Jornal Novo Varejo

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ANO 17 N 199

JUNHO DE 2011

R$7,30

FALTA

1 EDIÇÃO

L ÍDER EM COMUNICA ÇÃ O PA RA O VA REJO D E A UT OPE ÇA S

INDICADORES IBGE Produção industrial

Abr/mar 11..........- 2,1% Abr/mar 10...........- 1,3% Jan/abr 11..............1,6% ANFAVEA Produção de veículos

Mai 11.............303,5 mil Abr 11.............280,1 mil Mai 10.............297,3 mil JATO DYNAMICS Vendas mundiais/marcas*

VW...1.636.860 unidades Ford....552.467unidades *Jan a abr 2011

SPC BRASIL Inadimplência consumidor

Mai11/mai10........8,21% Jan a mai 11...........3,61% JATO DYNAMICS

Sobe e desce Após um início de ano favorável, indústrias e distribuidores vêm patinando nas últimas semanas. Mas no varejo e nas oficinas o movimento continua bom. De onde, então, estão vindo as peças usadas nos serviços de manutenção? 32

A DPK agora faz parte da ATR International, uma associação que reúne grandes empresas de autopeças em mais de 40 países. A parceria permitirá à distribuidora brasileira ter acesso a conteúdos técnicos, de gestão e novas e avançadas soluções comerciais. 46

Brasil............272.898 uni. Argentina........48.598 uni. Chile..............13.549 uni. *Abr 2011

ANFAVEA Mai 11...............318,5 mil Abr 11................289,2 mil Mai 10................251,1 mil

ARTIGOS Antônio Carlos Bento Francisco De La Torre Luiz Marins Vânia Lúcia de Oliveira

ENCARTES Novo Balconista Novo Varejo Importados Negócios & Oportunidades

NEGÓCIOS E OPORTUNIDADES Cadastro Positivo estabelece nova lógica nas relações de consumo

NOVO VAREJO IMPORTADOS Importações de autopeças japonesas em trajetória de queda

Parceria internacional

Vendas América do Sul*

Licenciamento de veículos

O GIGANTE está chegando

NOVO VAREJO BALCONISTA Profissionais do varejo avaliam os catálogos de peças das indústrias

A maior rede de varejos de autopeças e acessórios dos Estados Unidos prepara seu desembarque no Brasil. A reportagem do Novo Varejo apurou com exclusividade junto a fontes do mercado independente que uma equipe própria, de cerca de 20 profissionais, vem estudando as características do aftermarket nacional e a

nossa legislação tributária. Diversas reuniões com indústrias parceiras do grupo em seu país de origem já foram realizadas para estabelecer acordos de fornecimento também por aqui. De acordo com as informações obtidas, a AutoZone deve iniciar operações no Brasil em 2012 com 15 lojas próprias em São Paulo. 26

ADESÃO DA DPK FOI ANUNCIADA NA ASSEMBLEIA DE ACIONISTAS DA ATR

Rede em expansão A rede PitStop, iniciativa do Grupo Comolatti, chega à marca de 500 pontos de venda e faz um balanço de seus dois anos e meio de incentivo ao associativismo no varejo de autopeças. 20

Central de negócios Automação comercial Exigências como o Sistema Público de Escrituração Digital têm motivado o varejo a investir em ferramentas de automação. Os modernos softwares disponíveis hoje garantem eficiência à gestão tributária e à administração 14 da loja como um todo.

PARA EDIMIR DUMKE E SEUS COLEGAS, OS VAREJISTAS SÃO CÉTICOS COM ASSOCIATIVISMO

Toda união é sinônimo de força. Partindo deste princípio, os professores e consultores do Sebrae Edimir Dumke, Juan Koffler Anazco e Nilmar Paul falam, em entrevista ao Novo Varjeo, sobre o funcionamento e a organização dessas estruturas. 10

JÁ SÃO 500 LOJAS COM O PADRÃO PITSTOP



200 Falta uma edição para o Novo Varejo

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NOVO VAREJO_JUNHO DE 2011

4

editorial

por Claudio Milan _ claudio@novomeio.com.br FALE COM A GENTE

Do mundo para o Brasil

A

sem similar no nosso aftermarket independente. A AutoZone tem nada menos que 4,6 mil pontos de venda nos Estados Unidos – seu país de origem –, no México e em Porto Rico. A receita anual deste monstro é de 7,3 bilhões de dólares. Este é o tamanho da concorrência que o mercado independente brasileiro vai enfrentar muito em breve. Segundo nosso trabalho de investigação, a AutoZone deve iniciar atividades até o final deste ano ou início de 2012 com 15 lojas próprias em São Paulo. E os desafios que irá impor ao mercado não serão poucos. Com profissionalização extrema em todos os processos, investimento pesado em marketing, enorme variedade de produtos, atendimento impecável e compra direto das fábricas, estabelecerá um novo patamar de concorrência para o varejo e a distribuição. Cada vez mais fica evidente que os negócios que não evoluírem correm sério – muito sério – risco de desaparecimento. Felizmente, muitas das empresas brasiFelizmente, muitas das leiras que compõem empresas brasileiras que nosso mercado não estão paradas à escompõem nosso mercado não pera dos gigantes. estão paradas à espera dos Estão, em diferengigantes. Estão, em diferentes tes casos, até se casos, até se unindo a eles unindo a eles para oferecer soluções à cadeia nacional. Nesta edição, fazemos um balanço das atividades da rede PitStop, cuja é, também, um exemplo de jororigem também nos remete ao exnalismo criativo, independente e terior, desta vez à Europa. Trazida consistente, um diferencial absoao Brasil pelo Grupo Comolatti a luto das publicações da Editora partir de parceira estabelecida com Novo Meio devidamente perceo Grupauto – que adota modelo bido e reconhecido pelo mercasemelhante em mais de 30 países do em todas as suas etapas. por meio da rede Euro Garage – a Nosso cardápio recheado este mês PitStop comemora a marca de 500 começa pela reportagem de capa, repontos de venda associados. O resultado de um trabalho de apuração sultado é significativo porque mostra jornalística que os leitores do Novo amadurecimento do varejo brasileiVarejo já se acostumaram a enconro, num passado não muito distante trar em nossas páginas. Muita gente tão resistente à ideia de se organizar no mercado já está sabendo que a em redes. Estes 500 empresários rede multinacional de varejos Autoperceberam que cada vez mais é Zone está se preparando para iniciar preciso estar ao lado de grupos foroperações no Brasil. Para quem não tes, provedores de soluções em gesa conhece, trata-se de uma empresa força e o potencial do mercado brasileiro de manutenção de veículos cada vez mais saltam aos olhos do mundo. Não é de hoje que grupos organizados da Europa e dos Estados Unidos olham com carinho para nossa frota e as perspectivas de faturamento que ela oferece. Basta citar o exemplo das redes norte-americanas de reparação Midas e Precision Tune, que desembarcaram por aqui na segunda metade da década de 90 com apetite descontrolado e – por uma série de razões que não vêm ao caso detalhar neste momento – acabaram voltando para casa de mãos vazias. Mas a experiência não foi perdida e nem serviu de desestímulo para que outros gigantes internacionais do aftermarket automotivo voltassem suas atenções para o Brasil. Esta edição do Novo Varejo é a melhor prova disso. E

tão, treinamento e, claro, condições comerciais. São demandas como estas que fortaleceram as bases da Rede Âncora e que agora também consolidam a presença da PitStop no mercado brasileiro. Para os varejos que ainda estão solteiros, fica o exemplo proporcionado por estes dois grandes modelos. Que eles sirvam de inspiração para que novas redes apareçam no aftermarket brasileiro, permitindo ampla liberdade de escolha aos varejista e, acima de tudo, oferecendo ferramentas de profissionalização e evolução aos lojistas de componentes automotivos. Como você verá em nossa reportagem de capa, eles vão precisar. Encerrando a temática dos gigantes mundiais no Brasil, trazemos nesta edição – também em primeira mão – a nova parceria da DPK com a ATR International AG, associação nascida na Alemanha a partir da união de empresas do comércio independente e que já chegou a mais de 40 países em cinco continentes. A iniciativa da distribuidora do Grupo DPaschoal também é igualmente promissora, abre perspectivas de novos negócios e também capacita ainda mais a DPK a proporcionar ferramentas valiosas a seus clientes varejistas. Enfim, esperamos com essas reportagens – e muitas outras que você verá ao longo de nossas páginas – ter proporcionado a você, leitor, uma edição 199 que resume nossa filosofia de trabalho, baseada na criatividade, inovação, profissionalismo e independência. Concluímos com esta edição mais uma etapa na trajetória da única publicação que há mais de 17 anos leva mensalmente ao varejo de autopeças brasileiro um conteúdo consistente, surpreendente e pautado para antecipar tendências e contribuir com a evolução dos empresários do segmento. Conceitos que permanecerão sólidos a partir do mês que vem, com o lançamento de nossa histórica edição 200. O Novo Varejo vai continuar fazendo primeiro. Fazendo diferente. Porque, leitor atento e observador, como você sabe muito bem, o novo nasce aqui.

NOSSO ENDEREÇO Rua São Tomé, 119 11º e 12º andares Vila Olímpia 04551-080 - São Paulo Ligue grátis 0800 55 6247 FONE/FAX (11) 3089-0155 REDAÇÃO Dúvidas, críticas e sugestões a respeito das informações editoriais publicadas no jornal. Envie releases com os lançamentos de sua empresa e notícias que merecem ser divulgadas ao mercado. jornalismo@novomeio.com.br

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Ano 17 - nº 199 - junho de 2011 Distribuição nacional Tiragem de 25.000 exemplares Novo Varejo é uma publicação mensal da Editora Novo Meio Ltda, de circulação dirigida aos varejistas de autopeças. Tem como objetivo divulgar notícias, opiniões e informações que contribuam para o desenvolvimento do setor. diretor responsável Ricardo Carvalho Cruz redação (jornalismo@novomeio.com.br) editor: Claudio Milan repórteres: Larissa Andrade e Patrícia Malta de Alencar editoração (artes@novomeio.com.br) projeto gráfico e direção de arte: Sérgio Parise Jr. designer gráfico: Ivan Ordonha assistentes de arte: Fernando Mekitarian e Priscila Wu colaboradores editoriais: Eduardo Portella Amorim (fotos) e Perla Rossetti (textos) comercial (comercial@novomeio.com.br) diretor: Paulo Roberto de Oliveira representação comercial: Rafael Cury Bergamini marketing (marketing@novomeio.com.br) gerente: Kelly Gomes assistente: Claudia Paulino estagiária: Alessandra Siqueira internet (miriam@novomeio.com.br) Miriam Oliveira tecnologia (heraclito@novomeio.com.br) Heráclito Kunzendorff impressão OESP Gráfica S.A. Os anúncios aqui publicados são de responsabilidade exclusiva dos anunciantes, inclusive com relação a preço e qualidade. As matérias assinadas são de responsabilidade dos autores.

jornalista responsável Claudio Milan (MTb 22.834) Auditado pelo INSTITUTO VERIFICADOR DE CIRCULAÇÃO



sumário

NOVO VAREJO_JUNHO DE 2011

6

10

ENTREVISTA

Especialistas em centrais de negócios falam sobre o funcionamento e a organização dessas estruturas, destacando seu valor como fator de competitividade.

14

GESTÃO

Varejos devem aumentar investimentos em tecnologia da informação para se adequar à legislação e ganhar eficiência em logística e produtividade.

26

20

ANUNCIANTES APEX

23

CENTAURO

43

CENTERPARTS

21

COBRA

11 46 19

COFAP

15 54 55

DAYCO DIBIANCHI FIAT

39

FRAS-LE

25

2MC

44

ISAPA

41

MONROE

35

NAKATA

07 33

OLIMPIC

01 05

PELLEGRINO SACHS

02

SAMA

17 64

SCHAEFFLER

REDE

PitStop chega à marca de 500 pontos de venda e faz um balanço de seus dois anos e meio de incentivo ao associativismo no varejo.

SYL

CAPA

46

32

MERCADO

Fabricantes e distribuidores apontam queda no mercado nas últimas semanas. Mas lojas e oficinas continuam cheias.

A AutoZone, uma das maiores redes de varejo de autopeças do mundo, está arrumando as malas para desembarcar no Brasil.

NEGÓCIOS

DPK se associa à ATR International, organização europeia provedora de conteúdo técnico, de gestão e soluções comerciais.

UNIVERSAL

06 08 09 61 62 63 37 29 31 13

VTO WAHLER

ARTIGOS

13

Vânia Lúcia de Oliveira

30

Luiz Marins

47

Francisco De La Torre

60

Antônio Carlos Bento





entrevista

NOVO VAREJO _ JUNHO DE 2011

10

por Perla Rossetti_jornalismo@novomeio.com.br

fotos divulgação

Empresas em grupo Centrais de negócios criam oportunidades para varejos alcançarem competitividade via associativismo. Mas nem sempre o trabalho em grupo dá certo

P

ara responder de maneira proativa e positiva aos desafios e diferentes níveis de competitividade em um mercado, mesmo em negócios de tradição familiar e regional, surge uma nova estratégia mercadológica batizada de central de negócios. Especialistas no tema, Edimir Dumke, Juan Koffler Anazco e Nilmar Paul lançaram em parceria com o Sebrae o livro “Central de negócios – Um caminho para a sustentabilidade de seus negócios”, da editora Campus/Elsevier. Colaboradores do Sebrae e professores com sólida formação em Administração, os autores mostram o funcionamento e organização dessas estruturas, ressaltando seu valor como fator de alta competitividade nos mercados para os micro e pequenos negócios do setor de produtos ou serviços, mesmo nos primeiros anos de operação, embora este não seja o foco principal da estratégia. Partindo da premissa de que toda união é sinônimo de força e que um conjunto gera maior poder de negociação de preços e condições de pagamento, entre outros, de acordo com os autores, as centrais possibilitam investir em inovação, tecnologia e informação sobre o meio empresarial. Diferenciais que criam bases para as organizações e que os docentes detalham na entrevista a seguir. Qual a posição do varejo de autopeças no associativismo atual? A Âncora é uma das poucas, se não a única, que tem sobrevivido

ao longo dos anos e, ainda por cima, conseguido, por meio de informatização, centralização do poder de negociação em uma central de operações, juntar volume em nível nacional para, aí sim, negociar com fornecedores. No setor, os empresários, em geral, são céticos e descrentes quanto ao associativismo e acreditamos muito no poder do convencimento por meio do conhecimento e, neste caso, tendo acesso a grupos, por meio de visitas técnicas, feiras, workshops, defendendo ao máximo a ideia, pois o exemplo convence. A transparência e perceber que vale a pena o movimento levam os grupos a trabalhar em parceria. Como se constitui uma central de negócio? Surge do interesse de um grupo de organizações de pequeno ou médio portes que operam no mesmo ramo de negócios e que podem estar sediadas em qualquer parte de uma região, de um estado ou de todo o país. Tais organizações, embora mantenham sua gestão própria, se agrupam em centrais a fim de conquistar o bem comum em amplo termo. A gestão operacional é, então, determinada por unanimidade, atribuindo-se a uma das organizações tal tarefa. Via de regra, àquela que teve o interesse e a iniciativa de promover o agrupamento negocial. A partir desse movimento primário, definem-se regras e ditames de funcionamento, operacionais, estratégicos, negociais, de marketing, entre outros, que irão determinar as linhas

de atuação do grupo, tornando-o coeso e competitivo. A coparticipação em custos de comunicação e merchandising, em marketing e em compras, será a base inicial que as moverão, trazendo desde logo grandes benefícios para todos. As permanentes reuniões para troca de ideias, de estratégias e de outras variáveis interferentes no mercado se encarregarão, ao longo do tempo, de aperfeiçoar a união, incrementando seus índices de competitividade grupal e, por óbvia consequência, seus ganhos e qualidade de desempenho. Cabe destacar que apenas a boa vontade não bastará, será preciso persistência, uma boa dose de paciência e, sobretudo, em muitas situações, abrir mão de interesses individuais pensando nos interesses do grupo, o que certamente já é um desafio por si só. A constituição acaba até sendo fácil, o desafio maior é garantir a perenidade e equanimidade.

cançar devem partir dos objetivos, primeiro individualmente e, posteriormente, do conjunto. Para ilustrar, as centrais abrem e consolidam mercados com estruturas de comercialização nacionais e internacionais; abrem possibilidades de relacionamentos empresariais com universidades, agências estatais e instituições tecnológicas que pequenas empresas não conseguem estabelecer. Além disso, facilitam o acesso à tecnologia da informação, linhas de créditos especiais e otimizadas; ampliam a escala produtiva e o atendimento de grandes pedidos através da produção conjunta; aumentam a motivação e confiança

no negócio, a produtividade e reduzem a ociosidade; buscam a normatização de procedimentos e certificações; ganhos de credibilidade no mercado, garantindo maior legitimidade nas ações empresariais e redimensionando a importância da empresa em seu ambiente comercial; buscam padronização de comunicação visual; capacitam colaboradores; entre outros benefícios. O que diferencia uma central de negócio, uma cooperativa e uma OSCIP? Suas características operativas, jurídicas, estratégicas, organizacionais, estruturais e ideológicas são diferenciadas, motivo que não permite explanação dissertiva a respeito. As CNs mantêm a

Como dimensionar os potenciais e benefícios dessa estratégia? As vantagens que se deseja al-

Uma barreira ainda existente é a mentalidade e resistência de muitos empresários em compartilhar o seu ‘segredo competitivo’ EDIMIR DUMKE



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entrevista

independência jurídica das unidades componentes, permitem a abrangência de grandes áreas geográficas sem temor de controles gerenciais ou de dependência administrativa-gestora, não obstante, seguem regras e ditames comuns ao grupo. Elas possuem seus próprios poderes de barganha em seus mercados, permitindo a constante reavaliação de estratégias de variados portes e objetivos, que certamente beneficiam o grupo em determinados aspectos. A central de negócios não tem um formato jurídico definido, é, na verdade, uma estratégia para lidar com dificuldades competitivas como o sistema tributário. De que maneira as centrais constituem um caminho para a sustentabilidade dos negócios? Em princípio, sustentabilidade implica em competitividade permanentemente renovada aprimorando técnicas de propaganda e marketing conjunto; ampliando os canais de comercialização; otimizando a qualidade dos produtos e serviços; reduzindo os custos de aquisição de matérias-primas, insumos ou mercadorias, por intermédio de compras conjuntas. Também no sentido de melhorar a produtividade no uso das instalações, compartilhar recursos complementares, capacidades e competências essenciais; acessar as tecnologias e inovações, internet, softwares; realizar treinamentos para sua equipe de colabora-

dores; trocar ideias e informações, negociar de forma coletiva para compra de produtos, bens ou serviços. Bem como, ter voz e vez, em sua representação nas esferas municipal, estadual e federal. Então as centrais se valorizam como fator de alta competitividade? Sim, a conjunção de ideais, valores e objetivos, quando assimilados em grupo, redunda em maior competitividade. A individualização do negócio engessa seu desempenho tornando-o local ou, no máximo, microrregional. Já a união expande suas potencialidades de competição, além de ampliar sua cultura organizacional mediante a troca de informações, experiências e sensibilidades mercadológicas. A competitividade surge no instante em que estas centrais de negócios passam a ser comparadas com outras e até globalmente, como ocorre com os países, ou você se adapta e investe para evoluir ou é engolido no mercado altamente globalizado. Qual o melhor caminho para formar centrais efetivas? Investimento. E aí há um longo caminho, porque não é apenas em capacitação, mas, sobretudo, em melhoria de processos, implantação de controles de qualidade, performance, indicadores, para racionalização de custos e por aí vai. Com conhecimento, a evolução torna-se palavra de ordem.

