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lookatthist caderno de desenho e não só ( ist - arquitectura - desenho )

Jun16

JORNADAS DE DESENHO IST - CMAG Instituto Superior Técnico

Manuel Ramos

Casa Museu Anastácio Gonçalves


nms (Actual galeria CMAG / Antigo atelier JosĂŠ Malhoa)

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ÍNDICE Apresentação do LOOKATTHIST Sobre a CMAG - CASA MUSEU ANASTÁCIO GONÇALVES Resumo do Programa de Desenho Arquitectónico II

PÁG 005 006 008

1º Ano, 2º Sem. Mestrado Integrado de Arquitectura - IST - UL

Sobre as JORNADAS DE DESENHO IST – CMAG

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ÍNDICE de DESENHOS 1 Jornada holística. Do IST à CMAG. 2 Cidade. Do IST à CMAG. a) Plantas a escalas urbanas b) Cortes e perfis transversais à escala da rua c) Alçados de conjunto – quarteirão d) Axonométricas urbanas e) Perspectivas de espaços públicos 3 Edifício e elementos construtivos. Do IST à CMAG. a) Plantas (a), Cortes (b) e Axonométricas (d) à escala do edifício – (rúbricas sem desenhos) c) Alçados à escala do edifício e) Perspectivas à escala do prédio f) Elementos construtivos e pormenorização 4 Edifício e elementos construtivos. O caso da CMAG. a) Plantas à escala do edifício b) Cortes à escala do edifício c) Alçados à escala do edifício d) Axonométricas à escala do edifício (rúbrica sem desenhos)

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014 016 018 020 022 026

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PÁG

e) Perspectivas à escala do prédio f) Elementos construtivos e pormenorização g) Corte construtivo 5 Dos interiores e conteúdos - à expressão pessoal a) Artes Decorativas 1) Interiores 2) Azulejaria 3) Vitral 4) Serralharias b) Colecções 1) Cerâmica chinesa 2) Pintura e escultura 3) Mobiliário c) Expressão e experimentação visual

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DESENHO… E NÃO SÓ Bem vindos à maioridade e ao desenho da sociedade

122

Créditos

134

060 068

070 082 086 090 092 096 106 112

124


SĂŠrgio Costa

Lucas Nepomuceno Ferreira

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lookatthist lookatthist caderno de desenho e não só de desenho e não só) (caderno ist - arquitectura - desenho ( ist - arquitectura - desenho )

Lookatthist é um caderno virtual de divulgação de trabalhos realizados na disciplina de Desenho Arquitectónico do 1º Ano do Curso de Arquitectura do IST. O subtítulo «Caderno de desenho… e não só», além de esclarecer ao que vimos, sugere a abertura a assuntos paralelos ao Desenho e à Arquitectura habitualmente abordados nas aulas. O quinto número do lookatthist reúne desenhos das “Jornadas de Desenho IST – Casa Museu Anastácio Gonçalves” realizados ao longo 2º Semestre do ano lectivo de 2014 – 2015. A rúbrica “… e não só” deste quinto número trata um tema relacionado com o desenho da sociedade, a propósito da consciência dos alunos sobre o custo da propina no ensino superior.

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Sobre a Casa Museu Anastácio Gonçalves O Dr. Anastácio Gonçalves (1888 - 1965) foi um distinto médico oftalmologista e um grande coleccionador de arte que viveu até morrer numa singular moradia que adquiriu num leilão em 1932, a qual havia sido mandada construir em 1904/05 pelo conhecido pintor José Malhoa (1855-1933) , que encomendara o projecto desta sua casa-atelier ao jovem arquitecto Manuel Joaquim Norte Júnior (1878 – 1962). Mestre José Malhoa, tendo sido um dos primeiros a afoitar-se nas recém-abertas Avenidas Novas traçadas pelo engenheiro Ressano Garcia, pôde escolher para a sua casa-atelier um lote de esquina que, não sendo espaçoso mas admitindo rotação na implantação, poderia proporcionar boas vistas e um invejável desafogo na diagonal da enviesada esquina, bem assim como uma orientação Norte adequada à iluminação de um atelier de pintura, por amplo janelão. Após formação em Paris, o Arq. Norte Junior, que haveria de trilhar uma longa carreira recheada de prémios1, estreia-se nesta casa-atelier com um ecléctico equilíbrio de referências neo-românicas e arte nova que merecerá o Prémio Valmor de 1905. Algo de fundacional ter-se-á assente entre o arquitecto e o mestre pintor em redor de um corpo central de estrita planta quadrada, já que a riqueza de ornamento conjugava-se então com racionais de estrutura interna e de composição constru-

