Jato também atuou no Espírito Santo. Entre as delações, uma, de ex-executivos do Grupo Odebrecht, envolveu sete políticos do Estado. Pedidos de abertura de inquérito foram enviados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) à Justiça Federal e ao Tribunal Regional Federal, que decidirão pelo prosseguimento

ou não das investigações. Por enquanto, somente Ricardo Ferraço é formalmente investigado, após autorização do ministro do STF, Edson Fachin. Também empresas e contribuintes do Estado estão sendo alvos da Lava Jato e um grupo de auditores da unidade local da Receita Federal está à frente da equipe de coordenação nacional da operação, que é direcionada a grupos econômicos de grandes empresas. Em abril, os delatores da Odebrecht Carlos José Machado da Cunha e Paulo Sérgio Boghossian revelaram que o consórcio responsável pela obra da sede da Petrobras em Vitória usou lobistas para conseguir aditivos milionários. Os “consultores” recebiam de 1% a 3% sobre os valores que conseguissem liberar para as empreiteiras via Petrobras, levando mais de R$ 10 milhões. A operação ainda está em andamento. Reverter essa e outras situações de corrupção e lavagem de dinheiro seria um ótimo começo para 2018, pois os capixabas já têm dois exemplos de obras que se arrastaram por mais de 15 anos e que também já foram alvo de irregularidades: o Aeroporto de Vitória, que será entregue no início de 2018, e o Porto de Vitória, cujas obras foram oficialmente concluídas em outubro, após a dragagem de quase 2 milhões de m³ e derrocagem de mais de 110 m³ de pedras.

Foto: José Cruz/Agência Brasil

À Lava Jato deflagrou operações por todo o país, levando políticos à investigação ou à prisão em âmbito estadual



TRABALHO

No Espírito Santo há um total de 278 mil pessoas sem emprego

ENTRE AVANÇOS E RECUOS, MERCADO DE TRABALHO TOMA FÔLEGO PARA 2018 APÓS UM ANO DE INSTABILIDADE, 2018 AINDA PROMETE DESAFIOS, MAS TAMBÉM RETOMADA E OPORTUNIDADES DE EMPREGO

O

ano de 2017 foi marcado por oscilações no mercado de trabalho, adiando para 2018 uma esperança mais consistente de dias melhores. A mais longa recessão da história do Brasil fez despencar o número de trabalhadores com carteira assinada no país, além de deixar 12,961 milhões de pessoas desempregadas até setembro de 2017, depois de ter atingido a maior taxa da história, no mês de março, quando havia no país 14,2 milhões sem colocação no mercado de trabalho – 13,7% da população. Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No Espírito Santo, o cenário não é diferente. São 278 mil capixabas sem emprego. O trimestre encerrado em setembro registrou um índice de 13% de desempregados. O número é maior em 9,6% que o mesmo período do ano anterior, um aumento de 24.000 pessoas sem ocupação formal ou informal. No entanto, são 4.000 pessoas a menos que no trimestre anterior, encerrado em junho. O mês de outubro trouxe um novo fôlego para os capixabas, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho: foram criados 1.555 postos de

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trabalho com carteira assinada. O setor que alavancou essa variação positiva foi o comércio, que admitiu 962 trabalhadores, seguido pelos segmentos de produtos alimentícios e bebidas, metalurgia e serviços. Na contramão, o setor de agropecuária registrou a maior perda de vínculos no período, com 151 demissões. Para o mestre em Economia Empresarial e professor universitário Antônio Ricardo Freislebem da Rocha, a redução dos postos de trabalho ocorrida ao longo dos últimos anos é consequência de vários fatores: da crise econômica, da qual todos os setores sentiram os efeitos; da crise hídrica, que prejudicou diretamente a agropecuária, atividade intensiva em mão de obra, reduzindo principalmente as lavouras de café (uma das principais commodities do Estado); da paralisação da Samarco, que afetou diretamente a indústria e reduziu o número de empregos inclusive no comércio e nos serviços, em especial nos municípios de sua abrangência. “Os números do mercado de trabalho mostram que o ano de 2017 apresentou leve recuperação. No entanto, isso ainda não foi suficiente para recuperarmos o estoque de empregos que alcançamos antes da crise econômica. Em particular, o ano de 2017 foi marcado


EVOLUÇÃO DO EMPREGO NO ES Saldo líquido* Setores

Estoque de empregos

Acumulado Acumulado no ano** 12 meses**

Estoque sem ajuste

Estoque com ajuste

-526

11.755

11.666

1.896

-998

115.137

116.691

-164

-275

9.142

7.699

163

591

-2.195

41.986

42.899

505

962

-2.214

-1.092

181.328

180.476

-1.015

641

1.004

-3.042

318.589

315.130

out/16

out/17

Extrativa mineral

-207

-43

-112

Ind. transformação

-222

17

Serv. ind. util. púb.

-82

-61

Construção civil

-493

Comércio Serviços Admin. pública

-7

27

254

-31

6.584

7.984

Agropecuária

-306

-151

1.915

1.606

31.915

34.039

Total

-1.827

1.555

3.170

-6.553

716.436

716.584

* Saldo líquido = admissões - demissões ** Resultados acrescidos de ajustes das declarações recebidas fora do prazo. Fonte: Cadastro Geral de Empregados e Desempregados - Caged/ MTE Elaboração: Coordenação de Estudos Econômicos – CEE/IJSN.

por alterações na legislação trabalhista, que se farão sentir num futuro próximo”, explicou o pesquisador, referindo-se à recém-aprovada reforma trabalhista.

INCÓGNITA A entrada em vigor das alterações feitas pela Câmara à CLT, aliás, foi outro fator que fez de 2017 um ano atípico para empresários e trabalhadores. O advogado trabalhista Raphael Coelho acredita que EMPREGO FORMAL NO ESPÍRITO SANTO - 2008 A 2017*

Saldo líquido (= admissões - demissões) 8.000 6.286

6.000

4.254

4.000

2.545 3.130

2.000 0

2.409 1.145

1.555 324 -1827

-2.000 -4.000

2008 2009 2010 2011 2012 2013

-3.371 2014 2015 2016 2017

* Resultados não acrescidos de ajustes das declarações recebidas fora do prazo. Fonte: Cadastro Geral de Empregados e Desempregados - Caged/ MTE Elaboração: Coordenação de Estudos Econômicos – CEE/IJSN.

“Os números do mercado de trabalho mostram que o ano de 2017 apresentou leve recuperação. No entanto, isso ainda não foi suficiente para recuperarmos o estoque de empregos que alcançamos antes da crise econômica” Antônio Ricardo Freislebem da Rocha, mestre em Economia Empresarial e professor universitário

os impactos dessa reforma serão vistos realmente a partir de 2018. “O alcance da reforma trabalhista ainda é ponto de muita controvérsia, que só será mitigada com o tempo. O Judiciário especializado apontou alguns posicionamentos que deve manter no futuro. E, ao que tudo indica, a tendência é que seja mantida a visão paternalista atual, aplicando-se a melhor interpretação em benefício do funcionário, seja pela antiga norma, seja pela lei pós-reforma”, disse o especialista. O advogado aponta que, no ano de 2016, a Justiça do Trabalho do Espírito Santo movimentou mais de R$ 2 bilhões, retirando esses valores dos setores produtivos. Com as mudanças recentes na legislação trabalhista, esse custo tende a ser maior, sobretudo pela previsão de pagamento de multas e honorários ao sucumbente, ou seja, àquele que perder a ação trabalhista.

COMPETITIVIDADE Um dos impactos desse cenário instável no mercado de trabalho capixaba foi a queda do Espírito Santo no Ranking de Competitividade dos Estados, em que caiu da 6ª para a 8ª colocação, com 55,1 pontos – 6,9 a menos do que no ano passado mas, ainda assim, acima da média nacional, de 47,9. Esse estudo, realizado desde 2011, é considerado um dos mais completos do gênero no país. Avalia a performance dos 26 estados e do Distrito Federal em 10 pilares: capital humano, educação, eficiência da máquina pública, infraestrutura, inovação, potencial de mercado, segurança pública, solidez fiscal, sustentabilidade ambiental e sustentabilidade social. Destes, os que mais contribuíram para a diminuição da competitividade capixaba foram o potencial de mercado (que ficou na 26ª posição) e a solidez fiscal (20º), sobretudo pelas quedas da taxa de crescimento do mercado e da capacidade de investimento, respectivamente. radio.esbrasil.com.br •

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ENERGIA, PETRÓLEO E GÁS

EMPRESAS CAPIXABAS ESTREIAM NO MERCADO DE EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO

O Estado teve aumento de 81% na arrecadação de royalties em 2017, registrando a entrada de R$ 661 milhões no primeiro semestre

Três companhias do Espírito Santo arremataram blocos no 14º leilão da ANP

O

ano trouxe grandes – e boas – novidades para o Espírito Santo na área da exploração e produção de petróleo e gás. A mais significativa, talvez, tenha sido a aquisição, por três empresas do Estado, do direito de explorar oito campos petrolíferos em terras capixabas. Para estrear nessa atividade, Imetame, Vipetro e Bertek investiram um total de R$ 3,934 milhões, num certame em que foram arrematados 12 blocos no total e que traz a expectativa de novo impulso ao setor, beneficiando o avanço tecnológico e a geração de emprego e renda no Estado. Os investimentos previstos, só na fase de exploração, giram em torno de R$ 130 milhões, além do bônus de aproximadamente R$ 110 milhões. “Foi positivo para o Brasil e mais positivo ainda para o Estado. Temos uma expectativa muito boa de aquecimento do setor a partir de agora”, avaliou o secretário de Estado de Desenvolvimento, José Eduardo Azevedo. Outra bom acontecimento, também surpreendente, foi o aumento de 81% na arrecadação de royalties e participações especiais relativos ao petróleo – um reforço inesperado para os cofres do Estado nos últimos dois semestres, capaz de alavancar obras e melhorias sociais ao longo do ano. O primeiro semestre resultou em uma arrecadação de R$ 661 milhões, contra R$ 345 milhões no mesmo período de 2016. Contribuíram para esse resultado a recuperação dos preços do barril no mercado internacional conjugada

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ao aumento na produção capixaba de petróleo e gás. A Secretaria de Estado da Fazenda estimava fechar o ano com R$ 1,2 bilhão dessas receitas no caixa estadual. Somente a Petrobras prevê investimentos no Espírito Santo de US$ 2,7 bilhões – ou R$ 7,7 bilhões – do montante de US$ 74,1 bilhões de seu Plano de Negócios e Gestão 2017-2021. A partir de 2018, novos poços nos campos de Baleia Azul e Cachalote devem começar a produzir, após serem interligados a plataformas já instaladas e em produção. Com a aquisição de três blocos offshore, no Regime de Partilha de Produção, a Petrobras aumentou sua área exploratória em 11,4 mil km². A produção no Espírito Santo em outubro foi de 419.414 barris de óleo equivalente por dia (boe/d), segundo a Agência Nacional do Petróleo – ANP, representando 14% da produção nacional de 3.348.265 boe/d. No ano em que comemora seis décadas de atuação no Espírito Santo, a companhia retomou o crescimento e a competitividade com medidas variadas, entre as quais a reestruturação nas áreas operacionais de exploração e produção e de refino e gás natural, o que vai gerar uma economia de R$ 35 milhões por ano. Em nove meses, o lucro líquido de R$ 5 bilhões da petrolífera foi suficiente para reverter o prejuízo de R$ 17,334 milhões registrado no mesmo período do ano anterior.


“A construção, ampliação e modernização de subestações e linhas de distribuição são fundamentais para suportar o aumento da demanda e até mesmo antecipar o crescimento econômico do Estado” João Brito, diretor da EDP Espírito Santo REFLEXOS DA LAVA JATO No início de dezembro, o Ministério Público Federal devolveu à companhia R$ 653,9 bilhões recuperados este ano por meio de acordos de colaboração premiada e de leniência firmados pelo órgão com empresas e pessoas investigadas. Somada essa cifra ao que já foi recuperado em anos anteriores, a Petrobras foi ressarcida até agora em cerca de R$ 1,5 bi – o que representa 13% do total de R$ 10,8 bi previstos nos acordos fechados pela força-tarefa. Segundo declarou na ocasião o presidente da empresa, Pedro Parente, o dinheiro devolvido em 2017 representa quase 20% do que foi apontado no balanço como desvios investigados pela Lava Jato. ELETRICIDADE Outra questão positiva é a expectativa de investimentos em infraestrutura energética para os próximos anos. Segundo a Secretaria de Desenvolvimento, está previsto R$ 1,6 bilhão de investimentos em infraestrutura energética para o Espírito Santo, que pode gerar mais de mil empregos diretos. São projetos para implantação de 560 quilômetros de linhas de transmissão de energia e construção de quatro subestações em Rio Novo do Sul, João Neiva e São Mateus. Além disso, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) tem a previsão de realizar, até o fim do ano, mais dois leilões de energia elétrica, que terão projetos para o Espírito Santo.

Segundo o governo do Estado, estão previstas a implantação de 560 km de linhas de transmissão e a construção de quatro substações

11%

14%

70%

Fonte: ANP/SDP/Sigep

A contratação dos serviços públicos foi efetivada pela Aneel durante leilão realizado em 26 de outubro de 2016. Os projetos devem entrar em operação entre os anos de 2019 e 2021. “Investir em energia significa melhorar a infraestrutura para as nossas atividades econômicas, aumentando a nossa possibilidade de atrair novos investimentos para o mercado capixaba, além de permitir a expansão das indústrias existentes”, afirmou Azevedo. A maior concessionária de energia elétrica no Estado, a EDP Espírito Santo, está ampliando sua rede de distribuição. A empresa aplica cerca de R$ 300 milhões em melhorias este ano, valor 90% superior ao registrado em 2015 e 27% maior que em 2016. O montante é destinado aos 70 municípios da área de concessão capixaba e permite um acréscimo de 229 MVA de potência instalada. Segundo a empresa, esse total corresponde à potência atual instalada do município de Vila Velha. Cerca de R$ 160 milhões estão destinados à ampliação e construção de subestações e em obras e recapacitação de linhas de distribuição de alta tensão. Entre os empreendimentos, estão as novas subestações Guriri, em São Mateus, e Atílio Vivácqua. A ampliação acontece em 24 subestações, entre elas São Mateus, Linhares, Itapemirim, Lameirão, em Guarapari, e Fruteiras, em Cachoeiro de Itapemirim. Os recursos serão utilizados ainda para a construção de 14 quilômetros de linhas de distribuição de alta tensão e para a recapacitação de outros 81 quilômetros que passam por diversos municípios do Estado, como as linhas Viana-Guarapari e João Neiva-Linhares. A medida aumenta a confiabilidade do sistema e reduz o número de eventuais interrupções de energia. “A construção, ampliação e modernização de subestações e linhas de distribuição são fundamentais para suportar o aumento da demanda e até mesmo para antecipar o crescimento econômico do Estado, assegurando o atendimento ao mercado, reforçando a confiabilidade e a melhoria da qualidade do fornecimento de energia”, afirma João Brito, diretor da EDP Espírito Santo. radio.esbrasil.com.br •

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SIDERURGIA E MINERAÇÃO

A Samarco continuou sem operar em 2017, à espera de licenças ambientais

À ESPERA DE RECUPERAÇÃO DEFINITIVA, MAS COM OTIMISMO NO HORIZONTE SIDERURGIA E MINERAÇÃO AINDA ENFRENTAM REFLEXOS DA CRISE, MAS JÁ APRESENTAM RESULTADOS MELHORES E SE PREPARAM PARA O CRESCIMENTO

O

s setores de mineração e siderurgia ainda não viram a recuperação esperada, mas 2017 já foi considerado um ano normal, em que houve progresso e que termina com a expectativa de maior geração de caixa e novos investimentos. A Samarco continuou sem operar, mas os resultados da Vale e da ArcelorMittal foram positivos, abrindo um horizonte mais otimista.

MINÉRIO DE FERRO A Vale estima um volume de caixa de até US$ 15 bilhões no ano, contra US$ 12,2 bilhões de 2016. Segundo o presidente da companhia, Fabio Schvartsman, esse é um resultado de anos considerados “bons e normais”. Nos nove primeiros meses de 2017, o Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado da Vale somou US$ 11,2 bilhões. No terceiro trimestre, a empresa bateu recordes na produção de minério de ferro (91,5 milhões de toneladas), carvão (3,2 milhões de toneladas) e cobre na mina do Salobo (51,8 mil toneladas), com uma geração de caixa de US$ 4,2 bilhões – alta de 54% sobre os US$ 2,7 bilhões do trimestre anterior. Com isso, a dívida da Vale caiu de US$ 22,1 bilhões para US$ 21,1 bilhões e o objetivo é reduzi-la para US$ 10 bilhões. Já o lucro líquido até o terceiro trimestre foi de R$ 7,1 bilhões, refletindo o impacto de R$ 2,9 bilhões da apreciação da moeda brasileira em relação ao dólar. De acordo com o diretor executivo de Finanças da Vale, Luciano Siani Pires, os resultados foram motivados pela recuperação de preços do mercado internacional para minério de ferro, níquel e cobre; a 50

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Até setembro de 2017, a produção de minério de ferro na Vale foi de 275,1 milhões de toneladas

melhor realização de preços do minério de alto teor de Carajás; pela redução de custos; e pelo aumento de volume. “A Vale está confiante de que está entrando em uma nova fase”, disse Siani. No Espírito Santo, a companhia embarcou 81 milhões de toneladas de minério de ferro pelo Porto de Tubarão até setembro, enquanto a Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM) movimentou 108,2 milhões de toneladas de minério de ferro, aço, grãos, carvão e fertilizantes, entre outros. A produção de minério de ferro nesse período foi de 275,1 milhões de toneladas, e as plantas de pelotização em Vitória produziram 22,9 milhões de toneladas. Para suportar as operações no Espírito Santo, a Vale desembolsou US$ 1,16 bilhão, entre custeio e investimento,


“Não foi um desastre, mas a rigor o setor como um todo progrediu pouco” Benjamim Baptista Filho, diretor-presidente da ArcelorMittal no Brasil em nove meses. Já os investimentos socioambientais somaram US$ 22,7 milhões no período. Parte dos recursos do caixa da Vale – cerca de US$ 450 milhões – foi destinada à Samarco, que ficou sem operar em 2017 devido à falta de licenças ambientais. Só em dezembro a empresa obteve a licença prévia e de instalação da Cava de Alegria Sul. Falta ainda o Licenciamento Operacional Corretivo do Complexo de Germano. A mineradora também iniciou um programa de demissão voluntária (PDV), esperando a adesão de 600 empregados.

SIDERURGIA Já na siderurgia, 2017 “não foi um desastre, como estava sendo previsto no final do ano passado, mas, a rigor, o setor como um todo progrediu pouco”, segundo o diretor-presidente da ArcelorMittal no Brasil, Benjamim Baptista Filho. Ele citou dados do Instituto Aço Brasil, prevendo crescimento de 1,2% nas vendas domésticas este ano, em relação a 2016. A produção de aço bruto deve crescer 9,2%, chegando a 34,154 milhões de toneladas. De janeiro a outubro, o aumento acumulado foi de 8,5%, com 28,5 milhões de toneladas. Em 2016, a produção do setor havia caído 6%, com 31,275 milhões de toneladas. As importações de aço, por sua vez, devem crescer mais de 33% no ano. Assim, com vendas internas de laminados da ordem de 16,414 milhões de toneladas e mais 2,508 milhões de importações, o consumo aparente (que inclui as duas categorias) chega a cerca de 19 milhões, 5% a mais que em 2016. A produção em Tubarão no ano foi de mais de 7,2 milhões de toneladas de placas de aço, sobre cerca de 7 milhões em 2016. A meta é alcançar 7,7 milhões de toneladas em três ou quatro anos. A produção de bobinas a quente chegou a 4,2 milhões de toneladas este ano. A planta da ArcelorMittal de Vega (SC), que processa o material enviado de Tubarão, operou praticamente à plena capacidade, apesar da crise, permitindo manter o laminador de Tubarão também em funcionamento em seu potencial total, o que ocorre desde 2014. EMPREGOS O mercado de trabalho também deu sinais de recuperação, apesar de dados negativos. Pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho, até outubro o setor extrativo mineral teve um saldo negativo de 2.448 postos fechados no país, bem menos do que em todo o ano de 2016 (-11.855 vagas). Só no Espírito Santo, foram 112 postos fechados até outubro de 2017 e 526 vagas a menos em 12 meses. Segundo o Instituto Jones Santos Neves (IJSN), o estoque do setor no Estado, em outubro de 2017, foi de 11.666 empregados.

ARCELORMITTAL (3º TRIMESTRE)* Resultado

2016

2017

Variação

Lucro líquido

US$ 680 milhões

US$ 1,2 bilhão

+77,2%

US$ 1,9 bilhão

US$ 2 bilhões

+1,4%

Ebitda

ARCELORMITTAL BRASIL Resultado

(3º trimestre de 2017)*

Variação

US$ 2 bilhões

+19%

Receita com vendas Produção de aço bruto

2,8 milhões de toneladas

-3%

Embarques

2,9 milhões de toneladas

+7%

US$ 202 milhões

-33%

Ebitda

VALE - (JANEIRO A OUTUBRO) Resultado

2016 (US$ bi)

2017 (US$ bi)

Variação

Receita operacional líquida

18,223

24,800

+36,1%

Ebitda ajustado

7,250

11,229

+54,9%

Lucro líquido

3,457

4,736

+37%

Investimentos

3,867

2,870

-25,8%

*As variações se referem ao 3º trimestre de 2017 sobre o mesmo período de 2016 Fontes: Vale e ArcelorMittal Brasil

NÚMEROS DA ARCELLOR MITTAL (3º TRIMESTRE)*

Produção de minério de ferro

14,2

milhões de toneladas

+77,2% Aço bruto

23,6

milhões de toneladas

+4,4% A indústria metalúrgica abriu 1.311 novas vagas no país, até outubro, diante de números negativos em 2016 (-44.355 postos). No Espírito Santo, o setor registrou estoque de 13.979 empregos e saldo de 373 novas vagas até outubro de 2017 e de 210 no acumulado de 12 meses. radio.esbrasil.com.br •

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CLÓVIS VIEIRA

ECONOMIA

é economista de Vieira e Rosenberg Consultoria

QUE VENHA 2018 APÓS ANOS QUASE SEM FÔLEGO, PAÍS VOLTA A RESPIRAR GRADATIVAMENTE

A

pesar do caos político, em 2017, o Brasil finalmente atenuou a mais longa e profunda recessão de sua história. Ainda que a recuperação da renda per capita, que perdemos com essa verdadeira queda livre, só se viabilize a partir de 2020, estamos vivenciando uma retomada lenta e gradual da atividade. O ótimo desempenho da economia mundial tem sido favorável à nossa economia, por ter ganhado força diante das fragilidades ainda resultantes da crise financeira global, conseguindo um crescimento de 3% em 2017, o maior resultado em seis anos. Com isso, melhoraram as condições de investimento, a redução das fragilidades do segmento financeiro, a recuperação das commodities e uma previsão macroeconômica do mundo mais consistente. Para uma economia emergente como a brasileira, mesmo com um crescimento estável em âmbito mundial no próximo ano, ainda persistem condições de vulnerabilidade e riscos, na eventualidade de uma contração brusca nas condições de liquidez global e da fuga de capitais no sistema financeiro global.

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Mas os resultados favoráveis foram alcançados, como: a queda da inflação (de 6,35% para 2,8%), a redução da taxa de juros

Ao par desses inequívocos resultados auspiciosos, ainda temos muito o que aguardar para uma estruturação do mercado de trabalho: a recuperação da renda disponível, as condições favoráveis do crédito, especialmente para as pessoas jurídicas, e a expansão dos investimentos, que são indicadores relacionados à retomada da economia de forma sustentável”

(de 13,75% para 7,00%), a menor volatilidade do mercado de câmbio e o desempenho robusto da balança comercial (de US$ 45,0 bilhões para US$ 66,4 bilhões), resultante do forte crescimento das exportações e do aumento comedido das importações, implicando em um crescimento esperado do PIB de 0,9% ao final de 2017. Ao par desses inequívocos resultados auspiciosos, ainda temos muito o que aguardar para uma estruturação do mercado de trabalho: a recuperação da renda disponível, as condições favoráveis do crédito, especialmente para as pessoas jurídicas, e a expansão dos investimentos, que são indicadores relacionados à retomada da economia de forma sustentável. Mas a evolução das reformas e a percepção da sustentabilidade da dívida pública no médio e longo prazo, bem como o resultado das eleições, poderão impactar as decisões de investimento ao longo de 2018, quando se espera um crescimento do PIB de 2,5%. Cabe notar que o perfil desse crescimento será muito mais derivado do impulso do consumo do que dos investimentos, pois há ainda enorme capacidade ociosa na economia, e grandes investimentos dependem do que vai acontecer no processo eleitoral.



INFORME PUBLICITÁRIO

ARCELORMITTAL TUBARÃO E SEUS NOVOS INVESTIMENTOS NO ESPÍRITO SANTO A EMPRESA INVESTIRÁ US$ 60 MILHÕES NA ACIARIA PARA ATINGIR PRODUÇÃO ANUAL DE 7,7 MILHÕES DE TONELADAS DE AÇO

O

ano de 2017 ainda foi de muitos desafios para praticamente todos os setores produtivos. Mas, ao que tudo indica, a economia já começa a dar os primeiros sinais de recuperação, e a expectativa para 2018 é de retomada do crescimento. Conforme dados divulgados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em Paris, na última semana de novembro, a projeção do

“Para 2018, a expectativa é de ser um ano melhor, com crescimento nas vendas da ordem de 4% a 5%”, acredita o presidente da ArcelorMittal Tubarão, Benjamin Baptista Filho

Produto Interno Bruto (PIB) no Brasil subiu de 1,6% para 1,9% em 2018. E para 2019, esse índice deve crescer ainda mais, chegando a 2,3%. Na esteira desse cenário, algumas empresas já se movimentam para rever antigos projetos, engavetados no período de crise. É o caso da ArcelorMittal Tubarão, que se prepara para investir, já em 2018, US$ 60 milhões em sua planta, localizada em Serra. Os recursos serão destinados ao processo produtivo da aciaria, e os objetivos são melhorar a produtividade e contribuir para alcançar a marca anual de 7,7 milhões de toneladas de aço produzidas, em até quatro anos. Atualmente, mesmo diante do cenário político e econômico instável no país, a unidade tem conseguido manter sua capacidade plena, de 7,2 milhões de toneladas anuais. Cautelosamente otimista em relação a 2018, o presidente de Tubarão e CEO da Aços Planos América do Sul, Benjamin Baptista Filho, considera que, em 2017, as previsões ruins acabaram não se efetivando. “Este ano não foi um desastre total, mas o setor como um todo progrediu pouco. Para 2018, a expectativa é de ser melhor, com crescimento nas vendas da ordem de 4% a 5%”, acredita. INVESTIMENTOS EM INOVAÇÃO Enquanto os novos projetos não saem do papel, a ArcelorMittal Tubarão tem como focos manter a competitividade no mercado e exportar o máximo de sua produção: cerca de 65% dela têm sido direcionados para o mercado estrangeiro, especialmente para outra empresa do conglomerado ArcelorMittal, uma laminadora no Estado americano do Alabama. A unidade capixaba também tem investido fortemente em pesquisas e inovação para o desenvolvimento de novos processos produtivos e de

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soluções customizadas para seus clientes. “Somos uma empresa que busca perenidade e, para isso, estamos continuamente investindo em práticas que atendam às demandas atuais do mercado, mas que também antecipem necessidades futuras”, revela o presidente. Nessa área, tem destaque a implantação na usina, em 2015, do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da ArcelorMittal América do Sul. Resultado de investimentos de mais de US$ 20 milhões em cinco anos (2015-2020), o espaço nasceu para contemplar as demandas de desenvolvimento de produtos e de processos e atendimento a clientes das unidades do Grupo ArcelorMittal na América do Sul, com foco em inovações para as indústrias automotiva, de máquinas e equipamentos, energia, construção civil e eletrodomésticos. Os projetos têm sido desenvolvidos em parceria com universidades, institutos de pesquisa e outras entidades acadêmicas. Iniciativas como essa têm posicionado a ArcelorMittal Tubarão entre as empresas que mais direcionam recursos para pesquisas no Estado. Segundo relatório técnico recentemente concluído, somente entre 2008 e 2016, a empresa aportou cerca de US$ 8,5 milhões em inovação, pesquisa e desenvolvimento. E a expectativa é avançar cada vez mais nesse número, promovendo cooperação entre as instituições, agregando valor à cadeia do aço e gerando oportunidades de crescimento para estudantes, empresas e Estado. ESTUDO TÉCNICO O relatório técnico que identificou o aporte da ArcelorMittal Tubarão em pesquisas e inovação foi elaborado por cinco pesquisadores da

Vários projetos têm sido desenvolvidos no Centro de P&D

Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Tendo como base informações do período 1996-2016, o relatório “A ArcelorMittal Tubarão no Espírito Santo” foi desenvolvido por Angela Maria Morandi, Gutemberg Hespanha Brasil, Sandro Barbiero Allochio, Carlos Umberto Felipe e Fábio Santos Grillo, que buscaram mostrar, com dados e gráficos, como têm sido a interação e a contribuição da empresa nas economias capixaba e brasileira, assim como no setor de produção de aço de forma geral. Dentre outros dados apurados está que a participação anual média da empresa na produção nacional de aço bruto foi de 16,6% no período analisado. Até mesmo nos momentos mais difíceis da siderurgia no país, como em 1999, 2001 e, especialmente, em 2009, a produção capixaba não apresentou queda com a mesma intensidade das demais usinas do setor. Em termos de geração de empregos, na contramão do setor siderúrgico brasileiro, que reduziu seu efetivo próprio em 9,12%, de 1996 a 2016, o segmento local ampliou seu quadro em cerca de 2,1% ao ano. Somente entre 2014 e 2016, o crescimento foi de 1,3% no efetivo total, enquanto a siderurgia nacional registrou queda de 14,7%. “Essa pesquisa tornou-se uma valiosa ferramenta de gestão para a empresa, pois nos permite mensurar e analisar os resultados obtidos e podermos, a partir deles, buscar oportunidades de melhorias e inovações. Também representa um instrumento de comunicação que poderá contribuir para a sociedade conhecer mais profundamente a nossa empresa”, aponta o executivo. TRANSPARÊNCIA Dotada de sistemas de circulação de água e cogeração de energia considerados referência mundial no setor, a ArcelorMittal Tubarão investe continuamente em tecnologias de última geração para controle de suas emissões. Essas informações, assim como o plano de investimentos ambientais de R$ 400 milhões que a empresa está executando desde 2014, estão disponíveis no hotsite da empresa (http://tubarao.arcelormittal.com/ meioambiente/index.asp). Já o relatório técnico desenvolvido pelos professores da Ufes está disponível no site (http://tubarao.arcelormittal.com/sumario-arcelormittal-tubarao-es/index.asp).

ARCELORMITTAL TUBARÃO Endereço: Av. Brigadeiro Eduardo Gomes, 526 - Serra - ES Telefone: (27) 3348-1333 Site: http://tubarao.arcelormittal.com

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PAPEL E CELULOSE

As vendas de celulose para o exterior chegaram a 16 milhões de toneladas em 2017

EXPORTAÇÕES E INOVAÇÃO EM ALTA, MESMO COM CRISE

C

om exportações que somaram US$ 5,19 bilhões entre janeiro e outubro, o setor nacional de celulose segue mostrando força. Segundo a Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ), as vendas de celulose para o exterior cresceram 2,9% em relação a 2016, alcançando 16 milhões de toneladas negociadas. Ainda de acordo com a entidade, as exportações de papel aumentaram 0,4% no período, com mais de 1,7 milhão de toneladas vendidas. O resultado fez com que a receita das exportações passasse dos US$ 7 bilhões, representando um crescimento de 10,9% em relação ao mesmo período do ano passado. Nesse mercado, a China continua com 39,7% de participação, figurando como principal destino da celulose brasileira. Já em relação às vendas domésticas, nos 10 primeiros meses de 2017, o segmento de painéis de madeira comercializou mais de 5,3 milhões de metros cúbicos no mercado interno (alta de 2,5%), e o segmento de papel atingiu a marca de 4,5 milhões de toneladas (recuo de 0,4%). FIBRIA Uma das gigantes mundiais do setor de celulose, em 2017 a Fibria completou 50 anos de atividade no Espírito Santo. A unidade da empresa em Aracruz produz 2,3 milhões de toneladas de celulose por ano (de uma produção total de 7,25 milhões de toneladas/ano de celulose branqueada de eucalipto) e em 2017 começou a operar, nessa mesma unidade, uma planta piloto de

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nanocelulose, com o objetivo de desenvolver novos produtos. Obtida a partir de madeira 100% renovável, a nanocelulose é oito vezes mais resistente que o aço e pode ser utilizada na produção de isolantes térmicos, telas de eletrônicos, na indústria cosmética e até em cartilagens. A companhia, que gera no Espírito Santo cerca de 6 mil empregos diretos, tem atualmente entre seus grandes desafios as mudanças climáticas, que impõem problemas adicionais ao cultivo de eucalipto, entre outras espécies. “O desafio está em buscar alternativas, variedades mais resistentes à escassez hídrica e o uso cada vez mais racional do recurso água. A Fibria vem desenvolvendo alternativas nessa área, como o uso do ‘colar de celulose’, que ajuda a reter umidade nas mudas plantadas em campo, reduzindo a necessidade do uso de água”, disse Marcelo de Oliveira, gerente-geral e industrial da Fibria. Somente no terceiro trimestre de 2017, a empresa teve receita líquida de R$ 2,84 bilhões e lucro líquido de R$ 742,3 milhões, quase 26 vezes maior do que o resultado apurado um ano antes. Prova que, mesmo com as adversidades do mercado, a companhia segue gerando valor e fazendo bons negócios. Já falando mais especificamente do papel, a novidade do ano ficou por conta do início das obras de construção da Carta Fabril, em Aracruz. Há mais de 30 anos no mercado, a fábrica de papel tissue, uma das cinco grandes produtoras de papel para fins sanitários do país, terá

EXPORTAÇÕES DO SETOR DE CELULOSE em bilhões de US$ 5,7 5,6 5,5 5,4 5,3 5,2 5,1 5 4,9

5,60 5,58

5,30 5,19

5,19

2013

2014

2015

2016

2017 jan/out

Fonte: Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ)

EXPORTAÇÕES DO SETOR DE PAPEL em bilhões de US$ 2,5 2

1,97

1,92

2,20 1,87 1,58

1,5 1 0,5 0

2013

2014

2015

2016

2017 jan/out

Fonte: Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ)

investimento inicial de US$ 140 milhões, com geração de 400 empregos diretos. Quando começar a operar, transformará o Estado de importador em exportador desses produtos. De acordo com o Sindipapel, o Estado conta hoje com 75 empresas do segmento papeleiro, 17 delas associadas ao sindicato. Juntas, essas empresas geram 761 empregos diretos e cerca de 2 mil indiretos.