ALINHAR OS GESTORES INDIVIDUAIS DAS EMPRESAS ASSOCIADAS É UM DESAFIO PERMANENTE

Que tipo de confusão estrutural é superada via centrais de negócios? A começar pela administração descentralizada, alguém cuida das compras, outro das vendas, outro do marketing, quando diversos subgestores zelam por determinado setor da organização e, não raro, principalmente em empresas de pequeno e médio portes, com tendências distintas, em razão de suas próprias experiências. Uma barreira ainda existente é a mentalidade e resistência de muitos empresários em compartilhar o seu ‘segredo competitivo’. Há gargalos na logística, custos, governança. Sob a formatação de uma CN, o grupo passa a ter um sentimento só, o de ser mais competitivo, seguir a linha de ação, implementar a estratégia, centralizando a aquisição de insumos ou produtos acabados, com as naturais barganhas, e a acompanhar o desempenho do setor mediante instrumentos de mensuração acurados. Em quais ramos de atividade o associativismo é bem aplicado no Brasil? De duas décadas para cá, o associativismo explodiu em todos os sentidos e segmentos da sociedade, embora seja um fenômeno que remonta aos tempos mais primitivos, como fórmula de sobrevivência. Poucas as organizações que não fazem parte de alguma forma de associativismo. Clusters, cooperativas de consumo, centrais de compras, de distribuição, em todos esses modelos o associativismo é bem aplicado, embora em níveis diferenciados. A impressão é que no segmento do varejo tem sido mais notado, principalmente pela visibilidade que acaba tendo devido aos investimentos em marketing. As empresas conseguem reduzir custos e aumentar as vendas atuando em conjunto? Sem dúvida. O importante é que a demanda seja bem dimensionada para evitar estoques elevados, volume imobilizado de

A individualização do negócio engessa seu desempenho, tornando-o local ou, no máximo, microrregional. Já a união expande suas potencialidades de competição alto valor. Outra possibilidade é montar canais de venda da central, distribuindo produtos de todos os associados, em venda eletrônica, participação conjunta em feiras e exportação conjunta. Não há como se esgotar a lista de vantagens que podem ser conquistadas trabalhando em união ou em conjunto. Como enfrentar as opiniões distintas dos empresários sobre o rumo do negócio dentro de uma mesma central? Embora as CNs centralizem muitas das suas decisões em um órgão único, consultivo, há divergências entre os gestores individuais das organizações componentes. O que há, em realidade, é a procura constante de consenso entre os participantes da CN, em benefício comum. Esta é a premissa maior. E é importante contar com um consultor externo. Quais são as ameaças e barreiras que o associativismo enfrenta no Brasil? Justamente a falta de cooperação entre grupos de distintos segmentos. Em nosso país, o associativismo ainda

é primário, individualista, autocentrado. Esta característica é parte inerente ao perfil do nosso empresário, independentemente de qual seja seu segmento de atuação ou sua dimensão organizacional. Somos uma nação que luta individualmente, cada um defendendo seu quinhão de mercado. Um esforço, em suma, dividido. Falta união de forças, objetivos, metas, estratégias, ideais em prol do bem comum, em benefício de todos e, principalmente, da nossa grande e castigada nação. Urge a mudança de mentalidade social, política e empresarial. E um processo saneador nesse sentido passa por uma mudança radical, drástica, em nossa política, em sentido lato, para dar início a uma renovada visão social de conjunto, competitiva, abrangente e, principalmente, justa. Mudar mentalidades é gradual, sistêmico e exige investimento. É um movimento de formiguinhas, que vai fazendo a diferença, mas que poderia ser ampliado com maior visibilidade e apoio.

“CENTRAL DE NEGÓCIOS – UM CAMINHO PARA A SUSTENTABILIDADE DE SEUS NEGÓCIOS” Autores: Edimir Dumke, Juan Koffler Anazco e Nilmar Paul Editora Campus/Elsevier


por Vânia Oliveira_vania.rh@ig.com.br

artigo

Nossa capacidade de mudar VÂNIA LÚCIA DE OLIVEIRA É CONSULTORA ORGANIZACIONAL, MBA EM GESTÃO ESTRATÉGICA DE PESSOAS E EXECUTIVE COACH PELA SOCIEDADE BRASILEIRA DE COACHING.

P

rezados leitores, falar de mudanças pode parecer repetitivo e não tão inovador, diante de inúmeros textos que certamente já lemos sobre este tema. Porém, sempre nos deparamos com aspectos relevantes que merecem nossa reflexão, pois vivemos os impactos das mudanças em nossas vidas e em nossas empresas. Vale ressaltar que condutores de mudanças são vistos na maioria das vezes como ameaças. Desta forma, consultores e auditores não são bem aceitos, por aqueles que lutam em manter o status quo/estado funcional. Estes temem o desconhecido e lutam para manter seus cargos, suas atitudes e hábitos. Desta forma devemos evitar mudanças radicais, pois elas causam traumas na organização, principalmente quando não são bem planejadas. É necessário conhecermos os detalhes de cada organização, identificando o que as pessoas definem como “problema”, adotando uma intenção estratégica capaz de minimizar reações. É importante buscarmos a conciliação criativa das percepções, ouvindo e considerando experiências construídas nas organizações, antes de propormos mudanças. É comum identificarmos boas sugestões em diferentes níveis de cargo, pois as ideias nobres podem partir do coletivo. Em todas as organizações encontramos comportamentos congruentes e incongruentes frente às mudanças. Os congruentes são aqueles

que estão alinhados à empresa. Gostam do que fazem e estão sempre dispostos a inovar em prol da competitividade. Os incongruentes são aqueles que resistem às mudanças, assumindo atitudes de dissidência, apatia ou ressentimento. Vale explicarmos cada um deles, para que saibamos identificá-los e tratá-los de forma adequada. Dissidência: são aqueles que conhecem a organização, são técnicos, gostam da empresa, porém não concordam com as decisões tomadas pela direção e fazem críticas constantemente. Estes podem influenciar outros, pois possuem argumentos baseados na experiência e nos conhecimentos acumulados sobre a organização. Apatia: são aqueles que não se posicionam e afirmam não terem poder de decisão. Não contribuem para mudanças, pois não se envolvem nem se comprometem com o sucesso das mesmas. Não influenciam outros, mas podem desanimálos, pois não compartilham experiências nem demonstram credibilidade pela organização. Ressentimento: são os mais difíceis de serem trabalhados, pois guardam mágoa e resistem às mudanças por se julgarem injustiçados pela empresa, fazem de tudo para sabotar as iniciativas, assumindo sentimentos derrotistas, ou seja, promovem a “cultura do fracasso”. Estes contaminam os ambientes e espalham suas opiniões divergentes, sem muito critério ou razão, pois falam de seus sentimentos e os colocam à frente dos objetivos organizacionais. Assim, para que possamos implementar mudanças nas orga-

13 NOVO VAREJO_JUNHO DE 2011

foto divulgação

nizações, é aconselhável que adotemos as ações incrementais, ou seja, por etapas. Porém, estas mudanças precisam ser contínuas, monitoradas e medidas de forma específica, focadas em resultados mensuráveis. Sabemos que é comum não assumirmos os ônus da transição, pois desejamos que as mudanças tragam resultados imediatos, sem desgastes ou perdas. Muitos desistem das mudanças, antes de implementá-las por completo, por não suportarem a pressão dos incongruentes. É valioso termos nas organizações pessoas que pensam formas diferentes de obter resultados, porém, quando estas diferenças comprometem os interesses organizacionais, é preciso saber o momento da tomada de decisão e desligá-los do quadro, antes que coloquem todo o processo em risco. Transferir poder e iniciativa são fundamentais para o processo de mudança. Assim, precisamos ter para quem delegar e para quem atribuir as responsabilidades de gerar entusiasmo e inovações coletivas. Desta forma, os incongruentes precisam ser tratados, antes de inibirem as mudanças, tornando-as impraticáveis. Para cultivarmos comportamentos propícios às mudanças, as organizações precisam implementar atividades novas a cada ano, gerando novidades na forma de atuar e pensar os processos organizacionais. Vale investir na criatividade individual e na inovação coletiva, capazes de gerarem o aprendizado contínuo que favoreça comportamentos congruentes.


gestão

por Larissa Andrade_larissa@novomeio.com.br

fotos divulgação

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Automação comercial no varejo Além de atender às exigências fiscais, soluções oferecem análises para melhor gerenciamento de estoque, compras e perfil de clientes

A

chegada do SPED (Sistema Público de Escrituração Digital), a Nota Fiscal Eletrônica, entre outras exigências fiscais, fizeram com que a distribuição e o varejo de autopeças acendessem a luz amarela para a informatização do negócio, muitas vezes despreparado para atender todas essas regras impostas pelo governo. Nos últimos anos, as lojas de componentes automotivos aumentaram os investimentos em modernização,

inclusive no que se refere à questão de tecnologia da informação, o que permitiu não apenas estar de acordo com a legislação, mas também ter ganhos com logística e produtividade por meio de softwares de automação comercial e gestão contábil. Para o diretor executivo da Alterdata Software, Ladir Carvalho, o mercado vem sofrendo mudanças no campo da automação. “Venho percebendo que os empresários estavam preocupados com o processo de gestão de negó-

cio. O interesse era saber o que estava acontecendo na venda, no estoque, os produtos mais vendidos. Hoje o foco mudou porque o governo vem exigindo uma série de adequações para evitar a sonegação, então os empresários querem que o software seja compatível com as exigências fiscais do governo”. A supervisora nacional de bases da CEO Software, Giselia D’Angelo, diz que o crescimento de demanda por essas soluções é notório, inclusive no segmento de autopeças. Mas o que

muitos empresários desconhecem é que o software pode ir muito além da questão tributária. “Parte da demanda para as empresas de software surge com a necessidade de atender à legislação, o que muda imediatamente quando o empresário percebe a infinidade de outros benefícios que tais ferramentas podem lhe trazer. Com isso, a necessidade inicial de somente atender à legislação, de forma muito breve, se transforma em um grande desejo por algo a mais”.

SOFTWARE DE GESTÃO APRESENTA COMPRAS, BUSCA DE PRODUTOS E CONTROLE DOS IMPOSTOS



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gestão

EVOLUÇÃO A grande vantagem dessas soluções está na evolução: o que antes só contabilizava e apresentava números passou a ter capacidade de análise, conforme conta Ladir Carvalho. “Antigamente, os sistemas estavam focados no operacional. O objetivo era falar quanto tinha de estoque de cada produto, quanto cada cliente devia. Hoje em dia o sistema tem a capacidade de fazer análise e sugestões; nosso aplicativo sugere a quantidade mínima e máxima que ele deve ter de cada produto de acordo com o que vende, com a época do ano, por conta da sazonalidade. O grande problema do empresário hoje é comprar certo, para não ter demais, nem de menos. Então, o software faz esse trabalho, que é 80% matemático, e o empresário fica com a visão e a percepção, responsável pelos 20%. Com isso, ele vai ter tempo para focar no seu diferencial”, justifica o diretor executivo. A Oracle oferece uma software completo e modular para gestão de empresas de varejo que inclui desde as soluções conhecidas como Enterprise Resource Planning (ERP), que fazem a gestão financeira, contábil e fiscal da empresa, até as mais modernas soluções de otimização das iniciativas de varejo. “O sistema contém módulos para o planejamento da demanda e abastecimento, gestão de preços e promoções, logística de armazenagem e distribuição, otimização do espaço de vendas, entre outras funcionalidades”, explica o representante de Vendas de Aplicativos da Oracle do Brasil, Marcelo Duraes. A solução promove controle da redução dos estoques e das perdas de vendas, melhoria no planejamento de compras, diminuição das perdas no processo logístico, aumento de margem e eficiência operacional.

Hoje em dia, o melhor produto não é o que vendeu mais, mas o que se coloca em um tripé entre vendas, lucro e giro LADIR CARVALHO, DIRETOR EXECUTIVO DA ALTERDATA SOFTWARE

VISUALIZAÇÃO No varejo de autopeças, um dos principais desafios está no fato de os produtos serem extremamente técnicos – exigindo balconistas com um alto conhecimento específico, além das habilidades comuns a quem atua na área. Os softwares de automação comercial também auxiliam nessa área, indicando produtos equivalentes quando não há um de determinada marca no estoque ou se o cliente solicita uma opção mais barata. Além disso, o sistema também pode orientar quais produtos complementares devem ser indicados ao cliente – por exemplo, no caso da compra de um amortecedor, ele indica as borrachas ou molas. Assim, o balconista não terá trabalho procurando códigos ou produtos equivalentes e ainda poderá emplacar uma venda casada. “Temos muitos clientes que são distribuidoras de autopeças, com estoque de 30, 40 mil itens e administrar isso é um problema, principalmente quando os produtos substituem uns aos outros. Antigamente, as lojas dependiam de vendedores brilhantes porque eles

precisavam lembrar essas conexões. Agora você pode trabalhar com vendedores medianos porque o aplicativo o orienta a oferecer o produto complementar”, ressalta Carvalho. A capacidade de análise do software também faz com que ele vá muito além de apresentar números. Giselia D’Angelo, da CEO, explica que são apresentados não apenas os produtos que mais e menos giram, como os mais e menos rentáveis. “Muitas vezes, a empresa tem a venda de um produto disparado, porém a participação em lucro deste produto não é tão vantajosa, talvez seja melhor trabalhar e investir em um produto que tenha uma participação menor em quantidade e maior participação em lucro. Ressaltando que mesmo os produtos menos rentáveis não devem ser excluídos do mix, pois outro grande diferencial é o consumidor encontrar tudo em um só canal. Nos dias de hoje, é comum a concentração de autopeças se dar em um local específico da cidade ou de um bairro, visando facilitar ainda mais o dia a dia de quem depende do segmento (consumidor final, mecânicos, taxistas, frotistas)”. Carvalho comple-

menta: “hoje em dia, o melhor produto não é o que vendeu mais, mas o que se coloca em um tripé entre vendas, lucro e giro. Se você descobrir que o produto vendeu bem, deu margem, mas demorou um ano pra vender, não é bom. Se ele vendeu bem e rápido, mas não deu muita margem, não é bom. O sistema identifica qual de fato é o melhor produto”, conclui. Como as soluções disponibilizam diversas informações, é possível filtrar quem terá acesso a cada uma delas. Quem faz essa seleção é o próprio gestor junto à empresa fornecedora, estabelecendo qual informação cada usuário cadastrado terá acesso. Mas é importante ressaltar que todos esses benefícios trazidos por softwares de automação comercial só chegam à empresa se ela adotar uma postura mais moderna e conectada – e se o gestor se conscientizar da importância de investir e treinar seus funcionários. “A implantação completa de uma solução não é tão simples e envolve vários fatores, entre eles o fator humano, que é peça fundamental no sucesso alcançado. Um segundo item é ‘arrumar a casa’ para que tudo seja

VISUALIZAÇÃO DAS INFORMAÇÕES É SIMPLES E SEGUE UM PASSO-A-PASSO



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gestão

transportado/implementado de forma organizada para o sistema”. Ladir Carvalho conta que o primeiro passo para utilizar um desses softwares é ter o estoque classificado e codificado, algo que muitos varejos de autopeças ainda fazem de maneira subjetiva. “O mais difícil em autopeças é fazer essas conexões entre outros produtos e, para isso, é preciso separá-los em famílias. Isso ajuda muito para não ter venda errada”, conta o diretor executivo. Ele também ressalta a importância de não ter computadores ultrapassados, que não apresentarão bom resultado com softwares tão modernos e quebrarão uma das principais regras do balcão de autopeças: agilidade. DOIS EM UM Se apenas os benefícios da automação comercial já são bastante atraentes para a implantação das soluções, as exigências fiscais são um motivo forte o bastante para colocar a mão no bolso. Afinal, as multas caso as regras não sejam cumpridas custarão muito mais caro. Por isso, os fornecedores oferecem softwares que provêm todas essas informações, até mesmo mais específicas, como é o caso da solução da Oracle. “Ela é composta por vários módulos, inclusive por um módulo fiscal, que atende à necessidade dos clientes locais, com a automatização de praticamente todas as operações fiscais. Durante o processo de definição do escopo, as consultorias identificam as necessidades dos clientes de acordo com o tipo de produto ou serviço e as regiões onde atuam para definir as necessidades fiscais municipais, estaduais e federais”, ressalta Duraes, que complementa: “A suíte de módulos para o varejo inclui todos os

módulos financeiros e contábeis. Com a implementação da solução, todas as operações realizadas pela empresa passam a gerar dados automaticamente para a contabilidade. Essa função reduz drasticamente o retrabalho e o tempo de fechamento contábil, além de eliminar erros durante o processo de contabilização”. Ladir Carvalho conta que até as empresas de softwares tiveram de se adequar, desenvolvendo soluções compatíveis às exigências do governo para que possam ser homologados, ou seja, seguem padrões estabelecidos pelo Fisco que garantem a veracidade das informações. Se, por um lado, isso causou muita dúvida em varejistas e distribuidores no início, por outro as transformações fizeram com que a concorrência se tornasse mais leal, já que não há mais espaço para sonegação. “Até o ano passado, as empresas estavam muito soltas. Hoje, as notas fiscais que recebem são todas eletrônicas e tudo o que estão comprando já é de conhecimento do governo. Por estar comprando tudo regular, o varejo tem que vender de maneira regular”, explica. PEQUENOS Embora tudo isso pareça um pouco rebuscado para o pequeno varejista, na prática o uso e a visualização das informações nos softwares são bastante simples e podem ser aplicados em negócios de qualquer porte, até mesmo em quiosques de shoppings. “Os pequenos negócios também têm que controlar o inventário. Antes, eles só controlavam os clientes da carteira, mas hoje o software diz quais clientes são melhores para o negócio, quais retornam de quanto em quanto tempo. Isso é típico de análise de gestão que antes não era possível”. A multinacional Oracle também atua de olho nos pe-

quenos negócios. “A empresa oferece uma solução modular que permite ao cliente iniciar a implementação de forma gradual, de modo que os resultados do projeto possam apoiar a adoção de novas funcionalidades. Esse tipo de implementação traz a oportunidade de a empresa rever seus processos, estruturar a organização e preparar-se para apoiar seu crescimento, o que exige também um forte engajamento dos profissionais da empresa”, explica Duraes. Para empresas que ainda não sabem como funciona um software de gestão, a CEO Software oferece a possibilidade de aluguel. “É possível alugar ou adquirir a licença de uso, o que difere um cenário do outro se resume basicamente em dois motivos: quando o empresário não tem condições de investir na aquisição da licença de uso ou quando quer fazer uma experiência antes da aquisição definitiva”, diz Gisélia. E, no caso do aluguel, não há uma periodicidade mínima para a contratação dos serviços. Para aquelas que pretendem, num primeiro momento, somente atender à legislação, a CEO oferece a solução “Small Ponto de Venda”, que é mais enxuta, mas adere a todas as regras tributárias e de rápida implantação. Além disso, todas as empresas oferecem um acompanhamento no momento inicial, não apenas para explicar como o software funciona, mas para que o empresário possa aproveitar todas as suas funcionalidades. No caso da Oracle, “o software é implementado com o apoio de uma consultoria que, além de apoiar o cliente na organização dos processos, realiza os treinamentos, parametrização e integração dos sistemas. A implementação de uma solução padrão varia de seis a 12 meses de projeto, mas como a solução é modular, o tempo pode variar de acordo com cada cliente, dependendo do escopo”, relata Duraes.

