Simpósio PACA Caderno de Resumos

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CADERNO DE RESUMOS

Desembro, 2015


Caderno de Resumos. Simpósio Projeto Arqueológico Carajás - PACA: Primeiros Resultados. MPEG, CAPES, VALE, FADESP: Belém, Dezembro de 2015. 1. Arqueologia. 2. Arqueologia Carajás. 3. Projeto Carajás.


PROGRAMAÇÃO

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RESUMOS DAS PALESTRAS

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A ANTROPOGÊNESE AMAZÔNICA EM CARAJÁS Marcos Pereira Magalhães

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ASPECTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS NO USO DE MODELOS ARQUEOLÓGICOS PREDITIVOS: UMA ABORDAGEM NA AMAZÔNIA BRASILEIRA João Aires da Fonseca

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ESCOLHAS CULTURAIS DE CAVIDADES NATURAIS EM CARAJÁS (PA), BRASIL Carlos Augusto P. Barbosa

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PINTURAS RUPESTRES NA SERRA DE CARAJÁS, PARÁ Edithe Pereira

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DA CULTURA TROPICAL À CULTURA NEOTROPICAL: A TECNOLOGIA CERÂMICA DOS GRUPOS PRÉ-HISTÓRICOS DA REGIÃO DE CARAJÁS Gizelle Soares Chumbre

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OS MÉTODOS DE LASCAMENTO DAS INDÚSTRIAS LÍTICAS DO SÍTIO ARQUEOLÓGICO CAPELA (PA-AT-337: S11D47/48), SERRA SUL, CARAJÁS, PARÁ Renata Rodrigues Maia; Maria Jacqueline Rodet

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EFEITOS DA AÇÃO HUMANA NA COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA EM SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS NA REGIÃO DE CARAJÁS Ronize da Silva Santos; Márlia Coelho-Ferreira; Pedro Glécio Costa Lima

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A ARQUEOLOGIA DE CARAJÁS E O AVANÇO DO CONHECIMENTO PALEOETNOBOTÂNICO SOBRE A AMAZÔNIA Pedro Glécio Costa Lima; Ana Lícia Patriota Feliciano; Rita Scheel-Ybert; Ronize da Silva Santos; Márlia Coelho-Ferreira

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A FORMAÇÃO DE TERRA PRETA: ANÁLISE DE SEDIMENTOS E SOLOS NO CONTEXTO ARQUEOLÓGICO Morgan Schmidt

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AS INDÚSTRIAS DE QUARTZO DE SUPERFÍCIE DO SÍTIO ARQUEOLÓGICO GRUTA DO ANANÁS, SERRA DOS CARAJÁS, PARÁ Maria Jacqueline Rodet

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CERAMISTAS DA SERRA DOS CARAJÁS Renato Kipnis

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A GEOLOGIA DE CARAJÁS NO CONTEXTO ARQUEOLÓGICO Clóvis Maurity

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OS GRUPOS CAÇADORES COLETORES DE CARAJÁS: DO NOMADISMO À FIXAÇÃO Wesley de Oliveira

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INTERPRETAÇÕES DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS EM CAVERNAS DE N4WSUL, SERRA NORTE, CARAJÁS Marciano Grokaliski

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ENTRE MONTANHAS E CAMPOS DE UM PASSADO REMOTO: OCUPAÇÕES HUMANAS EM SERRA LESTE, CARAJÁS Tallyta Suenny Araújo da Silva); Denise Pahl Schaan; Ângelo Pessoa Lima

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RESUMOS DAS APRESENTAÇÕES DOS BOLSISTAS

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A ANÁLISE CRÍTICA DO CONCEITO DE CULTURA TROPICAL Luana de Nazaré Pinto Pena

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DA MOBILIDADE AO SEDENTARISMO: ASPECTOS ÍMPARES DA CULTURA NEOTROPICAL Amanda Evelin da Silveira Carneiro

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SÍTIO ARQUEOLÓGICO ALMOFARIZ: DA ANÁLISE TECNOLÓGICA AO ENTENDIMENTO DO SISTEMA DE PRODUÇÃO DOS INSTRUMENTOS Julyelle de Souza Soares Barbosa

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A UTILIZAÇÃO DO SIG COMO SUBSÍDIO NA IDENTIFICAÇÃO DE FONTES DE MATÉRIAS PRIMA E DOS RECURSOS HÍDRICOS EM SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DA AMAZÔNIA Suellen Rodrigues dos Santos

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PANORAMA GEOMORFOLÓGICO DO SÍTIO PA-AT-330: BOA ESPERANÇA II, CARAJÁS (PA) Victor Fernandes Carrera

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EVOLUÇÃO NO USO DO ESPAÇO NA ANTIGA OCUPAÇÃO HUMANA DA REGIÃO DE CARAJÁS Rosiane de Carvalho Malheiros

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OS OBJETOS LÍTICOS DO SÍTIO ARQUEOLÓGICO MANGANGÁ: ESTUDO SOBRE A RELAÇÃO DE MATÉRIA-PRIMA, FONTES E TIPO DE VESTÍGIO Denise do Socorro Lima Pantoja

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AS LÂMINAS DE MACHADOS: IMPRESSÕES E TÉCNICAS Gabriela Maurity

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PAISAGENS RURAIS E OS DESAFIOS DA PRESERVAÇÃO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS NA REGIÃO SUDESTE DO ESTADO DO PARÁ, AMAZÔNIA ORIENTAL – BRASIL (XX –XXI) Kelton Lima Monteiro Mendes

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RESUMOS DOS PÔSTERES

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ANÁLISE TECNOLÓGICA DO MATERIAL LÍTICO DA GRUTA DA LUA DO PROJETO CARAJÁS Amauri Assis Matos

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ANÁLISE TECNOLÓGICA DO MATERIAL LÍTICO DA GRUTA DO N1 DO PROJETO CARAJÁS Amauri Assis Matos

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CARACTERÍSTICAS PRELIMINARES DO SÍTIO PA-AT-331: MANGANGÁ Jéssica Michelle Rosário de Paiva

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DO CAMPO AO LABORATÓRIO: MODELAGEM TRIDIMENSIONAL E RECONSTITUIÇÃO VOLUMÉTRICA DOS FRAGMENTOS CERÂMICOS DO SÍTIO ARQUEOLÓGICO MANGANGÁ, PARÁ Fábio Corrêa dos Santos

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PROGRAMAÇÃO 1/12/2015 TERÇA-FEIRA (MANHÃ) 08:30 – ABERTURA DO EVENTO 09:00 - 09:30 – A ANTROPOGÊNESE AMAZÔNICA EM CARAJÁS Marcos Pereira Magalhães (Arqueólogo MPEG, coordenador Geral do PACA) 09:35 - 10:05 – ASPECTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS NO USO DE MODELOS ARQUEOLÓGICOS PREDITIVOS: UMA ABORDAGEM NA AMAZÔNIA BRASILEIRA João Aires da Fonseca (Mestre Arqueologia USP, Doutorando PPGA/UFPA) 10:10 - 10:40 – ESCOLHAS CULTURAIS DE CAVIDADES NATURAIS EM CARAJÁS (PA), BRASIL Carlos Augusto P. Barbosa (Mestre em arqueologia/UFPI, Pesquisador PACA) 10:45 - 11:15 – PINTURAS RUPESTRES NA SERRA DE CARAJÁS, PARÁ Edithe Pereira (Doutora em Arqueologia, Pesquisadora do MPEG) 11:20 - 12:00 – DISCUSSÃO 12:00 - 14:00 – INTERVALO PARA O ALMOÇO 1/12/2015 TERÇA-FEIRA (TARDE) APRESENTAÇÃO DOS BOLSISTAS DO PACA 14:00 - 14:15 – A ANÁLISE CRÍTICA DO CONCEITO DE CULTURA TROPICAL Luana de Nazaré Pinto Pena (Graduanda em Ciências Sociais/UNAMA, bolsista PACA); Marcos Pereira Magalhães (Orientador, Arqueólogo MPEG, coordenador Geral do PACA) 14:20 - 14:35 – DA MOBILIDADE AO SEDENTARISMO: ASPECTOS ÍMPARES DA CULTURA NEOTROPICAL Amanda Evelin da Silveira Carneiro (Graduanda em Ciências Sociais/UFPA, bolsista PACA); Marcos Pereira Magalhães (Orientador, Arqueólogo MPEG, coordenador Geral do PACA); Gizelle Soares Chumbre (Co-orientadora, Mestre Arqueologia UFPE, Pesquisadora PACA)

