Poesia, Filosofia, Novelas & Sarau D´Amor

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Escuto a professora Cristina Jordão, jovem que fez duas teses acadêmicas com base e conteúdos tecnológicos de minha lavra. Ela é convidada dos grupos de debates e vai paparicada pela turma por causa da sua jovialidade e graciosa contadora de piadas. – Desde que a velha sociedade celta construiu as suas vilas (ditas castro e citânia) como centro populacional amurado, como se verifica pelas amostras arqueológicas, principalmente em Portugal e Espanha, as comunidades passaram a ser dirigidas colegialmente pela tríade justiça-defesa-religião, para a época, o que hoje temos como três poderes na democracia. E é daí que vem a Sociedade Castrense – homens e mulheres em defesa de uma Identidade Tribal, ou Nacional. De tal conceito nasceram Portugal e Espanha, e do mesmo se fizeram os Cavaleiros Templários ordem de monges-guerreiros e banqueiros transformada no reino português em Ordem dos Cavaleiros de Cristo. Por isso, a colonização da Ilha do Brasil, ou de Brandão, iniciada em 1342 com o capitão Sancho Brandão, da marinha mercante lusa (documentos no Archivio Segreto Vaticano), e reiniciada em 1500, foi uma ação luso-católica e aqui incorporou aquele estilo político-militar. A formação do Brasil, a partir dos sertões guaranis a oeste da Sam Paolo dos Campi de Piratinin, com importância urbana na administração do Morgado de Mateus, ele mesmo cavaleiro da Ordem de Cristo, só foi possível com o espírito de corpo da Sociedade Castrense e o apoio dos monges milicianos da Ordem de Jesus (jesuítas). Esta é a raiz sociopolítica e militar do Brasil. Quando, em 1964, os militares brasileiros fizeram a quartelada para impor a Ordem na Sociedade estavam certos pela defesa da Nação, mas praticaram posteriormente equívocos sociais e judiciais, que não devem ser provocados novamente. Defendo que as FA´s devem ter, sim, voz ativa nos destinos políticos da Nação para impedir o assalto ideológico às instituições que as próprias FA´s ajudaram a estabelecer em regime democrático. Hoje, que é 2016, a situação não é muito diferente daquela de 1964, mas temos um dado novo: as instituições funcionam, por enquanto. E a Sociedade Castrense sabe disso e fica atenta, analisa, embora não possa ficar omissa: a voz das FA´s neste momento em que o golpismo contra as instituições judiciais está em curso tem de ser escutada pelo Povo. A questão que se coloca não é gritar “militares fora dos quartéis” (já temos uma pseudo Polícia Militar por aí: a PM não é militar, é metropolitana, porque a verdadeira PM está nos e entre quartéis das FA´s...), a questão que se coloca é ter na Sociedade Castrense a barricada necessária para barrar quaisquer tentativas de golpe contra o Brasil e impedir que o bolivarismo soviético se alastre pelo maior celeiro do mundo em meio à corrupção corporativa e política. Diante deste quadro é preciso que o Povo, sim, o Povo, não se distraia com bandeiras de acomodação e diga na rua que é Nação. Precisamos ter presente a mensagem jesuana: Jesus combateu a corrupção das sinagogas e do império romano. Um combate justo e honrado. É isto que o Povo Brasileiro deve ter em mente... – Caramba, carambola – exclama Duda –, nunca tinha pensado nessa questão da PM. E é verdade. É metropolitana mas utiliza o nome “militar”. Guilherme, após dispor copos para a turma, vai vertendo o Philosophia, um vinho da linha Tempos, da vinícola sanroquense Goes, um cabernet franc bem encorpado. – A nós que aqui estamos a bem da humanidade... – brinda. A turma faz tilintar os cristais. – Estamos aqui – continua ele – e ainda temos que escutar o ex-presidente Lula dizer para sindicalistas que a crise econômica do Brasil é culpa da ação judicial contra a corrupção política e empresarial... – ...um político casca grossa, ignorante – corta Eleonora, visivelmente indignada –, que eleito pelo voto popular se achou acima de tudo e das instituições! – O mesmo povo vai colocá-lo no lugar certo – emenda Henrique. – Essa gente, vinda dos confins do sovietismo ditatorial, confunde o Estado com o partido e transforma os gabinetes governamentais em células partidárias. Por isso, quando é criticada logo vem com a frase “isso é golpe”. É a retórica soviética repetida mil vezes em várias circunstâncias e continentes. A banda Rolling Stones acaba de fazer apresentação histórica em Cuba amenizando o processo de abertura do pseudo comunismo para o mercado aberto... Os roqueiros já não são o demônio musical, viraram santo e senha na abertura dos diálogos entre estadunidenses e cubanos com benção papal. Quem diria? E o Lula por aqui a incitar sindicalistas contra as instituições judiciais, como que perdido no tempo das greves contra o regime militar... – Confusão e anacronismo ideológico – diz Queiroz. – Mas, acredito que esta situação começa a gerar a possibilidade até de uma reforma política, coisa que os parlamentares e Lula e Dilma não quiseram sequer abordar! A questão lembra-me uma discussão aberta lá na estrada do Vinho sanroquense entre uma bacalhoada e uma jarra de Niágara Quinta do Olivardo, um vinho de uva niágara branca, de ótimo aroma e sabor frutado, quando um juiz-ministro da suprema corte decidiu dar fôlego para Lula tirando a investigação sobre ele da primeira instância e carreando-a para aquela corte. Na minha frente estava um editor de publicação militar. O zum-zum nas casernas está elevado e é preciso que o povo entenda que não faremos

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