Livro da HCB

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CAHORA BASSA, UM EMPREENDIMENTO EM TRANSFORMAÇÃO A CHANGING ENTERPRISE 2022
CAHORA BASSA, UM EMPREENDIMENTO EM TRANSFORMAÇÃO A TRANSFORMING ENTERPRISE
CAHORA BASSA,
3 ÍNDICE INDEX Mensagem de Sua Excelência Filipe Jacinto Nyusi Presidente da República de Moçambique Message from His Excellence the President of the Republic of Mozambique Filipe Jacinto Nyusi Prefácio Introduction ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––Missão | Visão | Valores Mission | Vision | Values Percurso histórico da HCB HCB’s historical route –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––Breve caracterização da Bacia do Zambeze Brief Characterization of the Zambezi Basin Responsabilidade Social Social Responsibility ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––Relações Comerciais Business Relationships Gestão Ambiental Environmental Management ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––Características Técnicas Technical Data –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––Construção da Barragem Dam Construction ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––Reabilitação Rehabilitation –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––Vila de Songo Songo Village –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––Cronologia Choronology ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––Corpos Sociais 1975–2022 Governing Bodies 1975–2022 ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14
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Onde fica Cahora Bassa?

Situada a 33ºE, 15ºS e a 120km da cidade de Tete, a Barragem de Cahora Bassa deu origem ao segundo maior lago artificial de África e possibilitou a navegação numa extensão de 250km, abrangendo uma área superior a 2.500km2.

Where HCB is located?

Situated 33°E, 15°S and 120km from the city of Tete, the Cahora Bassa dam has led to the creation of Africa’s second largest artificial lake, and enabled navigation over a stretch of 250km, covering an area greater than 2,500km².

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Mensagem de Sua Excelência Filipe Jacinto Nyusi Presidente da República de Moçambique Message from His Excellencethe Filipe Jacinto Nyusi President of the Republic of Mozambique

Sua Excelência FILIPE JACINTO NYUSI Presidente da República de Moçambique

Cahora Bassa is the main source of power generation in our country. Therefore, more than a symbol that is the object of the pride of all Mozambicans, the enterprise is one of the pillars of our development, because it leverages the production of all economic sectors, enabling the production of mechanization of agro-processing, irrigation of agricultural fields, conservation of various products, the promotion of industry and the expansion of health and education services, in addition to the lighting of our country.

The reversion of Cahora Bassa, which occurred on November 27, 2007, is a milestone history and, over these 15 years, we have to highlight:

• First, Mozambique has expanded the electricity grid for the national development and we are making strides towards achieving our objective: “Energy For All”, the materialization of which is a reflection of the inclusion of all Mozambicans in the development process. That’s how Cahora Bassa makes the bridge between the different regions of our vast country, unifies the provin ces, and echoes the name of Mozambique;

• Second, energy, being an exportable product, has become an asset for Mozambique’s geos trategic positioning in the region. It points out that we allocate more energy to our neighbor Zimbabwe, we have maintained our commit ments to South Africa, and have a significant step towards connecting this venture to our nei ghbouring Malawi, in addition to strengthening the relationship with others Southern Africa Power Pool (SAPP) countries.

Cahora Bassa é a principal fonte de geração de energia no nosso país. Por isso, mais do que um símbolo que é objecto do orgulho de todos os moçambicanos, o empreendimento constitui um dos pilares do nosso de senvolvimento, pois que permite alavancar a produção de todos os sectores económicos, propiciando a mecani zação do agro-processamento, a irrigação dos campos agrícolas, a conservação de diversos produtos, a promo ção da indústria e a expansão dos serviços de saúde e educação, além da  iluminação do nosso país.

A reversão de Cahora Bassa, ocorrida a 27 de Novem bro de 2007, é um marco histórico e, ao longo destes 15 anos, temos a destacar:

Primeiro, Moçambique expandiu a rede eléctrica para o desenvolvimento nacional e estamos a passos largos para a concretização do nosso objectivo:

• “Energia Para Todos”, cuja materialização é o reflexo da inclusão de todos os moçambicanos no processo de desenvolvimento. É assim que a Cahora Bassa faz a ponte entre as diferentes regiões do nosso vasto país, unifica as províncias, e faz eco do nome que se chama Moçambique;

• Segundo, a energia, sendo um produto exportável, passou a ser um activo para o posicionamento geoestratégico de Moçambique na região. Nes te contexto, ressalta que alocamos mais energia para o nosso vizinho Zimbabwe, mantivemos os nossos compromissos com a África Sul,  e demos um passo significativo para a ligação deste empreendi mento ao nosso vizinho Malawi, além do fortaleci mento do relacionamento com os outros países da Southern Africa Power Pool (SAPP).

Adicionalmente, a reversão propiciou o processo de inclusão na estrutura accionista de moçambicanos, por

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More than a pride one of the pillars of our development
Mais do que um orgulho, um dos pilares do nosso desenvolvimento

Additionally, the reversion provided the process of inclusion of Mozambicans in the shareholder structure, through the dispersion of shares on the Stock Exchange, and with great satisfaction we noted the record of historical net results last year.

At the present time Cahora Bassa has also anticipated the transition by generating clean and renewable energy, which enriches our matrix and sets a framework for the development of sustainable similar infrastructures in the future, taking into account the enjoyment of capacities and skills acquired by Mozambican staff.

Because of its characteristics, in addition to the sustainable development in energy generation this venture exemplifies cohabitation with tourism and fishing.

At this time, as we celebrate the 15th anniversary of the reversion of HCB, I want to leave a word of recognition to all who supported Cahora Bassa, whether employees, or shareholders, or as directors of state institutions.

This book underlines Cahora Bassa’s beautiful trajectory, its growth, recognition and importance, as well as the significant contributions arising from existence and affirmation in the regional and national context.

Mozambicans expect Cahora Bassa to remain one of the catalysts of the Mozambican economy and the region.

Thank you Cahora Bassa The Pride of Mozambique

Cahora Bassa, The Pride of Mozambique  Maputo, 27th November, 2022

via da dispersão de acções na Bolsa de Valores, e com muita satisfação notamos o registo de resultados líqui dos históricos no ano transacto.

No momento actual, a Cahora Bassa também anteci pou-se à transição ora em curso, por gerar energia limpa e renovável, o que enriquece a nossa matriz energética e estabelece um marco para o desenvolvimento de empreendimentos similares no futuro, tendo em con sideração o usufruto de capacidades e competências adquiridas por quadros moçambicanos.

Pelas suas características, além do desenvolvimento sus tentável da geração de energia, este empreendimento exemplifica a coabitação com o turismo e a pesca.

Mas seria redutor ver Cahora Bassa apenas na relação que mantém com os clientes que procuram a energia. Com efeito, Cahora Bassa toca os corações dos moçam bicanos pelo seu contributo na educação, no despor to, na saúde e noutras áreas de bem-estar social que ultrapassam a Vila do Songo, em Tete.

Neste momento, em que celebramos os 15 anos da reversão da HCB, quero deixar uma palavra de reconhe cimento a todos os que apoiaram a Cahora Bassa, quer como colaboradores,ou accionistas, quer como dirigen tes das instituições do Estado.

Este livro sublinha a belíssima trajectória de Cahora Bassa, seu crescimento, reconhecimento e importância, bem como os contributos significativos decorrentes da sua existência e afirmação no contexto regional e nacional.

A expectativa dos moçambicanos é de que a Cahora Bassa continue a ser um dos catalisadores da economia moçambicana e da região.

Bem-haja Cahora Bassa Bem-haja o Orgulho de Moçambique  Cahora Bassa, o Orgulho de Moçambique  Maputo, 27 de Novembro de 2022

Filipe Jacinto Nyusi Presidente da República de Moçambique

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Filipe Jacinto Nyusi
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Prefácio Introduction

On November 27, 2007, the Cahora Bassa Hydroelectric Power Plant was reversed to the Mozambican State, a moment of great importance that marked the history of Mozambique and the southern region of Africa.

It is an event that we relive with the very present memory, for at that moment we were given the honorable mission and responsibility to manage the company and bring it to a good port.

The history of HCB was marked by actions aimed at increasing the levels of energy production of the company, in order to benefit its legitimate owners, the Mozambican State and its people

A 27 de Novembro de 2007 ocorreu a reversão da Hidroeléctrica de Cahora Bassa para o Estado moçambicano, um momento revestido de muita importância e que marcou a história de Moçam bique e da região austral de África.

Trata-se de um acontecimento que revivemos com a lembrança bem presente, pois naquele momento foi nos atribuída a honrosa missão e responsabilidade de gerir a empresa e levá-la a bom porto.

A história da HCB ficou marcada por acções que visavam aumentar os níveis de produção energé tica da empresa, por forma a beneficiar os seus

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Presidente
We are the energy of the present and future generations Somos a energia do presente e das gerações futuras

with the fruits of this reversion. It is in this context that we achieve record levels of production, as a result of the commitment of the company’s management bodies and our employees in general. In addition to the commitment of human capital, the phased modernization of the equipment, which followed after the reversion of HCB, contributed to a better performance of the enterprise.

The process of increasing annual production contributed, particularly on a large scale, so that HCB, already under Mozambican management, could honour its commitments and pay for the first time to the majority shareholder, the Mozambican State, its dividends, an act that has become continuous to date, and extended to citizens, companies and national institutions that have become shareholders of the company.

However, it was not only the Mozambican State dividends that began to be paid, because from that year on, the concession fee and its taxes were also paid, which obviously contributed to the growth of the state budget and to the construction of more economic and social infrastructure and other relevant actions to the country.

Another factor worth mentioning and which was also the result of Cahora Bassa’s reversion was the exponential increase in the area of social support. It was through this social support that, for example, HCB built from scratch the District Hospital of Zumbo, an infrastructure that changed the life of its population, which no longer needed to resort to neighboring countries for their health care.

The village of Songo benefited from the rehabilitation of its social infrastructures, namely the construction of roads, streets, the improvement of health services, educational institutions, leisure areas, among other actions, which attracted more people and businesses to the region.

legítimos donos, o Estado moçambicano e o seu povo com os frutos desta reversão. É neste contex to que alcançamos níveis recordes de produção, em resultado do empenho dos órgãos de gestão da empresa e dos nossos colaboradores em geral. Para além do empenho do capital humano, a modernização faseada dos equipamentos, que se seguiu após a reversão da HCB, contribuiu para um melhor desempenho do empreendimento.

O processo de aumento da produção anual con tribuiu, particularmente, em grande escala, para que a HCB, já sob gestão moçambicana, pudesse honrar com os seus compromissos e pagasse pela primeira vez ao accionista maioritário, o Estado moçambicano, os seus dividendos, acto que se tornou contínuo até à data, e extensivo aos cida dãos, empresas e instituições nacionais que se tornaram accionistas da empresa.

No entanto, não foram somente os dividendos do Estado moçambicano que passaram a ser pagos, pois a partir daquele ano passaram a ser igual mente pagos a taxa de concessão e os respectivos impostos, o que obviamente veio a contribuir para o crescimento do orçamento do Estado e para a construção de mais infra-estruturas económico -sociais e outras acções relevantes ao país.

Um outro factor digno de se mencionar e que foi igualmente resultado da reversão de Cahora Bassa foi o aumento exponencial na área de apoio social. Foi através deste apoio social que, a título de exemplo, a HCB construiu de raiz o Hos pital Distrital de Zumbo, uma infra-estrutura que mudou a vida da sua população, que não mais precisou de recorrer aos países vizinhos para a sua assistência sanitária.

A Vila do Songo beneficiou da reabilitação das suas infra-estruturas sociais, nomeadamente, a construção de estradas, de arruamentos, da melhoria dos serviços de saúde, instituições de ensino, áreas de lazer, entre outras acções, o que atraiu mais pessoas e negócios para a região.

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In addition to the benefits, in terms of infrastructure and services, the population of Songo also benefited from the hiring of employees locally, which contributed to the increase in the income of their families, as well as to the acquisition and updating of technical knowledge, and not only by the hired workers.

We also launched the “local content” initiative, which meant that HCB began to give priority to the acquisition of goods and services on the domestic market whenever they existed.

The modernization of HCB equipment in the first years, after its reversion, allowed the increase of the quality and quantity of energy distributed in the country, through the Electricity of Mozambique, which began to receive a higher quota than previous years.

It also allowed the drafting and updating of energy contracts with its regional customers in South Africa and Zimbabwe, through Eskom,

Para além dos benefícios, em termos de infra-es truturas e serviços, a população de Songo benefi ciou, igualmente, da contratação de colaborado res, localmente, o que contribuiu para o aumento da renda de suas famílias, bem como para a aqui sição e actualização de conhecimentos técnicos, e não só, por parte dos trabalhadores contratados.

Lançamos, igualmente, a iniciativa “conteúdo local”, que significou que a HCB passou a dar prio ridade à aquisição de bens e serviços no mercado nacional, sempre que estes existissem.

A modernização de equipamentos da HCB nos primeiros anos, após a sua reversão, permitiu o aumento da qualidade e quantidade de energia distribuída no país, através da Electricidade de Moçambique, que passou a receber uma cota superior aos anos anteriores.

Permitiu, ainda, elaborar e actualizar os contra tos de energia com os seus clientes regionais na África do Sul e no Zimbabwe, por via da Eskom,

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ZESA, respectively, so that they could also enjoy the energy of Cahora Bassa, now in new clothing.

It was also during this period that HCB became part of the Mozambique Stock Exchange, through the realization of a Public Sale Offer, unprecedented in the country’s history, of 7.5% of its shares, directed to Mozambican citizens, companies and national institutions, and it was from this moment that HCB became truly mozambican.

HCB is a fundamental part of the national and regional energy matrix, the impact of which we want to make itself felt in the present and future generations. We celebrate the 15th Anniversary of HCB’s Reversion with a feeling of great pride, but aware that there is still much to be achieved and that there are many challenges ahead.

ZESA, respectivamente, para que estes pudessem igualmente usufruir da energia de Cahora Bassa, agora com nova roupagem.

Foi, igualmente, neste período que a HCB passou a fazer parte da Bolsa de Valores de Moçambique, através da realização de uma Oferta de Venda Pública, sem precedentes na história do país, de 7,5% das suas acções, dirigida a cidadãos mo çambicanos, empresas e instituições nacionais, sendo que foi a partir deste momento que a HCB passou a ser verdadeiramente dos moçambicanos.

A HCB é uma peça fundamental na matriz ener gética nacional e regional, cujo impacto quere mos que se faça sentir no presente e nas gerações futuras. Comemoramos os 15 anos de Reversão da HCB com um sentimento de muito orgulho, mas conscientes de que ainda há muito por con cretizar e de que há muitos desafios pela frente.

Boavida Muhambe

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Missão | Visão | Valores Mission | Vision | Values

VISION

To be an international reference company, decisively boosting the development of the national and regional energy matrix.

MISSION

Explore with excellence the Cahora Bassa enterprise, contribute to the expansion of the use of the country’s energy potential, competing in the domestic and regional markets, in a sustainable and socially responsible way.

VALUES

Excellence

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Integrity Pride Team Spirit Responsibility Innovation

VISÃO

Ser empresa de referência internacional, impulsio nando decisivamente o desenvolvimento da matriz energética nacional e regional.

MISSÃO

Explorar com excelência o empreendimento Cahora Bassa, contribuir para a expansão do aproveitamen to do potencial energético do País, competindo nos mercados interno e regional, de modo sustentável e socialmente responsável.

VALORES

Excelência

Integridade

Orgulho Espírito de Equipa Responsabilidade

Inovação

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CAHORA

Percurso histórico da HCB

HCB’s historical route

The Zambezi River possesses the spectacular grandeur particular to all great works of Nature. Along its 2,700km of lenght, it courses through landscapes of great beauty and diversity, spread over cloudy plateaus and endless plains; fiercely meandering through deep valleys and narrow gorges; spewing abruptly into impressive waterfalls, such as Victoria Falls.

It is, however, Mozambique that Zambezi offers one of the most spectacular views, one of indomitable force, living in a awe every traveller that comes to its presence. In a spot of difficult access, known as the ‘Cahora Bassa Gorge’, the river flows through a narrow and deep section of the Zambezi Valley, whose vertical rough granite banks reach level differences of around 100 metres.

‘Cahora Bassa’, - ‘work is finished’ (‘acabou trabalho’) in the local idiom is this fact, this natural barrier that the river imposes on man, preventing navigation towards the interior.

The river and its tributaries shelter one of the richest ecosystems in our continent, having given rise to natural parks and reserves, spawning a demanding and international tourism where contact with the Nature and the wild fauna is considered prime.

The river was and is, since always, not only a reason for hope, fertility and riches, but also the cause of tragedy, suffering and death. The people inhabiting its margins, whose subsistence depends on the river, know it well. This is why they invoke the spirit of the great river - the ‘Nyaminymi’ - so that in won’t grow fierce, kill and destroy the villages along its banks.

Na distância do tempo…

O rio Zambeze tem a imponência espectacular das grandes obras da natureza. Ao longo dos seus 2700km de extensão, o rio corre por paisagens de grande beleza e diversidade, espraiando-se entre planaltos nublados e planícies sem fim; esbrace jando, furioso, entre vales profundos e gargantas estreitas; mergulhando abruptamente em cachoei ras impressionantes, como a de Victoria Falls.

É, porém, em Moçambique que o rio tem uma das suas visões mais impressionantes, de força indomá vel, impressionando todos os viajantes que ali es tiverem. Num local de difícil acesso, conhecido por “Garganta de Cahora Bassa”, o rio corre apertado numa secção estreita e profunda do vale do Zam beze, cujas vertentes a pique, de granito, agreste, atingem desníveis de cerca de 100 metros.

“Cahora-Bassa” - “acabou trabalho”, na língua da população local - tem que ver com este facto, com esta barreira natural que o rio impõe ao Homem, impedindo a sua navegação mais para o interior.

O rio e os seus afluentes dão guarida a um dos ecossistemas mais ricos e importantes do nosso continente, tendo dado origem ao surgimento de parques e reservas naturais, alimentando uma ac tividade turística exigente e de nível internacional, privilegiando o contacto com a natureza e a fauna selvagem.

O rio foi e é, desde sempre, motivo de esperança, fecundidade e riqueza. Mas também de tragédia, sofrimento e morte. Os povos que habitam as suas margens e de que dele dependem para a sua existência sabem-no bem. Assim, invocam o espí rito do grande rio - o Nyaminymi - para que este não se enfureça e não mate e destrua as aldeias ribeirinhas.

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In the distance of time...

The first communities that settled in Mozambique tended to settle along the coast where the coral reefs allowed fishing and gathering os molluscs as an additional source of food. The contact between the people in coastal areas and those in the interior occured preferentially throug the Limpopo and Zambezi rivers.

In the Zambezi Valley, the villages favoured by the abundance of natural stone, possessed structures made of granite, schist and limestone, also benefited from the existence of a large number of natural resources that facilitated trade and cultural exchanges with the coastal communities.

The existence os ‘stone cities’ was, for quite a while, a reason for amazement and perplexity, but they were justified by the presence of foreign peoples in the region. Here would have been the location of the mytical Ophir of Queen of Sheba fame.

One of the first African kingdom in the region - Mapungubwe - located by the river Limpopo, reveals the existence of an elite inhabiting a walled hill, whose economy was primarily based on the raising of cattle and the trade of gold and ivory.

The State that succeed that one, located in the ‘Great Zimbabwe’, essentially replicated the same social and economic model, althoug the ‘Zimbabwe culture’ evidenced a considerable level of sophistication in relation to the previously existing States. This model would repeat through subsequent kingdoms, such as theMWenemutapa Empire, the Torwa State and the Changamire Rozvi Kingdom.

Besides the ‘Great Zimbabwe’ there were other ‘regional centres’, similarly inhabitated, surrounded by stone walls, such as that of Manyikeni, about 50km of the Vilankulo Bay and 450km from the ‘Great Zimbabwe’. It was probably the seat of the dynasty and a trade centre.

As primeiras comunidades humanas, em Moçam bique, tiveram a tendência de fixar-se ao longo da costa, onde os recifes de coral permitiam a pesca e a recolha de moluscos, como fonte alimentar adicional. As relações entre a costa e o interior eram feitas preferencialmente por via dos rios Limpopo e Zambeze.

No vale do Zambeze, o povoamento foi favore cido pela existência de muita pedra, permitindo a construção de amuralhados em granito, xisto e calcário, e da existência da concentração da grande maioria dos recursos naturais, facilitando o comércio com a costa e os contactos culturais.

A existência de “cidades de pedra” foi, durante muito tempo, motivo de espanto e perplexidade, justificando-se a sua existência pela presença de povos estrangeiros na região. Aqui ficaria localiza da a mítica Ofir da rainha do Sabá.

Um dos primeiros Estados africanos na zona - Mapungubwe-, situado no rio Limpopo, revela -nos a existência de uma elite habitando numa colina amuralhada, cuja economia assentava fundamentalmente no gado e no comércio de ouro e marfim.

O outro Estado que lhe sucedeu, centrado no Grande Zimbabwe, reproduzia essencialmente este modelo social e económico, ainda que a «cultura Zimbabwe» representasse um conside rável grau de sofisticação em relação aos Esta dos anteriores. Este modelo viria a repetir-se em outros reinos que lhe sucederam, como o Império doMWenemutapa, o Estado Torwa e o reino de Changamire Rozvi.

Além do Grande Zimbabwe, existiam outros «centros regionais», igualmente com habitações circundadas por muralhas de pedra, como o de Manyikeni, a 50km da baía de Vilankulo, e a cerca de 450km do Grande Zimbabwe. Ele constituía, provavelmente, a sede de uma dinastia e um entreposto comercial.

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Having been abandoned in the 16th-17th centuries, it is thought that this must have happened as a consequence of the Shona expansion to the North and the transfer of the political power seat to the Zambezi basin, as well as due to the implantation of the Portuguese political and military hegemony in Sofala (1505) and the Island of Mozambique (1507).

The success of the Zambezi River route, from the 14th century onward, is related to the gradual replacement of the River Sabi as the main access to the ‘Great Zimbabwe’, and from which depended its prosperity.

From early times the Mozambican coastal communities were part of the Indian Ocean’s trading dynamic, encompassing not only the Arabian and Middle-East merchants, but also those from India, China and Indonesia.

Probably, the most ancient reference to Africa and its coasts is the surprising story of a possible circum-navigation trip undertaken by a small group of travellers sent by the Egyptian King Necho in 610 or 600 B.C. to explore the area. The detailed account of this voyage explains that the men, when navigating westward, had the Sun to the side of their right hand.

An acient Arab document - an instruction manual for the pilots hugging the Eastern Africa coast - known as the ‘Eritrean Sea Periplus’ written in 60A.D., gives precise information of places such as Dar-es-Salaam, Bagamoyo and possibly Kilwa.

Later, many other Arabian geographers would write about this coast, confirming it is inhabitated from the year 740 onwards. The Sofala port, as well as other more southerly anchorage spots would come into existence not long after, while navigation along the river had been happening since, at least, the second half of the 12th Century.

O seu abandono, nos séculos XVI-XVII, deverá estar relacionado com a expansão Shona para norte e com a transferência do centro do poder político para a bacia do Zambeze, bem como a implantação da autoridade político-militar portu guesa em Sofala (1505) e na Ilha de Moçambi que (1507).

O sucesso da rota, por via do rio Zambeze, a partir do século XIV, tem a ver com a substituição gradual do rio Sabi como principal acesso para o Grande Zimbabwe e do qual dependia a sua prosperidade.

Desde muito cedo que o litoral moçambicano se integrou na dinâmica comercial do Oceano Índico, abrangendo não só os comerciantes da Arábia e do Médio Oriente, mas ainda mercado res da Índia, China e Indonésia.

Provavelmente, a referência mais antiga a África e à sua costa é a história surpreendente de uma possível viagem de circum-navegação realizada por um pequeno grupo de viajantes, enviado pelo rei egípcio Necho, em 610 ou 600 antes da nossa era.

A descrição relata detalhadamente homens que, quando navegavam para oeste, tinham o Sol do lado da sua mão direita.

Um antigo documento árabe - um livro de ins truções para os pilotos que bordejavam a costa oriental africana - , conhecido por «Periplus do Mar Eritreu», escrito em 60 da nossa era, dá in dicações seguras de locais como Dar-es-Salaam, Bagamoyo e, possivelmente, Kilwa.

Posteriormente, muitos outros geógrafos árabes viriam a escrever sobre esta costa, confirmando a ocupação da mesma a partir de 740. O Por to de Sofala e outros ancoradouros mais a sul viriam a estabelecer-se não muito para além desta data, enquanto a navegação ao longo do rio se fazia, pelo menos, desde a segunda meta de do Século XII.

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CAHORA

It is not difficult to believe that the Portuguese population of the Sena region would have settled on, or nearby, the Seyouna, a fact referred to in Arabian chronicles.

Ali Massudi describes for us a very clear vision of its extension and the products that were traded on the Eastern Africa coast. Gold trade could already be considered as important, if we take into consideration the fact that it was the object of comments and speculation. Some estimates place the mining and trading of gold in Zimbabwe, before the appearense of the Portuguese in the region, between 567,000 and 850,500 grams per year.

The river’s predominance as a means of access to the interior would prevail throughout the 16th, 17th and 18th centuries, now under the control of the Portuguese. In fact, after the building of the Sofala fortress in 1505, that route became rapidly obsolete due to the predominance of trading routes to the north of the river.

The Portuguese merchants were thus made to establish settlements in Sena and Tete, which would, from the beginning, assume a strategic importance for the Portuguese trading activities. Sena would become during that time the main Portuguese trading centre in Mozambique.

This penetration and gradual replacement of the Arab and Swahili-speaking merchants was achieved through great violence, with the active participation of the African aristocracies. The decline of the Marave States, located to the north of the Zambezi, is directly related to the conflicts with the local aristocracies for the control of the ivory trade and to the growing interference of the Portuguese ‘prazeiros’1 in the daily life of these African kingdoms and in the commercial coastal routes.

These ‘prazeiros’, previously Portuguese merchants and outlaws, now transformed into

Não é difícil acreditar que a povoação portugue sa de Sena se tivesse estabelecido no local ou nas imediações de Seyouna, referida nas crónicas árabes.

Ali Massudi dá uma visão muito clara da sua extensão e dos produtos que eram comerciados na costa oriental africana. O comércio do ouro podia considerar-se já bastante significativo, sendo mesmo motivo de comentários e especula ção. Algumas estimativas revelam que, antes do advento dos portugueses na região, o Zimbabwe minerava e comerciava já entre 567 000 gramas a 850 500 gramas de ouro por ano.

A importância do rio como fonte de acesso ao interior manter-se-ia ao longo dos séculos XVI, XVII e XVIII, agora sob o controlo português. Na verdade, após a construção da Fortaleza de Sofala, em 1505, esta entrou rapidamente em decadência, em virtude das rotas comerciais se terem desviado para o norte do rio.

Os comerciantes portugueses foram assim obri gados a estabelecer povoações em Sena e em Tete, que viriam a assumir desde então uma importância estratégica na actividade comercial portuguesa. Sena viria mesmo a tornar-se, no de correr daquele período, o principal centro comer cial português em Moçambique.

Esta penetração e gradual substituição dos mercadores árabes e swahili fez-se num cenário de grande violência, com a participação activa das aristocracias africanas. A decadência dos estados Marave, cuja fixação ocorreu a norte do Zambeze, está directamente relacionada com os conflitos entre as aristocracias locais para asse gurar o controlo do comércio do marfim e pela interferência crescente dos prazeiros portugueses na vida destes reinos africanos e no controlo das rotas comerciais com a costa.

Estes prazeiros, antigos mercadores e foragidos portugueses, agora transformados em grandes

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great landowners who obtained their land through grants, purchase or conquest, assimilated the local African communities and influenced them decisively.

Their economy was essentially based, initially, on gold and ivory, and later on slaves. Man-hunting would become the most important source of trade from the 18th Century onward, having supplanted the gold - and ivory - based trade.

The slaves were acquired by the French for their sugar plantations in the Indic Ocean islands. Later, Mozambican slaves were also sent to South America, mainly to Brazil.

Between 1815 and 1820, just in the Zambezi Valley’s ‘prazos’ area, the flux of slaves mounted to 2,500 yearly and after 1820 it reached the 4,000 count.

The slave trade would profundly affect the Zambezi society, causing enormous instability and insecurity. This situation was further aggravated when the Portuguese authorities, responding to international pressure, initiate the repression of the slave trafic with the support of the English flotilla in the Indian Ocean.

This instability was also a result of the fact that the Portuguese authorities initiated the reinforcement of the administration policies in the colony and extinguished the system of ‘prazos’ in the Zambezi Valley. Locally, the memory of such ‘prazos’ dinasties, such as those of Pereira da Macanga, Vaz Anjos de Massingir and Cruz de Massangano, remained fiercely alive as this cycle ended with the Great Barue Revolt in 1917.

A new phase was then initiated in Africa, a phase that witnessed the awaking of the European potentates’ interest in the continent and the exploration of its resources. The figure of the explorer and his feats became extremely popular and fuelled the imagination of the crowds.

latifundiários, tendo obtido as suas terras graças à doação, compra ou conquista, integraram-se e influenciaram decisivamente as sociedades africanas locais.

A sua economia dependia essencialmente do ouro e marfim, numa primeira fase, e dos escra vos, numa segunda. A caça ao homem viria a ser a fonte mais importante do comércio a partir do século XVIII, suplantando o ouro e o marfim.

Estes homens eram adquiridos pelos franceses, indo trabalhar nas suas plantações nas ilhas do Índico. Num período mais tardio, escravos moçambicanos foram também enviados para a América do Sul, sobretudo para o Brasil.

Entre 1815 e 1820 só na região do Vale do Zam beze, na área dos prazos, foram escoados cerca de 2500 escravos por ano e, a partir dessa data, atingiu-se os 4000.