RESUMO S.Y.L Para vencer os desafios trazidos recentemente pela legislação, como o SPED e a Nota Fiscal Eletrônica, varejos de autopeças contam com softwares que oferecem apoio à gestão tributária e também fazem a automação comercial da empresa, proporcionando uma análise dos melhores produtos, o que deve

ser comprado e em que quantidade e apresentando outras opções de produto para que o consumidor escolha aquele que preferir. O resultado está em ganho logístico e financeiro para o negócio, além de um gerenciamento mais simples através de softwares de fácil manuseio.

O sistema contém módulos para o planejamento da demanda e abastecimento, gestão de preços e promoções MARCELO DURAES, REPRESENTANTES DE VENDAS DA ORACLE DO BRASIL

Já a Alterdata conta com uma base em todo o país, responsável pelo pósvenda. Ladir Carvalho explica que os treinamentos acontecem em três frentes: um para os balconistas, outro para o pessoal de caixa e o último para os sócios-proprietários, voltado à análise de indicadores e relatórios, ou seja, focado na gestão do negócio. E a CEO Software determina, durante a negociação, o número de horas para treinamento e implantação, sendo que as horas são estimadas com base em numero de usuários a serem treinados, entre outros fatores. Segundo Gisélia, em uma empresa com até cinco usuários, o tempo total entre treinamento e implantação não excede 90 horas não consecutivas. Além disso, ela explica que, caso a empresa esteja substituindo um software pelo da CEO, o treinamento antecede a implantação para evitar qualquer tipo de indisponibilidade. Senão, implantação e treinamento acontecem simultaneamente.



rede

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por Claudio Milan_claudio@novomeio.com.br

fotos divulgação

PitStop chega a 500 pontos de vendas Rede associativista trazida ao Brasil há dois anos e meio pelo Grupo Comolatti já está presente em 173 municípios brasileiros

D

epois de uma infinidade de tentativas frustradas no final do século passado e início deste rumo à formação e consolidação das redes de varejos de autopeças no Brasil, o modelo parece ter atingido certa maturidade no país. Cada qual com suas características, são hoje duas grandes iniciativas que podem se considerar bem sucedidas: a Âncora, com mais de 600 lojas associadas, e, mais jovem no mercado; e Rede PitStop, que acaba de atingir a marca de 500 pontos de vendas em 173 municípios nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Goiás, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Trazida pela Distribuidora Automotiva, do Grupo Comolatti – que controla, no segmento de distribuição, empresas como Sama, Laguna e Matrix –, a rede PitStop iniciou operações em 2009, com piloto implementado na cidade de Ribeirão Preto, uma das maiores e mais ricas do interior de São Paulo e palco perfeito para experimentações de mercado. O know how para o desenvolvimento, formatação e implantação da rede veio da Europa, a partir de parceria com o Groupauto, referência na criação de redes para o aftermarket automotivo e que já adota o modelo em mais de 30 países naquele continente, onde foi responsável pela difusão da marca Euro Garage. “Em nossa busca constante de soluções para o mercado de reposição, dentro e fora do setor, nos demos conta que o mercado nos Estados Unidos estava consolidado em redes, tanto asso-

ciativistas quanto privadas. E na Europa também havia redes com diferentes formatos”, diz Rodrigo Carneiro, diretor comercial da Distribuidora Automotiva. “Após estudarmos vários mercados em outros países, vimos que o sistema de rede poderia contribuir para o fortalecimento do varejo de autopeças e oficinas, um setor muito pulverizado que carece de informações e gestão empresarial”, acrescenta o presidente do Grupo Comolatti, Sergio Comolatti. FORMATAÇÃO Dois anos e meio depois de iniciar operações no Brasil, a PitStop hoje reúne três formatos de pontos de venda associados, conforme explica Rodrigo Carneiro. “Temos o varejo puro; o híbrido, aquele que tem quase imediatamente ao lado um centro automotivo ou oficina mecânica, perfil que quase caracteriza uma tendência, por várias razões, inclusive rentabilidade; e as oficinas mecânicas, que não são o foco da rede e são trabalhadas a partir da indicação dos varejos”. O modelo de operação é semelhante ao de uma franquia e, portanto, exige a aplicação de um manual de processos e procedimentos. Há um padrão de identidade visual para as lojas, com cores e logomarca. Mas, por se tratar de uma rede com base no associativismo, o nome da loja é preservado e, havendo logomarca própria, esta é mantida na fachada. A seleção das lojas integrantes da rede começa pela base de

LAYOUT PADRÃO E NOME DA LOJA NA FACHADA

ALTERNATIVA PARA QUEM NÃO ESTÁ DENTRO Segundo os gestores da Rede PitStop, a expansão da rede não será infinita e há, entre outros fatores limitantes, a necessidade de preencher os requisitos estabelecidos para a associação do varejo. Uma vez que essa prospecção é realizada dentro da própria base de clientes da Distribuidora Automotiva, como

ficam as lojas não selecionadas? Segundo Paulo Fabiano Nave, já existe uma solução para acomodar essas empresas, também a partir de know how do Grupauto. “Se percebermos a necessidade de implementar essa solução, já temos o modelo pronto”, diz o executivo.

ONDE ESTAMOS E PARA ONDE VAMOS...

Consolidação nos estados: - Minas Gerais - Paraná - Santa Catarina - Rio Grande do Sul Abertura de novas praças: - Rio de Janeiro - Espírito Santo - Bahia - Pernambuco



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rede

clientes da própria Distribuidora Automotiva. “Temos inteligência de identificação dessas empresas. Elas são ‘pescadas’ dentro de nosso próprio aquário. Há critérios para essa escolha, como ser uma empresa apta a absorver tecnologia. A avaliação é rigorosa e envolve várias visitas a esses clientes, quando esclarecemos todas as dúvidas sobre a rede”, explica Paulo Fabiano Navi, responsável por novos negócios da Rede PitStop. Um dos principais serviços prestados pela rede a seus associados é a transferência de conteúdo e conhecimento. “Estamos caminhando para ter um dia 100, 150 ou 200 mil itens no mercado de distribuição. Se não levarmos informação à cadeia, será difícil reparar os veículos”, diz Carneiro. Para que esse conhecimento chegue até os associados, na PitStop há ações como o Clube do Conhecimento e visitas às lojas. “Os consultores dedicam parte importante de seu tempo visitando os pontos de venda. E nos treinamentos promovidos pelo Clube do Conhecimento, as presenças são controladas e há acompanhamento de todo o trabalho”, diz Fabiano. Nas visitas periódicas às lojas, os consultores de campo contribuem com a melhoria de processos de controle de estoque, gestão financeira, layout para a disposição dos produtos, ações de marketing, entre outras atividades ligadas às áreas operacional e administrativa. Em 2010, foram realizadas 4.500 consultorias de campo. Já o Clube do Conhecimento realizou no ano

passado 20 encontros que garantiram o treinamento de mais de 600 profissionais.

ONDE ESTAMOS...

PARCERIA

Autopeças e oficinas

Mesmo fazendo parte de um grupo que detém participação significativa no mercado de distribuição nacional, os gestores da rede colocam a transferência de conhecimento como foco principal da rede. “A gestora não comercializa preço, o apelo da rede não é nem nunca será preço. O objetivo é aperfeiçoar o mercado e a gestão do negócio dos nossos associados. Se não olharmos por esse prisma, vamos nos comoditizar e, com isso, nossos produtos e serviços se desvalorizarão”, explica Carneiro. Além de preencherem os requisitos estabelecidos pela gestora, os integrantes da rede PitStop pagam um fee mensal de R$ 3 mil. “O negócio precisa ser gerido e a relação é muito transparente. E o varejo associado pode fazer uma compensação desse investimento mensal junto aos distribuidores do Grupo Comolatti, a partir de regras claras. Por exemplo: comprando R$ 30 mil, a Distribuidora Automotiva paga o fee à gestora da rede”, ilustra Rodrigo Carneiro. Após ter anunciado aos parceiros internacionais a conquista de 500 associados – em maio, no Congresso do Grupauto – agora a meta é concentrar a ampliação nas regiões onde a rede já está presente e expandir para os estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia e Pernambuco.

GO 19 membros

TOTAL de 500 membros

MG 96 membros

SP

140 membros com

197 membros

fachadas instaladas

PR

FORMATOS

Lojas de autopeças Lojas de autopeças e oficinas Somente oficinas

51 membros

174

SC 83 membros

321

RS 5

54 membros

PILARES DA REDE

MANUAL REDE OPERAÇÃO

CLUBE DO CONHECIMENTO INFORMAÇÃO

CONSULTORIA DE CAMPO

TECNOLOGIA

MARKETING COMERCIAL

FINANCEIRO

PONTOS DE VENDAS

REDE PITSTOP Início da operação: janeiro de 2009 • Nº de lojas e oficinas: 500 unidades • Presente em 173 cidades brasileiras de seis estados (São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Goiás), regiões onde há maior concentração da frota circulante • 2011: expansão da rede nas regiões onde já está presente

MODELO DE REPARAÇÃO

Dezembro 2009 129 PDV’S

Dezembro 2010 362 PDV’S

HOJE 500 PDV’S


por Alexandre Xavier

ALEXANDRE XAVIER É GERENTE DE NOVOS NEGÓCIOS DO IQA.

A importância de andar junto com o varejo

N

o dia 23 de maio, nós, do IQA – Instituto da Qualidade Automotiva, organismo de certificação acreditado pelo Inmetro, criado e dirigido pela Anfavea, Sindipeças, Sindirepa e outras entidades do setor, participamos de reunião com representantes de empresas varejistas de autopeças, em encontro marcado no Sincopeças, em São Paulo, para definir novos procedimentos para a certificação das lojas de autopeças. Este encontro marcou um novo horizonte para o mercado de reposição automotivo, pois o setor de varejo tem uma oportunidade especial de adequar o modelo da certificação às necessidades das empresas, por meio de desenvolvimento conjunto com o IQA e o Sincopeças. Esta é uma oportunidade que vai beneficiar todos os varejistas interessados em investir em processos de qualidade, pois vai proporcionar um conhecimento mais aprofundado de todos os processos do negócio e, como resultado final, melhor rentabilidade. Na prática, o trabalho em

conjunto IQA/Sincopeças, iniciado agora, busca nova abordagem para a certificação do varejo de autopeças, com foco em melhores resultados do negócio. A nós, do IQA, cabe, além do processo de certificação, monitorar o andamento do projeto, alinhar conhecimento dos consultores envolvidos e oferecer treinamentos. Ao mesmo tempo, será dada mais ênfase aos aspectos identificados pelos lojistas como prioritários. Exemplos: gestão da garantia, layout de loja com foco em vendas, gestão de estoque e inadimplência. Neste contexto, o varejo de autopeças desenvolverá condições para usufruir dos principais benefícios da certificação: melhoria de processos, abertura de mercados (um participante do encontro citou grandes empresas que hoje em dia exigem esse diferencial para compra de autopeças para suas frotas, o que é definitivamente uma tendência), ferramenta de marketing e apoio para padronização de redes. A certificação, no final das contas,

iqa

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foto divulgação

ocorre como uma consequência natural do processo que será desenvolvido junto às próprias empresas. Apesar de não oferecer consultoria, pois este não é o nosso papel, o IQA apoiará empresas, Sincopeças e todos os profissionais envolvidos, indicando os pontos em que os processos podem ser melhorados. Muitos empresários ainda veem a certificação como custo e não investimento, e esse projeto é um importante passo para mudar essa opinião, mostrando na prática como tornar nosso negócio mais eficiente e produtivo, além de agradável para o cliente. E tudo isso com condições especiais técnicas e de investimento para as empresas.


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e-commerce

por Perla Rossetti_jornalismo@novomeio.com.br

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87% dos e-consumidores recomendam a marca

Dados são da DemandWare e mostram que 70% recorrem ao concorrente quando mal atendidos

O

Brasil terá 27 milhões de internautas até o final de julho, contingente que vem aumentando suas compras online e que em 2010 movimentou R$ 23 milhões. Para aprimorar as estratégias de profissionais e empresas na nova modalidade de consumo eletrônico, a agência digital CookieWeb e o desenvolvedor VTEX realizaram em maio, em São Paulo, a primeira edição do E-Commerce Live, versão brasileira da Shop.Org, encontro de multicanais de venda, que reúne especialistas de todo o mundo em Boston (EUA). No Brasil, o encontro reuniu varejos de vários segmentos para discutir índice de positivação de pedidos, margens e, especialmente, o comportamento desse target diante de “call actions”, como são chamados os recursos de ativação e retenção de webconsumidores. A fidelização, taxa de conversão e experiência de navegação amigável das homepages partem do reconhecimento do perfil de público. Assim, a desenvolvedora de TI Neoas-

sist divulgou dados recentes da consultoria DemandWare de que 87% dos e-consumidores recomendam a marca depois de experiência positiva – caso contrário, 70% recorrem ao concorrente. O estudo aponta que 69% dos pesquisados confiam mais em dados da web na hora da compra do que nos vendedores em lojas. O quadro só muda quando os vendedores estão conectados de alguma forma à web, para consultas durante a negociação (43%). Além disso, 72% dos e-consummers compartilham suas experiências no meio para seus pares. REDES Como a base de usuários de e-commerce cresceu exponencialmente com a explosão de sites de compras compartilhadas, a presença das redes do grande varejo foi massiva no evento, com participação de empresas com operações consolidadas de comparação de preços e produtos, como Locaweb, Buscapé, Abril, e de e-commerce como o Wal-

INVESTIMENTOS MÍNIMO EM SITE DE E-COMMERCE - R$ 50 mil para recursos de TI e desenvolvimento - Break even - depende do setor em que a empresa opera e de um amplo e prévio conhecimento sobre seu mercado

Mart e Ultrafarma. O encontro contou com palestras de Rodrigo Rodrigues, do Google Brasil; Maurício Salvador, da E-Commerce School; Natan Sztamfater, fundador da PortCasa e da agência digital Cookie Web; Alexandre Soncini, da Vtex; entre outras desenvolvedoras de soluções em TI e antifraude. Componentes de precificação, sistemas de varreduras dos movimentos e estratégias online da concorrência no ambiente web e até modelos de segmentação de públlicos, como o RFM (Recency Frequency Monetary Value) foram apresentados como instrumentos de mensuração e aproveitamento do potencial de negócios. “O Behavior Targeting, que monitora a origem desse cliente e a customização da plataforma, exige das empresas uma ferramenta de análise adequada, um processo de venda, uma operação e logísticas estruturadas em sua categoria de produto”, sinalizou Philip Klien, da consultoria de varejo Predicta. Como toda estratégia de emarketing prevê o gerenciamento de riscos, Luis Henrique Pelizon Loureiro, gerente comercial da FControl, do grupo Buscapé – que elevou para 80% a taxa de conversão, ou seja, efetivação das vendas de bilhetes da companhia área colombiana Avianca –, abor-

Pode-se gerar ações associadas às redes sociais com compartilhamento de conteúdos ALEXANDRE SONCINI, DA VTEX

dou as fraudes online, que nos Estados Unidos respondem a 60% da perda de vendas transacionadas. “O Brasil já está entre os 10 primeiros em prejuízos financeiros na internet. Por isso, é importante ter sistemas de automação de regras e normas de análise e monitoramento de riscos”, afirmou o executivo. POTENCIAIS Em entrevista ao Novo Varejo, um dos organizadores do ECommerce Live, Natan Sztamfater, comentou que o evento terá edições anuais e regionais para dar suporte às empresas que se interessam pelo enorme potencial de e-commerce no país e que, de fato, seguem o modelo de debates e palestras técnicas do Shop.Org. Alexandre Soncini, da Vtex, empresa que integra a organização do encontro, comentou que a interface entre as plataformas de e-commerce e as campanhas de marketing é cada vez maior. “Pode-se gerar ações associadas às rede

sociais com compartilhamento de conteúdos”. Sobre os investimentos estruturais, ele explicou que R$ 50 mil é o aporte mínimo necessário para recursos de TI e desenvolvimento para qualquer empreendimento do tipo, e que o break even (ponto de equilíbrio) depende do setor que a empresa opera e de um amplo e prévio conhecimento sobre seu mercado, antes de lançar-se em uma experiência no meio web. “Além de moda e acessórios, vejo como tendência o surgimento de e-commerce para produtos específicos, para nichos, desde que justifiquem a logística envolvida sem comprometer as margens”. Sobre a explosão de sites de compras coletivas brigando pelo mesmo share da rede mundial, Soncini esclareceu que o impacto é positivo, já que tem trazido milhares de novos usuários ao meio digital, aumentando a base de clientes e contribuindo com o aprimoramento da experiência de consumo segmentado.



capa

por Patrícia Malta de Alencar e Claudio Milan_jornalismo@novomeio.com.br

ilustração Ivan Ordonha

fotos Arquivo Novo Meio

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AutoZone no

Maior rede varejista norteamericana, com quase cinco mil lojas em três países, está em processo de instalação no Brasil. A receita de sucesso a ser importada reúne atendimento personalizado, testes gratuitos e diversidade de produtos

Brasil U

ma das maiores redes mundiais de varejo de autopeças e acessórios está de malas prontas para desembarcar no Brasil. A norteamericana AutoZone já prepara, com equipe própria, seu ingresso no mercado nacional, com início de operações previsto para 2012. Todas as negociações transcorrem em sigilo, mas a reportagem do Novo Varejo conseguiu antecipar informações – extraoficiais – importantes sobre a estratégia de implantação da primeira grande rede internacional de lojas de componentes automotivos a chegar em nosso país. Não é de hoje que o poten-

TODAS AS LOJAS DA AUTOZONE ESTÃO DIVIDIDAS EM UM SHOP FLOOR (ACESSÓRIOS) E UM DEPARTAMENTO DE HARD PARTS (PEÇAS)

cial do mercado brasileiro de manutenção de veículos desperta o interesses das grandes redes do exterior. No final da década de 90 do

século passado, as duas gigantes norte-americanas da reparação, Midas e Precision Tune, desembarcaram aqui com planos ambiciosos. Cada

uma pretendia instalar cerca de 1.000 unidades num prazo de aproximadamente 10 anos. No entanto, as iniciativas fracassaram. Muitas foram as razões para o insucesso, entre elas a total inabilidade para lidar com as características e até a informalidade do mercado brasileiro, além do formato de franquia, que atraiu essencialmente investidores, executivos sem nenhuma familiaridade com o aftermarket automotivo. Para não cometer erros como os que inviabilizaram a competitividade e a permanência no Brasil de redes como a Midas e a Precision Tune, a AutoZone vem estudando in

loco o mercado nacional. Há três anos, uma equipe formada por mais de 20 pessoas se reveza no Brasil para entender o mercado, especialmente nossas complexas questões tributárias. O processo conta com o apoio de um escritório de advocacia contratado. FORNECEDORES Nos últimos meses, os representantes da AutoZone no Brasil têm intensificado os entendimentos com as indústrias de autopeças para estabelecer os acordos de fornecimento dos produtos que serão vendidos nas lojas da rede. As reuniões, também


sigilosas, vêm ocorrendo em hotéis e restaurantes. A expectativa é que a maioria dos fornecedores da AutoZone nos Estados Unidos com presença no Brasil venha a estabelecer acordos comerciais também por aqui. Até porque já se sabe que a pressão das matrizes será grande para que as filiais brasileiras atendam um cliente de centenas de milhões de dólares como é a rede norte-americana. “A AutoZone é um grande cliente, a gente não pode deixar de reconhecer. Tem uma participação imensa no mercado americano. Mas eles são clientes como tantos outros da Delphi. Nós estamos conversando, como todo mundo está conversando. Vamos analisar a proposta e ver se a gente se encaixa em função das oportunidades vinculadas ao que eles buscam e ao que nós temos a oferecer. Eles têm um foco de produto que não é exatamente voltado ao que a Delphi oferece, mas lá fora eles evoluíram e não comercializam mais apenas acessórios e itens de alto giro, há também produtos técnicos, e é aí que a gente trabalha com eles nos Estados Unidos. E aqui é uma questão de ver o que a rede vai querer no começo. Mas nós estamos conversando, como conversamos com todos os clientes”, disse à reportagem do Novo Varejo durante a última edição da Automec a executiva que comanda o negócio mundial de aftermarket da Delphi, Lúcia Moretti. A reportagem do Novo Varejo procurou também outras indústrias fornecedoras da Autozone nos Estados Unidos e que, sabemos, já conversaram com os representantes da rede no país. Uma delas até confirmou já ter fechado parceria para a operação brasileira da rede, mas a direção da empresa – um sistemista europeu – preferiu não comentar o assunto por enquanto.