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Oana Matei

tiva. Cuidar da roupagem, não significava desatenção com o corpo e esqueleto. Nem só na pintura a figuração se enaltece a partir da estabilidade da moldura. Décadas depois, nos expansivos anos sessenta, republicano, solteiro e sem filhos Anastácio Gonçalves legou a casa e a colecção ao Estado Português, para que se criasse um museu semelhante ao de Johane Soane e assim servir de “instrução às novas gerações”. Tal veio a concretizar-se com adaptações projectadas pelo Arq. Frederico Jorge nos anos noventa, integrando no conjunto da actual Casa Museu uma moradia vizinha igualmente projectada por Norte Junior em 1907-1908, por feliz coincidência ainda vacante à data desta última remodelação. ___ 1 Seis vezes galardoado com o Prémio Valmor, de 1905 a 1927, em residências unifamiliares, prédios de rendimento e um hotel, distinção só igualada em número por Porfírio Pardal Monteiro.

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Resumo do programa Desenho Arquitectónico II, 1º Ano, 2º Sem, Mestrado Integrado de Arquitectura IST

Desenho Arquitectónico é uma variante do Desenho centrada na representação de ideias arquitectónicas existentes ou projectadas. Distingue-se da Geometria e do Desenho Técnico por dispensar a régua e compasso (e CAD) e por empregar mais rigor sensitivo do que dimensional; e distingue-se do Desenho artístico por se focar nas ideias e nos objectos e não tanto na investigação plástica ou no percurso autoral. No entanto, quando bem-sucedido, facilmente aflora terrenos comuns, estendendo a fruição para além de si próprio. Desde a Antiguidade e Vitrúvio que as formas de representação arquitectónica estão estabelecidas, embora com apreciáveis variantes, designadamente no nome. Projecções ortogonais, (designação adoptada pela Geometria Descritiva de Monge para as Plantas, Cortes e Alçados) e perspectivas paralelas (axonométricas) e cónicas. (As maquetas, por saírem das duas dimensões e dispensarem a correlativa abstracção, sendo embora representação, não costumam ser trabalhados em Desenho). Desbravar caminho por estes meandros da representação coloca imediatamente problemas de escala. Enfrentamos esta circunstância, admitindo três níveis de aproximação aos objectos arquitectónicos, (1) desenhos à escala urbana ou do conjunto urbano, (2) desenhos à escala do edifício no seu todo, (3) desenhos à escala dos elementos construtivos,

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João Endereço; Defensores de Chaves 27, porta de entrada (Arq. Cassiano Branco)

pormenores e interiores. Nisto consiste sinteticamente o programa da cadeira de Desenho Arquitectónico II do 2º Semestre do 1º Ano do curso de Arquitectura do IST, aprender e praticar desenho percorrendo as diferentes escalas de aproximação aos objectos arquitectónicos e adquirir fluência na linguagem do Desenho à mão livre e à vista desarmada (vem de Rousseau a rebeldia à cópia de imagens…).

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“Jornadas de Desenho IST – Casa Museu Anastácio Gonçalves” Sendo difícil trazer para dentro da sala de aula objectos que superem em diversidade e interesse o que a cidade em redor tem para oferecer, beneficiando da abertura da CMAG a experiências de interacção pedagógica, encetámos conjuntamente o que designamos por “Jornadas de Desenho IST – Casa Museu Anastácio Gonçalves” distribuindo os temas e objectos da disciplina ao longo do percurso entre as duas entidades, desde o IST ao atelier de José Malhoa, em vagas de progressiva aproximação urbana, construtiva e decorativa. De facto, não faltam motivos de interesse entre o “Campus da Alameda” do IST e a zona de Picoas onda a CMAG se localiza: Jardins do Arco Cego (passado, presente e futuro), Casa da Moeda, do Arq. Jorge Segurado, Av. Duque de Ávila, com a sua reabilitação pedonal e as suas desenvoltas arquitecturas bordejantes, marca de um tempo primordial de maior autonomia dos construtores em matéria ornamental e arquitectónica. Outros exemplos: Av. Defensores de Chaves 27, do Arq. Cassiano Branco, o Colégio Académico do Arq. Álvaro Machado, prosseguindo na Av. Duque d’Ávila, no nº 137, um dos primeiros edifícios projectados expressamente para escritórios, do Arq. João Vasconcelos Esteves; na esquina desta avenida com a Av. 5 de Outubro, dois esmerados investimentos imobiliários um século corrido sobre as primeiras construções; rodando para Sul na 5 de Outubro, novos motivos de interesse à esquerda e à direita até Picoas, com a dignidade do pequeno porte da CMAG a resistir incólume à acentuação das