O comércio de escravos viria a alterar profun damente a sociedade zambeziana, provocando uma enorme instabilidade e insegurança. Esta situação viria ainda a agravar-se quando as auto ridades portuguesas, em resultado das pressões internacionais, iniciaram a repressão do tráfico, com o apoio da esquadrilha inglesa no Oceano Índico.

Esta agitação é ainda motivada pelo facto de as autoridades portuguesas terem iniciado o refor ço do seu aparelho administrativo na colónia, extinguindo então o sistema de prazos no vale do Zambeze. Na memória local, está ainda viva a resistência feroz, muitas vezes bem sucedida, de algumas destas dinastias prazeiras, como a dos Pereira da Macanga, dos Vaz dos Anjos de Massingir e dos Cruz de Massangano, terminan do este ciclo com a grande revolta do Báruè, em 1917.

Uma nova fase teve início, então, em África, com o despertar do interesse das potências europeias

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BASSA UM EMPREENDIMENTO EM TRANSFORMACÃO CAHORA BASSA A TRANSFORMING ENTERPRISE
CAHORA

David Livingstone was one of the notables in this group of trevellers who explored our continent. He came to the Zambezi Valley in 1856 and in 1858. His presence there was an additional element of disturbance for the Portuguese colonial government, not only because he revealed the atmosphere present in Zambezi where the ‘immorality and slavery worked their nature’, but mainly due to his attempt to establish a British colony in Central Africa, a course of action that would require navigating the Zambezi river and would endanger Portuguese hegemony in the region.

Such colony never really took root, not only because of the innatention of the British crown but also because Livingstone did not understand that this river never became a great trade route to the Central Africa region due to the problems of navigating it.

In his exploration travels he tried, albeit unsuccesfully, to visit Cahora-Bassa, first in November 2nd, 1858, then again on the 22nd having remained there until December 7th, the day when he finally realized that his ship would not be able to overcome that natural frontier.

In his previous crhonicles, Livingstone declared he had been the first traveller to arrive at the local rapids, a boast that was totally untrue.

The Portuguese had already come to it 300 years before and references to its waterfalls were included in maps of the region 100 years before Livingstone touched the that ground.

These chronicles would still have a preponderant role in the imperialist chessboard between the British and the Portuguese, resulting in the latter having disseminated an important group of documents throughout the international community to refute the renowed explorer inacurancies.

pelo nosso continente e pela exploração dos seus recursos. A figura do explorador tornou-se popu lar e os seus feitos tinham grande repercussão, alimentando o imaginário das multidões.

David Livingstone faz parte deste grupo de via jantes ilustres que percorreu o nosso continente, tendo estado no Vale do Zambeze em 1856 e em 1858. A sua presença foi mais um elemento de perturbação para as autoridades coloniais portu guesas, não só por relatar o ambiente vivido na Zambézia, «onde a imoralidade e a escravidão realizaram a sua obra», mas, fundamentalmente, pela tentativa de fundar uma colónia britânica na África Central, o que implicaria a liberdade de navegação no rio Zambeze, pondo em perigo a soberania portuguesa na região.

A colónia nunca viria a vingar, em virtude do de sinteresse do governo britânico, mas também por Livingstone não ter percebido, entre outras coisas, que o rio nunca poderia ser uma grande via de comércio para a África Central, pelas dificuldades que impunha à navegação.

Nas suas explorações, o explorador tentou visitar Cahora Bassa, uma primeira vez, em 2 de Novem bro de 1858, sem sucesso, tendo regressado no vamente em 22 de Novembro, ali permanecendo até 7 de Dezembro, constatando então que o seu navio não poderia ultrapassar aquela fronteira natural.

Nos seus escritos posteriores, Livingstone apre sentava-se mesmo como o primeiro viajante a estar no local dos rápidos, o que era manifesta mente incorrecto.

Os portugueses já conheciam aquele local, pelo menos há trezentos anos, e as cataratas apa recem referenciadas nos seus mapas cem anos antes de Livingstone ter estado naquele local.

Estes textos viriam ainda a ter um papel impor tante no jogo imperialista, opondo britânicos e portugueses, obrigando os últimos a divulgar

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It would be out of the old ‘prazos’ that large commercial and agro-industrial enterprises would come into existence, some of which are still a reality in Mozambique’s economic existence, and whose activities had a main objective to supply the demand of the European industries as providers of raw materials.

Rubber, copra, oleaginous varieties and sugar were among the largest exports from the colony and the production of many of these strongly impacted the Zambezi landscape.

Beyond the first agricultural incursions into High Zambezi, mining exploration centered, of old, on gold mining. The ‘Empresa Mineira e de Navegação a Vapor do Zambeze’2, created in 1875 by the initiative of some local capitalists sought to explore the feasibility of iron ore and coal mining in Tete.

But it was only in 1923, with the advent of the ‘Société Miniére et Géologique du Zambezi’s’ activities that mineral coal would be mined, followed in 1948 by the ‘Companhia Carbonífera de Moçambique’.

The river experienced, at that time, intense navigation by wheel boats transporting both people and goods. The signing of the AngloPortuguese Agreement in 1891 opened the Zambezi to free navigation and contributed even further to the increase of river traffic.

From the 1920s Tete’s and Matundo’s traffic would also include transportation by means of barges.

Curiosly, it was about this time that the river startet losing its predominance as a communication route with the interior as a result of the construction in 1935 of the ‘Ponte D. Ana’3 (a remote reference to D. Ana Cativa, a ‘prazeira’ in that region), a marvel of industrial patrimony, following the

internacionalmente um importante conjunto de documentos para rebater os erros do célebre explorador.

Seria sobre o espaço dos antigos prazos que viriam a surgir grandes companhias comerciais e agro-industriais, algumas das quais ainda presen tes na vida económica moçambicana, cuja activi dade principal visava satisfazer a indústria euro peia, enquanto fornecedora de matérias-primas.

A borracha, a copra, as oleaginosas e o açúcar es tavam entre as maiores exportações da colónia, marcando, fortemente, algumas delas, a paisa gem zambeziana.

Na Alta Zambézia, para além das primeiras tentativas agrícolas, junta-se ainda a exploração mineira, cuja actividade na região, centrada no ouro, era secular.

A Empresa Mineira e de Navegação a Vapor do Zambeze, criada em 1875, por iniciativa de alguns capitalistas locais, procurava conhecer a viabilidade da exploração do ferro e do carvão de pedra em Tete.

Mas será apenas em 1923, com o início da actividade da Société Minière et Géologique du Zambéze, que se viria a explorar industrialmente o carvão mineral, a que se seguiria, em 1948, a Companhia Carbonífera de Moçambique.

O rio tem, nestes tempos, uma navegação inten sa, com os barcos de rodas que por ele circulam, transportando pessoas e mercadorias. A execu ção do acordo anglo-português de 1891, permi tindo a abertura do Zambeze à livre navegação, viria ainda aumentar o tráfego fluvial.

A partir da década de 1920 a ligação entre a cidade de Tete e Matundo passaria também a fazer-se por via de batelões.

Curiosamente, será por esta altura que o rio começa a perder a sua importância, enquanto via

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construction of the trans-Zambezi railroad in 1935.

Almost forty years later, in 1972, another bridge that connected the two banks of the Zambezi, this time for automobile traffic, would be inaugurated in the city of Tete, as a direct result of the Cahora-Bassa’s dam project.

From then on the river would be nostagically crossed by an old Portuguese gunboat, which, once a year, would travel to Tete as a sovereign trip.

de comunicação com o interior, com a inaugura ção da Ponte D. Ana, referência a uma remota D. Ana Cativa, prazeira naquelas terras, e uma das maravilhas do nosso património industrial, em 1935, no seguimento da construção da via férrea transzambeziana.

Quase quarenta anos depois, em 1972, viria a ser inaugurada nova ponte, esta rodoviária, ligando as duas margens do Zambeze, na cidade de Tete, estando a existência desta ligada directamente ao empreendimento da Barragem de Cahora Bassa.

A partir de então, o rio viria a ser nostalgicamente percorrido por uma velha canhoneira portuguesa que, uma vez por ano, ia até Tete em viagem de soberania.

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BASSA UM EMPREENDIMENTO EM TRANSFORMACÃO
ENTERPRISE
CAHORA
CAHORA BASSA A TRANSFORMING
Túnel de acesso à central Central access tunnel
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Barragem com comportas Dam with floodgates

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The hydrographic basin and Tete’s strategic importance

The Zambezi River’s hydrographic basin in the Central Africa region extends to the territories of Zambia, Congo, Namibia, Botswana, Zimbabwe, Malawi, Tanzania and Mozambique.

Encompassing a total area of about 1,390,000km2, the basin’s Mozambican territory occupies a 137,000km2 surface area.

Originating in Zambia and coursing through an enormous delta extending for more than 120km, the Zambezi reaches the Indian Ocean.

The Zambezi courses through level drops of 1,600 metres and along an extension of 2,700km, 830km of which in Mozambique.

It counts as main tributaries the rivers Kafué, Singhi, Binga, Luia, Aruângua and Chire, the later three in Mozambique territory and each one with basins measuring about 150,000km2 in area.

The Zambezi’s basin in Mozambique encompasses the totality of the Tete Province, part of the Zambezia, Sofala and Manica Provinces, a region that contains about one fourth of the entire Mozambican population.

Rainfall is fairly irregular with heavy precipitation (1,400 to 1,700 milimitres per year) in periphery areas situated around the basins, and lowprecipitation areas where precipitations reaches only 500 to 600 milimitres yearly.

A bacia hidrográfica e a importância estratégica de Tete

A bacia hidrográfica do rio Zambeze situa-se na região central de África e abrange territórios da Zâmbia, Congo, Namíbia, Botswana, Zimbabwe, Malawi, Tanzania e Moçambique.

Com uma área total de cerca de 1 390 000km², a área ocupada pela bacia em território moçambi cana é de 137 000km².

Entre a nascente, em território da Zâmbia, e a foz, no Oceano Índico, o rio desagua num enorme delta com mais de 120km de frente. O rio Zam beze tem um desnível de 1600m e desenvolve-se numa extensão de 2700km, dos quais 830km em Moçambique.

Como principais afluentes possui o Zambeze os rios Kafué, Singhi, Binga, Luia, Aruângua e Chire, estes três últimos de influência na bacia hidrográ fica em território moçambicano, e cada um com cerca de 150 000km² de bacia própria.

A bacia do rio Zambeze, em Moçambique, abran ge totalmente a província de Tete, parte das províncias da Zambézia, Sofala e Manica, e nela habitando cerca de um quarto da população de Moçambique.

A distribuição de chuvas é bastante irregular, pois há zonas de elevadas precipitações localizadas na periferia da bacia, com valores que variam entre 1400 e 1700mm por ano, e zonas de baixas pre cipitações, que se estendem ao longo do próprio rio Zambeze, com valores compreendidos entre 500 e 600mm anuais.

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Throughout the year the monthly precipitation can be divided in three periods: humidity from November to March, a transitional period during the month of April and then dry season from May to October.

During the rain season precipitation reaches about 80 to 90% of annual values, with the coast experiencing lighter rainfall during this season.

In order to further explore the Zambezi’s hydrological basin the pulviometric and hydrometric measurement resources were reinforced and condensed having reached a total of 330 pulviometric and 70 hydrometric stations in 1971.

The basins of the rivers Luenha, Luia, Revúbuè and Mavudezi merit special attention in that they are considered sufficiently representative to allow to extent the results to all the other tributary areas upstream of the Lupata Gorge.

It is worthy mention what has been said about the Cahora Bassa location.

When David Livingstone first arrived in Tete, in 1858, he thought that would be able to cross Cahora Bassa and wrote this question in his diary: ‘Will the Lord grant this honor to His servants in this expedition?’.

Later, more knowledgeble about Cahora Bassa he would state that ‘even a crocodile would not dare to enter it’.

At the end of the 19th Century, upon carrying out expedition trips in the Zambezi region, Hermenegildo Capelo and Roberto Ivens, Portuguese explorers, bring attention to the study of the pontential present in the region. Their travel map already included references to Cahora Bassa’s waterfalls.

Ao longo do ano hidrológico, a distribuição men sal de precipitação pode se dividir em três perío dos: um período húmido, que abrange os meses de Novembro a Março, um período de transição abrangendo o mês de Abril, e um período seco abrangendo os meses de Maio a Outubro.

No período húmido a chuva atinge valores próxi mos dos 80 a 90% da precipitação anual, sendo mais atenuada na orla marítima.

Para melhorar o conhecimento hidrológico da bacia do Zambeze, reforçou-se e adensou-se a ocupação pluviométrica e hidrométrica, alcan çando 330 postos pluviométricos e 70 estações hidrométricas em 1971.

As bacias dos rios Luenha, Luia, Revúbuè e Ma vúdezi mereceram especial atenção por se con siderarem suficientemente representativas para permitir a extensão dos resultados a todas res tantes zonas afluentes situadas a montante da garganta de Lupata.

É curioso mencionar o que alguns disseram sobre o local de Cahora Bassa.

O britânico David Livingstone, ao visitar Tete pela primeira vez, em 1858, julgou que seria capaz de atravessar Cahora Bassa e, no seu diário, pergun ta: «concederá, o Senhor, esta honra, aos seus servos nesta expedição?».

Mais tarde, já com maior conhecimento, viria a referir a cerca de Cahora Bassa que «nem um jacaré se atreveria a lá entrar».

Os portugueses Hermenegildo Capelo e Roberto Ivens, no fim do século XIX, chamam à atenção, após as suas explorações na região do Zambeze, para o estudo das potencialidades ali existentes. No seu mapa de viagem, as cachoeiras de Cahora Bassa aparecem já assinaladas.

Em 1905, o português Gago Coutinho empreen de uma viagem à região do Zambeze e refere,

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In 1905, the Portuguese Gago Coutinho initiates a voyage to the Zambezi region and in his travel diary he mentions the name of “Kaboura-Bassa, which in the local dialect, means “work went rotten.” In that chronicle he presents a substantial description of what is Cahora Bassa.

The collection of basic data was considered a priority from the start of the coordinated study of the Zambezi Valley, which covered important topographical surveys at several levels by photogrammetric means with the use of aerial photography.

Geologically, several maps in different scales were produced. In the Cahora Bassa region the map was executed at the geological and structural detail scale of 1:1,000.

The field pedologic studies were executed with the objective of producing terrain use maps and they evaluated an area of 5.5 million hectares.

Five usage groups were established as follows:

- The first, agricultural use irrigation terrains;

- The second, terrains to be used for agricultu re but needing recuperation and/or defense works, or for natural pastures and/or foresta tion;

- The third, non-arable terrain, but to use for natural pastures and/or forestation;

- The fourth, terrains which to be cultivated present a very difficult recovery process and/ or defense work and are not very effective for natural pastures;

- And, finally, the fifth group, covering “inselber gen”, rocky formations on the surface.

In short, the studies showed that of the 5.5 million hectares that were evaluated, 2.5 million offered arable soils and 2.2 million could

num relato de viagem, já o nome de «Kaboura -Bassa, que quer dizer, na linguagem local, apo dreceu o trabalho». Nesse seu relato apresenta uma descrição já circunstanciada do que é Caho ra Bassa.

A recolha de elementos de base foi considerada matéria prioritária desde o início do estudo coor denado do Vale do Zambeze, com a realização de importantes levantamentos topográficos a várias escalas, por processos fotogramétricos, com base em fotografias aéreas.

No âmbito da geologia, realizam-se cartas geo lógicas a várias escalas, que na zona da Cahora Bassa é geológica e estrutural de pormenor à escala de 1:1 000.

Os estudos pedológicos de campo foram efectua dos com o objectivo de se elaborarem cartas de solos e de utilização. Foram avaliados 5,5 milhões de hectares de terra.

Foram estabelecidos 5 grupos de utilização, sen do:

- O primeiro, de solos susceptíveis de utilização agrícola de regadio;

- O segundo, de solos que, para serem utilizados em agricultura, necessitam de obras de recu peração e/ou defesa ou, tendo aproveitamen to, em pastagem natural e/ou floresta;

- O terceiro, de solos não susceptíveis de utiliza ção agrícola, mas com aproveitamento em pastagem natural e/ou floresta;

- O quarto, de solos que, para utilização em agricultura necessitam de obras de recupera ção e/ou defesa muito difíceis, sendo pouco susceptíveis de aproveitamento em pastagem natural;

- E, finalmente, o quinto, constituído por insel bergen, aflorações rochosas à superfície.

40 CAHORA BASSA UM EMPREENDIMENTO EM TRANSFORMACÃO CAHORA BASSA A TRANSFORMING ENTERPRISE

be used for silvan-herding and forestation activities.

In terms of the navigational study, a hydrological survey of the Zambezi River was performed at the 1:10,000 scale, having resorted to Bathymetry - the measurement of the depth of the oceans, lakes and rivers and expressed cartografically by bathymetric curves which link the points situated at the same depth with vertical equidistant lines, much in the manner of the topographical studies isobath lines - with one-metre spaced bathymetric measurements, originating downstream of Mepanda-Uncua, for an extension of 550km up to the mouth of the river, including the main delta branches - the Rivers Chinde, Cuamaname by which the Zambezi was known in the 1500s, and Catarina.

These studies included the permanent observation of the suspended liquid and solid discharge flows, the tides, river and ocean currents, ocean waves and evolution of the ocean floor and the coastal rim. Reduced size models were built in Lisbon at the Laboratório Nacional de Engenharia Civil4 to facilitate the study of the Zambezi delta and its navigational conditions.

The construction of Cahora Bassa was the catalyst for this effort, in allowing the regulation of discharge flows, navigation in the Zambezi and production of inexpensive energy, as well as the leveraging of the exploration of the region’s agricultural resources and the coal and iron ore deposits.

The construction of the Cahora Bassa dam would allow:

- Regulation the discharges of the Zambezi River thus guaranteeing navigation downs tream of Cahora Bassa;

Em resumo, os estudos demonstraram que dos 5,5 milhões de hectares avaliados, 2,5 milhões de hectares eram solos aptos para o aproveitamento agrícola, e 2,2 milhões para a utilização silvo-pas toril e florestas.

Em relação ao estudo de navegação, fez-se o levantamento hidrográfico do rio Zambeze à escala 1:10 000. Com recurso à batimetria - que consiste na medição da profundidade dos oceanos, lagos e rios expressa cartografi camente por curvas batimétricas, que unem pontos da mesma profundidade com equidis tâncias verticais, à semelhança das curvas de nível topográfico -, efectuou-se o levantamento com batimétricas espassadas de um metro, com origem a jusante de Mepanda-Uncua, numa extensão de 550km, até à foz, incluindo os braços principais do delta: rios Chinde, Cua ma - nome pelo qual o Zambeze foi conhecido nos anos 1500 - e Catarina.

Estes estudos incluíram a observação perma nente dos caudais líquidos e sólidos arrastados e em suspensão, das marés, correntes fluviais e oceânicas, ondulação oceânica e da evolução dos fundos e da orla marítima. Modelos reduzi dos são construídos no Laboratório Nacional de Engenharia Civil, em Lisboa, tendo em vista o estudo do delta do Zambeze e as condições de navegabilidade.

A construção de Cahora Bassa era o elemento ca talisador, ao permitir regular caudais, permitindo a navegação do Zambeze e produzindo energia barata, e alavancar a exploração das riquezas agrícolas e dos jazigos de carvão e de ferro.

A construção da Barragem de Cahora Bassa permitia:

- Regularizar os escoamentos do rio Zambeze, permitindo garantir caudais mínimos suficien tes para possibilitar a navegabilidade a jusan te de Cahora Bassa;

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- Reduction of the intensity and frequency of the floods downstream of Cahora Bassa;

- Control of the eventual irregularities arising from the Kariba’s abnormal discharges;

- Retainment of the solid discharge flow equiva lent to, approximately, a 900.000km2 basin;

- Production of low-cost electrical energy;

- Establishment of navigational capability over an area of 250km upstream of Cahora Bassa;

- Promotion of the establishment of the fishing and tourist industries.

The existence of a plan, descrbing the Portuguese Colonial Government’s intention in populating the Zambezi River with one million inhabitants, who, together with the lake, would constitute a barrier to the expansion of Mozambique’s liberation war, initiated by the Frente de Libertação de Mozambique - FRELIMO5, on the 25th of September, 1964, ruled many people’s thoughts.

As History goes, the future of Mozambique would be played out in the Province of Tete. If, on the one hand the accidental orography of the Zambezi River, located in Province of Tete, deemed Cahora Bassa, the most appropriate location due to its constructability characteristics for the dam, on the other hand Tete Province would fulfill, for the Frente de Libertação de Mozambique - FRELIMO the important role of springboard to an expansion of the armed conflict to the South, after the not so successful opening of the military fronts in Nampula and Zambezia.

- Reduzir a intensidade e a frequência das cheias a jusante de Cahora Bassa;

- Dominar eventuais irregularidades provenien tes de escoamentos anormais de Kariba;

- Reter o caudal sólido correspondente a uma bacia da ordem dos 900.000km²;

- Produzir energia eléctrica a baixo custo;

- Estabelecer a navegabilidade numa extensão de 250km a montante de Cahora Bassa;

- Promover o estabelecimento de indústrias de pesca e turismo.

A existência de um plano dando conta da inten ção do governo colonial português em povoar o Vale do Zambeze com um milhão de colonos, os quais, juntamente com o Lago, poderiam consti tuir uma barreira à expansão da guerra de liber tação de Moçambique, iniciada pela Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), em 25 de Setembro de 1964, dominou o pensamento de várias personalidades.

Quis a história que na província de Tete se jogas se o futuro de Moçambique. Se, por um lado, os acidentes orográficos do rio Zambeze, localizado na província de Tete, conferiam a Cahora Bassa o local mais apropriado, pelas suas características, à construção da barragem, por outros motivos a mesma província desempenharia para a Frente de Libertação de Moçambique um papel impor tante de placa de expansão da luta armada para sul, depois dos sucessos menos conseguidos com a abertura das frentes militares de Nampula e da Zambézia.

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Várias actividades económicas desenvolvem-se na albufeira Various economic activities take place in the reservoir

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CAHORA BASSA UM EMPREENDIMENTO EM TRANSFORMACÃO CAHORA BASSA A TRANSFORMING ENTERPRISE Acessos a área de construção
Site access to the construction area

Construction Construção

March 1956 sees the first engineers’ visit to the Cahora Bassa rapids. The topographic configuration of the valley endowed this location with the appropriate characteristics for a hydraulic structure installation with the objective to dam the river for hydroenergy, thus following the forward thinking expressed by the Portuguese scientist Gago Coutinho when he performed the first cartographic survey of the Zambezi Valley between Tete and Zumbo.

One year later, the MFPZ - Missão de Fomento and Povoamento do Zambezi, was created with the objective of conducting the systematic reconnaissance of the Zambezi’s basin resources, of organizing plans for its development, and preparing the necessary projects.

Between 1958 and 1961, with the cooperation of HP - Hidrotécnica Portuguesa, the first preliminary and feasibility studies developed the General Scheme and Plan and the summary pre-project of the works and the planning of the projects of highest interest in the Zambezi region. With the creation of the GTZ - Grupo de Trabalho para o Zambezi6 a step forward was taken in the preparation of the project and the decision to build it.

In December 1966 HP is under contract to prepare the hydroelectric development project for Cahora Bassa. The contract was executed between the Portuguese Government and ZAMCO - Zambeze Consórcio Hidroeléctrico Lda., in September 1969. That same month the contract to supply energy to South Africa was signed with Eskom.

In September of 1969, construction project contracts worth 600 MUSD were signed in

Em Março de 1956 realiza-se a primeira visita de engenharia aos rápidos de Cahora Bassa. A con figuração topográfica do vale conferia ao local características adequadas para a instalação de uma estrutura hidráulica de represamento do rio com fins hidroenergéticos, dando assim segui mento às ideias avançadas no início do século XX pelo cientista português Gago Coutinho, quando realizou o primeiro levantamento cartográfico do vale do Zambeze, entre Tete e o Zumbo.

Um ano mais tarde era criada a Missão de Fo mento e Povoamento do Zambeze, com o objec tivo de proceder ao reconhecimento sistemático dos recursos da bacia deste rio, organizar os planos para o seu aproveitamento e desenvolvi mento e elaborar os projectos necessários.

Entre 1958 e 1961, com a colaboração da HP -Hidrotécnica Portuguesa, são desenvolvidos os estudos preliminares e de viabilidade e são apre sentados o esquema e plano gerais e os ante projectos sumários das obras e do planeamento dos aproveitamentos de maior interesse para a região do Zambeze. Com a criação do GTZ-Grupo de Trabalho para o Zambeze, é dado um passo em frente na elaboração do projecto e na decisão de construir o empreendimento.

Em Dezembro de 1966 é contratada a HP para elaborar o projecto de aproveitamento hidroe léctrico de Cahora Bassa, tendo o contrato de adjudicação da construção sido firmado entre o Estado português e o consórcio ZAMCO–Zambe ze Consórcio Hidroeléctrico, Lda., em Setembro de 1969. Nesse mesmo mês, é assinado com a Eskom o contrato de fornecimento de energia à África do Sul.

Em Setembro de 1969 foram assinados em Portugal os contratos de construção, num valor

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Portugal. A few months later the first few helicopters fly into the site and the first landing strips are built.

February 1970 witnesses the creation of a special body - the Zambezi Planning Officestructured in the mode and manner appropriate for the administration of a project of such magnitude and complexity, execution of the already adjudicated project, and principally, the gradual execution of the vast entire Zambezi region development plan.

The oversight previously attributed to the “Missão de Fomento e Povoamento do Zambezi”7 and the Zambezi Work Group, was transferred to the Zambezi Planning Office. This transfer of power transformed this office into an autonomous legal, administrative and financial entity, with its own assets, in order to facilitate the achievement of this multi-faceted task.

The consortium that received adjudication of this project, ZAMCO, included the cooperation of five countries - France, Germany, Italy, Portugal and South Africa.

Firstly, it was necessary to detour the river.

March 1972 - the construction of the energy wheeling lines is adjudicated and in May of this same year the temporary rerouting of the river was finalized, a stage that allowed the start of the foundation excavation and construction of the dam.

The temporary detouring of the river was achieved by the construction of two galleries, one on each margin, through which the waters flowed up to a volume of 4,500m3/second, and by two bulkhead gates. These structures allowed the laying of the dam foundations.

The bulkhead gates measured, on the right margin, 440 metres and on the left, 540 metres, both with a longitudinal incline of 1%.

total de 600 milhões de dólares. Poucos meses mais tarde, voam já os primeiros helicópteros no local e são construídas as primeiras pistas de aterragem.

Em Fevereiro de 1970, é criado um organismo especial - o Gabinete do Plano do Zambeze - de índole e constituição adequadas à envergadura e complexidade da tarefa de superintender, não só na execução do empreendimento já adjudicado, como, principalmente, na gradual realização de todo o vasto plano de desenvolvi mento integral da região do Zambeze.

Para este Gabinete foram transferidas as atribuições anteriormente cometidas à Missão de Fomento e Povoamento do Zambeze e ao Grupo de Trabalho para o Zambeze, sendo de destacar que lhe foi conferida personalidade jurídica e autonomia administrativa e financei ra, com património próprio, com o objectivo de facilitar a consumação da sua multifacetada tarefa.

O consórcio encarregado da construção, a ZAMCO, envolve cinco países - França, Alema nha, Itália, Portugal e África do Sul.

Primeiramente, era preciso desviar o rio.

Em Março de 1972 é adjudicada a construção das linhas de transporte de energia, e em Maio do mesmo ano é concluído o desvio provi sório do rio, que permite iniciar a escavação da fundação e a construção da barragem. O desvio provisório do rio foi constituído por duas galerias, uma em cada margem, por onde se desviaram as águas com caudais até 4500m³/ segundo, e por duas ensecadeiras, ao abrigo das quais foram executadas as fundações da barragem.

O comprimento das ensecadeiras foi de 440m para a da margem direita e de 540m para a da margem esquerda, ambas com uma inclinação longitudinal de 1%.

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Overall, it was necessary to open more than 10 kilometres of passages and tunnels through hard rock.

The annual tropical rains made the execution of the work difficult; the passable roads in the dry season became, during the rainy season, literal rivers that were hardly passable.

To allow the transport of heavy cargo, a 130km-long road, was built from Matambo, the crossing point of the national road connecting the city of Tete to the cities of Chimoio and Beira, to the construction site. In spite of the difficulties, this road was built in a mere seven months. New serpentine roads let from the Songo plateau downward to the bed of the river.

The Dam at Cahora Bassa was built in a narrow gorge of the Zambezi, at a “V” shaped location at the base, and almost vertical “U” shaped banks at the top. The gorge is cut into granitic gneiss, which is exposed at the surface.

The narrow ratio between the chord and the height of this location made it ideal for the installation of a double-curvature, dome-type dam. The dam measures 171 metres in height from the foundation at 160 metres (m.a.s.l.) and the top at 331 metres (m.a.s.l.).

The dam was erected from the sides in order to allow the water to flow in the middle, in case of floods.

The dam’s wall, at its thinnest measures 5 metres and at its thickest, 21.5 metres. Along the crest a viaduct was built with a width spanning 6 metres and 1-metre-sidewalks.

Five hundred thousand cubic metres of cement were used in the execution of this project, provided by the Dondo cement factory in the Province of Sofala, about 700km from the site.

No total foram necessários mais de 10km de caminhos e túneis através de pedra dura.

As chuvas tropicais dificultaram a realização dos trabalhos, as estradas transitáveis na época seca tornavam-se em rios no período das chuvas e de difícil travessia.

Para o transporte das cargas construiu-se uma estrada desde Matambo, o cruzamento da estra da nacional ligando a cidade de Tete às cidades de Chimoio e Beira, até ao local de construção. São cerca de 130km. Apesar das dificuldades, esta estrada foi construída em sete meses. Novas estradas em serpentina conduziam do planalto do Songo para baixo até ao leito do rio.