VESTUÁRIO

VESTUÁRIO LUTA PARA VOLTAR A CRESCER

U

m ano para recuperar o fôlego e traçar novas estratégias para o que está por vir. Assim foi 2017 para o setor do vestuário do Espírito Santo. Dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), do Sistema Findes e do Instituto de Desenvolvimento Educacional e Industrial do Espírito Santo (Ideies) apontam que a indústria de transformação, da qual o segmento faz parte, acumulou 2,2% de alta na produção, entre janeiro e setembro deste ano, em relação ao mesmo período de 2016. Por outro lado, quando analisado o faturamento por setor, o vestuário capixaba registrou taxa negativa de -4,4%, contra +0,7 da indústria de transformação como um todo, e +4,3 da indústria capixaba no geral. Quando o assunto é geração de postos de trabalho, 2017 foi um ano de relativo alívio. De acordo com a conclusão do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) sobre dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged, do Ministério do Trabalho e Emprego), no Espírito Santo a indústria têxtil e do vestuário acumulou nos 10 primeiros meses um saldo positivo de 183 profissionais admitidos em relação aos demitidos, embora no acumulado dos últimos 12 meses o resultado ainda seja deficitário (-68 postos de trabalho). O segmento chegou a outubro com 12.503 trabalhadores empregados. Para o presidente da Câmara Setorial da Indústria do Vestuário da Findes, José Carlos Bergamin, o setor de confecção tem buscado crescer a despeito da crise dos últimos anos. “Somos desafiados a todo momento. Temos, por exemplo, o impacto dos produtos da Ásia, em razão do nosso custo interno e também do câmbio, muito favorável à importação. O nosso setor teve que aprender a atuar em um ambiente que demanda boas ideias. Mas, mesmo nesse cenário, de crise, tivemos uma vantagem: o câmbio, que antes era um complicador, fez com que os produtos importados ficassem mais caros, dando mais competitividade para as nossas empresas. Vamos fechar o ano com números positivos e notamos que os empresários começam a investir. As grandes cadeias de lojas estão cada vez mais comprando no mercado interno. Essas lojas precisam fazer coleções em ritmo mais curto e compram dentro do Brasil. Nossas empresas são conhecidas por produtos de qualidade e sempre inovadores e queremos ampliar isso ainda mais”, disse o dirigente.

O setor de calçados sofreu mais com a recessão econômica, chegando ao quarto ano consecutivo de demissões

MÃO DE OBRA DO VESTUÁRIO Saldo de admissões e demissões no Estado 2017*

207

2016

- 598

2015

- 2217

2014

-313

*De janeiro a outubro - Fonte: Caged / MTE

Bergamim lembrou que o momento de retomada pôde ser conferido durante o evento que é a grande vitrine do setor, o Vitória Moda, que em sua 10ª edição movimentou mais uma vez o Estado.

ANO COMPLICADO PARA OS CALÇADOS O setor de calçados teve mais um ano complicado, com saldo negativo na geração de emprego (-77 vagas em outubro e -140 no acumulado em 12 meses) e quedas generalizadas. Entre janeiro e setembro, o Estado exportou cerca de 260 mil pares, ligeira baixa em relação a 2016 (280 mil). Em 2015, esse número alcançou 300 mil pares, o que mostra que o mercado ainda precisa se estabilizar, de acordo com o presidente do Sindicato da Indústria de Calçados do Espírito Santo, José Augusto Rocha. “Sofremos uma baixa muito grande nos últimos anos. O setor de calçados já chegou a ter 140 empresas no Estado, e agora estamos com algo próximo de 40. As exportações ainda seguram muitos negócios, mas as empresas que dependem exclusivamente do mercado interno têm um grande desafio. Para 2018, não temos perspectivas muito favoráveis, já que teremos eleições e Copa do Mundo. Temos que trabalhar muito para mudar esse cenário”, frisou. radio.esbrasil.com.br •

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BENONI ANTONIO SANTOS

SAÚDE GESTÃO

é diretor de Gestão Administrativo-Financeira do Hospital Metropolitano S/A, economista, formado pela PUC Minas, e pós-graduado em Administração em Serviços de Saúde pela USP

O NOVO SEMPRE VEM E, NA ÁREA DA SAÚDE, ELE ESTÁ PRESTES A CHEGAR, IMPOSTO PELAS FORÇAS DE MERCADO

F

ui desafiado pelo meu amigo e editorchefe desta revista, Mário Fernando, a escrever um novo texto sobre a retrospectiva da saúde no ano de 2017. Nesse sentido, peço licença para recorrer a uma frase atribuída ao filósofo italiano Antonio Gramsci, marxista militante do século XIX: “A crise consiste precisamente no fato de que o velho está morrendo e o novo ainda não pode nascer. Nesse interregno, uma grande variedade de sintomas mórbidos aparece”. Acho que essa frase sintetiza bem o que vivenciamos no nosso país e, em particular, o cenário que encontramos no setor de “saúde”. Coloquei a palavra entre aspas, pois a considero inadequada para se referir a um setor acostumado a tratar doenças. Para quem tem grana ou emprego, hospitais, consultórios médicos, laboratórios e planos de saúde são lugares aonde se vai cuidar de doenças e enfrentar a burocracia. Sem dinheiro nem emprego, o que espera o indigente são as filas intermináveis do SUS, o mau atendimento, o descaso e a morte, se a condição exigir cuidados intensivos. Chegamos ao fundo do poço e somente com a inversão dessa lógica de funcionamento é que atingiremos um patamar civilizado. A boa notícia para o setor privado é que o novo está nascendo. Estamos prestes a ver chegar a essa área uma onda avassaladora de investimentos, capitaneados pelos denominados “fundos de private equity”. Entrando o capital financeiro, entra a lógica de mercado,

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que buscará equilibrar a satisfação dos clientes com a obtenção de margens de lucro expandidas pelos ganhos de escala. No caso, isso significa investimentos em segurança; qualidade, hierarquização e humanização do atendimento; desburocratização; melhoria das estruturas físicas e criação de pontos de atendimento mais próximos do cidadão, além da especialização das unidades.

A crise consiste precisamente no fato de que o velho está morrendo e o novo ainda não pode nascer. Nesse interregno, uma grande variedade de sintomas mórbidos aparece” Na outra ponta, o compartilhamento da gestão de atividades com o setor privado é o caminho natural para a resolução de problemas no setor público. Experiências já bem-sucedidas de parcerias com organizações sociais abrem caminho para novos experimentos como, as parcerias público-privadas, capazes de levar para o setor público os conceitos de atendimento do

setor privado. Certamente, veremos cada vez mais a gestão privada tomar conta dos equipamentos públicos e assim levar racionalidade e humanização do atendimento à população pobre e carente. Já temos no Brasil exemplos de enormes avanços nesse campo, como experiências realizadas por governos de São Paulo e Goiás. Ameaças a esse cenário alvissareiro existem. Há barreiras de entrada que dificultam e retardam o processo. De um lado, corporações se articulam para impedir os avanços, com medo da perda de privilégios. De outro, sindicatos, classe política e gente que não gosta de trabalhar vão para as ruas gritar contra a “privatização” da saúde. Os dois lados continuarão enfrentando a escassez de médicos generalistas e de família, dificultando ações de prevenção e promoção à saúde. O privado, provavelmente, começará a resolver esse problema a partir do aumento da oferta de mão de obra médica proporcionado pelas novas faculdades de Medicina. O público ainda deverá recorrer por mais algum tempo aos médicos cubanos. Contudo, o melhor para a sociedade é que o processo de melhoria já começou e as estruturas carcomidas serão rompidas, cedo ou tarde. Para os defensores de um Estado grande e provedor, a má notícia é que o novo nascerá pelas forças de mercado. Desse jeito, começo a acreditar realmente que Deus é brasileiro!



METALMECÂNICA

Com participação de 12.000 pessoas e uma previsão de negócios de R$ 50 milhões para os 12 meses seguintes, a 11ª MecShow atendeu às expectativas dos empresários

DEPOIS DA TEMPESTADE DE 2016, A LEVE RECUPERAÇÃO DE 2017 SETOR CONTA COM RETORNO DA SAMARCO E AUMENTO DA OFERTA DE CRÉDITO PARA RETOMAR CRESCIMENTO

E

ra difícil imaginar que 2017 seria pior para a indústria metalmecânica do que foi o ano passado. Em 2016, praticamente todo esse segmento industrial foi afetado pela crise política que varreu para longe a confiança dos investidores e empresários, fazendo a economia parar. E, de fato, o que se viu este ano não foi pior, mas foi apenas uma tênue luz no fim de um longo e tenebroso túnel para o setor metalmecânico, que contribui com 17% do PIB estadual. Os números levantados pelo Instituto de Desenvolvimento Educacional e Industrial do Espírito Santo (Ideies) e pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) sobre a indústria capixaba mostram essa penosa trajetória de recuperação. O faturamento real, por exemplo, cresceu 11,3% na metalurgia e 0,7% na indústria de transformação, se comparados os acumulados de janeiro a novembro dos anos de 2016 e 2017.

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PRODUÇÃO INDUSTRIAL POR ATIVIDADES NO BRASIL (%) Taxa de variação (%) sem ajustes sazonal Atividades

Setembro 16/ setembro 17

Indústria geral Indústria extrativa Indústria de transformação

-2,7 2,2 2,6

Acumulado Janeiro setembro 17 (1) 3,0 6,1 0,9

Acumulado 12 meses (1) 0,4 4,6 -0,2

*Base: igual período do ano anterior / **Base: últimos dose meses anterior Fonte: Pesquisa Industrial Mensal . Produção Física - PIM-PF/ IBGE- Coordenação de Estudo Econômico CEE/IJSN

A produção física desta última também aumentou 2,2% no acumulado do mesmo período. Além disso, as taxas de crescimento desses dois setores industriais foram de, respectivamente, 0,3% e 2,2% no acumulado do ano em comparação a 2016, segundo o Boletim Econômico de novembro, divulgado pelo Ideies.

“Os resultados são bons diante dos desafios que o panorama econômico traz consigo. Embora a inflação e os juros estejam em queda, a população continua endividada, influenciando negativamente o consumo e, por consequência, o desempenho do setor produtivo”, analisou Lucio Dalla Bernardina, presidente do Sindicato


PRODUÇÃO INDUSTRIAL POR ATIVIDADES NO ES (%) -2,7

Indústria geral

0,4

Fabricação de minerais não metálicos

13,5 12,3

Fabricação de minerais não metálicos

0,2 -6,4 -11,3

Metalurgia

Setembro 16/Setembro 17

-15

-5

5

15

1,5

Acumulado 12 meses**

*Base: igual período do ano anterior / **Base: últimos 12 meses anteriores Fonte: Pesquisa Industrial Mensal . Produção Física - PIM-PF/ IBGE- Coordenação de Estudo Econômico CEE/IJSN

das Indústrias Metalúrgicas e de Material Elétrico do Estado do Espírito Santo (Sindifer). INVESTIMENTOS E SAMARCO Sobre investimentos, principalmente em inovação, o presidente do Centro Capixaba de Desenvolvimento Metalmecânico (Cdmec), Durval de Freitas, acredita que a tendência é que se intensifiquem

“Foi um ano razoável e que traz expectativas para o ano que vem. Entretanto, acho que o empresário ainda está receoso para fazer investimentos por não saber o que pode acontecer na política em 2018” Lucio Dalla Bernardina, presidente do Sindifer

“O ano de 2017 foi bem mais estável, e isso ajudou o setor metalmecânico a se equilibrar. Caberá agora ao empresário capixaba continuar investindo em inovação e aprofundando seu conhecimento do mercado local, sem se esquecer de buscar novos mercados” Durval de Freitas, presidente do Cdmec de forma mais acentuada a partir do ano que vem, embora avalie que os empresários estejam ainda desconfiados do panorama político. Ainda assim, ele mostra otimismo para com o ano que vem. Um dos motivos para isso é o esperado retorno às atividades da Samarco, algo que ele estima que aconteça ainda no primeiro trimestre de 2018 – pelo menos, de um terço da produção. Freitas reconhece a necessidade de a empresa arcar com os custos da tragédia de Mariana, mas lembra a falta que a gigante da mineração faz para a economia capixaba. “São 20.000 empregos na cadeia de produção, o que é muito relevante para o Espírito Santo. Muitas empresas estão de portas fechadas porque a Samarco era a principal cliente. O seu retorno significará a retomada de toda essa cadeia envolvida, e isso é muito importante”, afirma.

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ROCHAS ORNAMENTAIS

O Espírito Santo produziu em 2017 38% do total nacional de exportações de rochas

RETRAÇÃO NO MERCADO INTERNO E ESTABILIDADE NAS EXPORTAÇÕES QUEDA NA CONSTRUÇÃO CIVIL E NOS FINANCIAMENTOS IMOBILIÁRIOS, ALIADA À CRISE POLÍTICA E ECONÔMICA, TEM IMPACTADO O SETOR

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om um grande parque industrial para extração e beneficiamento de rochas instalado em seu território, o Espírito Santo manteve em 2017 a sua posição de líder na produção e exportação de rochas no Brasil. As últimas informações divulgadas comprovam: dos 9,3 milhões de toneladas produzidos no país no ano passado, 3,72 milhões – equivalentes a 38% do total nacional – foram extraídos no Estado, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Rochas (Abirochas) elaborados pelo Instituto de Desenvolvimento Industrial e Educacional do Espírito Santo (Ideies). Os números demonstram a força da atividade na economia local: responde por 8% do PIB capixaba, gera cerca de 25 mil empregos diretos e 110 mil indiretos e registra 1.600 empresas ativas em sua cadeia produtiva. Nas exportações capixabas em 2017, foi embarcado 1,55 milhão de toneladas até o mês de outubro, com um faturamento de US$ 779,09 milhões, segundo o Sindicato das Empresas de Rochas Ornamentais do Espírito Santo (Sindirochas-ES). Já no mesmo período de 2016 foi exportado 1,56 milhão de toneladas, com uma receita de US$ 768,07 milhões. O segmento responde

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PROJETO FACILITA NORMAS PARA EXPLORAÇÃO Em junho de 2017 a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei nº 5751/2016 do Senado, que simplifica as normas para exploração de rochas ornamentais e de revestimento. O projeto abre a possibilidade de exploração dessas rochas apenas com licenciamento. Pelas regras em vigor, esse tipo de extração mineral está submetido aos regimes de autorização e concessão do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). A concessão de uma portaria de lavra pode levar anos. Atualmente está na Câmara dos Deputados aguardando designação do relator na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC). Posteriormente, seguirá para sanção presidencial.

por 81% do faturamento e 74,97% de toda a tonelagem das exportações brasileiras de rochas ornamentais. Apesar de o volume exportado ter sido um pouco menor, com uma pequena queda de 0,96% em relação ao ano passado,


os produtos vendidos pelos capixabas foram mais valorizados no mercado internacional, registrando um crescimento de 2,42% no preço médio no período analisado. Segundo o Sindirochas, os resultados finais de 2017 devem ficar no mesmo patamar daqueles do ano de 2016, ou apresentar uma ligeira melhora, mas há um certo otimismo com o aumento observado no preço das rochas ornamentais capixabas no último trimestre do ano. A cotação subiu de US$ 434,18 a tonelada, em setembro, para US$ 463,74 em outubro. Os Estados Unidos são o principal comprador das rochas capixabas. O segundo cliente é a China, seguida da Itália. Apesar de esses tradicionais mercados representarem os principais destinos das exportações capixabas, em 2017 os produtos do Espírito Santo ampliaram seu alcance e houve um aumento nos negócios com Turquia, Paquistão, Egito, Arábia Saudita e Emirados Árabes. DESAFIOS Enquanto no mercado internacional a venda de rochas ornamentais capixabas permanece estável, no mercado interno – que responde por aproximadamente dois terços do consumo do produto do Brasil – o cenário não tem sido favorável. “Continuamos enfrentando uma crise persistente, que compromete o crescimento da economia brasileira e atinge todos os setores, com reflexos negativos também no setor de rochas ornamentais. A queda nas atividades da construção civil e a falta de recursos para financiamentos imobiliários têm tido grande impacto sobre o setor. Também vem crescendo a concorrência com produtos artificiais, o que influencia

EXPORTAÇÕES DE ROCHAS 2016/2017 Comparativo de janeiro a outubro Ano

2016

2017

Valor

US$ (milhões)

Toneladas

US$ (milhões)

Toneladas

Brasil

952,26

2.093.205

951,33

2.032.319

Espírito Santo

768,07

1.567.135

779,09

1.552.058

Participação do ES

80,66%

74,87%

81,96%

76,37%

Fonte: Sindirochas

ainda mais o mercado exportador. Estamos passando por um período de grande oferta e baixa demanda, mas temos trabalhado para o fortalecimento das entidades e estabelecido um planejamento conjunto para a melhoria contínua do setor, além de atuar em prol do aumento da demanda pelos produtos a partir da participação em feiras internacionais, missões e parcerias no exterior”, explicou o presidente do Sindirochas, Thales Machado. Mesmo nesse contexto, as empresas capixabas continuaram investindo em novos equipamentos e tecnologias, o que ocasionou a fusão entre o Sindirochas e o Centro Tecnológico do Mármore e Granito (Cetemag) em 2016. O objetivo da entidade é trazer o que há de mais novo

81%

das exportações brasileiras de rochas ornamentais em 2017 foram realizadas pelo Espírito Santo

Os produtos capixabas estão mais valorizados no mercado internacional

para os empresários otimizarem sua produção. “Trabalhamos para atender a todo o arranjo de rochas ornamentais de maneira eficiente e atentos às novidades tecnológicas para inseri-las nos cursos ministrados. São estudos que se dividem em melhorias tecnológicas e de processos aplicados às áreas de mineração, beneficiamento e acabamento de rochas”, esclarece o presidente do Cetemag, Eutemar Venturim. Um dos cursos é o de Fio Diamantado, baseado na tecnologia de corte em alta velocidade. Os alunos aprendem a usar o novo recurso, que reduz o tempo do corte de um bloco em chapas para algo entre seis e oito horas, contra as 48 a 50 horas que levava anteriormente. FEIRAS: OPORTUNIDADES DE BONS NEGÓCIOS As feiras internacionais de mármore e granito já fazem parte do calendário mundial do setor de rochas ornamentais, atraindo para o Espírito Santo empresários de todos os continentes. São realizadas duas feiras anuais voltadas para o segmento: a Vitória e a Cachoeiro Stone Fair, que já estão na sua 44ª edição e se firmam como plataforma global para a expansão de novos mercados. Em 2017 a Vitória Stone Fair foi transferida de fevereiro para junho, devido aos reflexos da crise da segurança pública e à paralisação da Polícia Militar no Estado. Segundo a organizadora dos eventos, a empresa Milanez & Milaneze, a alteração na data não prejudicou os negócios, gerando resultados positivos para a cadeia produtiva do setor. Em 2017, as duas feiras reuniram cerca de 620 expositores e um público visitante de mais de 44 mil pessoas. radio.esbrasil.com.br •

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QUÍMICA E PLÁSTICOS

De acordo com o relatório da Abiquim, o ano para o setor químico fechará com um montante 1,2% maior em relação a 2016 – de US$ 109,2 bi para US$119,6 bi

CRESCIMENTO TÍMIDO, MAS ANIMADOR

C

omo aconteceu com boa parte do setor industrial brasileiro, as indústrias do plástico e do setor químico usaram 2017 para reajustar as contas, colocar ordem na casa e finalmente começar a pensar em um novo ciclo de crescimento. No setor químico, o que se viu em 2017 foi uma retomada tímida do faturamento. Segundo o relatório da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), o ano fechará com um montante 1,2% maior em relação a 2016 – de US$ 109,2 bilhões para US$119,6 bilhões. Esse é o primeiro crescimento que o segmento experimenta desde 2014. No Espírito Santo, os setores de cosméticos e fertilizantes foram os que mais se destacaram, com a instalação de novas empresa no Estado. Segundo o Sindicato das Indústrias de Produtos Químicos (Sindiquímicos-ES), a estimativa é que as indústrias capixabas do segmento acompanhem o crescimento de até 8,8% no caso dos cosméticos e produtos de higiene pessoal e de 5,7% no caso dos fertilizantes. Para o presidente da entidade capixaba, José Carlos Zanotelli, o ano que se encerra foi de reflexão para as empresas. Isso porque, apesar dos bons números, a geração de empregos ainda não foi significativa e os investimentos estão estagnados. Entretanto, a relativa estabilidade econômica que o Brasil viveu permitiu que o segmento se organizasse em função de uma possível retomada do crescimento em 2018. “As medidas reformistas ajudaram muito na sinalização de um reaquecimento econômico”, afirmou Zanotelli, que espera a continuidade das reformas previstas para o país no ano que vem.

PLÁSTICOS A indústria de plástico no Espírito Santo registrou um crescimento de 1,4% entre janeiro e outubro deste ano, comparado ao mesmo período 64

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FATURAMENTO DO SETOR QUÍMICO Valores em bilhões de dólares 2016 2017

109,2 119,6

Fonte: Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim)

do ano passado. É o que afirma o presidente do Sindicato da Indústria de Material Plástico do Estado do Espírito Santo, Gilmar Guanandy Régio. De acordo com ele, o único segmento que em 2017 teve queda no faturamento foi o de acessórios para a construção civil, que registrou resultado de -6,5% no mesmo período. Quanto aos principais mercados consumidores do setor, houve crescimento geral: máquinas e equipamentos (3,1%), alimentos (0,1%), bebidas (0,4%), eletrônicos (20,4%), artigos de higiene pessoal e limpeza (1,8%) e automotivo (16,1%). Renovando as esperanças dos empresários do setor, Régio diz que a perspectiva é de continuar crescendo em 2018. “Para a indústria de transformados plásticos, nossa expectativa é de crescimento na produção física e no faturamento da ordem de 3% em relação a este ano e alta no emprego da ordem de 0,6% também sobre 2017”, estima.


HAROLDO CORRÊA ROCHA

EDUCAÇÃO

é secretário de Estado da Educação do Espírito Santo

PNE, ESCOLAS VIVAS E A QUALIDADE DA EDUCAÇÃO COM 17 ESCOLAS VIVAS EM FUNCIONAMENTO, META DE 30 UNIDADES DEVE SER ULTRAPASSADA ATÉ O FIM DE 2018

O

Plano Nacional de Educação (PNE), instituído pela Lei nº 13.005/2014, tem entre suas metas mais ousadas a “oferta de educação integral em, no mínimo, 50% das escolas públicas brasileiras, com pelo menos 25% dos alunos da educação básica”. Em meio às discussões e polêmicas sobre a viabilidade desta, entre outras 19 metas do PNE, o Governo do Estado do Espírito Santo iniciou em 2015, ainda que num contexto adverso de crise econômica, o Programa Escola Viva, em reconhecimento à sua função estratégica para o avanço dos resultados de aprendizagem na educação capixaba e seu papel indutor do desenvolvimento local e geração de oportunidades. As Escolas Vivas são unidades escolares estaduais com jornada estendida, integral e em tempo integral, que colocam o “projeto de vida” de cada estudante no centro de suas preoc upações e esforços. Para tanto, trazem inovações importantes que envolvem: acolhimento aos estudantes, às equipes escolares e às famílias; avaliação diagnóstica/ nivelamento de aprendizagem; disciplinas eletivas; salas temáticas; ênfase prática em laboratórios; tecnologia de gestão educacional; tutoria; aulas sobre projeto de vida; aulas de práticas e vivências em protagonismo; aulas de estudo orientado;

aprofundamento de estudo (preparação ac adê m ic a / mu ndo do t rab a l ho ) e profissionais com dedicação exclusiva. Mas será que todo esse aparato já se traduz em resultados de aprendizagem? Pouco mais de dois anos após o início das atividades do CEEMTI São Pedro,

As Escolas Vivas são unidades escolares estaduais com jornada estendida, integral e em tempo integral, que colocam o ‘projeto de vida’ de cada estudante no centro de suas preocupações e esforços” em Vitória, que foi a primeira unidade de E scola Viva do E spírito Santo, os indicadores de resultado já a elevam à condição de uma das melhores escolas da rede estadual de ensino, em termos de desempenho acadêmico e de equidade, indicando que a escolha estratégica do governo do Estado foi muito acertada e deve ser intensificada nos próximos anos.

Em termos de aprendizagem, aferida por meio das avaliações de Língua Portuguesa e Matemática do Programa Estadual de Avaliação da Educação Básica (Paebes), aplicadas anualmente aos alunos da 3ª série do ensino médio da rede estadual, a unidade de São Pedro saltou, entre 2015 e 2016, da 5ª para a 1ª posição em aprendizagem em Língua Portuguesa na Região Metropolitana da Grande Vitória e, impressionantemente, da 17ª para a 1ª colocação em Matemática. Esses resultados foram obtidos graças à melhoria geral de todos os estudantes na escala de proficiência. Iniciado em 2015 com uma escola, a São Pe dro, o proj eto já soma 17 Escolas Vivas em funcionamento no Espírito Santo. Para 2018, outras 15 já foram anunciadas, o que totalizará 32 unidades em quatro anos de trabalho, ultrapassando a meta inicial de 30 escolas. E o plano de expansão até 2030, visando a superar a meta do PNE, prevê a universalização da proposta na rede estadual do Espírito Santo. Muito diálogo, trabalho, parcerias, visão estratégica, escolhas e persistência. Esses são alguns dos ingredientes de uma política pública de sucesso, executada no presente, mas com foco no futuro. Os resultados? Esses com certeza são uma questão de (pouco) tempo.

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ALIMENTOS E BEBIDAS

O saldo de empregos gerados nos 10 primeiros meses de 2017 foi de 730 postos de trabalho, entre as empresas de produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico

ALIMENTOS E BEBIDAS: SETOR AJUDOU A ALAVANCAR O DESEMPENHO INDUSTRIAL

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om uma produção física industrial em alta entre janeiro e outubro (+14,2%, na comparação com o mesmo período do ano passado), o setor de alimentos foi o destaque no Espírito Santo neste momento de retomada do crescimento, segundo levantamento divulgado em dezembro pelo Instituto de Desenvolvimento Industrial do Espírito Santo (Ideies). Somadas as empresas de produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico, o saldo de empregos gerados nos 10 primeiros meses de 2017 foi de 730 postos de trabalho. Além disso, de acordo com análise divulgada pela entidade um mês antes, no que se refere ao faturamento real, o setor alimentício alcançou uma alta de 5,8% entre janeiro e setembro, quando comparado ao mesmo período de 2016. Foi nada menos que o segundo melhor desempenho dos segmentos que compõem a indústria de transformação, perdendo apenas para a metalurgia (+11,3%). Para o presidente da Câmara Setorial das Indústrias de Alimentos e Bebidas, Sérgio Rodrigues da Costa, esses números mostram que, a despeito dos obstáculos enfrentados nos últimos anos, 2017 ficará marcado como o momento da recuperação. “O ano foi bem melhor do que 2016, sobretudo no segundo semestre, quando o setor passou por uma boa alavancagem. Continuamos aquém, em termos de negócios e geração de empregos, do período pré-crise, mas ainda assim é motivo para nos alegrarmos. O segmento de água mineral, por exemplo, além da crise econômica, enfrentou a crise hídrica e apenas a partir de setembro mostrou sinais de recuperação. A área de frigoríficos também está se recuperando, após os efeitos da Operação Carne Fraca, que causou grande impacto em, pelo menos, quatro meses de faturamento. No segmento de massas, o ano também começou devagar e depois foi melhorando, e agora temos empresas até ampliando suas estruturas. O setor de alimentos tem características próprias, não dá para fazer estoque, como ocorre em outros setores. O que é produzido precisa ser vendido rápido”, sublinhou.

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EVOLUÇÃO DO EMPREGO NO SETOR (saldo - demissões no ES) 2013

-53

2014

-44

2015 2016

-1040 - 790

2017 (jan a out)

+730

Fonte: Caged / MTE e Ideies

Segundo Costa, as empresas que exportam se saíram melhor e passaram de forma menos traumática pela crise, uma lição que aquelas atuantes no mercado interno precisam assimilar. “Para as que não exportam, tudo ficou meio parado. E gosto de dizer que o setor precisa ser uma engrenagem, o dinheiro tem que circular. Acredito que já passou aquele desespero das demissões, e agora recomeçaram as contratações. Temos atualmente no Estado 11 sindicatos ligados ao ramo de alimentos. Todas essas empresas têm um papel de imensa importância para o Espírito Santo. Apenas no Sindibebidas, nós temos representado um mercado de produtos como cervejas, refrigerantes, água mineral, água de coco, cachaça e por aí vai. E assim é com os segmentos de laticínios, massas, doces e outros. Estamos entrando agora no verão e as expectativas são boas”, avalia o presidente. Uma notícia muito celebrada pelas mais de 2.500 empresas que fazem parte desse mercado.



MERCADO IMOBILIÁRIO

O PIB da construção civil deve fechar 2017 com queda de -3,5% em comparação a 2016, segundo dados da Fundação Getúlio Vargas

TIJOLO POR TIJOLO, CONSTRUÇÃO E VENDA DE IMÓVEIS SE RECUPERAM REDUÇÃO NA TAXA BÁSICA DE JUROS FACILITA FINANCIAMENTOS, E SETOR ESPERA CRESCIMENTO EM 2018

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omo aconteceu com praticamente todos os setores da economia brasileira, a construção civil e o mercado imobiliário sofreram bastante com a crise que atingiu o país a partir de 2014. Agora, com 2017 chegando ao fim e a economia melhorando perceptivelmente, as previsões para esses segmentos começam a ganhar tons mais otimistas. O crescimento ainda não veio de forma significativa, pelo contrário. Segundo dados da Fundação Getúlio Vargas, o Produto Interno Bruto da construção civil deverá fechar 2017 com queda de -3,5% em comparação a 2016, o que significa o quarto ano seguido de retração do setor, que já acumula -16,3% de queda desde 2014. Para Paulo Baraona, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Espírito Santo (Sinduscon-ES), o ano foi difícil, como já havia sido 2016. “Nosso produto tem valor agregado muito alto. A pessoa geralmente faz financiamentos de médio e longo prazo. Por isso é preciso que tenha segurança em seu emprego, em seu negócio, enfim, na situação do país”, afirma.

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INVESTIMENTOS Índice Ademi-ES/VivaReal: O preço do metro quadrado para venda em Vitória vem aumentando desde junho deste ano. Na amostragem de outubro, a capital capixaba registrou preço médio de R$ 5.864, ante R$ 5.682 em setembro. A variação nominal entre os meses de setembro e outubro, por exemplo, chegou a 0,53%. O desempenho é resultado da redução dos estoques, combinado com a valorização contínua dos imóveis à venda registrada ao longo dos meses. Salão do Imóvel 2017: Segundo o presidente da Ademi-ES, Sandro Carlesco, houve uma queda de cerca de 36% nas vendas de imóveis durante o Salão em relação a 2016. “As compras vieram apenas um mês depois dos anúncios de redução das taxas de juros. Por isso acredito que em 2018 será bem melhor.”


UNIDADES EM PRODUÇÃO A evolução da construção civil na Grande Vitória

A previsão do Censo Imobiliário, produzido anualmente pelo Sinduscon-ES, é fechar 2017 com 15 mil unidades em obras no Estado – 4 mil a mais do que em 2016

20.000 15.000

19.723 16.493

10.000

11.487

5.000 0

11/15

06/16

01/17

Fonte: Sinduscon-ES

O dirigente ressalta a importância do poder público para o setor e lembra que, com menos recursos para se investir, a tendência é que as obras envolvendo o governo diminuam nos próximos anos. A “salvação” continua sendo o programa Minha Casa Minha Vida, que em 2017 ofereceu 15 mil imóveis no Espírito Santo. Para o ano que vem, a expectativa é que sejam oferecidos cerca de 12 mil imóveis com descontos, o que deve ajudar a aquecer o segmento.

MERCADO IMOBILIÁRIO A queda da inflação e a redução da taxa básica de juros trouxeram consigo um alento em forma de melhores condições de financiamento e, consequentemente, de aumento de vendas, locações e construções de novos empreendimentos em 2018. Segundo o Censo Imobiliário

MÃO DE OBRA Pessoas empregadas na construção civil no Estado 2017* 2016 2015 2014 (* dados referentes aos meses de julho) Fonte: Sinduscon-ES

34.135 38.819 46.571 57.768

R$ 5.864 Foi o preço médio registrado em outubro para o m² dos imóveis na capital capixaba – variação nominal de +0,53% ante o mês de setembro

produzido anualmente pelo Sinduscon-ES, há previsão de fechar 2017 com 15 mil unidades em obras no Estado – 4 mil a mais do que em 2016. Para José Luis Galvêas, presidente da Galwan Construtora e Incorporadora, por exemplo, o ano de 2017, para o setor, nem de perto se assemelha aos melhores momentos do ramo imobiliário. Entretanto, já é possível dizer que foi o ano da virada para o segmento. “Neste segundo semestre nós começamos a nos recuperar das quedas sucessivas que tivemos nos últimos anos. Já pudemos recuperar mais de 100 postos de trabalho, o que é significativo, embora tenhamos perdido bem mais. Também terminamos o ano com dois empreendimentos prontos e outros dois grandes que já começaram”, afirma Galvêas. O otimismo é compartilhado pelo presidente da Morar Construtora, Rodrigo Almeida. Segundo ele, o que se vê no mercado é o início de uma recuperação nas vendas de imóveis no Espírito Santo. “Teremos um aumento de 20% em comparação a 2016. Ainda estamos 20% a menos do que estávamos em 2015,

mas acredito que estamos prontos para ter uma retomada do crescimento a partir dos próximos anos”, avalia. Para o presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário do Espírito Santo (Ademi-ES), Sandro Carlesco, a procura por lançamentos e construções tem de fato aumentado, principalmente até o mês de novembro. “Ainda não temos pesquisas feitas, mas é possível perceber uma alteração positiva na curva do gráfico”, diz ele. Mas, antes de realmente experimentar um novo ciclo de crescimento, o setor ainda vive a expectativa de quedas mais significativas nos juros praticados. As reduções consecutivas da taxa Selic puxaram para baixo as taxas praticadas pelos principais bancos do mercado – segundo dados do Banco Central, a taxa média do ano para o financiamento imobiliário caiu de 10,9% no fim de 2016 passado para 9,2 em setembro de 2017, com a possibilidade de cair ainda mais. A Caixa Econômica Federal, por exemplo, mostrou crescimento de 7% na carteira de crédito habitacional em comparação a 2016. Segundo as previsões do presidente da Ademi-ES, a tendência é que isso aconteça nos próximos meses. Com a Selic a 7%, os bancos provavelmente acompanharão essa redução no ano que vem. Essa movimentação deve ser ainda maior com os particulares, para que possam se manter competitivos no mercado. Para o presidente da VTO Polos Empresariais, Alexandre Schubert, este ano foi tão desafiador quanto os anteriores. Ele afirma que os negócios até o primeiro semestre caíram por volta de 30% em comparação a 2016. “Nesses cenários de crise, os investimentos empresariais tendem a se retrair de forma mais brusca, já que o empresário fica mais cauteloso em buscar novas alternativas”, explica Schubert. radio.esbrasil.com.br •

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MÓVEIS

RECUPERAÇÃO COM CAUTELA

Indústrias moveleiras capixabas tiveram queda de 12,4% no acumulado de janeiro a setembro de 2017 contra o mesmo período de 2016

INDICADORES DO SETOR MOVELEIRO NO ES Comparação de janeiro a setembro de 2017 em relação a 2016

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m dos setores que mais sofreram com a crise em 2016, a indústria moveleira do Estado também não teve um bom ano em 2017, só apresentando sinais de recuperação a partir do segundo semestre. No acumulado de janeiro a setembro deste ano, na comparação com o mesmo período de 2016, a queda no faturamento real das indústrias moveleiras capixabas foi de -12,4% e de -18,7% no número de horas trabalhadas, além de ter havido a maior redução no número de empregos entre todos os setores produtivos: -20,2%, segundo dados do Instituto de Desenvolvimento Industrial e Educacional (Ideies) do Espírito Santo. Nesse cenário, as expectativas para 2018 ainda são muito cautelosas, como ressalta o presidente da Câmara Setorial da Indústria Moveleira da Findes no Estado, Luiz Rigoni. “Temos uma expectativa de melhora, mas ainda muito tímida.” De acordo com o dirigente, a partir de agosto o desempenho do setor chegou a registrar aumento de 10%, com a perspectiva de atingir, até dezembro, uma recuperação de 5% a 6% em relação ao ano anterior. Além da melhora nos índices econômicos nacionais, ele credita esse resultado ao novo fôlego ensaiado pela indústria da construção civil, que influencia diretamente a venda de móveis. Não foi o suficiente, no entanto, para retornar aos patamares alcançados pelo setor antes da crise. “Em 2016 tivemos perdas da ordem de 22%. As fábricas ainda estão atuando com apenas 60% a 70% de suas capacidades produtivas”, afirma. A queda levou as empresas a fazer ajustes e enxugar seus quadros de pessoal. A boa notícia é que, com a perspectiva de uma relativa recuperação em 2017, ainda que lenta, a previsão é de voltar a contratar em 2018. “A retomada será cautelosa, pois dependemos do aumento da confiança, no longo prazo, para que haja investimentos”, salienta Rigoni.