OPERAÇÃO Ainda não há informações oficiais sobre a data prevista para o início das operações da AutoZone no Brasil. Entre as fontes ouvidas pelo Novo Varejo – que estão acompanhando de perto o processo de instalação da nova rede – a expectativa é de que as primeiras unidades sejam inauguradas em São Paulo entre o final de 2011 e início de 2012. Seriam, inicialmente, 15 lojas próprias – a AutoZone não trabalha com franquia – no maior estado do país, apoiadas por um centro de distribuição também próprio. Assim como ocorre nos Estados Unidos, tudo indica que as lojas da rede serão divididas em duas seções, uma de acessórios, o shop floor, e outra de peças, a hard parts, onde uma equipe de consultores irá assessorar o cliente na escolha correta dos produtos. Para isso, a rede possui um banco de dados informatizado, em que o consultor pode apresentar as características e benefícios de cada opção para o cliente avaliar a escolha conjuntamente. As lojas da AutoZone não fazem a aplicação das autopeças, mas dão a assistência necessária ao cliente para que ele mesmo possa fazê-la no caso de pequenos reparos, como a troca de uma lâmpada queimada – nesse caso, o consultor vai com o cliente até o carro e mostra a ele como se faz a substituição. No entanto, há quem diga que a rede estuda a possibilidade de aplicar certos itens nas lojas instaladas aqui. Isso porque o consumidor norte-americano é adepto do conceito do-ityourself (faça você mesmo), o que não faz parte da cultura do brasileiro, situação que pode resultar em alguma adaptação do modelo original ao mercado local – afinal, os representantes da rede estão aqui exatamente para detectar essas peculiaridades.

NÚMEROS DA AUTOZONE

- Mais de 6 milhões de clientes atendidos toda semana - Milhares de peças e acessórios para carros e comerciais leves - Quase 5 mil lojas próprias, nos Estados Unidos, Porto Rico e México - Nos Estados Unidos, presença em 48 estados e em Washington DC - 322ª colocação na lista de maiores empresas norte-americanas, a Fortune 500, elaborada pela revista Fortune - Ações negociadas na Bolsa de Valores de Nova York (AZO) desde 1991

Eles são clientes como tantos outros da Delphi. Nós estamos conversando, como todo mundo está conversando. Vamos analisar a proposta e ver se a gente se encaixa em função das oportunidades vinculadas ao que eles buscam e ao que nós temos a oferecer LÚCIA MORETTI, DIRETORA DO AFTERMARKET DA DELPHI

LINHA DO TEMPO

1979 – Abertura da primeira loja, que na época ainda chamava-se Auto Shack, em Forrest City, Arkansas 1985 – Criação do termo WITTDTJR, que representa o compromisso da empresa com o cliente: “What it takes to do the job right”, que significa: “O que for preciso para fazer o trabalho corretamente” 1987 – Alteração do nome Auto Shack para AutoZone; e lançamento do primeiro catálogo eletrônico da empresa 1991 – Ações AZO passam a ser negociadas na Bolsa de Valores de Nova York; e as garantias dos clientes são incluídas no sistema informatizado da rede 1995 – Abertura da milésima loja, em Kentucky; e introdução das baterias Duralast e Duralast Gold, marca própria da AutoZone 1996 – Criação do website www.autozone.com; e compra da empresa de software Alldata, para diagnose na reparação 1998 – Sbertura da primeira loja fora dos EUA, no México 1999 – Primeira inserção na lista Fortune 500, de maiores empresas norteamericanas, elaborada pela revista Fortune 2003 – Início das parcerias com lojas de carros, como a CarMax, e de reparação, como a Midas 2004 – Patrocínio do 2004-2005 Nascar Elite Division 2005 – Abertura da primeira loja em Porto Rico 2007 – Comemoração da inauguração da loja de número 4 mil, localizada no Texas 2012 – Previsão de abertura de 12 lojas em São Paulo (SP)

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por Patrícia Malta de Alencar e Claudio Milan_jornalismo@novomeio.com.br

Já para as ocorrências de falhas no motor, nos Estados Unidos a AutoZone oferece um serviço gratuito de testes antes da venda do componente, utilizando inclusive scanners para o diagnóstico. Se o cliente não possuir um mecânico de confiança, os consultores indicam um parceiro na região para fazer o serviço. Aqui no Brasil, é provável que também sejam indicados mecânicos clientes da AutoZone aos proprietários de veículos. E a rede oferecerá uma política comercial diferenciada aos reparadores, com descontos em relação às peças vendidas diretamente aos consumidores finais, entre outros benefícios. Diversos outros sistemas automotivos também são testados nas lojas hoje em operação na América do Norte, como motores de arranque, alternadores e baterias, dentro ou fora do carro – o cliente pode levar apenas a bateria até a loja, para teste de carga e uma

recarga gratuita, por exemplo –, além de reguladores de tensão, módulos de controle, bobinas, sensores de posição do acelerador e componentes de gerenciamento de motor. Esse atendimento personalizado faz parte da filosofia da empresa para evitar que o cliente compre itens desnecessários. Outro benefício oferecido aos clientes é a possibilidade de exercer a garantia das peças em qualquer unidade da rede, bastando informar o nome ou número de telefone, dados que ficam registrados em um banco informatizado e integrado, que dispensa a apresentação de papéis. FILOSOFIA O investimento no treinamento dos funcionários é, com certeza, o diferencial da marca. Os ‘AutoZoners’, como são chamados os consultores, vestem a camisa da empresa e são capazes de recitar de cor o mantra da rede: “Au-

ilustração Ivan Ordonha

fotos divulgação

NÚMEROS DA AUTOZONE

A AutoZone, que tem sede no estado norteamericano do Tennessee, comemorou 30 anos em 2009 com um crescimento de fazer inveja a qualquer empreendedor. São mais de 4.600 lojas próprias, nos Estados Unidos, México e Porto Rico. Desde 1999 a empresa faz parte da Fortune 500, lista que traz anualmente o ranking das maiores empresas do país. No ranking publicado em 2011, ficou na 322ª colocação, com receita de US$ 7.362,6 milhões e lucro de US$ 738,3 milhões – em 2010 a empresa estava apenas sete posições abaixo. Com capital aberto, suas ações são negociadas na Bolsa

toZoners always put customers first! We know our parts and products. Our stores look great! We’ve got the best merchandise at the right price”. No bom português: “Os AutoZoners sempre colocam os clientes em primeiro lugar! Conhecemos nossas peças e produtos. Nossas lojas são óti-

de Valores de Nova York desde 1991. A rede possui milhares de produtos em seu portfólio, de peças novas ou remanufaturadas a acessórios, óleos lubrificantes e itens de manutenção para automóveis, utilitários e comerciais leves. A AutoZone também possui marcas próprias, como a Valucraft e a Duralast, mas a maioria dos produtos revendidos é adquirido diretamente da indústria. O público-alvo é o consumidor final, mas reparadores também podem adquirir produtos com uma política comercial diferenciada.

mas! Nós temos a melhor mercadoria a um preço justo”. Para conquistar essa mão de obra necessariamente qualificada, são oferecidos diversos benefícios trabalhistas e ainda descontos na aquisição de produtos e ações da AutoZone, além de reembolso com despesas em

REDES NORTE-AMERICANAS MIDAS E PRECISION TUNE CHEGARAM AO BRASIL NA DÉCADA DE 90 COM PLANOS AMBICIOSOS, MAS FRACASSARAM

programas de vigilância de peso ou antitabagistas, por exemplo. A empresa atua em ações educativas, de capacitação técnica e empreendedorismo, além de reciclar óleos e baterias – em 2010, foram mais de 6,5 milhões de baterias e quase 19 milhões de litros de óleo só nos



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por Patrícia Malta de Alencar e Claudio Milan_jornalismo@novomeio.com.br

Estados Unidos. Sem dúvida, um dos grandes desafios para a manutenção do padrão de qualidade internacional da rede será recrutar e treinar a mão de obra, uma deficiência que hoje atinge os próprios varejos e oficinas do mercado independente. “Na minha opinião, esse será o calcanhar de Aquiles deles. O americano tem uma outra relação com o trabalho, vai ser muito difícil recrutar e treinar mão de obra por aqui”, disse ao Novo Varejo um executivo do aftermarket brasileiro. A AutoZone é uma rede em processo permanente de expansão. Todos os anos a empresa busca novos pontos estratégicos para continuar seu crescimento. As lojas possuem, em média, de 600 m² a 750 m², sempre com espaços transitáveis e convidativos, com cerca de 25 a 40 vagas de estacionamento, em locais de

artigo

boa visibilidade e fácil acesso. E deve ser com essa mesma proposta que a rede chegará ao Brasil em alguns meses. Ao mercado independente, resta trabalhar para enfrentar uma concorrência completamente nova, poderosa e que era inevitável. O Brasil está suficientemente maduro e atraente para receber as grandes redes internacionais de varejo e reparação. E os novos formatos dessas empresas exigirão adaptações. Basta dizer que a AutoZone compra direto da indústria. Com isso, cada vez mais aqueles que insistem no discurso pela preservação de uma cadeia de negócios rígida – que foi eficiente num passado distante, mas que hoje não se sustenta – terão que acordar e encarar uma realidade que pode representar ameaças ou oportunidades. Só não vai dar para ficar parado vendo o bonde passar.

por Luiz Marins

ilustração Ivan Ordonha

fotos Arquivo Novo Meio

O consumidor norte-americano é adepto do conceito do-it-yourself (faça você mesmo), o que não faz parte da cultura do brasileiro, situação que pode resultar em alguma adaptação do modelo original ao mercado local OS RASTROS DA AUTOZONE NO BRASIL O site do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) mostra que a marca nominativa AutoZone foi registrada no Brasil em 1997 em nome do titular Speedbar, Inc. na especificação “Serviços de lojas de venda a varejo e peças de automóveis”. O site informa ainda que, em 12 de abril de 2011, foi concedida ao titular a prorrogação do registro da marca.

A Speedbar nada mais é do que uma subsidiária da AutoZone norte-americana. São, na verdade, a mesma empresa. A página do INPI na internet mostra ainda que, em 2007, foi registrada também a marca mista AutoZone em nome da empresa Autozone Comércio de Serviços Automotivos Ltda. No entanto, esse registro foi embargado pelo Instituto devido à oposição de terceiros.

foto divulgação

O bullying no ambiente de trabalho LUIZ MARINS É ANTROPÓLOGO E CONSULTOR. AUTOR DE 23 LIVROS SOBRE GESTÃO EMPRESARIAL. TEM PROGRAMAS DE TV NA REDE VIDA E REDE BANDEIRANTES.

C

onheço pessoas que passam boa parte do tempo de trabalho falando do que fazem, do que sabem, do que fizeram, do que ajudaram e de quanto são ocupadas e importantes. Fazem autopromoção o tempo todo. Parecem verdadeiros sistemas de alto-falantes dentro da empresa a alardear o que estão fazendo e o que irão fazer. Esse excesso de autopromoção se volta contra elas próprias, pois acabam fazendo um papel ridículo de se achar uma pessoa insubstituível. Geralmente essas pessoas também são

muito críticas de seus colegas de trabalho. Segundo dizem, só elas trabalham, só elas são ocupadas, só elas são importantes. Mas o mais interessante é que elas não falam diretamente. Elas passam o dia todo dando indiretas em seus colegas, com frases como “fico irritado(a) com gente folgada...” ou ainda “tem gente que parece que nasceu cansado(a) e não quer saber de trabalhar” e outras frases do gênero. Essas pessoas quase sempre são bajuladoras dechefes.Quandoochefepedealgumacoisa elas correm na frente de seus colegas para fazer primeiro, não dando chance às outras

pessoas para que façam esse atendimento. E, mais uma vez, alardeiam a sua prontidão. Na verdade existe um bullying também no ambiente de trabalho. Pessoas que intimidam outras e criam situações de constrangimento psicológico que torna o ambiente insuportável às suas vítimas. Estou escrevendo sobre isto porque tenho visto que pessoas mais introvertidas que fazem as coisas sem alarde, muitas vezes têm sido esquecidas em promoções, pois muitos chefes caem na armadilha das que alardeiam tudo o que fazem. Tenho visto empresas perderem pessoas excelentes por

se sentirem absolutamente sufocadas num ambiente hostil. O bullying também pode ocorrer por excesso de brincadeiras de mau gosto, piadinhas sem graça, gozações que não param. As pessoas que são alvos constantes dessas brincadeiras se sentem muito mal e com razão. É preciso acabar com o bullying na empresa, pois ele existe. É preciso que todos os níveis de chefia estejam atentos para que, devido a esse tipo de comportamento de alguns, a empresa não perca seus melhores talentos. Pense nisso. Sucesso!



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mercado

por Larissa Andrade, Patrícia Malta de Alencar e Robson Breviglieri_jornalismo@novomeio.com.br

fotos divulgação

Parou por quê? Apesar do movimento nos varejos e oficinas, indústrias e distribuidores se queixam da paralisação no mercado. De onde vêm as peças que chegam hoje aos carros reparados?

H

á dois meses, o mercado viveu momentos de euforia e otimismo durante a 10ª edição da Automec. Empresas e entidades desfilaram números animadores e comemoraram o grande momento vivido pelo setor. Após o término da feira, muitos fabricantes e distribuidores de autopeças começaram a apontar queda nas vendas. Por outro lado, varejos e oficinas continuaram com balcões e pátios cheios, indicando que a paralisação não vinha da ponta da cadeia. De onde, então, essas empresas – especialmente os varejistas – estariam comprando as peças? Nossa reportagem repetiu esta pergunta a empresários e gestores de lojas em todo o Brasil. E deles ouviu que não há uma resposta única, mas provavelmente uma somatória de fatos já conhecidos e algumas novas tendências. A primeira constatação – que, aliás, não é novidade – é a sempre polêmica flexibilização da cadeia. Não é de hoje que o reparador compra pro-

dutos também no distribuidor. Mas cada vez mais também tem se abastecido em concessionárias, importadores e até na indústria. E o mesmo tem feito o varejo. Para entender o comportamento do varejo nas últimas semanas, nossa reportagem conversou com gerentes e proprietários de lojas de diferentes portes e em todas as regiões brasileiras, questionando quem são seus fornecedores no momento e quais as vantagens que cada um oferece hoje. CONJUNTURA A trajetória de queda do dólar tem favorecido as importações. E não apenas dos conhecidos produto chineses, que dividem opiniões no mercado. Há varejos trabalhando hoje com marcas europeias de primeira linha desconhecidas no Brasil. E, mais uma vez, as concessionárias vêm ocupando espaço importante no fornecimento às lojas e oficinas. A Fiat possui mais de 550 autorizadas e pontos assistenciais e,

SPEEDWAY AUTOPEÇAS AGREGOU SERVIÇOS À LOJA E VEM COMPRANDO MAIS DE CONCESSIONÁRIAS

segundo Armando Carvalho, gerente de Pós-Vendas da marca, a rede está em expansão, com maior interesse nas vendas para o varejo independente. “Nossa estratégia, voltada para o reparador independente, também inclui o comércio, seja no atacado ou no varejo. Qualquer estabelecimento que compre peças genuínas Fiat para reparar um veículo fora de nossa rede é target”. Segundo Carvalho, atualmente de 50% a até 80% do faturamento da venda de peças nas autorizadas da marca vem dos varejos ou oficinas independentes. O gerente conta que essas empresas encontram nas concessionárias promoções, descontos, facilidades de pagamento e uma logística exclusiva. “Trabalhamos com relacionamento direto entre a rede e esse público. Temos ferramentas como o Portal do Reparador e um ciclo de palestras em que a concessionária tem a oportunidade de chamar o cliente para dentro de casa e trabalhar conceitos de peças genuínas, desde a aplicação até procedimentos nos carros Fiat”. As ações de relacionamento foram experimentadas pelo gerente da SpeedWay Autopeças, Júlio Sampaio, que visitou recentemente uma concessionária da capital gaúcha em um evento de confraternização, ação antes restrita aos distribuidores. “A concessionária está com uma política bem diferenciada e agressiva para vender tanto para a autopeça quanto para o mecânico”. O gerente de Pós-Vendas da Fiat justifica o interesse do varejo independente pelas concessionárias. “É uma consequência de nosso grande estoque de peças, qualidade do produto, velocidade na entrega e o relacionamento

bom e peça original é garantia de boa venda. Embora apenas cerca de 5% das compras sejam nas concessionárias, Batista diz que às vezes a exigência pela peça com a marca da montadora vem do cliente e as promoções tornam o

com a rede, que oferece auxílio e informação técnica, além de boas condições de compra”. Para o comprador e balconista da Forte Autopeças, de Salvador (BA), Carlos Alberto dos Santos Batista, a combinação entre preço

DANIEL MARRONI, GERENTE DE PÓS-VENDAS DA VOLKSWAGEN

IMPORTAÇÕES EM ALTA Não é à toa que a balança comercial brasileira de autopeças está deficitária. É cada vez mais comum encontrar peças importadas tanto nas linhas de montagem quanto no balcão do varejo. Na Careca Auto Peças, de São Paulo (SP), a participação dos produtos estrangeiros cresceu nos últimos dois anos. “Hoje temos diversos distribuidores de peças importadas, o número quadriplicou”, diz João Gomes. Na Bahia, Márcio Miranda, da Pluscar, também adquire essas peças, mas elas vêm do distribuidor tradicional. “Compro uma linha de bombas d’água e bombas de óleo toda importada, os produtos são fornecidos

por uma importadora para o distribuidor. E muitas fábricas também estão importando para baratear o custo”, diz. Isso realmente vem acontecendo: indústrias multinacionais de primeira linha importam produtos de suas próprias fábricas em outros países – especialmente China – para apenas embalá-los no Brasil. Com a valorização do real perante o dólar, a importação se torna um mercado cada vez mais atraente. E, com isso, itens de primeira linha no exterior fabricados por indústrias desconhecidas no Brasil também se fazem cada vez mais presente nas prateleiras do varejo, trazendo uma nova concorrência para as grandes indústrias nacionais.


