Química no Museu: Um projeto ChimicArte com o Museu da História da Medicina do Paraná

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Química no Museu

Um projeto da ChimicArte com o Museu da História da Medicina do Paraná

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

S p i t z , I s a b e l

Q u í m i c a n o m u s e u [ l i v r o e l e t r ô n i c o ] : u m p r o j e t o

d a C h i m i c A r t e c o m o M u s e u d a H i s t ó r i a d a M e d i c i n a d o

P a r a n á / I s a b e l S p i t z , H é l i a B r a h o l k a . - - C u r i t i b a ,

P R : F a r o l d o s R e i s , 2 0 2 3 .

P D F

B i b l i o g r a f i a .

I S B N 9 7 8 - 8 5 - 6 9 1 2 6 - 1 1 - 9

1 . M e d i c i n a - A s p e c to s s o c i o c u l t u r a i s

2 . M u s e u s - A s p e c t o s e d u c a c i o n a i s 3 . P a t r i m ô n i o

c u l t u r a l - P r e s e r v a ç ã o 4 . Q u i m i c a I . B r a h o l k a , H é l i a .

I I . T í t u l o .

3 - 1 5 5 2 3 8

Índices para catálogo sistemático:

1 . M u s e u s : P r e s e r v a ç ã o d a m e m ó r i a e c u l t u r a :

M u s e o l o g i a 0 6 9

T á b a t a A l v e s d a S i l v a - B i b l i o t e c á r i a - C R B - 8 / 9 2 5 3

C D D
0 6
2
-
9

Sobre as autoras

Doutora em Química (UFRJ), mestra em Química (PUC-Rio) e licenciada em Química (UFF). Fundadora da ChimicArte Projetos Educacionais. Pesquisadora de pós-doutorado e voluntária na Universidade Federal do Paraná (UFPR), no Projeto Desenvolvimento e caracterização de hidrogéis baseados em pectina de maracujá-amarelo para conservação e restauro de bens culturais, no Grupo de Pesquisa em Macromoléculas e Interfaces (GPMIn). Química afiliada à Associação de Restauradores e Conservadores de Bens Culturais (ARCO.It). Membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em Patrimônio Cultural (GEPPC). Perita judicial pelo TJ/PR – 1ª Seção Judiciária. Proponente e ministrante no projeto Conservação e restauro: uma abordagem científica pelo viés da Química, aprovado no Edital nº 111/2022 – Conservação e Restauro – Escola de Patrimônio – Liceu de Artes e Ofícios 2023 da Fundação Cultural de Curitiba, em andamento. Recebeu, em 2012, o prêmio Marie Curie de Produções Científicas pelo trabalho Química e Arte: uma articulação mostrada através de mapas conceituais.

Contato: quimicaearte@gmail.com

Atua na área de Educação Patrimonial e Conservação do Patrimônio Histórico. Especialista em Arquitetura e Restauração do Patrimônio Histórico (PUCPR), bacharel em Design de Produto (PUCPR), técnica em Design de Moda (PUCPR) e graduanda em História, Memória e Imagem (UFPR). É conservadora-restauradora afiliada à Associação de Restauradores e Conservadores de Bens Culturais (ARCO.It). Foi diretora de patrimônio do Grupo Folclórico Ucraniano Poltava, sendo responsável pela conservação e restauração de trajes e instrumentos típicos ucranianos, bem como de documentos e materiais de estudo sobre a cultura ucraniana. Assistente de pesquisa na ChimicArte Projetos Educacionais, no projeto vinculado ao Museu da História da Medicina do Paraná, em 2022. Atualmente, é ministrante no projeto Conservação e restauro: uma abordagem científica pelo viés da Química, aprovado no Edital nº111/2022 – Conservação e Restauro – Escola de Patrimônio – Liceu de Artes e Ofícios 2023 da Fundação Cultural de Curitiba, em andamento.

Contato: braholka_hpb@hotmail.com

Isabel Spitz
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Autora e Organizadora

Prefácio

O convite para a realização da leitura e redação do prefácio desta obra chegou a mim de um modo que considerei muito bonito. Quando mulheres intelectuais confiam a outras mulheres intelectuais tarefas tão importantes, costumo entender que estamos nos fortalecendo em rede, criando caminhos para nos valorizarmos como produtoras de conhecimentos especializados. Foi desta maneira que assumi a prazerosa missão de ler os escritos e saberes compilados neste livro por essas duas intelectuais que admiro profundamente.

O Química no museu: um projeto da ChimicArte com o Museu da História da Medicina do Paraná compartilha uma experiência muito enriquecedora sobre práticas de conservação e preservação de acervos e objetos museológicos por meio da parceria entre o Museu da História da Medicina do Paraná e a ChimicArte Projetos Educacionais.

Como se já não fosse o suficiente compartilhar essas práticas, pois considero que essa publicização colabora para o repertório de pessoas que atuam no campo da Ciência do Patrimônio, da Química, da Educação em Museus e outros, as autoras se dedicaram a sistematizar e a apresentar os conhecimentos científicos envolvidos nos processos que desenvolveram durante as atividades aqui relatadas e que configuram um conhecimento altamente especializado, mas ainda pouco difundido em nosso país.

Com exemplos de análises que as pesquisadoras realizaram em livros históricos do acervo do referido museu, elas nos explicam como forças físicas, agentes criminosos, fogo, água, pragas (roedores, microrganismos), poluentes, luz, dissociação, temperatura e umidade relativa inadequadas afetam o patrimônio e de que maneira as instituições e os profissionais devem atuar no sentido de melhor conservar, preservar, acondicionar e higienizar os objetos.

O nível de especificidade técnica é uma característica bem marcante na obra, pontuando como a Ciência do Patrimônio é um campo que exige conhecimentos advindos de diversas áreas, como a Química. Assim como nos ensinam Isabel e Hélia, a gestão de riscos é uma metodologia a ser adotada por museus e outras instituições científico-culturais para evitar perdas e danos irreparáveis nas coleções que salvaguardam.

Adicionalmente, para quem se interessa por documentos históricos, as imagens que as autoras cuidadosamente partilham conosco colaboram para a valorização patrimonial, expondo informações sobre os materiais que analisaram, indicando a relevância científica e cultural de seus conteúdos. Tratam-se de livros com grande valor e importantes referências acadêmicas.

Outro aspecto que os textos revelam é o compromisso social da atuação profissional das duas autoras da obra. Elas socializam cursos e outras formações que ministraram para pessoas atuantes em museus e públicos interessados no assunto. Em um dos trechos, enfatizam a atuação competente e primorosa que tiveram durante o processo de elaboração da exposição sobre a doutora Maria Falce de Macedo, em especial, no episódio envolvendo a máquina de escrever que pertenceu à citada cientista, médica e professora pioneira.

Por fim, apoiadas em conceitos e documentos legais atuais, as autoras concluem o livro com um capítulo que descreve recomendações de higienização do espaço museológico e do acervo ligado ao campo da Saúde, podendo servir de guia para profissionais que têm contato com esse tipo de material em seu contexto de trabalho.

Camila Silveira da Silva

Pelos ares, entre São Paulo e Paraná, 10 de abril de 2023.

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Agradecimentos

Sinto uma grande necessidade de me expressar pelas linguagens verbal e escrita. Sempre gostei de ler, desde muito pequena, e acredito que os livros são os melhores presentes que alguém pode receber. E, desde sempre (também), eu sonho em escrever um livro. Para minha imensa alegria, o Museu da História da Medicina do Paraná (MHMPR) me permitiu a escrever dois logo de início: este e-book e uma versão impressa, ainda mais completa, posteriormente.

E aqui inicio os agradecimentos, pois não escrevi nada sozinha. Pelo contrário, quem sistematizou as informações obtidas ao longo do projeto, foi a especialista Hélia Braholka, que, durante essa caminhada, tornou-se parceira de trabalho, amiga e confidente. Sem ela, este livro jamais teria sido concebido.

Agradeço ao Ministério da Cultura, que possibilitou a realização do projeto por meio do Programa Nacional de Apoio à Cultura (PRONAC), essencial para que possamos permanecer difundindo conhecimento de forma mais ampla e democrática.

Agradeço a toda equipe curatorial do museu pelos esforços incansáveis para que todas as atividades do projeto acontecessem da melhor forma. Ao Fábio André Chedid Silvestre, que apostou na ideia do projeto, o primeiro da ChimicArte nesse formato em um museu.

Com muito carinho, agradeço à Prof.a D.ra Camila Silveira da Silva, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que me apresentou a possibilidade de conhecer o MHMPR e estabelecer uma parceria.

À minha orientadora de pós-doutorado, Prof.a D.ra Izabel Vidotti, também da UFPR, grande incentivadora da minha trajetória profissional, que possibilita minha constante atualização na área de pesquisa em géis para conservação e restauro no Grupo de Pesquisas em Moléculas e Interfaces (GPMIn) e também por muito me ouvir e me aconselhar.

Em especial, agradeço aos meus alunos, os que já passaram pela minha vida e os que ainda o estão. Vocês são minha maior inspiração e motivação para buscar melhorar como pessoa e profissional. Em meio à exaustão e ao cansaço que permeiam a vida de todos nós, trabalhadores, principalmente após a pandemia de COVID-19, em que vimos nossas jornadas de trabalho aumentarem consideravelmente, a chamada “rede de apoio” foi e é fundamental. Entre cursos, viagens a trabalho, escrita de artigos e orientação de alunos, ter a amizade de pessoas especiais torna tudo mais fácil.