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14:40 - 14:55 – SÍTIO ARQUEOLÓGICO ALMOFARIZ: DA ANÁLISE TECNOLÓGICA AO ENTENDIMENTO DO SISTEMA DE PRODUÇÃO DOS INSTRUMENTOS Julyelle de Souza Soares Barbosa (Graduanda em Ciências Sociais/UFPA, bolsista PACA); Amauri Assis Matos (Orientador, Historiador, Assistente de Pesquisa PACA) 15:00 - 15:15 – A UTILIZAÇÃO DO SIG COMO SUBSÍDIO NA IDENTIFICAÇÃO DE FONTES DE MATÉRIAS PRIMA E DOS RECURSOS HÍDRICOS EM SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DA AMAZÔNIA Suellen Rodrigues dos Santos (Graduanda em Engenharia Ambiental/IESAM); Marcos Pereira Magalhães (Orientador, Arqueólogo MPEG, coordenador Geral do PACA); Jorge Gavina (Co-orientador, Engenheiro Florestal/MPEG) 15:20 - 15:35 – PANORAMA GEOMORFOLÓGICO DO SÍTIO PA-AT-330: BOA ESPERANÇA II, CARAJÁS (PA) Victor Fernandes Carrera (Graduando em Geografia/UFPA, bolsista PACA); Carlos Augusto P. Barbosa (Orientador, Mestre em arqueologia/UFPI, Pesquisador PACA) 15:40 - 16:00 – INTERVALO 16:00 - 16:15 – EVOLUÇÃO NO USO DO ESPAÇO NA ANTIGA OCUPAÇÃO HUMANA DA REGIÃO DE CARAJÁS Rosiane de Carvalho Malheiros (Graduanda em Geografia/UFPA, bolsista PACA); Marcos Pereira Magalhães (Orientador, Arqueólogo MPEG, coordenador Geral do PACA) 16:20 - 16:35 – OS OBJETOS LÍTICOS DO SÍTIO ARQUEOLÓGICO MANGANGÁ: ESTUDO SOBRE A RELAÇÃO DE MATÉRIA-PRIMA, FONTES E TIPO DE VESTÍGIO Denise do Socorro Lima Pantoja (Graduanda em Oceanografia UFPA, bolsista PACA); Carlos Augusto P. Barbosa (Mestre em arqueologia/UFPI, Pesquisador PACA) 16:40 - 16:55 – AS LÂMINAS DE MACHADOS: IMPRESSÕES E TÉCNICAS Gabriela Maurity (Graduanda em Ciências Sociais/UFPA, bolsista PACA); Marcos Pereira Magalhães (Orientador, Arqueólogo MPEG, coordenador Geral do PACA) 17:00 - 17:15 – PAISAGENS RURAIS E OS DESAFIOS DA PRESERVAÇÃO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS NA REGIÃO SUDESTE DO ESTADO DO PARÁ, AMAZÔNIA ORIENTAL – BRASIL (XX –XXI) Kelton Lima Monteiro Mendes (Graduando em História/ESMAC, bolsista PACA); Marcos Pereira Magalhães (Orientador, Arqueólogo MPEG, coordenador Geral do PACA) 8


2/12/2015 QUARTA-FEIRA (MANHÃ) 09:00 - 09:30 – DA CULTURA TROPICAL À CULTURA NEOTROPICAL: A TECNOLOGIA CERÂMICA DOS GRUPOS PRÉ-HISTÓRICOS DA REGIÃO DE CARAJÁS Gizelle Soares Chumbre (Mestre Arqueologia UFPE, Pesquisadora PACA) 09:35 - 10:05 – OS MÉTODOS DE LASCAMENTO DAS INDÚSTRIAS LÍTICAS DO SÍTIO ARQUEOLÓGICO CAPELA (PA-AT-337: S11D47/48), SERRA SUL, CARAJÁS, PARÁ Renata Rodrigues Maia (Museóloga, mestranda em Arqueologia UFMG, bolsista PACA); Maria Jacqueline Rodet (Prof. de arqueologia da UFMG, pesquisadora MHNJB-UFMG) 10:05 - 10:15 - DISCUSSÃO 10:15 - 10:25 - INTERVALO 10:30 - 11:00 – EFEITOS DA AÇÃO HUMANA NA COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA EM SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS NA REGIÃO DE CARAJÁS Ronize da Silva Santos (Doutoranda em Biodiversidade e Biotecnologia PPGBIONORTE, bolsista PACA); Márlia Coelho-Ferreira (Pesquisadora Botânica/MPEG); Pedro Glécio Costa Lima (Doutorando em Ciências Florestais UFRPE, Bolsista PACA) 11:05 - 11:55 – A ARQUEOLOGIA DE CARAJÁS E O AVANÇO DO CONHECIMENTO PALEOETNOBOTÂNICO SOBRE A AMAZÔNIA Pedro Glécio Costa Lima (Doutorando em Ciências Florestais UFRPE, Bolsista PACA); Ana Lícia Patriota Feliciano (Pesquisadora doutora do Programa de PósGraduação em Ciências Florestais UFRPE); Rita Scheel-Ybert (Professora doutora do Programa de Pós-Graduação em Arqueologia, Museu Nacional/UFRJ); Ronize da Silva Santos (Doutoranda em Biodiversidade e Biotecnologia PPG-BIONORTE, bolsista PACA); Márlia Coelho-Ferreira (Pesquisadora Botânica/MPEG) 11:40 - 12:00 – DISCUSSÃO 12:00 - 14:00 – INTERVALO PARA O ALMOÇO