RICARDO STREICH KOHARA, GERENTE DE COMPRAS DA BRASKAPE, DIVERSIFICOU OS FORNECEDORES PARA REPASSAR PREÇOS MELHORES PARA OS MECÂNICOS

preço competitivo. “A concessionária avisa quando tem promoção e conta ainda com vendedores externos que nos visitam”. A rede Volkswagen também está se aproximando do varejo independente e um dos objetivos é continuar participando do aftermarket após o período de garantia, conforme explica o gerente de Pós-Vendas da Volkswagen do Brasil, Daniel Morroni. “Temos atualmente uma frota de sete milhões de veículos Volkswagen no Brasil e muitos desses automóveis, após o período da garantia, não retornam a nossos concessionários. Com base nisso, incentivamos a rede a estreitar relacionamento com os principais canais de distribuição onde o nosso consumidor possa precisar de uma peça original”. Para Morroni, além do crescimento da frota impulsionar as vendas de autopeças na rede, o consumidor também tem exigido produtos genuínos – e isso se deve à credibilidade dos produtos e ao preço cada vez mais competitivo. “O mito que as peças originais são caras está caindo”, completa. Os números da VW impressionam: a rede da marca vendeu em 2010

R$ 1,5 bilhão em peças, e o varejo independente foi responsável por 51% do montante. Esse resultado é consequência de uma estratégia implementada por boa parte da rede com o objetivo de atender o mercado independente. Segundo o gerente de PósVenda da VW, cerca de 85% da rede tem estrutura específica para venda aos varejistas, que inclui telemarketing ativo, vendedores externos, entrega diária de peças, programa de fidelidade e descontos; com isso, há unidades em que o mercado independente é responsável por mais de 80% das compras no balcão de peças. DIVERSIFICAÇÃO Pequenos e grandes varejistas também lançaram mão de novas estratégias comerciais. Ricardo Streich Kohara, gerente de compras das duas lojas da Braskape Autopeças, localizadas em São Paulo (SP), compra hoje de todos os fornecedores da cadeia: o principal volume vem do distribuidor; da concessionária, vêm os itens promocionais, com a mesma marca do aftermarket; e do importador e da indústria, produtos

de linhas específicas. Segundo explica o varejista, o distribuidor às vezes demora para iniciar a comercialização de determinado produto, então ele vai atrás da concessionária, onde o preço é melhor se ele comprar volume, apesar do prazo de pagamento ser menor. “O cliente quer o produto mais rápido na prateleira e na concessionária ele chega antes do que no aftermarket”. O perfil de fornecedores da Braskape vem mudando de quatro anos para cá, principalmente em relação às fábricas – muitas não conseguem

entrar nos grandes distribuidores e vão vender direto ao varejo. “A vantagem do distribuidor ainda é a variedade; o estoque, que permite pronta-entrega; o preço; e o atendimento. Mas a cadeia vem se quebrando há algum tempo e esse movimento foi iniciado pelos próprios distribuidores, que começaram a atender o meu cliente, a oficina. Isso fez com que o varejo tomasse outra posição, que eu não chamaria de contra-ataque, mas um modo de conseguir preços melhores para o mecânico”. Na paulistana Careca Autopeças, o proprietário João Gomes conta que o abastecimento da loja mudou, acompanhando as transformações do mercado. Atualmente, cerca de 10% das compras são feitas junto à fábrica, 30%, nas concessionárias e 60%, com distribuidores. “As concessionárias têm oferecido bons preços e, ao mesmo tempo em que não queremos fortalecer a concorrência delas, somos obrigados a comprar, caso contrário às vezes não temos condições de competir”, justifica. No Pará, Ademir Lima, comprador das duas lojas da Auto Peças Belém, também trabalha com fornecedores variados: distribui-

dores e as quatro concessionárias presentes no estado, General Motors, Volkswagen, Fiat e Ford. Mas não pelo preço, nesse caso. “Tudo o que a gente quer, encontra no distribuidor e a maioria dos meus clientes opta pelas marcas independentes – que representam 80% do nosso mercado. Mas eu sempre tenho o produto original também. Consigo o mesmo prazo de pagamento em ambos os canais, que em média é de 60 dias”. E seus fornecedores não se restringem ao estado. Ele ainda precisa trazer peças de Goiânia (GO) e São Paulo (SP) nos casos de marcas menos presentes na sua cidade. Alair Araújo Júnior, sócio da Jaicar Auto Peças, de Goiânia (GO), compra de distribuidores, da indústria, de concessionárias e importadores de acordo com a necessidade, mas tem como maior fornecedor, “sem dúvida”, a indústria, com percentual bastante expressivo. Essa aproximação exigiu quase duas décadas de trabalho. “Tivemos que adquirir respeito no mercado, com volume de compra, pontualidade no pagamento, buscando com colaboradores e clientes parceria

A cadeia de autopeças vem se quebrando e esse movimento foi iniciado pelos próprios distribuidores, que começaram a atender o meu cliente. Isso fez com que o varejo tomasse outra posição, que eu não chamaria de contra-ataque, mas um modo de conseguir preços melhores para o mecânico RICARDO STREICH KOHARA, DA BRASKAPE AUTOPEÇAS

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RODRIGO CARNEIRO, VICEPRESIDENTE DA ANDAP

para colocação dos produtos”. E a explicação da mudança é simples: “Porque é vontade de todo varejista conseguir melhores condições no mercado, tanto comprando quanto vendendo”. DISTRIBUIDOR Atentos às movimentações do mercado, os distribuidores têm investido nos últimos anos em modernização, serviços e expansão por meio de filiais. Com isso, os varejistas têm comemorado a chegada dos grandes distribuidores às suas regiões trazendo diversidade de produtos e redução de custos, já que em muitos casos as compras interestaduais resultavam em mais despesas tributárias. Na Forte Autopeças, de Salvador (BA), cerca de 90% das compras são feitas com distribuidores; e 95% deles são do estado. Já em Fortaleza (CE), o gerente da Pluscar, Márcio Miranda, conta que a presença de concessionárias ainda é pequena e os principais fornecedores são distribuidores

da região. “O mercado é bem servido de distribuidores, que se aproximam com promotores, promoções, campanhas”. Miranda diz que o mercado cearense ainda não é tão agressivo como o da capital paulista ou carioca, mas acredita que o cenário está mudando. “Tem muito varejo de autopeça e muito autocenter que cresceu pela ausência da concessionária. Mas isso um dia vai mudar porque as concessionárias estão se mexendo”. O vice-presidente da Andap (Associação Nacional dos Distribuidores de Autopeças) e diretor comercial da Distribuidora Automotiva, Rodrigo Carneiro, aponta os benefícios que o distribuidor oferece aos varejistas. “O varejo compra do distribuidor porque ele possui estoque, variedade de produtos e logística para a prontaentrega. Além disso, oferece prazos mais flexíveis para pagamento. Assim, é possível otimizar o fluxo de caixa da loja. Claro que, dependendo de algumas situações e também do tipo de peça, o lojista

pode comprar de outros canais, mas não é o usual. É importante esclarecer que o importador também é um distribuidor”. Carneiro identifica como causas da crescente concorrência que o segmento vem enfrentando as dimensões continentais do Brasil, o aumento da frota e do número de autopeças à venda, que cresceu exponencialmente para atender aos diferentes modelos e marcas de veículos. “Isso faz com que o mercado comece a se especializar em determinados segmentos, como há distribuidores especializados apenas em undercar, outros em peças para motor, veículos pesados e assim por diante. A concorrência está acirrada e as margens estão mais justas, o que é normal num mercado aquecido, pulverizado e, por consequência, muito competitivo”. Uma das principais características do distribuidor ainda é a diversidade de marcas. O mineiro João Pelegrini, diretor da Casa do Chevrolet e da Assopeças (Associação de Autopeças de Uberlândia) também vê o distribuidor forte e presente no mercado. “Ele leva vantagem pelo mix de produtos e pelo preço competitivo. E assumiu a logística de peças nas regiões mais populosas, onde tem acesso à indústria, à maioria dos centros automotivos e ao aplicador”. O varejo, segundo Pelegrini, consegue comprar hoje da concessionária com condições especiais, o que atrai não só pelo preço, mas também por permitir a ele oferecer peças originais. E o cliente conta com novas políticas comerciais. “As montadoras não estão de olho

A JAICAR, UMA ÚNICA LOJA DE GOIÂNIA (GO), TEM COMO PRINCIPAL FORNECEDOR A INDÚSTRIA

fechado para as críticas do consumidor e, para os produtos de alto giro, já vêm trabalhando com preços mais competitivos. Mas vai conquistar o consumidor quem tiver um bom serviço porque ele só quer resolver o problema dele e ser bem atendido. Isso pesa muito, não é só o preço”. Pelegrini, no entanto, não vê a montadora abrindo as portas para o varejo. Ao contrário, acredita que parte da estratégia é criar um tipo de monopólio, lançando novos modelos a toda hora, de forma que o varejo e o mercado independente não consigam competir. “Isso vem acontecendo de 2005 pra cá; e, no caso dos

No centro-oeste, em Campo Grande (MS), a Auto Peças Ipiranga tem apenas uma loja, que funciona como varejo e centro automotivo. Thaís Carolina da Silva, responsável pelo departamento financeiro, diz que a empresa praticamente só compra do distribuidor e, às vezes, da indústria em São Paulo. “Não compensa comprar da indústria porque o pedido precisa ser grande para valer o frete. Mas se eu comprar 50 peças, o preço é bom”. Da concessionária, a Ipiranga compra muito pouco, somente quando não encontra a peça no distribuidor, mas Thaís sempre orça os preços ofertados por eles para ter

A concorrência está acirrada e as margens estão mais justas, o que é normal num mercado aquecido, pulverizado e, por consequência, muito competitivo RODRIGO CARNEIRO, DA ANDAP E DAL

importados, é ainda mais sofrido”. Em sua avaliação, só alguns distribuidores maiores conseguem acompanhar esse movimento. É por isso que muitos varejos não abrem mão da parceria com os fornecedores mais tradicionais do mercado, os distribuidores. É o caso da Auto Peças Mangueira, de Belo Horizonte (MG). “Não compramos de concessionárias. Às vezes elas colocam itens com preço baixo, mas não compensa, porque elas vendem tanto para as autopeças quanto para o cliente final pelo mesmo preço e geram uma concorrência desleal”, reclama o sócio-proprietário, Vicente Francisco. “Com os distribuidores, geralmente o relacionamento é de parceria, fidelidade. Tenho desconto a mais, diferencial na hora da garantia, acesso às promoções antes”, completa Francisco.

parâmetro. “Hoje as opções de fornecimento na distribuição são melhores que há dez anos. Melhorou porque aumentou a competitividade. Antigamente o preço era alto e a gente era obrigada a pagar”, diz Silva. A expansão territorial dos distribuidores leva o varejista Cirineu Maximino Torriano, proprietário da Andecar, de Curitiba (PR), a fazer uma brincadeira: “Hoje tem mais distribuidor aqui do que varejo”. Segundo ele, a falta de opções de um passado recente foi substituída por nada menos que 45 distribuidores só na capital, estimulando a concorrência e a queda nos preços. “Não dependemos mais de São Paulo”. REFLEXÃO Após entrevistar varejistas



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Vai conquistar o consumidor quem tiver um bom serviço, porque ele só quer resolver o problema. Isso pesa muito, não é só o preço JOÃO PELEGRINI, DA CASA DO CHEVROLET

de todo o Brasil, confirmamos o impacto da proliferação e o fortalecimento dos distribuidores em regiões que num passado recente eram carentes de abastecimento. E, por outro lado, a diversificação dos canais de fornecimentos naquelas praças já bem atendidas pelos gigantes da distribuição – por sinal, os locais em que está concentrada a maior frota de veículos. Por conta desta farta oferta de fornecedores, somado a eventuais sazonalidades que possam impactar um ou outro perfil dessas empresas, é possível que os varejos estejam se valendo da acirrada concorrência para escolher qual é, a cada dia, o melhor canal para comprar e repor estoques. O fato é que, por suas dimensões, o Brasil reúne diferentes realidades e cada uma delas deve ser trabalhada de forma customizada especialmente pelos distribuidores. Enquanto em São Paulo prevalecem os varejos puros, no nordeste há muito tempo é realidade o formato de loja que repara o carro e aplica.

E há quem entenda que está é uma tendência. Em Porto Alegre, a SpeedWay Autopeças conta com um box de serviços rápidos que começou com troca de óleo e já incluiu pneu, som e alarme. “As lojas tendem a oferecer serviços e se associar a redes para comprar melhor e ter preço competitivo”, diz Júlio Sampaio, gerente da loja. O fato é que não há como garantir que rumos tomará o mercado. A única certeza é que cada vez mais será preciso buscar obsessivamente a profissionalização do negócio e a qualidade do atendimento, trabalhando com visão estratégica e atenção total às mudanças da frota e da cadeia do aftermarket. Transformações estas que ocorrem com velocidade maior a cada dia, e que podem trazer surpresas para os que não estiverem prontos para entender e se adaptar rapidamente às novas configurações que continuarão a mexer com a cadeia de comercialização de autopeças.

VAREJO EM REDE

O fortalecimento das redes de varejos é outro fator que tende a mexer com as relações comerciais no mercado independente. Hoje são duas as iniciativas fortes no país: PitStop (veja matéria na página 20) e Âncora. Ambas, de uma maneira ou de outra, estão ligadas a um negócio de distribuição. Alexandre Lima, proprietário da Auto Peças Universitária, de Santa Maria (RS), e diretor do Sincopeças-RS, é acionista-fundador da Âncora no Rio Grande do Sul. Hoje, Lima compra 60% das suas peças do distribuidor e 40% da fábrica, por meio da rede. Além de conseguir produtos com preço de fábrica, o varejista aponta outro benefício da rede em que está associado: disponibilidade de estoque. “Os pedidos dos varejistas são reunidos e enviados à fábrica. Os produtos são entregues no centro de distribuição e encaminhados às lojas. Com o estoque, existe pronta-entrega”. O diretor do Sincopeças-RS analisa a cadeia de distribuição do mercado automotivo sem dar muita importância à quebra: “Ao longo dos anos o distribuidor passou a vender diretamente para a oficina e o varejo a comprar direto da fábrica. Mas nem sempre o varejo consegue lá preço melhor que no distribuidor, e nem esse tem acesso fácil ao reparador. Para conseguir um bom preço e um bom prazo é preciso volume. Se eu quisesse comprar sozinho da fábrica não valeria a pena”. Entre os associados, a maior parte das compras vem mesmo da Âncora. “Mas a rede não tem tudo. Também

compramos do distribuidor tradicional”, diz Júlio Sampaio, da SpeedWay. Ele acrescenta que as concessionárias estão ganhando espaço nas compras de sua loja. “Estão com uma política bem diferenciada e agressiva para vender tanto para o varejo quanto para a oficina, dando prazo maior e desconto diferenciado para as lojas”. O varejista Neves de Jesus Rodrigues, da Auto Peças Verdão, de Cuiabá (MT), também está associado à Rede Âncora. Ele compra 80% da sua demanda pela rede, mas adquire produtos de outros distribuidores. Quando precisa ou quando vê uma promoção, compra também da concessionária. “A autorizada hoje atua como um distribuidor, com vantagens competitivas como preço e, às vezes, prazo. A da GM aqui virou um distribuidor mesmo. O mercado está sempre mudando. Há 25 anos, quando cheguei aqui, não tinha nenhum distribuidor no Mato Grosso. Comprávamos 100% de São Paulo. Hoje, só em Cuiabá tem uns 30 distribuidores grandes. Mas o distribuidor está competindo com o varejo e o mercado é quem está forçando a isso. Eu entrei na rede para ter acesso à indústria”. Para Rodrigo Carneiro, da Andap, as redes se firmaram como tendência. “Já são uma realidade tanto nos Estados Unidos como na Europa e têm contribuído para a profissionalização do setor. No Brasil, esse modelo ainda é muito novo. O importante deste formato de rede é que fortalece estabelecimentos tradicionais e dá condições para que consigam se atualizar e se preparar para acompanhar a evolução tecnológica dos produtos. Estamos vivendo uma nova realidade que exige do lojista conhecimento técnico e informação”.