Agradeço à minha família, em especial, à minha mãe, Denizete, que sempre acreditou no meu potencial e nunca mediu esforços para que eu pudesse conquistar meu espaço. Por toda torcida, por cada palavra de apoio, por tudo.

A todos que de alguma forma contribuíram para a escrita deste trabalho, sejam colegas de trabalho, sejam aqueles que “apenas” admiram o trabalho desenvolvido até aqui. Dizem que as pessoas cumprem sua missão na Terra quando cumprem três propósitos: plantam árvores, têm filhos e escrevem um livro. Então gosto de brincar, dizendo: “eu quero escrever muitos livros!”.

Desejo a todos uma boa leitura!

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Dedico esse livro à minha avó Maria, vítima de COVID-19 no estado de São Paulo,

e que jamais poderia me imaginar desenvolvendo pesquisa em um museu situado dentro de um dos hospitais que foram referência no combate à pandemia em nosso país.

Isabel Spitz

Apresentação

O Museu da História da Medicina do Paraná (MHMPR) é um espaço cultural recente, fundado em 28 de janeiro de 2019, mas planejado desde 2015 pela Santa Casa de Misericórdia de Curitiba e pela Associação Médica do Paraná, instituições parceiras há quase 90 anos, juntamente com o Núcleo de Mídia e Conhecimento, o responsável pela curadoria e gestão.

Sempre esteve no escopo do MHMPR ser um espaço plural, vocacionado à pesquisa, ao aprendizado, à preservação e à difusão das memórias médica, social e cultural da capital paranaense.

Cientes de que ninguém caminha sozinho, especialmente jovens museus, buscamos de forma contínua estreitar laços com outras instituições culturais e educacionais, criando parcerias com contrapartidas pontuais a todos os envolvidos. Para o MHMPR, tais laços amplificam o alcance de novos públicos, potencializando e tornando o espaço cultural cada vez mais (re)conhecido.

As parcerias oportunizam também que novos visitantes transitem pelos corredores do museu, universitários se interessem pelo acervo e desenvolvam pesquisas sobre ele, eventos diversos sejam realizados em nosso espaço e que setores até então distantes da temática do museu se aproximem encontrando correlações e oportunidades. Enfim, as amizades institucionais nos ajudam a construir algo que é fundamental para qualquer espaço cultural: uma comunidade.

E foi justamente o público o principal desafio do MHMPR, assim como da maioria dos espaços culturais do mundo durante a pandemia de COVID-19. Para nós, houve ainda dois agravantes nessa situação: ser uma instituição tão jovem, que ainda estava conquistando seu público, e um museu dentro de um hospital durante uma das maiores crises de saúde da história. Esse foi, com certeza, um período de testes.

Começamos a produzir, com mais afinco, conteúdo para as nossas redes sociais; um novo site institucional foi desenvolvido, mais acessível, responsivo e moderno; um tour virtual foi preparado, oportunizando ao museu receber visitantes de todas as localidades; eventos on-line se tornaram periódicos; e o “novo normal”, nos permitiu perpetuar a nossa missão de levar conhecimento, cultura e debates ao público.

Uma das ações mais relevantes desse período foi o processo de documentar a pandemia de COVID-19.

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O Hospital da Santa Casa de Curitiba triplicou seu número de leitos para atender à demanda, e o museu, como setor que opera no prédio histórico da unidade hospitalar, testemunhou esse capítulo da história da saúde pública em tempo real.

A equipe curatorial do museu firmou então uma parceria com corajosos fotógrafos da Escola de Fotografia, interessados em documentar esse momento de crise. Os registros foram feitos nos meses iniciais de 2021 e abarcam áreas contaminadas e não contaminadas pelo vírus. Como resultado, o MHMPR lançou a exposição fotográfica Vivendo a pandemia no ambiente hospitalar, disponível no espaço físico do museu e em ambiente virtual.

Todas essas atividades desenvolvidas durante a pandemia buscaram enfatizar o valor histórico e atual da ciência e do conhecimento. Aliadas ao desenvolvimento da exposição, essas ações tinham o objetivo central de conscientizar a população sobre a importância de seguir as normas de saúde então vigentes em momentos tão críticos e delicados.

Como as principais atividades de um museu em tempos “normais” e de pandemia são preservar, organizar e comunicar, firmar uma parceria que agrega forças em todos esses campos é de grande alegria. E assim foi com a ChimicArte Projetos Educacionais e toda a sua equipe, que conhecemos pelo projeto de extensão Meninas e Mulheres nas Ciências, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), coordenado pela Prof.a D.ra Camila Silveira da Silva.

Formalizada em 2022, a feliz parceria entre o MHMPR e a ChimicArte já oportunizou a realização de eventos para o público durante a 20ª Semana Nacional de Museus, organizada anualmente pelo Instituto Brasileiro de

Museus (Ibram). Na ocasião, viabilizamos a Oficina de Fundamentos da Química para Conservação em Papel, com carga horária total de doze horas de prática, cuja aula inaugural está disponível no Youtube do MHMPR e as demais aulas ocorreram no Laboratório de Química Geral da UFPR.

A ChimicArte também se debruçou sobre o nosso vasto acervo bibliográfico, a fim de elaborar diagnósticos sobre o estado dos volumes, bem como sugerir ações com finalidade conservativa. A partir destas pesquisas de campo, também foram emprestados alguns volumes do museu à ChimicArte para que utilizasse em seus cursos, ministrados em todo o território nacional. Ao entender melhor as complexidades do acervo bibliográfico e a realidade do MHMPR, foi possível também que a ChimicArte elaborasse uma capacitação para os colaboradores do museu, instruindo-os sobre as melhores práticas de manejo, higienização e acondicionamento.

Nesse projeto, considerando a importância da Educação Patrimonial e o diálogo das Ciências da Natureza com as Ciências Humanas, foi realizada uma oficina no Colégio Estadual Professor Loureiro Fernandes sobre o projeto Química aplicada a conservação e restauro, na qual os alunos puderam se familiarizar com a temática e com algumas ferramentas de diagnóstico de patologia em bens culturais.

Agora, com o lançamento conjunto deste e-book, avançamos em direção à promoção do conhecimento e aos objetivos centrais do MHMPR. Nas páginas a seguir, a Prof.a Dr.a Isabel Spitz e a especialista Hélia Braholka abrem as portas da Química a partir dos conceitos de conservação material voltados para patrimônios culturais. Esse é mais um passo do museu em prol da valorização da ciência e da cultura!

Fernanda Cheffer Assistente curatorial Museu da História da Medicina do Paraná.
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Introdução –Museu com Química?

Capítulo 4 –A importância da Educação Patrimonial: discutindo as atividades presenciais

Capítulo 1 –A preservação dos bens culturais em um museu da área da Saúde

Capítulo 5 –Recomendações de higienização do espaço museológico e do acervo da área da Saúde

Capítulo 2 –Agentes de deterioração

estado de conservação de livros do acervo do Museu da História da Medicina do Paraná Referências 13 11 44 45 16 22
37 Considerações Finais
Capítulo 3 –Avaliação geral de
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SUMÁRIO

EXPEDIENTE

Coordenação e produção editorial

Núcleo de Mídia e Conhecimento

Edição e Organização

Isabel Spitz

Autoras

Isabel Spitz

Hélia Braholka

Projeto Gráfico e Diagramação

Danielle Dalavechia

Revisão Ortográfica

Juliana Maria Gusso Rosado

PRODUÇÃO E EXECUÇÃO

• Núcleo de Midia e Conhecimento

• ChimicArte Projetos Educacionais

• Museu da História da Medicina do Paraná

• Apoio Técnico: Meninas e Mulheres na Ciência

Introdução Museu com Química?

Convidamos você, leitor ou leitora, a ler o título deste livro em voz alta…

Feito?

Certamente lhe causou algum estranhamento, afinal de contas, somos educados para crer que Ciências Humanas e Ciências da Natureza são áreas do saber completamente diferentes, que cientistas não são grandes admiradores das Artes, que conservação e restauro não demandam conhecimento de Química. A Educação Básica, mesmo após inúmeras mudanças e diferentes correntes de pensamento, ainda se mantém com raízes muito profundas no conhecimento dividido em “caixinhas”, limitando as possibilidades de trânsito entre as áreas do saber, no que chamamos atualmente de transdisciplinaridade. Segundo Bárbara Basarab Nicolescu, em sua obra O manifesto da transdisciplinaridade:

A transdisciplinaridade como o prefixo “trans” diz respeito àquilo que está ao mesmo tempo entre as disciplinas, através das diferentes disciplinas e além de qualquer disciplina. Seu objetivo é a compreensão do mundo presente para o qual um dos imperativos é a unidade do conhecimento.

Não nos cabe, nesta publicação, aprofundar os desafios epistemológicos que permeiam essa realidade. Temos, em nosso país, diversos grupos de pesquisa e programas de pós-graduação em Educação que têm diversos trabalhos com o foco nesses pontos. Entre os quais destacamos, por maior proximidade com nossa atuação, o Grupo de Estudos em Pesquisas em Patrimônio Cultural (GEPPC), liderado pelos professores Luciano Chinda Doarte e Felipe Tkàk, em Curitiba; e o Mestrado Profissional em Química em Rede Nacional, com destaque para os trabalhos desenvolvidos pelo Prof. D.r Roberto Dalmo Varallo Lima de Oliveira e Prof.a Dra. Camila Silveira da Silva. Temos convicção que, ao acessar essas publicações e debruçar sobre o tema, os leitores estarão muito bem “amparados” sobre a temática da transdisciplinaridade e o Ensino de Química em si.