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2/12/2015 QUARTA-FEIRA (TARDE) 14:00 - 14:30 – A FORMAÇÃO DE TERRA PRETA: ANÁLISE DE SEDIMENTOS E SOLOS NO CONTEXTO ARQUEOLÓGICO Morgan Schmidt (Geógrafo Universidade da Flórida, Arqueólogo/Pesquisador PACA) 14:35 - 15:05 – AS INDÚSTRIAS DE QUARTZO DE SUPERFÍCIE DO SÍTIO ARQUEOLÓGICO GRUTA DO ANANÁS, SERRA DOS CARAJÁS, PARÁ Jacqueline Rodet (Prof. de arqueologia da UFMG, pesquisadora MHNJB-UFMG) 15:10 - 15:40 – CERAMISTAS DA SERRA DOS CARAJÁS Renato Kipnis (Arqueólogo Scientia Consultoria Cientifica) 15:40 - 16:040 - DISCUSSÃO 3/12/2015 QUINTA-FEIRA (MANHÃ) 09:00 - 09:30 – A GEOLOGIA DE CARAJÁS NO CONTEXTO ARQUEOLÓGICO Clóvis Maurity (Mestre em Geociências/UFPA, Pesquisador do Instituto Tecnológico Vale/ITV) 09:35 - 10:05 – OS GRUPOS CAÇADORES COLETORES DE CARAJÁS: DO NOMADISMO À FIXAÇÃO Wesley de Oliveira (Mestre em Arqueologia/USP) 10:05 - 10:15 – DISCUSSÃO 10:15 - 10:25 – INTERVALO 10:30 - 11:00 – INTERPRETAÇÕES DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS EM CAVERNAS DE N4WSUL, SERRA NORTE, CARAJÁS Marciano Grokaliski (Historiador, Arqueólogo Casa de Cultura de Marabá) 11:05 - 11:35 – ENTRE MONTANHAS E CAMPOS DE UM PASSADO REMOTO: OCUPAÇÕES HUMANAS EM SERRA LESTE, CARAJÁS Tallyta Suenny Araújo da Silva (Historiadora, Mestranda em Arqueologia UFMG); Denise Pahl Schaan (Professora em arqueologia UFPA); Ângelo Pessoa Lima (Mestre em Antropologia UFPA) 11:40 - 12:00 – DISCUSSÃO E ENCERRAMENTO PARA O PÚBLICO 12:00 - 14:00 – INTERVALO PARA O ALMOÇO

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3/12/2015 QUINTA-FEIRA (TARDE) 14:00 - 17:00 – Reunião interna entre Palestrantes convidados e pesquisadores do PACA. APRESENTAÇÃO DE PÔSTER (ficarão expostos todos os dias do evento) ANÁLISE TECNOLÓGICA DO MATERIAL LÍTICO DA GRUTA DA LUA DO PROJETO CARAJÁS Amauri Assis Matos (Historiador, Assistente de Pesquisa/PACA) ANÁLISE TECNOLÓGICA DO MATERIAL LÍTICO DA GRUTA DO N1 DO PROJETO CARAJÁS Amauri Assis Matos (Historiador, Assistente de Pesquisa/PACA) CARACTERÍSTICAS PRELIMINARES DO SÍTIO PA-AT-331: MANGANGÁ Jéssica Michelle Rosário de Paiva (Museóloga, Assistente de Pesquisa/PACA); Marcos Pereira Magalhães (Arqueólogo MPEG, Coordenador Geral PACA) DO CAMPO AO LABORATÓRIO: MODELAGEM TRIDIMENSIONAL E RECONSTITUIÇÃO VOLUMÉTRICA DOS FRAGMENTOS CERÂMICOS DO SÍTIO ARQUEOLÓGICO MANGANGÁ, PARÁ Fábio Corrêa dos Santos (Assistente de Pesquisa/PACA); Augusto P. Barbosa (Mestre em arqueologia/UFPI, Pesquisador PACA)

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RESUMOS O conteĂşdo dos resumos ĂŠ de plena responsabilidade dos respectivos autores


PALESTRAS


A ANTROPOGÊNESE AMAZÔNICA EM CARAJÁS. Marcos Pereira Magalhães

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Na arqueologia da Amazônia é cada vez mais consensual que os ambientes ocupados, explorados e até mesmo apenas percorridos pelo Homem foram severamente impactados por diversas ações antrópicas. Essas ações, que ao longo do tempo foram intermitentes e de variados níveis de intensidade, além de terem resultado em diferentes ambientes antropogênicos, tiveram início há milhares de anos. Como consequência há dois argumentos que podem ser levantados. O primeiro é que há muitos ambientes antropogênicos que não precisam mais de qualquer ação humana para se manterem ou desenvolverem. O segundo, é que essas ações tiveram uma antropogênese, que ocorreu, possivelmente, em diferentes lugares e desde o Holoceno inicial. Carajás seria um desses lugares, reunindo evidências com mais de 11.000 anos e cujas ações parecem ter se consolidado e generalizado a partir de 9.000 anos atrás.

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Arqueólogo MPEG, coordenador Geral do PACA.


ASPECTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS NO USO DE MODELOS ARQUEOLÓGICOS PREDITIVOS: UMA ABORDAGEM NA AMAZÔNIA BRASILEIRA. João Aires da Fonseca 1

Recentes avanços tecnológicos em Sensoriamento Remoto (SR) e nos Sistemas de Informação Geográfica (SIG) têm proporcionado resultados promissores para as pesquisas arqueológicas, em especial nos levantamentos de campo (prospecção) para a identificação de sítios amazônicos. Imagens de satélite, radar e aerofotogrametria proporcionam a análise de variáveis ambientais relacionadas aos sítios arqueológicos, permitindo estabelecer padrões da ocupação humana no espaço e construir modelos preditivos para identificar novos sítios em áreas com as mesmas características ambientais. Entre estas variáveis, destacam-se a proximidade de rios e lagos e a declividade do terreno, além do tipo de vegetação e dos ecossistemas (áreas com solo exposto, cerrados, florestas secundárias, várzeas ou matas de igapós). Pesquisas realizadas na região de interflúvio entre o rio Trombetas e o Lago do Sapucuá, e também na região da Serra de Carajás, ambas no estado do Pará, Brasil, apresentaram resultados positivos após a elaboração e o teste de modelos arqueológicos preditivos para cada região. Novos sítios arqueológicos foram identificados e as análises espaciais inter e intra-sítios, realizadas com o SIG, permitiram criar hipóteses sobre possíveis rotas de circulação e a escolha, por antigos grupos humanos, de áreas para captação de recursos e de assentamentos.

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Mestre Arqueologia USP, Doutorando PPGA-UFPA.

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ESCOLHAS CULTURAIS DE CAVIDADES NATURAIS EM CARAJÁS (PA), BRASIL. Carlos Augusto P. Barbosa

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Atualmente, pesquisas arqueológicas vêm sendo realizadas nos platôs N1, N2 e N3 localizados na serra norte de Carajás (PACA NORTE) e no platô S11D e áreas de entorno desse platô, localizado na serra sul de Carajás (PACA SUL), através do Projeto Arqueológico de Carajás (PACA). Essas pesquisas ainda estão em andamento, no entanto, inúmeras informações sobre a ocupação humana de Carajás vêm sendo obtidas, o que permite levantar questões sobre de que forma as cavidades naturais com vestígios humanos se encaixavam no contexto espacial, econômico e cultural vivido por grupos antigos dessa região. Os dados preliminares das pesquisas mostram que a maioria dos sítios arqueológicos identificados em cavidades apresenta em suas características físicas, elementos comuns. De forma que, aparentemente, a presença ou ausência de tais elementos seria positiva e/ ou decisiva para que uma cavidade fosse escolhida. O que nos leva a supor que as escolhas desses ambientes para os grupos humanos antigos, não era corriqueira e sim estritamente cultural.

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Mestre em arqueologia/UFPI, Pesquisador PACA.


PINTURAS RUPESTRES NA SERRA DE CARAJÁS, PARÁ. Edithe Pereira 1

A Serra de Carajás, no sudeste do Pará, constituía uma das áreas amazônicas para a qual não existia nenhuma informação sobre a presença de pinturas e/ou gravuras rupestres. O tipo de formação rochosa da região, rico em ferro, parecia não ser o suporte ideal, principalmente, para a execução de pinturas. No entanto, em 2015, algumas pinturas em vermelho foram encontradas na entrada de uma pequena caverna localizada no setor N1 da serra. Este trabalho apresenta a documentação digital das pinturas e sua localização na caverna, considerações sobre a sua inserção no contexto rupestre regional e as sugestões para a continuidade da pesquisa no sítio e na região.

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Arqueóloga Doutora/MPEG.