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volumetrias horizontais e verticais, da Maternidade Alfredo da Costa, do Arq. Ventura Terra, ao Hotel Sheraton, Edifício Avis, etc. Diversidade esta que se desdobra e multiplica ao focar a atenção nos elementos construtivos (portas, janelas, entradas, …), na evolução funcional e estilística ao longo de mais de um século e na utilização pelas pessoas. Um só troço deste percurso já nos daria campo suficiente para estudar e praticar desenho, dispondo de todo o caminho do IST à CMAG, desdobra-se o leque de património arquitectónico em redor do Técnico e o apreço pela invejável situação em que nos encontramos relativamente à cidade. Paralelamente aos referidos exercícios de representação arquitectónica a diferentes escalas, corre finalmente o propósito de um simultâneo percurso pessoal, de registos mais descritivos no início, para outros mais expressivos e experimentais, no final. Entendemos o Desenho como um devotado servidor do entendimento, da realidade à nossa volta e de nós próprios, das nossas ideias, preferências e projectos. CIDADE EDIFÍCIO PORMENORIZAÇÃO, INTERIORES E CONTEÚDOS

011


CIDADE EDIFÍCIO PORMENORIZAÇÃO, INTERIORES E CONTEÚDOS

Miguel Jarroca

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Oana Matei

Renata Vitรณria

013


1

Jornada holística. Do IST à CMAG.

Inês Arribança

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nms

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2

Cidade. Do IST à CMAG. a) Plantas a escalas urbanas

Inês Arribança

Lucas Nepomuceno Ferreira

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Mateusz Czeczko


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2

Cidade. Do IST à CMAG. b) Cortes e perfis transversais à escala da rua

Katerina Chatzopoulou

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Oana Matei

Adonis Mermigkas

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2

Cidade. Do IST à CMAG. c) Alçados de conjunto - quarteirão

Adonis Mermigkas

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Oana Matei

Francisco Pires

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2

Cidade. Do IST à CMAG. d) Axonométricas urbanas

João Ribeiro

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JoĂŁo Ribeiro

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2

Cidade. Do IST à CMAG. d) Axonométricas urbanas

Katerina Chatzopoulou

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Lucas Nepomuceno Ferreira

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2

Cidade. Do IST à CMAG. e) Perspectivas de espaços públicos

João Ribeiro

Afonso Francisco

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Manuel Lages

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3

Edifício e elementos construtivos. Do IST à CMAG. c) Alçados à escala do edifício

Gustavo Takata

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Adonis Mermigkas

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3

Edifício e elementos construtivos. Do IST à CMAG. c) Alçados à escala do edifício

João Ribeiro

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JoĂŁo Ribeiro

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3

Edifício e elementos construtivos. Do IST à CMAG. e) Perspectivas à escala do prédio

Filipa Gabriel

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Gonçalo Sasseti


Gustavo Takata

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3

Edifício e elementos construtivos. Do IST à CMAG. e) Perspectivas à escala de um prédio

Manuel Lages

Jessica Rocha

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Miguel Jarroca

Miguel Jarroca

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3

Edifício e elementos construtivos. Do IST à CMAG. f) Elementos construtivos e pormenorização

Pedro Valério

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Daniel Querido

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3

Edifício e elementos construtivos. Do IST à CMAG. f) Elementos construtivos e pormenorização

Pedro Valério

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JoĂŁo Ribeiro

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3

Edifício e elementos construtivos. Do IST à CMAG. f) Elementos construtivos e pormenorização

Oana Matei

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Gonรงalo Sasseti

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3

Edifício e elementos construtivos. Do IST à CMAG. f) Elementos construtivos e pormenorização