O foco, neste projeto desenvolvido junto ao Museu da História da Medicina do Paraná, foi promover questionamentos e levantar possibilidades quanto à conservação do acervo, por meio de uma perspectiva científica, levando em consideração as possibilidades que a Química possibilita, por meio de suas ferramentas de diagnóstico, o entendimento sobre os fenômenos de degradação dos materiais que compõem os bens culturais e o estudo da compatibilidade química entre as substâncias que podem ser utilizadas na limpeza do espaço museológico, sem nos esquecermos das limitações e das necessidades específicas de um ambiente hospitalar.

A Química pode ser não só útil, como também essencial para aqueles que lidam com os bens culturais possam melhorar suas práticas profissionais e também preservar sua integridade física e sua saúde. Sabemos que poucos cursos de graduação nas áreas de Humanidades têm, em sua grade curricular, detalhamento de equipamentos de proteção individual (EPIs), toxicidade das substâncias químicas, riscos químicos, sinalização do espaço ou ateliê, entre outros. E o que é um ateliê de conservação e restauro se não (também) um grande laboratório de Química?

Partindo desse entendimento, houve um olhar muito cuidadoso por parte da equipe do museu, tanto na gestão quanto na equipe técnica, em acolher, apoiar, auxiliar na implementação e na divulgação desse projeto. Assim, foi possível acessar o acervo de forma segura e orientada, realizar diagnósticos, organizar materiais para as oficinas presenciais e elaborar materiais instrucionais. Foram tantos os resultados que consideramos a possibilidade de, em relação a esse ponto, indicarmos fortemente a publicação de Barbara Appelbaum, traduzida para o português, em 2017. O grande desafio de publicar um livro sobre Ciência e bens culturais é simples: não há demanda suficientemente grande para justificar um livro impresso muitas vezes. Além disso, quando é disponibilizado o livro em formato digital, com acesso ilimitado e gratuito, contribuímos para um maior alcance do que escrevemos.

E se tem algo que desejamos, é que esse projeto realizado pela ChimicArte no Museu da História da Medicina do Paraná chegue ao conhecimento do maior número de pessoas possíveis.

Ademais, o projeto foi desenvolvido pela ChimicArte, mas com grande apoio do projeto Meninas e Mulheres nas Ciências, vinculado à Universidade Federal do Paraná, coordenado Pela Prof.a D.ra Camila Silveira da Silva. Juntas, além de pensar em diversas atividades do projeto, ainda foi possível estabelecer uma parceria com a ChimicArte para a exposição Maria Falce (de Macedo): pioneira e protagonista, em cartaz no Museu da História da Medicina do Paraná e inaugurada em 2022. Juntas, eu, Prof.a Isabel Spitz, Prof.a Camila Silveira e Hélia Braholka, movimentamos muitos esforços para que todos vocês tivessem acesso a atividades de democratização de acesso à cultura e à ciência.

Figura 1: Banner da exposição Maria Falce (de Macedo): pioneira e protagonista no jardim da Santa Casa de Curitiba. Fonte: autoras. Figura 2: Prof.a D.ra Isabel Spitz, Prof.a D.ra Camila e especialista Hélia Braholka na farmácia do MHMPR, durante a exposição Maria Falce (de Macedo): pioneira e protagonista. Fotografia por Daniel Faria Patire.
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Capítulo 1

A preservação dos bens culturais em um museu da área da Saúde

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O projeto da

De forma a orientar melhor a leitura do e-book, apresentamos alguns fundamentos da área de Bens Culturais. A preservação dos bens culturais depende da relação entre o objeto e a memória, seja ela coletiva, seja individual, estabelecendo um vínculo entre o homem e o tempo histórico em que viveu, resgatando e preservando tanto a reminiscência como a necessidade de autoconhecimento. Jacques Le Goff (1990) considera a imortalização da memória uma combinação de documentos ou monumentos históricos, em que podemos incluir objetos museológicos. Os artefatos podem preencher lacunas da memória, representando o desenvolvimento e os conceitos estéticos e sociais da época de sua utilização, colaborando para a compreensão dos fatos. De acordo com a Constituição Federal de 1988, no Artigo 216, é conceituado patrimônio cultural como sendo os bens:

“de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira” (Constituição Federal, Art. 216).

Dessa maneira estão salvas as

“formas de expressão, os modos de criar, fazer e viver; as criações científicas, artísticas e tecnológicas; as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artísticoculturais; os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico” (IPHAN, 2014).

Para isso, é necessário e importante que acervos museológicos e particulares sejam preservados, conservados, estejam inventariados e tenham fácil acesso para comunidades e pesquisadores. Com a finalidade de que o acervo seja seguro, isento de riscos e possa servir de apoio para a comunidade, a implementação de programas para cuidar dos objetos que a compõem é necessária e pode ser entendida como uma combinação de todas as ações destinadas à preservação. Segundo o Dicionário IPHAN, a preservação é associada à gestão prática (Sant’Anna, 2015), que pode ser compreendida como política, um conjunto de ações administrativas voltadas a proteger e a salvaguardar os bens culturais.

Começa com a atribuição de valor e tem continuidade na implementação de ações que visam proteger o bem, incluindo, entre outras coisas, a identificação, o inventário, a gestão e até mesmo o controle da temperatura, do manuseio, do acondicionamento, do transporte e da exposição. É a junção da conservação, da higienização e da restauração. A conservação, por outro lado, busca retardar ou inibir a ação temporal e a não preservação, exigindo uma série de intervenções físicas diretas, tratamentos mecânicos ou químicos que possam ser necessários e, em alguns casos, ambos. Inclui a higienização, que é a eliminação máxima de sujidades extrínsecas presentes em uma obra, desde que isso não prejudique a sua estrutura (Conservar Patrimônio, 2007).

Esse procedimento é necessário, com frequência sistemática, para garantir o monitoramento do estado de conservação e possível ataque biológico. Assim, quando uma obra está em preocupante estado de conservação, a restauração se torna imprescindível e age profundamente, mas ainda assim respeitando ao máximo a originalidade, a integridade e as características do bem. As intervenções podem ser químicas, estruturais, estéticas, de desinfestação e, se preciso, de pequenos reparos para manter o objeto o mais próximo possível do original e deve ser feita sempre por um especialista da área.

ChimicArte no MHMPR foi realizado considerando as necessidades reais do acervo e as possibilidades de ações de conservação e educativas.
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Figura 3: Manchas de tinta azul entre as páginas do livro “Apontamentos de Histologia”. Acervo MHMPR. Fonte: autoras.

Acondicionamento x armazenamento

O acondicionamento é a colocação de objetos sensíveis ou que necessitam de cuidados para manter sua integridade em recipientes adequados e livres de substâncias que possam influenciar em sua degradação, enquanto o armazenamento é o fato de guardar objetos no local adequado, inclusive em caixas de acondicionamento.

O contato com materiais instáveis pode ter origem no ambiente do acervo por meio do uso de produtos inadequados para higienização ou mesmo pela aplicação de vernizes, adesivos, tintas e outros produtos que produzem gases que colaboram no processo de deterioração dos objetos. Além disso, agentes internos que constituem sua formação ou ao qual foi exposto durante sua fabricação podem interferir de acordo com seu estado de conservação e acondicionamento. Quando lidamos com suporte em papel, por exemplo, precisamos ficar atentos à tinta utilizada para escrever o documento, podendo conter componentes que a longo prazo podem ocasionar danos ao material. A tinta ferrogálica, por exemplo, é constituída da combinação de ácido gálico com sulfato de ferro, sendo insolúvel em água e instável quimicamente, favorecendo a deterioração dos documentos.

Para evitar instabilidades, além de manter o acervo higienizado com produtos adequados e o ambiente com boa ventilação, mantendo o ar sempre limpo, filtrado e com UR controlada, é necessário um cuidado com o acondicionamento dos objetos. Usar sempre caixas de plástico corrugado ou de papelão micro-ondulado, desde que forrado com papel alcalino de pH neutro, envelopes livres de ácido ou filme de poliéster conforme a necessidade (MELLO e SANTOS, 2004). Para melhor compreensão dos fenômenos de acidificação e demais termos químicos pertinentes à area, recomendamos a leitura da publicação: Química aplicada à Conservação e Restauração de bens culturais: uma introdução, do Prof. Dr. João Cura D’Ars Figueiredo Júnior, publicado em 2012.

Grande parte dos problemas de armazenamento decorre das más condições construtivas, da distribuição dos objetos no acervo e do acondicionamento inadequado. Assim como a dissociação se refere à desorganização de sistemas, levando à perda de objetos, de dados e de informações relevantes para as coleções, tal como a dificuldade de associar informações a objetos. Ao distribuir o acervo no edifício, deve-se cuidar para que não fique próximo a áreas úmidas, como copa, cozinha, poço de elevador e banheiros, evitando o risco

de infiltração e infestação de insetos e roedores. Devese evitar que instalações hidráulicas sejam expostas e manter o hábito de verificar periodicamente sinais de problemas nos ambientes.

As estantes precisam ficar afastadas das paredes para melhorar a ventilação e facilitar o acesso à higienização. É fundamental: planejar a distribuição do acervo e a proteção de entradas diretas da luz solar; verificar e substituir etiquetas e rótulos sempre que estiver com sinais de deterioração, evitando o extravio de informações; cuidar da recolocação inadequada de objetos e livros após o uso; prever o compartilhamento de informações de funcionários com previsão de aposentadoria; atualizar hardwares para acesso legível de informações e backups de segurança do inventário e registros referentes às coleções (SPINELLI; PEDERSOLI, 2010).