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DA CULTURA TROPICAL À CULTURA NEOTROPICAL: A TECNOLOGIA CERÂMICA DOS GRUPOS PRÉ-HISTÓRICOS DA REGIÃO DE CARAJÁS. Gizelle Soares Chumbre1

As pesquisas arqueológicas realizadas na região de Carajás têm identificado a presença de um grande número de sítios, tanto em cavidades quanto em áreas abertas, com a presença de vestígios arqueológicos, como cerâmica e lítico, pertencentes aos grupos caçadores-coletores ou ceramistas. A hipótese do Projeto Arqueológico Carajás (PACA) propõe que os grupos caçadores-coletores, adaptados ao ecossistema de florestal tropical, iniciaram o manejo de recursos florestais e desenvolveram a tecnologia de produção da cerâmica, originando um processo histórico denominado de Cultura Tropical. E os grupos posteriores, os ceramistas, seriam os herdeiros das populações de caçadores-coletores, no qual foram aperfeiçoando e intensificando os meios e procedimentos técnicos, desenvolvendo o processo histórico de Cultura Neotropical. Pesquisas arqueológicas realizadas pelo projeto PACA na Serra Sul, nos sítios PA-AT-337: S11D47/48 Abrigo e PA-AT-336: Boa Esperança, encontrou-se vestígios cerâmicos tanto em camadas de ocupações inferiores, quanto em camadas recentes. Tendo em vista que o material cerâmico é um elemento cultural, e como tal, poderá fornecer informações quanto a forma de vida dos grupos pré-históricos, busca-se através do estudo da tecnologia cerâmica, a partir da associação dos elementos ou atributos contribuir para o conhecimento quanto as características da cerâmica da Cultura Tropical e Neotropical.

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Mestre Arqueologia UFPE, Pesquisadora PACA.


OS MÉTODOS DE LASCAMENTO DAS INDÚSTRIAS LÍTICAS DO SÍTIO ARQUEOLÓGICO CAPELA (PA-AT-337: S11D47/48), SERRA SUL, CARAJÁS, PARÁ. Renata Rodrigues Maia 1 Maria Jacqueline Rodet 2

Os métodos de gerenciamento do quartzo estão presentes nos núcleos deixados ao longo da estratigrafia do sítio arqueológico Capela. Esse trabalho tem como objetivo apresentar os primeiros resultados das análises realizadas nos núcleos coletado na escavação do quadrante 1.5. No total, o sítio abrange 14 quadrantes de 1m2, portanto, será uma análise amostral do processo de produção da indústria lítica do sítio. O método de análise se baseia no conceito de cadeia operatória desenvolvido pela Escola Francesa, em análise tecnológica, que busca compreender os diversos vestígios líticos desde a sua concepção até o seu abandono, passando por todas as fases de produção (Inizan et al., 1995; Rodet, 2006, entre outros). O trabalho, em seu estado atual, permitiu observar tanto as modificações no que se refere às escolhas de diferentes qualidades de quartzo, assim como diferentes métodos ao longo do tempo.

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Museóloga, mestranda em Arqueologia UFMG, bolsista PACA. Professora de arqueologia da UFMG, pesquisadora MHNJB-UFMG.

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EFEITOS DA AÇÃO HUMANA NA COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA EM SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS NA REGIÃO DE CARAJÁS. Ronize da Silva Santos Márlia Coelho-Ferreira Pedro Glécio Costa Lima

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As florestas tropicais não são homogêneas, mas constituídas por mosaicos de vegetação afetados por características biológicas das espécies e variáveis especificas, relacionadas à história local de cada ambiente. Uma dessas variáveis pode ser a ação antrópica, decorrente das alterações na estrutura e composição da vegetação, por vezes necessárias para a obtenção satisfatória dos recursos ofertados pela floresta. Dentro desse contexto encontram-se os estudos arqueológicos sobre a região de Carajás. A intervenção humana na vegetação dessa região vem sendo estudada por meio de descobertas que demonstram a ocupação pretérita dos sítios e registram a presença de vários táxons na vegetação contemporânea, potencialmente promovidos pela utilização humana no passado. Nesse sentido, o projeto PACA buscou integrar conhecimentos arqueológicos, etnobotânicos e ecológicos para responder questões relacionadas ao uso da vegetação por populações pretéritas e seus efeitos na composição florística atual da referida região. Os inventários botânicos em torno de sítios arqueológicos têm auxiliado na identificação de características específicas na composição e estrutura da vegetação, a exemplo das formações vegetacionais com notável concentração de espécies úteis. Os resultados vêm colaborando de maneira significativa para o entendimento das diferentes formações vegetacionais ocorrentes em Carajás, e enriquecendo as discussões referentes à conservação de patrimônios biológicos e culturais na Amazônia.

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Doutoranda em Biodiversidade e Biotecnologia PPG-BIONORTE, bolsista PACA. Pesquisadora Botânica/MPEG. Doutorando em Ciências Florestais UFRPE, Bolsista PACA.


A ARQUEOLOGIA DE CARAJÁS E O AVANÇO DO CONHECIMENTO PALEOETNOBOTÂNICO SOBRE A AMAZÔNIA. Pedro Glécio Costa Lima 1 Ana Lícia Patriota Feliciano 2 Rita Scheel-Ybert 3 Ronize da Silva Santos 4 Márlia Coelho-Ferreira 5 A ocupação pretérita de caçadores-coletores e de agricultores na Amazônia tem chamado a atenção da comunidade científica sobre a história da presença humana nessa região, sobretudo pelo fato de existirem evidências que apontam para uma rica estratégia de uso da vegetação, o que possivelmente contribuiu para o cenário da biodiversidade atual. Uma oportunidade importante para ampliar os conhecimentos nesta temática se dá na Região de Carajás, Estado do Pará, onde foram obtidos alguns dos registros mais antigos da presença humana na Amazônia. Buscando contribuir analiticamente sobre como se deu a ocupação da região por populações no passado e sua adaptação aos recursos naturais, o PACA traz questionamentos sobre uso da flora por culturas que habitaram a região de Carajás, por meio de uma perspectiva paleoetnobotânica a partir de dados da Gruta S11D-47 em Canaã dos Carajás, Pará. Tais esforços têm tomado, sobretudo, ferramentas e técnicas antracológicas, preocupando-se em avaliar quais táxons correspondem àqueles observados na vegetação atual; a recorrência do uso de alguns grupos de plantas ao longo do tempo e identificar os aspectos culturais relacionados ao uso dos recursos vegetais no passado. O acervo de informações sobre culturas pretéritas amazônicas na região de Carajás enriquecerá estratégias de análise sobre paleovegetação a partir das interpretações dos dados paleoetnobotânicos, enriquecendo os meios de avaliação das questões relacionadas ao uso de recursos vegetais em contexto arqueológico. 1 2 3 4 5

Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais da UFRPE, bolsista do PACA. Pesquisadora doutora do Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais da UFRPE. Professora doutora do Programa de Pós-Graduação em Arqueologia, Museu Nacional UFRJ. Doutoranda em Biodiversidade e Biotecnologia PPG-BIONORTE, bolsista PACA. Pesquisadora doutora do MPEG.

