dossiê Emília Adelaide

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Emília Adelaide

Novembro/2015

Morgadinha de ValFlor Excelente atuação no drama de Pinheiro Chagas, leia mais na página 16


Teatro Dona Maria, Lisboa


Ao leitor Essa revista é o trabalho final da disciplina TL211 - Pesquisa I: Literatura e Imprensa I ministrada pela professora Orna Messer Levin, na Universidade Estadual de Campinas. Durante o semestre pesquisamos a atriz portuguesa Emília Adelaide Pimentel (1836 - 1905) e, nas páginas a seguir, você encontrará informações sobre sua vida, carreira e trajetória artística. Boa leitura!

Ana Catarina Hemann 乔艳 (Catarina) Júlia Carvalho Natasha Mourão


Teatro S. Pedro de Alcantara


Índice Biografia.................................................................................................................... 7 Emília Adelaide, atriz e empresária

Turnês........................................................................................................................ 8 A presença de Emília Adelaide nos palcos brasileiros

Recepção crítica....................................................................................................... 12 O impacto da atriz em sua época

Morgadinha de ValFlor.......................................................................................... 16 Mais detalhes sobre o drama que consagrou a atriz

Fatos interessantes................................................................................................. 20 Curiosidades sobre a atriz e sua peça de mais sucesso

Considerações finais.............................................................................................. 25 Porque amamos Emília Adelaide

Bibliografia.............................................................................................................. 26 Para saber mais sobre Emília Adelaide e o teatro do século XIX



Biografia Emília Adelaide nasceu na cidade de Portalegre, em Portugal, no dia 1 de novembro de 1836. Morou em Castelo Branco com sua família, e, aos 18 anos, foi para Lisboa, onde descobriu seu talento para o teatro. Faleceu no dia 11 de setembro de 1905. Sua morte foi aparentemente causada por uma doença, assim como relata Maximiliano de Azevedo, amigo de Emília Adelaide, visto que a atriz ficou doente da última vez que voltou do Brasil. Atriz desde 1856, Emília Adelaide apresentou peças tanto em Portugal quanto no Brasil. Estreou no Teatro D. Maria, em Lisboa, com a peça A Chávena quebrada. Mas, foi como protagonista da peça A Morgadinha de ValFlor - drama em cinco atos do português Manoel Pinheiro Chagas - que ela se consagrou como atriz, fazendo grande sucesso com o público e obtendo recursos financeiros.

A atriz veio ao Brasil em 1871, contratada por Furtado Coelho, e mais tarde, no ápice de sua carreira, voltou com sua própria companhia dramática: Companhia Dramatica Portugueza da Emília Adelaide Pimentel, com a qual ela percorreu todo o Brasil. Fez sucesso, mas, infelizmente, não conseguiu acumular grande fortuna, regressando a Portugal já em decadência. Voltou ao Brasil, mas não dedicou-se por inteiro ao teatro, vivendo da pensão que o governo português lhe deu pelos serviços prestados no teatro D. Maria. Considerada exímia atriz, Emília Adelaide fez muito sucesso e ocupou um lugar importante na história do teatro português e brasileiro. Entretanto, encerrou a carreira com sua fama perdida, sem recursos financeiros e sem reconhecimento do público.

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Turnês A atriz Emília Adelaide passou bastante tempo em terras brasileiras e encenou diversas peças. Suas vindas ao Brasil foram divididas em três turnês: em 1871, 1877 e 1888. A atriz veio pela primeira vez em 1871 a convite do dramaturgo Furtado Coelho, para encenar o sucesso A Morgadinha de ValFlor, no Theatro S. Luiz (Rio de Janeiro). Emília Adelaide teve muito sucesso nessa primeira turnê, uma vez que a peça era considerada de alto nível, assim como sua atuação, sempre recebendo críticas positivas. Em setembro de 1871, Emília Adelaide voltou para Lisboa e lá continuou sua carreira artística para então retornar ao Brasil em 1877, dessa vez acompanhada de sua própria companhia, a Companhia Dramatica Portugueza de Emília Adelaide Pimentel.