Mateusz Czeczko

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Jessica Rocha


Diogo Alexandre

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3

Edifício e elementos construtivos. Do IST à CMAG. f) Elementos construtivos e pormenorização

Sérgio Costa

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Sérgio Costa

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4

Edifício e elementos construtivos. O caso da CMAG. a) Plantas à escala do edifício

Filipa Gabriel

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Gustavo Takata

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4

Edifício e elementos construtivos. O caso da CMAG. a) Plantas à escala do edifício

Manuel Leal Ramos

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Oana Matei

Lucas Nepomuceno Ferreira

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4

Edifício e elementos construtivos. O caso da CMAG. b) Cortes à escala do edifício

Oana Matei

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Katerina Chatzopoulou

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4

Edifício e elementos construtivos. O caso da CMAG. c) Alçados à escala do edifício

Oana Matei

Oana Matei

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Oana Matei

Oana Matei

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4

Edifício e elementos construtivos. O caso da CMAG. e) Perspectivas à escala do prédio

Filipa Gabriel

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4

Edifício e elementos construtivos. O caso da CMAG. e) Perspectivas à escala do prédio

João Ribeiro

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4

Edifício e elementos construtivos. O caso da CMAG. e) Perspectivas à escala do prédio

Manuel Lages

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Lucas Nepomuceno Ferreira

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4

Edifício e elementos construtivos. O caso da CMAG. f) Elementos construtivos e pormenorização

Afonso Francisco

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Adonis Mermigkas


Daniel Querido

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4

Edifício e elementos construtivos. O caso da CMAG. f) Elementos construtivos e pormenorização

Filipa Gabriel

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João Ribeiro

João Ribeiro

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4

Edifício e elementos construtivos. O caso da CMAG. f) Elementos construtivos e pormenorização

João Ribeiro

Rui Ramalheira

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Renata Vitรณria

Paulina Plotczyk

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4

Edifício e elementos construtivos. O caso da CMAG. f) Elementos construtivos e pormenorização

Katerina Chatzopoulou

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Oana Matei

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4

EdifĂ­cio e elementos construtivos. O caso da CMAG. g) Corte construtivo

Miguel Jarroca

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5

Dos interiores e conteúdos - à expressão pessoal a) Artes Decorativas 1) Interiores

João Ribeiro

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5

Dos interiores e conteúdos - à expressão pessoal a) Artes Decorativas 1) Interiores

Gustavo Takata

Miguel Jarroca

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InĂŞs Andrade

Katerina Chatzopoulou

073


5

Dos interiores e conteúdos - à expressão pessoal a) Artes Decorativas 1) Interiores

Adonis Mermigkas

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Adonis Mermigkas

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5

Dos interiores e conteúdos - à expressão pessoal a) Artes Decorativas 1) Interiores

Adonis Mermigkas

Clara Amaral

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Afonso Francisco

Jessica Rocha

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5

Dos interiores e conteúdos - à expressão pessoal a) Artes Decorativas 1) Interiores

João Ribeiro

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5

Dos interiores e conteúdos - à expressão pessoal a) Artes Decorativas 1) Interiores

Manuel Lages

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nms

Madalena Guilman

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5

Dos interiores e conteúdos - à expressão pessoal a) Artes Decorativas 2) Azulejaria

Joana Oliveira

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Joana Oliveira

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5

Dos interiores e conteúdos - à expressão pessoal a) Artes Decorativas 2) Azulejaria

Joana Oliveira

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Joana Oliveira

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5

Dos interiores e conteúdos - à expressão pessoal a) Artes Decorativas 3) Vitral

Daniel Querido

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5

Dos interiores e conteúdos - à expressão pessoal a) Artes Decorativas 3) Vitral

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Margarida Fernandes

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5

Dos interiores e conteúdos - à expressão pessoal a) Artes Decorativas 4) Serralharias

Manuel Lages

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Mateusz Czeczko

Renata Vitรณria

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5

Dos interiores e conteúdos - à expressão pessoal b) Colecções 1) Cerâmica chinesa

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nms

093


5

Dos interiores e conteúdos - à expressão pessoal b) Colecções 1) Cerâmica chinesa

nms

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nms

nms


nms

095


5

Dos interiores e conteúdos - à expressão pessoal b) Colecções 2) Pintura e escultura

Lucas Nepomuceno Ferreira; réplicas em aguarela de pinturas naturalistas da colecção CMAG