É de extrema necessidade que, além da higienização preventiva e da organização, o acervo possa contar com o acondicionamento adequado, com espaços e passagens amplas, mantendo todos os acessos facilitados à higienização. É essencial a presença de mobiliários específicos, como armários metálicos para esculturas, arquivos de pastas suspensas ou deslizantes para documentos, livros e processos e mapotecas de aço verticais ou horizontais para grandes documentos ou tubos com tampa.

Recomendam-se caixas de polionda de gramatura 500g nas cores branca, cinza, prata ou transparente, para maior resistência e organização documental. Caso seja necessário o armazenamento em caixas de papelão microondulado, elas devem estar forradas internamente com papel alcalino ou de pH neutro, evitando que a acidez do papelão seja transferida. Para pastas, o ideal é papelcartão, papelão forrado com papel de pH neutro ou de polionda; no caso de documentos grandes em tubos ou material aberto, é recomendado que sejam protegidos com filme de poliéster (SPINELLI; BRANDÃO; FRANÇA, 2011). No capítulo a seguir, abordaremos os agentes de deterioração dos bens culturais.

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Capítulo 2

Agentes de deterioração

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garantindo sua preservação e acesso aos cidadãos”

(IBERMUSEUS; ICCROM, 2017). São eles: forças físicas, criminosas, fogo, água, pragas, poluentes, luz, temperatura inadequada, umidade relativa do ar inadequada e dissociação.

Em relação aos desastres naturais e guerras, pontuamos que a segurança em museus é um conjunto de medidas destinado à proteção física do acervo, das pessoas que ali trabalham e do edifício onde ele está instalado. A salvaguarda do patrimônio são medidas aplicadas para proteger a cultura de uma civilização de ameaças decorrentes de ações intencionais ou acidentais,

derivadas das ações do homem ou da natureza. Deve ser considerada a conservação preventiva, a segurança do trabalho, segurança contra incêndios, segurança da informação e do patrimônio. Recomenda-se estabelecer prioridades dentro do gerenciamento de riscos e um Plano de Emergências (IBERMUSEUS; ICCROM, 2017).

Em uma abordagem breve, pontuamos neste capítulo os agentes de deterioração, de forma a contextualizar as ações de conservação e as atividades educativas realizadas durante o projeto da ChimicArte com o MHMPR, em 2022. Para a escrita deste capítulo, utilizamos como referência principal o Plano de Gerenciamento de Riscos: salvaguarda & emergência, da Biblioteca Nacional, de autoria de Jayme Spinelli e José Luiz Pedersoli Jr.

O levantamento de dados acerca dos agentes de deterioração se enquadra no que chamamos de gestão de riscos, que pode ser entendida como “a metodologia através da qual as instituições responsáveis pela custódia de bens culturais podem se preparar para evitar sua exposição a agentes externos,
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Figura 4: Páginas rasgadas e coladas com fita adesiva do livro Madame Curie de 1944. Acervo MHMPR. Fonte: autoras.

Agentes de deterioração

Forças físicas

Um dos fatores que mais interferem na degradação dos acervos é a ação do homem, seja pelo manuseio incorreto (como tocar os documentos com as mãos sujas e sem proteção, riscar, dobrar, colocar grampos ou clipes metálicos, fitas adesivas, entre outros), seja pela intervenção inadequada ao higienizar o ambiente e retirar objetos de prateleiras ou com “boas intenções de conservação” que podem acarretar piora no estado de conservação. É sempre importante treinar funcionários para que saibam realizar acondicionamentos simples adequados, manutenção e higienização do acervo periodicamente. Outras recomendações bastante úteis são as de não usar fitas adesivas para remendar folhas, assim como clipes e grampos de metal, evitando a oxidação. Deve-se evitar fazer anotações, mas, se necessárias, usar lápis em vez de caneta. Também é fundamental a utilização de luvas para manusear qualquer objeto do acervo (TEIXEIRA; GHIZONI, 2012).

Forças Criminosas

A falta de política de controle e de segurança no museu leva o acervo a ser vítima de furtos e vandalismos. A mutilação e o desaparecimento de documentos são mais comuns do que se imagina e nem sempre são percebidos com rapidez. O ideal é que se tenha um sistema de segurança que funcione durante e fora do expediente, com câmeras e alarmes. Além disso, manter o cuidado de sempre fazer um pequeno registro de quem entra na exposição e evitar ao máximo que se carreguem bolsas, casacos e afins, oferecendo-se guarda-volumes. O melhor é que se mantenha o pessoal especializado somente para essa função (MELLO; SANTOS, 2004).

Fogo e água

No decorrer dos anos, presenciamos grandes acervos e construções históricas se extinguindo devido a incêndios ou inundações. Perícias e investigações normalmente acusam a falta de manutenção na infraestrutura dos museus, que apresentam diversas infiltrações, fios elétricos expostos, rachaduras, entre outros defeitos, além de grande quantidade de materiais inflamáveis mal-armazenados, facilitando que incêndios se expandissem. No caso das inundações, normalmente são causadas pelo excesso de chuvas nas regiões somado à falta de manutenção do sistema de drenagem de águas pluviais, de calhas e encanamentos, podendo haver rompimento.

Para evitar qualquer risco de acidentes, é necessário que todos os prédios e as construções se mantenham dentro das regularizações em relação às Normas de Segurança Contra Incêndios (NSCI) e ao Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB), com o objetivo de preservar a vida das pessoas e o patrimônio material. Por isso, a legislação define regras de instalação de extintores, alarmes, hidrantes, saídas e iluminações de emergências que devem ser seguidas, além de manter a manutenção dos equipamentos.

Também é necessário que haja vistoria e manutenção no sistema pluvial, nas calhas e nos encanamentos. Os ambientes devem ser sempre monitorados para que, no primeiro sinal de infiltração ou problemas de qualquer área, adversidades possam ser revertidas antes que aumentem (SPINELLI; PEDERSOLI, 2010).

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Pragas: insetos, roedores e microrganismos.

A) Insetos

Normalmente se proliferam em ambientes de pouca higiene, com UR elevada e pouca circulação de ar. Insetos como baratas, brocas, cupins e traças são os que mais atacam acervos e arquivos sem a devida preservação. Cada um deles exige um controle específico, de acordo com ciclo de vida e hábitos.

As baratas podem ser facilmente detectáveis pelas manchas e extremidades roídas que deixam na superfície do papel, escondem-se em pequenos orifícios e fendas, ralos, lixo e diversos lugares sem iluminação. Assim como as baratas, as traças também deixam manchas e extremidades roídas, escondendo-se entre papéis velhos e enrolados, livros, gavetas, caixas e lugares com pouca iluminação e ventilação. Cupins e brocas vivem em sociedades organizadas em colônias, alimentam-se de madeira e papel e vivem em túneis onde constroem seus ninhos, atacando quando ainda estão na fase larval.

Figura 6: Detalhe do furo na capa causada por insetos xilofagos do livro Nouvel Abrégé - d’Anatomie descriptive Acervo MHMPR. Fonte: autoras.
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Figura 5: Manchas de umidade do livro Leçons Pratiques de Dissection. Acervo MHMPR. Fonte: autoras.

Portanto, necessário manter o ambiente sempre limpo, obstruir qualquer abertura que seja propícia para a entrada de insetos (piso, paredes, batentes) e umidade, remover o lixo diariamente, manter uma rotina periódica de higienização e verificação dos objetos, manter móveis afastados das paredes ou diretamente apoiados no chão. A utilização de produtos químicos inadequados pode prejudicar o acervo, sendo indicado que se utilize iscas para combater baratas e traças, enquanto cupins e brocas precisam do acompanhamento de especialistas para tratar a infestação (SPINELLI; PEDERSOLI, 2010).

B) Roedores

Ratos geralmente são atraídos principalmente por restos de alimentos e umidade. É sempre conveniente que seja terminantemente proibido o consumo de alimentos no local de acervos, arquivos e exposições. O ambiente deve ser sempre higienizado e verificado, assim como as lixeiras esvaziadas diariamente para tapar possíveis aberturas que possam facilitar a entrada de animais, principalmente insetos. Se houver uma infestação de roedores, é necessária a intervenção de profissionais habilitados na área. (MELLO; SANTOS, 2004).

C) Microorganismos

Alimentam-se de substâncias orgânicas e se desenvolvem em condições de temperatura e umidade elevadas. Atacam todos os tipos de suporte, promovendo rasgos, manchas, deterioração das estruturas, descoloração, fragilidade, apodrecimento e perda total do objeto. Sua disseminação é através dos esporos (células reprodutoras), que podem ser carregados em correntes de ar, insetos, gotas de água, entre outras maneiras.

Por isso, é indispensável manter o mais próximo possível do ideal os índices de temperatura, umidade relativa e circulação de ar. Além de instruir funcionários sobre o manuseio, assim como a constante verificação do estado dos materiais. Evitar proximidade de recipientes com água e, em caso de acidentes, secar o mais rápido possível.

Se houver material contaminado, este deverá ser separado dos demais e encaminhado para um ambiente limpo e com UR abaixo de 45%. Em caso de infestações com fungos, todas as decisões e providências devem ter acompanhamento de especialistas (SPINELLI; BRANDÃO; FRANÇA, 2011).