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Faturamento real Horas trabalhadas Empregos Massa salarial real

-12,8% -18,9% -20,6% -18,7% 2,1%

Rendimento médio real Utilização da capacidade instalada

-2,2%

Fonte: Ideies/Sistema Findes/CNI

GERAÇÃO DE EMPREGOS O Espírito Santo concentra mais de 400 unidades produtoras, com destaque para o Polo Moveleiro de Linhares, que detém 13% das indústrias, segundo dados do Sindicato da Indústria da Madeira e do Mobiliário de Linhares e Região Norte-ES (Sindimol). No auge da produção, chegou a empregar mais de 6 mil trabalhadores. Um alento para o setor em 2018 será a inauguração, prevista para o primeiro semestre, da primeira fábrica de placas de MDF no Espírito Santo. A Placas do Brasil está sendo instalada no município de Pinheiros, com um total de R$ 388 milhões em investimentos. Em operação, a indústria vai fornecer ao mercado MDF cru e revestido, com capacidade para produzir 300 mil m³/ano. Os dados são do Sindimol. A expectativa é que, com a entrada em operação, sejam gerados 600 empregos, entre diretos e indiretos, como detalha o diretor-presidente da entidade, Ademilse Guidini. “O Polo Moveleiro de Linhares está se restabelecendo, voltando a fazer contratações, o que nos leva à expectativa de recuperar ao menos em parte as perdas registradas nos últimos dois anos”, diz ele. A meta, explica, é retomar, mesmo que lentamente, o ritmo de produção e a rentabilidade da indústria. Como tradicionalmente as vendas no setor moveleiro aumentam no fim do ano, a recuperação registrada em 2017 ainda não é considerada um motivo de otimismo para 2018, como explica Guidini. “Se o primeiro semestre de 2018 começar melhor, já poderemos ter mais firmeza nessa previsão de continuidade da recuperação do setor. Temos que aguardar pelo menos o resultado do primeiro trimestre para ver se essa perspectiva de melhora se mantém”, ressalta.


CARLOS ANDRÉ

COOPERATIVISMO

é superintendente da OCB/Sescoopes

O GRANDE RESGATADOR E FOMENTADOR DA VIDA EM SOCIEDADE O COOPERATIVISMO IMPÕE-SE COMO FERRAMENTA SOCIAL DE REAPROXIMAÇÃO DAS PESSOAS EM PROL DE UM OBJETIVO COMUM

P

or mais que se assemelhe a um famoso clichê, a ideia de unir-se para somar forças se materializa por meio do cooperativismo. Ainda que não se conheçam as suas nuances, natureza jurídica e implicações políticas, a etimologia do verbo “cooperar”, naturalmente, cria um senso comum de união de esforços, operação em conjunto em prol de um objetivo comum. Assim são as cooperativas: o resultado direto do cooperativismo, ou seja, da união de produtores, de prestadores de serviços, de profissionais que, unidos, portanto, batalham um mercado, um nicho subexplorado ou, até mesmo, suprem as ausências mercadológicas impostas pela exaltação ao lucro, como se vê em diversas cidades interioranas, nas quais a cooperativa de crédito é a única instituição financeira existente. É preciso entender, portanto, que, mais do que a união de esforços, o cooperativismo se apresenta como solução ao distanciamento social, não sendo complexo vislumbrar tal afirmativa. Para tanto, é necessário entender as vertentes que balizam essa ideia. O século 21 traz para o homem uma nova humanidade; surge a era virtual: o dinheiro virtual, a identidade social virtual, o ciclo de amizades virtuais, as profissões virtuais, fatores esses que individualizam planos e sonhos, tornando o homem, que é sabidamente um ser social, em um ser individual.

Mas como inserir o cooperativismo num contexto transformador da realidade individualista do século 21? Os exemplos são fartos. Basta imaginarmos que na era do internet banking – na qual evitamos qualquer ida às agências bancárias em virtude de um aplicativo instalado no smartphone, driblando, ainda, a famosa perda de tempo nas filas – a rotina de uma cooperativa

Mais que um fator de desenvolvimento econômico, o cooperativismo fomenta os melhores aspectos do homem” tem ações tomadas de forma presencial e assemblear. Ou seja, para discutir os rumos gerenciais das cooperativas, os cooperados se reúnem, conversam sem auxílio de computadores, discutem ideias e opiniões, votam levantando as mãos, registram suas decisões em atas e assinam listas de presenças, como determina a Lei nº 5.764/71, que rege o cooperativismo.

O que para muitos pode significar um retrocesso, considerando a fartura tecnológica experimentada pela humanidade, que facilitaria todo esse procedimento numa videoconferência ou em um grupo criado em aplicativos de conversa on-line, na verdade e a contrário senso, mostra-se como quebra de paradigmas da nova humanidade secular. Ou seja, mais que um fator de desenvolvimento econômico, o cooperativismo fomenta os melhores aspectos do homem, realçando os potenciais humanos, como o de falar, socializar, olhar nos olhos uns dos outros, pensar além do interesse individual, fortalecendo o coletivo, características essas que, para muitos, hoje, não passam de utopia ou, melhor ilustrando, coisas do homem do passado ou, ainda, para os mais intelectualizados, do humanismo pregado no Renascentismo europeu. É satisfatório poder contemplar, por exemplo, nas prateleiras de supermercados, produtos com o símbolo do cooperativismo, que ali chegaram através de procedimentos industriais convencionais, com rigoroso controle de qualidade, mas que somente foram possíveis graças a uma união humana, tátil e harmoniosa, que se difere da frieza individualista do presente vivido, remetendo-nos à mais legítima sensação de pertencimento a um propósito comum. radio.esbrasil.com.br •

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AGRONEGÓCIO

O Espírito Santo é responsável por 75% da produção brasileira e 20% da produção mundial de café conilon

DEPOIS DA ESCASSEZ, A BONANÇA? APÓS UMA LONGA SECA, 2017 FOI O ANO EM QUE O AGRICULTOR CAPIXABA ENSAIOU DAR A VOLTA POR CIMA

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om o fim da maior seca ocorrida em 80 anos, 2017 pode marcar o início da recuperação da agricultura do Espírito Santo. As chuvas ficaram em torno da média, na maior parte das regiões, e os agricultores se animaram a investir mais na produção. O café conilon (ou robusta), um dos carros-chefes do agronegócio capixaba, foi o que mais sofreu com a estiagem, mas agora o cenário se mostra um pouco melhor, mesmo com o preço da saca em baixa. Para as exportações do café capixaba, a expectativa é de que o ano não seja positivo. O Centro do Comércio de Café de Vitória (CCCV) estima que seja vendido no mercado externo 1,8 milhão de sacas, a menor quantidade desde 1982, quando o Estado exportou 1,04 milhão de sacas. O motivo da queda é que o conilon capixaba foi praticamente todo absorvido pelo mercado interno e pela indústria de solúvel. Para o arábica, as vendas internacionais foram de um milhão de sacas de janeiro a julho, queda de 28,7% em relação ao 1,45 milhão de sacas exportado no mesmo período de 2016, com receita 7% menor que a do mesmo período de 2016 – ou seja, US$ 13 milhões a menos.

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O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estima que, neste ano, a produção de café no Estado será 8,95% menor do que em 2016. A safra do conilon deve crescer 14%, ao passo que a do arábica cairá 9%. A expectativa é que a produção final seja de quase 8,9 milhões de sacas de café para 2017. “Se, por um lado, há queda nos preços do robusta, assim como da pimenta-do-reino, que também sofreu com a estiagem, há expectativa de retomada das plantações e dos valores. Além disso, tanto a cotação baixa quanto a seca motivaram os produtores a investir na qualidade dos produtos. Observamos isso claramente na cultura do café arábica, em que estamos sendo

“De forma geral não se gosta de investir em pesquisa no Brasil, mas aqui estamos com o maior edital de pesquisa na agricultura do país. São R$ 14 milhões sendo investidos pelo governo” Octaciano Neto, secretário de Estado da Agricultura


Com o fim da estiagem, há expectativa de retomada das plantações e dos valores da pimenta-do-reino

premiados nas disputas nacionais dessa espécie. Nosso grão é de alta qualidade, e os produtores estão em busca de novos cafés, novos aromas”, avalia o diretor técnico do Incaper, Mauro Rossoni Junior. A seu ver, a seca foi “didática”, a despeito dos revezes que gerou. “Temos novos produtos de qualidade e a entrada no mercado externo. Os concursos de arábica atraem público e geram turismo para a região de montanhas do Estado. É um círculo virtuoso. Temos produtos com preços melhores, aumento do turismo, diversificação das culturas e, claro, uma retomada”, comemora.

DIVERSIDADE A diversificação das culturas foi o “pulo do gato” deste ano e, mais uma vez, a seca foi a mola propulsora dessa mudança, prossegue Mauro. “Observamos produtores vindo até nós em busca de alternativas à cafeicultura. Daí a alta na produção do tomate, limão tahiti, mexerica ponkan e laranja. O mamão também teve alta nas exportações”, diz.

CAFÉ EM GRÃOS (janeiro a outubro)

Participação nas exportações

2,70% Acumulado no ano

-3,26% Fonte: Instituto Jones dos Santos Neves

Além disso, “o gengibre e a horticultura em geral também estão em voga, principalmente quando se fala em orgânicos. Estes produtos estão tomando uma dimensão grande, graças à diversificação. A olericultura, por exemplo, antes forte na região de Santa Maria de Jetibá, Santa Teresa, Itarana e Itaguaçu, agora também se expande no entorno dos lagos em Linhares, Aracruz e Rio Bananal – áreas onde, antes, a pecuária e o conilon eram dominantes, e agora temos culturas misturadas. É a era da diversificação, e isso é muito positivo”, garante o dirigente.

PESQUISA E TECNOLOGIA Hoje, o Estado responde por 75% da produção brasileira e 20% da produção mundial de conilon. São 400 mil empregos diretos e indiretos vindos do cultivo em 60 mil propriedades agrícolas capixabas. E a tecnologia também está sendo usada em favor do homem do campo. Em novembro, o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) lançou uma nova cultivar clonal de café conilon tolerante à seca, a “Marilândia ES8143”, e o Jardim Clonal Superadensado, uma técnica para a multiplicação rápida de cultivares clonais melhoradas, ambos desenvolvidos pela equipe do órgão. O secretário de Estado da Agricultura, Octaciano Neto, destacou a importância desse trabalho. “De forma geral não se gosta de investir em pesquisa no Brasil, mas aqui estamos com o maior edital de pesquisa na agricultura do país. São R$ 14 milhões sendo investidos pelo governo, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação (Fapes). E investir em pesquisa significa dinheiro no bolso do produtor rural”, disse.

ESFORÇO DE RECUPERAÇÃO O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Espírito Santo (Faes), Julio Rocha, avalia que o ano de 2017 foi muito difícil para a agropecuária capixaba. “Nosso segmento amargou várias dificuldades, como a crise hídrica e os preços recebidos pelos produtores, que quase nunca cobrem os custos de produção nem a alta dos insumos. A forte importação de leite em pó do Uruguai, a falta de uma definição para renegociação de dívidas e a insegurança no campo foram alguns dos pontos que impediram o pleno desenvolvimento do agronegócio capixaba”. Ele explica que o endividamento do produtor preocupa: “Registre-se que a queda dos juros foi pouco aproveitada, em decorrência do endividamento, que compromete as garantias retidas”. Para a safra 2017/2018, os recursos programados para liberação em todo o país são de R$ 188,4 bilhões. Além disso, na tentativa de aliviar o sufoco financeiro do agricultor, o Senado aprovou o Programa de Regularização Tributária Rural, o Refis Rural, que permite a renegociação e quitação de dívidas previdenciárias de produtores rurais e reduz a alíquota paga ao Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural). Serão quitados, segundo o projeto, débitos vencidos até 30 de agosto de 2017. EXPORTAÇÕES Além da queda do café em grão, o terceiro trimestre de 2017 também mostrou baixa nas exportações de café solúvel: -21,7%. E a pimenta-do-reino, que exportou US$ 31,13 milhões no segundo trimestre, caiu -12,6% no terceiro, somando US$ 27,21 milhões. No cômputo final, as exportações do agronegócio capixaba cresceram +5,2% no período, puxadas principalmente pelo aumento de +5,1% nas vendas de celulose, enquanto as exportações do Espírito Santo cresceram +1,86% do segundo para o terceiro trimestre de 2017. A participação do agronegócio nas exportações totais do Estado subiu de 20,3% no segundo trimestre para 21,0% no terceiro trimestre de 2017. radio.esbrasil.com.br •

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MERCADO AUTOMOTIVO

Números animadores nas vendas de novos e usados apontam que 2017 foi um ano de recuperação para o setor automotivo

HORA DE ACELERAR? SUPERANDO TRÊS ANOS DE QUEDAS, MERCADO AUTOMOTIVO CAPIXABA FECHA 2017 COM PERSPECTIVAS POSITIVAS

O

desempenho do mercado automotivo capixaba em 2017, assim como o nacional, vem dando sinais de recuperação em meio à recessão econômica. De acordo com Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos do Espírito Santo (Sincodiv-ES), as vendas totais de veículos novos no mês de novembro (4.745 unidades) apresentaram um crescimento de 8,33% em relação ao mesmo período de 2016, quando foram comercializadas 4.380 unidades. No comparativo com outubro de 2017, o mês de novembro apresentou uma leve redução de 0,46%, o que estatisticamente é considerado estabilidade. Do total de automóveis e comerciais leves vendidos em novembro (3.008 veículos), o volume é 2,8% maior que outubro de 2017, quando foram comercializadas 2.926 unidades – percentual ainda mais animador (+13,6%) se comparado com o de novembro de 2016, quando foram vendidos 2.648 veículos. A comercialização de caminhões e ônibus também apresentou resultados significativos, com crescimento de 31,18% em novembro sobre outubro e de incríveis 121,82% na comparação com novembro de 2016. Já a venda de motocicletas mostra trajetória de queda, com redução de 7,33% no penúltimo mês do ano e de 6,71% comparada a novembro de 2016. Segundo José Francisco Costa, diretor executivo do Sincodiv-ES, a retomada do setor automotivo – que vinha registrando índices negativos desde 2014 – pode ser justificada por diversos fatores, como queda no desemprego, maior oferta de crédito e alta da confiança por parte do consumidor. “A grande notícia é que o mercado deixou de cair, mantendo-se estável. Em 2015, nós tivermos uma queda de 30% sobre 2014, um número que também se repetiu no ano seguinte. Já em 2017, começamos a apresentar um crescimento modesto (1,69%), porém

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sustentável, e que pode chegar aos 2% no final de dezembro. Os resultados mostram que o índice de confiança está voltando e que há uma queda na inadimplência, que até pouco tempo atrás beirava os 70%, um índice extremamente alto. Outro fator relevante é que desde outubro os bancos estão oferecendo mais crédito e a juros mais baixos, o que estimula a compra por parte dos consumidores brasileiros”, explicou Costa. O desempenho positivo do mercado automotivo capixaba pôde ser visto nas vendas da Kurumá Toyota, que, mesmo em um ano de muitos desafios, conseguiu apresentar resultados importantes. “A Kurumá Toyota tem muito a comemorar. Foram meses de muito trabalho e empenho para fidelizar nossos clientes e conquistar novos, reforçando os atributos de nossos produtos com ações de experiência para a vivência nas concessionárias. E o empenho nos trouxe resultados: foram mais de 3.800 unidades vendidas de janeiro a outubro deste ano no Espírito Santo, sendo 1.300 unidades do Corolla – sedã consolidado como líder de vendas entre os capixabas. Os números nos motivam a começar 2018 com uma expectativa positiva quanto ao cenário econômico e com entusiasmo para as novidades da marca”, revelou Aline Denadai, gerente regional de vendas da Kurumá Toyota no Espírito Santo.

“Os resultados mostram que a confiança está voltando e que há uma queda na inadimplência, que até pouco tempo atrás beirava os 70%, um índice extremamente alto” José Francisco Costa, diretor executivo do Sincodiv-ES


VENDAS DE VEÍCULOS NOVOS

MERCADO NACIONAL Mesmo com queda de 0,69% sobre outubro, a venda total de veículos (que inclui automóveis, comerciais leves, caminhões, ônibus, motocicletas e implementos rodoviários) em novembro foi considerada estável em nível nacional, com 280.405 unidades comercializadas. No comparativo com o mesmo período do ano passado, o desempenho foi melhor, com alta de 7,25%, segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), que apontam ainda para uma elevação de 1,38% no acumulado do ano. Os segmentos de automóveis e comerciais leves foram os que mais se destacaram, registrando alta de 10,07% sobre as 1.787.330 unidades comercializadas nos primeiros 11 meses de 2016. Em novembro, foram vendidas 197.247 unidades do segmento – um crescimento significativo de 13,66% sobre o mesmo mês do ano passado. Os números reforçam a tendência de retomada do mercado brasileiro de veículos. Assim como os emplacamentos, as transações de veículos usados (considerando automóveis, comerciais leves, caminhões, ônibus, motocicletas e implementos rodoviários) em novembro também se mantiveram estáveis, somando 1.152.953 unidades (+0,5%). No acumulado de janeiro a novembro, o mercado de usados vendeu 12.862.426 unidades, o que representa um avanço de 7,4% ante as 11.972.615 unidades de iguais meses de 2016.

Espírito Santo (jan-nov)

Brasil (jan-nov)

2016 49.775

2016 2.875.727

2017 50.620

2017

2.915.511

VENDAS DE VEÍCULOS SEMINOVOS E USADOS Espírito Santo (2017)

Brasil (jan-nov)

NOV 28.706

2016

11.972.615

OUT 28.840

2017

12.862.426

Fonte: Sincodiv-ES

De acordo com Alarico Assumpção Júnior, presidente da entidade, o cenário do segmento de usados continua com viés de alta, mesmo com a leve queda de novembro, causada principalmente pela quantidade de dias úteis. “As vendas de veículos usados devem encerrar o ano seguindo nossas projeções de crescimento, em torno de 7,5% com relação a 2016”, declarou. É esperar para ver.

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VAREJO

A projeção é fechar o ano com crescimento real de 1,8% nas vendas do varejo restrito e 9% no varejo ampliado

COMÉRCIO COMEMORA RECUPERAÇÃO E PREVÊ UM 2018 MELHOR APÓS TRÊS ANOS CONTANDO OS PREJUÍZOS, VAREJO RESPIRA E GARANTE: O PIOR DA CRISE JÁ PASSOU

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caminho ainda é longo, mas a recuperação do setor varejista no Espírito Santo já desponta como uma realidade palpável. O ano, que começou cercado de pessimismo – e que registrou praticamente um mês perdido, em fevereiro, devido à crise na segurança pública do Estado –, chega ao fim apontando que o pior da crise já passou. Os dados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) do IBGE relativos a setembro mostraram um aumento de 1% no volume de vendas do varejo restrito no Estado e de 4,5% no varejo ampliado, ambos em relação a agosto. Na comparação com o mesmo período de 2016, a PMC revelou crescimento de 8,7% no varejo restrito, índice que chegou a 15,6% no varejo ampliado. Com esse resultado, o acumulado negativo no ano ficou em -3,6% entre janeiro e setembro, contra -11,4% no mesmo período de 2016. Já a receita nominal de vendas, na mesma base de comparação, registrou aumento de 4,7% e de 11,4%, respectivamente, para o varejo restrito e para o ampliado. Em termos acumulados, a receita nominal do primeiro segmento variou negativamente -3,4% no ano e -2,2% nos últimos 12 meses, enquanto o varejo ampliado cresceu +2,8% no primeiro caso e +0,9% nos últimos 12 meses. “A situação melhorou principalmente devido à queda da inflação e da taxa de juros, aliada à diminuição do desemprego”, avalia o presidente da Federação do Comércio do Espírito Santo (Fecomércio-ES), José Lino

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Sepulcri. Para 2018, a expectativa da Fecomércio é de crescimento acima dos 3%. E a projeção é fechar 2017 com crescimento real de 1,8% nas vendas do varejo restrito e 9% no varejo ampliado. “Diante do cenário negativo que vínhamos enfrentando antes, não é pouco”, salienta. O presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Vitória, Adriano Ohnesorge, destaca que um bom termômetro para atestar essa volta por cima é a geração de empregos temporários para o Natal, que em 2017 chegou a 5 mil postos, contra 3 mil em 2016. “A confiança do consumidor aumentou”, comemora. Entre as medidas que auxiliaram nessa retomada está a liberação do saque do FGTS das contas inativas, que injetou mais de R$ 600 milhões na economia do Estado. Ohnesorge lembra, ainda, que a realização de feirões para recuperação do crédito deu a milhares de pessoas a chance de voltar a consumir. E, entre os fatores que geram otimismo para 2018, está a recém-aprovada lei trabalhista, que flexibilizou e facilitou contratações. O presidente do CDL cita a jornada intermitente como um exemplo salutar para a relação patrão/empregado no varejo. “O lojista agora pode contratar profissionais para atuar nos dias de maior fluxo, gerando mais postos de trabalho”, diz.


VOLUME DE VENDAS DO COMÉRCIO VAREJISTA – BRASIL E UNIDADES DA FEDERAÇÃO Variação (%) Setembro17/Agosto17 – com ajuste sazonal

4,0

3,5

3,3

3,0

3,1 3,1 3,0 2,5

2,0

1,7 1,6 1,6 1,5

1,4 1,3

1,2 1,1

1,1

1,0

1,0

0,8 0,8

BR 0,5

0,0

0,0

-0,1 -0,2 -1,0

-0,5 -0,5 -0,7

-0,9

-2,0

-1,2 -2,0

-3,0 PB AM MS MT AL SE SP TO CE PE RJ PR PA AC RN ES RS GO PI DF SC MA AP RR BA RO MG Fonte: Pesquisa Mensal de Comércio - PMC/IBGE - Elaboração: Coordenação de Estudos Econômicos - CEE/IJSN

SUPERMERCADOS DRIBLAM A CRISE Um dos sinais do tamanho da perversidade da crise foi a retração observada na venda do setor de alimentos. Com o desemprego aumentando a cada dia, ficou difícil até comprar comida. Os supermercados sentiram o impacto, mas a boa notícia é que, em 2017, as vendas voltaram a crescer. O superintendente da Associação Capixaba de Supermercados (Acaps), Hélio Schneider, ressalta que o ano fechou com uma alta de 1,5% nas vendas. E observa que a expectativa do setor é crescer pelo menos 2,5% em 2018. Para dar um drible na crise, foi preciso mudar. “Buscamos formas de atender a esse novo comportamento do consumidor diante da retração econômica, oferecendo produtos com menor valor, mas mantendo a qualidade”, conta, ressaltando que foi preciso diminuir a rentabilidade, devido à perda do poder aquisitivo da população, para manter os preços atrativos. Para 2018, uma das grandes incógnitas é a eleição presidencial. Mas a turbulência política não afeta o otimismo do setor.

PANIFICAÇÃO A Super Feira Acaps Panshow, que aconteceu de 19 a 21 de setembro, reuniu mais de 21 mil visitantes no Carapina Centro de Eventos e contou com a presença de 200 empresas expositoras no setor de supermercados. De acordo com a Acaps, a feira movimentou mais de R$ 230 milhões em volume de vendas. “A cada ano o evento se supera, investindo em dois focos: o de produtos e serviços e o de conhecimento, que é a alma do negócio”, comemora o superintendente da Acaps, Hélio Schneider.

“Paramos de piorar, o que já é um bom resultado, e estamos inovando para gerar emprego e renda”, comenta Schneider.

SHOPPINGS ABREM MAIS LOJAS Além da crise na segurança pública, no início do ano, o varejo enfrentou, em 2017, os problemas da crise hídrica – que gerou aumento nos preços de produtos – e os efeitos da continuidade da paralisação das operações da Samarco, entre outros fatores que contribuíram para o aumento do desemprego na indústria. Mais motivos, portanto, para comemorar a recuperação no volume de vendas. O diretor-geral do Shopping Vitória, Raphael Brotto, ressalta que o mall chegou ao fim do ano com todas as lojas locadas. Foram abertas 40 lojas, entre marcas nacionais e internacionais, ao longo de 2017, gerando 400 empregos. Em 2018 alguns fatores, como o grande número de feriados e a realização da Copa do Mundo e das eleições, tendem a gerar reflexos negativos no varejo, mas mesmo assim a previsão é de um ano generoso com o setor. “Acreditamos em um crescimento acima de 4,5% nas vendas”, comemora Brotto. O otimismo é compartilhado pelo superintendente dos shoppings Montserrat e Mestre Álvaro, do Grupo Sá Cavalcante, Marcelo Rennó. A empresa, da qual fazem parte também os shoppings Praia da Costa e Moxuara, abriu 63 lojas em 2017, com 1,2 mil postos de trabalho. “Até outubro, registramos 10% de crescimento nas vendas. A economia melhorou, mas também investimos em formas de gerar fluxo de consumidores”, diz Rennó, destacando a criação de uma ala gourmet no Praia da Costa e a abertura de um supermercado no Shopping Moxuara como iniciativas que deram resultado. “A nossa expectativa é que o grupo cresça de 12% a 15% em 2018”, ressalta. radio.esbrasil.com.br •

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COMÉRCIO EXTERIOR

Em comparação ao mesmo período do ano passado, as exportações capixabas cresceram 26,5% e, as importações, 27,3%

UM ANO DE RECUPERAÇÃO

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m comparação ao ano passado, o setor de comércio exterior, uma das forças da economia capixaba, deve apresentar um crescimento significativo, apesar de ainda estar se recuperando das quedas acentuadas observadas em anos anteriores. O presidente do Sindicato do Comércio de Exportação e Importação do Estado do Espírito Santo (Sindiex), Marcilio Machado, estima que o setor feche o ano com crescimento acima de 20% tanto em importações, quanto em exportações, o que traria mais confiança e otimismo para o empresariado. Os últimos dados disponíveis, que medem a movimentação de janeiro a outubro, indicam 26,5% de crescimento nas exportações e 27,3% nas importações em relação ao mesmo período do ano passado. No total da corrente de comércio, o aumento é de 26,8%. Em comparação com o mesmo período do ano passado, nas exportações se pôde observar um aumento do peso dos produtos básicos na pauta capixaba, que passaram de 36,2% para 43,9% do total. Isso ocorreu em detrimento dos produtos manufaturados, que perderam força na proporção de exportações, já que os semimanufaturados mantiveram percentual estável. Minério de ferro e petróleo, que são produtos básicos ou commodities, apresentaram crescimento significativo, porém ainda muito longe do total alcançado em anos anteriores. De maneira geral, mantêm-se como destaque os tradicionais setores que alavancam as exportações, incluindo outro produto básico, o café, e ainda a celulose e os produtos de ferro e aço como semimanufaturados, além dos mármores e granitos trabalhados e laminados de ferro e aço como produtos manufaturados. Nas importações, um dos ítens que registraram crescimento mais significativo de janeiro a outubro (132%) foi o carvão mineral, devido ao aumento de produção das indústrias siderúrgicas.

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BALANÇA COMERCIAL DO ESPÍRITO SANTO Acumulado de 12 meses em bilhões de dólares

Exportação Importação

15,1 12,6

12,5 10,7

6,7

6,0

10,0 7,1

11,0

10,7

9,4 7,6

7,9

7,3

6,6 5,4 3,6

4,5

2008-2009 2009-2010 2010-2011 2011-2012 2012-2013 2013-2014 2014-2015 2015-2016 2016-2017 Fonte: Secretaria de Comércio Exterior - Secex/Moig

Outros destaques vão para as matérias têxteis, com + 21%, e as aeronaves, produto de alto valor agregado, com alta foi de 511%, mostrando recuperação sobre 2016. Para Machado, apesar desses números indicarem recuperação, ainda é preciso mais. “O segmento, que engloba importantes setores exportadores, grupos importadores e as pequenas e médias empresas atuantes no mercado externo, precisa de soluções para os gargalos de infraestrutura logística, de modo a garantir uma sobrevivência sólida nos próximos anos”, considera o presidente do Sindiex. Ele avalia que um terminal portuário adequado para receber grandes navios é uma das necessidades mais fundamentais para incrementar as atividades de comércio exterior.


DIÓGENES LUCCA

SEGURANÇA

é tenente-coronel veterano da Polícia Militar, especialista em Gerenciamento de Crises e Negociação

SEGURANÇA PÚBLICA: O PAPEL DA IMPRENSA REDUZIR O DISTANCIAMENTO ENTRE A IMPRENSA E SEU DEVER DE INFORMAR E A POLÍCIA E SEU DEVER DE PROTEGER É UMA EQUAÇÃO QUE PODE SER RESOLVIDA

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urante a minha carreira na Polícia Militar, sempre percebi certo distanciamento da instituição para com os órgãos de imprensa. Tenho a convicção de que isso tenha sido causado especialmente durante o regime de exceção no qual, entre outras coisas, censura e patrulhamento ideológico criaram e potencializaram esse distanciamento. Durante os 11 anos que fiquei no Gate, tendo em vista a repercussão que as ocorrências causavam, tive de encontrar uma forma para diminuir esse distanciamento e civilizar a relação. A fórmula que encontrei foi por meio de uma frase que norteou o meu trabalho durante toda a minha gestão: “O direito à vida das pessoas transcende o dever de informar da imprensa e o direito de saber do público”. Nessa simples frase afirma-se que o primeiro aspecto a ser observado são os cuidados que o gerente da crise deve adotar para não aumentar a gravidade da situação, em particular o risco às vidas dos policiais e dos reféns; por outro lado, reconhece-se o dever de informar da imprensa e o direito que as pessoas possuem de serem informadas sobre o que está acontecendo. Fazer os ajustes para harmonizar esses interesses requer apenas um pouco de compreensão sobre o conteúdo da frase, uma boa dose de boa vontade e

disciplina para cumprir o que foi combinado. Em geral, eu acomodava todos os representantes da imprensa em um local seguro e adequado para o trabalho deles e, de tempos em tempos, designava um porta-voz para dar uma coletiva sobre o andamento da operação. Esse simples método evitava a dispersão dos profissionais, colaborava com a

O direito à vida das pessoas transcende o dever de informar da imprensa e o direito de saber do público” segurança da operação e, principalmente, eliminava a possibilidade do grande desejo do jornalista que é o “furo de reportagem”. Isso tranquilizava não só o profissional no local, mas também os editores, as chefias e as redações, pois, para o repórter, pior do que não ter o “furo” é o concorrente ter. Ninguém tinha o “furo”, mas todos tinham as informações.

A aproximação das instituiçõ es policiais com a imprensa tem melhorado sensivelmente, e as redes sociais têm colaborado sobremaneira para isso, pois passaram a servir de contrabalanço, utilizado largamente pelas instituições policiais ou mesmo por seus integrantes. Quase não há custo nisso, e a repercussão é muito rápida. Entretanto, ainda há muito espaço para melhorar. Vou citar apenas dois exemplos, os quais considero os mais importantes. Da parte das instituições policiais, um pouco mais de atitude: quando diante de um flagrante erro, evitar a resposta por meio de nota de imprensa e jamais tentar justificar uma flagrante irregularidade com as inúmeras boas ações que acontecem. Da parte da imprensa, continuar apontando as falhas, denunciando maus comportamentos e crimes, para o aperfeiçoamento dos processos e a responsabilização dos autores, mas também ter a coragem moral de enaltecer aquelas ações que se destacaram pela amplitude, risco, planejamento ou qualquer outra questão meritória que fuja da normalidade. Um bom policial, como qualquer outro profissional, gosta de ser reconhecido, e isso, além de estimulá-lo a continuar nos caminhos da virtude, incentiva os demais a imitá-lo nas boas condutas. radio.esbrasil.com.br •

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MERCADO FINANCEIRO

Em 2017, o Bandes aumentou em cerca de 25% a liberação de crédito

2017: O ANO EM QUE A CONFIANÇA COMEÇA A VOLTAR INFLAÇÃO BAIXA, JUROS EM QUEDA E REFORMAS APROVADAS AJUDARAM A INFLAR O OTIMISMO

S

e por um lado a política em 2017 continuou estampando as capas de jornais e revistas, com denúncias de corrupção, por outro a redução substancial da taxa de juros, a manutenção da inflação próxima do centro da meta e o êxito do governo em aprovar medidas consideradas prioritárias (como a lei que impõe um teto para os gastos públicos e a reforma trabalhista) parecem ter restituído a confiança dos investidores no país. Para a coordeanadora do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef-ES), Daniela Negri, contudo, o mercado ainda tem ressalvas, e a maior delas repousa agora sobre a indefinição em relação à aprovação da reforma da Previdência. “Apesar da trajetória de queda dos juros e da inflação nos últimos meses, parece-me que no Brasil o componente político tem exercido significativamente o seu protagonismo diante das demais variáveis”, avalia.

ESPÍRITO SANTO No Estado, a procura e a oferta de crédito ensaiam tomar força novamente. No Banestes, a carteira de crédito teve um crescimento de 12,1% no terceiro trimestre, se comparado a igual período de 2016 – o dobro da projeção feita inicialmente. O montante de financiamentos foi de R$ 4,8 bilhões, em 2016, para R$ 5,4 bilhões este ano, atingindo o maior valor desde 2002. Já o Bandes aumentou em cerca de 25% a liberação de créditos em comparação a 2016. 82

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A carteira de crédito do Sicoob ES também cresceu em 2017 e deve fechar o ano próxima de R$ 3,5 milhões – aumento de 2% em relação a dezembro de 2016. Em novembro, a cooperativa reduziu os juros para as operações de crédito imobiliário de 10,86% para 9,48% (ambos sem contar com a Taxa Referencial). “É uma oportunidade para os associados obterem imóveis próprios, para moradia ou fins empresariais, e para que as empresas administradoras de condomínios possam buscar novos negócios”, enfatiza Bento Venturim, presidente da entidade.