Sua segunda turnê teve um repertório maior e uma novidade: a atriz permaneceu em São Paulo (Theatro S. José), além do Rio de Janeiro. Emília Adelaide chegou no meio do ano de 1877 para representar cerca de 50 peças, com destaque para o drama Magdalena, peça escrita por Pinheiro Chagas especialmente para Emília Adelaide, e em 1878 seguiu para o Rio de Janeiro com sua companhia para mais apresentações desse extenso repertório. A atriz voltou ao Brasil pela terceira vez em 1888 para representar os dramas Magdalena, e Joanna Fortier, no teatro S. Pedro de Alcântara (Rio de Janeiro). Emília Adelaide permaneceu no país até meados de 1889 e voltou para Portugal, onde seguiu como atriz e diretora até 1895, atuando principalmente no Theatro Variedades.

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Primeira turnê: Dia 26 27 2 13 16 2

Mês Março Março Abril Abril Abril Setembro

Ano 1871 1871 1871 11871 1871 1871

Repertório A Morgadinha de ValFlor A Morgadinha de ValFlor A Morgadinha de ValFlor A Morgadinha de ValFlor A Morgadinha de ValFlor A Morgadinha de ValFlor

Gênero Drama Drama Drama Drama Drama Drama

Autor Pinheiro Chagas Pinheiro Chagas Pinheiro Chagas Pinheiro Chagas Pinheiro Chagas Pinheiro Chagas

Teatro (Local) Theatro S. Luiz ( RJ- Brasil) Theatro S. Luiz ( RJ- Brasil) Theatro S. Luiz ( RJ- Brasil) Theatro S. Luiz ( RJ- Brasil) Theatro S. Luiz ( RJ- Brasil) Theatro S. Luiz ( RJ- Brasil)

Gênero _ Drama

Autor Teatro (Local) _ Theatro de S. José (SP - Brasil) Pinheiro Chagas D.Pedro II (RJ - Brasil) Teatro S.Luiz (RJ - Brasil) Teatro S.Luiz (RJ - Brasil) Teatro S.Luiz (RJ - Brasil)

Segunda turnê: Dia 14 13 20 27 6

Mês julho Julho Agosto Agosto Setembro

Ano 1877 1878 1878 1878 1878

Repertório cerca de 50 peças A Morgadinha de ValFlor A Princesa Azulina O Livro Negro O Saltimbanco

Drama

Terceira turnê: Dia 10 2 5

Mês abril maio maio

Ano 1888 1889 1889

Repertório Magdalena Joanna Fortier Joanna Fortier

Gênero Drama Drama Drama

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Autor Teatro (Local) Pinheiro Chagas S. Pedro de Alcantara (RJ - Brasil) S. Pedro de Alcantara (RJ - Brasil) S. Pedro de Alcantara (RJ - Brasil)


Diรกrio de Sรฃo Paulo, 14 de julho de 1877

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O Cruzeiro, 13 de julho de 1878

O Cruzeiro, 6 de setembro de 1878

Gazeta de NotĂ­cias, 11 de abril de 1888

Gazeta de NotĂ­cias, 6 de outubro de 1895

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Recepção crítica Emília Adelaide veio pela primeira vez ao Brasil em 1871, e, por isso, consideraremos a recepção crítica da atriz a partir desse período. A pesquisa foi realizada somente em jornais e periódicos brasileiros. Sua primeira apresentação teatral no Brasil foi A Morgadinha de ValFlor. Acerca disso, uma crítica encontrada no Diário do Rio de Janeiro traz opiniões muito positivas sobre Emília, que teria tido um desempenho de grande e insubstituível artista: o dramaturgo Pinheiro Chagas não poderia ter encontrado melhor intérprete para o papel principal de seu drama. Alguns chegaram mesmo a afirmar que Emília Adelaide “não é uma atriz, é a colaboradora da obra do dramaturgo, a realização do supremo ideal”. Além disso, o teatro São Luiz estava lotado, e Emília até mesmo recebeu uma coroa de ouro e um ramalhete de penas ao

fim da apresentação. Já em abril de 1871, isto é, não muito tempo após sua chegada ao Brasil, a distinta atriz teve uma opereta representada em sua homenagem: O Sr. Mello Dias, pela Companhia Phenix Dramatica.