ALEXANDRE LIMA, DIRETOR DO SINCOPEÇAS-RS E PROPRIETÁRIO DA AUTO PEÇAS UNIVERSITÁRIA

RESUMO S.Y.L

OS PRINCIPAIS FORNECEDORES DA AUTO PEÇAS MANGUEIRA (MG) CONTINUAM SENDO OS DISTRIBUIDORES

Com varejos e oficinas mantendo o movimento, indústrias e distribuidores de autopeças têm estranhado a retração dos negócios. Conversando com varejistas de todo o Brasil, nossa reportagem identificou que tanto as lojas quanto as oficinas estão atentas para as novas oportunidades de compra para atender suas necessidades ou repor estoques. Concessionárias e produtos importados, em certas regiões do país, vêm aproveitando oportunidades para ganhar novos clientes.



mercado

E no balcão, quem é mais competitivo? Além de representar uma concorrência para distribuidores, as concessionárias também concorrem com os varejos independentes na disputa pelo mecânico e o dono do carro. Para apurar como andam os preços em cada um dos balcões, a reportagem do Novo Varejo fez uma cotação de preços em lojas

independentes e concessionárias das cidades de São Paulo, Salvador, Porto Alegre e no estado do Mato Grosso. Escolhemos peças de desgaste e de fabricantes de primeira linha para os dois modelos mais vendidos em 2007: VW Gol e Fiat Palio 1.0. Tais automóveis se encontram hoje, em média, na

faixa de 50 a 60 mil quilômetros rodados, etapa da vida útil em que estão fora da garantia e diversos itens de desgaste estão em fase de substituição. Veja nos quadros a seguir como estão os preços nos dois balcões – mas já adiantamos: em nossa cotação, o varejo independente levou boa vantagem.

vw GOL 1.0 2007 Varejo independente

Concessionárias

loja 1

loja 2

loja 3

loja 1

loja 2

loja 3

Pastilha de freio (jogo)

30,00

25,00

45,00

70,19

110,00

83,00

Disco de freio (jogo)

52,00

54,00

60,00

222,00

310,00

340,00

Kit de embreagem

308,00

198,00

-

538,00

264,00

552,00

Bomba de combustível

116,00

100,00

-

711,67

634,00

980,00

Rolamento traseiro interno

34,00

45,00

39,50

45,92

43,00

47,00

Vela de ignição (jogo)

80,00

60,00

64,00

56,88

80,00

80,00

Cabos de vela (jogo)

90,00

110,00

125,00

352,00

304,00

320,00

Amortecedor dianteiro (par)

208,00

196,00

190,00

362,60

236,00

340,00

Mola dianteira (par)

100,00

120,00

116,00

123,84

130,00

140,00

Pastilha de freio (jogo)

39,00

45,00

38,00

155,39

98,14

91,84

Disco de freio (jogo)

134,00

170,00

75,00

434,36

264,76

217,18

Kit de embreagem

239,00

350,00

260,00

370,68

430,09

505,97

Bomba de combustível

239,00

120,00

130,00

1.128,90

1.256,39

1.114,67

Rolamento traseiro interno

39,00

55,00

45,00

60,09

60,09

95,77

Vela de ignição (jogo)

50,00

48,00

70,00

78,76

87,84

102,44

Cabos de vela (jogo)

139,00

148,00

140,00

431,00

431,46

431,46

Amortecedor dianteiro (par)

225,00

270,00

172,00

474,40

474,40

474,40

Mola dianteira (par)

112,00

-

-

234,70

173,38

173,38

Pastilha de freio (jogo)

60,00

51,00

25,00

212,00*

138,00**

180,00***

Disco de freio (jogo)

120,00

56,00

60,00

356,00*

386,00**

300,00***

Kit de embreagem

330,00

183,00

180,00

447,00*

371,00**

398,00***

Bomba de combustível

220,00

205,00

190,00

995,00*

1.007,00**

1.056,00***

Rolamento traseiro interno

50,00

29,00

30,00

92,00*

64,00**

63,00***

Vela de ignição (jogo)

60,00

52,00

45,00

120,00*

108,00**

112,00***

Cabos de vela (jogo)

140,00

120,00

125,00

430,00*

420,00**

399,00***

Amortecedor dianteiro (par)

210,00

177,00

160,00

282,00*

296,00**

500,00***

Mola dianteira (par)

150,00

148,00

110,00

244,00*

250,00**

160,00***

Pastilha de freio (jogo)

69,00

48,00

29,00

110,00

100,99

72,00

Disco de freio (jogo)

78,00

100,00

78,00

312,00

311,46

218,00

Kit de embreagem

326,00

-

256,00

265,00

264,77

283,00

Bomba de combustível

145,00

80,00

243,00

797,00

806,36

589,00

Rolamento traseiro interno

33,00

50,00

45,00

43,00

42,92

52,60

Vela de ignição (jogo)

76,00

54,00

68,00

64,00

46,32

76,00

Cabos de vela (jogo)

149,00

110,00

170,00

308,00

308,18

212,00

Amortecedor dianteiro (par)

180,00

-

278,00

234,00

338,86

298,00

Mola dianteira (par)

118,00

-

160,00

180,00

102,28

136,00

* Cuiabá ** Vargem Grande *** Sinop

MATO GROSSO

BAHIA

São Paulo

produto

RIO GRANDE DO SUL

novo varejo _junho de 2011

38



mercado

fiat palio 1.0 2007

Varejo independente

Concessionárias

loja 1

loja 2

loja 3

loja 1

loja 2

loja 3

Pastilha de freio (jogo)

25,00

31,50

30,00

98,84

99,00

98,84

Disco de freio (jogo)

50,00

99,00

90,00

226 ,00

226,20

226,16

Kit de embreagem

177,00

210,00

233,00

310,84

312,00

297,96

Bomba de combustível

125,00

228 ,00

117,00

715,00

789,00

789,03

Cubo traseiro interno

90,00

81,00

85,00

150,38

132,45

336 ,00

Vela de ignição (jogo)

48 ,00

53,84

55,60

46,92

50,60

46,92

Cabos de vela (jogo)

39,00

73,50

79,30

104,93

105,00

104,93

Amortecedor dianteiro (par)

360,00

454,00

440,00

324,58

324,60

324,58

Mola dianteira (par)

100,00

120,00

-

184,46

184,40

184,46

Pastilha de freio (jogo)

34,00

42,22

33,00

98,84

99,00

118 ,00

Disco de freio (jogo)

78 ,00

66,66

90,0 0

226,16

226,16

271,40

Kit de embreagem

209,00

185,55

189,00

311,74

352,63

310,12

Bomba de combustível

149,00

215,00

218 ,00

789,03

784,28

789,03

Cubo traseiro interno

69,00

100,00

39,00

150,68

150,68

176,40

Vela de ignição (jogo)

49,00

48 ,00

44,00

50,52

54,00

60,68

Cabos de vela (jogo)

89,00

70,00

71,00

105,80

104,93

125,92

Amortecedor dianteiro (par)

298 ,00

433,00

390,00

324,58

337,22

357,08

Mola dianteira (par)

138 ,00

131,10

240,00

184,46

184,46

221,36

Pastilha de freio (jogo)

30,00

50,00

25,00

100,80*

110,00**

110,70***

Disco de freio (jogo)

70,00

104,00

120,00

230,68*

252 ,00**

253,30***

Kit de embreagem

170,00

170,00

160,00

365,00*

360,00**

350,21***

Bomba de combustível

165,00

230,00

120,00

878 ,00*

820,00**

880,00***

Cubo traseiro interno

45,00

93,00

50,00

171,35*

126 ,00**

168,76***

Vela de ignição (jogo)

37,00

51,00

50,00

51,00*

65,00**

56,64***

Cabos de vela (jogo)

57,00

78 ,00

88 ,00

121,00*

104,00**

117,52***

Amortecedor dianteiro (par)

360,00

415,00

220,00

331,00*

340,00**

383,04***

Mola dianteira (par)

140,00

155,00

-

230,00*

280,00**

206,60***

Pastilha de freio (jogo)

29,00

39,00

42 ,00

98,58

98,84

88,96

Disco de freio (jogo)

78 ,00

122 ,00

112 ,00

226 ,00

226,16

203,54

Kit de embreagem

215,00

208 ,00

220,00

311,00

299,16

279,48

Bomba de combustível

125,00

141,00

160,00

789,00

789,03

643,54

Cubo traseiro interno

52 ,00

38 ,00

88 ,00

150,68

336 ,00

135,61

Vela de ignição (jogo)

44,00

37,00

53,00

46,92

46,92

42,23

Cabos de vela (jogo)

48 ,00

65,00

85,00

104,00

104,93

94,44

Amortecedor dianteiro (par)

265,00

378 ,00

322 ,00

324,00

324,58

292,12

Mola dianteira (par)

137,90

165,00

170,00

184,00

184,46

166,01

* Cuiabá ** Rondonópolis *** Barra do Garça

MATO GROSSO

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RIO GRANDE DO SUL

novo varejo _junho de 2011

40


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04 de julho

PARA ONDE VAI O MERCADO?

Conteúdo, relacionamento, debate, soluções. A Editora Novo Meio, o Sincopeças-SP e o Sindirepa-SP realizam em julho o primeiro fórum do mercado de manutenção automotiva de 2011. Os Fóruns Novo Meio Sincopeças-SP Sindirepa-SP reúnem a cada edição representantes de todos os elos da cadeia de negócios da reposição independente, formadores de opinião e especialistas nos mais diferentes temas pertinentes à evolução do mercado e das empresas de comercialização de componentes automotivos e reparação de veículos, estimulando a troca de informações e a busca por caminhos que levem ao desenvolvimento do setor. Todo o conteúdo gerado pelos encontros será divulgado e repercutido pelo jornal Novo Varejo e pelas revistas Sincopeças-SP e Mais Automotive em reportagens exclusivas. tema: PARA ONDE VAI O MERCADO? Em razão dos novos movimentos envolvendo fornecimento e compra de autopeças, o que esperar da reposição e seus protagonistas a partir de agora?

I Fórum Novo Meio Sincopeças Sindirepa 2011 04 de julho às 19h30 Auditório do Sincopeças-SP – Av.Paulista, 1.009, 5º andar INSCRIÇÕES GRATUITAS E VAGAS LIMITADAS

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NOVO VAREJO _ JUNHO DE 2011

46

DPK tem parceiro internacional Distribuidora do Grupo DPaschoal agora faz parte da ATR International, associação fundada na Alemanha e que está presente em mais de 40 países

E

m pouco mais de uma década de história, a ATR International AG chegou a mais de 40 países em cinco continentes. Agora, desembarca no Brasil após firmar uma parceria com a distribuidora DPK. A decisão foi tomada em abril, após a conclusão de um processo em que a empresa pertencente ao Grupo DPaschoal avaliou diferentes associações focadas no atendimento ao mercado de

reposição de autopeças. A ATR não funciona como loja de autopeças, nem distribuidor ou rede de oficinas. Tratase, na verdade, de uma associação formada por alguns dos maiores grupos de compras de autopeças do mundo, atuando como interface entre essas organizações e os fornecedores com o objetivo de prover orientação nas compras internacionais através de cooperação em longo prazo e acordos

com os principais fabricantes de componentes automotivos no mundo. Com a consolidação da parceria, a DPK poderá contar com essa estrutura para, por exemplo, ter acesso a condições mais favoráveis para a aquisição de autopeças, eventualmente até em outros mercados em que a ATR tenha bons acordos firmados. Mas não é só para comprar bem que uma parceria dessa

PRESENÇA NO 19º ENCONTRO DA ATR O site da ATR International identifica a DPK como o “segundo maior distribuidor de autopeças do aftermarket nacional, atuando nas linhas leve, pesada, acessórios, motos, agrícola e postos de combustível”, uma empresa com faturamento de 241 milhões de euros em 2010. Fundada em 1987, a DPK tem matriz em Campinas (SP) e conta com 17 centros de distribuição no Brasil. São mais de 30 mil clientes ativos e 600 funcionários em todo o país. Procurada pela reportagem do Novo Varejo para falar sobre a nova parceria, a DPK informou, por meio

da assessoria de imprensa, que “por enquanto, a diretoria da empresa não se manifestará sobre esse assunto, pois faltam alguns detalhes”. No entanto, a direção da empresa já participou da 19ª Assembleia de Acionistas da ATR International AG, que aconteceu entre 26 e 29 de maio em Los Angeles, nos Estados Unidos. Na ocasião, a DPK e o Grupo Midas, da África do Sul, se apresentaram aos demais integrantes do grupo. No evento, os membros falaram sobre o resultados de suas operações desse ano e do ano fiscal anterior.

mostra-se promissora. A base de conhecimento adquirida por um grupo internacional do porte da ATR representa conteúdo técnico e de gestão que vai aprimorar não apenas a condução dos negócios da empresa campineira, mas também permitir que esses benefícios sejam repassados aos clientes. Outro valor preciso que a ATR traz são os programas de filiação de oficinas já desenvolvidos pelos membros da organização. COMO FUNCIONA Na prática, cada um dos distribuidores que faz parte da ATR é responsável por suas próprias compras e gerenciamento de produtos, que são entregues diretamente aos centros logísticos de cada uma dessas empresas. A vantagem para esses distribuidores está no fato de que as negociações para essas compras podem ser feitas coletivamente, o que representa volume e, em consequência,

melhores condições de preços, prazos e os benefícios naturais oferecidos a clientes gigantes. E o exercício prático deste conceito é o programa IPAS (Fornecedor Preferencial Internacional ART, na sigla em inglês), que consiste em um portfólio dos melhores fornecedores, com padrão de qualidade, e o objetivo de agregar linhas de produtos e concentrar volumes de compras entre os parceiros da ATR e os fornecedores que fazem parte do IPAS. Essa convergência possibilita uma situação de ganho e desenvolvimento para os dois lados da negociação. Os acionistas da ATR International AG oferecem a seus clientes suporte através de negociações sob medida, e treinamentos e workshops baseados em parcerias. Esses conceitos são complementados por informações técnicas sobre sistemas eletrônicos e peças, dados técnicos de manutenção e informações sobre serviços e reparação, transmitidos


com o suporte de parceiros da indústria. Isso significa que, por meio da ATR International AG, os distribuidores de autopeças têm a oportunidade de desenvolver um relacionamento mais próximo com a indústria, tanto no que se refere a negociações como em relação ao conteúdo técnico dos produtos comercializados. As indústrias de autopeças parceiras da ATR International AG atuam em toda a Europa, são bastante conhecidas no mercado independente e fabricam desde autopeças para motor até equipamentos para oficinas, ferramentas e acessórios.

DPK FOI APRESENTADA AOS DEMAIS INTEGRANTES DA ATR EM EVENTO REALIZADO NO FINAL DE MAIO, EM LOS ANGELES

HISTÓRICO

A ATR surgiu na década de 1960, na Alemanha, com a união de cinco empresas de comércio independente de autopeças para formar uma aliança e garantir uma posição mais forte no mercado de contratos públicos e desenvolver uma estratégia de marketing conjunta. O grupo conquistou bons resultados com base em intensa troca de experiências, análises de mercado comum e uma política de produtos segmentados com base em peças originais e da marca da ATR, a Cartechnic. Depois de alcançar posições de liderança, os parceiros fizeram com que a ATR se tornasse um negócio interessante. E em 1999, ela se internacionalizou e passou a se chamar ATR International AG. A maior prova

de expansão do grupo está nos números: o faturamento saltou de 1,1 bilhão de euros em 2000 para 3,7 bilhões em 2009. Embora a sede da empresa continue na Alemanha, em Stuttgart, um dos principais focos é a internacionalização, em virtude das próprias exigências do mercado. Em seu site, a ATR International AG explica que, por conta da importância e representatividade dos parceiros em seus países de atuação, é possível fortalecer e ampliar essa posição competitiva no mercado. Por isso, além da parceria com a DPK no Brasil, a marca também conta com um novo parceiro na África do Sul (o grupo já está presente em outros oito países do

foto divulgação

continente africano) e o atacadista alemão Stahlgruber abriu uma filial chinesa, em Shangai, em março último e simultaneamente foi admitido na ATR International AG, dando início à atuação do grupo no Oriente. Em nota, o diretor de gestão da ATR International AG, Roland Dilmetz, justificou as novas adesões. “O desenvolvimento do mercado de automóveis é promissor na América do Sul e na África. Para nós, portanto, era um passo lógico o network com os parceiros mais fortes dessas regiões”. Com os novos integrantes, o grupo passa a ter 33 acionistas em 46 países nos cinco continentes. Prova de que a internacionalização é mesmo o caminho.

por Francisco Wagner De La Torre

sincopeças

A luta pela boa procedência FRANCISCO WAGNER DE LA TORRE É PRESIDENTE DO SINCOPEÇAS-SP.

D

edico este espaço a um tema que ultimamente vem ganhando espaço na mídia brasileira: a falsificação no setor de peças automotivas. Nos últimos meses foram noticiadas diversas reportagens dando conta do aumento da apreensão de peças falsificadas das mais diversas aplicações. Além do problema pontual da

não arrecadação de impostos, situação que causa uma enorme disparidade em relação ao comércio formal varejista, a peça falsificada não respeita nenhuma norma de segurança ou qualquer preocupação com a preservação do meio ambiente, situação que compromete não só a economia e o mercado de reposição, mas, sobretudo, a segurança e a vida

de nossas famílias. De acordo com o CNCP - Conselho Nacional de Combate à Pirataria, o comércio de produtos falsificados implica na perda direta de cerca de 2 milhões de empregados formais, ou seja 2 milhões de novos consumidores que poderiam, potencialmente, consumir mais produtos e, por sua vez, aquecer a economia do país.

Frequentemente, divulgamos nas publicações oficiais de nossa entidade informações para esclarecer nossos associados e alertar para o problema. Nosso objetivo é orientar o mercado varejista que a prática de venda da peça de origem clandestina, seja falsificada ou duplicada, configura crime. Apesar de trabalharmos fortemente em ações para coibir este

tipo de prática, esta luta não é só do Sincopeças-SP, dos varejistas e das outras associações relacionadas ao setor do aftermarket nacional. Esta causa é de toda a sociedade cível organizada e também do poder público. Juntos devemos agir com energia na resolução e no combate a este mal, encontrando novas e criativas formas para conter esta crescente ameaça.

47 NOVO VAREJO _ JUNHO DE 2011

negócios


NOVO VAREJO _ JUNHO DE 2011

48

sindipeças

Mais faturamento. E déficit na balança Faturamento das indústrias de autopeças sobe no quadrimestre e déficit na balança comercial do setor tem alta acentuada no período

o

faturamento do setor de autopeças no primeiro trimestre foi 8,1% superior ao de iguais meses do ano passado, em reais deflacionados. No quadrimestre, o crescimento, ainda estimado, foi de cerca

de 6,7%. Mesmo em fase de arrefecimento, as empresas associadas ao Sindipeças e à Abipeças aumentaram o número de empregados em 8,1% em março. A previsão para abril é de crescimento de 7% no nível de emprego.

Os dados foram apurados em pesquisa realizada com 91 empresas associadas ao Sindipeças e à Abipeças, que representam cerca de 33,03% do faturamento total da indústria de autopeças no Brasil.

FATURAMENTO ACUMULADO* EM 2011 (COMPARAÇÃO COM O MESMO PERÍODO DO ANO ANTERIOR)

PARTICIPAÇÃO PERCENTUAL DO FATURAMENTO* POR DESTINO DA AUTOPEÇA (FATURAMENTO DO SEGMENTO ACUMULADO NO PERÍODO SOBRE TOTAL)

*Faturamento em reais deflacionado pelo índice da FGV (peças e acessórios para veículos automotores) e pelo dólar médio (exportação)

*Faturamento em reais deflacionado pelo índice da FGV (peças e acessórios para veículos automotores) e pelo dólar médio (exportação)

CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA ACUMULADO EM 2011 (COMPARAÇÃO COM O MESMO PERÍODO DO ANO ANTERIOR)

EMPREGO EM 2011 - VARIAÇÃO MENSAL (COMPARAÇÃO COM O MESMO MÊS DO ANO ANTERIOR)



NOVO VAREJO _ JUNHO DE 2011

50

sindipeças BALANÇA COMERCIAL

BALANÇA COMERCIAL DE AUTOPEÇAS (JAN-ABR/ 2011 SOBRE JAN-ABR/ 2010)

As exportações brasileiras de autopeças nos primeiros quatro meses do ano, para 152 países, somaram US$ 3,27 bilhões, 22,6% superiores às de igual período de 2010. As importações, de 111 países, aumentaram em percentual menor que 19,3%, chegando a US$ 4,77 bilhões. Ainda assim o saldo negativo cresceu 13%, passando de US$ 1,34 bilhão nos primeiros quatro meses de 2010 para US$ 1,51 bilhão.