A Barragem de Cahora Bassa foi implantada numa estreita garganta do Zambeze, num local com secção em forma de V, na parte inferior, e vertentes quase verticais em forma de U na parte superior. A garganta está talhada em gnaisse granitóide charnoquítico, que se apresenta à superfície.

A reduzida relação entre a corda e a altura torna o local adequado à implantação de uma barra gem tipo abóbada, de dupla curvatura. A barra gem tem 171m de altura desde a cota da funda ção, a 160m, e o coroamento à cota 331m.

A espessura mínima da barragem é de 5m e a máxima de 21,5m. Ao longo do coroamento foi desenvolvido um viaduto com 6m de largura de faixa e passeios de 1m.

Na execução foram consumidos 500 000m³ de betão, sendo o cimento proveniente da Fábrica de Cimentos do Dondo, na província de Sofala, a 700km do local.

Os órgãos de descarga principais estão situados à cota 238,5, constituídos por oito comportas de secção rectangular, com entradas convergentes e arredondadas, e as suas dimensões são, à saída, de 7,80m de altura por 6m de largura.

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The main spillway gates are located at the 238.5 (m.a.s.l.), and are formed by eight rectangular flood-gates, with rounded and converging entries measuring, at the exit 7.80 metres high by 6 metres wide.

In the central area of the dam wall a surface gate was installed to allow for discharge floating debris and emergency spillage.

The spilling gates are grouped in two sets of four, symmetrically positioned in relation to the dam axis and forming with it a 4º angle so that the water jets converge over the riverbeb and not over the riverbanks. The exit from the spillgate jets is slanted and ascending in order to convey the jetof water sufficiently far to deviate its harmful effects from the bottom of the dam.

Construction of this project involved personnel of different nationalities. ZAMCO, the building consortium, employed about 1,200 workers annually recruited mainly from the Pronvice of Inhambane, as well as Malawians and some Zambians, given their experience working in South Africa gold mines with underground excavations and the use of explosives.

Non-skilled labor was hired locally. Technical and machine operator personnel grew, in 1970, to 750 of which 600 were Portuguese and 150 foreigners, primarily Italians, French, Germans and South Africans.

Notwithstanding the level of casualties due to accidents common to this type of work, in November of 1973, the collapse of the rocky roof of the North surge chamber caused the death of eight workers and stalled the work in that section during weeks, which translated into a delay of two months in the preset timeline.

Cahora Bassa is, above all, an immense logistical effort. The equipment used in this project was manufactured in Europe and its transport to the

Na zona central do corpo da barragem foi colo cado um descarregador de crista que permite a limpeza da albufeira e proporciona uma descar ga suplementar de emergência.

Os descarregadores estão reunidos em dois grupos de quatro, simetricamente dispostos em relação ao eixo da barragem, formando com este um ângulo de 4°, de modo a que os jactos de água convirjam sobre o leito do rio e não afectem as margens. A saída dos descarregado res é ascendente, de modo a conferir ao jacto de água alcance suficiente para afastar do pé da barragem os seus efeitos nocivos.

A construção do empreendimento envolveu pes soal de diversas nacionalidades. Para o pessoal local a ZAMCO, o consórcio construtor, empre gava anualmente cerca de 1200 trabalhadores, sendo os mesmos recrutados prioritariamente na província de Inhambane, bem como ma lawianos e alguns zambianos, dada a sua expe riência em trabalho nas minas de ouro na África do Sul, envolvendo escavações subterrâneas e o uso de explosivos.

O pessoal sem qualificações específicas era recrutado na região. O pessoal operador de equipamento e técnico ascendia, em 1970, a 750, dos quais 600 eram portugueses e 150 de outras nacionalidades, entre as quais, maiorita riamente, italianos franceses, alemães e sul-afri canos.

Não obstante o nível de fatalidades por aciden tes comuns neste tipo de trabalhados ser inferior à média, em Novembro de 1973 um colapso da parede da chaminé de equilíbrio norte vitimou oito trabalhadores e bloqueou o trabalho na referida secção durante semanas, causando um atraso de dois meses no cronograma.

Cahora Bassa é, antes de tudo, um grande esfor ço de logística. O equipamento foi produzido na Europa e o seu transporte foi uma odisseia de mais de 20 000km.

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site was an odyssey that extended over 20,000 kilometres.

Just the lower section of a turbine wheel measures 100 metres in diameter and weighs a total of 165 tons. The rotor’s diameter measures 13 metres and weighs 900 tons. Its assembly was a high precision maneuver executed down to the millimetre.

The water intakes for the five turbines for the South Cahora Bassa Station are independent and were incorporated into a single structure measuring 150 metres in width in between points 275 and 330 metres (m.a.s.l.).

To the water intake for each turbine follows the corresponding forced gallery with a 9.7 metre interior diameter, which conducts the water to the turbines located in the station’s powerhouse galleries. These galleries, lined with simple concrete, are steel lined in the last metres just before the turbines.

The station’s powerhouse gallery, 220 metres long, 29 wide and almost 60 metres high could hold two football fields and a 20-floor high building.

After passing through the turbines the water is distributed through galleries to the two surge chambers, one situated to the common north of groups 1, 2 and 3 and the other one situated at the north side and his common to the groups 1, 2 and 3, and the other, located at the south side and is common to groups 4 and 5.

From each surge chamber a gallery jets out, called tail race, lightly ascending upstream, and heavily ascending at the final section, with a return of the waters to the river with the sill at of 195 metres (m.a.s.l.). These two galleries measure 15 metres wide by 8 metres high and 242 and 322 metres, respectively.

The station comprises the following equipment:

- Five generator groups, each containing:

Só a parte de baixo de uma roda de turbina tem 100m de diâmetro e um peso total de 165 toneladas. O rotor tem 13m de diâmetro e pesa 900 toneladas. A sua montagem é de alta precisão ao milímetro.

As tomadas de água para as cinco turbinas da Central Sul de Cahora Bassa são inde pendentes e estão incorporadas numa única estrutura com 150m de frente que se desen volve entre as cotas 275 e 330.

À tomada de água de cada turbina segue-se a respectiva galeria forçada com um diâme tro interior de 9,7m, que conduz a água às turbinas localizadas na caverna da central. Estas galerias, revestidas a betão simples, são blindadas nos últimos metros antes das turbinas.

A caverna central com os seus 220m de com primento, 29m de largura e quase 60m de altura, tem lugar para dois campos de futebol e lá pode-se encaixar um prédio de 20 anda res.

Depois da água turbinada, esta é difundida por galerias até duas chaminés de equilíbrio, sendo a que se situa a norte comum aos gru pos 1, 2 e 3, e a que se situa ao sul comum aos grupos 4 e 5.

De cada chaminé de equilíbrio sai uma gale ria, a que se dá o nome de galeria de fuga, li geiramente ascendente para a jusante, sendo francamente ascendente no troço terminal, fazendo-se a restituição ao rio com soleira à cota 195. Os comprimentos destas duas galerias, cuja secção é de 15m de largura por 18m de altura, são de 242m e 322m, respec tivamente.

A central compreende o seguinte equipamento: - Cinco grupos geradores, cada um composto por:

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* One Francis turbine, maximum 415MW and a discharge flow of 452m3 per second;

* 480MVA alternator, nominal current of 16kV;

* A set of armoured bushbars connecting the main generator, at a current of 16kV to the elevator transformers;

*Three 16kV/220kV monophase elevator trans formers;

*Three 220kV monophase armoured cables, each measuring 400 metres in length.

- An air-conditioned system with an installed capacity of 2MW (above the consumption level of the city of Lichinga, the capital of the Province of Niassa);

- Infiltration waters drainage system capable of handling a total of 3,450m3 per hour, ear marked for the simultaneous discharges of the discharge galleries when maintenance work is being performed;

- An electrical diesel set with capacity for one thousand kVA, used for the emergency fee ding of priority auxiliary circuits.

Energy transmission from the aerial line-cable transition platform to the substation, about 6km away, is made by aerial lines at the rate of 220kV.

The substation occupies an area of 158,000m2 and includes:

- A 220kV lines farm;

- Alternate/continuous current conversion installation;

- A 400kV lines farm;

- Overall project centralized control building; - Equipment maintenance facility;

- General auxiliary support services diesel sta tion equipped with two 4,000kVA groups;

- Water-cooling tower.

* Uma turbina Francis para uma potência má xima de 415MW e um caudal de 452m3 por segundo;

* Um alternador de 480MVA, com tensão nomi nal de 16kV;

* Um jogo de barras blindadas ligando o gera dor principal à tensão de 16kV aos transfor madores elevadores;

* Três transformadores elevadores monofásicos de 16kV/220kV;

* Três cabos blindados monofásicos de 220kV, com o comprimento unitário de 400m.

- Um sistema de ar condicionado com uma po tência instalada de 2MW superior ao consu mo da cidade de Lichinga, capital da província do Niassa;

- Um sistema de drenagem das águas de infil tração com capacidade total de 3450m3 por hora, destinado simultaneamente ao esvazia mento das galerias de fuga, para trabalhos;

- Um grupo diesel eléctrico de 1000kVA destina do à alimentação de emergência dos circuitos auxiliares prioritários.

O transporte de energia, desde a plataforma de transição cabo-linha aérea até à subestação, distando cerca de 6km, é feito por linhas aéreas à tensão de 220 kV.

A subestação ocupa uma área de 158 000m2 e compreende:

- Parque de linhas de 220kV;

- Instalação conversora de corrente alternada/ corrente contínua;

- Parque de linhas a 400kV;

- Edifício de comando centralizado de todo o empreendimento;

- Instalação de manutenção do equipamento;

- Central diesel de apoio aos serviços auxilia res gerais equipada com dois grupos de 4 000kVA;

- Torre de arrefecimento de água.

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Continuous current energy transmission to South Africa is achieved through the use of two monopole lines, each of them equipped with a quadruple bundle aluminium-steel conductors, spaced 40cm apart, extending from Songo to the Apollo substation built in South Africa.

In case of failure of one of the lines, the other one may be kept running with energy return by ground. Under these conditions it is possible to maintain a 960MW power continuance and, in an emergency, 1,760MW for a maximum period of 72 hours, thus guaranteeing the supply to the only client to date, the Republic of South Africa.

Construction fn the Cahora Bassa dam occured during an important period of the history of the fight for national freedom. In fact, the Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) had decided, at the time that the works were initiated, for the intensification of the war in the Province of Tete and to the South.

The nationalistic strategy objectives, which were tired to the creation of an artificial lake upstream of Cahora Bassa from the Zumbo area and the colonizing of the Zambezi Valley by a million of settlers - a colonization decided upon by the colonial regime - made the crossing of the Zambezi river more difficult and complex due to the armed guerrilla units in the area.

Operations in the Province of Tete were intensified allowing, after a certain period of time, the Frente de Libertação de Moçambique - FRELIMO to open political-military fronts in Manica and Sofala. On the other hand, the liberated areas became safe reaguards for the intensifying of the fight in Zimbabwe and South Africa.

Guerrilla unit activities included attacks on the columns transporting by the road equipment and materials - the so-called critical loads,

O transporte de energia em corrente contínua para a África do Sul é efectuado por duas linhas monopolares, cada uma equipada com um feixe quádruplo de condutores alumínio-aço, espaça dos de 40cm que se estendem desde o Songo até à Subestação de Apollo, construída na África do Sul.

Em caso de avaria de uma das linhas a outra poderá ser mantida em serviço, com retorno de energia por terra, podendo nestas condições emi tir-se em permanência uma potência de 960MW e, em emergência, 1760MW durante um período máximo de 72 horas, permitindo assim garantir o abastecimento do único cliente à data, a Repúbli ca da África do Sul.

A construção de Cahora Bassa ocorreu num pe ríodo importante da história da luta de libertação nacional. Com efeito, a Frente de Libertação de Moçambique havia decidido, na altura em que foram iniciadas as obras, pela intensificação da guerra na província de Tete e pela expansão da mesma para sul.

Os objectivos da estratégia nacionalista pren diam-se com o facto de a criação de um lago artificial a montante de Cahora Bassa, a partir do Zumbo, e a instalação de um milhão de colo nos no Vale do Zambeze, decidida pelo regime colonialista, tornarem mais difícil e complicada a travessia do rio Zambeze pelas unidades de guerrilha.

As operações na província de Tete intensifica ram-se, de tal ordem que permitiram, após deter minado período, que a Frente de Libertação de Moçambique abrisse as frentes político-militares de Manica e Sofala. Por outro lado, as zonas libertadas tornaram-se retaguardas seguras para o desenvolvimento da luta no Zimbabwe e na África do Sul.

As operações das unidades de guerrilha incluíram ataques contra colunas que transportavam por estrada equipamento e materiais, a chamada

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from Beira to Songo via Chimoio - as attempt to produce delays in the construction of the project.

In order to face this strategy, the colonial regime decided to create the Cahora Bassa Defense Operation Command, based out of Chitima, close to Songo. The objectives of this post were to ‘isolate and maintain inexpuglable perimeter of 50km around the works and construction site, as well as a 200km long and 50km wide corridor between Songo and the city of Tete’.

This high-command had also been given the mission of guaranteeing the protection of the convoys transporting heavy loads from the Beira Port to Songo, via Chimoio.

Apart of the great war apparatus implemented by the colonial regime and the war environment lived at the time the strategy of the Frente de Libertação de Moçambique was never directly target the destruction of the Cahora Bassa constrution works and the equipment and materials transported by road, although the communiqués and the statements of the nationalist leaders gave the opposite understanding.

In fact, the idea was always that one day Cahora Bassa would truly belong to the Mozambicans through national independence and, therefore, it represented for Mozambique an extremely important project for the economic and social progress of an independent country.

carga crítica, do Porto da Beira para o Songo, via Chimoio, como tentativa de provocar atrasos na construção do empreendimento.

Para enfrentar esta estratégia, o regime colonia lista decidiu pela criação de um Comando Ope racional de Defesa de Cahora Bassa, sedeado em Chitima, próximo do Songo. Os objectivos deste comando eram o de «isolar e manter inexpugná vel um perímetro de 50km em torno das obras e dos estaleiros, mais um corredor de 200km de extensão e 50km de largo, entre o Songo e a cidade de Tete».

Ao referido comando foi-lhe atribuída ainda a missão de garantir a protecção das colunas de transporte de cargas críticas do Porto da Beira para o Songo, via Chimoio.

Apesar do grande aparato bélico implantado pelo regime colonialista e do ambiente de guerra existente, a estratégia da Frente de Libertação de Moçambique nunca foi de atingir directamen te, para destruição, as obras de construção de Cahora Bassa e o equipamento e materiais que eram transportados por estrada, muito embora os comunicados e as declarações de dirigentes nacionalistas dessem a entender precisamente o contrário.

Com efeito, a ideia sempre foi a de que um dia Cahora Bassa iria ser verdadeiramente moçambi cana com a conquista da independência nacional e, por conseguinte, constituía um empreendimen to de extrema importância para o progresso eco nómico e social de Moçambique independente.

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Construção da central Construction of the plant

Conduta forçada Forced conduct

Aspecto

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da construção dos blocos da barragem Details of the dam blocks´ constructions

Central Sul South powerhouse

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Independence and the post-independence period

The execution timeline for the Cahora Bassa project by a consortium involving 15 companies required the following milestone dates:

- Conclusion of the right bank detour gallery and of the bulkhead gate by May 15, 1972;

- Conclusion of the excavation work for the dif fusers between the August 15 and September 15, 1972;

- Conclusion of all of the necessary work to sa fely guarantee the start of the flooding of the dam reservoir on the 1st of June, 1974.

A few days from the date of the flooding of the Cahora Bassa resevoir a military coup took place in Portugal, on the 25th of April, 1974, which deposed the regime headed by Professor Marcelo Caetano and initiated the democratization of the Portuguese political system.

On the 7th of September of that same year, the Lusaka Accord was signed in the capital of Zambia between the delegations of the Frente de Libertação de Moçambique and the Portuguese government.

This agreement recognized the right to independence of the Mozambican people, honoring the 10 years of armed struggle for the liberation of Mozambique from colonial dominion.

An agreement regarding Cahora Bassa, that lasted until November 2007, is reached, under which, notwithstanding the fact that

A independência e o período pós-independência

A execução do empreendimento de Cahora Bassa, a cargo de um consórcio envolvendo 15 empresas, previa que se cumprissem as seguin tes datas durante a construção:

- Conclusão da galeria de desvio da margem direita e das ensecadeiras em 15 de Maio de 1972;

- Conclusão da escavação dos difusores entre 15 de Agosto e 15 de Setembro de 1972;

- Conclusão de todos os trabalhos necessários para, em condições de segurança, garantir o início do enchimento da albufeira em 1 de Junho de 1974.

A poucos dias do início do enchimento da albufeira de Cahora Bassa, eclodiu em Portugal, a 25 de Abril de 1974, um movimento militar que conduziu à deposição do regime liderado pelo Professor Marcello Caetano, iniciando-se assim a democratização do sistema político por tuguês.

Em 7 de Setembro de 1974, na capital da Zâmbia, foi assinado o Acordo de Lusaka, entre delegações da Frente de Libertação de Mo çambique e do Estado português. Este acordo reconheceu o direito à independência do povo moçambicano, enaltecendo os 10 anos de luta armada vitoriosa pela libertação de Moçambi que do jugo colonial.

Sobre Cahora Bassa é alcançado um entendi mento que perdurou até Novembro de 2007, segundo o qual, não obstante as partes reco

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both sides recognized that Cahora Bassa was Mozambican by the mere fact that was situated in Mozambique territory, responsibility for the payment by means of amortization of the international financing operation belonged to the Portuguese nation.

The solution was to create a company - the Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB), to which was granted the concession of the Cahora Bassa exploration project until the moment that all financial obligations had been integrally satisfied.

The work in Cahora Bassa continued following the forecasted timeline, namely:

- Conclusion of the first stage corresponding the first 3 groups, in order to allow the begining of the operational activities between the first and the 31st of March, 1975. Conclusion of this first rung occurs during the period of the independence of Mozambique on the 25th of June, the date that also celebrates the foun ding of the Frente de Libertação de Moçambi que (FRELIMO);

- Conclusion of the 2nd stage, the system cor reponding to the 4th generator group on the January 1, 1977;

- Conclusion of the 3rd stage, corresponding to group 5 on the January 1, 1979.

In 1976 a de-stabilization war errupted in Mozambique, initiated out of the rebellious the British colony, South Rodesia. Up until June of 1980, HCB was supplying energy to South Africa.

On the first of December, 1980, as a consequence of the sabotage inflicted on the energy transmission system, the energy supply contract between HCB and Eskom was suspended.

nhecessem que Cahora Bassa era moçambi cana pelo simples facto de se encontrar em território de Moçambique, a responsabilidade pelo pagamento através da amortização do respectivo financiamento internacional era do Estado português.

A fórmula encontrada consistiu na criação de uma sociedade - a Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB), a quem era concessionada a ex ploração do empreendimento de Cahora Bassa, até que os encargos financeiros tivessem sido integralmente saldados.

Os trabalhos em Cahora Bassa decorreram no rítmo previsto, nomeadamente:

- Conclusão do 1º escalão correspondente aos três primeiros grupos, por forma a permitir o início da exploração comercial entre 1 e 31 de Março de 1975; a conclusão do primeiro escalão ocorre no período da proclamação da Independência de Moçambique, em 25 de Junho, data em que também se assinala a criação da Frente de Libertação de Mo çambique;

- Conclusão do 2º escalão, sistema correspon dente ao 4º grupo gerador a 1 de Janeiro de 1977;

- Conclusão do 3º escalão, correspondente ao 5º grupo a 1 de Janeiro de 1979.

Em 1976 teve início a guerra de desestabiliza ção de Moçambique, desencadeada a partir da então colónia britânica rebelde da Rodésia do Sul. Até Junho de 1980 a HCB estava a fornecer energia à África do Sul.

A 1 de Dezembro de 1980, em consequência das sabotagens contra o sistema de transporte de energia, foi suspenso o contrato de forneci mento de energia entre a HCB e a Eskom.

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This sabotage acts were part of a strategy aiming to economically suffocated Mozambique, because, notwithstanding energy flowing through the lines to South Africa it was not considered firm, committed energy.

As a consequence, South Africa was paying a 3rd of its real value and, at the same time, Mozambique was made to pay the energy that it consumed in the south at a very elevated price.

On the 16th of March, 1984, the governments of Mozambique and South Africa signed a nonAggression and Good Neighbors Treat, known as the Nkomati Accord.

In 1984, important negotiations among Mozambique, Portugal and South Africa, took place, thus consecrating the involvement of the Popular Republic of Mozambique in Cahora Bassa.

These negotiations culminated in the execution of the Cape Town triparty accord among Mozambique, Portugal and South Africa, as well as the execution of several electrical energy supply contract between HCB, Electricidade de Moçambique and the South-African electricity company, Eskom.

This agreement establishes, among other points, the increase of the energy reserve for the use in Mozambique, as well as a premium payeble directly to Mozambique for the quality of the electricity supplied.

Sabotaging activities continued and, in the first quarter of 1975 it became clear that resuming the supply of energy to South Africa was no longer possible. In the third quarter of that same year, it was verified that 524 towers had been sabotaged as a consequence of the radicalization of the Apartheid regime ‘vis-a-vis’.

Estas sabotagens inseriam-se numa estratégia de sufoco económico a Moçambique, pois, não obstante a energia fluir numa das linhas para a África do Sul, a mesma não era considerada energia firme.

Por este motivo, a África do Sul pagava um terço do valor real e, ao mesmo tempo, Moçambique era obrigado a pagar a energia que consumia no Sul a um valor muito elevado.

Em 16 de Março de 1984 os governos de Mo çambique e da África do Sul assinaram um Tratado de Não-Agressão e Boa Vizinhança, conhecido por Acordo de Nkomati.

Em 1984, são iniciadas importantes negocia ções entre Moçambique, Portugal e a África do Sul, que consagram o envolvimento da Repú blica Popular de Moçambique no contexto de Cahora Bassa.

Estas negociações culminam com a assinatura do acordo tripartido da Cidade do Cabo, entre Mo çambique, Portugal e a África do Sul, e de vários contratos de compra e venda de energia eléctrica entre a HCB, a Electricidade de Moçambique e a empresa sul-africana de electricidade Eskom.

Este acordo estabelece, entre outros, o aumento da reserva de energia para uso em Moçambi que, bem como um prémio pagável directamen te a Moçambique pela qualidade da electricida de fornecida.

As acções de sabotagem prosseguiram e, no primeiro trimestre de 1985, ficou claro que já não se podia restabelecer o fornecimento de energia à África do Sul. No terceiro trimestre de 1985, constatava-se que 524 postes estavam sabotados como consequência da radicalização do regime de “Apartheid” em relação a Moçam bique.

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Nearly 500 towers were situated between the rivers Búzi and Save and about 24 between Chimoio and Catandica. The dam started working at 1 percent of its full capacity, supplying the Centre-North Line built after the independence of Mozambique, which connected Cahora Bassa to Caia, Alto-Molócuè, Quelimane, Mocuba, Nampula and Nacala.

The war of desestabilization against Mozambique would only end in 1992, with the signing of the ‘General Peace Accord’ in Rome. With the end of the war, conditions were favourable for the recovery of all the demolished towers.

In 1992, contracts for the recovery of continuous current lines and for the construction of a connection between Cahora Bassa and Zimbabwe were signed. This connection was built within the scope of the SADCC regional cooperation initiative, this being the larged project ever executed in the energy sector.

The Mozambican parcel belongs to Electricidade de Moçambique, and the one within Zimbabwean is the property of the electricity company of that country, ZESA.

Construction of the project connecting Cahora Bassa to the Zimbabwe grid, signalled the begining of commercial operations, which started on the 1st of December, 1997.

Through 1998 the continuous current lines recoverry work continued in order to allow te re-activation of Cahora Bassa’s previous normal working routine, an objective that was finally reached on the August 1, 1998 with the supply of the electrical energy to South Africa eighteen years after it had been interrupted.

Perto de 500 postes estavam no troço entre os rios Búzi e Save e cerca de 24 entre Chimoio e Catandica. O empreendimento começou a trabalhar a 1% da sua capacidade, abaste cendo a Linha Centro-Norte, construída depois da independência de Moçambique, que ligava Cahora Bassa e Caia, Alto-Molócuè, Quelimane, Mocuba, Nampula e Nacala.

A guerra de desestabilização contra Moçambi que só viria a terminar em 1992, com a assina tura do Acordo Geral de Paz em Roma. Com o fim desta guerra, foram criadas condições para a recuperação de todas as torres derrubadas.

Em 1992 foram assinados os contratos para a recuperação das linhas de corrente contínua e para a construção de uma ligação entre Cahora Bassa e Zimbabwe. Esta ligação foi construída no âmbito da Iniciativa Regional de Coopera ção da SADCC, sendo esta o grande projecto de sempre executado no sector da energia.

A parcela moçambicana pertence à Eletricidade de Moçambique, e a que se encontra dentro do Zimbabwe é propriedade da empresa de electri cidade daquele país, a ZESA.

A construção do projecto ligando Cahora Bassa à rede do Zimbabwe, que começou em 1 de Dezembro de 1997, sinalizada o início das ope rações comerciais.

Até 1998 o contínuo trabalho de recuperação das actuais linhas continuou, a fim de permitir a reativação de Cahora Bassa ao trabalho normal anterior de rotina, um objetivo que foi finalmen te alcançado no dia 1 de Agosto de 1998 com o fornecimento do energia eléctrica para a África do Sul, 18 anos depois de ter sido interrompido.

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The reversion: the turning of HCB Reversão: a viragem da HCB

Cahora Bassa has always concerned the Mozambican authorities. More than its economic value, as a giant energy-producer, the vision of belonging of a sustainable enterprise implanted in national territory and, thereby, that should serve the interests and needs of Mozambique, has always guided the national orientation for the reversion of HCB. It wasn’t so for decades, as the Cahora Bassa Hydroelectric Power Plant (HCB) operated for a long time period for the almost exclusive benefit of Portugal, which apparently intended to perpetuate their dominance over the hydroelectric power.

The construction of HCB began during colonial period, more precisely in the most critical periods of the war unbridled by the Mozambique Liberation Front (FRELIMO), from 1964, against colonial occupation. Thus, the hydroelectric plant witnessed a kind of conviction on the part of Portugal that it would dominate Mozambique by longer, perhaps perpetually, under the justification before the international community that the country was no longer a colony, but an overseas province.

While in the forests of northern Mozambique the clashes between the armed forces and the FRELIMO guerrilla intensified, Portugal was sending to Cahora Bassa engineering teams to study and start the implementation of a hydropower project to harness its already known potential. The construction of the infrastructure as such formally started in 1969, when contracts of an astronomical value of 600 million US Dollars were signed in Portugal. In fact, in that area, and to a large extent of what is now known as the province of Tete and

Cahora Bassa sempre preocupou as autoridades moçambicanas. Mais do que o seu peso econó mico, de gigante produtor de energia, a visão de pertença de um empreendimento implantado em território nacional e, por aí, de que devia servir os interesses e as necessidades de Moçambique, sempre norteou a orientação nacional para o empreendimento. Mas não foi assim durante décadas, pois a Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) operou por longo período para benefício quase exclusivo de Portugal, que aparentemen te pretendia perpetuar o seu domínio sobre a hidroeléctrica.

A construção da HCB teve seu início ainda du rante o tempo colonial, mais precisamente num dos períodos mais críticos da guerra desencadea da pela Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), a partir de 1964, contra a ocupação colonial. A hidroeléctrica testemunhava, de per si, uma espécie de convicção, por parte de Portugal, de que dominaria Moçambique por mais tempo, quiçá, perpetuamente, uma vez que justificava perante a comunidade internacional já não se tratar de colónia, mas sim de uma província ultra marina.

Enquanto nas matas do norte de Moçambique os confrontos entre as forças armadas portugue sas e a guerrilha da FRELIMO se intensificavam, Portugal mandava para a zona de Cahora Bassa equipas de engenharia para estudarem e dar iní cio à implantação de um projecto hidroeléctrico para aproveitar o potencial que já se conhecia.

A edificação da infra-estrutura em si inicia-se, formalmente, em 1969, quando foram assina dos em Portugal os contratos de sua construção, num valor astronómico de 600 milhões de dóla

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the Zambezi Valley as a whole, the Portuguese authorities were already drawing and implementing important projects of occupation and exploitation, as they are examples the Zambezi Development and Settlement Mission and the various initiatives of exploitation of agricultural potential, fishing, tourism, coal extraction and other activities of which the region is rich.

It would therefore make no sense for Portugal to invest in something that it believed could leave little then when Mozambique proclaimed independence. But the winds of history brought new times and paradigms: Mozambique achieved independence and Cahora Bassa had to be discussed with the new authorities.

In negotiations for the transfer of government authority from Portugal to FRELIMO, in Lusaka, whose agreements were signed on 7 September 1974, after 10 years of armed struggle and the definition of 25 June 1975 as the date of proclamation of the independence, the subject Cahora Bassa remained as one of the main points, and it continued to be in the relations between independent Mozambique and Portugal.

Generally speaking, both approaches in the context of Lusaka, and later, in the socalled Protocol of 1975, Portuguese and Mozambicans continued to negotiate Cahora Bassa. In transition to independence the subject of the undertaking was so urgent, given the supreme interests of the parties.

Portugal wanted to recover the investment made in the project, which more than the financial framework cost, had a very strong meaning of affirmation. The construction project has meant a great much in Portuguese colonial politics, according to Claire Olivier (1987), that points out the infrastructure as an instrument of Portuguese colonial policy. In

res norte-americanos. Aliás, naquela área, e em grande extensão do que é hoje a província de Tete e o Vale do Zambeze, no seu todo, as autori dades portuguesas já iam desenhando e pondo em prática importantes projectos de ocupação e exploração, como são exemplos a Missão de Fomento e Povoamento do Zambeze e as várias iniciativas de exploração do potencial agrícola, de pesca, turismo, extração carbonífera e outras de que a região é rica.