“As contas estão em dia, barragens vêm sendo construídas de norte a sul do Estado, e ações inovadoras estão sendo implantadas: os programas Reflorestar e Ocupação Social, apenas para citar alguns exemplos que envolvem diretamente a atuação do Bandes” Aroldo Natal Silva Filho, diretor-presidente do Bandes


BANDES – LIBERAÇÃO DE CRÉDITO - 2015 A 2017 Ao setor primário (em R$ mil)

Ao setor secundário (em R$ mil)

107.590

23.445

79.362

14.594

Ao setor terciário (em R$ mil) 118.000

20.000 47.706

45.000 19.624 2015

2016

2017

2015

2016

2017

2015

2016

2017

Fonte: Bandes

Com os juros mais baixos, a tendência é que o crédito se recupere naturalmente com o tempo. Pelo menos é o que avalia Eduardo Velho, economista-chefe do Banestes. “Os bancos estão mais críticos na hora de realizar os empréstimos, mas acreditamos que os financiamentos para empresas e pessoas físicas, assim como o consumo das famílias, voltem com mais força no ano que vem”, afirma. Já os financiamentos para o setor rural foram os que mais caíram no Espírito Santo em 2017. Ainda sofrendo com as consequências da estiagem de 2016, os produtores tiveram que reduzir os investimentos. Com isso, a porcentagem de financiamentos rurais do Banestes baixou de 7,6% para 5%. No Bandes, a expectativa é fechar 2017 com cerca de R$ 45 milhões em operações de crédito para produtores rurais – menos da metade dos R$ 107,590 milhões disponibilizados em 2016.

de R$ 124,2 milhões, crescendo 4,9% em comparação ao ano passado – que, por sua vez, havia apresentado queda de 2,9% sobre 2015. Como resultado, a remuneração aos acionistas também teve elevação de 9%, comparada ao mesmo período do ano passado. “Desenvolvemos produtos comercialmente atrativos e melhoramos nosso serviço ao cliente. Mesmo quando houve uma retração de créditos no Brasil, conseguimos fazer crescer a oferta. Ficamos em um ponto fora da curva nesse sentido”, afirmou o presidente do banco, Michel Sarkis.

“Eu sinto um misto de esperança e preocupação. Sabemos que 2018 vai ser melhor que 2017, que por sua vez foi melhor que 2016. Mas tudo dependerá do componente político e dos rumos que a economia BANESTES: LUCRO tomará a partir disso” LÍQUIDO MAIOR Ap ó s u m a n o c o mp l i c a d o e m Michel Sarkis, 2016, o Banestes obteve lucro líquido presidente do Banestes

O lucro líquido do Banestes em 2017 foi de R$ 124,2 milhões

-13,9%

Foi a queda na recuperação de crédito do consumidor capixaba, de janeiro a outubro de 2017. O índice é 12,6 % menor do que o de igual período de 2016. Os dados são da Boavista/SCPC

BANDES: MAIS CRÉDITO PARA O SETOR TERCIÁRIO O presidente do Bandes, Aroldo Natal, pontuou que o banco decidiu priorizar os setores de comércio e serviços e de indústria, disponibilizando mais recursos para capital de giro. O primeiro representou, por exemplo, 54% de todos os investimentos aprovados, passando de quase R$ 50 milhões em 2016 para R$ 118 milhões este ano. Natal também lamentou que a pior crise hídrica da história do Espírito Santo, em 2016, tenha levado a inadimplência média a subir de 7%, naquele ano, para 10,2% em 2017. “Com a volta da chuva, a tendência é de queda, pois o homem do campo tem excelente histórico de adimplência”, ressalta o presidente. SICOOB-ES: MAIS CONSÓRCIOS EM 2017 No Sicoob ES, a venda de consórcios cresceu 173,5% de janeiro a julho, em relação ao mesmo período do ano passado. A linha com maior adesão foi a de imóveis, com aumento de 350,2% nos primeiros sete meses do ano, seguida pelo segmento de motocicletas (+209,7%). Já para automóveis a evolução foi de +56,8%, enquanto a de serviços avançou +106%. Com a taxa Selic mais baixa, mas com a população ainda bastante endividada, a expectativa é que a demanda por consórcios continue crescendo em 2018. “Nas cooperativas, as taxas são ainda menores, pois essas instituições não visam ao lucro; então, a operação se torna ainda mais vantajosa”, destaca Nailson Dalla Bernadina, diretor executivo da entidade. radio.esbrasil.com.br •

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SIDEMBERG RODRIGUES

CENÁRIO

é professor em MBAs de Gestão & Sustentabilidade

ÁRDUOS DEGRAUS DA EVOLUÇÃO O APRENDIZADO DO DURO ANO QUE TERMINA PODE SER UM IMPULSO PARA O NOVO

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m 2017, fundamentalismo e conservadorismo evidenciaram uma humanidade insegura e dividida. Xenofobia, separatismo e tentativas de dissidência marcaram o ano. A crise econômica diversificou sua face. Economias de menor estatura naufragaram. O desemprego generalizou-se, sendo que no Brasil milhões ficaram fora do mercado. O efeito dominó atingiu praticamente todos os setores, degradando a esfera social, com impactos diretos sobre as famílias, com aumento de pessoas em situação de rua, da economia informal e da violência, e ainda maior sobrecarga para os sistemas públicos. A esfera ambiental em desequilíbrio testou os governos ao trazer de volta surtos de febre amarela, zika, dengue, entre outros que levaram suas vítimas à morte. Ao se tornar passiva por greves ou pela vulnerabilidade diante da complexidade social de um país saqueado pela corrupção, a polícia mostrou sua importância pelos transtornos causados por sua ausência/impotência. Isso comprovou que os núcleos tensionais periféricos nas cidades continuam latentes. O mundo andava tão triste com o terrorismo sistêmico ou a insanidade individual, explodindo, metralhando e atropelando gente, além de personalidades polêmicas galgando topos políticos, que viu no lirismo uma oportunidade de fuga. Filmes como “A Bela e a Fera” e “La la Land” foram o sucesso da hora. Este último transtornou

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a festa do Oscar ao ser anunciado sem ter sido o vencedor. Na vida real, refugiados mantiveram-se afluentes de novos êxodos, multiplicando as dificuldades administrativas dos países onde aportaram. Massacres civis, trabalho escravo e muita crueldade individual reafirmaram, em 2017, que os Direitos Humanos ainda não saíram do papel. No Brasil, o racismo sofisticou suas agressões ao atingir celebridades e

O mundo andava tão triste com o terrorismo sistêmico explodindo, metralhando e atropelando gente, além de personalidades polêmicas galgando topos políticos, que viu no lirismo uma oportunidade de fuga” suas famílias, evidenciando outra face negativa de um país já bastante sofrido por uma política sem escrúpulos, empresas sem integridade e, apesar de muitas prisões, uma justiça ainda com muito por fazer. E se o racismo marcou presença como estigma, sua união às redes sociais mostrou-se uma arma letal para destruir reputações e

derrubar personalidades diante de posicionamentos preconceituosos. Pela mesma linha instantânea e fulminante, o assédio moral e sexual atiçou a ira do cyberspace, tirando de cena alguns famosos da TV e do cinema, com suas imagens reduzidas a pó em frações de segundos. Se ainda restava dúvida, as redes sociais não substituirão os veículos tradicionais, pois como os canais por assinatura não inviabilizaram o cinema, e o celular convive em paz com a câmera fotográfica, haverá espaço para todos que enxergarem que o segredo está na linguagem. Mas verdade seja dita: a sociedade em rede veio para testar a consistência, a coerência e a transparência. De todos. O big data consolidou-se como realidade e mostrou sua eficácia até como suporte em eleições presidenciais. Comprovou-se que vivemos em um inevitável Big Brother. A cultura startup globalizou-se, e as plataformas eletrônicas de empreendedorismo seduziram a juventude. A economia criativa consolidou-se como oportunidade, enquanto caminhos mais holísticos reorientaram a gestão. A inteligência artificial comprometeu-se em ajudar mais que inspirar a ficção. Em seu quase crepúsculo, 2017 clareia o horizonte para seu sucessor. Resta saber se o saldo de seu desafiador aprendizado será sublimado em experiência, para que se faça dos erros passados degraus para a evolução.


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COOPERATIVISMO

Em 2017, o Sicoob inaugurou três agências no Espírito Santo

CRESCIMENTO NA CONTRAMÃO DA CRISE COM MODELO DIFERENCIADO DE NEGÓCIOS, COOPERATIVAS COMEMORAM BONS RESULTADOS, APESAR DOS NÚMEROS NEGATIVOS DA ECONOMIA

T

udo na vida fica mais fácil quando podemos contar com o apoio de quem está ao nosso lado. E o exemplo que vem do setor de cooperativas do Estado confirma essa regra. O modelo organizacional, baseado na união de pessoas visando à prosperidade conjunta, exibe números e exemplos positivos mesmo diante do cenário incerto da economia do país. Os dados da Organização das Cooperativas do Estado do Espírito Santo (OCB-ES) mostram que, frente à crise, a procura pelo cooperativismo só fez aumentar. O Estado conta hoje com mais de 260 mil cooperados, em 125 cooperativas de nove ramos, que geram mais de 8.000 empregos diretos e movimentam R$ 4,9 bilhões de faturamento ao ano. “Estamos em crescimento contínuo desde a criação da OCB-ES, há 45 anos. Mas, neste momento de crise, como o que estamos vivendo, é que despontamos frente a outros setores da economia”, observa o superintendente do Sistema OCB-ES, Carlos André Santos de Oliveira. A perspectiva para 2018 é novamente de crescimento, assim como aconteceu em 2017. Os números de 2016 são uma amostra da saúde do cooperativismo no Estado: em relação ao ano anterior, houve crescimento de 11% no faturamento e de 14% no número de cooperados. O superintendente destaca que o bom desempenho é resultado não só da melhoria da economia, mesmo que tímida,

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registrada em 2017, mas também do sucesso do modelo de negócios baseado no cooperativismo.

COOPERATIVAS DE CRÉDITO Com taxas mais atrativas do que aquelas cobradas pelo sistema financeiro tradicional, as cooperativas de crédito estão conseguindo passar ao largo da crise. Ao invés de fechar agências, elas expandiram o serviço, investindo no atendimento cada vez mais próximo do seu público. No Estado, o Sicoob inaugurou três agências em 2017, em Vitória, Muqui e Conceição da Barra, e outras quatro no Rio de Janeiro: em Macaé, Campos e Volta Redonda. De acordo com a OCB-ES, o cooperativismo financeiro é o segundo maior aplicador de recursos no setor agropecuário capixaba. O diretor executivo da cooperativa, Nailson Dalla Bernadina, estima que a receita de serviços do Sicoob deve atingir o montante de R$ 140 milhões em 2017, um crescimento espantoso de 60% em relação ao ano anterior. A previsão é de chegar a um patrimônio líquido acima de R$ 1,30 bilhão (13% maior do que em 2016) e atingir R$ 3,5 bilhões em depósitos em conta-corrente (crescimento de 20%) e de R$ 560 milhões em poupança (6% a mais). “A carteira de crédito do Sicoob-ES deve fechar o ano próximo de R$ 3,5 milhões. O crescimento de 2% em relação a dezembro de 2016 é significativo, se comparado com o mercado,


RAIO-X DO COOPERATIVISMO NO ESTADO Destaques Ingressos (faturamento em R$ bilhões) Cooperados Impostos recolhidos (federais, estaduais e municipais em R$ milhões)

2015

2016

Crescimento

4,4

4,9

11%

232.440

264.289

14%

224,1

276,78

24%

Participação PIB/ES (%)

3,1

3,7

17%

Ativo total (R$ bilhões)

6,1

9,12

49%

1.634,4

2.059,04

26%

Investimentos (R$ milhões)

184,5

276,57

50%

Capital social (R$ milhões)

877,4

1.179,83

34%

Patrimônio líquido (R$ milhões)

Fonte: OCB-ES

que apresentou retração na liberação de recursos”, observa o diretor.

SAÚDE DE SOBRA Outro setor cooperativista que cresceu mesmo com a crise foi o de saúde. A Unimed Vitória, líder em seu segmento de mercado, registrando mais de 342 mil usuários e 2,5 mil médicos cooperados, continuou investindo na sua rede própria de atendimento, que conta com o Hospital Unimed, Maternidade Unimed Vitória, ProntoAtendimento, Centro de Especialidades, de Diagnóstico e Oncologia. “Nos últimos anos, apesar da adversidade econômica e do difícil quadro político, a cooperativa se manteve equilibrada e aumentou sua carteira de clientes”, comemora o diretor-presidente da Unimed Vitória, Márcio Almeida.

46% da produção de leite e derivados vem de cooperativas

3,7% do PIB capixaba corresponde hoje ao cooperativismo e, no ranking das 200 maiores empresas do Espírito Santo, 18 são cooperativas. Para dimensionar sua importância no setor agropecuário: 83% dos cooperados são agricultores familiares e 15% (1,5 milhão de sacas) do café capixaba são armazenados e comercializados via cooperativas.

DIFICULDADES Mas nem todo caminho foi tranquilo para as cooperativas em 2017. No setor de leite e derivados – em que 46% da produção vêm de cooperativas de laticínios –, a seca afetou

a produção, e a crise econômica, por sua vez, o consumo, levando a um cenário pessimista, como explica o presidente da Selita, Rubens Moreira. A cooperativa, com sede em Cachoeiro de Itapemirim, conta com 2.000 cooperados, mas recebe leite de mais de 3.000 propriedades. “Chegamos ao fim de 2017 sem rentabilidade. Tivemos, nesse período, o pior preço do leite da última década, e o consumo caiu em todo o Brasil”, lamenta, observando que o preço do produto caiu 40% nos últimos três anos. Moreira destaca que em Presidente Kennedy, o maior produtor de leite do Estado, choveu apenas 291 milímetros até outubro, o que onerou o custo da produção. Mesmo assim, 2018 será um ano de investimento para a Selita, que dará início às obras de transferência da indústria para uma nova área, em um projeto de mais de R$ 60 milhões. A capacidade de produção passará a 800 mil litros de leite ao dia. Hoje, a média é de pouco mais de 300 mil litros/dia. “Vamos investir na modernização, com novos laboratórios de pesquisa e uma produção sustentável, com reúso da água e tratamento de esgoto”, explica. No setor habitacional a crise também afetou as cooperativas. O diretor-presidente do Inocoopes, Aristóteles Passos Costa Neto, observa que o ano foi de cautela na construção civil, o que levou a cooperativa a não fazer novos investimentos. “Demos sequência ao empreendimento que já estava em andamento, em Jardim Camburi, com 432 unidades”, conta. Três prédios do condomínio já foram entregues e outras cinco torres serão finalizadas até 2020. No entanto, o reaquecimento da economia no último trimestre de 2017 leva a cooperativa a planejar investimentos mais robustos para 2018, quando a expectativa é lançar pelo menos mil unidades no mercado. Em 50 anos de atividades, o Inocoopes entregou mais de 45 mil unidades no Estado. radio.esbrasil.com.br •

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ASSOCIATIVISMO

O Gol Azul é uma ação feita pela Amunes que traz atletas e ex-atletas famosos, como Sávio, Romário e Geovani, para jogarem futebol e conscientizarem sobre autismo

ASSOCIATIVISMO GANHA MAIS FORÇA EM 2017

O

ditado popular “a união faz a força” resume com perfeição o papel do associativismo na sociedade civil. Por meio de associações, sindicatos ou organizações de qualquer natureza, o esforço coletivo é capaz de implementar soluções nos momentos de crise e fortalecer diversos setores durante a recuperação econômica. De acordo com o superintendente do Instituto Euvaldo Lodi (IEL-ES) e responsável pelas ações do Programa de Desenvolvimento Associativo da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Paulo Lacerda, o associativismo é um grande aliado dos empresários no intercâmbio de experiências e aprendizado. Ele avalia 2017 como um ano positivo para o movimento. “O Espírito Santo está entendendo mais o associativismo como um benefício e, neste momento de recuperação, é um espaço de troca e fortalecimento”, diz ele, acrescentando que foram realizadas no Estado 26 ações, com 288 participantes – um número 25% maior do que a meta proposta pela entidade para o ano. Outro exemplo bem-sucedido dessa união é a Associação dos Municípios do Espírito Santo (Amunes), que obteve conquistas importantes em 2017. Entre elas, a sanção, pelo governador Paulo Hartgung, do projeto de lei que permite que 67 cidades possam utilizar recursos do Fundo para Redução das Desigualdades Regionais para pagamento de despesas correntes. Outro bom exemplo é o da Associação Capixaba de Supermercados (Acaps). O superintendente da entidade, Hélio Hoffman Schneider, conta que o segredo é a difusão do bem comum como premissa:

“A participação das empresas em sindicatos é muito importante para a solução de problemas comuns” Paulo Lacerda, presidente do IEL-ES 88

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“Os ganhos podem ser percebidos nas várias conquistas que a Acaps acumula ao longo de seus 45 anos e que se refletem no próprio desenvolvimento do setor supermercadista”, disse.

CAPACITAÇÃO E DESENVOLVIMENTO Para fortalecer as associações capixabas, a Escola de Associativismo – em parceria com o IEL-ES – promove atividades e conteúdos voltados para a capacitação de grupos organizados. Através do site da entidade, é possível acessar cursos que tratam de inovação, sustentabilidade financeira e transparência – tão necessária hoje. Este ano a Escola de Associativismo realizou a terceira edição do evento “Associativismo na Saúde”, em conjunto com a Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos do Estado do Espírito Santo (Fehofes), com o principal objetivo de aproximar os empresários das áreas sociais. “O IEL-ES apoia com estrutura, mas a Escola não é só para a indústria. Ela transita por diversos setores e participa de outras atividades econômicas”, esclarece Paulo Lacerda. UNIÃO PARA O BEM DE TODOS Além de importante no setor empresarial, o associativismo também é fundamental na luta por causas sociais. A Associação dos Amigos dos Autistas do Espírito Santo (Amaes) surgiu há mais de 16 anos, a partir do esforço de pais de autistas que queriam garantir mais visibilidade para a questão. “Nós realizamos diversos eventos, palestras, temos 200 autistas atendidos semanalmente e 400 na lista de espera. E tudo isso é fruto dessa união”, conta Carlo Cavaco, consultor da entidade. Uma das atividades de destaque da associação é o Gol Azul, evento que traz atletas famosos para jogarem futebol e conscientizarem o capixaba a respeito do autismo. A edição de 2017 aconteceu no Estádio Engenheiro Araripe e contou com jogadores como Zico, Romário e Sávio.



EDUCAÇÃO O programa jovem de futuro chegou a 209 escolas em 2017

2017: MAIS ESCOLAS EM TEMPO INTEGRAL E MENOR EVASÃO DE JOVENS A EDUCAÇÃO NO ESPÍRITO SANTO É MARCADA PELA AMPLIAÇÃO DO ESCOLA VIVA E PELA REDUÇÃO DE 90% NA EVASÃO ESCOLAR COM O PROGRAMA JOVEM DE FUTURO

A

rede estadual de educação no Espírito Santo teve orçamento de mais de R$ 2 bilhões em 2017. Os investimentos garantiram o funcionamento de 500 escolas e o atendimento a 260 mil alunos. O grande destaque no Estado são a consolidação e a ampliação do programa Escola Viva, promovido pela Secretaria de Educação (Sedu). Lançada em 2015, a iniciativa já oferece 20 mil vagas de tempo integral. Outro fato marcante foi a redução de 90% na evasão escolar com o programa Jovem de Futuro. Implantado na rede estadual em 2015, em parceria com o Instituto Unibanco, o programa começou com mais de 72 mil estudantes. A evasão escolar no ensino médio é um desafio em todo o Brasil. No Estado, segundo pesquisa divulgada em junho pelo MEC, o índice é de 12% (dados referentes a 2014/2015), seguindo a média nacional. Os primeiros resultados do programa foram divulgados pelo governo do Estado em dezembro. Em 2017, além das 143 escolas onde já existe o projeto, outras 66 unidades começaram a participar. A intenção é que toda a rede pública seja contemplada até o fim de 2018.

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INVESTIMENTOS NA EDUCAÇÃO DE 2014 A 2017 Valores em reais (R$) 2017*

2.174.947.891*

2016

2.113.953.312

2015

2.026.045.474

2014

1.983.119.214

* Sedu (até 14 de dezembro de 2017) Fonte: Lei Orçamentária Anual (LOA)

ESCOLA VIVA Atualmente, há 17 escolas funcionando sob o modelo da Escola Viva. Mas outras 15 unidades de tempo integral serão adicionadas em 2018. A expectativa é que, até 2030, sejam 300 unidades atendendo os alunos do ensino médio.


“O nosso compromisso é para formar uma juventude de alto nível de conhecimento e preparada para o mundo de hoje. A Escola Viva é uma ferramenta atrativa e de resgate para os jovens” Haroldo Rocha, secretário de Estado da Educação “O nosso compromisso com a educação é para formar uma juventude de alto nível de conhecimento e preparada para o mundo de hoje”, considerou o secretário de Educação, Haroldo Rocha, quando anunciou as novas unidades. “Esse é um projeto de vida para a nossa juventude. A escola precisa ser uma ferramenta de emancipação humana para que o indivíduo possa progredir”, finalizou. ENSINO TÉCNICO A Sedu ofereceu, nos últimos três anos (desde 2015), mais de 36 mil vagas em cursos de educação profissional técnica. As escolas capacitam os estudantes e os egressos em várias modalidades. Há também o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), do governo federal, e o Bolsa Sedu, que financia alunos da rede pública estadual em cursos técnicos de escolas privadas credenciadas. O mercado de trabalho capixaba conta ainda com um grande formador de mão de obra especializada, que é o Senai. Em 2017, a instituição contabilizou

-7,3%

Foi a queda registrada no número de matrículas na educação básica particular em 2016 sobre 2014. No ensino superior, a baixa foi de 6,7%

Em 2018, a Escola Viva contará com mais 15 unidades, somando 32 escolas e 20 mil vagas no ensino em tempo integral

80.441 alunos. Os investimentos nas unidades do Senai somaram, em 2017, R$ 12 milhões. Foram inaugurados este ano o Senai Centro Moda de Vila Velha, o novo Senai de Cachoeiro de Itapemirim, o Centro de Treinamento Guidoni, em São Domingos do Norte, e a Unidade Móvel de Manutenção Automotiva.

NÚMEROS DA EDUCAÇÃO PARTICULAR

437

estabelecimentos particulares de ensino, sendo 76 de ensino superior

234.294 alunos matriculados

19.596

postos de trabalho, sendo que 10.888 são docentes

72%

dos postos de trabalho são de CRISE IMPACTA graduação em nível superior REDE PARTICULAR As escolas particu- Fonte: Sinepe-ES lares vêm sofrendo os efeitos da crise econômica nos últimos anos. rede pública este ano. Já no ensino superior, O Sindicato das Empresas Particulares de houve aumento de abandonos e desistênEnsino do Espírito Santo (Sinepe-ES) apre- cias, chegando à ordem de 28.000 alunos”, sentou comparações dos dados de 2016, que informou Cunha. Já o Sesi, maior rede privada de ensino do são os mais recentes, com anos anteriores. As matrículas na educação básica mostram Estado, ligada à Federação das Indústrias, uma redução de 7,3% em relação a 2014. continua em expansão e atendeu, em 2017, 10.188 alunos. A previsão para 2018 é que o Já no ensino superior, a queda foi de 6,7%. Segundo o presidente do Sindicato das número chegue a 11 mil. O valor investido Escolas Particulares (Sinepe-ES), Antonio para a manutenção da rede ficou em R$ 42 Eugênio Cunha, da educação infantil ao milhões no decorrer do ano. ensino médio, 22 escolas foram fechadas em 2017 em todo o Estado. No ensino superior, ENSINO SUPERIOR ocorreram fusões e aquisições de instituições, A educação superior federal no Estado totalizando sete faculdades. vem sofrendo restrições e cortes de ordem “Com o desemprego e a redução da orçamentária. Mesmo assim, a Universidade renda familiar, na educação básica cerca Federal do Espírito Santo (Ufes) informou de 5.000 alunos foram transferidos para a que mantém as atividades de ensino, pesquisa e extensão com regularidade. Atualmente, a Ufes oferece 104 cursos de graduação presencial e oito na modalidade à distância. A manutenção dos recursos também é um desafio para o Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), que oferece 105 cursos técnicos e 49 cursos de graduação. Porém, a administração se movimenta para estabelecer parcerias para o financiamento de iniciativas de pesquisa, extensão e inovação e o custeio de equipamentos e reformas. “Acreditamos na consolidação da rede Ifes no Estado e vemos possibilidades de crescer em número de cursos, projetos e pesquisas, apesar do cenário de dificuldades”, garante o reitor Jadir Pela. radio.esbrasil.com.br •

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SAÚDE

O Hospital Estadual São Lucas receberá 59 novos leitos com a conclusão dos blocos 4 e 5

ESTRUTURA MELHOR PARA A SAÚDE EM 2017 NOVOS HOSPITAIS E LEITOS, VOLTA DE INVESTIMENTOS E QUEDA NA MORTALIDADE INFANTIL FORAM DESTAQUES

O

ano de 2017 foi de grande movimentação no setor de saúde, e investimentos pontuais foram feitos para aumentar a qualidade dos serviços ofertados. O governo do Estado trabalhou com os municípios para organizar o fluxo de urgência e emergência, ação que garantiu a sequência do planejamento feito para o ano. Apenas no primeiro quadrimestre foram disponibilizadas 3.227.217 consultas em terras capixabas e 6.840.986 exames e realizadas 74.638 internações. Estão em andamento as obras de ampliação do Hospital Estadual Dório Silva, que deve fechar dezembro com 286 leitos, e do Hospital Estadual Geral de Cariacica, que ampliarão o número para outros 400; e será concluída a do Hospital Estadual São Lucas, que receberá 59 novos leitos com a entrega dos blocos 4 e 5. Também foi inaugurado em outubro o novo pronto-socorro do Hospital Estadual Infantil de Vitória. Batizado de Dra. Milena

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Gottardi, o PS funciona no Hospital da Polícia Militar, em Bento Ferreira. Com a nova instalação, o número de leitos saltou de 171 para 276. Só no pronto-socorro são 105 leitos, dos quais 62 de enfermaria e 29 de urgência e emergência, além de 14 na unidade de tratamento intensivo pediátrico (Utip). Um dado para celebrar em 2017 foi a redução da mortalidade infantil, de 12,58 mortes por cada mil nascidos vivos no primeiro quadrimestre de 2016, para 9,51 mortes por cada mil nascidos vivos em igual período de 2017. De acordo com o secretário de Estado da Saúde, Ricardo de Oliveira, a redução é resultado da implantação da Rede Cuidar, um conceito de trabalho e de atendimento que integra a atenção primária, a atenção ambulatorial especializada e a atenção hospitalar. “Conseguimos baixar a mortalidade infantil para a casa de um dígito. Isso é motivo de comemoração. Com a estratégia da Rede Cuidar, reduziremos ainda mais esse indicador”,


9,51 mortes Para cada mil nascidos vivos foram registrados no Estado no primeiro quadrimestre de 2017, contra 12,58 mortes no mesmo período de 2016

disse o secretário. A atenção primária é a base do sistema de saúde e é o que ordena grande parte dos atendimentos ambulatoriais especializados e a atenção hospitalar, por isso tem sido o foco inicial dos esforços da Sesa. A Rede Cuidar é o foco prioritário dos esforços do governo estadual, criada no bojo do programa “Ampliação e Modernização da Rede de Saúde”, que prevê a fundação de cinco Unidades de Cuidado Integral à Saúde distribuídas por todo o Estado. A primeira delas, em Nova Venécia, foi inaugurada em setembro deste ano. As próximas serão instaladas nos municípios de Linhares, Guaçuí, Domingos Martins e Santa Teresa. Cada unidade está orçada em R$ 5,3 milhões em obras e equipamentos, com recursos do BNDES. Entre os benefícios estão a diminuição dos deslocamentos para a Grande Vitória, a redução do tempo de espera para realização de consultas e exames, a proximidade dos serviços com o usuário e a qualidade na sua execução. A estimativa da Sesa é que um

milhão de pessoas deixem de ser direcionadas para atendimento na Grande Vitória com a implantação das unidades.

O DESAFIO DA JUDICIALIZAÇÃO Nem tudo, entretanto, são boas notícias na saúde. Os números relativos à judicialização seguem preocupando profissionais do setor nas esferas pública e privada. O número de casos de judicialização da saúde em terras capixabas aumentou 341%, pulando de 2.453 ações para 10.822. O impacto financeiro na pasta dessas demandas judiciais foi de R$ 18,6 milhões no primeiro quadrimestre deste ano. Os dados são da Sesa e do Ministério da Saúde. A judicialização inclusive foi debatida no 5º Congresso Brasileiro Médico e Jurídico (Comedjur), que aconteceu entre 27 e 29 de setembro, no Centro de Convenções de Vitória. A edição deste ano abordou o tema “Conexão da Justiça com a Saúde no Brasil” e trouxe diferentes pontos de vista, por meio de painéis e palestras durante os três dias de evento. E por falar no setor privado, 2017 foi marcado por ações que significam a retomada dos investimentos. Um exemplo foi a Samp, que inaugurou clínicas próprias em Aracruz e Guarapari. A operadora lançou ainda o aplicativo Bio de Medicina Preventiva; aderiu ao projeto Parto Adequado, com incentivo ao parto normal; e celebrou o crescimento da ordem de 15%, mesmo sob os efeitos da crise. Apenas

ORÇAMENTO PARA SAÚDE NO ESPÍRITO SANTO (R$) 2017

2,2 bilhões

2016

2,2 bilhões

2015

2,5 bilhões

2014

2,3 bilhões

2013

1,9 bilhão

até novembro

Fonte: Sesa

entre janeiro e setembro, a Samp realizou mais de um milhão de atendimentos, entre consultas, procedimentos, exames e internações e conta hoje com 230 mil clientes e 1.463 médicos conveniados. Para o diretor da empresa, Márcio Maciel, o ano foi de desafios para todos. “Ficou claro o adoecimento das pessoas, seja físico, seja mental, com grande procura por atendimento médico, reflexo dessa crise que ainda não nos deixou. De positivo é que nossa estratégia de nos mantermos focados em nosso nicho tem sido acertada, diferentemente de outras operadoras, que vêm atirando para todo lado, inclusive no próprio pé, tornando-se

A Samp inaugurou em 2017 clínicas próprias em Aracruz e Guarapari

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O Hospital Metropolitano passou de 20 para 30 leitos com a ampliação e modernização da UTI

alvos de incontáveis reclamações de atendimento, seja na Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), seja no Procon”, explicou ele. Já na Unimed Vitória, o ano foi de consolidação do Unimed Personal, idealizado para oferecer atenção integral e personalizada. Com o programa, o paciente tem acompanhamento com médicos de referência, que monitoram todo o seu histórico pessoal. O diretorpresidente da Unimed Vitória, Marcio de Oliveira Almeida, lembra que a equipe multidisciplinar da operadora, com fisioterapeuta, nutricionista,

SÍNTESE DE NOVOS LEITOS Total 1.669 leitos 2018 2017/2018 2017 2015/2016 *Realizado

556 leitos 643 leitos** 208 leitos* 262 leitos* **Programado

Fonte: Sesa

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“A população da Serra e dos municípios vizinhos não precisa mais se deslocar para Vitória ou Cariacica diante de uma necessidade neurológica” – Remegildo Gava Milanez, diretorpresidente do Metropolitano fonoaudiólogo, enfermeiro e psicólogo, trabalha com os médicos buscando soluções diferenciadas para a prevenção de doenças. O modelo já conta com sete unidades distribuídas em toda a área de atuação da cooperativa médica e uma carteira de clientes próxima das 50 mil pessoas. “Temos investido em humanização e excelência no atendimento, reforçando o posicionamento de que o cliente está no centro do cuidado. A Unimed Vitória se engajou em ações como a prevenção da febre amarela e a promoção das práticas do parto humanizado”, frisou. O foco durante o ano em hospitais como o Metropolitano foi na infraestrutura. O hospital localizado na Serra passou de 20 para 30 leitos com a ampliação e modernização da UTI. Também foram realizadas melhorias no centro cirúrgico,

com a criação de uma sala para parto normal e pequenas cirurgias, vestiários para médicos e pacientes, sala de indução anestésica, copa, faturamento e sala para equipamentos. Foram adquiridos novos geradores de energia, além de um intensificador de imagens para cirurgias ortopédicas. O Metropolitano ofereceu ao público três importantes serviços ambulatoriais nas especialidades de oftalmologia; cirurgia bucomaxilofacial e odontologia; e gastroenterologia (exames de endoscopia e colonoscopia), por meio de seus parceiros. A expectativa do hospital é manter neste ano os números alcançados em 2016, quando foram re g ist rados 223,8 mil atendimentos. Destes, foram 84,7 mil consultas no pronto-socorro, 117,8 mil consultas ambulatoriais, 8,4 mil internações, 12,5 mil cirurgias e 413 partos. “Para suprir a demanda por serviços de urgência e emergência especializados em neurologia na Serra, capazes de atender pessoas com AVC, também passamos a dispor de sobreaviso neurológico para casos de AVC isquêmico agudo. A população da Serra e dos municípios vizinhos não precisa mais se deslocar para Vitória ou Cariacica diante de uma necessidade neurológica”, falou Remegildo Gava Milanez, diretorpresidente do Metropolitano. Contando atu a l m e nte c om 9 5 8 m é d i c o s e profissionais da saúde atuando nas mais diversas áreas, o Metropolitano prevê fechar com uma receita bruta na casa de R$ 100 milhões de reais e um Ebtida (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortizações) de 16%. Com ações pontuais e alinhadas com o momento de cautela que a atual crise econômica e política no Brasil pede, instituições, órgãos governamentais e e mpre s a s s e g u e m ap ost and o no crescimento do setor de saúde. Com isso, ganham os capixabas, que a despeito de todas as incertezas encontradas no país podem contar com um serviço que gera mais qualidade de vida.


INFORME PUBLICITÁRIO

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C

om mais de 40 anos de existência, o Laboratório Labortel é sinônimo de qualidade e confiança em análises clínicas. A empresa, que conta com mais de nove unidades de atendimento na região da Grande Vitória, é considerada um dos maiores parques tecnológicos em solo capixaba, reunindo em um só lugar o que há de mais avançado em sua área de atuação. Uma excelência que é atestada e comprovada também pelos seus clientes, que elegem o Labortel ano após ano como referência em saúde no Espírito Santo e Marca Ícone no Estado (quatro vezes consecutivas em primeiro lugar pelo Ibope). Toda a excelência do Laboratório pode ser vista ainda por meio da adesão do Labortel ao Programa Nacional de Controle de Qualidade, da Sociedade Brasileira de Análises Clínicas, o que torna a prestação de serviços ainda mais confiável.

