Merlin III - Teia de traições

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curandeiros sentiam-se agradecidos por ver agricultores locais, assim como saxões, levantando cestas com aves vivas, ovos embalados em palha e cestos com legumes novos, junto com comerciantes que exibiam suas mercadorias em rústicas mesas cobertas que lhes proclamavam a riqueza. As mercadorias destinavam-se a seduzir as multidões que viriam com o passar do dia, e incluíam todas as quinquilharias de pouco valor que poderiam ser compradas sem muito gasto em quaisquer dos portos francos, e também objetos insignificantes e malfeitos que vinham de lugares distantes como Marselha. Bridie, Brangaine e Rhedyn desceram das carroças e se debruçaram na comida fresca com a avidez de compradores desesperados. Elas eram experientes o bastante para não desperdiçar sequer um cobre em joias que ficariam enegrecidas quase que imediatamente, ou em panelas tão fracas que iriam quebrar depois de pouco tempo de uso, e pechincharam, insistiram e exigiram os melhores acordos possíveis com a confiança de mulheres que aprenderam um pouco de seis línguas em todos os lugares de compras no mar Mediterrâneo. Após minutos de negociações, as compras estavam arrumadas na carroça, e o grupo saía do mercado deixando as tendas pobres da periferia de Dubris para trás. A jornada para casa havia começado. O ar era puro agora e exalava o rico aroma de terra recém-cultivada, de madeira queimada e das flores silvestres que floresciam nos vãos entre as raízes das árvores. De repente, o cheiro de casa estava tão forte que Myrddion sentiu os olhos se encherem de lágrimas, virando a cabeça para que nenhum de seus amigos o visse chorando. Ele deixara a Britânia com um espírito misto de aventura, ressentimento e excitação, mas tinha aprendido que sua terra natal, independente de quão longe parecesse estar, era parte de seus ossos e de seu sangue. – Eu juro que nunca mais partirei, independente do que o futuro nos reserve. Se Dubris serve de exemplo, então nós teremos um tempo extraor­dinariamente ocupado aqui na Britânia. Mas seus companheiros não o ouviram. E, de qualquer forma, não teriam discutido, pois a casa era tudo para eles... E sempre fora. Myrddion perseguira seu sonho até Constantinopla, e eles o haviam seguido de bom grado, mas nunca perderam suas raízes de vista. - 38 -

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