Não faria, portanto, sentido para Portugal investir em algo que acreditasse poder deixar pouco de pois, quando Moçambique proclamasse a inde pendência. Mas os ventos da história trouxeram novos tempos e paradigmas: Moçambique alcan çou a independência e Cahora Bassa teve de ser discutida com as novas autoridades.

Nas negociações para a transferência da autori dade do governo português para a Frelimo, em Lusaka, cujos acordos foram rubricados a 7 de Setembro de 1974, que puseram fim a 10 anos de luta armada e definiram 25 de Junho de 1975 como data de proclamação da independência nacional, o assunto Cahora Bassa foi um dos principais pontos. E continuou sendo nas relações entre Moçambique independente e Portugal.

De um modo geral, tanto as abordagens no con texto de Lusaka, como mais tarde, no chamado Protocolo de 1975, portugueses e moçambicanos continuaram a negociar Cahora Bassa. Em ple no período de transição para a independência o assunto do empreendimento era tão sensível quanto urgente, dados os supremos interesses das partes.

Portugal pretendia recuperar o investimento efec tuado na empreitada, que mais do que o custo fi nanceiro tinha um significado de afirmação mui to forte. O seu projecto de construção significou muito na política colonial portuguesa, segundo observa Claire Olivier (1987), que o aponta como um instrumento da política colonial portuguesa. De facto, nos anos 1950 e 1960 Portugal ainda

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fact, in the 1950s and 1960s Portugal was still struggling with a certain complex of affirmation in the context of its existence on the international scene. If countries such as England and France boasted a level of incomparable development, also as a result of their domination to other territories, mainly in Africa, Portugal was complexed with its minority.

In the other hand, with the paradigm that the winds of history imposed, which led English or French to dispossess colonial possessions, from the 1950s Portugal tried to strengthen its domination. In the early 1950s Portugal reiterated the “overseas” status to its colonies, with special attention to Mozambique and Angola. And they had to justify it on the international scene, as they did in United Nations sessions, when the international community demanded, in the 1970s, the independence of African countries colonized by Portugal.

The investment in Cahora Bassa was also an act of economic and political affirmation of Portugal. From the 1960s until the reversion in 2007, this was the largest Portuguese investment abroad and materialized a pride that lasted all these decades. And for the materialization of this project Portugal needed investments for which had no capacity, hence having to resort to external funding.

The successive negotiations that began under the Lusaka Agreements and the Protocol of 1975, were to build a platform for balancing Portugal and Mozambique, each to safeguard their interests. Portugal was interested in recovering the financial investment made in the construction of HCB, and Mozambique aimed to place the enterprise at the disposal of the economy and development of the country. The platform for understanding achieved advocated the reversion to the Mozambican State of the majority of the capital of the Cahora Bassa Hydroelectric Power Plant, incorporated as a company on 23 June 1975. The transfer would be effective as long as the debt corresponding to the investment made in the construction of the dam was suppressed.

se debatia com um certo complexo de afirmação no contexto da sua existência no panorama in ternacional. Se países como a Inglaterra e França ostentavam um nível de desenvolvimento incom parável, também fruto da dominação a outros territórios e maioritariamente em África, Portugal complexava-se com a sua menoridade.

Em contramão com o paradigma que os ventos da história impuseram, que levaram ingleses ou franceses a se desfazerem das possessões coloniais, a partir da década de 1950 Portugal tentou reforçar a sua dominação. No início dos anos 1950 reiterou o estatuto “ultramarino” das suas colónias, com atenção especial para Mo çambique e Angola. E havia que o justificar no panorama internacional, como o fez em sessões das Nações Unidas, quando a comunidade inter nacional exigia, nos anos 1970, a independência dos países africanos por si colonizados.

O investimento em Cahora Bassa também foi um acto de afirmação económica e política de Portugal. Desde os anos 1960, até à reversão, em 2007, este foi o maior investimento português no estrangeiro e materializava um orgulho que durou todas essas décadas. E para a sua materia lização Portugal necessitou de investimentos para os quais não tinha capacidade, pelo que teve de recorrer ao financiamento externo.

As sucessivas negociações que se iniciaram, no âmbito dos Acordos de Lusaka e do Protocolo de 1975, tinham em vista construir uma plataforma de equilíbrio entre Portugal e Moçambique, cada um para salvaguardar os seus interesses. A Por tugal interessava recuperar o investimento finan ceiro feito na construção da HCB, e Moçambique almejava colocar o empreendimento ao dispor da economia e do desenvolvimento do país. A plata forma de entendimento alcançada preconizava a reversão para o Estado moçambicano da maioria do capital social da Hidroeléctrica de Cahora Bas sa, constituída como sociedade em 23 de Junho de 1975. A transferência era efectiva desde que fosse liquidada a dívida correspondente ao inves timento feito na construção da barragem.

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The operationalization of the hydroelectric plant would allow a perfect repayment plan for Mozambique; however, the war did not allow such a desiderate. The sabotage of the towers of transport of energy has completely prevented from 1985, the export of electricity to South Africa, postponing the transition from the management of the enterprise to the Mozambican State until November 2007.

The end of the war in 1992 not only allowed the rehabilitation of the transport line and the expansion of HCB’s economic operations, as well as resumed the business process between Portugal and Mozambique for the reversion of the hydroelectric plant.

The most defining steps of the operation would only start to be drawn since 2004, when Mozambique and Portugal decided on a negotiating framework exclusively bilateral, as previously all negotiations included South Africa, the concessionaire’s financial enabler of the activity through consumption.

The first bilateral negotiations between the two states to address the HCB issue date back to 2004, after several technical operations leading to a good performance of the postwar enterprise. Indeed, on 10 March 2004, the first negotiating rounds, which would be concluded on 31 October 2006, and which were decisive steps, culminated with a state visit of the then President of the Republic, Armando Guebuza to Portugal, in November 2005. On that occasion, the first basic document of the reversion agreement, which clarified all the points for the viability of the final agreement that would be concluded later in Maputo, was signed.

From then on, the technical work of the operation was intensified, and was completed on 17 March 2006, when representatives of the governments of the two countries signed the Final Act on the conclusion of

A operacionalização da hidroeléctrica permiti ria um plano de amortização perfeitamente ao alcance de Moçambique, o que, porém, a guerra não permitiu. A sabotagem das torres de trans porte de energia inviabilizou por completo, a par tir de 1985, a exportação de electricidade para a África do Sul, adiando a passagem da gestão do empreendimento para o Estado moçambicano até Novembro de 2007.

O fim da guerra, em 1992, não só permitiu a reabilitação da linha de transporte e o reinício da expansão das operações económicas da HCB, como também fez reatar o processo negocial entre Portugal e Moçambique para a reversão da hidroeléctrica.

Os passos mais definidores da operação só come çariam a desenhar-se a partir de 2004, quando Moçambique e Portugal se decidiram por um quadro negocial exclusivamente bilateral, pois antes todas as negociações incluíam a África do Sul, na qualidade de viabilizador, por meio de consumo, da actividade financeira da concessio nária.

Datam de 2004, depois de várias operações técnicas conducentes a uma boa performance da empresa no pós-guerra, as primeiras negociações bilaterais entre os dois estados para tratar da questão HCB. Com efeito, a 10 de Março de 2004 foram iniciadas em Maputo as primeiras rondas negociais, que seriam concluídas a 31 de Outubro de 2006, e que tiveram como uma das etapas decisivas a visita de Estado a Portugal do então Presidente da República, Armando Guebuza, em Novembro de 2005. Nessa ocasião foi rubricado em Lisboa o primeiro documento-base do acordo de reversão, que clarificava todos os pontos para a viabilização do acordo final que seria concluído mais tarde em Maputo.

A partir daí foram intensificados os trabalhos técnicos da operação, concluídos a 17 de Março de 2006, quando os representantes dos governos dos dois países assinaram a Acta Final sobre a

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the negotiations, and on 31 October the Head of the Mozambican State, Armando Guebuza, and Portuguese Prime Minister José Sócrates signed the Protocol on the Reversion and Transfer of Cahora Bassa Hydroelectric control between the Republic of Mozambique and the Portuguese Republic in Maputo.

From the moment all the theoretical steps passed backwards, overcoming negotiations which sometimes constituted a genuine discomfort on the Mozambican part, it was made clear once and for all that what politicians saw as the last active remnant of Portuguese colonization to Mozambique had days counted. That’s how, finally, the reversion of HCB to the Mozambican State was proclaimed on 27 November 2007, in the village of Songo, in a festive ceremony marked by a song phrase of the then President of the Republic: “Mozambicans, Mozambicans, Cahora Bassa is Ours!”.

conclusão das negociações, e a 31 de Outubro o chefe do Estado moçambicano, Armando Guebu za, e o primeiro-ministro português, José Sócrates, assinaram em Maputo o Protocolo entre a Repú blica de Moçambique e a República Portuguesa respeitante à Reversão e Transferência do Contro lo da Hidroeléctrica de Cahora Bassa”.

A partir do momento em que todos os passos teóricos passaram para trás, ultrapassando-se negociações sinuosas que, às vezes, constituíam um autêntico desconforto, da parte moçambi cana ficou claro, de uma vez por todas, que o que os políticos viam como o último resquício activo da colonização portuguesa a Moçambique tinha dias contados. Foi assim que, finalmente, a reversão da HCB para o Estado moçambicano foi proclamada em 27 de Novembro de 2007, na Vila do Songo, em cerimónia festiva marcada por uma frase de júbilo do então Presidente da Repú blica: “moçambicanas, moçambicanos, Cahora Bassa é nossa!”.

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Primeiro-Ministro português e Presidente da República der Moçambique assinam os termos finais da reversão da gestão da HCB Portuguese Prime Minister and the President of the Republic of Mozambique sign the final terms of the reversion of the management of HCB for our country

Armando Guebuza (à direita) e José Sócrates, no momento que selou a passagem da HCB para a gestão de Moçambique Armando Guebuza (right) and José Sócrates, at the time that sea led the passage of HCB for the management of Mozambique

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Passos de satisfação no dia da reversão, na vila do Songo Steps of satisfaction on the day of the reversion, in the village of Songo

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Nyau, ritmo para expressar satisfação Nyau, rhythm to express satisfaction

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80 CAHORA BASSA UM EMPREENDIMENTO EM TRANSFORMACÃO CAHORA BASSA A TRANSFORMING ENTERPRISE 1 9 7 7 1 9 7 8 1 9 7 9 1 9 8 0 1 9 8 1 1 9 8 2 1 9 8 3 1 9 8 4 1 9 8 5 1 9 8 6 1 9 8 7 1 9 8 8 1 9 8 9 1 9 9 0 1 9 9 1 1 9 9 2 1 9 9 3 1 9 9 4 1 9 9 5 1 9 9 6 1 9 9 7 1 9 9 8 P. I n s t 0,00 4 000,00 8 000,00 12 000,00 16 000,00 20 000,00 1 8 1 7 1, 0 0 5 0 7 1, 7 1 8 0 2 5, 6 1 1 1 6 5 7, 4 3 3 0 3 4, 6 7 2 5 3 9, 4 7 5 6 4 3, 1 9 1 0 8, 4 5 2 9 3, 3 6 9 3, 0 3 6 6, 9 0 7 3, 8 4 1 3 9, 9 1 1 3 7, 9 5 1 4 5, 2 7 1 5 9, 0 3 1 8 1, 2 3 1 9 0, 3 1 2 1 2, 6 6 2 3 6, 9 0 7 7 8, 6 4 6 6 1 6, 4 5 Gráfico de Produção
81 CAHORA BASSA UM EMPREENDIMENTO EM TRANSFORMACÃO CAHORA BASSA A TRANSFORMING ENTERPRISE 1 9 9 7 1 9 9 8 1 9 9 9 2 0 0 0 2 0 0 1 2 0 0 2 2 0 0 3 2 0 0 4 2 0 0 5 2 0 0 6 2 0 0 7 2 0 0 8 2 0 0 9 2 0 1 0 2 0 1 1 2 0 2 1 2 0 1 3 2 0 1 4 2 0 1 5 2 0 1 6 2 0 1 7 2 0 1 8 2 0 1 9 2 0 2 0 2 0 2 1 7 7 8, 6 4 6 6 1 6, 4 5 1 1 2 8 1, 2 3 9 3 9 7, 6 8 1 1 5 8 3, 5 0 1 2 4 1 1, 4 2 1 0 6 2 6, 6 1 1 1 5 5 9, 4 0 1 3 1 0 4, 9 5 1 4 4 9 0, 7 0 1 5 8 4 6, 5 8 1 4 7 7 3, 5 9 1 6 5 7 4, 1 4 1 6 2 8 9, 7 9 1 6 1 1 3, 4 8 1 4 6 1 9, 0 2 1 4 8 8 3, 4 1 1 5 8 9 2, 2 3 1 6 9 7 8, 3 8 1 5 5 7 4, 8 6 1 4 6 5 5, 9 3 1 3 7 7 8, 5 0 1 3 3 5 0, 8 3 1 3 6 5 9, 1 3 1 4 9 9 0, 3 9 Produção (GWh)

Some stories from other times

The reversion of HCB management to the Mozambican State is mainly counted through the long and sometimes meander negotiating path with Portugal. Policy makers in the two sides were protagonists in a story that was written in several chapters until the reach of a “happy ending” in 2007.

While between Maputo and Lisbon diplomacy weaved the paths within Cahora Bassa, chapters of convergence and distancing between Mozambicans and Portuguese people who lived in the hydroelectric power plant were also written. Several generations of workers testified these times, guarded by each other differently. Facts are narrated, systematic and episodic, proving discrimination that only reminded the colonial period.

The Mozambican authorities looked at Cahora Bassa as the last stronghold of the Portuguese colonialism in the country and this was not a mere political chaon. The country had already been released from foreign domination in 1975, but independence could not have been total nor complete if at any point in the national territory there were still aspects typically of colonial life. References to various forms of discrimination were recurrent in the dialogue with Mozambican workers of HCB.

Wage segregation was one of the most gross forms that has repeatedly prompted claims by Mozambican workers. The Portuguese administration of the company employed in the village of Songo technicians and workers from Portugal, often ignoring that

Algumas histórias de outros tempos

A reversão da gestão da HCB para o Estado mo çambicano é contada, principalmente, através do longo e, por vezes, sinuoso percurso negocial com Portugal. Os decisores políticos dos dois lados fo ram protagonistas numa história que se escreveu em vários capítulos até se alcançar o “final feliz” em 2007.

Enquanto entre Maputo e Lisboa a diplomacia te cia os caminhos no interior de Cahora Bassa, tam bém se escreviam capítulos de convergência e de afastamento entre moçambicanos e portugueses que viviam na hidroeléctrica. Várias gerações de trabalhadores testemunharam esses tempos, guardados por uns e outros de forma diferente. São narrados factos, sistemáticos e episódicos, comprovando uma discriminação que só lembra va o tempo colonial.

As autoridades de Moçambique olhavam para Cahora Bassa como o último reduto do colonia lismo português no país e isso não foi um mero chavão político. O país já se tinha libertado da dominação estrangeira em 1975, mas a indepen dência não podia ter sido nem total, nem com pleta se em algum ponto do território nacional continuassem a pairar aspectos tipicamente da vida colonial. Eram recorrentes no diálogo com trabalhadores moçambicanos da HCB referências a diversas formas de discriminação.

A segregação salarial era das mais grosseiras e motivou várias vezes iniciativas de reivindicação por parte dos trabalhadores moçambicanos. A administração portuguesa da empresa emprega va na Vila do Songo técnicos e operários idos de Portugal, muitas vezes ignorando que Moçambi que podia ter quadros para os demais serviços.

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Mozambique could have skilled workers for other services. Sometimes this attitude reached jocular levels that, for example, even the management of a supermarket, as a service of support for the functioning of HCB, had Portuguese citizens ahead.

As for technicians, of the few Mozambicans who ended up hired very few gained relevance at work, even demonstrating high skills to those of Portuguese colleagues.

In addition to these aspects, Songo’s village itself was seen as sectarian, with defined spaces for the privileged and for the other. An example of paradox is this: the giant HCB produced electricity to export and a tiny part for domestic consumption in Mozambique, by supplying the public company Electricidade de Moçambique.

Even so, the energy in Songo did not reach the homes of the population. For many years, nor were the homes of many of the Mozambican workers illuminated, unlike the Portuguese workers’ camp and areas occupied by other Europeans. In addition to Portuguese people, taking into account the various works for the construction and operation of Cahora Bassa’s enterprise, Songo was also inhabited by French and Germans, who also formed a kind of privileged community in what is now the centre of village.

Throughout a research carried out for the production of this book, a worker, in explaining the discrimination of which we speak about, referred to Songo as a place of separation of communities, with Mozambican being more marked by subalternization, with regard to conditions and treatment. Even in terms of physical occupation, Mozambicans were relegated to the periphery, where neither light nor water arrived.

Às vezes essa atitude atingia níveis jocosos que, por exemplo, até a gestão de um supermercado, como serviço de apoio ao funcionamento da HCB, tinha à frente cidadãos portugueses.

Quanto a técnicos, dos poucos moçambicanos que acabavam contratados muito poucos ganha vam relevância no trabalho, mesmo demonstran do habilidades superiores às dos colegas portu gueses.

Para além destes aspectos, a própria Vila do Son go era vista como sectária, com espaços definidos para privilegiados e para os demais. Um exemplo de paradoxo: a gigante HCB produzia electrici dade para exportar e uma parte ínfima para o consumo interno em Moçambique, através do fornecimento à empresa pública Electricidade de Moçambique.

Mesmo assim, a energia no Songo não chega va às casas da população. Durante largos anos, nem as casas de muitos dos operários moçam bicanos estavam iluminadas, ao contrário do acampamento dos trabalhadores portugueses e das áreas ocupadas por outros europeus. Para além de portugueses e por conta dos diversos trabalhos para a construção e operacionalização do empreendimento de Cahora Bassa, Songo era habitada também por franceses e alemães, que igualmente formavam uma espécie de comuni dade privilegiada no que é hoje o centro da vila.

Ao longo de uma pesquisa feita para a produção deste livro, um trabalhador, ao explicar a discrimi nação de que falamos, referiu-se a Songo como um local de separação de comunidades, ficando a moçambicana mais marcada pela subalterni zação, no respeitante a condições e tratamento. Mesmo em termos de ocupação física, os mo çambicanos estavam relegados à periferia, onde nem luz, nem água chegavam.

Um antigo técnico moçambicano recorda esses momentos, descrevendo-os como “terríveis e

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A former Mozambican technician and union leader at HCB recalls these moments, describing them as “terrible and very equal to what was normal in colonial period. “The union was a kind of deposit of complaints by Mozambican workers, because not all the problems forwarded were solved.

On the issue of energy for the village and for the houses of the population, a worker posted to a warehouse asked a maintenance Portuguese engineer how the energy got to South Africa. The engineer, enthusiastic, as if explaining to a student on a study visit, explained the whole process, from the operation of the turbines, transformation in the substation and transport, through the HDVC, that make up 1400 kilometers to the neighboring country. To his astonishment and indisposition, the quiet worker asked, “if it is easy to produce and to transport energy so far, why is it that the people of Songo have no light in their homes?”

In the days of the Portuguese administration it was common less qualified Portuguese workers earn very high salaries to those most skilled Mozambicans, including engineers from crucial areas of the production systems.

At HCB there were Portuguese people in almost all sectors. There were also three pay scales, one for Portuguese workers, another for Mozambicans and the third for the workers more directly linked to the production areas. This mode of discrimination caused a simple Portuguese technician to received much more than his Mozambican director of the same management.

Other episodes of discrimination that have been told to us have to do with the presence of the plant at that point in Tete province versus local development. The village of

iguais, em muito, ao que era normal no tempo colonial”. O sindicato era uma espécie de de pósito de queixas por parte dos trabalhadores moçambicanos, pois nem todos os problemas encaminhados eram resolvidos.

Na questão da energia para a vila e para as casas da população, um operário afecto a um armazém terá perguntado a um engenheiro de manuten ção português como é que era gerada a energia e como é que ela chegava à África do Sul. O engenheiro, entusiasmado, como que a explicar a um aluno de uma escola em visita de estudo, explicou o processo todo, desde o funcionamento das turbinas, a transformação na subestação e o transporte, através das linhas HDVC que perfa zem 1400 quilómetros até ao país vizinho. Para seu espanto e indisposição, o pacato operário perguntou: “se é fácil de produzir e transporta-la para tão longe, por que é que a população de Songo não tem luz nas suas casas?”.

Imperou também a discriminação salarial. Nos tempos da administração portuguesa era comum haver trabalhadores portugueses menos qualifica dos a receberem ordenados muito superiores aos dos mais qualificados, moçambicanos, incluindo engenheiros de áreas cruciais de produção.

Na HCB havia portugueses em quase todos os sectores. Havia também três tabelas salariais, uma para trabalhadores portugueses, outra para moçambicanos e a terceira para técnicos mais directamente ligados às áreas de produção. Este modo de discriminação fazia com que um sim ples técnico português chegasse a receber muito mais que o seu director moçambicano da mesma direcção.

Outros episódios de discriminação que nos foram contados têm que ver com a presença da empre sa naquele ponto da província de Tete e o desen volvimento local. A vila do Songo passou a ser, depois de 2007, um lugar distinto em Moçambi que. A Hidroeléctrica de Cahora Bassa assumiu

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Songo became, after 2007, a distinct place in Mozambique. The Cahora Bassa Hydroelectric Power Plant took on an ambitious project of social responsibility that revolutionized space and the lives of the local population. In addition to criterious and modernized physical planning, Songo has electricity, water and other essential services to the population, having become the point of the country with higher rates of human development.

More than producing energy, marketing and put the earnings to service only of Portugal interests, the company has made every effort to support, with local authorities, the transformation of the village, that has moved from a quiet place to a modern space that is consistent with the wealth produced there.

um ambicioso projecto de responsabilidade social que revolucionou o espaço e a vida da população local. Para além de um planeamento físico crite rioso e modernizado,

Songo dispõe de energia eléctrica, água e outros serviços essenciais à população, tornando-se no ponto do país com maiores índices de desenvolvi mento humano.

Mais do que produzir energia, comercializa-la e colocar os dividendos apenas ao serviço dos in teresses de Portugal, a empresa esmerou-se em apoiar, com as autoridades locais, a transfor mação da vila que passou de lugar pacato para espaço moderno e condizente com a riqueza que ali se produz.

A festa foi colorida, proporcional à alegria e ao simbolismo do 27 de Novembro de 2007 The feast was colourful, proportional to the joy and symbolism of November 27, 2007

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BASSA UM EMPREENDIMENTO
ENTERPRISE
CAHORA
EM TRANSFORMACÃO CAHORA BASSA A TRANSFORMING

The Cahora Bassa Hydroelectric Power Plant is a source of life told by many citizens and organizations that have colored its successful story at various levels. Indeed, the village of Songo is the epicenter of these stories from previous decades and for the last 15 years. The new times began to be foreshadowed as it became public the good way that the negotiations between Mozambique and Portugal were getting to be known, especially from the signing of final documents of the reversion in 2006 by President Armando Guebuza and the Prime Minister José Sócrates.

By then it was already known that the path was irreversible, thus the Mozambican authorities performed procedures leading to the taking of responsibility for HCB.

Although certain issues had been taken into account, such as the management capacity to address the reversion, 2006 meant the beginning of work so that Mozambique had in hand a mega-enterprise whose management capacity would be questionable.

At the government level, the Ministry of Energy became the command point for the materialization of the decisions in matters related to the HCB, ranging from the setting of steps to the choosing of operationalization frames, first, in a kind of transitional period, and later at the reversion as such.

A Hidroeléctrica de Cahora Bassa é uma fonte de vidas contadas por muitos feitos de cidadãos e organizações que coloriram uma história de sucesso a vários níveis. E a Vila do Songo é o epicentro dessas histórias de décadas anteriores e dos 15 anos. Os novos tempos começaram a ser prenunciados à medida que se foi tornando público o bom caminho que as negociações entre Moçambique e Portugal iam conhecendo, sobretudo a partir da assinatura dos documen tos finais da reversão, em 2006, pelo presidente Armando Guebuza e o primeiro-ministro José Sócrates.

Por essas alturas já se sabia que o caminho era irreversível e as autoridades moçambicanas iam dando início a um processo conducente à toma da de responsabilidade sobre a HCB.

Embora já antes se tivesse acautelado certas questões, como a capacidade de gestão para quando da reversão, 2006 significou o início do trabalho árduo com vista a que Moçambique tivesse em mãos um mega-empreendimento cuja capacidade de gestão não deveria ser posta em causa.

A nível do governo, o Ministério da Energia pas sou a ser o ponto de comando para a materializa ção das decisões sobre a HCB. Desde a definição de passos à escolha de quadros para a sua opera cionalização, primeiro, numa espécie de período de transição, e, mais tarde, a partir da reversão.

86 CAHORA BASSA UM EMPREENDIMENTO EM TRANSFORMACÃO CAHORA BASSA A TRANSFORMING ENTERPRISE
Inheriting the long-dreamed “monster”
Herdar o “monstro” há muito sonhado

It was in this context that Drs. Manuel Tomé and Octavio Muthemba, who represented the Mozambican government as administrators at HCB, and Dr. Paulo Muxanga, manager, and engineer Gildo Sibumbe, EDM board, were called to the Ministry. The latter were to be informed that they would pass on to hydroelectric administration board.

The government’s view was that these boards should immediately work at HCB so as to get deep knowledge in both technical and administrative areas that allowed them to at the time of the reversion, they possess a keen level of domain of all the processes that would culminate in a peaceful transition from Portuguese management to Mozambique. It was decided then that the two new administrators would live in Songo to better achieve the above-mentioned objective: reversion with quality.

Foi neste contexto que foram chamados ao ministério os doutores Manuel Tomé e Octávio Muthemba, que representavam o governo mo çambicano, como administradores na HCB, e o doutor Paulo Muxanga, gestor, e o engenheiro Gildo Sibumbe, quadro da EDM. Estes últimos para serem informados que passariam a adminis tradores da hidroeléctrica.

Era visão do governo que estes quadros deviam trabalhar imediatamente na HCB para que a conhecessem mais profundamente e, por altu ras da reversão, houvesse um nível apurado de domínio técnico e administrativo dos processos que culminariam com uma transição pacífica da gestão portuguesa para a moçambicana. Foi ali decidido que os dois novos administradores passariam a viver no Songo para melhor prosse cução do objectivo supra citado: reversão com qualidade.

No crepúsculo uma cer teza: o dia a seguir trará mais energia

At dusk a certainty: the next day will bring more energy

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BASSA UM EMPREENDIMENTO EM TRANSFORMACÃO
TRANSFORMING ENTERPRISE
CAHORA
CAHORA BASSA A

The foundations for a successful reversion Os alicerces para uma reversão bem sucedida

As the Mozambican authorities approached the negotiations, and the reversion of HCB’s management was becoming a virtually acquired data, concrete steps were taken on the ground so that the formal transition from the venture to Mozambique did not know unpleasant surprises. The duo of

À medida que no campo das negociações as autoridades moçambicanas entendiam-se com as portuguesas e a reversão da gestão da HCB ia ficando um dado praticamente adquirido, passos concretos eram dados no terreno para que a passagem formal do empreendimento para Moçambique não conhecesse surpresas

CAHORA BASSA UM EMPREENDIMENTO EM TRANSFORMACÃO CAHORA BASSA A TRANSFORMING ENTERPRISE

Mozambican administrators appointed by the government to move to Songo had the mission of carrying out comprehensive survey of the daily operation of the enterprise. Technical aspects to current management were studied by Paulo Muxanga and Gildo Sibumbe, who with other colleagues were at the origin of a master plan designed for the moment in which Mozambique finally had HCB at its hands.

Thus, pillars and management models that placed the search for excellence as a primary factor of the company’s performance in Mozambique and worldwide were defined.

desagradáveis. O duo de administradores moçambicanos indicados pelo governo para passar para o Songo tinha a missão de efectuar um levantamento exaustivo do funcionamento diário do empreendimento. Desde aspectos técnicos à gestão corrente foram sendo estudados por Paulo Muxanga e Gildo Sibumbe, que com outros colegas estiveram na origem de um plano-director desenhado para o momento em que Moçambique tivesse finalmente em mãos a HCB.

Foram, assim, definidos pilares e modelos de ges tão que colocavam a busca da excelência como factor primordial de actuação da empresa em Moçambique e no mundo.

CAHORA
BASSA UM EMPREENDIMENTO EM TRANSFORMACÃO
CAHORA BASSA A TRANSFORMING ENTERPRISE

Human capital:

a

pillar

for

success O capital humano: um pilar para o sucesso

On the eve of the reversion of HCB management for the Mozambican authorities there were several opinions on Mozambique’s ability to have in hand an undertaking of such a wingspan. The dominant feeling was one of optimism, embodied in the experience that the country accumulates from hosting megaprojects, in which national frameworks stand out. In addition to that there was the then ongoing work of administrators appointed by the government in the transition phase, as well as that of other relevant Mozambicans or those without relevance in the hierarchy of the company that also gave HCB life in other times.

The master plan should take into consideration all aspects already experienced and others integrated into the country’s plans in the management of a hydroelectric plant. Throughout the process, there were fears from sectors away from HCB authorities and technicians.

From the fears jokes were created, some predicting failures and bankruptcy of HCB as it passes to Mozambique, a feeling that created revulsion, especially within the brains of those who worked meticulously so that nothing would fail.