2011

2010

VARIAÇÃO MÊS/ MÊS (%) 2011/2010

janeiro

702.517.858

506.707.922

38,64

1.081.362.511

910.777.747

fevereiro

761.863.951

584.639.473

30,31

1.098.393.762

março

940.877.423

823.340.786

14,28

abril

860.619.463

749.525.184 2.664.213.365

EXPORTAÇÃO

MÊS

Acumulado (jan) variação período 3.265.878.695 (%) 2011/2010

2011

2010

VARIAÇÃO MÊS/ MÊS (%) 2011/2010

IMPORTAÇÃO

RESULTADO BALANÇA COMERCIAL 2011

2010

18,73

-378.844.653

-404.069.825

881.607.909

24,59

-336.529.811

-296.968.436

1.365.435.611

1.156.135.952

18,10

-424.558.188

-332.795.166

14,82

1.228.134.353

1.053.709.400

16,55

-367.514.890

-304.184.216

22,58

4.773.326.237 4.002.231.008

19,27

-1.507.447.542 -1.338.017.643

Fonte: MDIC/Secex/Depla/SRF. Exportações e Importações em US$ FOB

BALANÇA COMERCIAL DE AUTOPEÇAS (JAN-ABR/ 2011 SOBRE JAN-ABR/ 2010) JAN-ABR/11

JAN-ABR/10

VARIAÇÃO JAN-ABR 2011/JAN-ABR 2010

Acre

6.488

2.845

128,05

Alagoas

3.367

0

Amapá

9.814.722

8.753.066

12,13

119.138

198.637

-40,02

9.695.584

8.554.429

Amazonas

1.103.184

3.242

33.927,88

302.355.814

193.277.553

56,44

-301.252.630

-193.274.311

Bahia

25.738.895

27.176.848

-5,29

55.513.748

49.792.426

11,49

-29.774.853

-22.615.578

Ceará

685.435

343.353

99,63

9.435.394

4.646.776

103,05

-8.749.959

-4.303.423

Distrito Federal

26.359

6.542

302,92

1.125.957

1.076.641

4,58

-1.099.598

-1.070.099

Espírito Santo

382.933

529.987

-27,75

53.801.941

32.296.933

66,59

-53.419.008

-31.766.946

Goiás

696.218

1.497.754

-53,52

317.752.139

235.955.594

34,67

-317.055.921

-234.457.840

0

0

1.587.274

834.418

90,23

-1.587.274

-834.418

44.512

0

1.756.854

677.541

159,30

-1.712.342

-677.541

1.224.562

1.322.853

-7,43

667.292

631.189

5,72

557.270

691.664

377.038.178

308.776.375

22,11

433.560.000

435.934.149

-0,54

-56.521.822

-127.157.774

0

818

-100,00

4.493.777

3.479.688

29,14

-4.493.777

-3.478.870

Paraíba

17.001

36.542

-53,48

488.698

241.441

102,41

-471.697

-204.899

Paraná

982.664

8.601.720

-88,58

735.440.216

534.551.162

37,58

-734.457.552

-525.949.442

357.762.069

282.960.660

26,44

4.511.544

6.392.472

-29,42

353.250.525

276.568.188

0

0

143.971

67.153

114,39

-143.971

-67.153

73.207.572

87.987.341

201.177.330

175.728.424

14,48

-127.969.758

-87.741.083

1.040

0

368.947

305.310

20,84

-367.907

-305.310

328.611.088

274.742.489

267.059.550

222.075.645

20,26

61.551.538

52.666.844

Rondônia

127.687

239

2.195.849

3.273.226

-32,91

-2.068.162

-3.272.987

Roraima

8.223

29.382

74.402

61.020

21,93

-66.179

-31.638

EXPORTAÇÃO ESTADO

Maranhão Mato Grosso Mato Grosso do Sul Minas Gerais Pará

Pernambuco Piauí Rio de Janeiro Rio Grande do Norte Rio Grande do Sul

Santa Catarina

-16,80

19,61

-72,01

JAN-ABR/10

VARIAÇÃO JAN -ABR 2011/JAN-ABR 2010

JAN-ABR/11

JAN-ABR/10

192.696

122.819

56.89

-186.208

-119.974

558.459

113.320

392.82

-555.092

-113.320

IMPORTAÇÃO JAN-ABR/11

RESULTADO

198.045.523

136.964.235

44,60

66.294.634

47.314.031

40,12

131.750.889

89.650.204

1.890.350.944

1.524.470.824

24,00

2.311.680.862

2.051.949.751

12,66

-421.329.918

-527.478.927

Sergipe

0

0

618.102

964.495

-35,91

-618.102

-964.495

Tocantins

0

0

351.649

269.194

30,63

-351.649

-269.194

Não declaradas

31

6.250

-99,50

31

6250

3.265.878.695

2.664.213.365

22,58

-1.507.447.542

-1.338.017.643

São Paulo

Total

Fonte: MDIC/Secex/Depla/SRF. Valores em US$ FOB

4.773.326.237

4.002.231.008

19,27



novo varejo _junho de 2011

52

sindipeças

importação de autopeças (jan-abr/2011 sobre jan-abr/2010)

exportação de autopeças (jan-abr/2011 sobre jan-abr/2010) ordem

país

jan-abr/11

jan-abr/10

Variação (%) jan-abr 2011/ janabr 2010

participação (%) janabr/2011

1

Argentina

1.222.678.420

941.621.374

29,85

37,44

2

Estados Unidos

468.768.689

361.486.912

29,68

14,35

11,94

3

México

309.043.364

219.030.467

41,10

9,46

-0,71

8,73

4

Alemanha

269.039.827

181.558.127

48,18

8,24

294.066.149

15,19

7,10

5

Venezuela

110.527.052

114.583.359

-3,54

3,38

329.457.467

207.756.416

58,58

6,90

6

Chile

71.542.055

58.865.169

21,54

2,19

Itália

293.597.686

243.809.098

20,42

6,15

7

Países Baixos

68.158.567

124.677.698

-45,33

2,09

Tailândia

275.214.944

171.748.877

60,24

5,77 8

África do Sul

67.476.299

81.966.201

-17,68

2,07

9

Colômbia

57.797.680

42.059.800

37,42

1,77

10

Itália

57.261.855

43.791.473

30,76

1,75

11

Reino Unido

54.316.774

41.952.548

29,47

1,66

12

França

50.351.311

53.916.356

-6,61

1,54

13

China

48.921.657

41.868.519

16,85

1,50

14

Peru

38.537.053

23.815.052

61,82

1,18

15

Uruguai

37.577.142

31.032.875

21,09

1,15

16

Paraguai

32.982.349

36.495.802

-9,63

1,01

17

Equador

23.007.231

15.823.062

45,40

0,70

18

Suécia

22.003.055

15.320.696

43,62

0,67

19

Polônia

21.493.728

18.357.001

17,09

0,66

20

Índia

19.193.703

20.844.617

-7,92

0,59

20 principais países (jan-abr/2011)

3.050.677.811

2.469.067.108

23,56

93,41

ordem

país

jan-abr/11

jan-abr/10

Variação (%) jan-abr 2011/ janabr 2010

participação (%) janabr/2011

1

Estados Unidos

612.026.268

482.325.224

26,89

12,82

2

Japão

611.643.800

636.326.273

-3,88

12,81

3

Alemanha

570.070.508

563.029.107

1,25

4

Argentina

416.584.636

419.553.079

5

França

338.749.236

6

China

7 8 9

Suécia

222.007.041

150.216.407

47,79

4,65

10

Coreia do Sul

170.828.281

86.681.145

97,08

3,58

México

117.595.002

11

78.268.579

50,25

2,46

12

Espanha

96.686.217

90.296.896

7,08

2,03

13

República Tcheca

74.576.799

69.127.195

7,88

1,56

14

Reino Unido

70.214.602

57.804.404

21,47

1,47

15

Índia

66.109.090

41.869.346

57,89

1,38

16

Turquia

51.895.664

31.667.035

63,88

1,09

17

Indonésia

37.330.933

31.109.069

20,00

0,78

18

Suíça

36.592.499

24.545.777

49,08

0,77

19

Polônia

34.043.778

28.600.165

19,03

0,71

20

África do Sul

32.878.122

27.522.958

19,46

0,69

20 principais países (jan-abr/2011)

4.458.102.573

3.736.323.199

19,32

93,40

Outros 91 países

315.223.664

265.907.809

18,55

6,60

Outros 132 países

215.200.884

195.146.257

10,28

6,59

19,27

100,00

Total de 152 países (jan-abr/2011)

3.265.878.695

2.664.213.365

22,58

100,00

Total de 111 países (jan-abr/2011)

4.773.326.237 4.002.231.008

Fonte: MDIC/Secex/Depla. Exportações em US$ FOB

Fonte: MDIC/Secex/Depla. Exportações em US$ FOB


importação de autopeças (jan-abr/2011 sobre jan-abr/2010) ordem

ncm

mercadoria

jan-abr/11

jan-abr/10

Variação (%) jan-abr 2011/ janabr 2010

participação (%) janabr/2011

1

8708.40.90

Outras caixas de marchas (velocidades)

467.447.677

419.129.289

11,53

9,79

2

8708.29.99

Outras partes e acessórios de carroçarias dos veículos automóveis das posições 8701 a 8705

370.895.609

283.257.383

30,94

7,77

3

8708.99.90

Outras partes e acessórios para veículos automóveis das posições 8701 a 8705

363.454.114

339.676.673

7,00

7,61

4

8483.40.10

Caixas de transmissão, redutores, multiplicadores e variadores de velocidade, incluídos os conversores de torques (binários)

111.225.153

85.042.670

30,79

2,33

5

8708.50.99

Outros eixos e partes, para veículos automóveis

106.581.503

59.870.384

78,02

2,23

6

8409.91.90

Outras partes reconhecíveis como exclusiva ou principalmente destinadas aos motores de pistão, de ignição por centelha (faísca)

105.476.947

81.058.572

30,12

2,21

7

8536.50.90

Outros interruptores, seccionadores e comutadores

85.416.950

71.767.911

19,02

1,79

8

9032.89.29

Outros controladores eletrônicos para os sistemas de veículos automóveis

85.305.159

81.394.421

4,80

1,79

9

8408.90.90

Outros motores de pistão, de ignição por compressão (motores diesel ou semidiesel)

81.664.538

57.841.915

41,19

1,71

10

8708.30.90

Outros freios e partes, para tratores/veículos automotores

81.009.516

79.052.412

2,48

1,70

Fonte: MDIC/Secex/Depla. Importações em US$ FOB

exportação de autopeças (jan-abr/2011 sobre jan-abr/2010) ordem

ncm

mercadoria

jan-abr/11

jan-abr/10

Variação (%) jan-abr 2011/ janabr 2010

participação (%) janabr/2011

1

8708.99.90

Outras partes e acessórios para veículos automóveis das posições 8701 a 8705

241.772.428

216.724.729

11,56

7,40

2

8409.99.12

Blocos de cilindro e cárteres, para motores das posições 8407 ou 8408

213.782.344

125.045.266

70,96

6,55

3

8708.29.99

Outras partes e acessórios de carroçarias dos veículos automóveis das posições 8701 a 8705

185.128.025

141.981.021

30,39

5,67

4

8708.40.90

Outras caixas de marchas (velocidades)

180.327.253

114.067.876

58,09

5,52

5

8407.34.90

Outros motores de pistão alternativo dos tipos utilizados para propulsão de veículos do capítulo 87 de cilindrada superior a 1.000cm³

166.653.129

100.092.053

66,50

5,10

6

8707.90.90

Outras carroçarias para os veículos automóveis das posições 8701 a 8705, incluídas as cabinas

107.710.422

80.119.360

34,44

3,30

7

8708.30.90

Outros freios e partes, para tratores/ veículos automotores

107.518.810

85.118.846

26,32

3,29

8

8483.10.19

Outros virabrequins (cambotas)

93.764.440

67.336.308

39,25

2,87

9

8708.50.80

Eixos de transmissão com diferencial para veículos automotores

82.820.171

69.652.876

18,90

2,54

10

8708.80.00

Amortecedores de suspensão para veículos automóveis das posições 8701 a 8705

79.083.191

60.967.623

29,71

2,42

Fonte: MDIC/Secex/Depla. Exportações em US$ FOB

53 novo varejo _ junho de 2011

sindipeças



informações e peças para veículos importados n 70

ano 7

junho de 2011

por Larissa Andrade _ larissa@novomeio.com.br

Japão reduz exportações de autopeças ao Brasil e perde liderança do ranking Situação provocada pelos desastres naturais de 11 de março já resultaram em queda na produção da Honda e da Toyota

N

os últimos dois anos, o Japão foi o principal fornecedor internacional de autopeças para o mercado brasileiro, com 17% de participação em 2009 e 14% no ano passado. Diante desta importância, desde a passagem do terremoto e o tsunami por aquele país, em março, há expectativas quanto à manutenção do ritmo dessas importações. De fato, a chegada de peças japonesas ao país vem caindo desde que o desastre natural seguido pelo acidente nuclear ocorreram e o Japão já perdeu para os Estados Unidos a liderança no ranking de países fornecedores no balanço do primeiro quadrimestre do ano, registrando queda de 3,88%. Embora a queda não seja tão brusca, os principais fornecedores continuam em forte alta, como é o caso de EUA (+26%), França (+15%) e China (+58%),

o que vem elevando o déficit na balança comercial de autopeças – entre janeiro e abril, o Brasil amargou um resultado negativo superior a US$ 1,5 bilhão. Fica claro, portanto, que o Japão está em total desacordo com a conjuntura atual do mercado. E a situação do país preocupa. Com os acontecimentos de março, a indústria automotiva japonesa foi bastante afetada, gerando um efeito em cadeia: como

diversas fábricas de autopeças foram atingidas, a produção de veículos caiu de maneira significativa; assim como o abastecimento de peças para o mercado estrangeiro, o que inclui tanto o fornecimento para montadoras como os mercados de reposição. Em abril, a produção de veículos registrou queda de 60,1% em relação ao mesmo mês de 2010, totalizando apenas 292 mil unidades, de acordo com dados da

JAMA (Associação dos Fabricantes de Automóveis do Japão). Um dos motivos foi a falta de peças como pneus e dispositivos eletrônicos. As exportações de veículos também caíram 67,8% no mês. BRASIL As exportações de autopeças para o Brasil têm dois focos: as próprias montadoras japonesas, tanto para linha de produção

como o abastecimento de concessionárias; e o mercado de reposição independente. Algumas montadoras foram mais afetadas, enquanto outras conseguiram seguir os planos, como é o caso da Mitsubishi, que informou através da assessoria de imprensa que não houve consequências; e da Nissan, que manteve a produção e chegou inclusive a vender 33% mais veículos em maio do que em abril (confi-

LICENCIAMENTO DE VEÍCULOS LEVES DE MONTADORAS JAPONESAS Montadora/ Período

Maio 2011

Abril 2011

Jan-Maio 2011

Comparativo Maio/Abril 2011

Comparativo Jan-Maio 2011/ Jan-Maio 2010

Honda

6.985

8.077

39.083

-13,5%

-9,1%

Mitsubishi

9

7

37

28,6%

27,6%

Nissan

3.642

2.722

17.160

33,8%

82,7%

Toyota

4.626

4.172

20.650

10,9%

-6,9%

Fonte: Anfavea


NOVO VAREJO _ MÊS ANO NOVO VAREJO_JUNHO DEE 2011

56 56

matéria importados

ra as tabelas a seguir). Já a Toyota informou, por meio de nota, que “irá ajustar temporariamente sua produção nas plantas de Indaiatuba (Brasil) e Zárate (Argentina), por conta do gerenciamento de peças disponíveis fornecidas pelo Japão, como consequência do terremoto e tsunami que afetaram aquele país em 11 de março de 2011. Na planta de Indaiatuba, onde produz o sedã médio Corolla, a empresa vai interromper a produção por um dia, em 27 de junho de 2011”. A montadora informou ainda que não foi tomada nenhuma decisão a respeito do cronograma de produção para o mês de julho em diante, mas ressaltou que a construção da nova fábrica

em Sorocaba não sofrerá alteração no cronograma. A Honda, cujas vendas registraram queda de 13,5% em maio e 9,1% nos primeiros cinco meses do ano, reduziu em 50% sua produção de automóveis e desligou 400 colaboradores, além de a fábrica de Sumaré (SP) ter ficado parada de 12 a 20 de maio. O principal motivo foi a falta de componentes eletrônicos vindos do Japão. No último dia 7, a montadora chegou a um acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região e, desde 8 de junho, opera em dois turnos, “adotando regime de rodízio de licença remunerada para 800 trabalhadores da linha de produção alternadamen-

te, até dezembro de 2011”. A produção de veículos neste mês de junho será de 300 carros por dia, ao invés dos 600 previstos anteriormente. Para o importador independente de autopeças que trabalha com fornecedores japoneses, o momento deve ser de atenção. É importante ter opções de substituição dos itens com a mesma qualidade e preços oferecidos pelos parceiros do Japão. Com isso, além de não perder as vendas normais no mercado independente, pode-se abrir aí uma oportunidade para a conquista de eventuais clientes de concessionárias que tenham dificuldades em encontrar as peças nos balcões da rede autorizada.

IMPORTAÇÃO DE AUTOPEÇAS (EM US$)

Japão

2010

2011

Janeiro

164.091.552

138.297.557

Fevereiro

142.176.839

136.201.351

Março

170.509.223

179.187.726

Abril

159.548.659

157.957.166

Jan-Abril

636.326.273

611.643.800

Fonte: MDIC/Secex/Depla.

FÁBRICAS DA HONDA E TOYOTA FORAM AFETADAS E REDUZIRAM PRODUÇÃO; NISSAN E MITSUBISHI NÃO SOFRERAM CONSEQUÊNCIAS


n 70

ano 7

junho de 2011

Mariana Flores

Agência Sebrae de Notícias

Cadastro Positivo pode impulsionar pequenos negócios Para Sebrae, a criação do banco de informações de bons pagadores, pessoas físicas e jurídicas, tornará o acesso ao crédito mais barato

B

rasília - O Cadastro Positivo pode trazer importantes benefícios às micro e pequenas empresas (MPE) brasileiras. O projeto foi aprovado pelo Senado Federal com o mesmo texto da Câmara dos Deputados. A análise do Sebrae é que a criação do banco de informações de bons pagadores, pessoas físicas e jurídicas, tornará o acesso ao crédito mais barato para os empresários e diminuirá o risco que eles têm ao concederem financiamentos a seus clientes. “Com o Cadastro Positivo, o país dá um passo importante no sentido de aumentar a segurança no sistema financeiro. Mais do que isso, caminharmos na linha da inclusão financeira com benefícios para empresas, em especial, àquelas de pequeno porte, que historicamente são adimplentes”, avalia o diretortécnico do Sebrae, Carlos Alberto dos Santos, ao destacar que não se trata de uma medida isolada. “Ela faz parte de uma série de providências anteriores por parte do governo federal para manter a estabilidade monetária da nossa economia”, diz o diretor do Sebrae.