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A FORMAÇÃO DE TERRA PRETA: ANÁLISE DE SEDIMENTOS E SOLOS NO CONTEXTO ARQUEOLÓGICO. Morgan J. Schmidt

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No século XIX, viajantes na Amazônia ficaram fascinados pelas extensas áreas de terra preta, cheias de cerâmica e outros artefatos atribuídos a assentamentos abandonados de índios. Os habitantes da Amazônia reconhecem a alta fertilidade de terra preta e as utilizam para plantar diversos cultivos. Atividades humanas no passado como a queima, o descarte de lixo e o cultivo modificaram o solo, dando a característica cor escura, teores elevados de nutrientes e vestígios de cultura material, incluindo cerâmica, material lítico e carvão. A análise química do solo é capaz de responder questões de relevância arqueológica sobre o uso do espaço e manejo no passado, especialmente promissora em áreas desprovidas de artefatos duráveis. Este projeto analisa amostras de sedimento e solo coletadas em diversos sítios arqueológicos a fim de contribuir conhecimento sobre os processos específicos que modificaram o solo no passado e como os resultados podem contribuir ao conhecimento da historia antiga da Amazônia. Os primeiros resultados obtidos na Serra dos Carajás destacam o potencial desta pesquisa em sítios arqueológicos da região.

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Arqueólogo/Pesquisador PACA.


AS INDÚSTRIAS DE QUARTZO DE SUPERFÍCIE DO SÍTIO ARQUEOLÓGICO GRUTA DO ANANÁS, SERRA DOS CARAJÁS, PARÁ. Maria Jacqueline Rodet 1

O objetivo principal do trabalho é apresentar as análises realizadas sobre os vestígios líticos lascados deixados pelos grupos passados, em superfície, na entrada da gruta do Ananás. Os estudos, sustentados pelos métodos desenvolvidos a partir do conceito de cadeia operatória, procuraram entender como os grupos passados gerenciaram as matérias primas e quais os produtos por eles buscados. Os resultados apontam para a produção de pequenas lascas realizadas sobre quartzo hialino, quartzo leitoso ou citrino, retiradas por percussão direta dura ou percussão sobre bigorna.

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Professora de arqueologia da UFMG, pesquisadora MHNJB-UFMG.

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CERAMISTAS DA SERRA DOS CARAJÁS. Renato Kipnis 1 A problemática dos ceramistas que ocuparam os abrigos sob rocha da região de Carajás, uma incógnita até pouco tempo, começa a ser desvendada por pesquisas arqueológicas orientadas especificamente para esses sítios. A análise dos vestígios relacionados a ocupações cerâmicas a céu aberto identificados e coletados ao longo de todos os estudos arqueológicos realizados na região de Grande Carajás, sugere características estilísticas que remetem a Tradição Tupiguarani. Já a grande maioria dos vestígios cerâmicos identificados nas cavidades naturais da região, não apresentam as mesmas características daqueles identificados a céu aberto. As pesquisas mais recentes têm procurado subsídios cronológicos que permitam saber se essa ocupação ceramista das grutas pode ter sido ao menos parcialmente contemporânea das ocupações associadas a Tradição Tupiguarani a céu aberto ou se podem ter relação com os antigos caçadores-coletores não ceramistas que também ocuparam as cavidades naturais da área. Apresentamos aqui resultados de pesquisas de sítios a céu aberto e em cavidades naturais que apresentam ocupações ceramistas consideráveis. Até então os vestígios cerâmicos identificados nas cavidades não iam além de algumas dezenas, ou nos melhores casos, algumas centenas de fragmentos. As datações obtidas para os sítios remetem a uma ocupação recente, contemporânea às ocupações associadas a Tradição Tupiguarani a céu aberto na região, o que abre margem para uma série de interpretações, pois apesar de similaridades estilísticas serem perceptíveis, outros tantos traços são discrepantes em números suficientes para tornarem inviável uma afirmação sobre uma possível associação entre a produção cerâmica das oleiras representadas nos sítios em cavidade e ás das ocupações associadas a Tradição Tupiguarani na região, que vá além de trocas e influências estilísticas.

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Arqueólogo Scientia Consultoria Cientifica.


A GEOLOGIA DE CARAJÁS NO CONTEXTO ARQUEOLÓGICO. Clóvis Wagner Maurity1 A Província Mineral de Carajás - PMC no Sul do Pará limita-se a leste pelos rios Araguaia-Tocantins, a oeste pelo rio Xingu, a norte pela Serra do Bacajá e a sul pela Serra dos Gradaús com uma área aproximada de 40.000 km2. Essa região é uma das maiores províncias minerais do mundo com vários e diversificados depósitos minerais, incluindo os de minério de ferro de escala mundial, de manganês, de níquel laterítico e sulfetado, de cobre-ouro, entre outros, pertencentes ao Escudo do Brasil Central - um embasamento cristalino de idades Arqueanas e Proterozoicas, constituída de complexo de rochas vulcânicas e sedimentares, metamorfisadas, hidrotermalizadas e intrudidas por corpos de rochas graníticas e diques de rochas diabásicas. A partir da era Cenozoica houve expressivas modificações paisagem com processos intempéricos e formação de espessos perfis lateríticos e exposição de afloramentos rochosos no sistema de drenagem implantado. Neste contexto a ocupação humana pré-histórica já encontrou na região materiais geológico em disponibilidade para uso na confecção de artefatos em função das características físicas dos minerais e rochas disponíveis em Carajás. Assim uma série de minerais e rochas tem sido encontrado nos sítios arqueológicos como artefato lítico. Geralmente há uma grande disponibilidade de quartzo na forma de cristal de rocha, ametista e quartzo leitoso, além de hematita maciça provenientes de ambiente hidrotermal. A rocha mais comum encontrada nos sítios é provém de diques de diabásio geralmente encontrados como blocos e seixos rolados nos leitos das drenagens. O diabásio é composto de plagioclásio, anfibólio e piroxênio, magnetita com acessório. Textura fina e alta resistência física. É de fácil manuseio para lascamento e polimento e bastante utilizado para confecção de lâminas de machados. Outras rochas comuns na região também são encontradas nas escavações. São arenitos e micro conglomerados silicificados, quartzitos e granitos. O conhecimento das litologias que ocorrem na região se fazem necessárias para a interpretação do espaço de distribuição e disponibilidade das rochas e as localizações dos sítios onde são encontrados os materiais líticos. 1

Geólogo do Instituto Tecnológico Vale/ITV.

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OS GRUPOS CAÇADORES COLETORES DE CARAJÁS: DO NOMADISMO À FIXAÇÃO. Wesley de Oliveira

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Quando se pensa em grupos caçadores coletores, em Carajás, o que vem à mente, após anos de pesquisa, é que havia ou haviam um grupo ou vários grupos interagindo dentro de uma poligonal recortada pelas altas vertentes da serra de Carajás. Porém a partir do estudo da variabilidade da matériaprima, dos artefatos e da paisagem, advoga-se que em Carajás haviam pelo menos dois grupos caçadores coletores distintos, ou seja, o grupo do platô e o grupo da planície, os quais não apresentam indícios de interação intensa. Durante todo o Holoceno inicial esses grupos desenvolveram suas atividades paralelamente, tais como o processo de “sedentarização” e início de produção de cerâmica (inclusive no Holoceno médio).

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Mestre em Arqueologia/USP.


INTERPRETAÇÕES DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS EM CAVERNAS DE N4WSUL, SERRA NORTE, CARAJÁS. Marciano Grokaliski 1

A proposta é apresentar o resultado de prospecções arqueológicas na região de Carajás e dados do salvamento arqueológico de 09 sítios em cavernas de N4WSul, Serra Norte, Carajás. Considerações sobre o contexto arqueológico de N4WSul. Citações de novos sítios a céu aberto e a relação com ocupações em cavernas. Por fim a apresentação de novas datações para Carajás.

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Historiador, Arqueólogo Casa de Cultura de Marabá.