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5

Dos interiores e conteúdos - à expressão pessoal b) Colecções 2) Pintura e escultura

Lucas Nepomuceno Ferreira; réplicas em aguarela de pinturas naturalistas da colecção CMAG

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5

Dos interiores e conteúdos - à expressão pessoal b) Colecções 2) Pintura e escultura Desenhos da escultura Eva, de João Silva, colecção CMAG

Oana Matei

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Clara Amaral

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5

Dos interiores e conteúdos - à expressão pessoal b) Colecções 2) Pintura e escultura Desenhos da escultura Eva, de João Silva, colecção CMAG

Sérgio Costa

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Lucas Nepomuceno Ferreira

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5

Dos interiores e conteúdos - à expressão pessoal b) Colecções 2) Pintura e escultura Desenhos da escultura Eva, de João Silva, colecção CMAG

Clara Amaral

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Manuel Ramos

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5

Dos interiores e conteúdos - à expressão pessoal b) Colecções 3) Mobiliário

nms

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Pedro ValĂŠrio

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5

Dos interiores e conteúdos - à expressão pessoal b) Colecções 3) Mobiliário

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Diogo Pimentel

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5

Dos interiores e conteúdos - à expressão pessoal b) Colecções 3) Mobiliário

João Ribeiro

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Adonis Mermigkas

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5

Dos interiores e conteúdos - à expressão pessoal c) Expressão e experimentação visual

Manuel Ramos; estudos para um folheto.

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5

Dos interiores e conteúdos - à expressão pessoal c) Expressão e experimentação visual

Manuel Ramos; estudos para um fo

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olheto.

Manuel Ramos; estudos para um folheto.

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5

Dos interiores e conteúdos - à expressão pessoal c) Expressão e experimentação visual

Clara Amaral

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Manuel Lages


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5

Dos interiores e conteúdos - à expressão pessoal c) Expressão e experimentação visual

Jorge Silva

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Sérgio Costa

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Fotografia de uma sessĂŁo de desenho na CMAG

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Lucas Nepomuceno Ferreira, João Ribeiro e Jorge Silva numa sessão de desenho da Eva, de João Silva, no estúdio da CMAG.

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Lookatthist, desenho… e não só Reflexo do carácter generalista do Desenho e espelho da abertura das aulas a temas da vida cívica e cultural, aqui se evoca uma questão e um inquérito realizado por ocasião das eleições de Out15 em que a maior parte dos alunos do 1º Ano participaram pela primeira vez como eleitores.

Parar, pensar e desenhar são verbos amigos.

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Mulher sentada; Ana Ilharco

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Bem-vindos à maioridade e ao desenho da sociedade. (Nuno Matos Silva, Jun16)

1_ Bem-vindos à maioridade As eleições para a Assembleia da República iam ser na semana seguinte, a 4 de Outubro de 2015. Como sempre, apesar dos pesares, a campanha tinha sido empolgante. À minha frente, as turmas de Desenho, uma animada assistência de rapazes e raparigas de 18 anos, recém-chegados a novos patamares de autonomia e maioridade, ainda meio deslumbrados com tanta novidade – curso, faculdade, colegas, professores e, em muitos casos, o próprio alojamento. Lembrei-me de que quando entrei no curso de Arquitectura na ESBAL, não se votava. Era assim antes do 25 de Abril. Talvez os de agora não tenham noção da humilhação que isso representava, não haver eleições1 nem democracia. Sendo a arquitectura amiga da cidade e da cidadania, saudei a chegada a estoutra faceta da maioridade: Bem-vindos à nova condição de eleitores! Têm a partir de agora oportunidade de participar na eleição dos nossos representantes e dessa maneira ajudar a melhorar o mundo e as condições de vida, própria e alheia. Um privilégio e uma responsabilidade. Trocando algumas impressões, percebi que votar não estava entre as prioridades da minha atenta assistência. Pareceu-me oportuno enaltecer o voto, a democracia e os progressos alcançados desde o (meu) tempo em que o poder não era legitimado pela escolha popular. Corolário da renovação