Poluentes

Considerada uma causa extrínseca, a poluição gasosa é causada principalmente pela queima de derivados de petróleo, indústrias, áreas urbanizadas e semelhantes. Contribui consideravelmente para a deterioração química dos materiais de acervos, que são atacados pelos ácidos presentes no ambiente, mesmo que haja um acondicionamento adequado. Já a poeira é uma mistura de resíduos orgânicos e não orgânicos, fuligem, gordura e agentes biológicos tidos em suspensão e carregados pelas correntes de ar; além disso, tem ação abrasiva sobre os objetos, facilitando o desenvolvimento de fungos, bactérias e manchas. Apesar de ter partículas inertes, a poeira é ácida e, ao ter contato com o material, ocasiona danos químicos.

Por isso, a troca de ar constante é essencial para manter o ar do ambiente o mais limpo possível; evitar a proximidade de portas e janelas de áreas com poluição aparente, como grandes vias ou estacionamentos fechados; utilizar equipamentos que possam filtrar e absorver os gases poluentes; manter sempre o ambiente e o acervo higienizados periodicamente. (MELLO; SANTOS, 2004).

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Figuras 7 a e b: Microscopia digital do corte superior e sujidades no papel no interior do livro Nouvel Abrégé - d’Anatomie descriptive. Acervo MHMPR Fonte: autoras.

Luz

De acordo com Conservação Preventiva de Acervos (TEIXEIRA; GHIZONI, 2012), a exposição inadequada à luz natural ou artificial pode resultar em danos cumulativos e irreversíveis – como a fragilização, a modificação das cores e o amarelecimento, que afetam a resistência mecânica e aceleram o envelhecimento dos objetos. Portanto, devemos adotar procedimentos que colaborem para redução dos danos causados pela exposição descontrolada à luz, tais como: cortinas, persianas e blackouts para reduzir a luz solar direta sobre os objetos; filtros apropriados aderidos aos vidros para uso em museus e que sejam capazes de barrar a entrada de radiação, diminuindo os efeitos fotoquímicos; cobrir vitrines com objetos sensíveis à iluminação; diminuir a iluminação artificial, utilizar iluminação indireta sempre com distanciamento dos objetos de acordo com a necessidade e manter as luzes desligadas quando não houver visitação ou atividade.

Temperatura e Umidade Relativa (UR) inadequadas

A umidade relativa é a relação entre a quantidade de vapor de água existente no ar em determinada temperatura e o máximo de vapor de água que pode haver nessa mesma temperatura no ambiente. Sendo o controle de temperatura e o de UR fundamentais para a preservação dos acervos, a falta desse cuidado pode ocasionar aceleração da deterioração, proliferação de fungos e ataque de insetos.

É necessário controlar os índices aceitáveis nas áreas, sendo próximo de 21º e 30% ou 50% de UR, evitando oscilações. O monitoramento pode ser registrado por meio de equipamentos de controle de climatização (psicrômetro, higrômetro mecânico, termo higrômetro eletrônico, entre outros) e deverá permanecer ligado durante 24h, inclusive em dias que o museu estiver fechado.

Ações mais simples e necessárias podem ser adotadas para amenizar danos, preferencialmente junto ao sistema de climatização, como a colocar corretamente os objetos na exposição, evitando correntes de ar, portas e janelas; afastar os objetos das paredes, mantendo a circulação do ar; limitar a quantidade de visitantes por sala e evitar que entrem com roupas ou calçados molhados; evitar higienizar o piso com pano úmido; realizar inspeções periódicas nas paredes e nos telhados observando a entrada de umidade – para áreas menores, podem ser usados ar-condicionado e desumidificadores (SPINELLI; PEDERSOLI, 2010).

Dissociação

A dissociação é o agente de degradação é um processo considerado raro e catastrófico, esporádico, de impacto moderado e que ocorre continuamente. (SPINELLI; PEDERSOLI, 2010). Ocorre devido à deterioração de etiquetas e rótulos, inexistência de cópias de segurança, de inventários, entre outros. É um processo de desorganização dos sistemas.

Figura 8: Paginação em papel madeira do livro Nouvel abrégé - d’Anatomie descriptive. Acervo MHMPR. Fonte: autoras.
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Capítulo 3

Avaliação geral de estado de conservação de livros do acervo do Museu da História da Medicina do Paraná

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compreendemos o conteúdo dos livros, a importância dos autores e dos antigos proprietários para a história, pontuamos agentes de deterioração e realizamos a microscopia. Com esse material, foram elaboradas as atividades presenciais e o manual prático de higienização descrito nos próximos capítulos. TÍTULO

As definições referentes aos danos aqui apontados podem ser mais bem compreendidos por meio da leitura da publicação Glossário ilustrado de conservação e restauração de obras em papel: danos e tratamentos –português, inglês, espanhol, grego, de autoria de Marcia Almada e Silvana Bojanoski, publicado em 2021.

ANO AUTORIA

LIVRO 1

Título: Nouvel abrégé - d’Anatomie descriptive

Ano: 1895

Edição: Quinta

Ilustrações: 128 gravuras intercaladas ao texto.

Editora: Battaille et Cie. Praça da escola de Medicina, 23. Paris.

Idioma: francês.

Autor: Dr. Joseph-Auguste-Aristide Fort.

Joseph Fort nasceu em 1835, natural de Miranda, na região sudeste da França. Médico e farmacêutico, recebeu o título de doutor em Medicina no ano de 1863. Foi professor de Anatomia da Faculdade de Medicina de Paris. Em 1880, recebeu a missão de investigar o ensino da Medicina na América. Viajou pela América do Sul exercendo a profissão no Chile, no Uruguai e no Brasil. Permaneceu um período no estado do Rio Grande do Sul e seguiu para o Rio de Janeiro, onde ficou mais tempo. Considerou a formação médica insuficiente, ministrou aula de Anatomia a D. Pedro II que o condecorou com a Ordem da Rosa. Retornou para Paris e publicou: Le récit de ma vie avec la description d'un voyage et d'un séjour dans l'Amérique du Sud. Autobiographie. Paris, chez L. Bataille et cie. librairieséditeurs, 1893.

A partir de cinco livros com características diferentes escolhidos no acervo do Museu da História da Medicina do Paraná, realizamos uma breve bibliografia,
Nouvel abrégé - d’Anatomie descriptive 1895 Dr. Joseph-AugusteAristide Fort Apontamentos de Histologia 1914 Dr. José Pereira de Macedo Leçons pratiques de dissection - a l’usage des étudiants en Médecine 1905 Dr. Félix Baudouin Madame Curie 1944 Ève Curie Elementos de hygiene social por Trajano Joaquim dos Reis. 1894
Dr. Trajano Joaquim dos Reis
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Figura 9 - Lombada do livro Nouvel abrégé - d’Anatomie descriptive. Acervo MHMPR. Fonte: autoras.

Obra composta de 43 cartas escritas em 1888 e enviadas a um amigo. Faz elogios sobre a paisagem e o clima, analisa o ensino universitário, detalha doenças e tratamentos de médicos brasileiros. Expõe a mortalidade no Brasil, a família patriarcal, as relações internas do dia a dia, as relações com os escravizados e o cotidiano da família Imperial no Palácio São Cristóvão.

A obra é considerada de grande importância para os estudos sociais do fim do Império. Considerado autobiográfico, é autor de diversos outros livros (MUHM, 2021).

Assunto: descrição de todos os órgãos, a estrutura dos principais tecidos, breve descrição das principais regiões e um resumo de Embriologia.

Pertenceu/doador: Joaquim Pinto Rebelo. Estudou na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, em 1896. Dr. Prof. Joaquim Pinto Rebello foi um dos fundadores e vice-reitor da Universidade do Paraná e militar. Constituiu o corpo docente do quinto ano da faculdade em 1916 e assumiu a cadeira “Clínica Pediátrica e Orthopédica”, tendo a primeira menção da palavra “ortopedia” no currículo da Faculdade de Medicina do Paraná (PREUS, 2014).

Livraria: Fauchon e Cia. Rua do Ouvidor, 125. Rio de Janeiro.

Dimensões: 12,5 cm x 8,5 cm.

Nº de páginas: 486.

Pasta: em madeira e colagem de papel marmorizado (com sinais de perfurações característicos de ataque de insetos xilófagos) e lombada em couro.

Estado geral visível de conservação: sujidades, perdas de suporte, fissuras, abrasão, rachaduras, manchas, alteração de cores, absorção de umidade, ataque biológico, perfurações, dobras, arranhões, descolorações, anotações a grafite, anotações de tinta, ondulação, oxidação, rasgo, suporte frágil, entre outras.

Figura 10: Detalhe do rasgo da lombada do livro Nouvel abrégé –d’Anatomie descriptive. Acervo MHMPR. Fonte: autoras. Figura 11: Capa do livro Nouvel abrégé - d’Anatomie descriptive. Acervo MHMPR. Fonte: autoras.
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Figura 12: Contracapa do livro Nouvel abrégé - d’Anatomie descriptive. Acervo MHMPR. Fonte: autoras. Figura 13: Guarda do livro Nouvel abrégé - d’Anatomie descriptive. Acervo MHMPR. Fonte: autoras. Figura 15: Folha de rosto com descrição do conteúdo do livro Nouvel abrégé - d’Anatomie descriptive. Acervo MHMPR. Fonte: autoras. Figura 16, 17, 18 e 19: Detalhe do rasgo da lombada, mostrando vestígios de cola, fibras do papel, fios da costura e fibras da madeira da pasta. Livro Nouvel abrégéd’Anatomie descriptive. Acervo MHMPR. Fonte: autoras.
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Figura 14: Folha de guarda com identificação do proprietário do livro Nouvel abrégé - d’Anatomie descriptive. Acervo MHMPR. Fonte: autoras. Figura 20 a e b: Couro da lombada. Nouvel abrégé - d’Anatomie descriptive. Acervo MHMPR. Fonte: autoras. Figuras 21, 22 e 23: Escrita de caneta e de grafite. Nouvel abrégé - d’Anatomie descriptive. Acervo MHMPR. Fonte: autoras.
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Figura 24: Página 89 com presença de foxing Nouvel abrégé - d’Anatomie descriptive. Acervo MHMPR. Fonte: autoras.