A team was in charge of preparing right human resources to face the new challenges at HCB, which more than not regress with the change of management intended to optimize at most the ability to generate wealth from the enterprise, as has been seen since the

Nas vésperas da reversão da gestão da HCB para as autoridades moçambicanas foram várias as opiniões sobre a capacidade de Mo çambique ter em mãos um empreendimento de tamanha envergadura. O sentimento do minante era de optimismo, consubstanciado na experiência que o país acumula de hos pedar mega-projectos, em que se destacam quadros nacionais. A adicionar a isso havia o trabalho então em curso dos administradores indigitados pelo governo na fase de transi ção, bem como o de outros moçambicanos que com ou sem relevância na hierarquia da empresa também deram vida à HCB noutros tempos.

O plano-director devia acautelar todos os as pectos já vivenciados e outros integrados nos planos do país na gestão de uma hidroeléc trica. De permeio havia também cepticismos, muito veiculados por sectores bem distantes das autoridades e dos técnicos da HCB.

Dos receios se criou chacotas, algumas de las vaticinando fracassos e falência da HCB, assim que passasse para as mãos de Moçam bique, sentimento que criava repulsa, princi palmente junto dos cérebros que trabalhavam meticulosamente para que nada falhasse.

Uma equipa foi encarregue de preparar recur sos humanos para que estivessem à altura dos novos desafios da HCB, que mais do que não regredir com a mudança de gestão pretendia optimizar no máximo a capacidade de gerar riqueza a partir do empreendimento, como se vem verificando desde a reversão. A aposta

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reversion.The bet on human capital was crucial and proved to be the key to success.

From the moment Mozambique began to make decisions in the management of HCB, they sought to empower human resources to a level of excellence. The survey of needs was scrupulous, selecting the best technicians in the local market and the best studies of the courses applicable to HCB, and then subjecting them to the best trainings around the world, so that the hydroelectric plant is endorsed with a highly qualified workforce.

Mozambican technicians who already worked at HCB had the privilege of being the first to be placed in the most diverse areas. The technical areas were crucial, as they are more directly involved in the operation of the enterprise in the production and transport of energy.

As the selection was made through tests, only a few highly qualified candidates succeed. However, not without some adventures experienced in the period of transition. Because before the formal delivery of the enterprise to the Mozambican authorities at the top of the administration were Portuguese, that of all did to pass the idea that there were no Mozambicans capable of bringing work to good port. Thus, once the Portuguese were the ones who produced the first tests of capacity clearance, little accessible to Mozambicans, consequently most of them failed. Later then the strategy had to be changed.

In what meant the policy of Mozambicanization of HCB staff, the responsible for the transition established a new strategy that proved to be fundamental, by naming a team of four engineers for the preparation of trainees recruited especially from Eduardo Mondlane University, as in national educational institutions there were no

no capital humano foi crucial e veio provar ser a chave do sucesso.

A partir do momento em que Moçambique passou a tomar decisões na gestão da HCB procurou-se capacitar recursos humanos para um nível de excelência. O levantamento de necessidades foi escrupuloso, seleccionando-se os melhores quadros do mercado e os melhores alunos dos cursos aplicáveis à HCB, para depois submete-los às melhores formações possíveis pelo mundo, para que a hidroeléctrica fosse dotada de força de trabalho altamente qualifi cada.

Os quadros moçambicanos que já trabalhavam na HCB tiveram o privilégio de poderem ser os primeiros a serem equacionados para as mais diversas áreas. As áreas técnicas eram cruciais, por estarem mais directamente envolvidas no funcionamento do empreendimento no que à produção e transporte de energia diz respeito.

Como a selecção era feita por meio de provas, foram apurados alguns candidatos altamente ca pazes. No entanto, não sem ocorrerem algumas peripécias vivenciadas no período de transição. Porque antes da entrega formal do empreendi mento às autoridades moçambicanas no topo da administração estavam quadros portugueses, estes de tudo faziam para passar a ideia de que não havia moçambicanos capazes de levar o trabalho a bom porto. Assim, porque os portu gueses é que elaboravam as primeiras provas de apuramento de capacidade, e pouco acessíveis a moçambicanos, estes reprovavam, consequente mente. Até que a estratégia foi mudada.

No que significou uma política de moçambica nização de quadros da HCB, os responsáveis que estavam com os olhos na transição estabelece ram uma nova estratégia, tendo em resultado disso indicado uma equipa de quatro engenhei ros para a preparação de estagiários recrutados, sobretudo da Universidade Eduardo Mondlane,

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courses that respond to the specific needs HCB.

In fact, in the process of filling some vacancies in general careers the staff was prospected in general education schools and for the financial area they were sought at the Faculty of Economy and Commercial Institutes, focusing on young people with potential, which, in addition to training, were induced to the new institutional culture, which was to apply to the fullest for excellence.

The plan of Mozambicanization was more for preparation to the staff so that when the undertaking passed to Mozambican management there were no failures of any kind, what has shown to be important in the periods following the reversion, as it is even

o que se revelou fundamental, porque nas insti tuições de ensino nacionais não se formava para as necessidades específicas da HCB.

Com efeito, para o preenchimento de algumas vagas das carreiras gerais também se recorreu aos estabelecimentos do Ensino-Geral e para a área financeira olhou-se para a Faculdade de Economia da UEM e os institutos comerciais, privilegiando-se jovens com potencial, os quais, para além de acções de formação, foram induzi dos à nova cultura institucional, que consistia em aplicar-se ao máximo em prol da excelência.

O plano de moçambicanização de quadros era mais uma preparação para que quando o em preendimento passasse para mãos moçambi canas não se experimentasse vicissitudes ope

Consolidação do encosto direito Consolidation of the right backrest

BASSA UM EMPREENDIMENTO EM TRANSFORMACÃO CAHORA BASSA A TRANSFORMING ENTERPRISE
CAHORA

crucial to the success of HCB. This human capital was ultimately responsible for the success in the reversion of HCB.

If the profitability of the company has been rising to levels never seen before that allowed the funding of the reversion process itself in record time or transform the entire Songo’s space in the modern village in which it became today, it is all the fruit of the good performance of the human capital that HCB has created.

racionais de espécie alguma e veio a mostrar-se importante nos períodos posteriores à reversão, pois revela-se mesmo na actualidade crucial para o sucesso da HCB. Este capital humano foi responsável, em última análise, pelo sucesso da reversão da HCB.

Se a lucratividade da empresa tem vindo a subir para níveis nunca antes vistos, e ter tido a capa cidade de custear o próprio processo de reversão em tempo recorde ou transformar todo o espaço de Songo na moderna vila em que hoje se tor nou, é tudo fruto do bom desempenho do capital humano que a HCB criou.

Um sorriso laboral para a energia. São assim as jorna das de trabalho na HCB Training action (pictured left) Central technicians (right)

O trabalho em equipa é mais do que uma faceta: é a nossa forma de ser A proud team is one of the pillars of the hydroelectric plant (below)

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Sala de comando da central Central control room

Intervenção num grupo gerador Intervention in a generator set

Foco e determinação mantêm as unidades produtivas em pleno Focusand determination keep units at full

Acção de formação Training action

Técnicos afectos à Central Central technicians

Uma equipa orgulhosa é um dos pilares da hidroeléctrica A proud team is one of the pillars of the hydroelectric plant

95 UM EMPREENDIMENTO EM TRANSFORMACÃO

On November 27, 2007, Mozambique euphorically celebrated “the second independence”, as the reversion of HCB’s management for the Mozambican State became known. From then on, the country could benefit more fairly from the proceeds of this megaventure, which for a long time was the largest company established in the territory, which previously benefited almost exclusively Portugal.

The passage of the enterprise to Mozambican hands was, however, a very long process loaded with sinuosities, and to be overcome had to enter the scene many specialists of different specialties.

The first negotiations began, as mentioned above, even before national independence, proclaimed on 25 June 1975. Mozambique, of course, has always benefited from the right of fact, because the hydroelectric plant is established in its territory, but constraints inherent in the construction and operation process of HCB itself dictated that Mozambique and Portugal negotiate in several rounds an agreement that satisfied in the most balanced way the interests of the two parties.

Portugal wanted to be reimbursed for the investment made in the hydroelectric power plant and Mozambique has made it a commitment since the first negotiating rounds, dating back

A 27 de Novembro de 2007, Moçambique cele brava euforicamente “a segunda independência”, como ficou conhecida a reversão da gestão da HCB para o Estado moçambicano. A partir de en tão, o país podia beneficiar de forma mais justa dos proventos desta que durante muito tempo foi a maior empresa implantada no seu território, que anteriormente beneficiava quase que exclusi vamente a Portugal.

A passagem do empreendimento para mãos moçambicanas foi, porém, um processo bastante longo e carregado de sinuosidades, e para serem ultrapassadas tiveram que entrar em cena muitos especialistas de diferentes especialidades.

As primeiras negociações começaram, como atrás referido, ainda antes da independência nacional, proclamada em 25 de Junho de 1975. Moçambique, claro, sempre beneficiou do direito de facto, por a hidroeléctrica estar implantada no seu território, mas condicionantes inerentes ao próprio processo de construção e da exploração da HCB ditaram que Moçambique e Portugal negociassem em várias rondas um acordo que satisfizesse da forma mais equilibrada os interes ses das duas partes.

Portugal desejava que fosse ressarcido pelo in vestimento feito na hidroeléctrica e Moçambique assumiu-o como compromisso desde as primeiras

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Several rounds of negotiations, a success accelerated to the end point in 2007
Várias rondas negociais, um sucesso acelerado até ao ponto final em 2007

to the eve of national independence. The constitution of the Cahora Bassa Hydroelectric Company, the concessionaire that takes over the destinations of the project, on April 23, 1975, fit into the spirit of the agreement between the Portuguese and Mozambicans.

Adverse factors, including the 1992 war ended in the country, have cinded the fastest passage of HCB into Mozambican hands. After several rounds and constraints, among these the inability of the enterprise to generate resources that would feed the agreed formula for reversion, from 1999 Mozambique intensified the negotiating contacts with Portugal for the materialization of the great objective.

From the year 2000 the talks were more frequent, gaining greater momentum and taking a definitive form from 2005, after the state visit of President Armando Guebuza to Portugal, being signed between the two governments the memorandum of understanding on the negotiations related to the restructuring and transmission of the Cahora Bassa Hydroelectric Power Plant.

In 2006, the two governments signed the definitive protocol on the conditions of reversion, totaling US$900 million a value that the Mozambican State should pay Portugal to reimburse for the investment made in the project.

Once the protocol was signed, our country immediately tried to mobilize that amount to international banking, which allowed 85 percent of its shares to be retreated on November 27, 2007. With all the pomp that the event deserved, the Cahora Bassa Hydroelectric Power Plant would move to the management of Mozambique, initially through the reversal of 85 percent of its shares, Portugal with the remaining percentage, which it would later sell to the Mozambican State.

rondas negociais, que remontam das vésperas da independência nacional. A constituição da socie dade Hidroeléctrica de Cahora Bassa, a empre sa concessionária ado, em Maputo, pelos dois governos, o protocolo definitivo respeitante às condições de reversão, totalizando 900 milhões de dólares norte-americanos, valor que o Estado moçambicano devia pagar a Portugal para ressar ci-lo pelo investimento feito no empreendimento.

Assinado o protocolo, o nosso país tratou logo de mobilizar aquele valor junto da banca interna cional, o que permitiu que a 27 de Novembro de 2007, com toda a pompa que o acontecimento merecia, a Hidroeléctrica de Cahora Bassa pas sasse para a gestão de Moçambique, inicialmen te através da reversão de 85 por cento das suas acções, ficando Portugal com a restante percen tagem, que venderia mais tarde ao Estado mo çambicano.

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Negociações directas entre Armando Guebuza (direita) e José Sócrates deram a certeza de que os caminhos da reversão se faziam sem mais obstáculos Direct negotiations between Armando Guebuza (right) and José Sócrates made sure that the paths of reversion were without further obstacles

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Judicious

management and debt paid in record time

The reversion of HCB’s management to the Mozambican State in 2007 was the closure of the longest sovereignty dossier Mozambique had in hand. The fundamentals of the need to fight for the enterprise have been clear since the first negotiations, on the eve of national independence.

If Mozambique did everything to get HCB in its hands, much more would have to do to keep the good results it has in full operation. In 2007, the management of the enterprise underwent an obvious, radical transformation even with regard to the destination of the revenue generated.

The priority was to pay the debt incontracted to finance HCB’s reversion process of a total of US$900 million, which was to be amortized in ten years by 2017, based on the venture’s own revenues.

In order for the plan to have the desired effects, it was necessary to optimize the company’s performance. Thus, management processes began to comply with their own standards of maximum and results-oriented demand, and since the reversion has been growing. All the proper processes have made HCB a more profitable company than it has ever achieved in its history, particularly before its transition to Mozambican management, even counting the period in which it was adding losses, due to the unfeasible exploitation of its exploitation, in

Uma gestão criteriosa e dívida paga em tempo recorde

A reversão da gestão da HCB para o Estado moçambicano, em 2007, constituiu o encerra mento do mais longo dossier de soberania que Moçambique tinha em mãos. Os fundamentos da necessidade de luta pelo empreendimento ficaram claros desde as primeiras negociações, nas vésperas da independência nacional.

Se Moçambique de tudo fez para ter em suas mãos a HCB, muito mais teria de fazer para que o empreendimento mantivesse os bons resultados que regista em funcionamento pleno. Em 2007, a gestão do empreendimento conheceu uma trans formação óbvia, radical até, no que concerne ao destino da receita gerada.

A prioridade era pagar a dívida contraída para fi nanciar o processo de reversão da HCB, num total de 900 milhões de dólares norte-americanos, que deviam ser amortizados em dez anos, até 2017, com base nas receitas próprias do empreendimen to.

Para que o plano surtisse os efeitos desejados era necessário optimizar a performance da empresa. Assim, os processos de gestão passaram a obedecer a padrões próprios de exigência máxima e orientados para os resultados, e desde a sua reversão têm estado em crescendo. Todos os processos adequados fizeram da HCB uma empresa mais lucrativa do que alguma vez atingiu na sua história, particularmente antes da sua passagem à gestão moçambicana, mesmo descontando o período em que esteve a somar

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about 16 years, due to the war ended in 1992.

With the new management printed, the company was able to consolidate, and with regard to the debt contracted with the international banking consortium that financed the reversion, it was liquidated in record time. Instead of the ten years currently recommended, Mozambique was able to pay HCB in nine years, ending the payment in 2016.

Five years after the reversion, in 2013 Mozambique had already settled 60 percent of the debt incontracted, maintaining until the end of the operation the advance payment of installments.

HCB’s good financial performance also allowed the company to pay other bills, including the four financing lines that had been contracted in 1995, three years after the end of the armed conflict in the country, to fund the recovery operations of energy transport lines to South Africa sabotaged during the war.

The good economic and financial performance has enabled the company to fully comply with its plans and obligations, which is also due to its strict management policy. The processes in this field began to be conceived and materialized soon after the reversion and had as a guide the adoption of practices and standards that include the maximum requirement, the observance of ethical precepts and deontological of business management.

In the first years after the reversion, several instruments of posture and action were developed and disseminated, including a Corporate Governance Manual and a strategic plan, which were updated according to their validity, circumstance and opportunity, such as anticorruption policy, consolidated in recent years as a result of the legal imposition on the State Business Sector.

prejuízos, por conta da inviabilização da sua exploração, em cerca de 16 anos, devido à guerra terminada em 1992.

Com a nova gestão imprimida, a empresa conse guiu consolidar-se, e no que toca à dívida contra tada junto do consórcio bancário internacional que financiou a reversão, foi liquidada em tempo recorde. Ao invés dos dez anos contratualmente preconizados, Moçambique conseguiu pagar a HCB em nove anos, terminando o pagamento em 2016.

Cinco anos após a reversão, em 2013 Moçam bique já havia liquidado 60 por cento da dívida contraída, mantendo até ao fim da operação o pagamento adiantado das prestações.

A boa prestação financeira da HCB também permitiu à empresa pagar outras contas, entre as quais a das quatro linhas de financiamento que tinham sido contratadas em 1995, três anos após o fim do conflito armado no país, para custear as operações de recuperação das linhas de transporte de energia para a África do Sul sabotadas durante a guerra.

O bom desempenho económico e financeiro permitiu à empresa o cumprimento integral dos seus planos e obrigações, o que se deve também à sua rigorosa política de gestão. Os processos neste campo começaram a ser concebidos e materializa dos logo após a sua reversão e tiveram como norte a adopção de práticas e padrões que incluem a exigência máxima, a observância de preceitos éticos e deontológicos de gestão empresarial.

Nos primeiros anos após a reversão foram ela borados e disseminados vários instrumentos de postura e de actuação, que incluíam um Manual de Governação Corporativa e um plano estraté gico, que foram sendo actualizados consoante a sua validade, circunstância e oportunidade, como a política anti-corrupção, consolidada nos últimos anos em consequência da imposição legal para o sector empresarial do Estado.

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CAHORA BASSA UM EMPREENDIMENTO EM TRANSFORMACÃO CAHORA BASSA A TRANSFORMING ENTERPRISE O esplendor do Zambeze ao serviço de Moçambique e África Austral The splendour of the Zambezi at the service of Mozambique and Southern Africa
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HCB shared with Mozambicans HCB partilhada com moçambicanos

The euphoria of the reversion of the HCB in 2007 had a remarkable point, which was the speech of the then President of the Republic, delivered in Songo, in the consummation of this long-standing desire of the Mozambican people. In a loud voice – also tempered by the satisfaction that was in the most varied segments of the country’s life – Armando Guebuza ended his speech on 27 November by stating to Mozambicans that” Cahora Bassa Is Ours”!

The phrase avoided satisfaction and expectations. Citizens were eager to see materialized the promises of the company’s participation in the development of Mozambique. The first evidence began soon, through the materialization of the various social responsibility projects that the company began to implement from then on. The modernization of the village of Songo, today one of the most welcoming places in the country, investments in infrastructure elsewhere in the city of Tete and the country, for example, are just some of the ways HCB put at the service of Mozambique’s development.

But HCB’s sense of belonging to Mozambicans had one of the most important aspects on the tenth anniversary of its reversion in 2017, when President Filipe Nyusi announced the availability of 7.5 percent of the company’s shares to national citizens and institutions. In the reversion negotiations, in 2007 Portugal still remained with 15 percent stake in the venture, which Mozambique could later divest.

The first sale, of 7.5 percent of the shares, was made available to Mozambican citizens and

A euforia da reversão da HCB, em 2007, teve um ponto marcante, que foi o discurso do então Presidente da República, proferido no Songo, na consumação deste desejo de longa data do povo moçambicano. De viva voz – também temperada da satisfação que se estendia aos mais variados quadrantes da vida do país – Armando Guebu za terminou a sua intervenção naquele 27 de Novembro afirmando, aos moçambicanos, que: “Cahora Bassa é nossa”!

A frase espevitou satisfação e expectativas. Os ci dadãos iam ficando ansiosos em ver materializa das as promessas de participação da empresa no desenvolvimento de Moçambique. As primeiras evidências começaram logo, através da materia lização dos vários projectos de responsabilidade social que a empresa começou a implementar a partir de então. A modernização da Vila do Son go, hoje dos lugares mais acolhedores do país, os investimentos em infra-estruturas noutros pontos da cidade de Tete e do país, por exemplo, consti tuem apenas algumas das formas de colocação da HCB ao serviço do desenvolvimento de Mo çambique.

Mas o sentido de pertença da HCB para os mo çambicanos teve um dos aspectos mais impor tantes no décimo aniversário da sua reversão, em 2017, quando o Presidente Filipe Nyusi anunciou a disponibilização de 7,5 por cento das acções da empresa aos cidadãos nacionais e instituições. Nas negociações da reversão, Portugal ainda fi cou, em 2007, com 15 por cento de participação no empreendimento, que Moçambique podia alienar posteriormente.

A primeira alienação, de 7,5 por cento das ac ções, foi colocada à disposição dos cidadãos e

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companies through a Public Offering for Sale (POS) materialized by the Mozambican Stock Exchange (BVM).

It should be noted that HCB has been marketed in the stock market since 2019, which, given its robustness and economic importance, has also strengthened the stock market in the country. If the Mozambican stock market has any significance in the Mozambican economy. It owes it, in part, to the participation of HCB.

The POS was a thoroughly prepared operation, accompanied by awareness-raising and financial education actions then triggered throughout the country, focusing on the advantage that the actions should be acquired by Mozambicans from all social strata and coming from all settlements of the country.

In a context where financial inclusion was still incipient in Mozambique, the operation included mobile subscription, further facilitating the scope for the success of the operation.

At the end of the POS the shares were subscribed by Mozambicans of all latitudes, allowing citizens of virtually all districts, most from administrative posts and localities, some of which without even a bank account, to also be shareholders of HCB.

With this operation, the company now has about 17,000 shareholders, all with the statutory rights provided for, including obtaining dividends in the annual economic years with positive results, deliberate dread for distribution, and the prerogative of the appropriate bodies to obtain information about the company’s processes.

Before this transaction, HCB always had only two shareholders: the Mozambican and Portuguese states, the latter that would leave definitively the structure because of the sale to Mozambique of the remainder of its participation.

empresas moçambicanas através de uma Oferta Pública de Venda (OPV) materializada pela Bolsa de Valores de Moçambique (BVM).

Importa referir que a HCB passou a estar quo tada na bolsa a partir de 2019, o que, dada a sua robustez e importância económica, também enrobusteceu o mercado de valores no país. Se a bolsa moçambicana tem alguma significância na economia moçambicana, deve-o, em parte, à participação da HCB.

A OPV foi uma operação minuciosamente prepa rada, acompanhada de acções de sensibilização e educação financeira então desencadeadas em todo o país, privilegiando-se que as acções de viam ser adquiridas por moçambicanos de todos os estratos sociais e provenientes de todos os cantos do país.

Num contexto em que a inclusão financeira ain da era incipiente em Moçambique, a operação in cluiu a subscrição por telemóvel, facilitando ainda mais a abrangência, para o sucesso da operação.

No final da OPV as acções foram subscritas por moçambicanos de todas as latitudes, permitindo que cidadãos de praticamente todos os distritos, a maioria dos postos administrativos e locali dades, alguns dos quais sem sequer uma conta bancária, também sejam accionistas da HCB.

Com esta operação, a empresa passou a contar com cerca de 17 mil accionistas, todos com os direitos estatutariamente previstos, incluindo a obtenção de dividendos nos exercícios económi cos anuais com resultados positivos, deliberados para distribuição, e a prerrogativa de junto dos órgãos apropriados obterem informações sobre os processos da empresa.

Antes desta operação, a HCB teve sempre apenas dois accionistas: os estados moçambicano e por tuguês, este último que viria a deixar em definiti vo a estrutura por conta da alienação a Moçam bique do remanescente da sua participação.

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CAHORA BASSA UM EMPREENDIMENTO EM TRANSFORMACÃO CAHORA BASSA A TRANSFORMING ENTERPRISE Lançamento da OPV em Maputo, 2019 OPV launch in Maputo, 2019 Equipa de trabalho que preparou a OPV Work team that prepared the OPV

Explicação detalhada so bre as vantagens de inves tir na HCB Detailed explanation of the advantages of investing in HCB

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CAHORA BASSA UM EMPREENDIMENTO EM TRANSFORMACÃO CAHORA BASSA A TRANSFORMING ENTERPRISE
Formalidades seguidas, a Bolsa de Valores de Moçambique passa vender acções da HCB Formalities followed, the Mozambique Stock Exchange (BVM) now makes HCB shares available

Robust contribution to the national economy

HCB is a success story in the lives of Mozambicans. The reversion has brought it an indispensable relevance, especially in economic terms, since it has become an important contributor to the coffers of the State. In addition to what they collect in their financial years, the treasury benefits from taxes, something unusual before the reversion.

From 2007, the company became subject to Mozambican laws, with duties before the State. The tax authorities started to collect very important revenues for their coffers, because HCB became the largest taxpayer in the main tax (VAT, Corporation Tax - IRPC and Personal Income Tax - IRPS), as highlighted by the Tax Authority of Mozambique (ATM).

In the entire period following the reversal and until the last annual financial year, HCB contributed to the Treasury with more than 47 billion meticais, broken down as follows:

• IRPC On Income: 8.7 billion meticais;

• IRPC Per Account: 17.1 billion meticais;

• IRPC Withholding tax on third parties: 2.0 billion meticais;

• IRPS Dependent work and withholding tax: 5.5 billion meticais;

Dividends for the State: 10.1 billion meticais;

Concession rate: 7.1 billion meticais.

Contributo robusto para a economia nacional

A HCB é uma história de sucesso na vida dos moçambicanos. A reversão trouxe-lhe uma rele vância imprescindível, principalmente em termos económicos, uma vez ter-se tornado num impor tante contribuinte para os cofres do Estado. Para além do que arrecada nos seus exercícios econó micos, o tesouro beneficia com impostos, algo que não acontecia no período anterior à reversão.

A partir de 2007, a empresa passou a estar sujei ta às leis moçambicanas, com deveres perante o Estado. O fisco passou a arrecadar receitas importantíssimas para os seus cofres, pois a HCB passou a ser o maior contribuinte em sede dos principais impostos (IVA, IRPC e IRPS), conforme destaca a Autoridade Tributária de Moçambique.

Em todo o período posterior à reversão e até ao último exercício económico anual, a HCB contri buiu para o tesouro com mais de 47 mil milhões de meticais, discriminados da seguinte forma: •

IRPC Sobre Rendimentos: 8,7 mil milhões de meticais; •

IRPC Por Conta: 17,1 mil milhões de meticais;

IRPC Retenção na fonte sobre terceiros: 2,0 mil milhões de meticais;  •

IRPS Trabalho dependente e retenção na fonte: 5,5 mil milhões de meticais;

Dividendos para o Estado: 10,1 mil milhões de meticais;

Taxa de concessão: 7,1 mil milhões de meticais.

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HCB’s contribution to the national economy has been growing greatly, mainly for the construction of social infrastructure, such as roads, bridges, hospitals and schools, as well as for reducing the budget deficit. This participation is added, however, to another that also represents the contribution of the company in the most varied areas of the country’s life, embodied in its social responsibility actions in virtually all sectors and a little throughout the country.

A contribuição da HCB na economia nacional tem vindo a crescer grandemente, principalmen te para a construção de infra-estruturas sociais como estradas, pontes, hospitais e escolas, bem como para a redução do défice orçamental.

A esta participação acrescenta-se, no entanto, a outra que igualmente representa o contributo da empresa nos mais variados domínios da vida do país, consubstanciada nas suas acções de res ponsabilidade social em praticamente todos os sectores e um pouco por todo o país.

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CAHORA
BASSA UM EMPREENDIMENTO EM TRANSFORMACÃO
CAHORA BASSA A TRANSFORMING
ENTERPRISE

Breve caracterização da Bacia do Zambeze

Brief Characterization of the Zambezi Basin

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Brief

Characterization of the Zambezi Basin

ZAMBEZI BASIN COUNTRIES

Angola, Botswana, Malawi, Mozambique, Namibia, Democratic Republic of Congo, Tanzania, Zambia, Zimbabwe.

BASIN AREA 1,390,000km²

EXTENSION OF THE ZAMBEZI RIVER 2,700km

MAIN TRIBUTARIES

Luanguinga: rigth bank (Angola)

Kuando-Utemo: rigth bank (Angola-NamibiaBotswana)

Kafue: left bank (Zambia)

Luangwa-Lusemfua: left bank (Zambia)

Manyame/Panhame: right bank (ZimbabweMozambique)

Luia-Capoche: left bank (Mozambique)

Revúbuè: left bank (Mozambique)

Mozoe-Luenha: right bank (ZimbabweMozambique)

Chire: left bank (Malawi-Mozambique)

SOURCE:

Kalene Hill (Zambia) Mouth: Chinde-Indian Ocean (Mozambique)

LARGE HYDRAULIC WORKS:

One of the hydraulic use projects is the Kariba dam and lake with a maximum water storage capacity of 180km³ making it the third largest

Breve Caracterização da Bacia do Zambeze

PAÍSES DA BACIA DO ZAMBEZE

Angola, Botswana, Malawi, Moçambique, Namí bia, República Democrática do Congo, Tanzania, Zâmbia, Zimbabwe.

ÁREA DA BACIA 1 390 000km²

COMPRIMENTO DO RIO ZAMBEZE 2700km

PRINCIPAIS TRIBUTÁRIOS

Luanguinga: margem direita (Angola)

Kuando- Utemo: margem direita (Angola-Namí bia-Botswana)

Kafue: margem esquerda (Zâmbia) Luangwa-Lusemfua: margem esquerda (Zâmbia)

Manyame/Panhane: margem direita (Zimbabwe -Moçambique)

Luia-Capoche: margem esquerda (Moçambique) Revúbuè: margem esquerda (Moçambique)

Mazoe-Luenha: margem direita (Zimbabwe-Mo çambique)

Chire: margem esquerda (Malawi-Moçambique)

NASCENTE

Kalene Hill (Zâmbia) Foz: Chinde-Oceano Índico (Moçambique)

GRANDES APROVEITAMENTOS HIDRÁULICOS

Um dos aproveitamentos hidráulicos é a bar ragem e albufeira de Kariba, que tem uma capacidade de armazenamento máxima de

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artificial reservoir in the world and the second one in all of Africa. It is located in the middle section of the Zambezi separating Zimbabwe from Zambia and it is managed by the ZRAZambezi River Authority.

The other large hydraulic use project is the Cahora Bassa dam and lake also located in the middle section of the Zambezi which created a reservoir with a maximum water capacity of 63km³, the 12th largest in the world and the 5th in Africa.

In order of importance they are followed by the Itezhitezi and Kafue Gorge dams at the Kafue river Lunsemfwa at the river of the same name and Mulungushi, in Zambia, and Manyame, Masvikadei, Sebakwe and Chivero, in Zimbabwe, all of them with a storage capacity of over 200 million cubic metres. Additionally, there are still 24 large dams albeit of lower volume in the Zambezi basin of which 23 are located in Zimbabwe and 1 in Malawi.