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natural, o país conta com as novas gerações para ajudar a discernir os melhores caminhos. Não faltam problemas por resolver, estamos no fundo da tabela europeia nos índices de desenvolvimento (IDH). O que é que nos mantém no fim da tabela? Confiei-lhes que na minha geração, houve tal consciência da pobreza existente em Portugal que era impossível amar o país sem um compromisso sério de solidariedade com a sua gente. Após amargas frustrações, na ânsia de alguma eficácia, dei por mim a interessar-me pela raiz do problema. Como recuperar o atraso? Se o problema não reside nas pessoas, talvez esteja no modelo. Partilhei a convicção da utilidade de pôr os olhos nos modelos do Centro e Norte da Europa para nos aproximarmos do cerne da questão. P - O que é que eles têm e escasseia entre nós? - Talvez um maior sentido de autenticidade e responsabilidade. Tudo tem a ver com tudo, permitam este pequeno desvio, por alguma razão os arquitectos dos sistemas económicos2 sempre privilegiaram as questões de moral. A Norte parece haver uma maior consciência das coisas e do seu custo. Ponhamos um exemplo. Quanto é que pagam de propina e quanto é que isso representa no custo médio de aluno do ensino superior? Alguém tem uma ideia? ___ 1 Havia eleições no anterior regime do Estado Novo, mas não eram livres nem democráticas, ou seja, não se realizavam com liberdade de expressão e iguais oportunidades para todos. 2 De Adam Smith a Friedrich Hayek…

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Silêncio na sala. “Não faço a mínima [ideia]…”, disse alguém do meio do grupo. Insistindo em obter uma resposta, para balizar o desvio, percebi que havia quem achasse que a propina era superior ao custo. Estranhei. Ocorreu-me o espanto e vergonha de Sá de Miranda. Suspeitava de algum desconhecimento, mas não tal afastamento da realidade. Por este andar continuaremos a divergir da Europa. Resolvi aprofundar a questão e medir o alheamento. Mesmo sem conhecimentos no ramo, elaborei um INQUÉRITO com três perguntas: A – Qual o valor da propina? B – Qual a percentagem da propina em relação ao custo por aluno do ensino superior? C – Para onde vai ou de onde vem o dinheiro da diferença? Eis o detalhe das perguntas e dos resultados obtidos em 46 respostas3, nas duas turmas do 1º ano do curso de arquitectura do IST, em Setembro 2015:

__ 3 A inconsistência de algumas respostas pode não decorrer do inquirido mas do amadorismo do Inquérito.

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INQUÉRITO: A Qual o valor (X) médio das propinas anuais por aluno do 1º ciclo (1º,2º e 3º X = Ano) de mestrado integrado numa universidade B

Considerando a possibilidade de uma coincidência ou não entre quanto paga (X=valor da propina) e quanto custa (Y) em média um aluno do 1º ciclo de mestrado integrado numa universidade pública portuguesa, pf assinale com uma cruz a relação que lhe parece mais verossemelhante. Y=0,5X

Y=0,6X

Y=0,7X

Y=0,8X

Y=0,9X

2

3

1

3

2

Y=X

Y=2X

Y=4X

Y=6X

Y=8X

Y=10X

1

15

14

2

2

0

C A existir diferença em X e Y, pf assinale com uma cruz a preposição que lhe parece mais plausível. Em caso de X≥Y, a diferença vai para…

1

Actividades da Associação de Estudantes da Instituição

8

Y=X

Em caso de Y≥X, a diferença vem de …

17

Orçamento Geral do Estado (OGE)

Retorna ao Orçamento Geral do Estado (OGE)

4

Receitas próprias da Instituição

0

IPSS (Instituições Particulares de Solidariedade Social) apoiadas pelo IST

4

Donativos de mecenas, agentes económicos e outros investidores

1

Partidos políticos representados na Assembleia da República

4

Agências bancárias com balcões na instituição e outros “stakeholders”.