LIVRO 2

Título: Apontamentos de Histologia

Ano: 1914

Edição: 1ª

Editora: manuscrito pelo autor.

Idioma: português.

Autor: Dr. José Pereira de Macedo.

José Pereira de Macedo, nascido em 1883, foi integrante da primeira turma da Faculdade de Medicina do Paraná, em 1919, e se casou com sua colega de turma Maria Falce. Foi presidente da Associação Médica do Paraná nos anos 30, pertenceu ao corpo clínico da Santa Casa nos anos 20, foi diretor do Laboratório de Pesquisa e Análises da Saúde Pública do Paraná, tendo participado da caracterização do surto de peste bubônica de Paranaguá. Foi médico-legista do Gabinete de Medicina Legal e fez carreira no magistério. Fundou e presidiu entidades assistenciais, foi membro do Instituto Neopitagórico e da Academia Paranaense de Letras; e fundou e dirigiu o Partido Libertador após a redemocratização (AMP, 2023).

Assunto: apontamentos sobre o estudo dos tecidos biológicos. Sem um resumo prévio.

Pertenceu/doador: família da D.ra Maria Falce de Macedo.

Dimensões: 23 cm x 16 cm.

Nº de páginas: 317 manuscritas.

Pasta: em madeira, lombada e cantoneiras em couro.

Estado geral visível de conservação: sujidades, manchas, abrasão, alteração de cores, absorção de umidade, foxing, migração de acidez, possíveis fungos, arranhões, anotações a grafite, anotações de tinta, carimbo, dobra, oxidação, perda de folhas, rasgo, vinco e marcas de cantoneiras.

Figura 25: Pasta superior do livro Apontamentos de Histologia. Acervo MHMPR. Fonte: autoras. Figura 26: Lombada do livro Apontamentos de Histologia. Acervo MHMPR. Fonte: autoras.
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Figura 27: Marcas de cantoneiras na pasta superior do livro Apontamentos de Histologia. Acervo MHMPR. Fonte: autoras.

LIVRO 3

Título: Leçons pratiques de dissection - a l’usage des étudiants en Médecine

Ano: 1905

Ilustrações: 18 fotogravuras e esquemas, executadas por Dr. Baudouin.

Editora: A. Maloine, Éditeur. Rue de L’école-de-médicine, 25-27. Paris Idioma: francês

Autor: Dr. Félix Baudouin.

Félix Baudoion foi chefe da clínica médica da Escola de Medicina de Tours, médico-adjunto e responsável pelo serviço de medicina infantil no Hospital Geral de Tours.

Contribuição: prefácio escrito por Paul Poirier (18531907), professor de Anatomia da Faculdade de Medicina de Paris em 1902 e membro do Júri da Faculdade Livre de Beirute, em 1899. Cirurgião hospitalar desde 1889, no hospital Ivry, depois no hospital Tenon, posteriormente no Lariboisière em 1904 e, entre 1892 e 1902, publicou um tratado de anatomia. Foi eleito membro da Academia de Medicina em 1905 e cofundador em 1906 da Associação Francesa para o Estudo do Câncer com os Professores Roussy e Delbet ( UNIVERSITÉ PARIS CITÉ, 2022).

Assunto: aulas práticas de dissecação para uso de estudantes de Medicina do início do século XX.

Pasta: em madeira com colagem de papel, perda de lombada e pasta inferior se desprendendo.

Estado geral visível de conservação: e páginas mistas de papel couché e papel madeira, abrasão, perfurações, anotações a grafite, insetos, sujidades, perdas localizadas, manchas, alteração de cores, absorção de umidade, possíveis fungos, oxidação, foxing e suporte frágil.

Pertenceu/ doador: Maria de Miranda, sem informações.

Dimensões: 22 cm x 13,9 cm.

Nº de páginas: 95.

Figura 28: Pasta superior do livro Leçons pratiques de dissection. Acervo MHMPR. Fonte: autoras. Figura 30: Folha de rosto do livro Leçons pratiques de dissection. Acervo MHMPR. Fonte: autoras.
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Figura 29: Lombada do livro Leçons pratiques de dissection Acervo MHMPR. Fonte: autoras. Figura 31: Assinatura de Maria de Miranda, doadora do livro Leçons pratiques de dissection. Acervo MHMPR. Fonte: autoras. Figuras 32, 33, 34 e 35: Microscopia digital com destaque para os componentes têxteis e de madeira da pasta superior. Livro Leçons pratiques de dissection. Acervo MHMPR. Fonte: autoras. Figura 36 a e b: Microscopia digital com destaque para a borda do papel próximo a costura e fibra do papel. Livro Leçons pratiques de dissection. Acervo MHMPR. Fonte: autoras.
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Figura 37 a e b: Perfuração na folha de guarda e corte das páginas com sujidades. Livro Leçons pratiques de dissection.

LIVRO 4

Título: Madame Curie

Ano: 1944

Edição: 7ª.

Editora: Companhia Editora Nacional, São Paulo.

Idioma: ortuguês, traduzido por Monteiro Lobato.

Autora: Ève Curie.

Ève Curie, filha mais nova de Marie Skłodowska-Curie e Pierre Curie. Foi jornalista e escreveu a biografia de sua mãe Madame Curie primeira mulher cientista ganhadora de Prêmio Nobel (Química e de Física). A única da família com tendência artística (pianista, crítica musical, humorista e escritora) e não científica, também a única que não ganhou prêmio Nobel. Mas dedicou anos de sua vida ao Fundo das Nações Unidas para a Infância e foi casada com Henry Richardson Labouisse Jr, que entre tantos cargos importantes, foi diretor da UNICEF colocação que o levou ao Prêmio Nobel da Paz, tornando-se um dos cinco vencedores do Prêmio Nobel da família Curie (PORTO EDITORA, 2023)

Figura 38 a e b: Impressão em folha de rosto e assinatura de Maria de Miranda. Livro Leçons pratiques de dissection. Acervo MHMPR. Fonte: autoras. Figura 39: Impressão na pasta. Livro Leçons pratiques de dissection. Acervo MHMPR. Fonte: autoras.
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Figura 40: Pasta superior do livro Madame Curie de 1944. Acervo MHMPR. Fonte: autoras.

Assunto: livro biográfico de Marie Curie.

Pertenceu/doador: Não há informação de quem foi anterior ou posterior, mas há registros de Rosarita Araujo Milasch, que pertenceu à pasta acadêmica do curso de Letras da Universidade Federal de Santa Catarina, em 1921-1987 (Arquivo Central UFSC, 2015); Ehrenfried Othmar Wittig, graduado em Medicina pela Universidade Federal do Paraná, em 1961, e residente médico pela Universidade de São Paulo, em 1963 (Escavador, 2022).

Livraria: Casa Berta, livraria alternativa. Rua Lauro Müller, 287. Itajaí, SC.

Dimensões: 21 cm x 13 cm.

Nº de páginas: 336.

Pasta: em madeira com colagem têxtil.

Estado geral visível de conservação: sujidades, páginas rasgadas coladas com fita adesiva, abrasão, manchas, alteração de cores, anotações a grafite, anotações de tinta, carimbo, dobra, foxing, oxidação, tratamentos anteriores danificados, absorção de umidade e possíveis fungos.

Figura 41: Pasta inferior do livro Madame Curie de 1944. Acervo MHMPR. Fonte: autoras. Figura 42: Lombada do livro Madame Curie de 1944. Acervo MHMPR. Fonte: autoras. Figura 43: Folha de guarda com foto de Marie Curie e folha de rosto do livro Madame Curie de 1944. Acervo MHMPR. Fonte: autoras.
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Figura 44: Folha de título do livro Madame Curie de 1944. Acervo MHMPR. Fonte: autoras. Figuras 46 e 47: Detalhe têxtil da pasta superior e da lombada em couro com impressão. Livro Madame Curie de 1944. Acervo MHMPR. Fonte: autoras. Figuras 48 e 49: Escrita em caneta e carimbo. Livro Madame Curie de 1944. Acervo MHMPR. Fonte: autoras. Figuras 50 e 51: Corte das páginas e adesivo. Livro Madame Curie de 1944. Acervo MHMPR. Fonte: autoras. Figuras 52 e 53: Fita adesiva e resíduo de fita adesiva na página 112. Livro Madame Curie de 1944. Acervo MHMPR. Fonte: autoras.
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Figura 45: Desprendimento na pasta inferior do livro Madame Curie de 1944. Acervo MHMPR. Fonte: autoras.

LIVRO 5

Título: Elementos de hygiene social por Trajano J. dos Reis.

Ano: 1894

Edição: 1ª.

Editora: Typ. e Lith. da Companhia Impressora Paranaense, 1894. Curityba.

Idioma: português.

Autor: Dr. Trajano Joaquim dos Reis

Doutor em Medicina pela Faculdade da Bahia, cirurgião-mor da Guarda Nacional, duas vezes deputado, presidiu a Câmara Municipal e o Congresso Estadual em 1916. Diretor-geral de higiene no Paraná, vereador, delegado especial e inspetorgeral da Instrução Pública primária e secundária. (Assembleia Legislativa do Paraná, 2019).