Diário do Rio de Janeiro, 16 de abril de 1871 e 28 de março de 1871

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Em 1877, Emília dá início à sua segunda turnê no Brasil, acompanhada de sua própria Companhia Dramática. Ela foi elogiada por seu papel em Magdalena, outra peça de Pinheiro Chagas. Além de seu desempenho esplêndido na peça, a atriz foi apontada como aquela que não descia ao terreno da especulação, dedicando-se à verdadeira escola [da arte] e seus princípios. Encontramos relatos de que os teatros estavam cheios, no aguardo das apresentações dessa Companhia dirigida por uma celebridade. Em contraponto a tantas opiniões positivas, encontramos, na Revista Illustrada, uma crítica que apontava que Emília viria ao Brasil com sua companhia dramática de primeira força, e de fato, ela e a companhia vieram, mas não a força. Aponta ainda que Emília não poderia, com aquela sua companhia, ter o mesmo desempenho que tivera anteriormente, quando atuou no teatro S. Luiz. Isso se justifica, em parte, pelos boatos da representação de uma

peça, que no fim não foi aos palcos.

Revista Illustrada, 2 de junho de 1877 Ressaltando alguns confrontos que ocorriam no teatro da época, a seção “Resenha theatral” da Revista Illustrada de 7 de julho de 1877 afirma que os diretores de teatro estavam agindo de má política, e que esses conflitos não eram bons para as companhias. Mesmo assim, Emília mostrava-se indiferente a isso; porém, anunciou que apresentaria a peça O Amor enquanto no Cassino já se apresentava outra peça. Esse conflito não lhe foi bom. Outra crítica, presente n’O Cruzeiro, destaca que Emília poderia ter

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escolhido um repertório menos vasto para sua Companhia, pois algumas peças eram dispensáveis. Dizem então que ela preferiu a quantidade à qualidade. Nesse período, encontramos também críticas negativas quanto à própria atuação da atriz: que ela tinha desempenhado os papéis de acordo com o que a natureza lhe permitiu fazer (insinuando que ela já estava um pouco velha), e, que se ela quisesse se aposentar, já não era fora de tempo.

Crítica representativa do período de decadência da atriz e sua Companhia. Revista Illustrada, 29/06/1878

Vemos que, entre as várias críticas negativas encontradas a partir da década de 70, ainda havia aqueles que admiravam a distinta atriz.

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Dentre tantas peças representadas por Emília Adelaide, escolhemos ler e analisar o drama A Morgadinha de ValFlor, de Pinheiro Chagas, por ter sido um de seus papeis de mais sucesso – lembrando que ela fazia o papel principal, a morgadinha. Na edição da peça que tivemos acesso, havia, inclusive, uma dedicatória do autor à Emília Adelaide:

Revista Illustrada, 03/05/1879, 15/05/1888 e setembro de 1895

Embora Emília Adelaide tenha representado muitas outras peças, e embora também a Morgadinha tenha sido representada tantas vezes por outras artistas, por vezes as críticas da peça e da atriz se fundem. Acreditamos que isso se dá pelo sucesso que a atriz fez ao atuar nessa peça. Alguns críticos apontam, por exemplo, que a peça [a Mor- Dedicatória escrita por Pinheiro gadinha] tinha o seu valor, era um Chagas na primeira página do livro drama que tocava o coração da pla- A Morgadinha de ValFlor publicateia, mas foi graças à maravilhosa do em 1869 atuação de Emília que ela se consolidou como um drama de sucesso.

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A Morgadinha de ValFlor Drama em cinco atos do português Manuel Pinheiro Chagas, A Morgadinha de ValFlor foi uma das peças mais encenadas de seu tempo. Foi traduzida para o italiano, espanhol e francês e atingiu um sucesso nunca antes conquistado por outra peça portuguesa. A trama se passa em finais do século XVIII, “um período conturbado pelas transformações políticas e sociais, e conta a história de amor entre Leonor, uma fidalga, e Luís, um plebeu.” (FRANCA, 2015. p.2). Em uma casa burguesa de província, Luís e Mariquinhas, primos prometidos em casamento, conversavam sobre uma tal Morgadinha de ValFlor, moça nobre que apresentava costumes distintos daqueles esperados para uma fidalga: ela passeava com seu cavalo solitária pelas campinas e voltava apenas ao anoitecer, por exemplo.

É nesse momento em que uma tempestade muito forte assola a região e uma figura, uma mulher de calças, aparece na casa de Mariquinhas pedindo acolhimento: era Leonor, a Morgadinha de ValFlor. Não a reconhecendo, Luís começa a conversar com aquela figura que até então achava ser um homem e, ao longo da discussão, acaba falando mal da Morgadinha. Leonardo, pai de Mariquinhas e tio de Luís, ao entrar em cena, reconhece Leonor e Luís, envergonhado pelo que disse a respeito da fidalga, passa a olhá-la com outros olhos. Trabalhando como pintor no palácio de ValFlor, Luís se apaixona cada vez mais por Leonor. Depois de um mês no palácio, ele pede desculpas à Morgadinha pelo o que disse sobre ela, que por sua vez, como por vingança, disse que estava para se casar com seu primo Rodrigo.