4

Bolsas de estudo para estudantes

8

OGE + Receitas próprias da instituição

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Para seguir o relato, convirá conhecer alguns dados. 1_ A propina por aluno, no 1º e 2º Ciclo é de 1063,47 €. 2_ Embora seja difícil quantificar o custo médio por aluno, dada a imbricação do ensino na investigação (o financiamento provém de várias entidades e rubricas do OGE, em proporções variáveis no tempo) estimam-se valores da ordem de 6000,00 €, os quais ascendem a cerca de 9000,00 € considerando as amortizações dos edifícios e instalações. 3_ Descontando as propinas, o dinheiro necessário para equilibrar os balanços provêm do OGE e de receitas próprias da Universidade, nomeadamente de trabalhos de investigação. Chamam-se receitas próprias por não serem directas e dependerem do desempenho da investigação, mas os fundos acabam por provir do OGE e recaírem igualmente sobre o contribuinte. Nota: O fundo azul nas casas do quadro é tanto mais escuro quanto mais próximo do acerto da resposta. As respostas à pergunta A, mostraram existir entre os alunos uma certa consciência do valor da propina, já que 44% tinham uma noção muito próxima e apenas 18% e 11% se desviaram em mais de 5% e 10% respectivamente. O mesmo já não acontece quanto ao custo do ensino de que auferem, a pergunta B evidenciou um desconhecimento geral. Um quarto dos alunos imagina um custo por aluno inferior à propina e um terço estima-o não superior ao dobro. A pergunta C destinava-se a testar a consciência do destino ou proveniência da diferença que se admitia existir entre a propina e o custo. Se sobra ou se não chega, para onde vai ou de onde vem a diferença? Novamente saltou à vista um grande alheamento. Entre as

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hipóteses mais díspares, só 18% dos inquiridos acertaram na resposta certa, a dupla cabimentação do OGE e de fundos próprios4. Face a este alheamento5, decidi encarar o assunto e escrever este texto. O compromisso e entusiasmo de ver as novas gerações participar na vida democrática, sugere o dever de facultar o máximo de informação para uma opinião fundada, livre e consciente. Haverá seguramente diversos caminhos para melhorar as condições de vida, mas nenhum defende virar costas à realidade. Sem conhecer o doente e acertar no diagnóstico, dificilmente haverá cura ou melhoras. Adicionalmente, é bom saber a origem dos fundos que suportam os serviços de que se é beneficiário, quanto mais não seja para perceber a quem são devidos agradecimentos pela sorte e privilégio de haver quem os sustente. A inconsciência é contrária à liberdade e não nos retira do fundo das tabelas6.

__ 4 Ambos maioritariamente provenientes da mesma fonte, o bolso dos contribuintes. 5 Desconhecimento da origem dos fundos que sustentam as actividades de que

se é beneficiário, neste caso - o ensino público universitário. 6 Não há volta a dar / direitos e deveres / andam a par / e a maioridade / é alegria a dobrar.

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2_ Bem-vindos ao desenho da sociedade. A história poderia ter ficado por aqui, não fora a oportunidade que abre para falar do desenho da sociedade. Os ganhos de consciência e harmonia que estão no coração do Desenho, extravasam recorrentemente para a sociedade; foi assim por exemplo, com o triunfo do funcionalismo7. Talvez valha a pena ensaiar algum paralelismo. Se não oferece dúvidas convir conhecer a realidade antes de sobre ela actuar, pode-se no entanto questionar a relevância da consciência do custo das coisas no desenho da sociedade. Embora facilite, de facto não existe uma relação directa entre o dinheiro e a felicidade. O mesmo porém já não se pode dizer relativamente à Liberdade. Podemos ser felizes vivendo sem muito dinheiro mas jamais seremos livres vivendo com dívidas. Deduz-se portanto que o custo das coisas impõe-se não por dele depender a felicidade mas por dele depender a liberdade individual e colectiva, sem a qual dificilmente se é feliz. A inconsciência contraria a felicidade. Acolhendo-se assim uma justificada curiosidade sobre o custo das coisas, resta explicar a avultada diferença entre o que se paga de propinas e o custo do ensino, o qual, como vimos, aproxima-se de 1 para 9, se considerarmos todas as despesas e não somente o custo de funcionamento: O salto é enorme, só uma explicação de peso poderá justificar tamanha diferença. Assim é de facto, e ela provém do lado da Justiça. Na verdade, as sociedades progrediram contemplando justos princípios de igualdade de oportunidades, onde sistemas de ensino gratuitos ou acessíveis são condição necessária8.