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CIÊNCIA E TECNOLOGIA

A partir deste ano, o programa Nossa Bolsa passa a financiar pesquisas de mestrado e doutorado e também cursos de graduação à distância

MAIS RECURSOS IMPULSIONAM AVANÇO DO SETOR EM 2017, ESTADO APOSTOU NA MODERNIZAÇÃO DE LEIS E NA AMPLIAÇÃO DE INVESTIMENTOS PARA APRESSAR A CHEGADA DO FUTURO

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uase uma década atrás, o governo estadual lançou o programa Nossa Bolsa, que oferece vagas gratuitas em faculdades particulares para estudantes que saíram do ensino médio da rede pública. Em novembro de 2017, o programa atingiu um novo patamar e agora abrange também a iniciação científica e o mestrado. Além disso, foram incluídas as graduações à distância. Outro destaque do ano foram as discussões, em todo o Espírito Santo, acerca da proposta de atualização da Lei de Inovação estadual, colocando-a em sintonia com a legislação federal. As propostas pretendem facilitar a aquisição de produtos destinados à realização de pesquisas científicas e tecnológicas. Outra boa notícia foi o avanço da constituição do Parque Tecnológico de Vitória, em Goiabeiras, que deve ser inaugurado no fim de 2018.

NOSSA BOLSA Até o momento, o programa beneficia 72 dos 78 municípios capixabas e já formou mais de 6.000 estudantes, além dos 3.000 que ainda cursam a graduação. Em 2017, outros 888 se formam. A parceria abrange 40 instituições e 56 cursos, em diferentes áreas. A previsão é que até 2018 o Estado invista R$ 23,4 milhões no Nossa Bolsa para ampliar seu alcance, abrangendo pesquisa e extensão, e fomentar o desenvolvimento do ensino superior capixaba. São mais de 1.000 bolsas de graduação presencial e à distância, 96

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com duração de até cinco anos; 100 de iniciação científica, com duração de 12 meses, e 25 bolsas de mestrado, com duração de até 24 meses.

LEI DA INOVAÇÃO Desde setembro, a Secretaria da Ciência, Tecnologia, Inovação e Educação Profissional (Secti) promove um ciclo de debates sobre a nova Lei da Inovação Estadual. O objetivo é atualizar a lei capixaba em conformidade com a legislação federal sancionada em janeiro de 2016 – conhecida como o novo Marco Regulatório da Ciência, Tecnologia e Inovação brasileiro – para assim aumentar a produção científica e tecnológica do Estado. O último encontro será em Vitória, no

“Vamos divulgar a construção do Centro de Inovação no mercado regional e nacional. Queremos que os empresários e investidores conheçam e se interessem pela estrutura” José Vicente Pimentel, diretor-presidente da Companhia de Desenvolvimento de Vitória (CDV)


fim de janeiro, e em seguida a proposta da nova lei será apresentada à Assembleia Legislativa, para votação. O principal intuito das mudanças é desburocratizar os processos de licitação, compra e importação de produtos destinados à pesquisa científica e tecnológica a partir da alteração de pontos da Lei de Licitações. Também há previsão da possibilidade de que, mediante remuneração, acadêmicos possam desenvolver pesquisas dentro de empresas, e que laboratórios universitários sejam utilizados pela indústria para o desenvolvimento de novas tecnologias.

Em setembro, a Prefeitura de Vitória anunciou a construção do Centro de Inovação, primeiro prédio do Parque Tecnológico, que deve ser concluído até o início de 2019

APOIO A STARTUPS Outra boa novidade que o ano trouxe foi o lançamento do programa Sinapse da Inovação, com o objetivo estratégico de diversificar a matriz econômica estadual pelo estímulo ao empreendedorismo inovador. A iniciativa, uma parceria da Secti ORÇAMENTO ESTADUAL PARA CIÊNCIA, e da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo TECNOLOGIA E INOVAÇÃO (Fapes) com a Fundação Certi, de Santa Catarina, seleciona boas Valores em reais (R$) ideias de cidadãos, estudantes, professores e pesquisadores de todos os níveis do ensino público e privado para transformá-las 2017 94.796.029 em negócios de sucesso. Entre as mais de 1.200 ideias submetidas, 89.730.911 2016 40 foram escolhidas para receber orientação especializada e recursos de até R$ 50 mil (totalizando um investimento de R$ 2 milhões). 113.616.222 2015 A Fapes também ofertou 100 bolsas de mestrado e 40 de 113.888.676 2014 doutorado pelo Programa de Capacitação de Recursos Humanos na Pós-Graduação (Procap). O investimento é oriundo do Fundo 2013 144.275.445 Estadual de Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (Funcitec). São R$ 4,2 milhões para bolsas de doutorado e R$ 3,6 milhões em Fonte: Governo do Estado bolsas de mestrado. Pesquisas coordenadas por mestres e doutores puderam concorrer ao Edital Universal com recursos de R$ 2 “Temos prevista toda uma programação para o ano que vem. milhões do Funcitec. Em 2017, foram 76 propostas habilitadas Vamos divulgar a construção do Centro de Inovação no mercado para participar do edital. regional e nacional. Queremos que os empresários e investidores conheçam e se interessem pela estrutura”, afirmou o diretorPARQUE TECNOLÓGICO EM 2018 presidente da Companhia de Desenvolvimento de Vitória (CDV), Até o fim do próximo ano, o Parque Tecnológico de Vitória vai José Vicente Pimentel. Segundo ele, a CDV vai realizar simpósios, ter a sua primeira obra concluída, com o Centro de Inovação já workshops e conferências ao longo do ano para apresentar o em funcionamento. Essa é a previsão da prefeitura, que autorizou parque a possíveis parceiros, representantes de outros centros a construção em setembro. Com prazo de 18 meses, o orçamento de tecnologia e empresas interessadas. “O objetivo é deixar bem ficou em R$ 5,4 milhões, com recursos federais. claro para Vitória que o município contará com algo muito importante”, frisou. ORÇAMENTO Em 2017, o orçamento estimado para a ciência e tecnologia foi de R$ 22 milhões, segundo a Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia, Inovação e Educação Profissional (Secti). Para 2018, o valor permanece praticamente o mesmo. Já a Federação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes) administrou recursos da ordem de R$ 72 milhões. Esse valor envolve também o orçamento do Fundo Estadual de Ciência e Tecnologia (Funcitec) e resulta na realização do programa Nossa Bolsa, das ações de C&T e das parcerias da Fapes e do fundo.

CENTRO DE INOVAÇÃO Pimentel afirma que muitas empresas estão interessadas em fazer parte do novo Centro de Inovação. Mas, por enquanto, ele avalia que o local suporte por volta de 25 empresas de médio porte. E esclarece que o centro não é uma incubadora. “No local, teremos empresas que já não sejam mais startups. O modelo do Centro de Inovação o assemelha mais a uma aceleradora”, disse. Serão três andares de mais de 700 metros quadrados, sendo que o primeiro deles é um ponto de encontro com salas de aulas e de reuniões, auditórios e escritório de negócios. Os outros andares estão destinados à instalação das empresas. radio.esbrasil.com.br •

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CULTURA

Pela 13ª vez, Vitória se tornou a capital nacional do teatro com 26 apresentações realizadas

CULTURA GANHA CADA VEZ MAIS ESPAÇO

EM 2017, A POPULAÇÃO CAPIXABA FOI PRIVILEGIADA COM UMA AMPLA E DIVERSIFICADA PROGRAMAÇÃO CULTURAL

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alco de eventos consagrados do cenário capixaba, o Teatro Carlos Gomes atraiu pelo menos 25 mil pessoas neste ano. Ícone do patrimônio histórico e cultural do Estado, o espaço recebeu shows e espetáculos locais e internacionais. Lá aconteceu a 24ª edição do Festival de Cinema de Vitória – maior evento cinematográfico do Espírito Santo. De 11 a 16 de setembro, o público pôde assistir a mais de 100 filmes. De 13 a 21 de outubro, Vitória se tornou, mais uma vez, a capital nacional do teatro, brindando os capixabas com 26 apresentações de peças para todos os gostos e idades. O 13° Festival Nacional de Teatro de Vitória também promoveu oficinas, mostras de filmes e exposições no Carlos Gomes, no Teatro Universitário da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), no Centro Cultural Sesc Glória e em apresentações de rua, na Praça Costa Pereira, no Centro de Vitória. Para os apreciadores de música, o ano também foi generoso. O 5° Festival de Música Erudita do Espírito Santo prestou homenagem ao ícone nacional Heitor Villa-Lobos, que teve três de suas obras executadas pela Orquestra Sinfônica do Estado do Espírito Santo (Oses). Em 2017, foram 60 apresentações da Oses divididas em 18 programas. Um dos maiores destaques da programação ficou por conta do “Rock Sinfônico”, que com as outras apresentações alcançou cerca de 40 mil pessoas. A temporada do Sesi Cultura não deixou a desejar e ofereceu ao público uma programação ainda mais extensa do que em 2016. Cerca de 100 mil pessoas foram contempladas pelas atividades culturais promovidas pela entidade, que integra a Federação das

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Indústrias do Espírito Santo (Findes). A orquestra Camerata Sesi se apresentou mais de 30 vezes em quatro séries: clássica, música de câmara, pop e concertos didáticos. Outro evento que atraiu os capixabas para o universo da música clássica foi a segunda edição do Festival de Ópera do Sesi, que encantou o público com cinco espetáculos envolvendo artistas eruditos capixabas. Além da grande afluência de público às apresentações teatrais e shows musicais, o gerente da Divisão de Cultura do Sesi-ES, Luiz Vancea, destaca a intensa visitação recebida pelo Sesi Arte Galeria, inaugurado em abril. Para Vancea, a cultura tem o poder de tornar a sociedade mais respeitosa com o próximo, além de ajudar o indivíduo a descobrir suas aptidões e contribuir com o crescimento do Estado. “A cultura proporciona uma abertura de


CARNAVAL DE VITÓRIA Apesar da crise na segurança enfrentada pelo Estado, em fevereiro a Prefeitura de Vitória investiu R$ 7,13 milhões no carnaval, que movimentou R$ 13 milhões, aproximadamente. Segundo dados da Secretaria Municipal de Turismo, Trabalho e Renda (Semttre), a taxa de ocupação hoteleira diminuiu de 70,5%, em 2016, para 61,5%, em 2017. No entanto, a circulação de público se manteve, com cerca de 60 mil pessoas nos dois dias de evento, entre foliões, turistas e componentes dos desfiles. Com a paralisação da Polícia Militar, a segurança do carnaval 2017 foi feita com o apoio da Guarda Municipal, do Exército e da segurança privada. De acordo com o titular da Semttre, Leonardo Krohling, a Prefeitura de Vitória trabalha para que o processo do carnaval 2018 seja ainda mais profissionalizado. “Queremos que esse grande evento, que já é um dos três maiores desfiles do Brasil, impulsione cada vez mais a indústria criativa e a economia do setor cultural, gerando emprego e renda”, destacou.

mercado de trabalho, já que para chegar ao produto final precisamos do marceneiro ao contador. Ela gera oportunidades e reduz as diferenças sociais”, explica o gerente.

CRESCIMENTO Em 2017, a Secretaria de Cultura do Estado (Secult) lançou 34 editais de financiamento e capacitou mais de 1.400 pessoas com 56 oficinas de elaboração de projetos em 42 municípios capixabas. O ano foi marcado também pela restauração de sítios históricos e imóveis culturais. Foram entregues obras como a Casa dos Braga, em Cachoeiro do Itapemirim; o Restaurante da Geralda, no sítio histórico de São Pedro de Itabapoana, em Mimoso do Sul; a Residência Toninho Furtado e a Casa da Família França, no sítio histórico de Muqui; e a Igreja de Sant’Antonio, no sítio histórico de Itapina, em Colatina. O secretário estadual de Cultura, João Gualberto Vasconcellos, explicou que além dos R$ 8 milhões destinados aos editais do Fundo de Cultura do Estado do Espírito Santo (Funcultura), outros valores foram aportados por patrocinadores, como Cesan e Banestes. A seu ver, não há possibilidade de que a verba em 2018 seja menor que a deste ano. “A intenção é ampliar a

captação de recursos a cada ano, não só do Funcultura, que incentiva e fomenta projetos culturais, mas também das secretarias estaduais de Direitos Humanos e de Trabalho, Assistência e Desenvolvimento Social, que contribuem com recursos financeiros”, explica o Vasconcellos.

A série “Rock Sinfônico” teve grande aceitação do público

ECONOMIA CRIATIVA A indústria criativa estimula a geração de emprego e renda, ao mesmo tempo que promove a diversidade cultural. Ela abrange os ciclos de criação, produção e distribuição de bens e serviços que usam criatividade, cultura e intelecto como insumos primários. O segmento já é responsável por 6% do PIB capixaba e divide-se em 12 setores: design, teatro, artesanato, música, audiovisual, tecnologias da informação e comunicação, festas e celebrações, gastronomia, publicidade, patrimônio e artes, editorial e pesquisa e desenvolvimento. De acordo com o boletim atualizado pelo Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) e pela Secult, houve um aumento de 0,3% no número de pessoas ocupadas com a economia criativa, em relação a 2016 – passando de 143 mil para 144,2 mil pessoas –, representando 7,7% da população do Estado. radio.esbrasil.com.br •

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SEGURANÇA

Umas das melhorias na área da segurança foi o reforço no Hospital da Polívia Militar com a ampliação no número de consultas

GREVE DE POLICIAIS MILITARES DEIXOU RASTRO DE MEDO E VIOLÊNCIA NAS RUAS DA GRANDE VITÓRIA, MAS PROVOCOU AÇÕES DE MODERNIZAÇÃO NA CORPORAÇÃO

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ano foi de reviravoltas na segurança pública. Se em fevereiro o Espírito Santo enfrentou uma grave crise com a paralisação da Polícia Militar, o restante de 2017 foi de reconstrução, reestruturação e boas novas. Já em março, o secretário de Estado da Segurança Pública e de Defesa Social, André Garcia, anunciou a reorganização da PM. A proposta teve o objetivo de aproximar mais os membros da corporação dos cidadãos capixabas. Entre as mudanças, a Grande Vitória, que antes tinha somente a 11ª Companhia Independente, com sede em Viana, agora conta com as 12ª, 13ª e 14ª unidades dessa estrutura, localizadas em Jardim Camburi, Jabaeté e Feu Rosa, respectivamente. “Este ano, várias ações foram realizadas para aperfeiçoar e modernizar a corporação. Criamos unidades na região metropolitana, em áreas com contingentes populacionais grandes, ou seja, em Vitória, Vila Velha e Serra. Adquirimos muitos equipamentos para as polícias, renovando a frota de viaturas, compramos coletes à prova de balas para todo o efetivo, adquirimos fuzis importados dos EUA, tanto para a Polícia Civil, quanto para a Militar. Adquirimos também drones para patrulhamento. Além disso, estamos buscando trabalhar a reestruturação da força

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e a dignidade do policial, reforçando o Hospital da Polícia Militar (HPM) com uma emergência 24 horas e a ampliação do número de consultas para policiais e seus familiares, além de expandir o atendimento no interior. Podemos falar que, de todas as ações, a que mais simboliza essa reestruturação é o aperfeiçoamento do serviço de saúde, que tem o propósito de atender bem o policial e o bombeiro militar”, disse André Garcia. As mudanças visam mesmo a valorizar o potencial humano empregado na corporação. “Nós estruturamos o processo de promoções da Polícia Militar levando em conta a meritocracia e diminuindo a antiguidade. Isso torna a corporação cada dia melhor e dá mais efetividade ao comando”, acrescentou o governador do Estado, Paulo Hartung. As ações para melhorar o desempenho das corporações abrangeram também a qualificação das tropas. Em dezembro, o Corpo de Bombeiros Militar do Espírito Santo (CBMES) ganhou novos especialistas em perícia de incêndio e explosão. “Parabéns a todos que concluíram essa caminhada. Temos o dever de servir cada vez melhor à sociedade e, para isso, é preciso estar bem capacitado”, destacou Garcia, na ocasião.

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

INSEGURANÇA PÚBLICA FOI A MARCA DO ANO EM 2017


“Este ano, várias ações foram realizadas para aperfeiçoar e modernizar a corporação. Criamos unidades na região metropolitana, em áreas com contingentes populacionais grandes, ou seja, em Vitória, Vila Velha e Serra. Adquirimos muitos equipamentos para as polícias, renovando a frota de viaturas, compramos coletes à prova de bala para todo o efetivo, adquirimos fuzis importados dos EUA tanto para a Polícia Civil quanto para a Militar” André Garcia, secretário de Segurança Pública

Foto: Leonardo Duarte/Secom-ES

AÇÕES NO INTERIOR DO ESTADO Em dezembro, foi inaugurado oficialmente o Comando de Polícia Ostensiva Serrano, em Venda Nova do Imigrante. Criado em abril de 2017, o CPO será responsável pela logística de policiais nas ruas. Um exemplo é a época de festas, segundo o tenente-coronel Geovanno. “Este ano, o comando já atuou remanejando policiais para a Festa da Polenta, por exemplo”, explica. O governador Paulo Hartung, que esteve no evento de inauguração, explicou que o crescimento da população e a dinâmica social foram levados em conta na hora de planejar o novo comando. “Estamos num processo, desde o início do ano, de reestruturação da nossa polícia. O que estamos fazendo é um reforço da ação da Polícia Militar, que faz um trabalho ostensivo na segurança pública.” Outro objetivo da instalação do CPO Serrano é aproximar os policiais dos moradores. “A PM do Espírito Santo atende a uma filosofia de ‘polícia interativa’, que é uma polícia de proximidade com a comunidade. Quanto menos municípios nós tivermos centralizados em um Comando Regional, mais fácil isso fica”, esclareceu o tenente-coronel Martinelli, comandante da unidade.

O concurso público de admissão ao Corpo de Bombeiros e à Polícia Militar oferecerá 437 vagas

CONCURSOS Além de melhorar a vida e promover a qualificação daqueles que já estão dentro das corporações, a remodelação permite que mais homens estejam atuando na segurança da sociedade. Hoje, o efetivo da PM está em torno de 9,3 mil policiais. Esse número tende a crescer nos próximos anos. Em novembro, Hartung anunciou 437 vagas para concurso público de admissão ao Corpo de Bombeiros e à Polícia Militar. Os aprovados devem estar patrulhando as ruas no começo do estágio da formação, que é no início de 2019. Ao todo, serão 310 vagas para a PM, sendo 250 para praças, 10 para a banda da instituição, 30 para oficiais e 20 para oficiais médicos do HPM. Para o Corpo de Bombeiros, serão abertas 120 vagas para praças e sete para oficiais combatentes. ESTATÍSTICA RUIM, TEMPO DE MUDANÇAS O secretário André Garcia ressaltou que a expectativa do governo é que exista uma variação na taxa de homicídios no Estado, por conta da paralisação das forças policiais no início de 2017, mas que isso não se refletirá nos índices dos últimos anos. “Deve haver uma variação pela primeira vez em oito anos. Até 2016, foram sete anos consecutivos com redução na taxa de homicídios. Em 2009, o Espírito Santo registrava 58 homicídios por 100 mil habitantes. Em 2016, foram 29 por 100 mil. Essa é a média nacional, praticamente. Esse índice

vinha caindo, mas, este ano, em razão do que houve em fevereiro, quando tivemos 23 dias sem policiamento ostensivo, as taxas de homicídio devem subir para, mais ou menos, 30 por 100 mil habitantes”, avalia. Garcia cita ainda a estratégia usada pelo governo durante a greve como uma forma acertada de trabalhar a crise que havia se instalado no Espírito Santo. “Negociamos desde o primeiro dia. Recebemos familiares várias vezes, uma comissão foi constituída para isso. Nunca deixamos de negociar e de abrir as portas para as conversas. Ao mesmo tempo, no entanto, tivemos que manter a hierarquia, a autoridade e a disciplina. A força policial é uma instituição militar, e a Constituição proíbe a ocorrência de greve nessas corporações. O Supremo Tribunal Federal, neste ano de 2017, ratificou esse entendimento.” Se o ano foi de muito trabalho, há ainda mais desafios pela frente, segundo o doutor em Ciências Sociais, mestre em Sociologia Política e bacharel em Ciências Sociais Pablo Ornelas Rosa. Ele defende que, no Brasil, é preciso repensar a criminalização e fazer com que a punição chegue a todos, não apenas aos mais pobres. “Os dados mostram que o percentual de presos com pós-graduação, por exemplo, é zero. E quem faz pós-graduação no Brasil? Os mais ricos. Para dar uma ideia de como há elitização, 87% das mulheres presas no Estado foram detidas por associação ou tráfico. São mulheres da periferia, pobres. Mas e nas grandes apreensões? Qual a punição?”, indaga. radio.esbrasil.com.br •

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COTIDIANO

Campanha de vacinação contra febre amarela mobilizou profissionais de saúde

DOS VELHOS PROBLEMAS ÀS NOVAS TORMENTAS PERSONALIDADES DA HISTÓRIA CAPIXABA QUE DEIXARÃO SAUDADES, ATAQUES DE VÍRUS (ORGÂNICOS E CIBERNÉTICOS) E DESPEDIDA DO SINAL ANALÓGICO ESTÃO ENTRE OS FATOS MARCANTES DE 2017

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alerta de uma doença que ressurgiu das matas marcou o calendário de 2017, logo nos seus primeiros dias. Em janeiro, autoridades da área de saúde indicavam o epicentro de casos de febre amarela no leste de Minas Gerais, apontando risco de propagação para o Espírito Santo. A ameaça se tornou realidade, e o mal se alastrou. Até 30 de setembro, a Secretaria de Estado da Saúde (ES) confirmava 333 ocorrências, sendo 329 em área rural (versão silvestre da patologia), com 99 óbitos. Campanhas de vacinação, com corrida aos postos e longas filas nos locais de atendimento, foram feitas para conter a epidemia, resultando na imunização de 3.055.576 pessoas – 85,4% de cobertura. Mesmo assim, a Sesa mantém o estado de alerta, embora o surto tenha chegado ao fim. Nas estradas, mais vítimas. Em 22 de junho, um acidente com um ônibus, uma carreta e uma ambulância matou 23 pessoas no trecho da BR 101 em Guarapari. Foi a maior tragédia automobilística do Estado. Menos de três meses depois, em 10 de setembro, o Espírito 102

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Santo viveu novamente o luto. O desastre, na mesma rodovia federal, na altura de Mimoso do Sul, dessa vez envolveu um micro-ônibus, um carro de passeio e dois caminhões. Um saldo desolador, com a perda de 11 vidas, a maioria de jovens de um grupo de dança alemã de Domingos Martins. ATAQUE CIBERNÉTICO Parecia trama futurista, mas era real: em 2017, uma odisseia no ciberespaço trouxe sérias ameaças à segurança no meio digital. Um ataque de dimensões globais praticado por hackers em 12 de maio, comprometeu a atividade de sites capixabas. O supervírus WannaCry sequestrava dados de redes e exigia o pagamento de um resgate para que o quadro fosse revertido. Por precaução, a Prefeitura de Vila Velha desativou temporariamente seu sistema. O Ministério Público do Espírito Santo (MPES) e o Tribunal de Justiça do Estado (TJES) adotaram a mesma medida de segurança,


Ano registrou tragédias, mas também momentos pitorescos, como a visita do submarino Tupi S30

retirando suas páginas do ar. O INSS chegou a suspender serviços nas agências após a ação dos “piratas virtuais”. E a Petrobras teve de reiniciar a sua rede corporativa por causa do problema, que afetou 74 países. GREVES A greve da Polícia Militar do Espírito Santo foi o principal destaque negativo do ano (confira detalhes na reportagem sobre segurança pública nesta edição) e certamente a mais perturbadora, mas não a única paralisação que trouxe transtornos. Em 20 de setembro, os trabalhadores dos Correios aderiram ao movimento nacional dos carteiros. A mobilização, que afetou a entrega de correspondências, durou mais de duas semanas. Antes, em junho, no dia 30, centrais sindicais promoveram greve geral contra OUTROS FATOS MARCANTES B oa Vista se sagrou campeã do Carnaval de Vitória. O Mercado São Sebastião, em Jucutuquara, Vitória, reabriu as portas, com muito samba. T radicional reduto de bares, a região da Lama, em Jardim da Penha, virou Rua Viva, com acesso exclusivo para pedestres durante as noites de terça e sábado. A s prefeituras de Vila Velha e Vitória assinaram parceria para iniciar a operação de um sistema de transporte aquático entre os municípios. A Ponte da Madalena, na Barra do Jucu, ficou destruído após chuvas. Estado prometeu uma nova ponte para o local.

O pastor Oliveira de Araújo morreu no dia 3 de junho, após anos de luta contra o câncer

as reformas previdenciária e trabalhista do governo Temer, iniciativa que teve adesão parcial. Bancários, comerciários e trabalhadores do transporte público não suspenderam as atividades por completo, mas o atendimento ficou comprometido. VISITA INESPERADA Em outubro, uma visita surpresa causou sensação na capital capixaba: após oito anos sem vir ao Estado, o submarino Tupi S30, da Marinha do Brasil, atravessou a baía de Vitória e atracou por três dias no porto de Capuaba, em Vila Velha. Mesmo não tendo sido aberta à visitação pública, a embarcação fez a alegria da criançada e também dos adultos, que se aglomeravam às margens da baía para fazer uma infinidade de fotos. ADEUS AO SINAL ANALÓGICO Outubro também marcou o desligamento do sinal de TV analógico em toda a Grande Vitória, no dia 25. A partir dessa data, quem não tivesse uma TV adequada ou um conversor de sinal não poderia mais assistir à programação dos canais abertos. Assim, o Ministério das Comunicações providenciou para que os beneficiários de programas sociais como Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida ou Tarifa Social de Energia Elétrica recebessem de graça o kit receptor da TV digital, composto por conversor, controle remoto e antena. Bastava solicitar os equipamentos pelo telefone da Central de Atendimento ou pelo Portal Seja Digital. LUTO Ao longo de 2017, a dor da perda de figuras expoentes em suas áreas de atuação

também foi marcante. Em 13 de fevereiro, o futebol capixaba chorou a morte do técnico e ex-jogador Paulo Henrique Filho, 52, acometido por um acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico. Comandante do Atlético Itapemirim em 2015, onde encerrou a carreira, ele também esteve à frente da equipe de base do Flamengo que conquistou o bi da Copa São Paulo, em 2011. Uma das principais lideranças religiosas do Espírito Santo, natural de Luz (MG), também partiu, em 3 de junho: o pastor Oliveira de Araújo, aos 69 anos, 24 deles dedicados a conduzir a Primeira Igreja Batista de Vitória. Há 10 anos, ele havia se submetido a um transplante de pulmão, em razão de um câncer. No fim de 2016, outro diagnóstico preocupante: o câncer na face. Em homenagem ao sacerdote, o governo do Estado batizou a unidade da Escola Viva em Cobilândia, inaugurada em julho, de “Pastor Oliveira de Araújo”. Também acometido por um câncer, raro, o jornalista e publicitário Jésus Miguez faleceu aos 56 anos em 17 de junho. Segundo o Sindicato dos Jornalistas do Espírito Santo (Sindijornalistas-ES), o profissional foi um dos pioneiros na luta pela dignidade da categoria. Em 23 de novembro, o adeus foi para o desembargador Carlos Henrique Rios do Amaral, 72, vítima de insuficiência respiratória. Nascido em Iúna (ES), o magistrado foi vice-presidente do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES), de onde estava aposentado desde setembro de 2015. No dia 14 de dezembro, mais uma perda. O jornalista Chico Flores, que dedicou décadas à profissão, faleceu após um infarto agudo do miocárdio, aos 75 anos. radio.esbrasil.com.br •

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EUSTÁQUIO PALHARES

COTIDIANO

é jornalista especializado em Comunicação Empresarial

LIÇÕES DE 2017. LIÇÕES? A PRIMEIRA LIÇÃO É A CONSAGRAÇÃO DE UMA “LEI DE MURPHY” SEGUNDO A QUAL NADA É TÃO RUIM QUE NÃO POSSA PIORAR...

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os últimos anos o calendário dos fatos não fecha com o calendário gregoriano. Um reflete a dinâmica da realidade. Outro, estático, segue demarcando porções de tempo que servem de referências para metas e situações. Desde o acirramento da crise econômica produzida pelo descalabro fiscal dos últimos anos de administração federal, o ano não se esgota no seu prazo convencional, transbordando para o seguinte. Assim ocorreu com 2015, 2016 e agora avança sobre 2018, visto que a inércia recessiva certamente se estende pelo primeiro trimestre, ao menos, do próximo ano. Parece um truísmo, mas o calendário formal é uma convenção idealizada para definir os ciclos; o tempo é tido como uma abstração humana e, a se considerar uma métrica real, ela deveria consistir no número de voltas que o planeta dá em torno do Sol, ou a Lua em torno da Terra O que 2017 nos ensina, com licença do chiste, como primeira lição, é a consagração de uma variação da Lei de Murphy segundo a qual “nada está tão ruim que não possa piorar”. A partir daí, deixa como saldo a necessidade de construção de consensos da sociedade sobre pautas que discutem interesses conflitantes. Privilégios que se tem como direitos adquiridos, ou a visão míope de que a soma das partes pode se sobrepor ao todo. O melhor

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legado de 2017 foi a colocação dessas pautas que dividem opiniões – conforme o lado e o contingente dos que se sentem desconfortáveis ou prejudicados –, mas representam um avanço na medida em que deixam de ser temas latentes para se tornarem motivos de discussões que prometem avançar o entendimento sobre elas.

Dizer o quê, quando a elite de um país e de um Estado hipoteca valores que deveriam ser basilares e alicerçar a sociedade na perspectiva da ordem e da justiça?” Um olhar de fora do Brasil permite entender por que, à exceção do futebol – cuja imagem se mantém por conta de um passado glorioso, do samba, do carnaval, o país é visto como uma terra de cucarachas. O preço da governabilidade do presidente Temer atesta isso de modo muito eloquente. Dane-se qualquer escrúpulo com relação ao perfil e identidade dos protagonistas dos

acordos, desde que se obtenha o amparo legal – no caso, o apoio para a tramitação das matérias de interesse. O empresariado capixaba, nas recentes discussões da pauta econômica, aferrou-se à defesa da governabilidade e da manutenção do presidente por conta de uma “agenda objetiva”. Daí as alegações de que “o país não aguenta mais um ano de recessão” ou, mesmo com toda a sujeira aflorada, caso se consiga implementar as reformas desejadas, tudo valerá a pena para a travessia de 2018 até a sucessão presidencial. Dizer o quê, quando a elite de um país e de um Estado hipoteca valores que deveriam ser basilares e alicerçar a sociedade na perspectiva da ordem e da justiça? Claro que não se pode revogar toda nossa distorcida formação de nação, nossos desvios culturais de sociedade de modo abrupto, sem antes uma negociação de consenso com todas as partes da sociedade para uma convergência de interesses que sobrepairem os interesses setoriais. Mas, para isso, necessitaríamos de uma elite digna desse nome, os melhores do grupamento social e que, por isso, lideram-no. Agrava esse quadro a esquizofrenia social, em que mesmo a visibilidade da podrigueira não inspira qualquer reação, servindo no máximo para inspirar a decantada verve nacional em pilhérias e paródias nas redes sociais.



TURISMO E HOTELARIA Foto: Yuri Barichivich

A região das montanhas capixabas foi a mais visitada

INVESTIMENTOS NO TURISMO FICAM PARA 2018

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e 2016 foi um ano difícil para o turismo capixaba, 2017 também não foi melhor. Embora os visitantes tenham estendido sua permanência de 11,9 para 12,3 dias (o mesmo ocorreu em 2016, quando passou de 9,44 para 11,9 dias), o número de turistas caiu de 1.019.146 (2016) para 909.277 em janeiro, segundo a Secretaria de Estado de Turismo (Setur). Além disso, os turistas gastaram no Espírito Santo 38,01% menos que no ano passado (ao contrário de 2016, quando gastaram 41,2% mais que em 2015). A taxa de ocupação hoteleira na capital sofreu uma grande queda – de 58%, em 2016, para 39,7%, em 2017 –, principalmente em fevereiro, quando houve a paralisação da Polícia Militar. O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-ES), Gustavo Guimarães, ressaltou que, somado à retração da economia, isso reduziu a demanda e as diárias, prejudicando o segmento. “Não houve investimentos como se esperava. Pelo menos cinco grandes hotéis em bairros nobres faliram. Com a crise instaurada, os empresários procuraram obter renda no fomento ao turismo de eventos, na gastronomia e com as agências de viagens”, destacou. Para Luiz Fantin, superintendente de Marketing do Bristol Hotel, 2017 foi o pior ano para o ramo turístico e hoteleiro. “Fomos extremamente prejudicados pelos casos de febre amarela e pela paralisação da Polícia Militar. O Estado deixou de receber turistas e caiu em geração de emprego”, pondera. Já a região das montanhas teve um ano favorável, em que as atividades turísticas no Estado foram mais intensas no inverno: crescimento de 1,2% em relação aos outros meses do ano, segundo o Índice de Atividade Turística (Iatur). Em julho, o número de turistas chegou a 1.052.799, contra 722.369 em 2016. O proprietário do Hotel Fazenda China Park, Valdeir Nunes, registrou um faturamento 10% maior no período, fato que ele atribuiu aos investimentos feitos em toda a região. “Foram abertas novas pousadas, restaurantes e empreendimentos com diferenciais no mercado”, afirma. O secretário estadual de Turismo, Nerleo Caus, avalia que a inclusão do Espírito Santo nos roteiros de cruzeiros e a inauguração do novo aeroporto de Vitória devem favorecer o setor a partir de 2018. “O Estado tem sido amplamente divulgado na mídia a fim de atrair

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TURISMO EM NÚMEROS 1.019.146 FLUXO TURÍSTICO (nº de visitantes)

722.369

JAN

JUL 2016

R$ 75,24 GASTO MÉDIO (per capita)

909.277 1.052.799

JAN

JUL 2017

R$ 59,03

R$ 46,64 R$ 54,96

VERÃO INVERNO 2016

VERÃO INVERNO 2017

Fonte: Setur

novos visitantes. Temos usado vários mecanismos para fomentar a cadeia turística, desde capacitações até a reformulação da nossa comunicação”, explica. TURISMO DE EVENTOS O turismo de eventos superou todas as expectativas no ano e, apesar da crise, dobrou sua movimentação financeira – de R$149 milhões para mais de R$ 302 milhões, segundo o Espírito Santo Convention & Visitors Bureau. O número de eventos subiu de 67 para 89, e o de participantes, de 910.000 para 1.017.740 pessoas. CAPACITAÇÃO O Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac-ES) qualifica profissionais para toda a cadeia do turismo. “Pela sua localização, infraestrutura portuária e número de empresas nacionais e multinacionais que vêm se instalando no Estado, a expectativa é de crescimento de oportunidades no segmento turístico”, afirma a gerente de Educação do Senac, Denise Cossetti.


ESPORTE

O Atlético Itapemirim fez dobradinha e levou o Campeonato Capixaba e a Copa ES em 2017

2017: ATLETAS CAPIXABAS COMEÇAM O NOVO CICLO OLÍMPICO

O

s capixabas começaram o ano pensando em Tóquio. O sonho da vaga olímpica é o que motiva tanto as jovens promessas quanto os nomes já consagrados: a dupla dourada do vôlei de praia Alison Cerutti e Bruno Schmidt; a ginasta Natália Gaudio; e atletas paralímpicos, como a medalhista de prata da natação Patrícia dos Santos.

