Allen Ginsberg - Mente Espontânea

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MARC D. SCHLEIFER Cidade de Nova York “Allen Ginsberg: Aqui para nos salvar. Mas não está certo do quê.” [Allen Ginsberg: Here To Save Us. But Not Sure From What.] Village Voice. 15 de outubro de 1958 Sete de outubro de 1955. Allen Ginsberg caminha diante de uma plateia em São Francisco na Six Gallery e lê seu novo poema “Uivo”, e Lawrence Ferlinghetti, fundador da editora City Lights, imediatamente se oferece para publicá-lo. Ginsberg consegue um emprego como apontador num navio que viajaria para o Círculo Ártico para levantar fundos para ir ao Marrocos ajudar William Burroughs a editar Almoço Nu. Enquanto estava a bordo do navio, Ginsberg edita as provas de Howl and Other Poems. Entre a leitura na Six Gallery e a concessão da seguinte entrevista para The Village Voice, Allen inicia uma viagem maluca: ele e seu colega Gary Snyder viajam de carona de São Francisco até Seattle; com o companheiro poeta Gregory Corso, visita Neal Cassady em Los Gatos, na Califórnia. Allen, Corso, o amante de Allen, Peter Orlovsky, e Lafcadio, irmão de Peter, visitam Jack Kerouac na Cidade do México; de lá, Ginsberg, Peter e Kerouac vão se juntar a Burroughs em Tangier via Nova York; de Tangier Allen viaja pela Espanha, França e Itália antes de se encontrar com Corso em Paris, onde espera convencer a editora Olympia a publicar Almoço Nu; de Paris, Ginsberg visita Amsterdã e a Inglaterra, antes de retornar a Nova York, em 1958. Durante essas suas viagens, o Departamento de Investigações do Serviço Alfandegário confiscou 520 cópias de Howl baseado em seu pré-julgamento de que esse livro era “obsceno e indecente”, mas liberou os livros quando um procurador dos Estados Unidos em São Francisco se recusou a instituir procedimentos de condenação contra o livro. A polícia local depois resolveu agir por conta própria, e o capitão William Hanrahan, do Departamento Juvenil, deteve Shigeyoshi Murao – funcionário de uma livraria que tinha vendido para policiais à paisana uma cópia do livro – e lavrou multas contra Ferlinghetti por ser o editor do livro, relatando que a leitura dele não era apropriada para crianças. O Sindicato das Liberdades Civis Americanas defendeu Ferlinghetti e Murao, que foram considerados inocentes por causa do valor literário dele. Ginsberg estava fora do país durante boa parte desse período de publicidade massiva, e continuaria a fazer 22

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