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Dias depois, Pedro Paulo, tio de Leonor e pai de Rodrigo, acha uma folha de papel com um soneto dedicado à Morgadinha: tratava-se de um soneto que Luís havia escrito à Leonor. Por achar que a autoria de tais versos era de Bernardo Domingues - poetista que havia feito um soneto à mãe de Leonor, Thereza Pedro Paulo acaba por mostrar os tais versos à Morgadinha. Luís, que em nenhum momento tinha a intenção de mostrar seu soneto à Leonor, acaba por confessar seu amor e a fidalga, para sua surpresa, também se declara para ele, assim, amor deles permaneceu em segredo. Em uma romaria, Leonardo e Pedro Paulo se encontram e começam a falar sobre os recentes estados de espírito de seus sobrinhos: Leonardo conta que Luís estava melancólico, e que estava tratando mal sua noiva e Pedro Paulo revela que Leonor estava da mesma forma. Diante disso, o pai de Mariquinhas desconfia de que algo estava acontecendo entre Luís e a Morgadinha.

Tal suspeita é comprovada quando ele avista Leonor e Luís na igreja, declarando-se um para outro. Com muita sutileza, Leonor consegue driblar os questionamentos feitos por aqueles que presenciaram o momento, mas tais argumentos não foram suficientes para remover as suspeitas do pai de Mariquinhas. Sendo assim, após todos terem ido embora, Leonardo chama a atenção de Luís e o desilude: não só Luís já tinha firmado compromisso de se casar com sua prima, como também o amor entre ele e Morgadinha nunca seria possível, já que ambos faziam parte de classes sociais diferentes. Seria mais adequado, portanto, cada um permanecer em sua devida posição hierárquica. Luís, convencido dos argumentos de seu tio, percebe a a diferença entre sua posição em comparação com a de Morgadinha, lembra-se do compromisso feito com Mariquinhas e decide resolver a situação. Já no palácio de ValFlor, Luís se ocupa em conversar com a mãe de

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Leonor, que, por sua vez, já sabia de que os dois haviam se apaixonado. A discussão gira novamente em torno da diferença hierárquica entre os dois e da consequente impossibilidade de ambos ficarem juntos. Luís, já desiludido, concorda com os argumentos de D. Thereza e decide partir sem se despedir de Leonor. Dona Thereza sai do salão e Luís fica por mais um tempo, remoendo internamente tudo o que tinha ouvido e alimentando a coragem para deixar o palácio e Morgadinha para sempre. Entretanto, após a entrada de Mariquinhas no salão, Leonor entra e se depara com Luís. Com a saída de Mariquinhas do camarim, um momento de tensão se instala entre Luís e Leonor: ele tenta convencê-la de que o amor entre eles seria impossível, enquanto ela o acusa de tê-la enganado pelo simples prazer de conseguir encantar o coração de uma fidalga. O amor entre os dois acaba sendo mais forte e a discussão que estavam tendo se transforma mais uma vez em declarações.

Quase prontos para fugir juntos, Leonor, no auge da emoção, desmaia e Luís acaba tendo que pedir ajuda. É nesse momento em que D. Thereza, Pedro Paulo, Rodrigo e Diogo Barradas aparecem para socorrer Leonor. Tomada de grande raiva, D.Thereza pede para que Luís vá embora, mas ele não parte antes de convocar Rodrigo para um duelo de espadas. Após o duelo, Luís, gravemente ferido, se instala na casa de sua prima. De repente, Leonor aparece na casa de Mariquinhas e pede para ver Luís. Ele, ao ouvir que sua amada estava ali, sai do quarto, cheio de ferimentos. Em meio à conversa, ciente de que não poderia ficar junto de sua amada e convencido de que a morte seria a melhor saída, Luís morre. Leonor e Mariquinhas choram