VÔLEI DE PRAIA O ano para a dupla Alison Cerutti e Bruno Schmidt (foto) foi de pé no freio. Eles ficaram de fora das duas últimas etapas do Circuito Brasileiro para a recuperação de uma lesão na coxa esquerda de Alison. Em 2018, a meta é o Circuito Mundial, parte da preparação para o grande objetivo: Tóquio-2020. “Ninguém conseguiu um bicampeonato olímpico e sei que vamos superar dificuldades e desafios. Depois de se um tornar campeão olímpico, todo mundo quer ganhar de você”, disse Alison, o popular “Mamute”. Eles retornam às competições no fim de janeiro. PARADESPORTO Na natação, Patrícia dos Santos, prata nos Jogos Paralímpicos, foi a melhor atleta do Open Internacional e vice-campeã nos 100m livres no Mundial do México. Marcos Vinicius Barcellos e Valdir Alvarenga Jr. também se destacaram. No tiro esportivo, Eloísa Fernandes foi prata no Sul-Americano, e Bruno Stov também brilhou: fez pódio em todas as competições e foi campeão sul-americano e brasileiro. HALTEROFILISMO Superação é o que move Valesca Rocha. Após sofrer acidente de bicicleta, ela se recuperou e conquistou o hexa mundial na categoria Master e Open do Mundial de Halterofilismo, batendo seu próprio recorde ao levantar 165 kg, aos 46 anos de idade. “Em 2018 quero ser mais uma vez campeã mundial”, disse ela, que está escrevendo um livro sobre sua carreira.

FUTEBOL Pela terceira vez o Rio Branco foi rebaixado no Capixabão. Se a sorte não jogou a favor do Capa-Preta, 2017 foi do Atlético Itapemirim, que ganhou o Estadual e a Copa Espírito Santo, feito inédito no futebol capixaba. Em 2018, o time disputa a Série D, a Copa Verde e a Copa do Brasil. Já o Espírito Santo fará sua terceira participação na Série D. BOLSA ATLETA A Lei Horácio Carlos Rosa, de Cariacica, contemplou 50 esportistas. Já com o Bolsa Atleta Capixaba, do governo estadual, foram mais de 70 beneficiados. GINÁSTICA RÍTMICA Para Natália Gaudio, 2017 já começou com contusão. Após surpreendente recuperação, a atleta conquistou o melhor resultado da história brasileira da modalidade na Copa do Mundo de Kazan, foi hexacampeã sul-americana e conquistou três medalhas no Pan-Americano em Daytona, nos EUA. “Destaque também para Déborah Medrado e para Emanuelle Felberk, que vêm mostrando o futuro promissor do Espírito Santo”, pontuou a técnica Mônika Queiroz. MINISTÉRIO DO ESPORTE No fim de setembro, o ministro do Esporte, Leonardo Picciani, esteve no Espírito Santo e assinou contrato para a construção da Praça da Juventude, em Viana – um investimento de R$ 2,9 milhões em instalações que oferecerá atividades esportivas, ações culturais e de lazer para adultos e crianças. Picciani também visitou as obras do Centro de Iniciação ao Esporte de Cariacica, onde uma verba de R$ 4 milhões está sendo empregada para a construção de ginásio poliesportivo, academia, área de apoio e estruturas de atletismo.

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MEIO AMBIENTE

O Programa de uso racional da água permite que as prefeituras concedam benefícios fiscais e tarifários para estimular a redução do consumo de água tratada

QUESTÃO HÍDRICA E PÓ PRETO: ESTADO TENTA AVANÇAR NAS PREOCUPAÇÕES AMBIENTAIS CONSEQUÊNCIAS DA TRAGÉDIA DO RIO DOCE, FALTA DE CHUVAS E ACORDO PARA REDUZIR POLUIÇÃO FORAM OS DESTAQUES EM 2017

A

região afetada pela enxurrada de lama que atingiu todo o leito do Rio Doce, a partir do rompimento da barragem da Samarco em 2015, ainda sofre as consequências do pior desastre ambiental da história brasileira já registrada. No Espírito Santo, toda a margem do rio foi afetada, de Baixo Guandu a Linhares, no distrito de Regência. Agricultores, pescadores e moradores dos municípios ainda contabilizam prejuízos, mesmo após tanto tempo. Dois anos depois do desastre, o impacto ambiental ainda não é totalmente conhecido pelos estudiosos do assunto. Boa parte da lama permanece nas margens e na calha do rio. E, ainda, parte dos rejeitos que chegou ao oceano continua sendo carregada pelas correntes marítimas. Entre os que mais sofrem com isso estão os pescadores, que dependem diretamente do rio para sobreviver. Em Regência, a pesca continua proibida. O turismo e o comércio, principais atividades econômicas da vila, foram devastados. Os pescadores recebem um auxílio que não cobre todas as despesas: um cartão que dá direito a cerca de R$ 1.200 e cestas básicas. 108

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O plano de manejo do rejeito de minério de ferro, elaborado pela Fundação Renova, foi aprovado apenas em junho deste ano pelo Ibama, responsável por orientar e validar as decisões da fundação. Em algumas áreas, o rejeito será de fato removido; em outras, serão feitas apenas intervenções corretivas. A expectativa é que em aproximadamente cinco anos as margens do primeiro trecho atingido estejam recuperadas. O horizonte para recuperação florestal é de uma década. PÓ PRETO E QUALIDADE DO AR Os problemas das empresas de mineração e siderurgia não se restringem ao ocorrido com a Samarco. A poluição do complexo industrial e portuário de Tubarão vai passar por análises técnicas. Órgãos públicos e as empresas Vale e ArcelorMittal firmaram, no dia 13 de novembro, um Termo de Compromisso Ambiental para reduzir a poluição do ar na Grande Vitória. O governo capixaba contratou a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) para realizar estudos sobre a qualidade do ar na região. A empresa


Foto: Leonardo Merçon\Últimos Refúgios

Após dois anos do desastre ambiental, os impactos sofridos pelo Rio Doce ainda não são plenamente conhecidos

SAMARCO CONSEGUE PRIMEIRA LICENÇA A mineradora Samarco deu um grande passo para voltar a operar em 2018. A empresa conseguiu, em dezembro, as licenças prévia e de instalação da cava Alegria Sul, localizada no complexo industrial de Mariana, em Minas Gerais. O objetivo é utilizar o espaço para depositar os rejeitos de minério. As primeiras licenças foram buscadas junto às autoridades estaduais mineiras. Para voltar a produzir, porém, a Samarco depende ainda da conclusão do Licenciamento Operacional Corretivo do Complexo de Germano, em Mariana, que está em fase de audiências públicas. Nos encontros com a população, a empresa apresentou o estudo e o relatório de impacto ambiental. O estudo contempla a regularização das estruturas existentes da cava, das obras emergenciais realizadas na área de barragens e da adoção de soluções para o tratamento de rejeitos. A intenção da Samarco é usar o espaço para depósito do material por, pelo menos, seis anos.

vai avaliar a eficiência das instalações dessas indústrias, as medidas de controle ambiental dos procedimentos operacionais e as condições dos equipamentos de controle já existentes para elaborar um plano de metas de redução da emissão de poluentes na atmosfera. A previsão é de que, até abril de 2018, o trabalho esteja concluído. Com o acordo, as empresas se comprometem a implantar as ações corretivas necessárias, segundo informou o Ministério Público. ESCASSEZ DE ÁGUA O ano de 2017 começou ainda assombrado pela ameaça de continuidade da seca

que assolou o Estado nos dois anos anteriores. Preventivamente, a Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh) publicou resolução permitindo a captação nos rios durante o dia somente para consumo humano. A medida valeu para indústrias e propriedades rurais. A situação hídrica capixaba melhorou com as chuvas nos últimos meses do ano. A segurança hídrica, aliás, é o principal alvo de uma lei que vem ganhando as câmaras municipais do Estado. A lei, conhecida como PURA (Programa de Uso Racional da Água), já vale em 28 municípios e permite que as prefeituras concedam benefícios fiscais e tarifários para estimular

a redução do consumo de água tratada e a utilização de fonte alternativa de captação de águas pluviais pela população. FIM DO ICMS PARA PRODUZIR ENERGIA LIMPA Os interessados em produzir energia limpa no Espírito Santo tiveram uma boa notícia no fim do ano. Em dezembro, o governo estadual anunciou a adesão ao convênio do Conselho Nacional de Política Fazendária que trata da isenção do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para micro e minigeração de energia distribuída. Serão beneficiados os que produzem até 1 megawatt (MW) de energia por mês pelo sistema de compensação com as concessionárias de distribuição. O objetivo é estimular a migração para essa matriz energética. Os micro e minigeradores de energia ainda são tributados quando consomem a carga excedente da produção, que foi injetada na rede distribuidora. A energia gerada durante o dia e que não foi consumida vira excedente e é injetada na rede distribuidora. Se essa energia que sobrar for utilizada durante a noite, há tributação em 25%. Com a adesão ao convênio, a carga extra ficará como crédito para uso posterior. radio.esbrasil.com.br •

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INFRAESTRUTURA E LOGÍSTICA

Depois de uma espera de 15 anos, o aeroporto terá as obras finalizadas em 2018

REDUÇÃO NOS INVESTIMENTOS E POUCOS AVANÇOS COM AS RECEITAS MAIS APERTADAS, OS GOVERNOS FEDERAL, ESTADUAL E MUNICIPAL READEQUARAM OS PROJETOS E SÓ DERAM ANDAMENTO ÀS OBRAS PRIORITÁRIAS, COMO O AEROPORTO E O PORTO DE VITÓRIA

O

transporte rodoviário é o principal meio para o deslocamento de cargas dentro do Brasil, sendo responsável por movimentar 80% da produção nacional. Apesar de ter uma das malhas rodoviárias mais extensas do mundo, o país possui apenas 12% do total de 1,735 milhão de quilômetros de estradas pavimentadas, segundo a Confederação Nacional do Transporte (CNT). No Espírito Santo, as condições das rodovias que cortam o Estado pioraram este ano na comparação com 2016, segundo pesquisa da CNT. Dos 1.745 quilômetros percorridos, 67,7% apresentam algum tipo de deficiência em seu estado geral. A BR 101 foi a rodovia mais bem avaliada. O estudo revela que os investimentos têm sido reduzidos, o que gera uma anomalia entre investimentos x gastos com acidentes. Em 2016 as despesas com acidentes foram mais de R$ 10 bilhões, enquanto os recursos para infraestrutura rodoviária totalizaram R$ 8,61 bilhões. “Os problemas nas rodovias aumentam os custos do tráfego em 37,7%, já que além do maior consumo de combustível, é preciso investir mais na manutenção dos veículos”, explica o presidente da Federação dos Transportes do Espírito Santo (Fetransportes), Jerson Picoli. “Em 2017 não há expectativas de crescimento no setor. Esperávamos um ano melhor, mas isso não ocorreu. Além da crise econômica, tivemos a continuidade da paralisação da Samarco, da crise hídrica, e a piora na qualidade da infraestrutura rodoviária

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– este, o nosso maior gargalo. Esperamos que em 2018 o Estado consiga atrair novos investimentos, com as obras do aeroporto e do porto de Vitória finalizadas e as contas do governo equilibradas, beneficiando o setor ”, diz o dirigente. Na malha estadual, o governo do Espírito Santo anunciou este ano um investimento de mais de R$ 294 milhões para recuperação e implantação de 337 quilômetros de rodovias em todo o Estado e construção de pontes. As obras, que serão feitas com recursos repassados pela União, vão beneficiar 30 municípios. Do montante, R$ 132 milhões serão destinados à conclusão de 12 obras já iniciadas, entre elas a Rodovia José Sette e Avenida Alice Coutinho, ambos em Cariacica, a reurbanização da orla do Canal de Guarapari e a rodovia ES 430, no trecho que liga Cachoeiro de Itapemirim a Coutinho. Dessas 12, algumas estão em fase de finalização, outras já tiveram o projeto finalizado e algumas foram licitadas.

NOVO AEROPORTO EM 2018 As promessas do governo federal de duplicar a BR 262 e construir a ferrovia Vitória-Rio ainda não foram cumpridas. A via férrea continua no debate para 2020. Mas nem tudo é notícia ruim. As obras do aeroporto de Vitória, que são aguardadas pelos capixabas há 15 anos, andaram. Segundo a Infraero, 90% delas estão concluídas, e o funcionamento deve ocorrer no início de 2018. O aeroporto terá um novo acesso pela Avenida Adalberto Simão


Com as obras da dragagem finalizadas, o Porto de Vitória deve ter um crescimento de 30% na movimentação de cargas

MOVIMENTAÇÃO DOS PORTOS DO ES Ano

Cargas até o mês de outubro

Variação

2017

5.583.100 toneladas

+ 8,6%

2016

5.143.221 toneladas Fonte: Codesa

Nader, e será necessário fazer sua pavimentação e sinalização, custo que será pago pela Infraero. Segundo informações do jornal Valor Econômico, o ministro Moreira Franco confirmou que o novo aeroporto de Vitória irá a leilão em 2018, logo após a conclusão das obras. A expectativa é que as novas instalações entrem em operação já sob a administração da próxima concessionária. A empresa que assumir a administração do aeroporto de Vitória também terá que se responsabilizar pelo aeroporto de Macaé, que será incluído no mesmo pacote do leilão. A intenção é leiloar 14 aeroportos no país em 2018. O aeroporto de Linhares foi o único de porte regional mantido no programa de investimentos federais em aviação, obtendo a licença ambiental do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) no dia 6 de novembro deste ano. O secretário de Estado de Desenvolvimento, José Eduardo Azevedo, disse que o governo capixaba já solicitou autorização ao governo federal para iniciar as obras e que estas devem começar ainda este ano.

“São avanços importantes na área de infraestrutura logística. O ano de 2017 foi positivo, com a evolução de uma agenda há muito tempo reivindicada pelos capixabas. Nossa expectativa é que esses investimentos continuem e se somem a outros a partir do próximo ano” José Eduardo Azevedo, secretário da Sedes

PORTOS CAPIXABAS Também as obras do canal de acesso do Porto de Vitória e a área em que os navios fazem as manobras foram finalmente concluídas em outubro de 2017. Foram quase duas décadas de promessas e paralisações. Mas falta homologação da Marinha para a terceira batimetria, medição da nova profundidade, para validar os resultados da dragagem. Isso deve ocorrer até fevereiro de 2018. Com a possibilidade de atracação de navios maiores, a expectativa é que o custo do transporte de cargas fique mais barato, tornando o porto mais competitivo. Segundo o presidente da Codesa, Luis Claudio Montenegro, linhas diretas de cargas com países da Ásia e da Europa e com os Estados Unidos já foram firmadas, e a expectativa é que outras sejam criadas. Também devem voltar a atracar na capital cruzeiros de linhas de turismo, que pararam de fazer a rota em Vitória enquanto as obras estavam em andamento. “Em 2018 já teremos dois navios de turismo”, diz ele. Os dados da Codesa registram que a movimentação de cargas, de janeiro a outubro de 2017, teve um incremento de 8,6% em relação a 2016. Foram embarcadas 5.583.100 toneladas de cargas este ano, contra 5.143.221 toneladas em 2016. Com as obras de dragagem finalizadas, a Codesa estima um crescimento de 30% no futuro. No entanto, a limitação da baía, que é estreita, ainda pode ser um empecilho para navios de grande comprimento. Enquanto um porto de águas profundas não vem (o projeto não foi adiante), os capixabas depositam suas esperanças no início das obras do Porto Central, em Presidente Kennedy, que estão previstas para o segundo semestre do próximo ano. O empreendimento aguarda ainda obter as licenças necessárias para dar início à construção. radio.esbrasil.com.br •

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INFRAESTRUTURA E LOGÍSTICA

INVESTIMENTOS FEDERAIS NAS RODOVIAS (POR R$ MIL/KM) RODOVIAS Brasil Espírito Santo (média)

30 municípios serão beneficiados com obras viárias

2014

2015

2016

-

-

159,60

214,72

61,84

82,40

Fonte: CNT

Em Aracruz, o Departamento de Estradas de Rodagem (DER-ES) iniciou as obras de recuperação da ES 010 em junho deste ano, em um trecho de 25 km entre o Trevo de Coqueiral e Vila do Riacho. As intervenções, que ainda estão em andamento, vão permitir um acesso mais seguro a dois portos privados: o Portocel e o estaleiro Jurong. As obras do Terminal de Uso Privado (TUP) da Imetame, também em Aracruz, continuam sendo realizadas. Já o Porto Petrocity, em São Mateus, teve o projeto todo remodelado para abrigar diferentes setores. Suas obras devem ter início só nos próximos dois anos, segundo a Secretaria de Desenvolvimento (Sedes). Atualmente, o porto está em fase de licenciamento ambiental, etapa intermediária de projetos básicos, e concluindo o projeto executivo. “São avanços importantes na área de infraestrutura logística. O ano de 2017 foi positivo, com a evolução de uma agenda há muito tempo reivindicada pelos capixabas. Nossa expectativa é que esses investimentos continuem e se somem a outros a partir do próximo ano”, diz o secretário José Eduardo Azevedo.

MOBILIDADE URBANA Com as receitas mais apertadas, a solução encontrada pelo governo do Estado foi readequar os projetos prioritários em 2017. Entre as obras de infraestrutura que foram contempladas estão as do Portal do Príncipe, em Vitória; da Rodovia LesteOeste, que vai ligar a BR 262 à Rodovia Darly Santos, em Vila Velha, e da conclusão de duplicação da ES 482, no trecho entre Cachoeiro e Coutinho. A Leste-Oeste deve ser liberada para o tráfego de veículos em dezembro. A entrega das obras, entretanto, vai ficar para 2018. Quanto ao Portal do Príncipe, o governo espera liberação de recursos do BNDES, o que pode garantir um desfecho para o projeto. No momento, não há prazo definido. Também as obras da Avenida Carlos Lindenberg, que terá a capacidade ampliada entre o trevo da Darly Santos até o bairro Cobi, estão dependendo de verbas do BNDES para serem iniciadas. Já a obra de duplicação da ES 482, no trecho entre Cachoeiro e Coutinho, está praticamente finalizada,

“Os problemas nas rodovias aumentam os custos do tráfego em 37,7%, já que, além do maior consumo de combustível, é preciso investir mais na manutenção dos veículos” Jerson Picoli, presidente da Fetransportes 112

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Deficiências nas rodovias que cortam o ES têm onerado os custos do tráfego em 37,7%

faltando serviços complementares como contenções laterais e construção de calçadas e canteiros. Em Vitória, a obra da Avenida Leitão da Silva, que começou há três anos, vem se arrastando e tem a conclusão prevista apenas para meados de 2018. De lá para cá, o projeto passou por algumas alterações de prazos e custos. Em fase de elaboração de projeto ainda, a Prefeitura de Vitória analisa novos 40 km de ciclovias e ciclofaixas em toda a capital. Entre as novas rotas para ciclistas, estão a Avenida Rio Branco, na Praia do Canto, e a Rua da Grécia, no Barro Vermelho, e ainda a da Avenida Leitão da Silva, que será executada pelo governo estadual. Em 2017, foram dados os primeiros passos para iniciar o processo de integração do sistema de transporte público municipal ao Transcol. Em agosto, foi aprovada na Câmara de Vitória uma alteração na Lei Orgânica da capital que permite que o transporte público tenha gestão estadual. Com a integração, as linhas de ônibus de Vitória seriam diluídas ao sistema Transcol, o que, na prática, representaria o fim do sistema municipal. Com o novo modelo, os passageiros utilizarão os dois serviços com passagem única.


SANEAMENTO

O sistema de abastecimento Reis Magos, inaugurado em 2017, é capaz de uma captação de 500 litros de água por segundo

NOVOS INVESTIMENTOS EM ÁGUA E SANEAMENTO

E

m um ano em que ainda se sentem os efeitos da crise hídrica, os investimentos deram prioridade à garantia de segurança hídrica na Grande Vitória e no interior do Estado. O grande destaque foi a entrega do Sistema de Abastecimento Reis Magos, inaugurado no dia 25 de outubro na Serra. Devido à situação crítica, a obra, prevista para ser concluída em 2020, foi antecipada. O investimento total foi de R$ 70 milhões, com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O novo sistema é capaz de uma captação de 500 litros de água por segundo, podendo dobrar esse volume com obras de expansões futuras. Além de sua capacidade, o que torna a construção dos Reis Magos emblemática é o fato de ser o primeiro sistema de abastecimento inaugurado na Grande Vitória desde 1983. “É uma obra que também inova, pois conta com uma estação de tratamento automatizada, que pode ser operada por apenas uma pessoa. Com esse novo sistema, aumentamos a oferta de água tratada para a Região Metropolitana da Grande Vitória”, afirma Pablo Andreão, presidente da Cesan, destacando que a obra alivia a sobrecarga sobre o Sistema Santa Maria da Vitória. No interior, a estratégia para mitigar a escassez de chuvas contou com parcerias entre o Estado e os municípios, incluindo a perfuração de 31 poços profundos, a construção de sete barragens e a disponibilização de novas estações para captação de água em diversos municípios. Ainda nesse sentido, no início do ano foi concluído o projeto básico para a construção de uma barragem no braço norte do rio Jucu, entre Viana e Domingos Martins, com capacidade de armazenar 20 bilhões de litros de água, o que representa 10 vezes

INVESTIMENTOS DA CESAN EM ÁGUA E ESGOTO (em milhões de reais) ANO Investimentos

2015

2016

2017

173.434

186.555

220.000

Fonte: Cesan

o potencial da reserva de Duas Bocas. O investimento seria de R$ 108 milhões, e o projeto encontra-se na etapa de estudos ambientais para o licenciamento, com previsão de lançamento, até o final do ano, do edital de licitação da empresa que fará as obras. No setor de saneamento, as parcerias público-privadas (PPPs) têm crescido na região metropolitana, visando a universalizar o sistema em seus municípios. Em 2017, as PPPs estão operando em Vila Velha e Serra. Além disso, em Cariacica há uma parceria em estudo. No interior do Estado, entre os destaques do Programa de Gestão Integrada das Águas e Paisagem estão as obras para ampliação do esgotamento sanitário da Região do Caparaó, abundante em águas. Os municípios beneficiados pelo programa da Cesan, que investirá R$ 53 milhões, são Iúna, Ibatiba, Dores do Rio Preto e Irupi. “Esses investimentos são importantes para levar qualidade de vida à população. O que temos feito é captar mais recursos para universalizar os sistemas de esgoto”, ressalta Andreão. radio.esbrasil.com.br •

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VITÓRIA

VITÓRIA: CASA EM ORDEM E BUSCA DE PARCERIAS PARA CRESCER

Mesmo em um ano de baixa arrecadação, a Prefeitura de Vitória conseguiu manter as contas em dia

APÓS PASSAR POR AJUSTES NO CUSTEIO, A CAPITAL COMEMORA AS CONTAS NO AZUL E TRAÇA METAS PARA 2018

F

usão de secretarias, redução de cargos comissionados, revisão de contratos: em 2017, a ordem na Prefeitura de Vitória foi reduzir despesas para enfrentar a queda na arrecadação, gerada pela crise econômica, e manter as contas no azul. “Fizemos várias ações para tornar o gasto público mais eficiente. Assim, trabalhamos com as contas rigorosamente em dia. Pelo terceiro ano consecutivo, conseguimos antecipar o pagamento do 13º salário dos servidores”, comemora o prefeito Luciano Rezende, que chega ao fim do primeiro ano do seu segundo mandato à frente da administração de Vitória. Sua expectativa para 2018 é que a economia – agora dando sinais de estabilidade – volte a crescer, melhorando a arrecadação da capital, que também sofreu um baque com a extinção gradual do Fundap. “Estamos vindo de uma sequência de queda de receita. Mas, este ano, o quadro começa a melhorar”, observa Luciano. Entre as ações realizadas pela administração municipal em 2017, um destaque é o investimento em tecnologia para a modernização da máquina pública.

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A prefeitura investiu em ruas de lazer e ciclofaixas na capital


EVOLUÇÃO DA RELAÇÃO RECEITA X DESPESAS EM VITÓRIA Receita total 2016: R$ 1.482.427 Variação de receita 2016/2015: -6,8% Receita total 2011: R$ 1.845.652 Despesa total 2016: R$ 1.348,646 Variação de despesa 2016/2015: -13,9% Despesa total 2011: R$ 1.809.687 Fonte: Anuário Finanças dos Municípios Capixabas/2017

É cada vez maior a gama de serviços aos quais a população tem acesso sem precisar sair de casa. É o caso do sistema de agendamento e confirmação on-line implantado na saúde, que permite ao cidadão marcar uma consulta ou procedimento e confirmar a presença pela internet. “O investimento em tecnologia traz ganhos em qualidade, velocidade e transparência. E o município ainda consegue economizar. No caso da saúde, há ainda humanização do atendimento e otimização do trabalho dos funcionários, que não ficam mais ociosos”, destaca. Para o início de 2018, a prefeitura deve lançar o seu Plano de Metas, que, como explica Rezende, será uma consolidação das ações estruturantes previstas pelo município em todas as áreas, como saúde, educação, segurança e ação social, com o objetivo de chegar ao futuro desejado pelos moradores. “Fizemos várias audiências com comunidades, lideranças e conselhos para ouvir das pessoas o que elas esperam dessa gestão. E, para consolidar todas essas demandas, vamos lançar o Plano de Metas”, ressalta. OBRAS PREVISTAS Entre as obras que deverão ser incluídas no Plano de Metas estão a ampliação das ciclovias e a criação de ciclorrotas, como informa o prefeito. “Além disso, estamos trocando toda a iluminação da cidade por luz branca, de LED, o que aumenta a sensação de segurança e traz mais conforto à população”, diz Rezende, observando, ainda, que o planejamento incluirá mais investimento na disponibilização de serviços on-line, visando a reduzir o

Com as obras de drenagem finalizadas, a Codesa estima o crescimento de 30% no movimento

tempo de espera dos cidadãos e à ampliação da rede de internet gratuita da cidade. Na área de segurança, o destaque é a implantação do cerco eletrônico, prevista para 2018, em que 48 pontos da cidade serão monitorados por câmeras capazes de flagrar carros roubados e outras infrações. Outro projeto da administração municipal que começou a sair do papel é a implantação do Parque Tecnológico, em uma área próximo à Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), em Goiabeiras. A previsão é que as obras de construção do Centro de Inovação, já iniciadas, sejam concluídas até o final de 2018. A ideia é abrigar startups e atrair centros tecnológicos de grandes empresas para o local. Luciano Rezende ressalta que a capital conta com alguns fatores fundamentais para o sucesso do Parque Tecnológico. “As expectativas são as melhores possíveis, no sentido de podermos atrair empresas de tecnologia do Brasil que estão, às vezes, sediadas em capitais que não têm a qualidade de vida de Vitória, não têm a área territorial de Vitória, onde é tudo muito perto e de fácil acesso. Além disso, temos uma proximidade

boa com a Petrobras, a Ufes, a Vale, o Ifes e a Findes, e todos esses parceiros estão focados na inovação”, comentou. Entre as parcerias pensadas pela prefeitura com o Estado está a integração dos sistemas de transporte coletivo. Rezende reconhece que melhorar a prestação de serviço nessa área tem que ser uma das prioridades do município. “Temos um desafio bem acentuado, que é a eficiência do transporte coletivo. Precisamos de integração entre o sistema de transporte municipal e o estadual”, defende, ressaltando que também está em busca de soluções pensadas em conjunto com as demais cidades da região metropolitana para as questões que têm impacto sobre todas elas. Um exemplo desse tipo de problema está na área de segurança pública. Reduzir os índices de criminalidade é uma questão que aflige toda a região metropolitana, e o debate sobre como fazer isso já envolve, hoje, todas as administrações municipais, diz o prefeito. “Em Vitória criamos o Plano Municipal de Segurança. Também compramos novas viaturas com recursos próprios, oriundos do Fundo Municipal de Segurança”, finaliza. radio.esbrasil.com.br •

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VITÓRIA

LUCIANO REZENDE

Luciano Rezende, 55 anos, é médico, formado pela Ufes, e pós-graduado em Medicina Esportiva. Foi vereador de Vitória por quatro mandatos e secretário de Saúde e de Educação do município. Também atuou como secretário de Estado de Esportes e Lazer e deputado estadual. Em 2012, foi eleito prefeito da capital, posto que reconquistou na eleição de 2016. Quais foram as principais realizações deste ano na sua gestão? Reduzimos os aluguéis e renegociamos contratos com fornecedores, fazendo o custeio – o gasto com itens como energia elétrica, locação de imóveis e de veículos, entre outros – cair em 30%. Mudamos o horário de funcionamento de alguns setores da prefeitura, o que nos fez economizar mais de 15%. Com a quarta reforma administrativa, que está em andamento, teremos uma economia de R$ 8 milhões até o final do governo. Também houve redução nos cargos comissionados. E tudo isso sem nenhum prejuízo na oferta de serviços para a população. Houve avanços no sentido de integrar a cidade aos demais municípios da região metropolitana? E no estabelecimento de parcerias público-privadas? Teremos em alguns dias o Plano d e D e s e nvolv i me nto Inte g rad o, constituído pelos municípios da região metropolitana, para avançar em ações que geram impactos de uma cidade 116

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para outra. O aquaviário vai retornar, ligando Vitória a Vila Velha. E solicitamos ao governo do Estado que faça a integração do sistema de transporte coletivo. Há estudos preliminares para concretizar duas parcerias públicoprivadas, nas áreas de iluminação e de resíduos sólidos. Mas já temos outras em funcionamento e com sucesso, como o Bike Vitória, em conjunto com a Unimed e o Sicoob. São 30 estações, inclusive com bicicletas para crianças, a custo zero para a PMV. Teremos também o Festival Gastronômico Roda de Boteco, que será realizado em sete quiosques na Praia de Camburi, uma parceria com o Sindicato dos Bares e Restaurantes. E a construção do Parque Zé da Bola, também em Camburi, que é uma parceria com a Vale.

O problema com a Cesan prejudicou o relacionamento da prefeitura com o governo do Estado? Qual é o caminho que o senhor vê para futuros apoios e parcerias entre as duas esferas de governo? Vitória espera chegar a um ponto de equilíbrio com a Cesan. A nossa equipe está trabalhando para isso. Esperamos que em 2018 possamos criar uma agenda administrativa positiva com o órgão e desenvolver novas parcerias, para que a empresa possa tratar Vitória com o devido respeito aos investimentos pelo quais, inclusive, os moradores já pagam. Precisamos urgentemente ter praias, baía e manguezais livres de esgoto.

Em 2018 teremos eleições estaduais. Como está a relação da prefeitura com o governo do Estado e quais são as perspectivas? A relação com os organismos estaduais é feita no dia a dia da administração; temos cooperação em várias áreas, como a Polícia Militar e a Polícia Civil, e cito um dos principais: o Sistema Único de Saúde, que opera em três níveis – federal, estadual e municipal.

Como liderança política, quais cenários o senhor enxerga para 2018? Está nos seus planos ser candidato? Estou focado em administrar a cidade e sou candidato a fazer um bom governo, entregar a prefeitura reorganizada, pós-Fundap, e a cidade muito melhor para se viver, trabalhar e visitar ao final do meu segundo mandato, em dezembro de 2020.



VILA VELHA

Com quase duas mil sugestões populares, a revisão do Plano Diretor Municipal vai nortear o desenvolvimento urbano até 2027

VILA VELHA: UMA PREFEITURA QUE DIALOGA COM A CIDADE TODA A MÁQUINA ADMINISTRATIVA MUNICIPAL ESTÁ VOLTADA PARA FUNCIONAR OUVINDO A POPULAÇÃO SEMANALMENTE

I

nspirado em uma frase atribuída ao frei Francisco de Assis, o prefeito de Vila Velha, Max Filho, tem pautado sua gestão pela prudência necessária em tempos de crise econômica nacional. A equipe administrativa começou o ano de 2017 realizando o necessário – promovendo o saneamento das finanças e o ajuste entre receita e despesa – para viabilizar o possível, que é, segundo o prefeito, “preparar as condições para concretizar o atendimento às necessidades da municipalidade a partir de uma gestão pública justa, eficiente, digna e gratificante”. Ainda assim, são muitas as realizações da atual administração em seu primeiro ano e que estão acontecendo em todos os setores da prefeitura. A começar pela reestruturação do modelo de gestão, com redução de despesas de custeio e fusão de algumas secretarias, de modo a aparelhar melhor os gestores para o cumprimento de suas tarefas. Em Vila Velha, ocorreu uma mudança de paradigma: a retomada do diálogo direto com a cidade, inclusive com relação ao Orçamento Participativo, estabelecido por meio de discussões com a população. Dessa forma, a prefeitura pode definir os gastos prioritários 118

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No início de 2018, a população vai contar com 200 bicicletas compartilhadas


Durante a paralisação da Polícia Militar, em fevereiro, a Guarda Municipal foi protagonista da segurança

de acordo com uma agenda de ações que atenda às reivindicações dos moradores. Ouvir a população quanto a mudanças necessárias na legislação e acerca de programas e projetos também tem sido feito por meio de consulta pública permanente no portal da prefeitura na internet e em audiências públicas. A Ouvidoria Itinerante foi criada para ampliar a interlocução da administração com os moradores, bem como o sistema de atendimento por meio do telefone 162. Com isso, a gestão se esforça para dar mais agilidade na resposta às demandas da população. Houve, também, a retomada das assembleias populares, que acontecem todas as segundas-feiras com a participação de líderes comunitários, das comunidades em geral e de representantes de todos os setores da administração. Nessas reuniões, o prefeito recebe as demandas coletivas e dá o devido encaminhamento. Max explica que os munícipes sentem necessidade de falar diretamente com o chefe do Executivo local. “Queremos estar em contato permanente com a população, daí a importância de as assembleias terem voltado a acontecer de modo regular.” O NECESSÁRIO E O POSSÍVEL No início do ano, a Prefeitura de Vila Velha precisou contratar, de maneira emergencial, o serviço de limpeza urbana. Após pesquisa no mercado local e nacional, a empresa Corpus Saneamento e Obras passou a executar os serviços integrados de limpeza pública. A administração iniciou o processo de licitação para contratação da empresa que atenderá ao município durante quatro anos, conforme a legislação vigente – o que não era feito na cidade desde 2007. Com uma grande demanda na área de infraestrutura, a prefeitura tem realizado intervenções quanto a manutenção das vias e ciclovias, expansão da rede de iluminação pública, obras de desobstrução das redes de drenagem e manutenção das estações de bombeamento de águas pluviais. Há obras de macrodrenagem em andamento no Rio do

Congo, que irão beneficiar 13 bairros da região da Grande Terra Vermelha. Após a conclusão, aproximadamente 14 km de canais terão sido tratados, drenados e cobertos. Na área da educação, Vila Velha deu um passo na direção de voltar a ser o município do Espírito Santo com os melhores índices. Foi realizada a eleição direta para diretor escolar, mais de R$ 9 milhões já foram aplicados em melhorias estruturais de 39 escolas, e o investimento em formação continuada tem sido uma prioridade, bem como as aulas baseadas em tecnologias educacionais. O município já deu início a acordos com o Ministério da Educação para a ampliação da jornada escolar. Com isso, mais de 8 mil alunos do ensino fundamental terão aulas de reforço em Português e Matemática. Em 57 escolas, a carga horária será acrescida de 15 horas semanais por turno. Em outras quatro unidades, serão mais cinco horas semanais. Vila Velha voltou a fazer parte do programa Mais Médicos, do governo federal. A cidade recebeu nove médicos cubanos e 13 profissionais intercambistas, que já foram lotados nas unidades de saúde do município. Com o surgimento do surto de febre amarela no Espírito Santo, a prefeitura determinou a disponibilidade de vacina para toda a população e promoveu, durante o mês de março, a vacinação em massa contra a doença, garantindo a imunização de 80% do público-alvo e superando a meta nacional.