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ENTRE MONTANHAS E CAMPOS DE UM PASSADO REMOTO: OCUPAÇÕES HUMANAS EM SERRA LESTE, CARAJÁS. Tallyta Suenny Araújo da Silva1 Denise Pahl Schaan2 Ângelo Pessoa Lima3 Este trabalho tem como recorte espacial a região de Serra Leste na província mineral de Carajás, localizada na porção sudeste do estado do Pará Em 2010, foram realizadas prospecções arqueológicas em 86 cavidades na região de Serra Leste tendo sido encontrados vestígios arqueológicos cerâmicos, líticos e orgânicos em 17. No corrente ano de 2015 foram escavadas duas cavidades e um sítio a céu aberto. Em cada uma dessas áreas, foram observados vestígios distintos relacionados com a utilização e ocupação dos espaços. A área de Carajás vem sendo pesquisada nas últimas décadas principalmente devido a descobertas de ocupações humanas mais antigas ligadas a caçadores-coletores do período arcaico (9000-3000 AP). Os estudos até o momento desenvolvidos se concentraram nas serras Norte e Sul, assim a Serra Leste é a menos conhecida arqueologicamente. Com isso, objetiva-se apresentar os dados iniciais obtidos a partir dos salvamentos arqueológicos na Serra Leste.

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Historiadora, Mestranda em Arqueologia/UFMG. Professora em arqueologia/UFPA. Mestre em Antropologia/UFPA.


APRESENTAÇÕES DOS BOLSISTAS

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A ANÁLISE CRÍTICA DO CONCEITO DE CULTURA TROPICAL. Luana de Nazaré Pinto Pena1 Marcos Pereira Magalhães2

Através de levantamento bibliográfico das teorias vigentes acerca do conceito de cultura de floresta tropical e cultura tropical visa-se neste relatório fazer a comparação desses dois conceitos a fim de realizar uma análise crítica do conceito de cultura tropical desde a discussão prévia da evolução do conceito de caçador-coletor na Amazônia mostrando seu papel para a formação do que chamamos hoje de Cultura tropical e Cultura Neotropical.

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Graduanda em Ciências Sociais/UNAMA, bolsista PACA. Orientador, Arqueólogo MPEG, coordenador Geral do PACA.


DA MOBILIDADE AO SEDENTARISMO: ASPECTOS ÍMPARES DA CULTURA NEOTROPICAL. Amanda Evelin da Silveira Carneiro1 Marcos Pereira Magalhães2 Gizelle Soares Chumbre3 Esse trabalho visa abordar uma discussão dos processos civilizatórios e socioculturais que ocorreram na Amazônia, com o objetivo de contrapor as generalizações referentes a evolução gradual e unilinear do Evolucionismo Histórico, e enfatizar as particularidades e unicidades das sociedades defendida pelo Relativismo Cultural, tendo por parâmetro dessas discussões, os aperfeiçoamentos técnicos, modo de produção e suas transformações antropogênicas no ambiente provenientes da Cultura Neotropical.

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Graduanda em Ciências Sociais/UFPA, bolsista PACA. Orientador, Arqueólogo MPEG, coordenador Geral do PACA. Co-orientadora, Mestre Arqueologia UFPE, Pesquisadora PACA.

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SÍTIO ARQUEOLÓGICO ALMOFARIZ: DA ANÁLISE TECNOLÓGICA AO ENTENDIMENTO DO SISTEMA DE PRODUÇÃO DOS INSTRUMENTOS. Julyelle de Souza Soares Barbosa1 Amauri Assis Matos2

O objetivo principal desse trabalho é fazer uma abordagem relativa ao sistema de produção dos instrumentos e das demais peças líticas do Sítio Almofariz através do estudo da cadeia operatória e análise tecnológica. Desse modo, a tecnologia é uma preocupação antropológica mais relevante na construção dessa pesquisa, pois manifesta as escolhas feitas pelas sociedades na qual ocuparam a Amazônia, além de mostrar um universo de possibilidades das quais as técnicas, em seus aspectos mais materiais, fazem parte.

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Graduanda em Ciências Sociais/UFPA, bolsista PACA. Orientador, Historiador, Assistente de Pesquisa PACA.


A UTILIZAÇÃO DO SIG COMO SUBSÍDIO NA IDENTIFICAÇÃO DE FONTES DE MATÉRIAS PRIMA E DOS RECURSOS HÍDRICOS EM SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DA AMAZÔNIA. Suellen Rodrigues dos Santos1 Marcos Pereira Magalhães2 Jorge Gavina3 Este subprojeto está contribuindo com pesquisas no Projeto de Arqueologia de Carajás – PACA com finalidade conceber a analise espacial das fontes de matéria prima mineral e dos recursos hídricos na Amazônia através do Sistema de Informação Geográfico – SIG. Para entender, do ponto de vista sistemático, a relação de distância entre a área de ocupação e a possível fonte de matéria prima explorada e compreender se existe um padrão de mobilidade que atende as demandas particulares do sistema dinâmico humano na área de estudo da região.

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Graduanda em Engenharia Ambiental/IESAM. Orientador, Arqueólogo MPEG, coordenador Geral do PACA. Co-orientador, Engenheiro Florestal/MPEG.

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PANORAMA GEOMORFOLÓGICO DO SÍTIO PA-AT-330: BOA ESPERANÇA II, CARAJÁS (PA). Victor Geovani Fernandes Carréra Brasil1 Carlos Augusto P. Barbosa2 A região Sul de Carajás, no sudeste do Pará, apresenta um micro-cosmo perante a vastidão da arqueologia presente na Amazônia brasileira. Este trabalho visa colaborar na expressiva notoriedade de atributos fisiográficos componentes dos sítios PA-AT-330 Boa Esperança II e PA-AT-331: Mangangá. Devido à localização dos sítios arqueológicos dentro um contexto bastante similar, porém esta similaridade se compactue dentro de um eixo específico, há possíveis questionamentos e indícios de paleoambientes compondo uma linguagem não verbal da dinâmica de relação entre homem e meio. E para isto ser feito, foram seguidos parâmetros de base geomorfológica, ou seja, palco de atuação de diversos fatores sejam eles por intermédios naturais ou antrópicos, relacionando com os padrões de ocupação e conexões de fluxos/intercâmbios culturais. Indícios da variabilidade paleohidrológica do Rio Sossego indicam condições pretéritas de navegabilidade, e comumente a isso, uma vasta composição de recursos aquáticos. Porém, estas hipóteses compõem uma série indagações que com o tempo serão amadurecidas e posteriormente formuladas com maior grau de clarividência, partindo de uma perspectiva escalar reduzida para macroestrutural. E para isto ser feito, há sem dúvida uma junção de diversos pesquisadores com métodos diferentes, mas convergentes a partir da “montagem” desse vasto quebra-cabeças que a arqueologia tende a construir.

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Graduanda em Geografia/UFPA, bolsista PACA. Orientador, Mestre em arqueologia/UFPI, Pesquisador PACA.