Assunto: higiene em geral e recomendações à população.

Pertenceu/doador: Dr. Jayme Reis, curitibano, médico pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, era filho de Trajano Reis e iniciou sua carreira como auxiliar do pai. Foi eleito deputado estadual e nomeado como diretor da Instrução Pública, fez parte do Conselho Supremo do Grande Oriente do Paraná. Foi jornalista e escritor, publicando livros relevantes para o entendimento da história paranaense (Assembleia Legislativa do Paraná, 2019).

Dimensões: 22,5 cm x 16,8 cm.

Nº de páginas: 327.

Pasta: em madeira com colagem em papel marmorizado, lombada e cantoneiras em couro.

Estado geral visível de conservação: sujidades, lombada rasgada com perda de suporte, resíduo de fita adesiva, pétala de flor e documento encontrados entre suas páginas, manchas, alteração de cores, absorção de umidade, foxing, carimbo, anotações a grafite, insetos, dobras, oxidação, tratamentos anteriores e possíveis fungos.

Figura 54: Pasta superior do livro Elementos de hygiene social. Acervo MHMPR. Fonte: autoras. Figura 55: Pasta inferior do livro Elementos de hygiene social. Acervo MHMPR. Fonte: autoras. Figura 56: Lombada do livro Elementos de hygiene social. Acervo MHMPR. Fonte: autoras.
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Figura 57: Folha de guarda e folha de rosto do livro Elementos de hygiene social. Acervo MHMPR. Fonte: autoras. Figura 58: Página 31 do livro Elementos de hygiene social. Acervo MHMPR. Fonte: autoras. Figura 59: Primeira página do capítulo 1 do livro Elementos de hygiene social. Acervo MHMPR. Fonte: autoras. Figuras 61 e 62: Lombada rasgada e escrita dourada na lombada. Livro Elementos de hygiene social. Acervo MHMPR. Fonte: autoras.
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Figura 60 a e b: Pasta em couro tingido de vermelho. Livro Elementos de hygiene social. Acervo MHMPR. Fonte: autoras. Figuras 65 e 66: Manchas de oxidação e fita adesiva. Livro Elementos de hygiene social. Acervo MHMPR. Fonte: autoras. Figuras 67: Foxing. Livro Elementos de hygiene social. Acervo MHMPR. Fonte: autoras.
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Figuras 63 e 64: Corte das páginas com manchas vermelhas do desbotamento do couro e carimbo do Dr. Jayme Reis. Livro Elementos de hygiene social.Acervo MHMPR. Fonte: autoras.

Entre as páginas 134 e 135 do livro Elementos de hygiene social por Trajano Joaquim dos Reis, foi encontrado um documento intitulado Conselhos ao povo, que pontua recomendações e orientações referentes à pandemia de cólera. O documento foi assinado por Trajano Joaquim Reis, inspetor-geral de higiene, no dia 19 de dezembro de 1894 e tem anotações manuscritas a lápis. O documento foi fotografado e entregue à responsabilidade do Museu da História da Medicina no Paraná.

Diante do exposto nos capítulos anteriores, a respeito do estado de conservação de alguns livros e do documento do acervo do MHMPR, foram realizadas, além das capacitações com a equipe técnica, oficinas presenciais para o público em geral, estendendo as ações de conservação do MHMPR ao cotidiano de todos, de forma didática e interativa. Detalharemos as oficinas a seguir.

Figura 68: Documento referente à pandemia de cólera assinado por Trajano Joaquim Reis. Acervo MHMPR. Fonte: autoras.
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Figura 69: Destaque para as anotações manuscritas. Documento referente a pandemia de cólera assinado por Trajano Joaquim Reis. Acervo MHMPR. Fonte: autoras.

Capítulo 4

A importância da Educação Patrimonial: discutindo as atividades presenciais

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Dessa forma, transformando a compreensão e a utilização pública democrática, por meio da participação de comunidades que preservam os bens culturais inseridos no seu dia a dia. A ação educativa leva em consideração as políticas públicas e os processos ativos de conquista de conhecimento, apropriação e valorização do patrimônio cultural, possibilitando melhor utilização desses bens e propiciando a geração e a produção de novos conhecimentos (HORTA; GRUNBERG; MONTEIRO, 1999).

Para iniciar o projeto da ChimicArte no MHMPR, selecionamos, entre muitos exemplares disponíveis em acervo, cinco livros com características diferentes para previamente analisar e mapear os processos de deterioração; planejar a adequação da higienização, da preservação e usálos para material exemplificativo em oficinas presenciais. Com material previamente analisado, no dia 17 de maio de 2022, aconteceu a primeira parte da Oficina de Fundamentos de Química para a Conservação em Papel. Aula expositiva que abordou a química na conservação de papéis aplicada a acervos museológicos e bibliográficos. Ministrado pela D.raª Isabel Spitz no Salão Nobre do MHMPR e on-line ao vivo pelo canal do Museu da História da Medicina do Paraná no YouTube.

No dia 18 de maio, foi dada a continuidade da Oficina de Fundamentos de Química para a Conservação em Papel com a primeira aula prática no Laboratório Didático de Química Geral, Departamento de Química da Universidade Federal do Paraná, campus Centro Politécnico. Ministrado pelas químicas D.ra Isabel Spitz e Prof.a D.ra Camila Silveira em parceria com a ChimicArte Projetos Educacionais. Nesse dia, os alunos tiveram a possibilidade de entrar em contato com diversos tipos de papéis e manusear equipamentos que auxiliam no diagnóstico de agentes de deterioração.

https://www.youtube.com/live/

Levando tudo que foi exposto até aqui, compreendemos a importância da Educação
Patrimonial, inserindo processos educativos que fomentem o reconhecimento, a valorização e a preservação de manifestações culturais, artísticas e históricas.
Figura 70: Aula expositiva transmitida ao vivo no canal do MHMPR no YouTube. Fonte: Canal do YouTube do MHMPR. Figura 71. Livros utilizados na Oficina de Fundamentos de Química para a Conservação em Papel. Acervo MHMPR. Fonte: autoras. Figura 72: Aula prática da Oficina de Fundamentos de Química para a Conservação em Papel. Fonte: autoras.
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No dia 19 de maio, das 13h às 17h, houve a última aula prática no Laboratório Didático de Química Geral. Nessa ocasião, os alunos tiveram a oportunidade de colocar em prática o conhecimento adquirido, realizando microscopia e preenchendo fichas de diagnósticos dos livros do acervo do Museu da História da Medicina do Paraná.

No dia 18 de outubro de 2022, foi inaugurada a exposição Maria Falce (de Macedo): pioneira e protagonista, no Museu da História da Medicina do Paraná, idealizado pelo projeto de extensão “Meninas e Mulheres na Ciência”, da Universidade Federal do Paraná (UFPR) orientado pela Prof.a D.ra Camila Silveira em parceria com o museu e a ChimicArte Projetos Educacionais. Além da colaboração nas pesquisas, foi realizada a higienização da máquina de escrever Remington Rand e do suporte de caneta em granito que pertenceu à Maria Falce de Macedo, esse trabalho foi executado pela especialista em conservação Hélia Braholka.

Higienização e conservação preventiva

da máquina de escrever da Prof.a D.ra Maria

Falce de Macedo

No dia 11 de outubro, das 8 às 12h, a ChimicArte Projetos Educacionais, em parceria com o Museu da História da Medicina do Paraná, compareceu ao Colégio Estadual Professor Loureiro Fernandes para ministrar uma oficina sobre o projeto no viés da Educação Patrimonial, apresentando exemplos da relação da Química com os bens culturais e utilizando recursos didáticos para facilitar a aprendizagem, como o modelo molecular. Os alunos aprenderam também a utilizar o microscópio digital para compreender melhor os diferentes materiais que compõem os objetos e conheceram alguns itens do acervo do MHMPR.

Informações gerais: Informações gerais: máquina de escrever Remington Rand, verdeescura. Manual, padrão Writer, estilo Art-Deco. Fabricada na sede brasileira da empresa norteamericana Remington Rand, aproximadamente nos anos de 1950, de acordo com comparação e características de máquinas da mesma época. Em bom estado, porém com avarias na pintura e pontos de oxidação do metal. Sujidades bem visíveis e incrustadas, principalmente na parte interna. Manchas e desbotamento nas teclas e demais áreas plásticas. Faltando suporte de mesa na parte posterior do lado direito.

Após análise criteriosa, foram retiradas as partes móveis da máquina que facilitam a colocação do refil de tinta. Toda a parte interna foi higienizada manualmente com pincel e aspirador, controlando da pressão de sucção. Após a retirada máxima das sujidades, foi depositada uma quantidade pequena de óleo para máquina em cada uma das engrenagens, facilitando a remoção das demais sujidades depositadas ao longo dos anos e fazendo também que todas as engrenagens e os botões voltassem a funcionar normalmente.

A limpeza da parte externa da máquina teve como objetivo retirar a camada de gordura que revestia todas as superfícies. As demais áreas de metal foram higienizadas com uma solução de água aquosa própria para esse fim. PPara finalizar, a máquina recebeu um suporte para a mesa, de rosca assim como os outros, porém de tamanho e material diferentes para ser evidente a necessidade de manter o alinhamento da máquina. Toda superfície foi higienizada com o auxílio de swabs.