Na área da segurança, Vila Velha foi destaque durante a paralisação dos policiais militares que ocorreu em fevereiro. A Guarda Municipal teve atuação destacada e reconhecida pela população. Os 286 agentes não mediram esforços para garantir a segurança na cidade, patrulhando o entorno das unidades de saúde e pontos turísticos. No trânsito, a sinalização vertical e horizontal da cidade está sendo modernizada. O projeto de velocidade segura, denominado “Zona 30”, foi implantado na Prainha e seguirá para a Glória. A mobilidade urbana ganhou novo capítulo, por conta de uma parceria público-privada para a oferta do serviço de bicicletas compartilhadas. O “Bike VV” vai começar a funcionar no início de 2018. Serão 20 estações ao longo da orla da Praia da Costa até Itaparica, no Centro e Glória, com 200 bicicletas – dez em cada estação. Durante dois meses, a prefeitura realizou pesquisa com a população para compor o Plano de Mobilidade e Acessibilidade de Vila Velha (PlanMobVV). Foram feitas mais de 8 mil visitas domiciliares e não domiciliares, para identificar as necessidades de investimentos nessa área. Quase duas mil sugestões foram tabeladas pela administração para a revisão do Plano Diretor Municipal (PDM), que norteará o desenvolvimento urbano até 2027. O documento será enviado para aprovação da Câmara até o fim do ano. radio.esbrasil.com.br •

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VILA VELHA

MAX FILHO

Max Freitas Mauro Filho tem uma trajetória política marcante na história de Vila Velha. Agora, no primeiro ano do seu terceiro mandato como prefeito, ele encontra uma cidade que ainda enfrenta desafios na área socioeconômica, além da grande demanda por infraestrutura. Como tem sido retomar a gestão do município de Vila Velha? Encontramos um cenário de crise na economia nacional, de recessão e, consequentemente, de queda na arrecadação de tributos. Em 2008, deixei a administração comprometendo 34% da receita com gasto de pessoal, incluindo a Câmara; ao voltar, encontrei esse índice em 45%. São gastos que nos deixam com pouquíssima capacidade de fazer investimentos com recursos próprios. É necessário, portanto, organizar as contas, já que o cobertor está curto, sempre dialogando com a população sobre nossas ações. Em qual área focará o seu trabalho nos próximos anos? Na área social básica, que compreende saúde, educação e assistência – marca das nossas gestões. Mas uma ênfase maior precisa ser dada para a infraestrutura. Em 16 das 17 assembleias do Orçamento Participativo, a infraestrutura foi eleita como prioridade. Temos bairros inteiros sem drenagem e pavimentação. Por falar em infraestrutura, como estão os projetos de macrodrenagem? Esse é um desafio histórico de Vila Velha. Estamos tocando com recursos próprios e do Ministério das Cidades as obras do Rio do Congo, onde vamos avançar com a construção de galerias, drenagem e pavimentação, beneficiando 13 bairros. Temos recursos obtidos para a macrodrenagem, que conquistei ainda em nossa gestão anterior, para a região de Aribiri. O peso maior desse investimento vai se concentrar nessa sub-bacia, onde já investimos no passado. 120

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E os projetos de macrodrenagem do governo do Estado que começaram em 2015? O governo do Estado tem o maior recurso para macrodrenagem. Temos dialogado com o Estado para que retome o projeto que começou por Nova América, com a ponte sobre o Canal do Rio Marinho. Queremos a continuidade desse investimento, que é tão importante para nossa população. Há previsão de construção de novas unidades de saúde? Há projetos em andamento para a construção de quatro novas unidades de saúde, nos bairros Ataíde, Vila Batista, São Torquato e Divino Espírito Santo, além da conclusão da obra da unidade de Riviera da Barra, mas para isso precisaremos de recursos do governo federal. Temos aumentado o volume de serviço de saúde em todo o município. E na educação, qual a meta para os próximos anos? Nossa gestão tem a educação como marca e vamos priorizar o ensino infantil. Temos conveniado com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação a construção de cinco novas creches. Em gestões passadas, as obras foram contratadas, mas sem a previsão do custo de fundação dos prédios – um erro grave. Tivemos que rescindir o contrato com a empresa e estamos refazendo os projetos. Como estará Vila Velha em 2020? Nosso trabalho está focado em recuperar a saúde financeira do município. Com isso, poderemos alavancar parcerias importantes, seja nacional, seja internacionalmente, para termos melhor infraestrutura e cuidar do desenvolvimento humano, avançando quanto aos indicadores sociais.


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SERRA

O município da Serra diminuiu em 7% as despesas, fechando o ano com as contas equilibradas

INVESTIMENTOS PARA IMPULSIONAR O CRESCIMENTO EM ANO DE QUEDA DA RECEITA E AUMENTO DO DESEMPREGO, SERRA COMEMORA EQUILÍBRIO NAS CONTAS

C

om os reflexos da crise econômica ainda em evidência, a gestão da cidade mais populosa do Estado – com cerca de 502 mil habitantes – apontou a diminuição da receita e o desemprego crescente como os maiores desafios que enfrentou em 2017. Ainda assim, o município da Serra fecha o ano com as contas em equilíbrio, fruto dos esforços feitos ao longo do ano. Medidas como renegociação de contratos, redução de gastos com aluguéis e racionalização da folha de pagamento permitiram diminuir as despesas em 7% na comparação com o mesmo período de 2016: de R$ 909 para R$ 845 milhões. De olhos postos num provável reaquecimento da economia a partir do próximo ano, o prefeito Audifax Barcelos foca a atração de novas empresas para o município como caminho para a geração de empregos e renda. Para isso, a Serra foi a primeira cidade do Estado a aderir às 10 Medidas contra a Burocracia, propostas pela Federação das Indústrias (Findes). “O grande desafio da população hoje é emprego, e o das administrações é gerar oportunidades para que

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O foco da prefeitura é atrair novas empresas para gerar emprego e renda


SERRA EM NÚMEROS 502 mil habitantes 547, 637 km² de área territorial R$ 14,8 bi – 2° maior PIB do ES 129 bairros e distritos 8. 524 indústrias 41,7 km de BR 101 23 km de litoral R$ 400 mi de investimento 2018-2020 Fonte: Prefeitura da Serra

os munícipes retomem o poder de compra. Isso é fundamental para que a Serra volte a crescer”, explica Audifax. A verba anunciada para investimentos nos próximos três anos gira em torno de R$ 400 milhões. “Se a economia de fato melhorar, a perspectiva de investimento será ainda maior”, aponta o prefeito. Para atender às necessidades do mercado e fomentar o empreendedorismo, a prefeitura ofereceu, até o mês de outubro, duas mil vagas gratuitas em cursos de capacitação. Para 2018, estão previstas mais 6 mil vagas de qualificação profissional. Outro efeito do desemprego foi que, consequentemente, muitos trabalhadores perderam seus planos de saúde. O resultado foi o súbito aumento da demanda por atendimento nas unidades de saúde e nas UPAs, bem como por medicamentos. Nesse sentido, para agilizar e melhorar a qualidade do atendimento aos moradores, a prefeitura está trabalhando na informatização das unidades de saúde e entrega, em 2018, uma nova unidade de pronto-atendimento (UPA), que vai contemplar mais de 140 mil moradores das regiões de Jacaraípe e Feu Rosa. O número de alunos na rede pública também subiu, em razão da dificuldade de muitos pais em pagar escolas particulares. Nessa área, a da educação, a prefeitura inaugurou uma creche em Jardim Carapina e dois ginásios poliesportivos nas escolas Abrahão Gomes de Araújo, em Barcelona, e Profª Maria Istela Modenesi, em Bairro das Laranjeiras. Desde 2013, foram construídas 10 creches e quatro escolas, passando de 121 unidades,

100 milhões de reais serão destinados para novas estradas no município da Serra

em 2013, para 135, em 2017. Até 2020, Audifax Barcelos pretende entregar mais creches, a fim de atender 100% das crianças de zero a 2 anos, já que estão sobrando vagas para a faixa de 4 a 5 anos – um fato inédito na história da Serra. MOBILIDADE URBANA A atual gestão está otimista em relação às melhorias na infraestrutura da Serra. Serão 100 quilômetros a mais de ciclovias e ciclofaixas, além de R$100 milhões destinados para novas estradas que farão a ligação entre os bairros serranos. O prefeito destacou também, para 2018, a conclusão da obra do Rio Jacaraípe, que inclui dragagem e implantação de ciclovia ao longo de toda a sua extensão. Para o próximo ano, uma das prioridades é avançar no projeto para a construção de um mergulhão (passagem subterrânea para veículos) na rotatória do Hospital Dório Silva, popularmente conhecida como rotatória do “O”. Ao ser concluída, a obra deve desafogar o trânsito da região, em que passam

cerca de 4 mil veículos por hora. A melhoria da ligação com as avenidas Eudes Scherrer, Copacabana, Talma Rodrigues Ribeiro, Paulo Pereira Gomes e Civit vai beneficiar o transporte público no acesso aos terminais de Laranjeiras e Jacaraípe e também o transporte alternativo, com a implantação de ciclovias e a previsão de novas calçadas. Audifax pretende dar atenção especial ao trecho. “Meu sonho como prefeito é transformar a Avenida Eudes Scherrer na ‘Avenida Paulista’ do Espírito Santo”, brinca o gestor. A população já percebe os efeitos positivos de outra obra, entregue este ano: a redução do números de acidentes no Contorno de Jardim Carapina. Com investimento de R$ 4,2 milhões, feito com o governo do Estado, os três quilômetros de extensão ligam a região do Contorno diretamente à Reta do Aeroporto, reduzindo o trânsito na região de Carapina. Outra conquista foi o trecho de 250 metros de estrada que reduziu em 3,5 quilômetros a ligação entre os bairros Eldorado e Nova Carapina. radio.esbrasil.com.br •

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SERRA

AUDIFAX BARCELOS Em seu segundo mandato consecutivo à frente da Prefeitura da Serra (desde 2013), Audifax Barcelos é formado em Economia e Administração de Empresas. Em 2008, assumiu a Secretaria Estadual de Planejamento e Economia e, em 2010, foi o deputado federal mais votado do Espírito Santo. Como avalia os impactos da crise no município? A crise atingiu primeiro o trabalhador, em razão do desemprego, da queda da massa salarial, da perda do poder de compra, e a consequência foi a falência do comércio e das indústrias. Isso repercute muito no município, em todas as esferas. A receita cai, e as despesas aumentam. A arrecadação é fruto da movimentação econômica e, com a população sem poder de compra, cai a arrecadação de ISS e IPTU. Por outro lado, as despesas aumentaram. As consequências foram dramáticas, mas com planejamento conseguimos manter as contas em dia. Quais foram as estratégias para enfrentar a crise? Criamos grupos específicos para que, semanalmente, analisassem os gastos públicos e focassem a revisão de contratos, receita e captação de recursos. Dessa forma, foi possível terminar o ano com R$ 400 milhões para investimentos. Assinamos com a Federação das Indústrias (Findes) a adesão a uma política com medidas para atrair novas empresas para a cidade. O grande desafio da população hoje é emprego. Então, a geração de oportunidades é fundamental. 124

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Como será aplicada a verba para a cidade? O va l or s e rá apl i c ad o e m áre as essenciais para a população. Além da entrega de importantes obras para a saúde e educação, faremos a entrega de mais 400 casas populares em Vila Nova de Colares, cerca de R$ 17 milhões. No lazer, destacamos a ampliação do Parque da Cidade, a conclusão da obra da Praça das Águas e a destinação de R$ 20,6 milhões para a obra da Arena Riviera, em Jacaraípe, que será o maior ginásio poliesportivo do Estado. Para reforçar a segurança, a prefeitura está trabalhando na troca da iluminação de toda a cidade por lâmpadas de LED ou vapor metálico, que são mais eficientes e econômicas, inclusive na orla das praias de Nova Almeida e Jacaraípe. Como pretende melhorar a integração com a Grande Vitória? Começamos os estudos para construir um acesso de 15,4 quilômetros de Vitória, na Avenida Dante Michelini, até o posto BKR, na altura de Taquara, na Serra. Também temos a expectativa de que a obra do contorno do Mestre Álvaro saia do papel, para reduzir em 32% o trânsito na BR 101 entre

Serra-Sede e Carapina. O Estado já liberou R$ 26,6 milhões para desapropriações ao longo da via, consideradas impasses para o início da obra. O que o eleitor da Serra pode esperar do ano eleitoral? A população precisa de alguém que represente uma força moral para o Brasil, que vive uma crise ética. Alguém que, de fato, use a política como serviço, e não para enriquecer. O segundo ponto que destaco é que esse alguém tenha a capacidade de melhorar a economia privilegiando a geração de empregos. Para mim, essas serão as questões centrais na campanha do ano que vem. O que esperar para 2018? A nossa expectativa para o próximo ano é muito positiva para a Serra. Torcemos para que o Estado caminhe nessa mesma linha do nosso município e também que os gestores públicos trabalhem muito para melhorar a vida dos brasileiros. Tenho fé em Deus de que 2018 será melhor, especialmente para os mais pobres. Estou muito feliz, empolgado e confiante de que grandes coisas acontecerão nos próximos anos para os moradores da Serra.


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CARIACICA

O Cmei de Cariacica-Sede (Morrinhos) é uma das creches que serão entregues em 2018

Foto: Lucas Calazans

CARIACICA RECUPERA O RUMO DO CRESCIMENTO DIANTE DA QUEDA DA ARRECADAÇÃO, MUNICÍPIO APOSTOU EM MEDIDAS ALTERNATIVAS PARA CAPTAR RECURSOS

A

pós um período conturbado de instabilidade financeira, a Prefeitura de Cariacica comemora o equilíbrio das contas. Em seu segundo mandato, o prefeito Juninho atribui o bom resultado à austeridade, que garantiu ao município uma posição estratégica para o crescimento que se anuncia. No entanto, a falta de verba para o ano de 2017 inviabilizou um avanço mais robusto da infraestrutura de Cariacica. Em obras, o investimento caiu de R$ 42.790.882,20 para R$ 17.583.987,09, em relação ao ano passado. Diante disso, a prefeitura apostou em medidas alternativas para reforçar o caixa, como a parceria público-privada para a implantação do estacionamento rotativo e a elaboração de projetos para captação de recursos com os governos estadual e federal, tanto por meio de convênios quanto de emendas parlamentares. O município trabalhou também na obtenção de financiamentos com a Caixa Econômica Federal e com o Banco do Brasil, somando um valor de R$ 85 milhões. Parte desses recursos será aplicada na realização de obras do Orçamento Participativo que estão pendentes

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por falta de verba. Uma parcela também será utilizada no serviço de recapeamento de vias, sobretudo na recuperação da malha viária danificada pelo uso intenso e pelas chuvas. Outra ação importante foi o trabalho institucional de posicionamento e fortalecimento da imagem da cidade, que propiciou a chegada de investimentos privados nos setores industrial, logístico e, principalmente, de construção civil. Nesse sentido, a grande conquista de 2017 foi a criação do Centro de Distribuição da Zona Franca de Manaus, que funcionará às margens da Rodovia do Contorno.

“O rigor no controle das contas públicas garantiu equilíbrio econômico da cidade e a colocou numa posição estratégica para o crescimento” Juninho, prefeito de Cariacica


CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO DA ZONA FRANCA DE MANAUS (ZFM) O Polo Industrial de Manaus (AM) possui aproximadamente 600 indústrias de alta tecnologia e gera mais de meio milhão de empregos, diretos e indiretos, principalmente no segmento de eletroeletrônicos. Os produtos fabricados na Zona Franca serão remetidos ao Estado com suspensão do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). A partir de Cariacica, cuja vantagem competitiva deve-se à estratégica situação geográfica do Espírito Santo, as mercadorias serão destinadas à comercialização em todo o território nacional e também à exportação. O armazém capixaba será operado pela empresa Terca, que venceu a licitação do governo do Amazonas. O polo de distribuição já tem aval para começar a funcionar e deve agilizar o processo de entrega dos produtos comprados online a partir da Região Sudeste. “O polo está proporcionando novas perspectivas de negócios para Cariacica, abrangendo toda a cadeia produtiva, principalmente a mão de obra local”, comemora o prefeito Juninho.

A implantação do estacionamento rotativo aumentou a fluidez do trânsito em Campo Grande Foto: Cláudio Postay

Foto: Cláudio Postay

A população de Cariacica vai contar com a entrega de importantes obras em 2018

Foto: Cláudio Postay

EDUCAÇÃO E SAÚDE SÃO PRIORIDADES Este ano, 50% de toda a arrecadação municipal foram destinados às áreas de educação e saúde. A Administração destacou a inauguração da creche Maria Custódio de Jesus, em Porto de Cariacica, com o valor final de R$ 2 milhões. Até o fim de 2018, está prevista a criação de 1.600 vagas nas creches dos bairros Jardim América, Cariacica-Sede (Morrinhos), Porto Belo II, Vila Prudêncio, Alzira Ramos e Vale dos Reis, com um investimento superior a R$ 5 milhões, oriundos de convênio com o governo federal. Entre os destaques na saúde estão o início da elaboração de um plano para reestruturar todo o atendimento médico municipal e a publicação do Decreto nº 124/2017, que instituiu a gratificação por plantões e produtividade para médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem que trabalham na rede municipal. Outra medida foi a implantação do

ponto eletrônico em toda a área da saúde, decisão que será estendida a todos os setores da prefeitura. INVESTIMENTOS EM OBRAS em reais (R$) 2016 2017

Fonte: Prefeitura de Cariacica

42.790.882,20 17.583.987,09

No Pronto-Atendimento de Alto Lage, o processo de informatização está avançado. A expectativa é que o sistema seja implantado em todas as unidades de saúde do município, agilizando o atendimento e permitindo o acompanhamento do histórico clínico de cada paciente. Ainda em 2017, uma nova unidade de saúde deve ser inaugurada, em Nova Rosa da Penha 2. INFRAESTRUTURA A fluidez do trânsito em Campo Grande melhorou com a implantação do estacionamento rotativo, fruto de concessão. O moderno sistema, que não utiliza parquímetro, promoveu a melhor utilização das vagas do centro comercial da Avenida Expedito Garcia, chegando a registrar em média cinco veículos por vaga num dia. O serviço é utilizado pelo aplicativo Digipare, acessado pelo smartphone. Na mesma avenida, foram investidos R$ 826.995,07 na revitalização das calçadas, que recebem grande fluxo de pedestres. E em Alto Lage a prefeitura realizou obras de impermeabilização, por meio de geomanta, e estabilizou a encosta às margens da BR 262. O investimento foi de R$ 1,2 milhão. radio.esbrasil.com.br •

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CARIACICA

JUNINHO Geraldo Luzia Júnior, o Juninho, eleito em 2013, foi o prefeito mais votado em todo o território nacional, com 85% da preferência dos que foram às urnas. Formado em Educação Física, ele já ocupou o cargo de secretário municipal de Cultura, Esporte e Lazer de Cariacica e foi vice-prefeito da cidade. Em 2016, Juninho garantiu mais um mandato, até 2020. Qual foi o maior desafio neste primeiro ano da atual gestão? Nos últimos anos, vivemos um momento de crise financeira, institucional e política. Sem dúvida, o maior desafio foi conseguir manter a cidade organizada e com as contas equilibradas. O trabalho diário realizado com a minha equipe permitiu que chegássemos ao fim de 2017 com as contas no azul e com um cenário otimista para investimentos, seja com recursos de convênio, seja de financiamento, seja de parcerias com a iniciativa privada. Viabilizamos importantes obras na área de esporte e lazer, quase prontas para serem entregues à população: a Praça CEU, em Nova Rosa da Penha 2, e o Centro de Iniciação Esportiva de Cariacica (CIE), entre Itacibá e Nova Brasília.O investimento feito foi de quase R$ 7 milhões no total, provindos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do Ministério da Cultura e do Esporte. O município já superou a crise? Este foi um ano de continuidade do trabalho de manutenção das contas 128

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públicas, exercido desde o meu primeiro ano de mandato, em 2013. O corte de custeio seguiu como um objetivo, sem diminuir a qualidade dos serviços à população, mas preparando a cidade para começar a sair do cenário de crise econômica vivido em todo o país. A crise debilitou todos os municípios, mas podemos dizer que a pior fase já passou. A diferença será vista comparando-se os resultados de quem soube fazer o dever de casa e que, neste momento, começa a colher os frutos. Assim é Cariacica hoje: pronta para iniciar o crescimento sustentável. Como o município tem contribuído para promover a integração da região metropolitana? Não há como pensarmos Cariacica sem pensar em integração, já que faz limite com as maiores cidades: Vitória, Vila Velha, Serra e Viana. Por isso, ainda no início de 2017 assinamos o convênio que previa trocarmos informações, métodos e planejamento. Dessa maneira, o Plano Diretor

Municipal (PDM) de Cariacica foi elaborado para se encaixar no Plano Diretor Urbano Integrado da Grande Vitória (PDUI). Estamos avançando também em parcerias bilaterais, tendo como exemplo a parceria entre Cariacica e Vila Velha por meio das equipes de videomonitoramento, compartilhando imagens de ocorrências que comecem num município e terminem no outro. Em quais eixos de ligação com os municípios vizinhos será mais evidente essa evolução? Cariacica está planejando, por exemplo, a Rodovia Leste-Oeste como um novo corredor de desenvolvimento. A via, que será outra ligação a Vila Velha, abrigará o Hospital Geral de Cariacica e será aberta para novos condomínios, tanto residenciais, quanto empresariais. Assim, surge um novo ponto focal de desenvolvimento econômico e social da cidade. Esse viés de crescimento foi definido nos planos municipal e da região metropolitana.


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VIANA

Fotos: Secretaria de Comunicação / Prefeitura de Viana

UMA GESTÃO QUE GERA OPORTUNIDADES

O município registrou um crescimento no número de microempreendedores de 389% no período de 2012 a 2017

MANTENDO O RITMO DE DESENVOLVIMENTO, VIANA NÃO CEDEU À CRISE E APOSTOU NA GERAÇÃO DE EMPREGO E RENDA

U

m cenário de transformação e oportunidades. Viana, que se destacou nos últimos anos com obras em todo o município e vem se tornando referência no Estado no ramo da logística, seguiu 2017 abrindo portas para o desenvolvimento. A aposta é garantir qualificação e apontar, assim, para caminhos na geração de emprego e renda para o cidadão vianense. Mais de duas mil pessoas já foram qualificadas, e o mercado para microempreendedores foi promissor: o Nossocrédito contabilizou o empréstimo de mais de R$ 2 milhões somente neste ano, somando-se aos R$ 13 milhões dos últimos quatro anos. Viana também tem o melhor saldo acumulado na criação de empregos na Grande Vitória, à frente da capital, de Vila Velha, da Serra e de Cariacica. De janeiro a outubro deste ano, 210 empregos foram gerados no município, que também registrou um salto recorde no número de microempreendedores: 389% de crescimento no período de 2012 até 2017. Somente do ano passado para cá, 600 microempreendedores individuais foram formalizados.

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QUALIFICAÇÃO E DESENVOLVIMENTO Mais de duas mil pessoas participaram de graça dos cursos oferecidos pelo Programa de Qualificação, Geração de Emprego e Renda para o Vianense, o Gerar. As aulas são oferecidas no Centro de Qualificação Profissional, em Viana-Sede, num prédio construído onde, antes, havia uma obra abandonada por anos. Entrar para a faculdade também se tornou realidade por meio do Gerar. Já são 961 bolsas de estudos de nível superior ofertadas em parceria com faculdades particulares como a Fesav, a Faev e a Pio XII. O Gerar também direcionou vianenses para 641 bolsas de nível técnico. O programa Gerar tem sido a ponte entre o morador e o mercado de trabalho. As atividades são desenvolvidas em duas unidades: uma é o Centro de Qualificação Profissional e a outra é a Agência de Empregos, também localizada na sede do município. Em apenas nove meses de funcionamento, quase 6.400 cadastros já foram feitos na agência, e cerca de 700 encaminhamentos, gerados para empresas de Viana.


CRESCIMENTO DO NÚMERO DE MICROEMPREENDEDORES INDIVIDUAIS 4.232

1.085 2012

389%

2017

Fonte: Prefeitura de Viana

ESCRITURAS EM MÃOS! Outro avanço foi a regularização fundiária no município. O bairro Vila Bethânia, como projeto piloto do programa Lar Legal, já está na segunda etapa, quando mais famílias serão beneficiadas com a facilitação do acesso às escrituras de seus terrenos. Foram entregues 200 certificados neste ano, durante a primeira etapa do programa, e mais 483 lotes serão regularizados já no início de 2018. “O objetivo é regularizar todo o município”, destacou o prefeito Gibson Daniel. TECNOLOGIA NAS ESCOLAS A tecnologia entrou de vez na vida dos estudantes. O Laboratório Didático Móvel passou a fazer parte das aulas de Ciências, Geografia e Matemática, tornando-as mais dinâmicas e interativas. Também nesse contexto, agora as escolas de ensino fundamental contam com o controle de presença por reconhecimento facial, garantindo uma gestão mais eficaz da frequência dos alunos e avisando por SMS aos pais, em caso de falta, sobre a ausência do filho na escola. De mãos dadas com o dinamismo em sala de aula está o aumento das oportunidades para crianças de 3 a 5 anos que vão iniciar a vida escolar. Mais de 500 vagas serão geradas na educação infantil com os novos Centros Municipais de Educação Infantil. As obras estão em andamento em Caxias do Sul, com o Cmei Guilherme de Almeida Filho, e em Vale do Sol, com o Cmei Joana Batista.

Mais de 6 mil pessoas se cadastraram na Agência de Empregos em 2017

SAÚDE Viana e outros municípios capixabas estudam um novo modelo para trazer mais eficiência e custos menores na aquisição de medicamentos para o Sistema Único de Saúde (SUS). Representantes de Itaguaçu, Conceição do Castelo, São Domingos do Norte e Guaçuí, além dos secretários de Saúde de Viana, Serra e Vitória e integrantes da Gerência Farmacêutica da Secretaria de Estado da Saúde, visitaram a equipe do Consórcio Público de Medicamentos do Paraná e conheceram de perto o sistema de consórcio, que é um dos mais econômicos do país.

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É o número de microempreendedores formalizados de janeiro a novembro de 2017

“Esse é mais um avanço para trazer benefícios para os municípios capixabas. Teremos uma economia expressiva ao comprarmos em conjunto”, disse Gilson Daniel. Viana também se destacou neste ano por registrar o menor índice de mortalidade infantil da Grande Vitória. De janeiro a agosto, o município contabilizou um coeficiente de 7,38 mortes por mil nascidos vivos, o que significa seis óbitos registrados no período. Nas unidades de saúde, o município registrou cerca de 31 mil consultas. Quanto à segurança pública, a integração com a região metropolitana também tem gerado avanços. Em abril, Viana apresentou aos municípios da Grande Vitória o aplicativo “Sentinela Viana”, um modelo de ferramenta para otimizar ações de combate à violência. A parceria ganha força, e as Centrais de Videomonitoramento de Viana, Vitória, Vila Velha, Serra, Fundão e Guarapari têm feito reuniões periódicas para aprimoramento dos serviços. radio.esbrasil.com.br •

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VIANA

GILSON DANIEL Em seu segundo mandato à frente da Prefeitura de Viana (desde 2013), Gilson Daniel é formado em Contabilidade, pós-graduado em Contabilidade Pública e Gerencial e mestre em Finanças. Ingressou na carreira política em 2008, quando foi eleito vereador no mesmo município. Quais foram os rumos tomados neste primeiro ano de gestão em Viana? O trabalho tem sido feito tendo como base o planejamento. O tempo é pouco para executar tantas ações. Dos 1.460 dias para administrar a cidade neste mandato, praticamente 365 já se passaram. Os municípios que querem fazer entregas à população, principalmente projetos que mudem a vida das pessoas, necessitam de um planejamento estratégico. E foi isso que buscamos desde janeiro e estamos executando. Identificamos nossas prioridades, as forças e as fraquezas e traçamos as ações em programas de governo. São esses programas que estão norteando este novo momento. Com o foco no planejamento, já estamos pensando os próximos 20 anos para o município, por meio da Agenda 17/37.

seja com o governo estadual, seja com o federal. Por meio de emendas de parceiros, como a senadora Rose de Freitas, conquistamos a Policlínica de Marcílio de Noronha, por exemplo, bem como a Praça da Juventude. Para autorizar essas obras, inclusive, tivemos a presença dos ministros da Saúde e do Esporte em Viana. O nosso Programa de Obras não parou nem mesmo em meio à crise. Hoje, já são mais de 540 obras e mais de R$ 90 milhões investidos desde 2013.

O senhor já observa mudanças nos cidadãos? O foco desta gestão é mudar a vida das pessoas, oferecendo formação e oportunidades para o mercado de trabalho. Temos alcançado nosso objetivo. Muitas famílias passaram a ter a sua renda por meio do aprendizado obtido nos cursos, e isso tem fomentado o empreendedorismo em muitos.

Os pequenos negócios também receberam reforço? Trabalhamos com várias ações de fomento ao empreendedorismo, por entender que esta é a base da economia local. Hoje, com o programa Viana Empreendedora, o município avançou no fomento ao empreendedorismo. O cenário de crise econômica tem sido superado pelos pequenos empreendedores. O ano de 2017 fecha com mais de R$ 2 milhões em empréstimos concedidos pelo Nossocrédito, ultrapassando o valor do mesmo período do ano passado. Em apenas cinco anos, superamos os números dos 10 anos anteriores: de 2013 a 2017 foram R$ 13 milhões, passando à frente dos R$ 8 milhões em créditos aprovados anteriormente.

Com a queda na arrecadação, o que a Administração fez para manter o desenvolvimento da cidade? As parcerias são essenciais para que o desenvolvimento aconteça. É preciso planejar e ter projetos para captar recursos,

Quais são os avanços na integração de Viana com os demais municípios da Grande Vitória? Dialogar é essencial, e a integração entre os municípios só traz benefícios. Além dos da Grande Vitória, Viana

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conversa hoje com todos os municípios do Espírito Santo. Caminhamos juntos para trazer facilidades na hora de executar serviços que vão ao encontro do cidadão. Uma dessas ferramentas de gestão é o consórcio de medicamentos, que está sendo construído a muitas mãos. Vamos comprar medicamentos para a rede pública com uma economia de até 30%. Essa parceria pode abrir as portas para outros projetos que beneficiem o cidadão e otimizem o trabalho da administração pública. A sua gestão tem sido bem avaliada. O que é preciso para ser um bom gestor? Ser gestor de órgão público não é uma das tarefas mais fáceis, principalmente em um período de crise econômica, como o que vemos no cenário nacional. No momento, a receita pública está aquém das necessidades da cidade. Por isso, é um desafio muito grande. Mas, acima dos desafios, o mais importante e necessário é o amor pelo trabalho que está sendo feito. Pela satisfação e realização pessoal, que é o meu caso. Tinha o sonho de trabalhar pelo município. Para ser um bom gestor, também é preciso conhecimento técnico, formar uma boa equipe técnica de governo, em especial nas áreas de elaboração de projetos e de captação de recursos, além da proximidade com o governo do Estado e com toda a bancada estadual e federal, independentemente de questões partidárias.



CACHOEIRO

O serviço complementar itinerante de saúde pública foi lançado em novembro

SERVIÇOS MAIS MODERNOS E GESTÃO MAIS TRANSPARENTE CIDADÃOS CACHOEIRENSES PODERÃO CONSULTAR PELA INTERNET HORÁRIOS DE ÔNIBUS E NOTAS DOS ALUNOS

O

município de Cachoeiro de Itapemirim teve o que comemorar em 2017. Para começar, os casos de dengue caíram 95%, e o atendimento no pronto-socorro infantil passou a ser ininterrupto, 24 horas por dia. A prefeitura tem apostado na inovação e está para lançar um aplicativo de celular para que a população possa acompanhar os horários dos ônibus em tempo real. O uso das novas tecnologias também é adotado nas escolas, em que a Secretaria Municipal de Educação está implantando um sistema para acesso aos históricos dos alunos, faltas e boletins. Com a ferramenta, os pais também poderão fazer a matrícula dos filhos pela internet. Além dos avanços em saúde e educação, outra conquista da cidade em 2017 foi o salto na transparência. O novo portal destinado à publicação de todos os gastos municipais foi lançado pela prefeitura. Agora, Cachoeiro pulou da 34ª para a 6ª posição no ranking do Tribunal de Contas do Estado. COMBATE À DENGUE Cachoeiro de Itapemirim deu um grande passo para eliminar uma doença que há muito tempo atinge os capixabas. Em relação a 2016, o número de casos de dengue caiu 95% em 2017. Entre as atividades para controlar a proliferação do mosquito transmissor, foram promovidos mutirões de limpeza e visitas periódicas da equipe de vigilância ambiental às regiões com maior incidência

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de focos de propagação. O município também apostou na aplicação de inseticidas em espaços abertos e na implantação de armadilhas para o Aedes aegypti em pontos estratégicos da área urbana. A Prefeitura de Cachoeiro registrou 9.279 casos da doença entre janeiro e setembro do ano passado. Já em 2017, em igual período, foram 395 registros. A comparação leva em conta apenas os casos confirmados de dengue. PRONTO-ATENDIMENTO INFANTIL 24 HORAS A atendimento de urgência e emergência para as crianças em Cachoeiro de Itapemirim passou a acontecer 24 horas por dia.

HORÁRIOS DE ÔNIBUS EM TEMPO REAL Usuários do transporte público em Cachoeiro poderão, em breve, monitorar o serviço com maior precisão por meio de smartphones. O cidadão vai acessar os horários e itinerários de cada linha de ônibus em tempo real. Toda a frota está com aparelho de GPS para o acompanhamento. O aplicativo Ponto Cachoeiro está em fase final de desenvolvimento e deve ser lançado no primeiro semestre de 2018. O aplicativo será disponibilizado gratuitamente para download e poderá ser instalado em aparelhos com os sistemas Android ou iOS.