Other locations for additional large hydraulic opportunities have already been identified and some of them pertain to works that are in the preliminary study or feasibility or even project phases.

In the diagram on page 58 are indicated the main existing projects as well as those planned for the main course of the Zambezi River: Batoka, Devil’s Gorge and Mupata Gorge, in the international section Zambia-Zimbabwe and M’panda Uncua, Boroma and Lupata, in Mozambican territory.

As they have been configured on paper, these projects, added to the already existing ones, represent a total power potential of 12,087MW, including also the Cahora Bassa North Station and the power potential installed at Victoria Falls.

180km³ de água, constituindo o 3.° maior reservatório artificial do mundo e o 2.° em África. Situa-se no troço do Médio Zambeze que separa o Zimbabwe da Zâmbia, e é geri da pela ZRA–Zambezi River Authority.

O outro grande aproveitamento hidráulico é a barragem e albufeira de Cahora Bassa, também no troço terminal do Médio Zam beze, que criou um reservatório com capa cidade máxima para 63km³ de água, o 12.° maior do mundo e o 5.° de África.

Por ordem de importância, seguem-se-lhes as barragens de Itezhitezi e Kafue Gorge, no rio Kafue, Lunsemfwa, no rio do mesmo nome, e Mulungushi, na Zâmbia, e Manyame, Mas vikadei, Sebakwe e Chivero, no Zimbabwe, todas com capacidades de armazenamento superiores a 200 milhões de metros cúbicos. Para além destas, existem ainda mais 24 grandes barragens, mas de menor capacida de, na bacia do Zambeze, das quais 23 são no Zimbabwe e 1 no Malawi.

Locais para outros grandes aproveitamentos hidráulicos foram já identificados, correspon dendo alguns deles a obras que se encon tram em fase de estudos preliminares ou de viabilidade ou em fase de projecto.

No diagrama da página seguinte indicam-se os principais aproveitamentos existentes e os previstos para o curso principal do rio Zam beze: Batoka, Devil´s Gorge e Mupata Gorge, no troço internacional Zâmbia- Zimbabwe, e M´Panda Uncua, Boroma e Lupata, em território moçambicano.

Estes aproveitamentos, a juntar aos exis tentes, representam, nas configurações previstas, uma potência total de 1. 087MW, incluindo também a Central Norte de Caho ra Bassa e a potência instalada em Victoria Falls.

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Besides the above-referred dams, there is a numerous group of small dams. The great majority of these dams, which rarely hold more than 100,000m³ in of water and are used for agricultural irrigation and public consumption, are located mostly in Zimbabwean and Zambian territories. It is estimated that there are about 11,000 small dams in Zimbabwe, 5,820 of which are located in the Zambezi River basin, with an estimated dam capacity of about 4.6 million cubic metres. In Zambia, although there is no accurate count of the number of small dams, it is estimated that their dam capacity reaches around 12 thousand million cubic metres, a number significantly higher than that of Zimbabwe and almost exclusively also situated in the Zambezi basin.

Especially in Mozambique, besides the already built Cahora Bassa and South Station there are plans for the construction of the M’panda Uncua dam, whose feasibility studies and preliminary project implementation phases are currently underway.

It was, however, identified, still during the previous studies undertaken by the MFPZ – Missão de Fomento e Povoamento do Zambezi8, and later by GPZ, a total of 12 sites with promising hydroenergetic and agricultural irrigation potential along the course of the Zambezi and its main tributaries.

Thus, in Rio Luia plans were made for the installation of around 1,076MW of power; 3 sites in Rio Revúbuè with a total of power to be installed around 533MW, and Nhamalabué, with a potential power resource of 1,170MW.

These resources represent a total of about 9,000MW, still lower than the Zambezi basin hydroelectrical potential in Mozambican territory.

Além das grandes barragens referidas, existe um numeroso conjunto de pequenas barragens. A ge neralidade destas represas, que raramente ultra passam a capacidade de 100 000m³, destina-se a fins hidroagrícolas e de abastecimento público, situando-se a esmagadora maioria nos territórios zimbabweano e zambiano.

Estima-se que no Zimbabwe existam cerca de 11 000 pequenas barragens, das quais 5820 se si tuam na bacia do rio Zambeze, a que correspon de a uma capacidade de represamento estimada de cerca de 4,6 milhões de metros cúbicos.

Na Zâmbia, embora não haja ainda um conhe cimento exacto do número de pequenas barra gens, estima-se que a sua capacidade de represa mento totalize cerca de 12 mil milhões de metros cúbicos, significativamente mais elevada do que no Zimbabwe e situada quase exclusivamente também na bacia do Zambeze.

Particularmente, em Moçambique, para além de Cahora Bassa e da Central Sul, já construídas, prevê-se a construção da barragem de M´Panda Uncua, estando em curso os estudos de viabilida de e a elaboração dos anteprojectos.

Foi, no entanto, identificado previamente, ainda durante os estudos levados a cabo pela MFPZ (Missão de Fomento e Povoamento do Zambe ze) e mais tarde pelo GPZ, um total de 12 locais com potencial hidroenergético e hidroagrícola no curso principal do Zambeze e nos principais afluentes.

Assim, previram-se no rio Luia, totalizando uma potência a instalar da ordem de 1076MW, três locais no rio Revúbuè, totalizando uma potência a instalard da ordem de 533MV, e em Nhamala bue, com uma potência a instalar de 1170MW.

A totalidade destes aproveitamentos representa cerca de 9000MW, ainda inferior ao potencial hidroeléctrico da bacia do Zambeze em território moçambicano.

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CAHORA

The filling of the reservoir started on December 5, 1974 and ended at the level of normal exploration NPA, 326m in September 1976, having reached the maximum water level only during the floods of March 1978 (327.74m) and April 2001 (328.18m).

The maximum water elevation level NMC at capacity is 329m.

The HVDC wheeling lines for South Africa covering an extension of 1,400km were finalized in January 1974 and the energy generation conversion and transmission trials were performed in 3 stages that became commercially operational on the 26th of March 1977 (the first stage), on April 16, 1978, the second stage and on June 22, 1979, the third and last stage.

The dam was built with conventional concrete made of granitic aggregate resulting from the

O enchimento da albufeira teve início em 5 de Dezembro de 1974 e ficou concluído até à cota de exploração normal NPA (326m) em Setembro de 1976, tendo atingido cotas superiores somen te nas cheias de Março de 1978 (327,74m) e de Abril de 2001 (328,18m).

A cota de máxima cheia NMC é 329m.

As linhas de transporte de energia HVDC para a África do Sul, numa extensão de 1400km, ficam concluídas em Janeiro de 1974, e os ensaios de geração, de conversão e de transmissão são feitos em 3 escalões que entraram em exploração comercial em 26 de Março de 1977, o primei ro escalão, em 16 de Abril de 1978, o segundo escalão, e em 22 de Junho de 1979, o terceiro e último escalão.

A barragem foi construída com betão conven cional, constituído por agregados graníticos, resultantes da britagem da rocha retirada das

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breaking of the rock excavated for the purpose of setting up the foundation and tunnel floors and of cement produced in the Dondo-Beira Cement Plant and in lesser quantities imported from Zimbabwe.

- The total volume of excavated materials reached around 1,500,000m³ of which about 200,000 for the dam foundation and 1,300,000 for the undergrounds opening, such as the power station surge chambers transformer house access tunnels and tailra ces.

- About 600,000m³ of concrete were used, of which 450,000 for construction of the dam and the remainder for the construction of the underground work structures.

- The total excavated length of the tunnel galleries and caverns reached over 2.5km.

- The powerhouse gallery, which houses the five 415MW generators, the auxiliary services and the operation and refrigeration systems, measures 217m long by 29m wide and 57m high.

- The two surge chambers measure respecti vely 242m and 342m by 15m wide and 18m high.

- The studies were conducted by the MFPZ’s and subsequently by its successor GPZ te chnical departments aided by the coopera tion of other entities both public and private, such as study and project concerns universi ties and independent consultants.

The general contractor was ZAMCO - Zambeze Consórcio Hidroeléctrico, Lda., which included 15 associated members grouped by specialty:

- CEW for civil engineering work, including CCIA (France), leader of the group that combined Hochtlef AG (Germany); LTA (South Africa); and Shaft Sinkers (Pty) Ltd. (South Africa);

escavações da Fundação e dos túneis, e cimento produzido na Cimenteira do Dondo-Beira e, em menor quantidade, cimento importado do Zim babwe.

- O volume do material total escavado foi da ordem de 1 500 000m³, dos quais cerca de 200 000 para a fundação da barragem e 1 300 000 para a abertura da central, cha minés de equilíbrio, sala de transformadores, túneis de acesso e galerias de condução.

- Foram empregues cerca de 600 000m³ de betão, dos quais 450 000 para construção a barragem e os restantes para a construção das estruturas das obras subterrâneas.

- O cumprimento total de túneis, galerias e ca vernas escavadas ultrapassa os 2,5km.

- A caverna da central, que alberga os 5 gera dores de 415MW, os serviços auxiliares e os sistemas de operação e de refrigeração, tem 217m de comprimento por 29m de largura e 57m de altura.

- As duas chaminés de equilíbrio têm compri mentos, respectivamente, de 242m e de 342m, por 15 m de largura e 18m de altura.

- Os estudos foram efectuados pelos departa mentos técnicos da MFPZ e do sucessor GPZ, com colaboração de outras entidades, públi cas e privadas, entre empresas de estudo e projectos, universidades e consultores inde pendentes.

O construtor foi a ZAMCO - Zambeze Consór cio Hidroeléctrico, Lda., o qual compreendia 15 membros associados em grupos especializados por obras:

- CEW, para obras de engenharia civil, com preendendo a CCI (França), líder do grupo que integrou a Hochtlef AG (Alemanha), a LTA (África do Sul), e a Shaft Sinkers (Pty) Ltd. (África do Sul);

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- GAE, for electrical generation equipment;

- TSE, for conversion sub tations;

- TL, for the wheeling lines.

For many different types of work this consortium hired the services of local regional and national companies.

- GAE, para equipamento gerador eléctrico;

- TSE, para as subestações conversoras;

- TL, para as linhas de transmissão de energia.

Para muitos trabalhos, este consórcio contratou os serviços de empresas locais, regionais e nacio nais.

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Responsabilidade Social Social Responsibility

Social Responsibility Responsabilidade Social

The reversion of HCB to Mozambique has materialized a wide range of initiatives that alone compensate the enormous waiting time that the country has gone through to have the enterprise on hands. On several occasions, the authorities referred to the desire to have the hydroelectric plant under control and put it at the service of the people and the economy of Mozambique.

Mozambique’s biggest resentment towards management prior to 2007 is that the HCB had been far from fulfilling that wish. More than that, it only served the interests from Portugal. Although the company has experienced serious economic difficulties for much of the period prior to the reversion, due to the war that would only end in 1992, Mozambique’s perception was that the hydroelectric power could have given more.

When the Mozambican authorities took over the venture they set a mandate to the new designated management of HCB: to put HCB at the service of the people and the Mozambican economy. Social responsibility policy has thus become one of the pillars in the strategy of the company, which in this respect has the epicenter in Songo but exceeds its borders to act in the Zambezi Valley and in the country as a whole, as we will see more ahead.

HCB has intended, in terms of social responsibility, to overcome the mere philanthropic practices, or support to the community in which it operates. They defined as their focus the quality of relations and interventions with the various social actors of Songo, Tete and the rest of the country, tracing as vectors to serve the communities closest to the enterprise (the Cahora Bassa District, Tete province and the Zambezi Valley), socio-

A passagem da HCB para as mãos de Moçambi que materializou uma vasta gama de iniciativas que só por si compensam o enorme tempo de espera que o país atravessou para ter o empreen dimento em suas mãos. Por diversas vezes, as autoridades referiram-se ao desejo de se ter a hidroeléctrica sob controlo e coloca-la ao serviço do povo e da economia moçambicana.

O maior ressentimento de Moçambique em rela ção à gestão anterior a 2007 é o facto de a HCB ter estado longe de cumprir aquele desejo. Mais do que isso, apenas servia os interesses de Portu gal. Ainda que a empresa tenha experimentado dificuldades económicas graves durante grande parte do período anterior à reversão, devido à guerra que só terminaria em 1992, é percepção de Moçambique que a hidroeléctrica podia ter dado mais.

Quando tomaram conta do empreendimento, as autoridades moçambicanas deixaram um mandato claro à nova gestão designada da HCB: coloca-la ao serviço do povo e da economia de Moçambique. A política de responsabilidade so cial passou a ser, assim, um dos pilares na estraté gia de actuação da empresa, que neste aspecto tem o epicentro no Songo mas ultrapassa as suas fronteiras para actuar no Vale do Zambeze e no país no seu todo, como veremos mais adiante.

A HCB ambicionou, em termos de responsabili dade social, ultrapassar o mero cumprimento de práticas filantrópicas, ou de apoio à comunidade em que está inserida. Definiu como foco a qua lidade das relações e intervenções com os diver sos actores sociais de Songo, de Tete e do país, traçando como vectores atender as comunidades mais próximas do empreendimento (o distrito de Cahora Bassa, a província de Tete e o Vale do

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economic, cultural, sporting and other support initiatives of national impact and humanitarian campaigns.

The village of Songo, the most visible example of this HCB intervention, has revolutionized itself. From famous place just for hosting the mega-venture, with good housing conditions only for HCB workers, It has revolutionized itself and has become an attractive and desirable place, with all the characteristics of a modern village, where the quality of life in nothing owes to the big cities.

Before the reversion of the HCB, communities complained about the lack of public services, such as water supply, electricity or roads. Despite the fact that the enterprise produces electricity the population resented its lack, as the company placed criteria that prevented access to energy. In order to connect to the electrical current HCB required people to have installations carried out within the standards established by them, what was exclusionary, as most people did not have conditions for this purpose.

With the reversion, HCB’s management revised all criteria, while at the same time invested in physical planning and opened up access routes, as well as in the water supply system and in the expansion of the electricity supply, which now benefit the entire village and the surroundings. The education and health sectors have also been improved with the support of company, which financed the construction and equipping of hospitals and schools that provide basic quality education to the local population, and not only.

Education sector now has all levels of education, benefiting the local community and Other communities, especially for the high education, once the Polytechnic Institute of Songo was built mainly to train staff for HCB’s areas of interest. Those trained in this institution have

Zambeze), apoiar iniciativas sócio-culturais, des portivas e outras de impacto nacional e campa nhas humanitárias.

A Vila do Songo, exemplo mais visível desta intervenção da HCB, revolucionou-se. De lugarejo famoso apenas por hospedar o mega-empreen dimento, com condições habitacionais boas apenas para seus trabalhadores, revolucionou-se e transformou-se em lugar atractivo e apetecível, com todas as características de uma vila moder na, onde a qualidade de vida em nada deve às grandes cidades.

Antes da reversão da HCB as comunidades queixavam-se da falta de serviços públicos, como abastecimento de água, electricidade ou vias de acesso. Apesar de o empreendimento produzir energia a população ressentia-se da sua falta, pois a empresa colocava critérios que afastavam a maioria para o seu acesso. A HCB exigia, para ligar a corrente, que as pessoas tivessem uma ins talação eléctrica executada dentro das normas e padrões por si estabelecidos, o que era excluden te, pois a maioria não conseguia reunir condições para o efeito.

Com a reversão, a administração da HCB reviu todos os critérios, ao mesmo tempo que investiu no planeamento físico e abriu vias de acesso, no sistema de abastecimento de água e na expan são do fornecimento de energia eléctrica, que agora beneficiam toda a vila e arredores.

Os sectores de educação e saúde também têm vindo a melhorar com o apoio da empresa, que financiou a construção e apetrechamento de uni dades sanitárias e de estabelecimentos de ensino que proporcionam à população local, e não só, serviços básicos de qualidade.

A educação passou a contar com todos os níveis de ensino, beneficiando a comunidade local e outras, sobretudo para o superior, uma vez ter-se construído o Instituto Politécnico de Songo, que forma principalmente quadros para áreas de

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the privilege of being able to practice internship and even the possibility of being recruited by the company.

As a logical consequence of the whole revolution that Songo has witnessed since the passage of Cahora Bassa Hydroelectric Power Plant for the Mozambican State, the quality of life it offers began to attract more inhabitants. From there on the village tends to get more and more populated and the demand for public and private services also grows, on many occasions counting with the hand of the HCB.

The community recognizes and praises this qualitative leap, as the result of the effort snaeured by HCB, comparing with the times prior to the reversion. After celebrating with pomp the passage of the Hydroelectric Power Plant into the hands of Mozambicans and to hear that the enterprise became at the service of the State and the people, the inhabitants of Songo began to feed expectations of growth of their lives. Expectations have not been defrauded and their results are already tangible and visible.

Local community leaders make a point of distinguishing two eras in Songo’s life: the one prior to the reversion and the subsequent one. Queen Joaquina Martins speaks of water and electricity as the core benefits, as before 2007 just a small proportion of inhabitants of the village, most of them HCB workers, had access to these services.

She highlights the improvement of the quality of life, expressing her satisfaction as both the centre, as well as outlying neighbourhoods benefit from better quality of services. She also highlights the better planned and always kept clean streets, the education of young people and the quality never dreamed of by the population.

In addition to Songo, the vicinity of the hydroelectric plant and the entire district of

interesse da HCB. Os formados neste estabele cimento têm o privilégio de poderem estagiar e mesmo a possibilidade de serem recrutados pela empresa.

Como consequência lógica de toda a revolução que Songo testemunha, desde a passagem da Hidroeléctrica de Cahora Bassa para o Estado moçambicano, a qualidade de vida que oferece começou a atrair mais habitantes. A vila vai, de lá a esta parte, ficando cada vez mais povoada e a demanda pelos serviços públicos e privados tam bém cresce, em muitas ocasiões contando com a mão da HCB.

A comunidade reconhece e enaltece este salto qualitativo, fruto do esforço imprimido pela HCB, comparando-o com os tempos anteriores à rever são. Depois de celebrarem com pompa a passa gem da hidroeléctrica para as mãos dos moçam bicanos e de ouvirem que o empreendimento passava a estar ao serviço do Estado e do povo, os habitantes de Songo começaram a alimentar expectativas de crescimento das suas vidas. As expectativas não foram goradas e os seus resulta dos já são tangíveis e visíveis.

Os responsáveis comunitários locais fazem ques tão de distinguir duas eras na vida de Songo: a anterior à reversão e a posterior. A rainha Joaqui na Martins fala de água e energia eléctrica como grandes benefícios, na medida em que antes de 2007 uma ínfima percentagem dos habitantes da vila, mormente trabalhadores da HCB, é que tinha acesso a estes serviços.

Sublinha ainda a melhoria da qualidade de vida, manifestando o seu agrado, por tanto o centro, como os bairros periféricos beneficiarem de ser viços de melhor qualidade. Ela destaca também os arruamentos, mais bem planificados e sempre mantidos limpos, a educação dos jovens e a saú de, que considera de qualidade nunca sonhada pela população.

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Cahora Bassa have benefited from HCB’s social responsibility policy. At Chitima district, known for its chronic problems of lack of water, a supply system has been set up to benefit its population, while also HCB invested in education and health infrastructures.

The population of Zumbo, one of the most remote districts in the country, also benefits from the construction of various public infrastructures, as the local hospital, the Multimedia Center, where community radio operates, in addition to improved access routes. The most significant action in this district was the construction of the road, for at times to get there from the city of Tete it was necessary almost several days, a journey now reduced to just less than ten hours.

Mágoè and Marávia, bathed by the Cahora Bassa reservoir, and virtually all the rest districts of Tete province, have been having interventions supported by the HCB since its reversion to the Mozambican State.

Outside the province was built and equipped a health center in the administrative post of Pafúri, in Chicualacuala; houses for teachers (there were already schools but no housing for teachers), including the secretariat of the administrative post, which had been destroyed during the war ended in 1992 in the country. The district is a crossing point of the HCB’s power supply line to South Africa.

HCB defines its policy and intervention in the field of social responsibility as participation in the country’s collective development efforts.

Sports: The statement door

The impact of the reversion of HCB management for the Mozambican State transcends the mere infrastructure and reaches other fields of life

Para além de Songo, as cercanias da hidroeléctrica e todo o distrito de Cahora Bassa têm beneficiado da política de responsabilidade social da HCB. Na sede distrital, Chitima, em tempos conhecida pelos seus problemas crónicos de falta de água, foi montado um sistema de abastecimento para beneficiar a sua população, ao mesmo tempo que também se inves tiu em várias infra-estruturas de educação e saúde.

Zumbo, um dos distritos mais recônditos do país, beneficia também da construção de várias infra -estruturas públicas, como o hospital local, o Centro Multimedia, em que funciona a rádio comunitária, para além de vias de acesso melhoradas. A mais significativa acção neste distrito foi a construção da estrada, pois em tempos, para lá se chegar, a partir da cidade de Tete, eram necessários quase vários dias, uma viagem agora reduzida a pouco menos de dez horas.

Mágoè e Marávia, banhados pela albufeira de Cahora Bassa, e praticamente todos os restantes distritos da província de Tete, têm conhecido inter venções apoiadas pela HCB, desde a sua reversão para o Estado moçambicano.

Fora da província foi construído e apetrechado um centro de saúde no posto administrativo de Pafúri, em Chicualacuala; erguidas casas para professo res (já havia escolas mas sem habitação para os docentes), incluindo a secretaria do posto adminis trativo, que tinha sido destruída durante a guerra terminada em 1992 no país. O distrito é um ponto de passagem da linha de transporte de energia da HCB para a África do Sul.

A HCB define a sua política e intervenção no cam po da responsabilidade social como comparticipa ção nos esforços colectivos de desenvolvimento do país.

Desporto: porta de afirmação

O impacto da reversão da gestão da HCB para o Estado moçambicano transcende a mera constru

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in the country. Several other branches also benefited from the company’s new performance, the example of sports, which have now a partner who gives hand to initiatives with impact that go beyond the village of Songo.

Now it’s important to start with the epicenter. The population of that village is fond of sports and its practice drags crowds into the few and often improvised precincts. Just like elsewhere in the country, football is the most beloved sport, but people also apreciate other sports, such as basketball, athletics or swimming.

In terms of sports infrastructure, Songo had little more than the field of local football, naked, which hosted the home games of the Grupo Desportivo Recreativo da Hidroeléctrica de Cahora Bassa, founded in 1982, as a recreational team of the company’s workers, in order to exercise and have fun on weekends. But because the club was inserted into the community, it started gaining and incorporating more and more players, until it became a federated team, with right to participate in the provincial championship, although without great ambitions, because the company’s management cared very little about local sporting ambitions.

For the operalization of the team, which includes minimum expenses for items such as meals for the athletes, travel or even water during games, the administration of the largest Mozambique company of electricity production made available the modest amount of... 600,00 meticais, which evolved to 45,000 on the eve of the reversion. Enthusiasts around the club even took money from their pocket to support the team, while promoting fundraising activities, yet far from conferring the necessary conditions for the club to dream higher.

The reversion left behind all the treatment of disdain and aroused Songo’s ambition for larger flights in sports. Soon, in 2007, the team was equipped and the following year won the

ção de infra-estruturas e alcança outros campos da vida do país. Vários outros ramos também beneficiaram da nova actuação da empresa, ao exemplo do desporto, que passou a contar com um parceiro que dá a sua mão a iniciativas com impacto que vão para além da Vila do Songo.

Mas importa começar pelo epicentro. A popu lação daquela vila é afeiçoada pelo desporto e a sua prática arrasta multidões para os poucos recintos, muitas vezes improvisados. Tal como noutros pontos do país, o futebol é a modalidade mais querida, praticando-se, no entanto, também o basquetebol, atletismo ou a natação.

Em termos de infra-estruturas desportivas, Songo contava com pouco mais que o campo de futebol local, pelado, que hospedava os jogos em casa do Grupo Desportivo da Hidroeléctrica de Cahora Bassa, nascido em 1982, como equipa recreativa dos trabalhadores da empresa, com o intuito de se exercitarem e divertir aos fins-de-semana. Mas porque o clube estava inserido na comunidade foi ganhando e incorporando mais e mais jogadores, até se tornar numa equipa federada que militava no campeonato provincial e sem grandes ambi ções, porque a direcção da empresa importava-se muito pouco com as ambições desportivas locais.

Para o funcionamento da equipa, o que inclui despesas mínimas para rubricas como refeições para os atletas, deslocações ou mesmo água durante os jogos, a administração da maior em presa de Moçambique disponibilizava a módica quantia de... 600 meticais, que evoluíram para 45 mil nas vésperas da reversão. Os entusiastas à volta do clube chegavam a tirar do próprio bolso alguns “trocados” para apoiar a equipa, ao mesmo tempo que promoviam actividades de angariação de fundos, ainda assim longe de con ferirem as condições necessárias para sonhar-se mais alto.

A reversão deixou para traz todo o tratamento de desdém e despertou a ambição de Songo por voos maiores no desporto. Logo, em 2007,

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provincial championship, which practically prevented the club from failing to “think at the local level” and venture to the greatest football competition in Mozambique (Moçambola). External support when the team began to produce encouraging and positive results came, notably from Shell, which has granted a sponsorship of three million for the large expenditure that constitutes putting a football team to work.

The investment had to be huge and, for that desiderate, the company was once again fundamental. More than equipping the team with players, some recruited out of Songo and Tete, and other parts of the country, including abroad, it was necessary to create an enclosure to host games of Moçambola, the national football championship, so that the HCB sports team became qualified in 2009.

It is in this context that 27 November Stadium was erected, with one of the best lawns of Southern Africa. The enclosure is part of a complex of facilities that includes accomodation for athletes, another lawn that hosts provincial competitions and community games, making Songo’s club to become one of the teams with the best conditions in the country at the moment for a high-competition football team. At the same time, the collective began to have resources to train young athletes, starting to be part of juniors and youth championship.

The vision and commitment of the new HCB managers has made the club one of the main Mozambican football representatives since the time it joined Moçambola, having already won twice the country’s top race, and so many of the Mozambique Cups. Before joining the main national football competition, the most it had achieved was to win the provincial championship, but without ambitions to compete in the National Championship (Moçambola), due to lack of conditions.

a equipa foi apetrechada e no ano seguinte conquistou o campeonato provincial, o que, praticamente, espevitou o clube para deixar de “pensar ao nível local” e aventurar-se para a maior prova que há em Moçambique (Mo çambola). Houve um apoio externo quando a equipa começou a apresentar resultados ani madores e positivos, nomeadamente da Shell, que concedeu um patrocínio de três milhões de meticais para a avultada despesa que constitui pôr a funcionar uma equipa de futebol.

O investimento teve de ser gigantesco e, para isso, a empresa voltou a ser fundamental. Mais do que apetrechar a equipa com jogadores, al guns recrutados fora de Songo e Tete, e de outros pontos do país, inclusive do estrangeiro, foi neces sário criar um recinto com condições para acolher jogos do Moçambola, o campeonato nacional de futebol, para que o Grupo Desportivo da HCB se qualificasse em 2009.

É neste contexto que foi erguido o estádio 27 de Novembro, com um dos melhores relvados da África Austral. O recinto faz parte de um com plexo de instalações que inclui aposentos para atletas, um outro relvado que acolhe competi ções provinciais e jogos da comunidade, fazen do com que o clube de Songo passasse a ser o que melhores condições oferece, a nível do país, por estas alturas, para uma equipa de futebol de alta competição. Paralelamente, o colectivo passou a ter recursos para formar jovens atletas, passando a comportar plantéis de juniores e de juvenis.

A visão e o cometimento dos novos gestores da HCB tornou o clube numa das principais colectivi dades futebolísticas moçambicanas desde que in gressou no Moçambola, tendo já ganho por duas vezes a prova máxima do país, e outras tantas da Taça de Moçambique. Antes da principal compe tição futebolística nacional, o máximo que tinha alcançado era o campeonato provincial, mas sem ambições de disputar o “Nacional”, por falta de condições.

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The club changed its designation a few years ago to União Desportiva do Songo, an initiative based on the need to make it more agglutinating and belonging to the community at that point in the province of Tete, and not just the to the enterprise, which in the meantime maintains unconditional support for its grandellation. In addition to football the club also promotes basketball, handball, swimming and athletics.

HCB’s commitment with sports also included, in Songo, the construction of swimming pools for the massification of swimming practice and a pavillion for saloon modalities, including the promotion of training and other competitions.

At national level, HCB’s participation in Mozambican sports has been in support of several competitions, including national teams of various modalities, with emphasis on the football, in which they became one of the main sponsors of the respective federation, together with the federation of hockey on skates and basketball.

O clube mudou de designação há alguns anos para União Desportiva de Songo, numa iniciativa que teve como fundamento a necessidade de tor na-lo mais aglutinador e pertencente de facto à comunidade daquele ponto da província de Tete, e não apenas à entidade patrona, que entretanto mantém o apoio incondicional para o seu en grandecimento. Para além de futebol movimenta também o basquetebol, andebol, natação e o atletismo.

O cometimento da HCB com o desporto contem plou, ainda, no Songo, a construção de piscinas para a massificação da prática de natação e pavi lhão para as modalidades de salão e o basquete bol, incluindo a promoção de acções de formação e outras competições.

No plano nacional, a participação da HCB no desporto moçambicano tem sido de apoio a diversas competições, incluindo selecções nacio nais de várias modalidades, com destaque para o futebol, em que passou a ser um dos principais patrocinadores da respectiva federação, o hóquei em patins e o basquetebol.

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Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, descerra a placa na inauguração do Centro de Saúde de Wiriamo The President of the Republic had lowered the plaque at the inauguration of the Wiriamo Health Centre

A HCB participou activamente na campanha de com bate à maior pandemia dos últimos tempos: a Covid-19 HCB actively participated in the campaign to combat the biggest pandemic of recent times: the Covid-19

A educação é um dos pilares da nossa responsabili dade social Education is one of the pillars of our social response

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Governadora Margarida Mapandzene Chongo inaugura uma unidade sanitária construída pela HCB em Gaza Governor Margarida Mapandzene Chongo inaugurates a health unit built by HCB in Gaza Mais uma unidade sanitária oferecida à população. Desta feita no distrito de Pafuri, na província de Gaza Another health unit offered to the population. This time in Pafuri district, Gaza province

A HCB abraçou sempre o desporto nacional. A selecção nacional de futebol conta com o nosso apoio…

HCB has always embraced national sport. The Na tional Football Team has our support...