Figura 73: Ficha de diagnóstico preenchida pelos alunos da Oficina do projeto de Química aplicada a Conservação e Restauro. Fonte: autoras. Figura 74: Alunos usando o microscópio digital durante a Oficina do projeto de Química aplicada à Conservação e Restauro. Fonte: autoras.
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Considerando todos os pontos citados, vale lembrar que o projeto desenvolvido pela ChimicArte Projetos Educacionais no MHMPR, em 2022, visou orientar e adequar o processo de preservação museológica do Museu de História da Medicina do Paraná por meio de oficinas e capacitações, visto que sua instalação em um hospital requer procedimentos de higienização em conformidade com as exigências da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), evitando quaisquer outros possíveis riscos de contaminação e descarte.

Diante disso, a junção das informações e a adaptação para que ambos os lados sejam respeitados são necessárias para manter o ambiente seguro ao acervo e às pessoas. Reunimos essas informações de forma mais sistematizada no próximo capítulo, que pode ser usado também como um manual de higienização do espaço museológico e acervo da área da Saúde.

Figura 75: Especialista Hélia Braholka descrevendo o processo de higienização da máquina de escrever Remington Rand, que pertenceu à D.ra. Maria Falce de Macedo. Figuras 76 e 77: Antes e depois do processo de conservação da máquina de escrever Remington Rand que pertenceu à D.ra Maria Falce de Macedo. Acervo Diogo Henrique Sant’Anna Falce de Macedo Netto.
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Figuras 78 e 79: Antes e depois do processo de conservação do interior da máquina de escrever Remington Rand que pertenceu à D.ra Maria Falce de Macedo. Acervo Diogo Henrique Sant’Anna Falce de Macedo Netto.

Capítulo 5

Recomendações de higienização do espaço museológico e do acervo da área da Saúde.

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O Museu da História da Medicina do Paraná está localizado no Hospital Santa Casa de Misericórdia de Curitiba e, por essa razão, é indispensável um cuidado extra e supervisionado na sua higienização, pois alguns processos de deterioração podem conter fungos e bactérias além de sujidades diversas. Esses componentes, ao entrar em suspensão no ar, podem acarretar problemas respiratórios e outras adversidades. É conhecida a necessidade de equipamentos de proteção individual (EPIs) na higienização museológica em geral e, nesse caso específico, a obrigatoriedade, pois o acervo está em ambiente hospitalar.

Importante ressaltar que, no início do projeto, ainda vivíamos preocupações latentes da pandemia de COVID-19, com obrigatoriedade de utilização de máscara de proteção em todos os ambientes do museu. Era e é necessário fazermos todos os esforços para preservarmos as vidas humanas e, para isso, toda limpeza dos ambientes, de forma adequada, é de suma importância. Ocorre que, ao longo da pandemia, nosso medo acerca da perda de mais vidas humanas era tão intenso, que passamos a limpar os espaços com “tudo que fosse possível”, ocorrendo até mesmo aumento no número de acidentes domésticos pela utilização de produtos químicos de forma inadequada. Não temos como objetivo julgar esses fatos, a sociedade estava extremamente abalada e ainda segue em recuperação. Porém, agora, um pouco mais distantes daquele momento, podemos reavaliar os procedimentos de limpeza tendo mais cuidado com os acervos. O processo de higienização do espaço museológico deve seguir as exigências de desinfecção estipuladas pela Anvisa, e esses procedimentos não devem interferir na conservação do acervo museológico.

Consideramos, para a elaboração deste material, também a Nota técnica GVIMS/ GGTES/ANVISA nº 04/2020 – 09/09/2021 –orientações para serviços de saúde: medidas de prevenção e controle que devem ser adotadas durante a assistência aos casos suspeitos ou confirmados de infecção pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2), com última atualização em setembro de 2021. O Museu da Medicina contém um amplo acervo de variadas tipologias sendo as principais o metal, a madeira e o papel.

Bactérias, fungos, insetos, poluição, entre outras ações, são prejudiciais ao organismo humano e podem provocar lesões que deterioram a qualidade de vida e para o acervo. Nem sempre esses fatores prejudiciais são visíveis aos olhos, expondo o trabalhador a doenças por falta de informações e cuidados. A higienização preventiva é vital para que acervos de todos os tipos se mantenham conservados, mas a tarefa executada sem os cuidados necessários pode manifestar problemas respiratórios, quadros alérgicos, infecções e problemas maiores a longo prazo.

A saúde do funcionário é essencial para a instituição e deve ser preservada com o uso de equipamentos de proteção individual usados corretamente e algumas regras de prevenção e proteção. O primeiro ponto a ser considerado é a correta utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), nos procedimentos de limpeza do espaço e na higienização do acervo. Para um melhor entendimento do que sejam os EPIs, exemplificamos a seguir.

Óculos de segurança

Proteção respiratória adequada (máscara)

Luvas descartáveis

Toucas protetoras

Avental ou jaleco

Estabelecer critérios de vestimenta para os demais funcionários pode evitar acidentes extras. Por se tratar de um ambiente hospitalar, recomendase o uso de sapatos fechados que atendam às normas da NR-32 e roupas que não exponham a pele, impedindo que haja contato direto com líquidos, materiais contaminados ou cortantes (Anvisa, 2010).

Há a necessidade de vincular a higienização de conservação preventiva com a prevenção de infecções hospitalares, o controle epidemiológico, a disseminação de vírus, bactérias, fungos, entre outros. Deve ser estabelecida uma rotina adequada às normas e condutas do serviço de higienização e limpeza estabelecidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa, 2010).

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Figura 80. Medalha comemorativa do cinquentenário da descoberta da doença de Chagas, utilizada em um curso da ChimicArte no Memorial Paranista, em setembro de 2022. Termo de empréstimo 001/2022. Acervo MHMPR.

ROTINA DE HIGIENIZAÇÃO E LIMPEZA

• Manter uma ordem organizacional na higienização, sempre de cima para baixo e seguindo um sentido único.

• Usar panos limpos e evitar contaminação cruzada entre os ambientes.

• Recolher o lixo das lixeiras antes de qualquer limpeza ou sempre que atingir 80% de sua capacidade e lavar o recipiente uma vez por semana ou sempre que necessário.

• Utilizar as luvas emborrachadas de acordo com a padronização de cores estabelecidas: amarelo: banheiro; verde: teto, parede e chão; azul: mobília.

• Lavar as mãos antes e após cada procedimento, independentemente do uso de luvas.

• A varredura seca com vassouras é proibida, pois suspende no ar poeira e microrganismos que estão depositados no piso, assim como aspiradores de pó.

• Na higienização feita com água e detergente neutro, utiliza-se, inicialmente, o pano úmido para recolhimento de resíduos, seguido de limpeza com água e detergente neutro, retirando toda a sujidade, e enxágue.

• Desprezar água suja em local adequado, nunca em banheiros de funcionários, postos de enfermagem e pias utilizadas para higiene das mãos.

• Caso seja necessário utilizar álcool 70% na desinfecção de superfícies (mobílias, bancadas, etc.) realizar fricção mecânica com movimentos em uma só direção.

• Caso seja necessária ou recomendada pelo hospital, a desinfecção de pisos e vidros pode ser feita com uma solução de álcool etílico de 70%, nunca em objetos do acervo sem orientação de um profissional especializado.

• Interruptores e maçanetas devem ser higienizados diariamente com um pano úmido de água e detergente neutro ou álcool etílico de 70%.

Sugestão de higienização preventiva museológica hospitalar:

• Higienizar as superfícies de armários, assim como os demais objetos do acervo, somente com pano de microfibra seco e limpo, sem a necessidade de produtos químicos por não serem consideradas contaminantes. Ainda assim não devem ser manipuladas sem o uso de luvas.

• Efetuar a varredura úmida diariamente ou de acordo com o uso do ambiente, sempre com água e detergente neutro.

• Janelas, vidraças, vitrines e expositores de vidro devem passar pela limpeza ou desinfecção com pano úmido utilizando água e sabão neutro.

• Caso seja necessária ou recomendada pelo hospital, a desinfecção de pisos e vidros pode ser feita com uma solução de álcool etílico de 70%, nunca em objetos do acervo sem orientação de um profissional especializado.

• Interruptores e maçanetas devem ser higienizados diariamente com um pano úmido de água e detergente neutro ou álcool etílico de 70%.

• Evitar a nebulização de produtos e soluções alcoólicas com pulverização de gotículas.

• Durante a manipulação de detergentes e outras soluções, deve ser usado o equipamento de proteção individual adequado (luvas, máscaras, óculos) e evitar o contato excessivo de qualquer componente.

• Durante a higienização, manter janelas abertas para a circulação de ar e a evaporação da água utilizada. Fechar somente quando o ambiente não demonstrar mais nenhuma umidade.

Destacamos que todas essas orientações foram repassadas à equipe do museu em capacitações realizadas durante o projeto e visam não somente orientá-las, mas que sejam orientados de forma constante demais funcionários terceirizados, como profissionais da área de limpeza e manutenção, entre outros.

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Considerações Finais

A partir dos resultados apresentados ao longo deste e-book, acreditamos que o projeto desenvolvido pela ChimicArte com o Museu da História Medicina foi uma iniciativa muito potente que envolveu colaboração entre universidade, museu e empresa, possibilitando diálogos entre diversas áreas do saber, permitindo que as pesquisas acadêmicas pudessem se mostrar úteis para o cotidiano de profissionais que atuam diretamente na preservação de bens culturais, alcançando o público em geral, por meio de oficinas gratuitas e da própria publicação deste e-book.

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