Desde novembro, o Pronto-Atendimento Infantil (PAI) Dr. Gilson Carone funciona durante o dia e à noite para pacientes com idade inferior a 12 anos. O pronto-atendimento funcionava das 7 às 22 horas, mas a prefeitura fez um novo convênio para mantê-lo aberto em tempo integral, sem interrupção. Esse investimento será de R$ 4,4 milhões para manter o local aberto por um ano. A estrutura do PAI recebeu também novos equipamentos e mais profissionais, como técnicos, vigilantes e médicos TRANSPARÊNCIA Cachoeiro agora tem um novo Portal da Transparência. A prefeitura lançou o site em setembro deste ano e já conseguiu um ótimo resultado. No ranking do Tribunal de Contas do Estado (TCE-ES), elaborado a partir de auditoria nos portais dos municípios, Cachoeiro subiu 28 posições. Saiu da 34ª colocação, em 2015, para o 6ª lugar no levantamento divulgado no fim de dezembro. A nota dada ao Portal da Transparência de Cachoeiro passou de 47,3% para 85,5%. A avaliação do TCE leva em conta 246 itens relacionados aos tipos de informação sobre despesas, pessoal, licitações e contratos, gestão fiscal, patrimônio, aspectos gerais, transferências e receitas. “O Portal da Transparência que implantamos foi desenvolvido do zero, a partir de ferramentas livres e gratuitas, e apresenta uma gama de informações muito mais ampla, completa e detalhada do que a versão anterior, de modo que as exigências da legislação sobre o tema sejam atendidas”, frisou o prefeito Victor Coelho. EDUCAÇÃO: OBRAS E TEMPO INTEGRAL A educação cachoeirense recebeu investimento de mais de R$ 2,7 milhões para as escolas municipais, empossou mais de

Ações de prevenção reduziram em 95% o número de casos confirmados de dengue

200 profissionais aprovados em concurso público e aumentou a oferta de atividades no contraturno escolar, passando a atender mais de 800 alunos. Essa jornada escolar ampliada vai contar com aulas da grade básica e atividades extras. Este ano, aconteceu a ampliação das ações do Centro Integrado de Atividades Educacionais (Ciae) Newton Braga, no bairro Ferroviários. Os estudantes participaram de aulas de dança, balé, musicalização, teatro, inglês, judô e caratê. Além disso, foi elaborado o programa Escola de Tempo Integral. As matrículas já aconteceram para a fase piloto no próximo ano letivo. O programa vai atender, primeiramente, às turmas do 1º ao 5º ano do ensino fundamental na Escola Athayr Cagnin e de pré-escola na Escola Aurora Estellita Herkenhoff.

CASOS CONFIRMADOS DE DENGUE CAEM 75%

9.279 casos

395 casos

2016

2017

Fonte: Prefeitura de Cachoeiro de Itapemirim

A administração também repassou recursos para investimentos nas 75 escolas municipais. Foram mais de R$ 2,7 milhões para melhorias na estrutura física das unidades, com regularização dos prédios, das ligações de água e esgoto e de questões de segurança. Dentro desse pacote estão as ampliações de cinco escolas de educação infantil: Sandra Monteiro Vargas Piassi, Zilma Coelho Pinto, Albertina Macedo, Carim Tanure e Raul Sampaio Coco. A Secretaria de Educação também retoma a construção da supercreche do bairro Village da Luz, que é fruto de convênio com o Ministério da Educação, e dá início à obra do novo prédio da escola Olga Dias. HISTÓRICO, BOLETINS E FALTAS PELA INTERNET Ao lado das melhorias materiais, uma inovação começa a fazer parte do cotidiano do ensino na cidade. As informações sobre as escolas municipais de Cachoeiro de Itapemirim a partir de agora estarão reunidas no sistema educ@ci. A prefeitura lançou a ferramenta em dezembro, após experimentá-la em duas unidades da rede municipal. Com o sistema, é possível acessar em tempo real históricos escolares, boletins, diários eletrônicos, grade de horários, pauta eletrônica e até relatório de faltas por professor e por aluno. Futuramente, será possível aos pais e responsáveis terem acesso via internet aos boletins escolares de seus filhos e fazer a matrícula on-line . radio.esbrasil.com.br •

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CACHOEIRO

VICTOR COELHO Cachoeiro se destaca isoladamente no sul capixaba como polo regional e procura manter um bom relacionamento com os municípios vizinhos. O prefeito Victor Coelho termina o primeiro ano de mandato e garante que a cidade está sempre de braços abertos para parcerias que beneficiem a região. Em 2017, Cachoeiro enfrentou problemas, mas fez avanços em atendimento de saúde, no combate à dengue e em transparência. Como resumiria este primeiro ano de gestão em Cachoeiro? Podemos resumir este ano em duas palavras: organização e economia! Identificamos os gargalos e aplicamos reajustes. Reorganizamos grandes contratos, como de manutenção de veículos e coleta de lixo, para diminuir os gastos. Ajustamos financiamentos, com diminuição de juros e multas, o que resultou numa economia de quase R$ 8 milhões. O início do primeiro ano de mandato é involuntariamente uma época de reconhecer a situação da prefeitura. Enfrentamos situações atípicas (febre amarela e crise da segurança), que exigiram esforços e cautela. Tivemos que reprogramar os planejamentos para iniciar a nossa forma de trabalhar. Quais foram as prioridades de investimento da prefeitura em 2017? Conseguimos muitas conquistas, mas a prioridade foi implantar a nossa forma de gestão. Gosto de destacar a nossa evolução no quesito transparência. Subimos 28 136

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posições no ranking do TCE-ES, alcançando a 6ª colocação em 2017. A nota evoluiu de 47,3% para 85,5% e mostra o nosso compromisso de colocar a população como participante da administração pública. Fizemos investimentos em vários setores. O que fez diferença na prestação do serviço foi a recuperação e aquisição de veículos e maquinários para atender aos distritos e moradores de rua com assistência médica e odontológica. O Ônibus da Saúde chega a localidades onde ainda não havia atendimentos médicos. Também entregamos quatro retroescavadeiras para prestar serviço no interior e dez viaturas para a Guarda Mu n i c i p a l . I m p l a n t a m o s , a i n d a , o funcionamento 24 horas no ProntoAtendimento Infantil. O que Cachoeiro tem feito para atrair mais investimentos? Construímos uma administração que inclui o diálogo com as classes política e empresarial. Montamos o Escritório de

Projetos, que trabalha exclusivamente na busca de recursos e na inclusão do município em programas estaduais e federais (emendas, financiamentos e convênios). O relacionamento com o setor privado já tem rompido fronteiras e temos feito contatos até mesmo com empresários do exterior. Já recebemos representantes da China, Panamá, México e Peru, que vieram estudar parcerias com a classe produtiva local. Como o município tem conseguido sucesso no combate à dengue? Um dos pontos principais foi a criação do Comitê Municipal de Contingência, que se reúne quinzenalmente para acompanhamento das ações de controle do Aedes aegypti. Intensificamos o monitoramento com a implantação de 339 armadilhas para o mosquito e a realização da Sexta sem Aedes, que promove mutirões nos bairros com maiores índices de infestação. Este ano já foram recolhidas 917 toneladas de lixo e entulho.



PRESIDENTE KENNEDY

Foram investidos cerca de R$ 68 milhões na melhoria de vias

PRESIDENTE KENNEDY CRESCE EM INFRAESTRUTURA E QUALIDADE DE VIDA MESMO COM QUEDA DE 37% DO PIB PER CAPITA, MUNICÍPIO SE MANTÉM COMO O MAIS RICO DO PAÍS

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crise brasileira dos últimos três anos não poupou empresas nem consumidores, e com os municípios não tem sido diferente. Em Presidente Kennedy, cidade pequena e rica localizada no sul do Estado do Espírito Santo, a diminuição da receita se refletiu nos investimentos da prefeitura, que passaram de R$ 231,8 milhões em 2016 para R$ 190,6 milhões em 2017. Ainda assim, em 2015, dado mais recente disponível, a cidade repetiu o resultado de 2014 e se manteve em primeiro lugar no ranking de PIB per capita dos municípios brasileiros, com R$ 513.134,20 para cada um dos seus 11.309 habitantes. O levantamento foi divulgado neste mês de dezembro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O ano em curso foi de esforços para melhorar as vias de acesso da sede do município às áreas rurais, com investimentos de cerca de R$ 68 milhões. “Entregamos várias obras de pavimentação, saneamento e infraestrutura em geral. Dentre as mais importantes, destacamos a conclusão da pavimentação das vias:

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Neste ano foram asfaltados 100 km de estradas


FUNDESUL Presidente Kennedy foi o primeiro município a se beneficiar com os recursos do Fundo de Desenvolvimento Econômico do Sul do Estado do Espírito Santo (Fundesul), no valor de R$ 50 milhões. A prefeita Amanda Quinta destacou que a verba será utilizada para viabilizar a infraestrutura ao redor do Porto Central. Trata-se de um complexo portuário multiúso de águas profundas destinado a atender empresas industriais e de serviços de suporte à indústria petrolífera, além de operações de contêineres e cargas em geral. A previsão é que a obra crie mais de 4.000 vagas de emprego.

Alegria x Leonel; Monte Belo x BR 101. Para o próximo ano, a previsão é asfaltar o acesso entre a rodovia ES162 e a estrada Leonel”, revelou o secretário municipal de Obras, Miguel Angelo Qualhano. Titular da pasta desde 2013, ele explica que até agora as intervenções foram voltadas para criar uma boa infraestrutura urbana. De um total de 163 quilômetros de estradas, 100 km já foram asfaltados, e a iluminação pública está sendo substituída por um sistema com lâmpadas de LED, mais econômico e eficiente. A troca já foi feita na comunidade São Paulo e está sendo ampliada na localidade de Jaqueira. De acordo com a prefeita Amanda Quinta Rangel, a prioridade neste segundo mandato será a humanização da cidade. “Até 2020, queremos elevar a qualidade dos atendimentos médicos, aumentar a oferta de vagas nas escolas e dar atenção ao paisagismo da cidade”, explica a gestora. O ano de 2017 marcou também a movimentação para viabilizar a nova rodoviária do município. O projeto foi concluído e já tem licença para o início das obras, que estão na etapa de desapropriação da área. AGRICULTURA Correspondente a 70% da arrecadação própria de Presidente Kennedy, mais de R$ 15 milhões foram investidos na agricultura, até novembro de 2017. O maior destaque da pasta foi a assinatura da ordem de serviço para a construção de cinco barragens, a fim de garantir o abastecimento de água por mais tempo às comunidades mais problemáticas. A previsão é que até o fim de 2018 as obras sejam entregues à população. Além disso,

Praia de Marobá, situada numa das comunidades contempladas com novas obras, vai receber escola e iluminação especial

a prefeitura adotou políticas públicas voltadas para a emancipação dos trabalhadores do campo, como a distribuição de ração para o gado, possibilitando ampliar a produção de leite; a entrega e plantio de sementes como parte do Programa de Recuperação de Pastagens; e a manutenção do Programa Olho D’água, criado pelo município para preservar as nascentes e garantir o abastecimento de água nas propriedades. EDUCAÇÃO E SAÚDE A rede municipal de ensino atende, atualmente, a 2.000 alunos e registrou melhora no Índice da Educação Básica (Ideb), superando a meta nacional de 6.0 pontos projetada para 2021. A prefeitura investiu na área educacional um total de R$ 45.455.799,58, entregou uma nova creche na comunidade de Santa Lúcia e está licitando outra na localidade de Jaqueira. Na região litorânea, a comunidade de Marobá também vai receber uma nova creche e uma escola. Além das obras para ampliar a rede de ensino, a administração destaca o reforço no cardápio da merenda escolar e a ampliação e reforma de três grandes escolas do município. Ao longo de 2017, foram oferecidas 900 bolsas de estudo em faculdades e cursos técnicos pelo Programa de Desenvolvimento do Ensino Superior (Prodes) e custeadas 1.317 vagas cursos em qualificação profissional em diversas áreas, em parceria com o Sistema S.

Na saúde, foram aplicados cerca de R$ 38 milhões para aquisição de novas ambulâncias; ampliação da distribuição de remédios; construção de unidades de saúde, nas localidades de Santa Lúcia, Boa Esperança e São Salvador; e pagamento dos convênios com hospitais da região para atendimentos de urgência e emergência. A maior expectativa do município na área é a criação do novo pronto-atendimento municipal (PAM). Para o secretário de Obras, o novo PAM vai desafogar o já existente e garantir aos moradores mais agilidade e qualidade nos atendimentos. ASSISTÊNCIA SOCIAL Na esfera da assistência social, Presidente Kennedy se destacou entre as 50 melhores gestões num total de 5.570 municípios avaliados, segundo pesquisa da União Brasileira de Divulgação (UBD). Só em 2017, a prefeitura entregou 40 casas populares para famílias em situação de risco, nos chamados loteamentos de interesse social. Para 2018, a previsão é oferecer mais 35 casas em Jaqueira, 66 em São Paulo e outras 22 residências em terrenos particulares. Estão em fase de licitação mais 100 casas no distrito-sede e mais 40 unidades na comunidade São Salvador, além das 50 casas que serão construídas em Santo Eduardo e que aguardam apenas a assinatura da ordem de serviço. Em dezembro, a secretaria distribuiu 900 cestas natalinas para famílias em risco social, além das cestas básicas que já são entregues mensalmente ao longo do ano. radio.esbrasil.com.br •

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PRESIDENTE KENNEDY

AMANDA QUINTA RANGEL

Aos 28 anos, Amanda Quinta Rangel está em seu segundo mandato à frente da Prefeitura de Presidente Kennedy, na região sul capixaba. Formada em Enfermagem, ela atuou como secretária municipal de Cultura antes de administrar a cidade. Como avalia o primeiro ano deste segundo mandato? O ano de 2017 foi difícil, mas, como todos os outros, de superação. Alguns entraves burocráticos impediram que tivéssemos um desempenho do tamanho do nosso desejo. No entanto, apesar de todos os obstáculos, conseguimos manter um nível de investimento alto, de mais de R$ 190 milhões, entregando serviços e obras de qualidade para a população. Quais foram os destaques da gestão em 2017? O ponto alto deste primeiro ano de mandato foi a proposição do Plano de Desenvolvimento do município para o período 2018-2035. Nós sabemos que os recursos dos royalties são finitos e, por isso, estamos nos preparando para diversificar a arrecadação, para que o município não dependa apenas de uma fonte de renda. No Planejamento Estratégico, que vai ser concluído e apresentado no primeiro semestre do ano que vem, teremos um 140

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diagnóstico atualizado e completo de Presidente Kennedy e uma série de ações previstas para os próximos 17 anos. Ele servirá como uma bússola para nortear as ações e viabilizar um município cada vez melhor, do jeito que sonhamos. Quais as expectativas acerca do Fundesul? Em vigor desde agosto deste ano, o Fundesul pode ser um divisor de águas na história de Presidente Kennedy. É uma importante ferramenta para criar condições de investimento em nossa região e tornar a área mais atrativa para a instalação de novas empresas e, consequentemente, para gerar trabalho e renda, que é o nosso maior de desafio atualmente. Como a cidade se prepara para incrementar o turismo? No verão, muitos turistas procuram as praias de Marobá e das Neves, que já possuem uma boa infraestrutura, com banheiros, barracas, salvavidas e até internet gratuita para os banhistas. Como a arrecadação do município aumenta com a grande circulação no balneário, estamos

investindo mais de R$ 6 milhões para modernizar a infraestrutura e deixá-lo ainda mais atrativo. O projeto inclui saneamento, paisagismo, urbanização e iluminação especial da orla. Acreditamos que essas intervenções irão fomentar o turismo local, além beneficiar os moradores da região, gerando emprego e renda. O que esperar para 2018? O ano que termina foi de desenvolvimento em todas as áreas: agricultura, saúde, educação, habitação e infraestrutura. Concretizamos uma série de iniciativas que beneficiaram diretamente o nosso povo. Para o próximo ano, pretendemos aplicar toda a experiência acumulada até aqui, somada ao ânimo e disposição para trabalhar pela conclusão das obras que iniciamos. A prefeitura é, hoje, a principal empregadora do município, e a expectativa da construção do Porto Central deve criar mais vagas de emprego no ano que vem. Acredito em dias cada vez melhores para Presidente Kennedy.



POLÍTICA

LUCIENE ARAÚJO Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

O Plenário da Câmara dos Deputados rejeitou por duas vezes a solicitação de autorização para o STF abrir processo criminal contra o presidente Temer por crime de corrupção

A ECONOMIA MELHOROU. MAS A POLÍTICA... DENÚNCIAS E NEGOCIAÇÕES SEM CLAREZA MOVIMENTARAM O CENÁRIO POLÍTICO DEIXANDO A SOCIEDADE AINDA MAIS DESESTIMULADA COM O MOVIMENTO PARTIDÁRIO

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As manifestações populares se repetiram em 2017

o parlamentarismo mais à frente. O que não se pode fazer é discutir duas ou três mudanças que apenas atendam a interesses próprios dos partidos”, frisou. Fato é que o excesso de “bombas” que vieram à tona levou o brasileiro a certa apatia, um sentimento ruim em relação à política. Mas Niemeyer destaca que “demonizar a classe política é um erro”. O cientista político enfatiza que não há “salvação” sem ação política. “Ela é redentora. Uma ação política que projeta políticas públicas, que pressupõe um olhar de futuro. A política é basilar para qualquer sociedade que se pretenda moderna, progressista e plural. Você não deve colocar todo mundo na mesma panela. Esse é um erro muito grave”, explica. Em 2017, a insatisfação com a classe política e as instituições atingiu números alarmantes. A crise de legitimidade alcança as

Foto: Pillar Pedreira/Agência Senado

E

ste texto poderia começar da mesma forma com que começamos a reportagem da Retrospectiva 2016: “Corrupção e propina”. Basta observar todos os desdobramentos da Operação Lava Jato e os milhões e milhões (que já somam bilhões) roubados dos cofres públicos. A diferença mais marcante, ao menos no cenário brasileiro, é que o mesmo Congresso que não quis saber de “conversa” no ano passado e derrubou a então presidente Dilma Rousseff, este ano negociou caro a permanência de Michel Temer no poder, após áudios bastante contundentes. Da mesma forma, a população que foi para as ruas em 2016, bateu panelas e gritou contra a corrupção, dessa vez ficou calada. “Entendo que as denúncias são graves, bem consubstanciadas, feitas pelo Ministério Público Federal, mas vamos aguardar sempre o devido processo legal, porque se não estaremos repetidamente com ações imediatistas que não solucionam o problema em si. Na minha perspectiva, é muito exagerado esse movimento de estar mudando o tempo todo o chefe do Executivo”, aponta o cientista político e coordenador do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec-RJ), José Luiz Niemeyer. Segundo Niemeyer, é fundamental fortalecer ainda mais o debate político e acabar com essa argumentação de que não tem jeito de mudar. “O mais importante é que a estrutura estatal brasileira permaneça naquilo que é perene: a Constituição. O Estado não quebra. A discussão hoje é como governar o país. E aí a reforma política é fundamental, mas precisa ser feita com profundidade, avaliar o voto distrital, a questão da suplência, as coligações e, quem sabe,


ESPÍRITO SANTO Em 2017, a questão legal trouxe problemas para muitos prefeitos, e alguns deles ainda sobrevivem por meio de liminar ou recursos protelatórios. Protagonizaram nesse sentido os prefeitos eleitos de Guaçuí, Vera Lúcia Costa (PDT); de Itapemirim, Luciano Paiva (PROS); de Guarapari, Edson Magalhães (PSD); de Castelo, Luiz Carlos Piassi (MDB), e seu vice, Pedro Nunes de Almeida (PSDB); e de São Mateus, Daniel Santana (PSDB), e o vice, José Carlos Araújo de Barros. “A insegurança jurídica gerada pela enxurrada de processos atrapalha a política local e inviabiliza a construção de projetos de médio e de longo prazo, uma vez que muitos desses governos não sabem se estarão de pé daqui a seis meses”, aponta Darlan Campos. A crise de representação também alcança o Espírito Santo, prejudicando desde a captação de investimento até dificultando a elaboração de grandes projetos. Cabem aos gestores públicos criatividade e planejamento para alcançar os resultados.

O principal destaque da administração pública estadual foi a organização das contas públicas mesmo em tempo de crise econômica

Foto: Secom/ES

instituições e impõe desafios aos partidos políticos. É o que defende o professor universitário e consultor em Marketing Político, Darlan Campos . E, numa tentativa de melhorar a imagem de suas agremiações, diversos partidos resolveram mudar de nome, tirando especialmente a palavra “partido”. “O branding político é uma ferramenta utilizada por partidos em todo mundo para transformar legendas, encontrando novos caminhos possíveis, uma vez que a imagem constitui referência identitária na política, numa sociedade marcada pela era da imagem e da publicidade e de uma prática política que se realiza nos padrões de comunicação configurados pela linguagem midiática. Entretanto, a mudança de nome ou logo é meramente superficial, uma vez que as estruturas partidárias continuaram as mesmas, com as velhas ideias e práticas políticas. As ações de branding político devem vir aliadas a ações fundamentais dentro da estrutura partidárias”, destaca o especialista.

por diferentes candidatos “ficha limpa”, que podem vir a disputar a Presidência da República. O governador tem uma agenda federal. “Há tempos, Hartung tem buscado posicionar-se no cenário nacional, apresentando o case capixaba como um sucesso no país. Em certa medida tem conseguido isso. A mídia nacional tem dado espaço para o crescimento da imagem de grande gestor. O desejo é antigo, compor uma chapa presidencial com chances reais de vitória. Se vai acontecer, não sabemos”, explica Campos. O professor destaca que o trabalho de construção de uma imagem nacional tem cumprido seu papel efetivo, especialmente quando potenciais candidatos a presidente vinculam o nome de Hartung a possíveis candidaturas. Citaram o nome do capixaba o prefeito de São Paulo, João Dória, em seguida o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, e, por último, o apresentador Luciano Hulk. ASSEMBLEIA LEGISLATIVA Nas eleições gerais de 2014, entre os 30 deputados que compõem a bancada da

“A insegurança jurídica gerada pela enxurrada de processos atrapalha a política local e inviabiliza a construção de projetos de médio e longo prazo, uma vez que muitos desses governos, não PAULO HARTUNG Após colocar as contas públicas em dia sabem se estarão de pé daqui a no Espírito Santo, tornar-se referência no seis meses” Brasil como gestor público e oficializar sua intenção de deixar o MDB, o governador Darlan Campos, professor Paulo Hartung passou a ser “disputado” universitário e consultor em por muito partidos e teve seu nome citado Marketing Político

Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales), 25 tentaram a reeleição, sendo que 14 foram reeleitos. “É uma Assembleia alinhada com o Palácio Anchieta, que encontra pouca resistência aos projetos do Executivo. Com uma oposição barulhenta, mas com pouca força de contrapor o Governo, a esmagadora maioria das medidas foi aprovada com alta margem de votos, demonstrando a capacidade do governador em construir base de apoio na Assembleia” aponta Campos. O nome de destaque dessa oposição ao governo foi o deputado tucano Sérgio Majeski, que teve como foco de seu trabalho a Educação. E o parlamentar não “pegou leve” nas críticas. Em sua última “denúncia” do ano, acusou o governo de usar “manobra” para aprovar o Orçamento de 2018 e solicitou ao presidente da Ales a devolução do projeto de lei orçamentária ao governador. Dessa vez, o motivo foi o descumprimento das normas técnicas determinadas pela Secretaria Nacional do Tesouro. “O projeto de lei orçamentária trouxe despesas indevidas na cobertura do déficit financeiro do Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) do Estado do Espírito Santo. Ignorando notas técnicas e determinações da Secretaria do Tesouro Nacional (STN), o atual Governo tem criado receitas fictícias para atender despesa inexistente. Assim, inclui na execução orçamentária do Executivo Estadual e considera as respectivas despesas como aplicações em Manutenção e Desenvolvimento do Ensino (MDE)”, explica Majeski. Já o presidente da Casa, deputado Erick Musso, adjetivou 2017 como um ano “desafiador”. “Na Assembleia Legislativa, implementamos ajustes financeiros para sobreviver aos tempos de crise e a um orçamento R$ 11 milhões menor que o de radio.esbrasil.com.br •

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POLÍTICA Foto: Comunicação ALES

“Na Assembleia Legislativa, implementamos ajustes financeiros para sobreviver aos tempos de crise e a um orçamento R$ 11 milhões menor que o de 2016” Erick Musso, presidente da Assembleia Legislativa do Espírito Santo

Foto: Edson Rodrigues/Agência Senado

“Os recursos para ampliação da BR 262 foram aprovados, o processo do Porto central andou; e conseguimos incluir no PAC o projeto da ferrovia ligando o Espírito Santo ao Rio de Janeiro. Esses avanços são fato”- Ricardo Ferraço, senador

2016. Mesmo assim, conseguimos fazer investimentos importantes nas carreiras dos servidores, reabrir o restaurante, inaugurar um novo estacionamento e abrir o Procon Assembleia e a Procuradoria da Mulher”, enumera. Musso afirma que foram iniciados importantes programas, como o Revisa Ales, para rever leis em desuso e reduzir de 17 mil para 12 mil o número de leis capixabas. Outro exemplo é o Ales Digital, criado para garantir mais celeridade e transparência à tramitação dos processos. “Em breve, também teremos 144

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emissão de CPF e RG no Palácio Domingos Martins. Estamos abrindo o acesso do cidadão à Assembleia cada vez mais. Cortamos R$ 5 milhões de despesas e ainda assim fizemos investimentos importantes. A conclusão da instalação do sistema wifi na Casa deve ficar para o início de 2018. Eu espero que no ano que vem mantenhamos esse ritmo de investimentos e responsabilidade com o dinheiro público para melhor atender à população”, destaca o parlamentar. Na avaliação do deputado, a crise da Polícia Militar, que aconteceu em fevereiro deste ano

e levou o Espírito Santo às manchetes dos principais jornais do Brasil e do exterior, e o debate sobre o fundo de repasse aos municípios são reflexos da democracia: “acaloram o debate e nos fazem amadurecer”. “Crises são oportunidades de crescimento, e eu, em qualquer idade, vou sempre levar isso comigo. Recente estudo feito pela UnB atestou que a Assembleia do Espírito Santo é a segunda do país com menor custo por projeto de lei aprovado. Só ficamos atrás da Assembleia de Goiás como a mais econômica do Brasil. É uma conquista muito grande e um orgulho enorme poder fazer tão bom uso do dinheiro público, que é devolvido ao cidadão em forma de serviços prestados”, comemora Musso. O presidente do legislativo estadual destaca que, apesar da crise por que passa o país, o Espírito Santo tem dado sinais de reação gradual. “É o resultado das políticas públicas do governo e do trabalho eficiente da Assembleia, que, em sintonia com o Poder Executivo, faz a engrenagem girar”, finaliza. BANCADA CAPIXABA No polêmico caso envolvendo as denúncias contra o presidente Michel Temer, dos 10 deputados federais que integram a bancada capixaba, somente Lelo Coimbra (MDB) e Marcus Vicente (PP) foram favoráveis ao relatório que rejeitou o processo de admissibilidade da denúncia, o que na prática significaria investigar os fatos apontados pelas delações e áudios. Os outros oito deputados federais que representam o Estado - Paulo Foletto (PSB), Helder Salomão (PT), Givaldo Vieira (PT), Evair de Melo (PV), Sérgio Vidigal (PDT), Carlos Manato (SDD) e Norma Ayub (DEM) votaram autorizando que a segunda acusação feita pela Procuradoria Geral da República (PGR) contra Temer pudesse ser analisada pelo STF. Mesmo nesse cenário, a atuação capixaba no Senado teve destaque com Rose de Freitas (MDB), Magno Malta (PR) e Ricardo Ferraço (PSDB). Em novembro de 2017, Ferraço se licenciou do mandato por 121 dias e tomou posse o suplente Sérgio Rogério de Castro. Ainda que tenha surgido mais de um autor para uma mesma conquista, a bancada capixaba se reuniu em defesa de algumas pautas, especialmente na área de infraestrutura. “Após anos de espera, a ampliação do


Foto: Divulgação

As eleições ainda estão reverberando em alguns municípios como o de Itapemirim em que o prefeito eleito Luciano Paiva é réu em ação penal e, atualmente, encontra-se afastado da função

a polêmica das artes, com o surgimento de diversos projetos de lei nos âmbitos municipais e estadual querendo proibir nudez em exposições, após dois fatos ocorridos no Brasil em que parte da população reagiu de forma contrária. Graves acidentes na BR 101, administrada pela Eco 101, também geraram polêmicas e até mesmo CPIs, mas o ano fecha sem a devida duplicação acordada na concessão. FATOS MARCANTES NO BRASIL Na primeira semana do ano, após se vestir de gari e “participar” da limpeza da cidade de São Paulo, João Dória decidiu apagar obras urbanas de arte feitas com a técnica de grafite. Eis a primeira polêmica política de 2017. O ministro Teori Zavascki, que era relator das ações da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, morreu no dia 19 de janeiro em um acidente aéreo. O avião em que ele viajava com mais quatro pessoas caiu no mar próximo ao aeroporto de Paraty, no Rio de Janeiro. Logo surgiram muitos questionamentos sobre a possibilidade de terem sabotado a

Foto: Pedro França/Agência Senado

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Aeroporto Eurico Sales deverá finalmente ser concluída, os recursos para ampliação da BR 262 foram aprovados, o processo do Porto central andou; e conseguimos incluir no PAC o projeto da ferrovia ligando o Espírito Santo ao Rio de Janeiro. Esses avanços são fato”, destaca o senador licenciado Ricardo Ferraço. Outro destaque apontado pelo parlamentar foi a aprovação da Reforma Trabalhista, da qual ele foi relator na Câmara Federal. Já na avaliação do presidente estadual do PT, João Coser, “não houve nada de positivo no cenário nacional”. Segundo ele, o que “o país assistiu foi a um assustador retrocesso de direitos adquiridos por muita luta”. Coser retomou a direção do partido após um processo eleitoral conturbado, em que houve troca de argumentações bastante ríspida com seu concorrente, o deputado federal Givaldo Vieira, e direito à anulação de votos sob suspeita de fraude e acusação de golpe. Destacaram-se ainda no cenário político capixaba as disputas presidenciais nas siglas, especialmente no nicho tucano, com vitória do vice-governador César Colnago, e

aeronave. O filho do ministro, o advogado Francisco Prehn Zavascki, desabafou em seu perfil no Facebook: “não tenho como não pensar que não mandaram matar o meu pai”. Mas, essa hipótese não foi provada pelas autoridades que investigaram o caso. No mês seguinte, houve a prisão do empresário Eike Batista, que havia alcançado em 2012 o posto de oitavo homem mais rico do mundo e, em seguida, perdido US$ 35 bilhões em apenas um ano. A ex-primeira-dama Marisa Letícia Lula da Silva, esposa de Lula desde 1974, tinha 66 anos e faleceu após sofrer um AVC em fevereiro. Quanto ao Eike, a prisão não durou muito tempo. Em abril, o ex-bilionário deixou o Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na zona oeste do Rio, após Gilmar Mendes, o ministro do STF, atender a um pedido de liberdade apresentado pela defesa. Várias foram as “solturas” protagonizadas pelo ministro Gilmar durante todo o ano que viralizaram nas redes sociais. Entre elas, estão a do megaempresário do setor de ônibus do Rio de Janeiro Jacob Barata Filho – o Rei do Ônibus – acusado de desvio de dinheiro público, lavagem de dinheiro e evasão de divisas; a dos empresários Miguel Iskin e Gustavo Estellita, acusados de pagar propina no esquema do ex-governador Sérgio Cabral (MDB); a do ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho (PR) e do ex-ministro Antonio Carlos Rodrigues, presidente do PR. Entre os dias 16 de março e 13 de maio deste ano, o senador Aécio Neves ligou para o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes 33 vezes por meio de aplicativo WhatsApp, segundo Relatório da

Marisa Letícia, esposa de Lula, faleceu após sobre um AVC

A Polícia Federal apreendeu cerca de R$ 51 milhões em um apartamento usado pelo ex-ministro Geddel Vieira Lima

O ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no STF, morreu em um acidente aéreo

Eike Batista, que já foi o oitavo homem mais rico do mundo, foi preso por lavagem de dinheiro

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POLÍTICA

Membros do Estado Islâmico usaram uma van para atropelar cerca de 20 pessoas sobre a ponte de Londres

Fotos: Divulgação

O ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, protagonizaram embates via imprensa internacional

Polícia Federal. Porém, não foi possível saber o conteúdo das conversas. Gilmar relatou quatro inquéritos que investigam Aécio Neves e que tramitam no Supremo, dois deles abertos esse ano. A lista de ministros de governo envolvidos em corrupção superou todas as expectativas. Em outubro deste ano, mais de 80% do primeiro escalão do governo Michel Temer já estava na relação de investigados pela Justiça, réus em processos ou que pelo menos haviam sido citados na Operação Lava Jato. Entre eles, Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo), que entrou no foco das investigações após mensagens apreendidas pela força-tarefa sugerirem que ele usou sua influência para atuar em favor dos interesses da construtora OAS. No dia 5 de setembro, a Polícia Federal encontrou R$ 51 milhões guardados em malas em um apartamento em Salvador. As digitais de Geddel Vieira (MDB-BA) foram encontradas e não houve mais como negar. Mas também integraram a lista de suposto envolvimento com corrupção o ministro-chefe da SecretariaGeral da Presidência, Moreira Franco, e o senador Romero Jucá, que foi ministro do Planejamento no primeiro “time” de Temer e deixou o governo após a revelação de escândalos. O único destaque positivo na esfera federal, ao menos na argumentação de uma das correntes políticas, foi a atuação da equipe econômica que permitiu “melhora de 146

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importantes indicadores”, conforme avalia o economista Clóvis Vieira. “Embora ainda sejam reações pequenas nesses indicadores, entre eles inflação, número de desempregos e taxa Selic, são o início do processo de retomada econômica que buscamos alcançar”, destaca Vieira. Ainda entre os destaques negativos de 2017, estão: as denúncias contra o senador Aécio Neves, que chegou a ser afastado, mas contou com a interpretação de Gilmar Mendes para garanti-lo no Senado; as inúmeras trocas nos ministérios; e as condenações do ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, cassado e preso. Outro assunto que chamou a atenção até da imprensa internacional foi o pedido da ministra Luislinda Valois que requereu ao governo receber R$ 61,4 mil, que seria o acúmulo da aposentadoria dela como desembargadora e o salário do cargo. Ela alegou que trabalhar sem receber seria como o trabalho escravo. O caos político em Brasília fortaleceu o discurso de necessidade de intervenção militar e também de apontar o deputado Jair Bolsoraro como solução. “O que vemos hoje é uma sociedade civil amedrontada, que começa a pensar em saídas radicais. E isso é grave. Não se pode falar em volta do regime ditatorial. Isso é uma bobagem sem tamanho Um retrocesso que não funciona”, explica o cientista político e coordenador do Ibmec-RJ, José Luiz Niemeyer.

As reformas previdenciária, tributária e política não foram concretizadas. E as especulações agora giram em torno das eleições INTERNACIONAL Este ano começou assustador com um homem muito bem armado que resolveu atirar contra uma multidão em Istambul, matou 39 pessoas e feriu 70. E esse foi só o primeiro de muitos atentados que viriam no decorrer de 2017. O estado islâmico se manteve em destaque e o mundo continuou se “chocando” muito mais com a violência contra norte-americanos e europeus do que com as mortes provocadas contra africanos ou mesmo crianças brasileiras. Além dos atentados, que percorreram Estados Unidos, Inglaterra, França, África e Oriente Médio, outra marca forte deste ano foi Donald Trump, o polêmico milionário que se tornou o 45º presidente dos Estados Unidos. Logo após a eleição, vieram as ameaças do ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-Un e o embate com Trump. A crise na Venezuela, marcada pelo descontentamento da população que saiu às ruas contra o governo de Nicolás Maduro, refletiu também no Brasil. Cidades mais próximas à fronteira, como a capital amazonense, tiveram de lidar com o problema do aumento da população de rua formada por venezuelanos que fugiam da repressão e da fome. A Venezuela se destacou ainda pela denúncia das falsificações nas urnas eletrônicas.




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