… como a de hóquei em patins, que por várias ocasiões participou em cam peonatos do mundo

... such as roller hockey, which on se veral occasions participated in World Championships

As residências para funcionários da HCB são outra faceta da modernidade na vila HCB employee residences are another facet of modernity in the village

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A União Desportiva do Songo é o orgulho da vila, da pro víncia e do país

The União Desportiva do Songo is the pride of the village, the province and the country

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ENTERPRISE
Vila do Songo entre o natural e o moderno Songo village: between natural and modernity

Relações Comerciais Business Relationships

Business Relationships Relações Comerciais

As an Independent Electrical energy producer, Hidroeléctrica de Cahora Bassa will continue to follow with zeal and strategic excellence its main objective: the production, transmission and marketing of energy to its clients, thus contributing in a responsible and value creating manner to the strengtening of the national and regional economies.

The Company’s importance and role in the region was strenghtened with the 2007 conclusion of the South Station Rehabilitation Project (REABSUL). This project provided the conditions the Company needed for the continuous supply of energy to its clients for the next three decades, based on sustainable levels of commercial reliability and feasibility and finantial conditions compatible with the largest hydroelectric projects in the world.

Marketing-wise, during the period in reference, the Company has sought to consolidate and establish markets that have already been won - selling energy to Mozambique, Zimbabwe, Botswana and to South Africa - and further, by establishing commercial ties with potential clients, namely Malawi and Namibia.

The energy sold to these clients has, to date, grown considerably. For example, in the 2005 to 2007 period, the growth rate reached the 20% level, at an annual average rate of close to 10%.

HCB’s regional energy sales present the following distribution: Client: South Africa (Eskom), 65%; Zimbabwe (ZESA), 19%; Mozambique (EDM), 15%, Southern Africa Power Pool (STEM) and Botswana (BPC), less than 1%.

A Hidroeléctrica de Cahora Bassa, como produtor independente de energia eléctrica, prossegue e continuará a prosseguir, com zelo e excelência estratégica, o seu principal objectivo, nomeada mente a produção, o transporte e comercializa ção de energia aos seus clientes, contribuindo de forma responsável e monetarizante para o forta lecimento da economia nacional e regional.

O posicionamento da empresa na região e o seu papel saíram fortalecidos com a conclusão, em 2007, do projecto de reabilitação da Central Sul (REABSUL). Este projecto permitiu dotar a empre sa de condições para o continuado abastecimen to de energia aos seus clientes, num horizonte para lá de três décadas, com níveis sustentáveis de fiabilidade e viabilidade comercial e financeira compatíveis com os das melhores hidroeléctricas do mundo.

No quadro comercial, durante o período em referência, a empresa tem procurado consolidar e estabelecer mercados já conquistados - venden do energia a Moçambique, Zimbabwe, Botswana e África do Sul - e ainda estabeleceu relações comerciais com potenciais clientes - designada mente o Malawi e a Namíbia.

A energia vendida aos clientes tem vindo a registar um crescimento assinalável, sendo que, a título de exemplo, no período de 2005 a 2007, foi de cerca de 20%, a uma taxa média anual de perto de 10%.

As vendas de energia da HCB no mercado regio nal têm a seguinte ordem de repartição. Titulada por cliente: África do Sul (Eskom), 65%; Zimba bwe (ZESA), 19%; Moçambique (EDM), 15%; Southern African Power Pool (STEM) e Botswana (BPC), menos de 1%.

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The 2005-2008 period was of extreme importance for HCB in particular, and for the country in general. It was in 2007 that the Hidroeléctrica de Cahora Bassa reverted to the Mozambican people, and it was during the same year that the pronounced effects of the exhaustion of the electrical energy generation in the region started being felt: a veritable reverse in the State’s economies.

Reversion allows HCB to be strategically aligned with the national economic development objectives,which focus on the possibility of increasing the supply of energy to the country, and by its contribute to the reduction of the country’s national deficit, due to its heavy weigh on the tax contribution.

The Company has been playing a preponderant role in the mitigation of the effects of the regional energy crisis. April 2008 saw the execution of the additional energy supply contracts for Eskom, EDM and BPC, the latter due to the 5th generator disponibility.

O período 2005-2008 foi de extrema importância para a HCB em particular, e para o país, em geral. Foi em 2007 que se deu a reversão da Hidroe léctrica de Cahora Bassa para o Estado moçam bicano e foi, no decurso do mesmo ano, que se começou pronunciadamente a sentir os efeitos da exaustão da capacidade instalada de geração de energia eléctrica na região: autêntico revés na economia dos Estados.

A reversão permite que a HCB esteja estrategica mente alinhada com os objectivos de desenvol vimento da economia nacional, quer ela possibi lidade de aumentar a disponibilidade de energia para o país, quer ainda pelo contributo à redução do défice orçamental do Estado, através do seu elevado peso na contribuição fiscal.

A empresa tem estado a jogar um papel pre ponderante na mitigação dos efeitos da crise de energia na região. Em Abril de 2008, foram celebrados acordos de fornecimento de energia adicional à Eskom, EDM e ao BPC, a qual emana do 5.° gerador.

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Linha de transporte de energia Power transport line

Gestão Ambiental Environmental Management

Environmental Management Gestão Ambiental

Following the reversion process on the 27th November 2007, the Board of Directors created the Environmental Department solely to deal with the environmental management aspects relevant to the Company. Exploitation of Cahora Bassa’s project is associated with a set of environmental impacts, which require a strategic and thematic approach. Such a framework seeks to establish HCB as a Company orientated to fully respond to all the challenges in the mitigation of environmental impacts and in the projection of these impacts in compliance with ISO14001 norms.

ENVIRONMENTAL MANAGEMENT POLICYS

Aware of the importance of its social and environmental responsibility in the development of the country, the company has taken on the commitment to contribute to the Environment’s sustainable management in all its areas of interest.

This objective may be achieved through the application of the appropriate environmental management practices based on the following principles:

- Comply with applicable legal requirements and other commitments related to the Company’s management of the Environment;

- Promote the education, training and motiva tion of workers in environmental issues and the use of progressively cleaner technologies, adequate waste management practices, and other environmental aspects;

- Improve the Company’s environmental perfor mance by periodically reviewing its environ mental objectives and goals;

Após o processo de reversão, em 27 de Novem bro de 2007, o Conselho de Administração criou a Direcção de Ambiente, para se dedicar exclu sivamente aos aspectos relevantes da gestão ambiental a nível da empresa. A exploração do empreendimento de Cahora Bassa está associa da a um conjunto de impactos ambientais que requerem um enquadramento objectivo e estra tégico em torno dessa temática. Tal enquadra mento visa constituir a HCB como uma empresa orientada para responder cabalmente a todos os desafios de mitigação dos impactos ambientais e projecção destes no cumprimento das normas ISO 14001.

POLÍTICA DE GESTÃO AMBIENTAL

A empresa, ciente da sua responsabilidade social e ambiental no contínuo propósito de contribuir para o desenvolvimento do país, assume o com promisso de contribuir para a gestão sustentável do meio ambiente em que se inserem todos os domínios da sua actividade.

Esse objectivo é prosseguido através de práticas correctas de gestão ambiental apoiadas nos seguintes princípios:

- Cumprir com as exigências legais aplicáveis e outros cometimentos relacionados com a gestão ambiental na empresa;

- Promover a educação, treino e motivação dos trabalhadores relativamente ao ambiente e à utilização de tecnologias progressivamente mais limpas, e práticas adequadas de gestão de resíduos e outros aspectos relacionados com o ambiente;

- Melhorar o desempenho ambiental da empre sa, através da revisão periódica dos objectivos e metas ambientais a alcançar;

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- Publicly document and report on the Com pany’s environmental performance;

- Engage in the continuous improvement of the Environmental Management System taking into consideration environmental impacts and measures to mitigate them.

ENVIRONMENTAL MANAGEMENT SYSTEM

The Environmental Management System was implemented in May 2008 and now constitutes a fundamental instrument in the operationality of the different environmental activities carried out by the Company between the organic units and their coordination outside of the Company. This instrument, as well as the adaptation of the Environmental Management Policies, was approved by the Board of Directors.

HCB’s position in regards to environmental aspects is based on the Company’s Environmental Policies, requiring the commitment to contribute to a sustainable management of the environment in all its activities and, in turn, contribute to the development of the country.

In May 2008, a technical inspection team from MICOA visited HCB and in a report they issued it was made clear that the Company is carrying out positive actions and that there were effort being made to integrate environmental aspects at every level of the Company’s activities.

The Company is working towards the lincensing of its environmental activities by MICOA and is also seeking ISO14001 Certification.

These steps are viewed as short and mediumterm goals.

ENVIRONMENTAL MONITORING OF THE CAHORA BASSA RESERVOIR

The Cahora Bassa Reservoir was created in 1975 and is located in the final portion of the

- Documentar e reportar publicamente o desem penho ambiental da empresa;

- Empenhar-se no melhoramento contínuo do Sistema de Gestão Ambiental, tendo em conta os impactos ambientais e a sua mitigação.

SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL

O Sistema de Gestão Ambiental foi estabele cido na empresa em Maio de 2008 e constitui até hoje um documento fundamental para a operacionalização das diversas acções ambien tais entre as unidades orgânicas e a sua arti culação com o exterior. O referido documento foi aprovado pelo Conselho de Administração, bem como a adopção da Política de Gestão Ambiental.

O posicionamento da HCB em relação aos aspec tos ambientais está emanado na Política Ambien tal da Empresa, onde se assume o compromisso de contribuir para a gestão sustentável do meio ambiente em que se inserem todos os domínios da sua actividade, em prol do desenvolvimento do país.

No mês de Maio de 2008 uma equipa técnica de Inspecção do MICOA visitou a HCB, e no seu relatório ficou claro que a empresa está a de senvolver um trabalho positivo e considera haver esforço no sentido de integrar aspectos ambien tais a todos os níveis.

A empresa está a caminhar para o licenciamento das suas actividades ambientais a nível do MI COA e de Certificação da ISO 14001. Estes pas sos constituem desafios a curto e médio prazos, em termos de concretização.

MONITORAMENTO AMBIENTAL DA ALBUFEIRA DE CAHORA BASSA

A Albufeira de Cahora Bassa foi criada em 1975 e localiza-se no troço terminal do Médio Zambeze,

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mid-Zambeze, possessing a maximum storage capacity of 65km3 and usable volume of 52km3. It is 270km long by 30km maximum wide, with a flooding surface of 2,900km2 at full capacity, reference level 329m.

Its location downstream from large population concentrations in Zambia and Zimbabwe and from zones where demographic, agricultural and industrial pressures are intense that special monitoring care be employed for the adequate control of the quality of the water that serves the ecosystems generated after the filling of the reservoir, and which is returned to the downstream aquatic systems, as well as for the preservation of the energy retention and production infrastructures.

The environmental monitoring of the reservoir follows the principles established in the Dam Exploitation Norms (Normas de Exploração de Barragens - NEB) and takes into account guidelines from ICOLD, UN specialized agencies, and SADC (Southern Africa Development Corporation).

ENVIRONMENTAL MONITORING

The monitoring plan for the Cahora Bassa reservoir is based on a strategy evaluating environmental and ecological conditions in the reservoir, contributing to its management in such a way that, on an yearly basis, it frames and controls environmental problems related to the pollution and sedimentation of the waters along the entire extension of the reservoir (SongoZumbo).

Specific objectives:

- Determine water quality and tendencies;

- Diagnose polluting discharges;

- Accompany the evolution of the performance of the different ecosystems;

- Disseminate warnings well in advance of po tential need;

com uma capacidade de armazenamento máxi ma de 65km³ e volume útil de 52km³, 270km de comprimento e 30km de largura máxima, com uma superfície de inundação de 2900km² ao nível de máxima cheia, cota 329m.

A sua localização a jusante de grandes aglome rados populacionais na Zâmbia e no Zimbabwe e de zonas onde a pressão demográfica, agrícola e industrial é intensa justifica que se sejam consi derados cuidados especiais de monitoramento, apropriados para o controlo da qualidade de água que serve de habitat aos ecossistemas gerados após o enchimento e que é devolvida aos sistemas aquáticos a jusante e também à preservação das infra-estruturas de retenção e de produção energética.

O monitoramento ambiental da albufeira segue assim os princípios estabelecidos nas Normas de Exploração de Barragens (NEB) e tem em conta as recomendações da ICOLD (International Commis sion on Large Dams), das agências especializadas da ONU e dos protocolos existentes a nível da SADC (Southern Africa Development Corporation).

MONITORAMENTO AMBIENTAL

O plano de monitoramento da albufeira de Cahora Bassa centra-se na estratégia de avaliar as condições ambientais e ecológicas da albufeira e contribuir para a sua gestão de forma a enqua drar e controlar anualmente os problemas am bientais relacionados com a poluição das águas e a sedimentação em toda a extensão da albufeira (Songo-Zumbo).

Objectivos destacáveis:

- Determinar a qualidade de água e a sua ten dência;

- Diagnosticar descargas de poluentes;

- Acompanhar a evolução do desempenho dos ecossistemas;

- Difundir alertas com a devida antecedência em caso de necessidade;

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- Evaluate the evalution of sediments from the bottom of the reservoir.

OBSERVED PARAMETRES

Normaly, the following parametres are observed in situ by use of the multiparametric probe: temperature (ºC), pH, electrical conductivity (ver original), muddiness, chloropyll, dissolved oxigen, TSD. Besides these parametres there are other water physical aspects and characteristcs that undergo visual observation, such as aquatic plants, color and transparency.

The water samples collected during sampling campaigns are sent to HCB’s Chemical Analysis Laboratory in order to obtain a complete panel of additional phisycal-chemical characteristics: hardness, dry residue, mineralization (anions and cations), pollution indicators, dissolved gases and aggressiveness index.

MEANS

Compaigns both close to the dam and at medium distances have been carried out in the river by Catamaran type boat. The campaigns along the entire length of the reservoir are carried out by helicopter and, in 2005 they started being executed with an appropriate Catamaran possessing autonomy and long-term travel conditions.

COLLECTIONS AND ANALYSIS OF BOTTOM SEDIMENTS

From 2004 onward, water and bottom and margin sediment sample collection compaigns of the main reservoir tributaries occur annualy with the objective of performing a preliminary evaluation of sedimentation rate and silt levels. These compaigns have produced an understanding of the evolution of sedimentation and

- Avaliar a evolução de sedimentos do fundo da albufeira.

PARÂMETROS OBSERVADOS

Habitualmente, são observados in situ através da sonda multiparamétrica os seguintes parâmetros: Temperatura (ºC), pH, condutividade eléctrica (uS/cm), turvação, clorofila, oxigénio dissolvido, TSD. Para além dos parâmetros mencionados, também são observados visualmente outros aspectos e características físicas da água, como a floração aquática, coloração e a transparência.

As amostras de água recolhidas nas campanhas de amostragem são enviadas ao Laboratório de Análises Químicas da HCB, para determinação das suas características físico-químicas completas adicionais: dureza, resíduo seco, mineralização (aniões e catiões), para além de indicadores de poluição, gases dissolvidos e índice de agressivi dade.

MEIOS

As campanhas próximas da barragem e de média distância têm sido executadas via fluvial com um barco tipo Catamaram. As capanhas ao longo de toda a extensão da albufeira têm sido executadas através de helicóptero e passaram, em 2005, a ser realizadas com um Catamaram apropriado com autonomia e condições de longo curso.

COLHEITA E ANÁLISE DA ÁGUA E SEDIMENTOS DO FUNDO

A partir de 2004 realiza-se anualmente as cam panhas de colheita das amostras de água e de sedimentos do fundo e ao longo das margens dos principais tributários da albufeira, com a finalidade de efectuar uma avaliação preliminar da taxa de sedimentação e dos níveis de assorea mento. As referidas campanhas têm proporciona do uma percepção da evolução da sedimentação

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indicators of erosion, transport, deposition, as well as temporal and spatial distribution of the sediments along the reservoir’s extension.

CONTROL OF INFESTING PLANTS

The environmental monitoring and auditing program emphasises the vigilance over the development of aquatic infesting plants and it was iniated in 2000 with the first ‘fly over’ and followed after 2004, by helicopter and boat. It should be noted that during the rainy season, especially the January to April period, the afflux of aquatic floating plant colonies to the dam walls is a regular occurrence.

In order to figth these floating colonies, a floating retainer line was installed in order to prevent their movement to the area of water intake and thus avoiding eventual damage to the hydraulic circuits of the generator group and resulting consequences. Additionally, plants are removed later by the use of boats. The wind system, predominantly aligned with the reservoir axis and in the contrary direction of the discharge, strongly deters plant accumulation near the dam.

As a result of the redution of polluting agents through annual renewal of the water mass, and due to the fact that there aren’t yet significant polluting sources, there has been a stable contection of the colonization areas. The very depth of the reservoir, toghether with the vertical margin profile have prevented easy germination up to around 20km downstream from the dam, with the exception, of course, of some small bays.

e dos indicadores do nível de erosão, transporte, deposição, bem como a distribuição temporal e espacial dos sedimentos ao longo da extensão da albufeira.

CONTROLO DE PLANTAS INFESTANTES

O programa de monitoramento e auditoria ambiental privilegia a vigilância sobre o desen volvimento de plantas infestantes aquáticos e foi iniciado em 2000 com o primeiro sobrevoo em avião e sequenciado, a partir de 2004, por voos de helicóptero e por barco.

Saliente-se que no período chuvoso, principal mente nos meses de Janeiro a Abril, ocorre regularmente um elevado afluxo de colónias flutuantes de plantas aquáticas até ao paredão da barragem.

De forma a combater esse fluxo de colónias flutuantes, foi montada uma linha de retentores flutuantes que impede a aproximação das coló nias à zona de aspiração das tomadas de água, evitando assim eventuais danos nos curcuitos hidráulicos dos grupos geradores e respectivas consequências que daí pudessem advir.

Adicionalmente, as plantas são posteriormente removidas com a ajuda de barcos. O regime de ventos, predominantemente alinhado com o eixo da albufeira e no sentido contrário ao escoamen to, condiciona fortemente a sua aproximação da barragem.

Como resultado da redução da carga de poluen tes por renovação anual da massa de água e por não existirem ainda fontes poluentes significati vas, tem havido uma contenção estável das zonas de colonização. A própria elevada profundidade da albufeira, conjugada com margens escarpa das, tem impedido a sua fácil germinação até cerca de 20km a montante da barragem, excluin do naturalmente algumas enseadas.

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CAHORA BASSA’S RESERVOIR POTENTIAL

The Cahora Bassa Dam created a body of fresh water that constitutes a veritable source for the development of ecosystems and an enormous variety of aquatic fauna (from large size species such as crocodiles and hippopotami to the famous ‘kapenta fish’, the Tanganhica Lake sardine).

The ‘kapenta fish’ represents an industrial-sized fishing activity with a heavy economic value for the region. Additionally, there are other commercially viable species, such as the ‘pende fish’.

The reservoir area at Cahora Bassa presents peculiar charateristics in terms of the irregular distribuition of the water mass and it is heavily accented by numerous protuberances and recesses. The vastness of its recesses offers veritable bays with a potential for development of aquatic ecosystems, artisanal, semi-industrial and industrial fishing, leisure, tourism and hunting activities.

RESERVOIR ZONING

The river zone is represented by the Zumbo basin, where the main reservoir tributaries are located (Zambezi and Luangwa rivers).

It is a narrow and well diversified area, with currents that transport a large part of the organic matter, vegetable (leaves, trunks) and animal remains and inorganic matter originating from the two rivers which flow into the reservoir. The predominant commercially viable fish species are the tiger fish (Hidrocynus vittatus); mulamba (Clarias gariepinus) and shenga (Distichodus shenga).

The transition zone encompasses the Messenguezi, Carinde and Mucanha bays. This area is wider and deeper than the river area with

O POTENCIAL DA ALBUFEIRA DE CAHORA BASSA

A Barragem de Cahora Bassa criou um volume de água doce que constitui um manancial para o de senvolvimento do ecossistema de uma enorme va riedade de animais aquáticos, desde os de grande porte-crocodilos e hipopotámos, até ao famoso pei xe kapenta (sardinha do lago Tanganica). O peixe kapenta corresponde a uma pescaria industrial com enorme valor económico na região. Paralelamente, existem outras espécies de peixes de importância comercial, como é exemplo o peixe pende.

A área de inundação da albufeira de Cahora Bassa apresenta características peculiares em termos de distribuição irregular da massa de água, bastante recortada com inúmeras saliências e reentrâncias. A vastidão das suas reentrâncias caracteriza autênticas baías com um potencial de desenvolvimento do ecossis tema aquático de grande referência para o uso e aproveitamento para a pesca artesanal, semi-industrial e industrial, recreação, turismo e caça.

ZONEAMENTO DA ALBUFEIRA

A zona fluvial é representada pela bacia Zumbo, onde se localizam os principais tributários da al bufeira (rio Zambeze e rio Luangwa). Trata-se de uma zona estreita e bem misturada, com alguma velocidade de corrente que transporta a maior parte da matéria orgânica, detritos vegetais e animais (folhas, troncos, pedaços vegetais) e ma téria inorgânica, provenientes dos dois rios que ali são depositados. Os peixes predominantes com valor comercial são os peixes tigre (Hidrocynus vittatus), mulamba (Clarias gariepinus) e shenga (Distichodus shenga).

A zona de transição compreende as bacias de Messenguezi, Carinde e Mucanha. É mais larga e mais profunda que a zona fluvial, com velo cidade da corrente quase indetectável. A água

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almost undetectable current speeds. The water is less muddy comparatively to the river water. It is a very unstable area, depending a lot on the reservoir’s water level fluctuations. Predominant species of commercial value in this area are ‘pende/tilapia’ (Oreochromis mortimeri and Oreochromic niloticus), tiger (Hidrocynus vittatus) and shenga (Distichodus shenga).

The lakes zone covers the basins of Mágoè, Chicoa and Garganta.

This is the most extensive, wider, deeper, longer water retention and lesser dissolved nutrients and substance concentrations area.

Available nutrients determine primary species, planctonic development and pelagic beings that are already here since this zone possesses the best light penetration conditions. Predominant species in this area are the tsimbo (Cyprinidea cylindricus); pende (Oreochromis mortimeri); mbzio (Mormyrops longirostris) and shenga

apresenta-se menos turva comparativamente à zona fluvial. É uma zona muito instável, que depende muito das flutuações do nível da água da albufeira. Predominam nesta zona as espécies de maior valor económico, como os peixes pende/tilápia (Oreochromis mortimeri e Oreochromis niloticus), tigre (Hidrocynus vittatus) e shenga (Distichodus shenga).

A zona lacustre compreende as bacias de Mágoè, Chicôa e Garganta. Esta zona é a mais extensa, mais larga e com maior profundidade, maior tempo de retenção da água e menor concentração de substâncias e nutrientes dissolvidos. Os nutrientes disponíveis determi nam a produção primária, o desenvolvimento planctónico e os seres pelágicos, já que aqui existem as melhores condições de penetração da luz. Predominam nesta zona as espécies como tsimbo (Cyprinidae cylindricus), pende (Oreochromis mortimeri), mbzio (Mormyrops Longirostris), shenga (Distichodus shenga) e kapenta ou matemba/ussimbo (Limnothris

BASSA UM
TRANSFORMACÃO
CAHORA
EMPREENDIMENTO EM
CAHORA BASSA A TRANSFORMING ENTERPRISE

(Distichodus shenga) and kapenta or matemba/ ussimbo (Limnothrissa miodon), this last one being exploited intensively due to its commercial value.

NATURAL PARKS AND ECOLOGICAL RESERVES

Biodiversity includes a vast fan of terrestrial and aquatic systems and environments along the entire extension of the Cahora Bassa reservoir. The main types of forest include miombo, mukwa and teak, while the wooded areas contain mopane and mahogany, which serve as habitat to different terrestrial and amphibian species.

The reservoir’s south bank possesses an enormous potential for reserved areas, such as the Bawa region, where both the Tchuma Tchato project (our wealth) and the Kafukudzi Camp are located. On the north bank, close to Zumbo Village, stands the Chawalo Safari Complex.

sa miodon), sendo este último explorado em regime intensivo devido ao seu elevado valor comercial.

PARQUES NATURAIS E RESERVAS ECOLÓGI CAS

A biodiversidade inclui um vasto leque de siste mas e ambientes terrestres e aquáticos, ao longo de toda a extensão da albufeira de Cahora Bassa. Os principais tipos de florestas incluem miom bo, mukwa e teca, enquanto as matas incluem mopane e mahogany, que servem de habitat a diferentes espécies animais terrestres e anfíbios.

A margem sul da albufeira apresenta-se com um potencial enorme de área de reservas, como é o caso da região de Bawa, com destaque para o projecto Tchuma Tchato (a nossa riqueza), tan to como o Kafukudzi Camp. Na margem norte, próximo da vila do Zumbo, existe o complexo Chawalo Safari.

BASSA UM EMPREENDIMENTO EM TRANSFORMACÃO
A TRANSFORMING ENTERPRISE
CAHORA
CAHORA BASSA

Técnicos da HCB avaliam periodicamente a qualidade da água da albufeira HCB technicians periodically evaluate the water quality of the reservoir

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A biodiversidade é uma das riquezas do vale do Zambeze Biodiversity is one of the riches of the Zambezi river

Peixe pescado da albufeira Fish from the reservoir

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Características Técnicas

Technical Data

1. THE RESERVOIR AND THE DAM

The big artificial lake, extending 270km upstream of the Zambezi River covers an area of 2,900km², with a maximum width of 30km and a useful water storage capacity of 52km³.

The dam is situated in a narrow gorge of the river, with vertical hillsides at the top and V-shaped at the bottom.

The dam is a concrete structure, double curve arch wall type, and it measures:

171m high above the foundations; 303m of crest length; 21.5m thick at the base; 5m thick at the crest.

Flood control is achieved by eight bottom spillway gates and one surface outlet, with a maximum flood release capacity of approximately 14,000m³/s.

2. THE POWER STATION (SOUTH STATION)

The power station is embedded in a cavern excavated into the rock, 220m long, 29m wide and 57m high, on the south bank of the river.

This cavern houses 5 generation sets. Each one of these generating sets is composed of a 415MW Francis type turbine, directly coupled to a three-phase step-up generator of 480MVA.

Under nominal load and head conditions (nominal head = 103.5m) the water consumption of each turbine is 452m³/s.

The nominal speed is 107.11rpm, corresponding to the Mozambican grid frequency of 50Hz. The output voltage of each

1. A ALBUFEIRA E A BARRAGEM

A albufeira é um grande lago artificial com uma área de 2900km², um comprimento máximo de 270km e largura máxima de 30km, sendo a sua capacidade útil de 52km².

A barragem está implantada numa estreita garganta do rio, com vertentes verticais na parte superior e em forma de V na parte inferior.

O seu corpo é de betão, do tipo abóbada de du pla curvatura e tem: - 171m de altura a partir das fundações; - 303m de comprimento no coroamento; - 21,5m de espessura máxima nas fundações; - 5m de espessura mínima no coroamento. O controlo de cheias é feito através dos órgãos de descarga da barragem, oito descarregadores de fundo e um de superfície, com a capacidade máxima de escoamento de cerca de 14 000m³/s.

2. A CENTRAL HIDROELÉCTRICA (CENTRAL SUL)

A central é uma enorme caverna escavada na ro cha, com 220m de comprimento, 29m de largura e 57m de altura, situada na margem sul do rio.

É no interior desta caverna que estão instalados cinco grupos geradores.

Cada um destes grupos geradores é formado por uma turbina tipo Francis de 415MW, directa mente acoplada a um alternador trifásico de 480 MVA.

Nas condições de carga e queda nominais (que da nominal = 103,5m), o consumo de água de cada turbina é de 452 m³/s.

A rotação dos grupos geradores faz-se à veloci dade nominal de 107,11rpm, a que corresponde a frequência eléctrica de 50Hz usada na rede eléctrica moçambicana.

150 CAHORA BASSA UM EMPREENDIMENTO EM TRANSFORMACÃO CAHORA BASSA A TRANSFORMING ENTERPRISE

generator is 16kV, being then raised to 220kV by transformers housed in an independent cavern.

Oil cables lead to a transition platform from where the 200kV overhead transmission lines link into Songo Substation. Each generator set has one water intake followed by a penstock with a diameter of 9.7m a length of 170m and a slope of 45º.

The penstock is followed by a curl-shaped spiral that channels the water to the respective turbine.

Connected to each turbine, the expansion galleries unload the turbined flow into the hydraulic circuit. The surge chambers consist of two caserns excavated in the rock designed to regulate the functioning of the hydraulic system. The chamber that services sets 4 and 5 is 21m wide, 71.5m long and 72m high, the other chamber that services sets 1, 2 and 3 is 21m wide, 76m long and 72m high. A ventilation shaft connects the two units at the top and with the surface. Each surge chamber is followed by a tailrace tunnel with a width of 15m and a height of 18m, through which the water is channeled back to the river.

Access to the power station is available by a tunnel excavated into rock over 1600m long.

3. SONGO CONVERTER SUBSTATION

On the Songo plateau, at an altitude of about 900m, stands the substation supplied by the energy produced at the South Station, approximately 6km away.

