Entre dois mundos

Page 15

– Tá bom. Ele levantou aquele sofá enorme como se fosse uma pena. – Achou? – Sim, está aqui. Levanta só mais um pouquinho para que eu possa alcançar. Peguei! – Você consegue perder as coisas nos lugares mais improváveis. – Acho que caiu no chão e chutei para debaixo do sofá. – Pode ser. Na hora em que fui passar do lado do sofá, bati a canela na mesa de centro e falei: – Que merda! Quebrei a perna. – Não seja exagerada! Senta aí e me deixa ver. Levantei um pouco a calça e vi que tinha arranhado e a pele estava começando a sangrar. Raul olhou e falou: – Espera que vou pegar um antisséptico para passar. Ele desceu a escada correndo com o spray na mão e deu duas borrifadas no machucado. Ardeu e dei um grito: – Ai, tá ardendo! – Vou soprar para parar. Ele me fitou, balançou a cabeça e ficou olhando para o arranhão em minha perna. – Está melhor? – Sim, parou de arder. E, de repente, me vi naquela casa antiga, com ele me abraçando e cuidando de mim. Senti uma vontade enorme de tocar aqueles lábios de novo e ver se eram macios, como eu me lembrava. Ele olhou para mim e perguntou: – Alícia, está tudo bem? – Não sei... – O que foi? 24

entre dois mundos.indd 24

18/04/2012 17:56:01


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.