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sobre seu corpo inabitado de espírito. De um ponto de vista mais analítico, o caráter moralizador da peça é bem presente na trama e faz com que tal obra se encaixe com ainda mais perfeição no gênero dramático. A peça se desenvolve principalmente em torno da impossibilidade do amor entre um plebeu (Luís) e uma fidalga (Leonor) diante da questão da “permanência, ou não, de uma hierarquia social[...], numa época em que as ideias iluministas estavam em voga” (FRANCA, 2015, p.3). Sendo assim, como afirmado no trabalho Melodrama: a escola moral da dramaturgia popular de Juliana Assunção Fernandes e Claudia Mariza Braga, A Morgadinha de ValFlor descreve a conveniência da preservação da hierarquia social vigente, já que a peça ilustra o grave erro que um plebeu (Luís) um dia cometeu: se apaixonar por uma moça rica, desafiando a ordem social e gerando uma afronta à sociedade e à igreja. Não apenas isso, considerando a presença da

ideologia cristã na obra, é visível que o hábito de ler e frequentar o teatro são condenados e associados ao mau comportamento apresentado por Leonor. Vemos isso no trecho: “A educação intellectual foi um pouco mais descurada, deixaram-n’a lêr muito. A instrucção demasiada é um veneno.” (p.66) e no trecho em que D.Thereza diz à sua filha: “Não sabe que o theatro é um lugar de perdição? [...] Por isso a nossa augusta soberana, a senhora D.Maria I, ordenou que no theatro da Rua dos Condes fizessem homens o papel de mulheres. Salvou a moral e a religião” (p.72-73). Dessa forma, permeada de ideologia cristã e de elementos moralizadores, A Morgadinha de ValFlor fez seu sucesso em Portugal e no Brasil, num momento em que o gênero dramático não estava tão em voga. A Morgadinha de ValFlor fez parte do repertório da maior parte das companhias teatrais e foi encenada por diversos atores e atrizes, entre eles a exímia Emília Adelaide.

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Fatos interessantes O dramaturgo Pinheiro Chagas escreveu diversas peças que foram encenadas por Emília Adelaide. Entre o vasto repertório desse dramaturgo, podemos destacar, além de A Morgadinha de ValFlor, o drama Magdalena, que foi escrito especialmente para que Emília Adelaide representasse o papel principal.

Emília Adelaide foi a escolhida para cantar e recitar um hino patriótico intitulado Hino dos Voluntários. O hino foi escrito por Machado de Assis

e musicado por Júlio José Nunes, e a apresentação de Emília Adelaide ocorreu no Teatro Ginásio. (Em um dos intervalos a orquestra executará pela primeira vez a mazurka de salão intitulada Emília, dedicada por um admirador à distinta atriz Emília Adelaide.)

A atriz era bastante famosa e conhecida no Brasil, por isso foi homenageada de várias maneiras, e frequentemente recebia presentes após as suas apresentações nos teatros. Uma importante homenagem foi a mazurca escrita em 1871, especialmente para Emília Adelaide, que visitava o Brasil naquele ano. O nome da canção é Emília e os comentários sobre a qualidade da composição eram sempre positivos: “Era realmente muito bonita a sua música”.

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A mazurca é um tipo de música tradicional de origem polonesa.


Além da música, há uma poesia composta para Emília Adelaide na noite de seu debute:

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A atriz Emília Adelaide possui uma biografia escrita por Ramalho Ortigão e publicada em Lisboa em 1871. Infelizmente, a edição que encontramos está na seção de livros raros da Biblioteca Nacional de Portugal, por isso não tivemos acesso ao seu conteúdo. Mesmo assim, encontramos a capa de uma das edições:

A única referência a Emília Adelaide que encontramos nas redes sociais foi uma postagem da fanpage Caras de Portalegre em homenagem a atriz, que é natural dessa cidade portuguesa.

A postagem é composta por um longo texto com a biografia da atriz, além de uma foto de Emília Adelaide já em idade avançada:

Essa edição foi publicada juntamente com uma peça chamada Os Amores de Paris.

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O drama de Pinheiro Chagas, A Morgadinha de ValFlor também merece destaque nessa seção. A peça foi alvo de uma paródia, uma peça burlesca em cinco atos chamada A Fidalguinha das Amoreiras escrita por Eduardo Garrido:

Diário do Rio de Janeiro, 11 de novembro de 1871

Inspirado no drama de Pinheiro Chagas, Esnesto Alburquerque e Erico Braga produziram um filme em 1921; a atriz Ausenda de Oliveira foi a responsável pelo papel da Morgadinha. Aparentemente esse é um filme bastante raro, por isso não tivemos acesso a ele, apenas algumas cenas como a reproduzida a seguir:

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Considerações finais Após o semestre de pesquisas sobre Emília Adelaide, podemos afirmar que a atriz, ao longo de uma carreira artística de quase 50 anos, foi muito aclamada pelo público e pela crítica, alcançando lugar de destaque no contexto teatral da época. Além de atriz, ela foi empresária e montou sua própria companhia de teatro. Enfrentou, de fato, muitas críticas negativas em seu período de decadência. No entanto, vemos que a visão que prevalece a seu respeito é muito positiva. Encontramos registros sobre a atriz nos mais importantes dicionários bio-bibliográficos e histórias do teatro português ou brasileiro. A atriz figura entre uma das tantas mulheres que aparecem no Dicionário de mulheres célebres, entre elas, Cleópatra, Madre Teresa de Calcutá e outras importantes para a história mundial. Sendo assim, mesmo tendo sido desvalorizada ao fim de sua carreira, ressaltamos a importância de Emília Adelaide para a história do teatro português e brasileiro, além de sua excelente atuação nos palcos. Emilietes,

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Bibliografia AZEVEDO, Maximiliano. Recordações de Theatro. Disponível em: <http:// mulheresilustres.blogspot.com.br/2012/07/emilia-adelaide.html> Acesso em: 03/09/15. BASTOS, Sousa. Carteira do artista: apontamentos sobre a história do theatro portuguez e brasileiro. Lisboa, 1898, p. 398. Disponível em: <https:// archive.org/details/carteiradoartist00sousuoft> Acesso em 13/11/15. CHAGAS, Manuel Pinheiro. A Morgadinha de ValFlor – drama em 5 actos. Porto: Ed. Viúva Moré, 1869 CRUZ, Duarte Ivo. Historia do Teatro Portugues. Lisboa: Verbo, 2001. 342 p. ISBN 9722220527 (broch.).

FRANCA, Luciana Penna. A Morgadinha de Valflor na rota de teatro entre Portugal e Brasil. XXVIII Simpósio Nacional de História. < http://www. snh2015.anpuh.org/resources/anais/39/1426001342_ARQUIVO_artigoAnpuh2015.pdf> Acesso em 20/11/15. OLIVEIRA, Americo Lopes de. Dicionário de Mulheres Célebres. Porto: Lello & Irmão, 1981. vii.

SILVA, Innocencio Francisco da; ARANHA, Brito (Coaut. de) et al. Diccionario Bibliographico Portuguez. Lisboa: Na Imprensa Nacional, 18581972. 23 v.

Grande Enciclopedia Portuguesa e Brasileira. Lisboa: Enciclopedia, 1935-60. 40v., il.

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Machado de Assis: Disponível em: <http://www.machadodeassis.org.br/ abl_minisites/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?UserActiveTemplate=machadodeassis&infoid=275&sid=16> Acesso em 20/11/15.

Biblioteca Nacional de Portugal: Disponível em: <http://purl.pt/16337> e <http://www.bnportugal.pt/> Acesso em 10/09/15. A temporada de Ernesto Rossi no Brasil: Disponívvel em: <http://bernardoschmidt.blogspot.com.br/2015/05/a-temporada-de-ernesto-rossi-no-brasil.html> Acesso em 03/09/15.

Imagens Capa:

A Morgadinha de ValFlor:

bernardoschmidt.blogspot.com. br/2015/05/a-temporada-de-ernesto-rossi-no-brasil

books.google.com.br/books/about/A_morgadinha_de_Valflor.html?id=qUATAQAAMAAJ&hl=pt-BR

Ao leitor:

Fatos interessantes:

postaisportugal.canalblog.com/albums/region___ lisboa/photos/21308451-teatro_d__maria_ii

Índice:

www.centroculturalcarioca.com.br/vis_galeria. php?galeria=5

Biografia:

mulheresilustres.blogspot.com.br/2012/07/emilia-adelaide.html

Turnês:

http://memoria.bn.br/hdb/periodo.aspx

Recepção crítica:

http://memoria.bn.br/hdb/periodo.aspx

pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Pinheiro_Chagas pt.wikipedia.org/wiki/Machado_de_Assis purl.pt/16337/1/index.html#/1/html

homemdoslivros.blogspot.com.br/2013_09_01_archive.html facebook.com/carasdeportalegre/ memoria.bn.br/hdb/periodo.aspx

http://www.cinept.ubi.pt/pt/filme/2298/A+Morgadinha+de+Val-Flor

Considerações finais e Bibliografia: mulheresilustres.blogspot.com.br/2012/07/emilia-adelaide.html

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