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Interligando os assuntos, poderemos então dizer que a bem-vinda maioridade, coincidentemente adquirida à entrada do ensino superior, inaugura a possibilidade e o privilégio de cada um esboçar (escolher/eleger) a melhor composição (o melhor compromisso) com os pilares do desenho da sociedade que são a Liberdade e a Justiça. Nenhuma destas traves da civilização existe separadamente e cada uma delas precisa da outra para se desenvolver plenamente. Um homem rico nunca gozará a sua liberdade se rodeado de injustiçadas multidões de pobres; uma catrefa de privilegiados deixam de o ser se amputados de liberdade. A complementaridade da Liberdade e Justiça é assim não apenas imprescindível como decisiva. Ora acontece que, mau grado as inúmeras variantes tendem a agrupar-se em dois modelos alternativos de J L - Justiça e Liberdade ou L J - Liberdade e Justiça, consoante a ordem pela qual se agrupam e o pilar merecedor de maior expectativa. Este é assunto da maior relevância, pois nela se baseia a diferenciação entre os modelos socialista e liberal; Ambos integram estes dois valores a distinção provém do pilar em que se deposita maior confiança para liderar e conduzir à melhoria das condições de vida, individual e colectiva. __ 7 Não foram as rendas e penachos franceses que triunfaram mas o sentido prático

das holandesas e colonos americanos. Ver - Rybczynski, Witold; Home: A Short History of an Idea; 1986, Peguin books. 8 Sem prejuízo da administração da Justiça não dispensar a consciência dos custos e a sociedade fragilizar-se quando confunde o gratuito (ou quase) com a ausência de custo.

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Outro ganho de maturidade observa-se quando nos capacitamos de que a primazia dada a um pilar não significa desconsideração pelo outro. Não há razão para qualquer superioridade moral de um modelo em relação ao outro, já que ambos defendem o melhor para a sociedade e têm uma notável folha de serviços à humanidade. Um catapultou continentes directamente do feudalismo e do colonialismo para o século XX, o outro não tem de que se envergonhar em termos de prosperidade. Seria incorrecto pensar que nos países socialistas não se ama a liberdade ou que nos países liberais não se cuida da justiça. As insinuações contrárias que abundam em campanha eleitoral não desmentem esta paridade primordial. Nada obriga a alinhar ou a assustar-mo-nos com a confusão. Está por provar não ser possível tratar da coisa pública sem enveredar pela desconsideração do próximo9. Expostas as virtudes de um e de outro modelo, o racional da escolha passa por clarificar a base em que se deposita maior expectativa na resolução dos problemas. O desenho da sociedade resultará da síntese que fizermos entre Liberdade e Justiça, numa complementaridade de ordem não arbitrária. Felizmente não há só um caminho, existem dois modelos base e muitíssimas variantes; cabe a cada um e ao colectivo escolher o que melhor possa servir. Suspeito que outra distinção de Portugal em relação aos países do centro e Norte da Europa resida na maturidade do compromisso entre Liberdade e Justiça aí alcançado. Poder-se-á perguntar: O que é que isto tem a ver com Desenho? - Nada, se considerarmos a estética um campo exclusivamente visual, desligado da moral. Tudo, se pelo contrário acolhermos

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boas sínteses e o seu exaltante princípio de economia de meios. “A palavra síntese deriva do étimo grego que quer dizer composição”10. Expressão muito considerada em Desenho e Arquitectura. “O desenho é um devotado servidor do entendimento”. William Lockard

Cabeça de Arquitecto; Pedro Lima

__ 9 Um possível critério de avaliação da bondade das propostas consiste no que elas reservam aos que não as subscrevem. Em limite, Salazar não foi um ditador em virtude das suas ideias mas por subjugar outros a segui-las. 10 António Bagão Felix, Público, 23Abr2016.

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Créditos

Autores dos desenhos: Adonis Mermigkas Afonso Francisco Clara Amaral Daniel Querido Diogo Alexandre Diogo Pimentel Filipa Gabriel Francisco Pires Gonçalo Sasseti Gustavo Takata Inês Andrade Inês Arribança Jessica Rocha Joana Oliveira João Endereço João Ribeiro Jorge Silva Katerina Chatzopoulou Lucas Nepomuceno Ferreira Madalena Guilman Manuel Lages Manuel Leal Ramos

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Margarida Fernandes Mateusz Czeczko Miguel Jarroca nms Oana Matei Paulina Plotczyk Pedro Valério Renata Vitória Rui Ramalheira Sérgio Costa Coordenação e textos: Nuno Matos Silva Desenhos: Alunos do 1º ano do curso de Arquitectura, 2º semestre de 2014/2015 Design e paginação: NMS Data de publicação: Junho de 2016

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lookatthist caderno de desenho e não só ( ist - arquitectura - desenho ) número

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Junho 2016

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