LÓGICA Carlos Alberto ressalta que a medida é oportuna, pois estabelece também uma nova lógica nas relações de consumo. “Ganha a sociedade, notadamente os consumidores, pois amplia a possibilidade de acesso ao crédito e deve repercutir em redução do custo.” Segundo ele, é uma medida de transparência que valoriza o bom pagador, ou seja, o lado positivo do cliente. “Portanto, fortalece o processo brasileiro de inclusão social e econômica, frente ao contingente de novos consumidores no país, podendo dar novo dinamismo à relação de compra e venda”. Com o banco de dados, o histórico das transações feitas pela empresa nos 15 anos anteriores se tornará público, desde que ela autorize. “Hoje, por falta de informações, negócios de pequeno porte são classificados com o maior nível de risco, enfrentando restrições no acesso ao crédito e pagando taxas elevadas. O cadastro reunirá informações de bons pagadores das empresas, permitindo que sejam classificados de acordo com seus históricos”, resume o gerente de políticas pú-

blicas do Sebrae, Bruno Quick. O objetivo do cadastro é subsidiar a concessão de crédito, a realização de venda a prazo e de outras transações comerciais e empresariais que impliquem em risco financeiro. As informações vão permitir que a instituição que esteja concedendo o crédito avalie a situação econômica de quem pede o financiamento. Além de ter de autorizar antecipadamente a divulgação de seus dados, o participante pode cancelar seu cadastro quando desejar. DÍVIDAS Segundo dados do Banco Central, as dívidas não pagas são responsáveis por 32,2% do spread bancário – diferença entre os juros que as instituições financeiras pagam ao captar recursos e os cobrados dos consumidores. A adoção do Cadastro Positivo deve reduzir em 45% a inadimplência no Brasil no médio prazo, segundo estimativas da Serasa Experian. A empresa avalia que a aprovação do Cadastro Positivo pode incluir 26 milhões de brasileiros no sistema financeiro e injetar até R$ 1 trilhão na demanda de crédito.

O QUE MAIS DIZ A PESQUISA Para o senador Francisco Dornelles (PP-RJ), relatorrevisor da matéria no Senado, a aprovação da Medida Provisória (MP) 518/10, transformada no Projeto de Lei de Conversão (PLV) 12/11 – que cria o Cadastro Positivo com informações e dados de pessoas físicas e jurídicas que estão em dia com seus compromissos financeiros –, abre um “caminho para a redução do spread bancário”. Em dezembro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetou projeto de lei do Senado (PLS 263/04), de autoria do ex-senador Rodolfo Tourinho (DEM-BA), que também propunha a criação do cadastro positivo. Ao justificar o veto, Lula disse ter acatado entendimento do Ministério da Justiça de que o projeto contrariava o interesse público por trazer “conceitos que não parecem suficientemente claros”. O cadastro foi, então, instituído pela

MP 518/10, editada no último dia do ano. Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que assina a mensagem ao Congresso fundamentando a MP, o conjunto de medidas deverá “dotar o país de um arcabouço legal que incentive a troca lícita de informações pertinentes ao crédito e às transações comerciais”. No texto, o ministro acrescenta que tais medidas deverão reduzir o problema da assimetria de informações e proporcionar novos meios para redução das taxas de juros e ampliação das relações comerciais, com a adequada proteção da privacidade das pessoas. O relator da matéria na Câmara, deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG), disse que o cadastro deverá, no prazo de dois anos, diminuir o custo financeiro para o tomador de empréstimos. Informou ainda que uma legislação semelhante adotada no México reduziu em até 30% o custo do crédito.


NOVO VAREJO _ JUNHO DE 2011

58

acontece

fotos divulgação

CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO

SOLUÇÕES DO SINDIPEÇAS

A Tecfil tem um novo centro de distribuição localizado em Guarulhos. Com esta nova planta, já são três unidades neste município da grande São Paulo. O CD tem área de quase 30.000 m², 20 docas para carregamento, uma capacidade de armazenagem de 18.000 posições pallets e 10 milhões de filtros. A Tecfil apresentou recentemente outras novidades ao mercado. Entre elas a sala livre de impurezas para a fabricação dos filtros de ar-condicionado, o centro de treinamentos para capacitações ao vivo e as embalagens com novo layout, com o código do produto e aplicação em destaque.

O Sindipeças entregou a vários representantes do governo, incluindo o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Fernando Pimentel, estudo que aponta didaticamente as ações governamentais de curto prazo necessárias para que o setor de autopeças se recupere da perda de competitividade que vem enfrentando nos últimos anos. A comprovação dessa realidade é o saldo da balança comercial brasileira nas autopeças, que passou de superavitária em cerca de US$ 2 bilhões em 2006 para deficitária em US$ 3,5 bilhões no ano passado. “Somos um paciente com pneumonia dupla em estado não terminal”, compara Flávio Del Soldato, conselheiro do Sindipeças. Segundo ele, a receptividade da área técnica do governo foi positiva e o setor está confiante. Ainda assim lamenta constatar que “num momento de recordes, a dois anos de chegar a cinco milhões de veículos produzidos no Mercosul, tenhamos

de nos preocupar com a sobrevivência de uma indústria com 60 anos de história”. Resumidamente, as ações remediadoras de curto prazo propostas pelo Sindipeças são: • Redução de encargos trabalhistas. • Disponibilidade de recursos para financiamentos competitivos de longo prazo. • Reforço das regras de conteúdo local (para determinar com clareza o que pode ser importado para a montagem de um veículo). • Eliminação de impostos sobre investimentos. • Melhor classificação da NCM (Nomenclatura Comum do Mercosul) para que a identificação dos itens importados seja clara. Atualmente, segundo levantamento da Secex (Secretaria de Comércio Exterior, do MDIC), os primeiros itens na lista dos mais importados chamam-se ‘Outros’.

NOVO CD DA TECFIL TEM 30.000 M² DE ÁREA

INCENTIVO À LEITURA

OFICINAS REGULAMENTADAS A Assembleia Legislativa de São Paulo aprovou em 25 de maio o projeto de lei nº 322 que regulamenta o funcionamento das oficinas no estado. A medida representa um marco para o setor da reparação de veículos. “Agora teremos padrões que devem ser seguidos, garantindo o desenvolvimento das empresas e atendimento de qualidade aos proprietários de veículos”, diz o presidente do Sindirepa-SP, Antonio Fiola. Somente no estado de São Paulo existem 15 mil empresas de reparação. O projeto de lei 322/2008, do deputado Olímpio Gomes (PDT), estabelece normas básicas para o funcionamento dos

estabelecimentos, exigindo, entre outras coisas, a formação mínima dos profissionais que trabalham na reparação de veículos. De acordo com o projeto aprovado, as oficinas devem manter um responsável operacional e mais um ou dois profissionais capacitados a executar os serviços nos veículos automotores, que atendam aos requisitos da norma técnica (NBR 15681) de capacitação expedida pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Do contrário, os profissionais deverão participar de treinamento de 400 horas ou de 40 horas desde que comprovada experiência de dois anos na atividade.

FAROL INTELIGENTE A divisão Automotive Lighting do Grupo Magneti Marelli, responsável pelo desenvolvimento e produção de sistemas de iluminação automotiva, acaba de ser contemplada com o Red Dot Awards, promovido pela montadora Daimler. Todos os anos, a montadora premia os fornecedores que mais se des-

tacaram no ano, principalmente com ideias inovadoras, qualidade, custo e abastecimento, e tecnologia. São contemplados 13 fornecedores em diversas categorias, com adição de um prêmio especial de inovação. A Magneti Marelli Automotive Lighting recebeu os prêmios “Red Dot Award:

product design 2011” e “Special Award Innovation”. Ambos foram concedidos pelo desenvolvimento do primeiro farol inteligente inteiramente a LED do mundo que atualmente equipa o modelo Mercedes-Benz CLS e combina alta tecnologia com design atraente.

Alunos de 42 escolas da rede pública estadual de Mogi das Cruzes (SP) receberão, gratuitamente, exemplares de obras clássicas da literatura brasileira, por meio de um programa de incentivo à leitura. A iniciativa é da NGK, fabricante de velas de ignição. O programa foi lançado oficialmente pelo presidente da NGK do Brasil, Kyohei Hayashi, em cerimônia na sede da fabricante. A empresa destinou cerca de R$ 400 mil ao projeto, que se estenderá até o final de 2011 em parceria com a empresa Komedi Projetos e a Secretaria Estadual de Educação. A ação prevê a entrega de mais de 20.000 livros, associada à capacitação de 120 professores de Literatura e Artes. EVENTO DE LANÇAMENTO REUNIU EXECUTIVOS DA NGK E AUTORIDADES MUNICIPAIS


FORNECEDOR DO ANO

PROJETO FORMARE A Delphi realizou a formatura de mais uma turma do projeto Formare. Durante a cerimônia, 15 alunos da fábrica de Espírito Santo do Pinhal (SP) receberam o certificado de conclusão do curso de Operador de Montagem de Produtos Eletromecânicos e Serviços. Esta foi a terceira turma a se formar na unidade de Espírito Santo do Pinhal que, no total, já capacitou cerca de 50 jovens para o mercado de trabalho através do Projeto Formare. A nova turma está iniciando as aulas neste mês de junho.

PROMOÇÃO E SUPORTE Além de apresentar o maior programa de lançamentos de produtos desde a sua chegada ao país, a Corteco – divisão de reposição da Freudenberg-NOK, fabricante de retentores e vedações – traz outra novidade para o mercado de reposição em 2011. A empresa ampliou os investimentos em promoção e suporte técnico para realizar mais de 7.000 visitas e superar as 10.000 pessoas treinadas ao longo do ano. Durante 2010, as equipes de promoção e assistência técnica da Corteco realizaram cerca de 6.000 visitas e treinaram 8.500 profissionais em todo o país. As ações envolveram distribuidores, lojas de autopeças, oficinas, cen-

tros automotivos, frotistas, retíficas e motopeças. Os programas de atualização foram frequentados por reparadores, balconistas e equipes de televendas, além de muitos empresários do setor. Já para as ações promocionais, a meta é atuar além da decoração de espaços e realização de sorteios. Os promotores são treinados como consultores de negócios, capazes de apoiar os profissionais da reposição para que possam vender mais, atender melhor e prestar um serviço de qualidade. Em visitas regulares, as equipes checam as vendas, o potencial da região, indicam produtos e treinamentos, entre outras atividades.

NEGÓCIO DA CHINA Já é possível encontrar no mercado de reposição pastilhas para freio para os modelos da mais nova montadora com automóveis à venda no Brasil, a chinesa JAC Motors. A Frasle já está produzindo e comercializando esses itens. Estão disponíveis no mercado nacional as pastilhas da referência PD/382 para aplicação nos modelos J3 1.4 16V e J3 Turin 1.4 16V. A JAC possui uma linha de veículos que atendem a diversos segmentos e está presente em mais de 100 países.

MODELOS DA JAC JÁ CONTAM COM PASTILHAS FRAS-LE NA REPOSIÇÃO

59 NOVO VAREJO _JUNHO DE 2011

acontece

A Sogefi Filtration do Brasil, representada por seu presidente Eugenio H.L. Marianno, recebeu o Prêmio “Supplier of the Year” 2010 da General Motors. A premiação, que aconteceu em abril, foi disputada entre 6.800 fornecedores, destacando apenas 37, o que demonstra sua importância. Premiada com o Certificado de Mérito, a Sogefi, fabricante de componentes e sistemas de filtração originais automotivos FRAM, é fornecedora tradicional da GM. O Prêmio “Supplier of the Year”, já na 39ª edição, começou no Brasil em 1972 e, com o sucesso, foi adotado mundialmente pela GM.

SOGEFI-FRAM FOI RECONHECIDA PELA GM

DESEMPENHO GLOBAL Os EUA ultrapassaram a China nas vendas em abril, com crescimento de 17,9% em comparação ao mesmo período de 2010, deixando para trás o país asiático, que obteve apenas 3,5% de crescimento. Em terceiro lugar no ranking mensal, segue a Alemanha com crescimento de 2,8% em abril. Os dados chineses incluem apenas veículos de passeio. Para o restante dos países os números englobam carros e comerciais leves. A pesquisa foi divulgada pela Jato Dynamics do Brasil. O Brasil segue na quarta colocação com aumento de 4,2% nas vendas de veículos em abril em relação a 2010. A Rússia e a Índia

obtiveram crescimento significativo de 42,4% e 14,1% em relação ao ano anterior, respectivamente. A França, Japão e Itália apresentaram queda nas vendas do mês, com 10,3%, 47,4% e 1,1%. O Canadá fecha o ranking na 10ª posição, com aumento de 6,8% no mesmo período. No acumulado do ano, algumas posições mudaram: o mercado chinês mantém a liderança, com 621.432 veículos vendidos a mais que os EUA. O Japão, mesmo com queda significativa de 28,4%, aparece na terceira posição, enquanto que a Alemanha fica na quarta colocação com aumento de 11,2% no acumulado do ano em relação a 2010.

PAÍS

JAN ABR 2010

JAN ABR 2011

VAR (%) JAN-ABR 2010-2011

ABR 2010

ABR 2011

VAR (%) ABR 2010 - 2011

EUA

3.527.537

4.217.712

19,6%

982.194

1.157.760

17,9%

China

4.471.410

4.839.144

8,2%

1.076.330

1.113.499

3,5%

Alemanha

987.905

1.098.748

11,2%

276.117

283.833

2,8%

Brasil

1.011.902

1.050.317

3,8%

261.881

272.898

4,2%

Rússia

458.474

753.015

64,2%

165.571

235.711

42,4%

Índia

850.861

1.022.230

20,1%

201.880

230.334

14,1%

França

923.926

961.840

4,1%

227.510

204.051

-10,3%

Japão

1.838.605

1.317.270

-28,4%

350.283

184.476

-47,3%

Itália

904.867

738.780

-18,4%

174.630

172.718

-1,1%

Canadá

477.316

494.266

3,6%

149.745

159.942

6,8%


NOVO VAREJO _ JUNHO DE 2011

60

acontece

TREINAMENTO NA INTERNET Todos os reparadores cadastrados no site do Universo do Mecânico a partir de agora terão acesso ao Canal MTE, transmitido pela internet. Através de uma parceria firmada com o UMEC, a MTEThomson levará mais informação e conhecimento sobre temas técnicos como “sensor lambda”, “injeção eletrônica”, “motores flex”, entre outros, para quem não tem

FORNECEDORES DA REPARAÇÃO tempo de ir até onde esteja acontecendo uma palestra. “Nossa ideia é levar mais comodidade e informação para o reparador. O Canal MTE proporciona uma flexibilidade para o reparador não deixar de se informar, mas poder fazer isso quando melhor lhe convier”, explica Alfredo Bastos Junior, gerente de marketing da MTE-Thomson.

CARROS IMPORTADOS Os dados de emplacamento das empresas filiadas à Abeiva (Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores) revelam alta de 18,6% em abril na comparação com março. Foram emplacadas 16.593 unidades contra 13.993 de março. Com esse resultado, a participação dos importados no mercado total subiu de 4,85% para 6,08%. O acumulado do quadrimestre, de 52.074 automóveis, significa 21,32% do total de veículos importados (244.275 unidades) no período e 4,96% do mercado interno, de janeiro a abril, de 1.050.214 carros emplacados.

gma

A 2ª edição do Prêmio Sindirepa-SP revelou os melhores fornecedores da reparação de veículos em 15 categorias, abrangendo autopeças, pneus, tintas automotivas, companhia de seguros e empresas de equipamentos e s oftware de orçamentação. Foram ouvidos mais de 300 profissionais da reparação de veículos, levando em consideração os seguintes quesitos: marca, qualidade, resultados e assistência, além de remuneração e política comercial no caso das companhias de seguros. Os três primeiros de cada categoria foram classificados como ouro, prata e bronze. As empresas premiadas foram: Freio (Sistemas) - Ouro: TRW Varga, Prata: ATE Freios, Bronze: Robert Bosch; Freio (Componentes) - Ouro: TRW Varga, Prata: Robert Bosch, Bronze: Bendix; Suspensão (Sistemas) - Ouro: Cofap, Prata: Nakata, Bronze: TRW Varga; Suspensão (Componentes) - Ouro: Monroe Axios, Prata: Cofap,

por Antonio Carlos Bento

Bronze: TRW Varga; Climatização (Sistemas) - Ouro: Delphi, Prata: Denso, Bronze: Valeo; Climatização (Componentes) - Ouro: Delphi, Prata: Valeo, Bronze: Denso; Baterias Ouro: Heliar, Prata: Moura, Bronze: Robert Bosch; Pneus - Ouro: Pirelli, Prata: Goodyear, Bronze: Michelin; Rolamentos - Ouro: INA Grupo Schaeffler, Prata: SKF, Bronze: NSK; Filtros - Ouro: Mann, Prata: Fram, Bronze: Robert Bosch; Correias - Ouro: Dayco, Prata: Goodyear, Bronze: Robert Bosch; Equipamentos de diagnóstico de motores - Ouro: Tecnomotor, Prata: Robert Bosch, Bronze: Napro; Indústria de Tintas e Complementos - Ouro: PPG, Prata: Basf, Bronze: Sherwin-Williams; Companhia de Seguros - Ouro: Porto Seguro, Prata: SulAmérica, Bronze: Allianz; Software de Orçamentação Ouro: Audatex, Prata: Orion. A Mahle Metal Leve recebeu menção honrosa, como empresa de destaque.

foto divulgação

A manutenção preventiva pode reduzir os congestionamentos ANTÔNIO CARLOS BENTO É COORDENADOR DO GMA – GRUPO DE MANUTENÇÃO AUTOMOTIVA RESPONSÁVEL PELO PROGRAMA CARRO 100% – WWW.CARRO100.COM.BR

D

esde 2007, junho é considerado o “Mês pela Conscientização da Manutenção Preventiva de Automóveis”, na cidade de São Paulo, conforme lei municipal nº 14.274 que instituiu a data no calendário oficial da capital paulista, onde todos os dias a CET – Companhia de Engenharia de Tráfego, retira das ruas, em média, 371 veículos quebrados por dia. Neste ano, o volume mensal de veículos removidos é de 11.140, sendo

8.044 automóveis, 1.279 ônibus e 1.816 caminhões. Deste total, 39,2% apresentam problemas mecânicos; 16,77% panes elétricas; 1,05% falta de combustível; 4,3% pneu furado; 0,16% bloqueados (veículo imobilizado); e 38,43% defeito não identificado. Os veículos que apresentam problemas mecânicos e elétricos totalizam 6.127 mil unidades, mais de 55% das remoções mensais efetuadas pelo órgão de trânsito da cidade. Apesar da média mensal de remo-

ções ter sido um pouco inferior ao número registrado em 2010 que foi de 12.471,7, o volume de veículos quebrados nas vias ainda é alto, sendo um dos fatores que provoca congestionamento. A manutenção preventiva pode contribuir para a redução dos veículos quebrados, além de ser 30% mais em conta do que levar o carro na oficina somente quando o mesmo para de funcionar, de acordo com dados do GMA – Grupo de Manutenção Auto-

motiva, responsável pelo programa Carro 100% / Caminhão 100%. O reparador e o varejista devem ser agentes para promover a disseminação do conceito da manutenção preventiva aos motoristas, aplicando um check-list e orientando o seu cliente a cuidar do veículo antes que o mesmo apresente um problema. É mais do que uma prestação de serviço, trata-se de uma questão de responsabilidade social em prol de um trânsito mais seguro e da melhoria da qualidade do ar.






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