EVOLUÇÃO NO USO DO ESPAÇO NA OCUPAÇÃO TERRITORIAL DA REGIÃO DE CARAJÁS. Rosiane de Carvalho Malheiros1 Marcos Pereira Magalhães2 No empenho de tratar as questões da ocupação humana antiga na Amazônia, uma pequena fração da grande extensão territorial da mesma foi escolhida, na região de Carajás, os sítios arqueológicos PA-AT: 330 – Boa Esperança II e PA-AT: 331 - Mangangá, nossos objetos de estudo, compostos por vestígios que representam possíveis dinâmicas de vivencia e uso do espaço. Onde todo esforço será aplicado para interpretação e respostas às hipóteses levantadas, como por exemplo: é possível observar modelos padrão de assentamentos? Sendo sítios arqueológicos característicos de multicomponencialidade, se identificado algum modelo padrão, este, é semelhante entre ambos? Neste relatório serão apresentadas parte do que acumulamos de informação associadas, tanto aos trabalhos realizados em campo quanto as discussões inicialmente levantadas, uma vez que as informações laboratoriais estão sendo realizadas, uma parcela desse trabalho será apresentado no modo de quantificação do material lítico do sítio arqueológico PA-AT: 330 Boa Esperança II. Em se tratando do sítio PA-AT: 331 - Mangangá, uma parcela dos levantamentos já realizados nos deu suporte para confecção de gráficos que apontam as ocorrências de vestígios por quadrante, quadrícula e nível, a partir destes dados produziremos os mapas ilustrativos da distribuição espacial da cultura material. Tendo em vista que, o quantitativo do material cerâmico existente em laboratório se somará a outra grande parte de material, extraída na excussão realizada no período de outubro a novembro de 2015 o qual, passarão por análise. Tais levantamentos nos permitirão estudar a organização social do espaço em dois períodos históricos distintos, sendo estes, o da Cultura Tropical (composta por sociedades de caçadores coletores e pescadores), como também, a Cultura Neotropical (composta por sociedades horticultoras e agricultoras), a partir da cultura material e sua distribuição espacial. Sendo este o plano estrutural desta pesquisa, estando aberto a mudanças, com o intuito de melhor relacionar os dados obtidos atualmente e os que estão por vir. 1 2

Graduanda em Geografia/UFPA, bolsista PACA. Orientador, Arqueólogo MPEG, coordenador Geral do PACA.

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OS OBJETOS LÍTICOS DO SÍTIO ARQUEOLÓGICO MANGANGÁ: ESTUDO SOBRE A RELAÇÃO DE MATÉRIA-PRIMA, FONTES E TIPO DE VESTÍGIO. Denise do Socorro Lima Pantoja1 Carlos Augusto P. Barbosa2 O presente trabalho é sobre o estudo de matérias-primas presente no sítio Mangangá localizado na Serra dos Carajás, mas precisamente dentro do projeto S11D da companhia Vale. O estudo tem como base a relação das sociedades que habitaram o sitio mangangá com as matérias-primas, como e de onde os pré-históricos obtinham esses recursos litológicos e que tipos de objetos líticos eram produzidos. Abordaremos contextos de análise de geológicos de identificação de minerais e rochas, observando as características, composição, textura e ocorrência. Para a elaboração deste trabalho algumas etapas estão sendo realizadas de forma sistemática em laboratório. A primeira etapa foi selecionar o material para análise a partir dos objetivos já estabelecidos, o material estudado são as coletas referentes às sondagens feitas em agosto de 2015 no sítio Mangangá. O sítio está localizado em uma área rodeada por fontes de matéria-prima, mesmo que as populações pré-históricas não tenham distância como fator limitante para coleta de material, convém pensar que se temos um rio que percorre vários pontos da serra e traz matérias-primas boas para os trabalhos cotidianos e se torna viável ir coletar matérias-primas nele. Esperamos com este estudo incentivar a busca pelo conhecimento de matérias-primas líticas dentro do estudo sobre arqueologia na Amazônia.

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Graduanda em Geologia UFPA, bolsista PACA. Mestre em arqueologia/UFPI, Pesquisador PACA.


AS LÂMINAS DE MACHADOS: IMPRESSÕES E TÉCNICAS. Gabriela Maurity1 Marcos Pereira Magalhães2 As impressões que a nossa sociedade costuma ter dos objetos líticos, são que estes possuem pouca ou nenhuma técnica de produção, pois seriam frutos de ações fortuitas de lascamento aleatório, ou ainda instrumentos toscos e pouco eficazes, proveniente de grupos “primitivos”. Até mesmo para os arqueólogos, houve um tempo em que os interesses estavam voltados para as coleções cerâmicas e o material lítico ficava em segundo plano. Através do Projeto Arqueológico de Carajás (PACA), obteve-se acesso aos estudos de material lítico dentro de um conceito de cadeia operatória. Com estes estudos tornaram-se evidentes as intenções e gestos impressos no objeto a cada lasca retirada de uma rocha, contando parte de uma trajetória do desenvolvimento tecnológico do grupo social, possibilitando desta maneira a construção de pelo menos parte do passado. Para interpretar esses aspectos foi escolhida como área de estudo a serra dos Carajás, uma região que possui um alto potencial arqueológico a respeito de grupos caçadores coletores, que dentre os seus instrumentos fabricavam também lâminas de machados. Este trabalho tem como análise de estudo o sítio arqueológico Capela, no qual foi necessário relacionar os objetos encontrados no sitio com o macro – ambiente do entorno (fauna e flora) aliado aos aspectos fisiográficos, pois estes aspectos podem ter influenciado no processo de ocupação social em sítios com datações bem recuadas. O material lascado bem como as lâminas de machados escavados do sítio Capela, induz a pensar sobre a relação desses grupos sociais com o ecossistema e com as possíveis atividades que poderiam ter sido realizadas com o machado como: quebrar troncos podres, retirar mel de colmeias, cavar a terra ou derrubar árvores, realizando dessa maneira um possível manejo de plantas. Trabalhos de pesquisadores sobre experimentações, análises morfo tecnológica e funções dos machados, adicionadas ás informações extraídas dos artefatos como: peso, largura, espessura, morfologia entre outras, deram subsídios á este trabalho, demonstrando que os machados poderiam ter sido fundamental no cotidiano dos grupos caçadores - coletores, e o quanto a sua produção pode ser dotada de técnica e de cultura, herdada de gerações anteriores. 1 2

Graduanda em Ciências Sociais/UFPA, bolsista PACA. Orientador, Arqueólogo MPEG, coordenador Geral do PACA.

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PAISAGENS RURAIS E OS DESAFIOS DA PRESERVAÇÃO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS NA REGIÃO SUDESTE DO ESTADO DO PARÁ, AMAZÔNIA ORIENTAL – BRASIL (XX –XXI). Kelton Lima Monteiro Mendes1 Marcos Pereira Magalhães2 A questão da preservação do Patrimônio Arqueológico no Brasil tem estado na agenda de preocupações de pesquisadores atuantes nessa área desde final do século XIX, quando se deu as primeiras ações em prol da conservação deste bem. Porém, ainda hoje essa questão é pertinente, por conta da intensificação das variáveis que têm contribuído para a destruição desta memória. A Amazônia brasileira, palco de antigas ocupações humanas, cujas datações giram entorno de mais de 10000 AP., é um dos locus onde vários pesquisadores têm anunciado esses males provocados atualmente pela grande expansão da ocupação humana moderna. Uma das atividades desenvolvida atualmente com essa expansão, e que tem prejudicado consideravelmente a preservação desse patrimônio, é a pecuária bovina. Desde a década de 1950, com a expansão da fronteira agropecuária na Amazônia, vastas áreas de floresta foram transformadas em grandes paisagens rurais que, consequentemente, têm levado a perturbação e a destruição quase que integral de vários sítios arqueológicos, e a Amazônia Oriental é um exemplo. Imagens de satélite e dados ambientais e arqueológicos coletados atualmente nesta região têm revelado o quanto esse ambiente vem sendo transformado em paisagem rural e o grande número de sítios arqueológicos que ali encontram-se impactados por conta desta mudança. Esta pesquisa apresenta mais um exemplo desta realidade nessa região, por meio do estudo de três sítios arqueológicos (os sítios Manjolim da Serra, Araracuara e Boa Esperança 2) localizados no município de Canaã dos Carajás-Pa, Sudeste do Pará, com o objetivo de chamar a atenção para a necessidade de propostas que possam diminuir este problema. Assim, este estudo é mais um esforço de produção de um “olhar patrimonial” sobre os sítios arqueológicos na Amazônia, onde utilizamos como base teórica e metodológica o diálogo entre História Ambiental, História Regional e História e Patrimônio. 1 2

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Graduando em História/ESMAC, bolsista PACA. Orientador, Arqueólogo MPEG, coordenador Geral do PACA.


PÔSTERES


ANALISE TECNOLÓGICA DO MATERIAL LÍTICO DA GRUTA N1 DO PROJETO CARAJÁS. Amauri Assis Matos1

Este estudo refere-se ao trabalho de campo realizado pela equipe de arqueologia do Museu Paraense Emilio Goeldi vinculado ao Projeto Arqueológico Carajás, coordenado pelo Dr. Marcos Pereira Magalhães. Situado na Serra Norte de Carajás, município de Parauapebas – (PA), a Gruta do N1 está localizada na encosta leste do Platô N1, próximo ao córrego azul. Atualmente o Museu Goeldi desenvolve um projeto de pesquisa na região com o objetivo de relacionar os vestígios arqueológicos com a formação das paisagens no entorno deles. Dentro do contexto exposto, o objetivo da análise tecnológica do lítico é apresentar a classificação morfo-tecnológica dos objetos encontrados. O estudo da análise foi pelo conceito de cadeira operatória e análise tecnológica (LEROI-GOURHAN, 1964; TIXIER, 1978; INIZAN et al., 1995; PELEGRIN, 2005 entre outros) na tentativa de evidenciar as etapas de produção dos mesmos. Esse tipo de estudo permite isolar as diversas técnicas de produção desses objetos. Assim, tentaremos compreender melhor as técnicas de produção e de uso dessa gruta no contexto paisagístico da região.

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Historiador, assistente de Pesquisa/PACA.


ANÁLISE TECNOLÓGICA DO MATERIAL LÍTICO DA GRUTA DA LUA DO PROJETO CARAJÁS. Amauri Assis Matos1

Este estudo tem o objetivo de apresentar os resultados da análise feita no material lítico, que foi coletado pela equipe de arqueologia do Museu Paraense Emilio Goeldi vinculado ao Projeto Arqueológico Carajás, coordenado pelo Dr. Marcos Pereira Magalhães. Situado na Serra Norte de Carajás, município de Parauapebas (PA), a Gruta da lua está localizada no Platô N1. Atualmente o Museu Paraense Emílio Goeldi, desenvolve um projeto de pesquisa na região com o objetivo de relacionar os vestígios arqueológicos com a formação das paisagens no entorno deles. O objetivo da análise tecnológica do material lítico é apresentar a classificação morfo-tecnológica dos vestígios coletados nas escavações. O estudo da análise foi feito pelo conceito de cadeira operatória e análise tecnológica (LEROI-GOURHAN, 1964; TIXIER, 1978; INIZAN et al., 1995; PELEGRIN, 2005 entre outros) esse tipo de estudo permite isolar as diversas técnicas de produção desses objetos desde a busca e a escolha da matéria prima, as técnicas de produção , seu uso e seu descarte. Assim tentaremos compreender melhor o uso dessa gruta no contexto paisagístico dessa área de estudo.

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Historiador, assistente de Pesquisa/PACA.

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CARACTERÍSTICAS PRELIMINARES DO SÍTIO PA-AT-331: MANGANGÁ. Jéssica Michelle Rosário de Paiva1 Marcos Pereira Magalhães2

O presente trabalho é parte de uma abordagem preliminar sobre o sítio PA-AT-331: Mangangá, cujas observações arqueológicas foram iniciadas recentemente. O sítio está localizado a margem direita do rio Sossego, na baixa vertente da Serra Sul de Carajás, região sudeste do estado do Pará. O modelo preditivo utilizado pelo Projeto Arqueológico Carajás (PACA) pontuou a área como em potencial, e que, não por mera coincidência, já havia sido identificada como sítio arqueológico. O Mangangá apresenta alto valor científico no que diz respeito as pesquisas sobre a ocupações humanas pretéritas na Amazônia. Este se encontra em área aberta e possui características multicomponenciais, apresentando dois períodos históricos de ocupações distintas, uma relacionada a cultura neo-tropical, com produtividade cerâmica mais intensa, e a outra ligada a cultura tropical, com predominância de materiais líticos. Durante os trabalhos iniciais realizados neste sítio, por meio de sondagens, escavações, mapeamentos topográficos e levantamento botânico, foi possível identificar algumas áreas específicas de atividade (como lixeiras, cuja grande concentração e desorganização do material arqueológico era visivelmente extensa), com uma superfície mais irregular, e outras com superfície plana e ausência de material, auxiliando na delimitação de alguns espaços e em hipóteses sobre a o tipo de organização ali estabelecido. Além das observações feitas sobre o espaço do sítio, foram realizados alguns estudos preliminares em laboratório acerca do estilo de sua cerâmica proveniente, por meio, também, da remontagem de fragmentos, e do material lítico, possibilitando o inicial entendimento sobre o universo espacial, material e sócio-cultural de seus antigos ocupantes.

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Museóloga, Assistente de Pesquisa do PACA. Orientador, Arqueólogo MPEG, coordenador Geral do PACA.


DO CAMPO AO LABORATÓRIO: MODELAGEM TRIDIMENSIONAL E RECONSTITUIÇÃO VOLUMÉTRICA DOS FRAGMENTOS CERÂMICOS DO SÍTIO ARQUEOLÓGICO MANGANGÁ, PARÁ. Fábio Corrêa dos Santos1 Carlos Augusto P. Barbosa2 Nos últimos anos, os avanços tecnológicos têm contribuído para os estudos arqueológicos, a exemplo da informática com desenvolvimento de ferramentas de modelagem em 3D, que permite modelar com precisão os detalhes e os aspectos físicos das evidencias materiais. É importante ressaltar que nem sempre é possível dispor de programas avançados de modelagem de dados e escâner de varredura a laser. Portanto, é possível realizar a modelagem tridimensional e gerar esses tipos de resultados de maneira simples e precisa, por meio de software livre de modelagem em 3D, com auxílio dos dados coletados com uma estação total e fotografias dos elementos mapeados. O presente estudo tem como objetivo modelar tridimensionalmente o sítio arqueológico Mangangá (sitio a céu aberto), localizado na região de Carajás, Sudeste do Pará no município de Canaã dos Carajás. Atualmente nesta área é desenvolvida atividades de pesquisa arqueológicas pela equipe do Museu Paraense Emilio Goeldi través do Projeto Arqueológico Carajás (PACA) sob a coordenação do pesquisador Dr. Marcos Pereira Magalhães. O processo de modelagem tridimensional do sitio apresentado nesse trabalho foi realizado com o programa de modelagem livre 3D Sketchup, e as informações do mapeamento dos aspectos físicos e da distribuição espacial das evidências arqueológicas encontradas durante as atividades de escavações, coletadas com um aparelho de estação total. O mesmo programa de modelagem foi utilizado no processo de reconstituição tridimensional volumétrica dos fragmentos cerâmicos coletados neste sitio, através dos desenhos de perfil feitos somente dos fragmentos de bordas.

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Assistente de pesquisa do PACA. Orientador, Mestre em arqueologia/UFPI, Pesquisador PACA.

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SIMPÓSIO PROJETO ARQUEOLÓGICO CARAJÁS PACA: PRIMEIROS RESULTADOS

Comissão organizadora Edna Moutinho Hannah Fernandes Nascimento Marcos Pereira Magalhães Regina Noronha Vera Guapindaia

Arte da capa e editoração eletrônica Norberto T. Ferreira




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