Since energy transmission to South Africa is made by means of an HVDC transmission system, the substation holds all the equipment designed for conversion of alternate current, coming from the powerhouse, into direct

A energia é produzida em cada grupo à tensão de 16kV, que depois é elevada para 220kV em transformadores instalados numa caverna inde pendentes e sai em cabo a óleo até uma platafor ma de transição, onde se faz a ligação às linhas aéreas de 220kV que alimentam a Subestação do Songo, a cerca de 6km de distância.

Cada grupo gerador tem uma tomada de água, à qual se segue uma conduta forçada de secção circular com 9,7m de diâmetro, 170m de compri mento e um declive de 45º.

À conduta forçada segue-se uma evoluta ou espiral, em forma de caracol, que conduz a água à respectiva turbina.

Após cada turbina seguem-se os difusores que descarregam o caudal turbinado no circuito hi dráulico de jusante.

As chaminés de equilíbrio são duas cavernas es cavadas na rocha, cuja função é a regularização do funcionamento do sistema hidráulico.

Uma das chaminés serve os grupos 4 e 5 e tem 21m de largura, 71, m de comprimento e 72m de altura.

A outra chaminé serve os restantes grupos 1, 2 e 3 e tem 2 m de largura, 76m de comprimento e 72m de altura.

Uma galeria de arejamento liga-as entre si e ao exterior.

De cada chaminé de equilíbrio sai uma galeria de fuga com 15m de largura e 18m de altura. É por estas galerias que se faz a restituição da água turbinada ao rio.

O acesso à central faz-se por um túnel escavado na rocha com 1600m de comprimento.

3. A SUBESTAÇÃO CONVERSORA DO SONGO

No planalto do Songo, a cerca de 900m de altitu de, fica situada a subestação que recebe toda a

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current injected into the HVDC transmission lines.

The eight converter bridges consist of oil-filled (for cooling) thyristor valves, each rated at 240MW, and fed by adequate transformers from de 200kV busbar. Each converter bridge has an outlet voltage of 133.3kV.

The converter bridges are connected in series, and the average point of this series is connected to the earth electrodes. Each pole is composed of four converter bridges on each side of the average point. Under normal operating conditions, the voltage pole/ground will be +533kV (positive pole) and -533kV (negative pole) for all the bridges.

4. HVDC TRANSMISSION LINES

Songo (in Mozambique) and Apollo (in South Africa) converter/inverter substations are linked by two monopolar overhead transmission lines, 1km apart, over a distance of 1,400km, 900km of which are in Mozambican territory along the Zimbabwean border.

The towers are of pyramid single-arm type, made of galvanized steel, measuring 49m high. About 6,400 towers are been erected, with an average span of 412m.

The main features of the HVDC transmission lines are:

Rated voltage: ±533kV;

Rated current: 1800A, under normal opera tion;

Rated output: 960MW on one line (or 1920MW on both lines).

The HVDC system is able to operate with one line or pole only, with earth return.

For that reason, each converter/inverter

energia produzida na Central Sul, a cerca de 6km de distância.

Como o transporte de energia para a África do Sul, o principal cliente, é feito em corrente contínua, esta subestação comporta por isso todo o equi pamento destinado à conversão (rectificação) da corrente alternada, proveniente da central, em corrente contínua, que é injectada nas linhas de transmissão HVDC.

Os grupos conversores (ou pontes conversoras), em número de oito, são formados por válvulas de tirís tores arrefecidas a óleo, com a potência unitária de 240MW, alimentadas através de transformadores apropriados, a partir do barramento de 220kV. Cada grupo conversor trabalha a uma tensão de saída de 133,3kV.

Os oito grupos conversores são ligados em série, sendo o ponto médio desta série ligado ao eléctro do da terra.

Cada pólo é formado pelas quatro pontes conver soras situadas de cada lado da ligação à terra.

Com todas as pontes em serviço normal, a tensão nos pólos em relação à terra será de + 533kV (pólo positivo) e de -533kV (pólo negativo).

4. AS LINHAS DE TRANSPORTE DE ENERGIA EM CORRENTE CONTÍNUA

As subestações/terminais do Songo (em Moçam bique) e de Apollo (na África do Sul) estão ligadas por duas linhas aéreas de transporte, monopolares, afastadas 1km entre si, cobrindo uma distância de 1400km, sendo 900km em território moçambica no, ao longo da fronteira com o Zimbabwe.

As torres que suspendem os condutores são do tipo piramidal, com braço simples, em perfilado de aço galvanizado, com altura normal de 49m, tendo sido implantadas cerca de 6400 torres, com um vão médio de 412m.

As características principais de funcionamento das linhas do sistema de conversão HVDC são:

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substation must have its own earth electrode. In the case of the Songo substation, it is located in a place near Chitima Village, approximately 25km from Songo.

The earth electrode is connected to the converter substation by two lines with characteristics similar to those of the main transmission lines. Three transmission modes are available:

The normal bipolar mode with opposite polarity line voltages and balanced pole currents ensures minimum ground current, even with unequal line voltages.

When one line or pole is unavailable, 50% of the power can still be transmitted using the other line or pole (monopolar mode) while the full 1800A line current is returned via the earth electrodes.

In the original project, an emergency operation mode was planned, by means of which the parallel operation of poles would enable the transmission of 80% of power over one single line. During this mode of operation the line would be operated at its maximum thermal rating of 3300A. Howe ver, this transmission mode has never been used.

Supported by the HVDC transmission lines, a power line telecommunication system carrier is in operation by using the main conductor and the earth wire, in order to ensure exchange of data and communications between both converter/inverter substations.

5. HVAC TRANSMISSION LINES

In order to provide power supply to the Centre and North of Mozambique, two 200kV AC transmission line were built, creating a link between Songo Substation and Matambo Substation, near Tete.

- tensão nominal: símbolo ±533 kV; - corrente nominal: 1800A, em funcionamento normal;

- potência nominal: 960MW por linha (ou 1920MW nas duas linhas).

O sistema de transmissão pode funcionar com uma só linha, ou um só polo, com retorno pela terra. Por esse motivo, cada uma das subestações terminais tem de possuir o seu eléctrodo de terra que, no caso da subestação conversora, se situa num local próximo da povoação de Chitima, a cerca de 25km do Songo.

O eléctrodo de terra está ligado à subestação con versora por duas linhas de características idênticas às das linhas principais.

São possíveis três modos de transmissão: - Regime bipolar normal, com polaridades posi tiva e negativa e correntes equilibradas entre os dois pólos, o que assegura uma corrente de retorno pela terra com valores mínimos, mesmo com tensões diferentes em cada pólo.

- Encontrando-se uma linha ou pólo indisponível, mesmo assim pode ser transmitida 50% da po tência usando a linha ou pólo disponível (modo monopolar). E, nestas condições, a corrente nominal de 1800A terá o seu retorno pela terra.

- No projecto original foi previsto um modo de transmissão de emergência, no qual a opera ção em paralelo de pólos permite a transmissão de 80% da potência total numa só linha. Com esse modo de transmissão a linha é operada na sua capacidade máxima, correspondente a uma corrente de 3300 A. Este modo de trans missão nunca foi utilizado.

Com suporte nas linhas de transporte de energia, utilizando o condutor principal e o cabo de guarda, funciona um sistema de telecomunicações por cor rentes portadoras que assegura a troca de informa ções e as comunicações entre as duas subestações terminais.

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One of these transmission lines, with a capacity of 150MW, is HCB’s property and the other, with a capacity of 250MW, is Electricidade de Mozambique (EDM)‘s property.

Among other lines, one 220kV transmission line HCB’s property, leaves from Matambo Substation up to Chibata Substation, near Chimoio, with a line capacity of 120MW.

Since 1997, the Songo Substation also feeds the Zimbabwean grid by means of a 330/400kV AC transmission line, EDM’s and Zimbabwe Electricity Authority (ZESA)’s

5. AS LINHAS DE TRANSPORTE DE ENERGIA EM CORRENTE ALTERNADA

Para o fornecimento de energia ao Centro e Nor te de Moçambique estão instaladas duas linhas de transporte de energia 220kV AC ligando a subestação do Songo à subestação de Matambo, perto da cidade de Tete.

Uma destas linhas de transporte pertence à Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) e tem uma capacidade de transporte de 150MW. A outra é pertença da Electricidade de Moçambique (EDM) e tem uma capacidade de transporte de 250MW.

Vista aérea em modelo numérico do terreno (MDT), obtido com técnica de laser scanning Aerial view in a numerical surface model (DTM) obtained by laser scanning technique

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property, covering a range of Mozambican and Zimbabwean territory, respectively, with a contractual capacity of up to 500MW.

Da subestação de Matambo sai, entre outras, uma linha de transporte a 220kV, pertença da HCB, com uma capacidade de transporte de 120MW, que alimenta a subestação de Chibata, perto do Chimoio.

A subestação do Songo, alimenta directamente o Zimbabwe, desde 1997, através de uma linha de transporte a 330/400kV AC, com uma potência contratada até 500MW, pertença da EDM e da Zimbabwe Electricity Supply Authority (ZESA), no troço que respeita a Moçambique e ao Zimba bwe, respectivamente.

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Construção da Barragem Dam Construction

Barragem

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Reabilitação Rehabilitation

Albufeira

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Vila de Songo Songo Village

Songo:

A place once quiet and not pleasant, even for the natives. It was so Songo’s village for many years. Even hosting the largest company in Mozambique. It was the most marked place for residential shipyards for some HCB workers and precarious construction homes for the majority of the population. And so it was described for years.

The passage of the hydroelectric management to Mozambican hands gave Songo another soul and another life. And another status, that of one of the most desirable places to live in Mozambique. It will not be an exaggeration to catalog it as a model village for a country that still has territorial planning and development as challenges.

Soon after the reversion began a series of projects that justify the need to put the Cahora Bassa enterprise at the service of Mozambique’s growth, with the place that hosts it as an epicenter. Soon after began the transformation

Um local outrora pacato e nada aprazível, mesmo para os nativos. Era assim a vila do Songo du rante muitos anos. Mesmo hospedando a maior empresa em Moçambique. Era o lugarejo mais marcado por estaleiros residenciais para alguns trabalhadores da HCB e residências de cons trução precária para a maioria da população. E assim descreveu-se durante anos.

A passagem da gestão da hidroeléctrica para mãos moçambicanas conferiu-lhe outra alma e outra vida. E também outro estatuto, o de um dos locais mais apetecíveis para se viver em Moçam bique. Não será exagero catalogar-lhe como vila-modelo para um país que ainda tem o orde namento e o desenvolvimento territoriais como desafios.

Logo após a reversão iniciou-se uma série de projectos que justificam a necessidade de colocar o empreendimento de Cahora Bassa ao serviço

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Songo: a village that was born again
uma vila que nasceu de novo

of Songo, mainly from the infrastructural point of view.

The transformation was not little by little. HCB’s social responsibility projects were quick to provide the village with infrastructure and services consistent with the objective Mozambique has pursued since the dawn of its independence: to put the hydroelectric power plant at the service of Mozambicans.

There are now schools of all levels to train Songo people and the one that flows there; hospitals, water supply network and, of course, electricity for all homes at subsidized costs for families are also available; there is a network of roads and everything else that gives quality to the lives of the current about 45,000 inhabitants of the village, some of whom have occurred there in recent times, given the opportunities that the reversion of HCB has opened for Mozambicans from all quarters.

HCB thus made the dream of people who did not ask for much: energy, which it produces but practically did not reach the homes of the population; water, abundant, with the Zambezi so close, but scarce in homes; schools, hospitals, etc., all with high standards of excellence, to the satisfaction of the population.

do crescimento de Moçambique, com o lugar que o hospeda como epicentro. Logo aí começou a transformação do Songo, principalmente do ponto de vista infra-estrutural.

A transformação não se fez pouco-a-pouco. Os projectos de responsabilidade social da HCB foram rápidos a conferir à vila infra-estruturas e serviços condizentes com o objectivo que Moçambique perseguiu desde a aurora da sua independência: colocar a hidroeléctrica ao serviço dos moçambicanos. Há, agora, escolas de todos os níveis para formar gente do Songo e aquela que para ali acorre; hospitais, rede de abasteci mento de água e, claro, electricidade para todas as casas a custos bonificados para as famílias; há uma rede de estradas e tudo mais que confe re qualidade à vida dos actuais cerca de 45 mil habitantes da vila, alguns dos quais ali acorreram nos últimos tempos, dadas as oportunidades que a reversão da HCB abriu para moçambicanos de todos os quadrantes.

A HCB tornou realidade, assim, o sonho de gen te que não pedia muito: energia, que produz, e praticamente não chegava às casas da popula ção; água, abundante, com o Zambeze ali tão perto, mas escassa nos lares; escolas, hospitais, etc., tudo com padrões altos de excelência, para satisfação da população.

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EM TRANSFORMACÃO CAHORA BASSA A TRANSFORMING

Uma vila nova: modernidade e funcionalidade atraentes A new village: attractive modernity and functionality

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Monumento Sandawana: uma das atracções na paisagem do Songo Sandawana Monument: one of the attractions in the landscape of Songo Este monumento evoca a liberdade This monument evokes freedom
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Praça Armando Emílio Guebuza Armando Emilio Guebuza Square
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Avenida Armando Emílio Guebuza Armando Emilio Guebuza Avenue Sonhos para não murchar! Dreams not to wither! Mercado The Estas infra-estruturas foram desenvolvidas a partir de 2007 These infrastructures were developed from 2007 Alunos da Escola Secundária do Songo Students from Songo Secondary School

Aeródromo do Songo, agora a condizer com a vila desenvolvida Songo Airfield, now to be compared to the developed village

O pequeno comércio também prospera Small businesses also prosper

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CAHORA BASSA UM EMPREENDIMENTO EM TRANSFORMACÃO CAHORA BASSA A TRANSFORMING ENTERPRISE Mercado Gande The Gande Market partir de 2007

Infantário da HCB HCB Nursery

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CAHORA
Sonhos semeados para alimentar o Songo e o país Dreams sown to feed Songo and the country in the

Songo e o país amanhã country in the future

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Cronologia Choronology

2008

HCB increases the energy supplied to ESKOM by 250MW

2009

Four foreigners (one Portuguese, one German, one Tswana and one South African) were arrested accused of attempting to sabotage HCB. They threw strange products, suspected to be concrete eroding, to the reservoir

First record-breaking energy production after reversion: 16,574,14MWh. The first after the reversion 2011

HCB profits come for the first time since the reversion to Mozambican State

2012

Mozambique signs an agreement with Portugal to sell the remainder of shares in HCB, which within two years will be fully Mozambican. These are the 15 percent of shares still in the hands of the Portuguese State

REN buys 7.5 percent of the shares for 38 million euros, admitting to selling the Mozambique to be able to enter new projects in the country

In the fifth year of the reversion, the Canadian company Monitoba Hidro International, that since 2007 follows the company’s performance, reveals that the management of HCB follows international standards

2013

Supplier qualification starts. A step allowing national companies, including SMEs, work more systematically with HCB

2008

HCB incrementa em 250MW a energia fornecida à ESKOM

2009

Quatro estrangeiros (um português, um ale mão, um tswana e um sul-africano) foram detidos acusados de tentar sabotar a HCB. Arremessaram à albufeira produtos estranhos, que se suspeitou corroedores de betão.

Batido recorde de produção de energia: 16.574,14 GWh. Primeiro depois da reversão

2011 Lucros da HCB chegam pela primeira vez, desde a reversão, ao Estado moçambicano

2012

Moçambique fecha com Portugal acordo para a ven da do remanescente das acções da HCB, que num prazo de dois anos será totalmente moçambicana. Trata-se de 15 por cento de acções ainda nas mãos do Estado português

REN compra 7,5 por cento das acções, por 38 mi lhões de euros, admitindo vender a Moçambique para poder entrar em novos projectos no país

No quinto ano da reversão a companhia canadia na Monitoba Hidro International, que desde 2007 acompanha a performance da empresa, revela que a gestão da HCB segue padrões internacionais

2013

Inicia qualificação de fornecedores. Passo para que empresas nacionais, incluindo as PME, traba lhem mais sistematicamente com a HCB

224 CAHORA BASSA UM EMPREENDIMENTO EM TRANSFORMACÃO CAHORA BASSA A TRANSFORMING ENTERPRISE

2014

Investment for infrastructure modernization take place. There were defined for the rehabilitation of the unloaders, the Songo Substation, the protection of the lines against floods and pollution and the strengthening of the power

2015

New maximums in energy production: 16,978.39 GWh. The previous maximum recorded in 2009, stood at 16,574.14

2017

HCB joins the administration of the Hydropower Association, an organization aimed at the use of hydroelectric enterprises in a sustainable way in the world

State announces the sale of HCB shares to nationals and institutions. Advertisement by President Nyusi in the commenoration of the 10 years of the reversion

2018

Audit recognizes high standards of reliability of management processes and Cahora Bassa dam safety

2019

HCB is now listed on the Mozambique Stock Exchange (BVM). An entry that speculated the stock market in the countryShares selling to national citizens starts

2021

Launch of the second phase of dam modernization, to improve the technical and operational reliability of the enterprise

2022

At the launch of the celebrations of the 15 th anniversary of the reversion, HCB reiterates robustness and sustainability.

2014

Inicia investimento para modernização de infra -estruturas. São definidos para o projecto a reabilitação dos descarregadores, da Subestação do Songo, a protecção das linhas contra as cheias e poluição e o reforço da potência

2015

Novos máximos na produção de energia: 16,978,39GWh. O anterior máximo registara-se em 2009, que se fixou em 16.574,14GWh

2017

HCB entra para a administração da Hydropower Association, organização vocacionada ao apro veitamento dos empreendimentos hidroeléctricos de forma sustentável no mundo

Estado anuncia a colocação à venda a cidadãos e instituições moçambicanos de acções da HCB. Anúncio feito pelo Presidente Nyusi na comemo ração dos 10 anos da reversão

2018

Auditoria reconhece altos padrões de fiabilidade dos processos de gestão e segurança da Barra gem de Cahora Bassa

2019

HCB passa a estar cotada na Bolsa de Valores de Moçambique. Uma entrada que espevitou o mercado bolsista no país. Inicia venda de acções a cidadãos nacionais

2021

Lançamento da segunda fase de modernização da barragem, para melhorar a fiabilidade técnica e operacional do empreendimento

2022

No lançamento das celebrações dos 15 anos de reversão, HCB reitera robustez e sustentabilidade.

225 CAHORA BASSA UM EMPREENDIMENTO EM TRANSFORMACÃO CAHORA BASSA A TRANSFORMING ENTERPRISE

Corpos Sociais 1975 – 2022 Governing Bodies 1975 – 2022

TRIÉNIO DE 1975-77

ASSEMBLEIA GERAL GENERAL ASSEMBLY

Presidente

Carlos Manuel Adrião Rodrigues*

Vice-Presidente António da Silva Martins

Primeiro-Secretário

Carlos Manuel Adrião Rodrigues*

Segundo-Secretário António Augusto de Figueiredo da Silva Martins

CONSELHO FISCAL FISCAL BOARD

Presidente

João Florêncio Vicente de Carvalho Noética - Concultores Internacionais de Econo mia e Gestão SARL

Vice-Presidente António Camilo Fajardo Pereira Leite

Vogais António José da Costa Ferreira Maria Teresa Gomes do Rêgo Arnoldino Ribeiro Pereira de Vasconcelos Noética - Consultores Internacionais de Econo mia e Gestão SARL

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO BOARD OF DIRECTORS

Presidente

António Augusto de Figueiredo da Silva Martins

Administradores

Carlos Manuel Adrião Rodrigues* António Augusto Alves*

José Cândido Sousa Carrusca Robin de Andrade Fernando Augusto Simões Serrão

TRIÉNIO DE 1978-80

ASSEMBLEIA GERAL GENERAL ASSEMBLY

Presidente Teodato Mondim da Silva Hunguana* Vice-Presidente António Augusto de Figueiredo da Silva Martins

Primeiro-Secretário Abel Fernandes David Júnior*

Segundo-Secretário Jorge Lino da Silva Lopes

CONSELHO FISCAL FISCAL BOARD

Presidente

Manuel Raminhos Alves de Melo

Vogais

Alexandre Pessoa Lucena e Vale Idolina Augusta Tavares Zuada David* António Mendes dos Santos Noética - Consultores Internacionais de Economia e Gestão, SARL Arnoldino Ribeiro Pereira de Vasconcelos Luís das Neves

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO BOARD OF DIRECTORS

Presidente António Augusto de Figueiredo da Silva Martins

Administradores

António Pedro Abreu Padez Casimiro* António Augusto Alves* João Francisco Saturnino Viegas de Araújo* Fernando Manuel Cardote Barbosa Mesquita José Antunes da Silva Adolfo da Silva Figueiredo José Carlos de Araújo Santos Belfo Mário José de Aguiar Manuel da Costa Braz

228 CAHORA BASSA UM EMPREENDIMENTO EM TRANSFORMACÃO CAHORA BASSA A TRANSFORMING ENTERPRISE

TRIÉNIO DE 1981-83

ASSEMBLEIA GERAL GENERAL ASSEMBLY

Presidente

Abel David Júnior*

Vice-Presidentes

José Cândido Sousa Carrusca Robin de Andrade Eduardo da Silva Costa

Primeiro-Secretário João de Freitas Aragão*

Segundo-Secretário António Mendes Santos

CONSELHO FISCAL FISCAL BOARD

Presidente

Manuel Raminhos Alves de Melo

Vogais Alexandre Pessoa Lucena e Vale Mário César Ferreira de Almeida Arnoldino Ribeiro Pereira de Vasconcelos João de Freitas Aragão*

Idolina Augusta Tavares Zuada David* António Mendes dos Santos Luís Teixeira das Neves

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO BOARD OF DIRECTORS

Presidente

Fernando de Castro Fontes

Administradores

Victor Pedro dos Reis Lopes*

João Francisco Saturnino Viegas de Araújo* Alfredo Luís da Conceição Rodrigues

José Antunes da Silva

Rogério Francisco Martins Dias Beatriz Armando de Ornelas Mário

TRIÉNIO DE 1984-86

ASSEMBLEIA GERAL GENERAL ASSEMBLY

Presidente

Abel Fernandes David Júnior* Vice-Presidente Fernando de Castro Fontes

Primeiros-Secretários José Antunes da Silva Rogério Francisco Martins Dias Beatriz Victor Manuel Correia Coelho

Segundos-Secretários João de Freitas Aragão* Carlos Alberto Alves Antunes

CONSELHO FISCAL FISCAL BOARD

Presidente Manuel Raminhos Alves de Melo

Vogais efectivos José Luís Nunes João de Freitas Aragão*

Vogais suplentes António Mendes dos Santos Dipac Jaiantilal

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO BOARD OF DIRECTORS

Presidente

Fernando Castro Fontes

Administradores

Alfredo Luiz da Conceição Rodrigues Hermenegildo Maria Cepeda Gamito* Rogério Francisco Martins Dias Beatriz

José Antunes da Silva Marcelo Silvestre dos Santos Vicente Mebunia Veloso* Armando de Ornelas Mário

229 CAHORA BASSA UM EMPREENDIMENTO EM TRANSFORMACÃO CAHORA BASSA A TRANSFORMING ENTERPRISE

TRIÉNIO DE 1987-89

ASSEMBLEIA GERAL GENERAL ASSEMBLY

Presidentes

Abel Fernandes David Júnior Fernando Ramos Julião*

Vice-Presidentes

Armando de Ornelas Mário Rui Spínola da Costa

Primeiros-Secretários

Carlos Alberto Alves Antunes

Alexandre Augusto Veiga Esteves Pereira

Segundos-Secretários

Alexandre Augusto Veiga Esteves Pereira

Victor Manuel Correia Coelho Isabel Maria Gomes Seco da Silva

CONSELHO FISCAL FISCAL BOARD

Presidente

Luís António Gomes Moreno

Vogais

Teresa Manuela de Almeida Nunes Ibrahimo Abdul Carimo Issufo Ibrahimo* Carlos Alberto Rosas do Lago Adriano Maleiane*

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO BOARD OF DIRECTORS

Presidente

Fernando de Castro Fontes

Administradores

Hermenegildo Maria Cepeda Gamito*

Armando Ornelas Mário

Marcelo Silvestre dos Santos Vicente Mebunia Veloso*

José Moreira Barra Rogério Francisco Martins Dias Beatriz

TRIÉNIO DE 1990-92

ASSEMBLEIA GERAL GENERAL ASSEMBLY

Presidente

Fernando Ramos Julião*

Vice-Presidente

Carlos Alberto Alves Antunes

Primeiros-Secretários Hamida Calú*

Alexandre Augusto Veiga Esteves Pereira

Segunda-Secretária Isabel Maria Gomes Seco da Silva

CONSELHO FISCAL FISCAL BOARD

Presidente

Luís António Gomes Moreno

Vogais

Teresa Manuela de Almeida Nunes

José Alexandre Lebre Theotónio Ibrahimo Abdul Carimo Issufo Ibrahimo*

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO BOARD OF DIRECTORS

Presidente

Fernando de Castro Fontes

Administradores

Marcelo Silvestre dos Santos Hermenegildo Maria Cepeda Gamito* Armando de Ornelas Mário Vicente Mebunia Veloso*

José Moreira Barra Victor Manuel Correia Coelho

230 CAHORA BASSA UM EMPREENDIMENTO EM TRANSFORMACÃO CAHORA BASSA A TRANSFORMING ENTERPRISE

TRIÉNIO DE 1993-95

ASSEMBLEIA GERAL GENERAL ASSEMBLY

Presidente

Fernando Ramos Julião* Vice-Presidentes Rui Spínola da Costa Carlos Alberto Alves Antunes

Primeiros-Secretários

Isabel Maria Gomes Seco da Silva Acílio Dias Godinho

Segunda-Secretária Hamida Calú*

CONSELHO FISCAL FISCAL BOARD

Presidente

José Luís Sapateiro

Vogais

Aboobakar Zainadine Dauto Changa* Graça Maria Montalvão Fernandes José Alexandre Lebre Theotónio

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO BOARD OF DIRECTORS

Presidente

Manuel da Costa Braz

Administradores

Manuel Soares Ferreira Regalado

Abel Machado d’Oliveira

Carlos Amante Crujeira José Manuel Gameiro Lopes Hermenegildo Maria Cepeda Gamito* Vicente Mebunia Veloso* Octávio Filiano Mutemba*

Armando de Ornelas Mário Carlos António de Oliveira Costa

TRIÉNIO DE 1996-98

ASSEMBLEIA GERAL GENERAL ASSEMBLY

Presidente Fernando Ramos Julião* Vice-Presidentes António Rui Gomes de Moura Acílio Dias Godinho

Primeiro-Secretário Teodósio Armando Wazela*

Segundo-Secretário Carlos Manuel dos Santos Alves

CONSELHO FISCAL FISCAL BOARD

Presidente José Luís Sapateiro

Vogais

Aboobacar Zainadine Dauto Changa* Graça Maria Montalvão Fernandes José Alexandre Lebre Theotónio

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO BOARD OF DIRECTORS

Presidente Manuel da Costa Braz

Administradores

Carlos António de Oliveira Costa Carlos Amante Crujeira José Manuel Gameiro Lopes Hermenegildo Maria Cepeda Gamito* Abílio Ramos Marques Octávio Filiano Mutemba*

231 CAHORA BASSA UM EMPREENDIMENTO EM TRANSFORMACÃO CAHORA BASSA A TRANSFORMING ENTERPRISE

TRIÉNIO DE 1999-20011

ASSEMBLEIA GERAL GENERAL ASSEMBLY

Presidente

Fernando Ramos Julião* Vice-Presidente Acílio Dias Godinho

Primeiro-Secretário Teodósio Armando Wazela*

Segundo-Secretário Carlos Manuel dos Santos Alves

CONSELHO FISCAL FISCAL BOARD

Presidente

José Manuel Silva Lemos

Vogais Aboobacar Zainadine Dauto Changa* Maria Teresa Vasconcelos Abreu Flor de Morais Vítor Manuel Batista de Almeida

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO BOARD OF DIRECTORS

Presidente

Carlos Alberto Veiga Anjos Administradores António Nobre Guerreiro de Góis Abílio Ramos Marques Francisco Marques Gomes Fernando Vicente Mendes Octávio Filiano Mutemba* Hermenegildo Maria Cepeda Gamito*

1Os titulares dos órgãos sociais eleitos para este triénio ficaram em gestão até 15 de Agosto de 2003.

TRIÉNIO 2003-06

ASSEMBLEIA GERAL GENERAL ASSEMBLY

Presidente

Fernando Ramos Julião* Vice-Presidente Maria Isabel de Jesus da Silva Marques Vicente Primeiro-Secretário Teodósio Armando Wazela*

Segunda-Secretária Cristina Maria Pereira Branco Mascarenhas Vieira Sampaio

CONSELHO FISCAL FISCAL BOARD

Presidente

Isabel Luísa Barahona Monteiro Gonçalves Simões

Vogais efectivos

Luís Miguel Silva Ribeiro Aboobacar Zainadine Dauto Changa*

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO BOARD OF DIRECTORS

Presidente Joaquim Serrão da Silva Correia

Administradores

Rogério Francisco Martins Dias Beatriz João Nuno de Oliveira Jorge Palma Francisco Jorge Coelho da Rocha e Silva Fernando Manuel Lúcio Marques da Costa Manuel Jorge Tomé* Octávio Filiano Mutemba*

232 CAHORA BASSA UM EMPREENDIMENTO EM TRANSFORMACÃO CAHORA BASSA A TRANSFORMING ENTERPRISE

TRIÉNIO DE 2006-082

ASSEMBLEIA GERAL GENERAL ASSEMBLY

Presidente

Fernando Ramos Julião* Vice-Presidente Maria Isabel de Jesus da Silva Marques Vicente Primeiro-Secretário Teodósio Armando Wazela*

Segundo-Secretário

Cristina Maria Pereira Branco Mascarenhas Sampaio

CONSELHO FISCAL FISCAL BOARD

Presidente

Isabel Luísa Barahona Monteiro Gonçalves Simões

Vogais efectivos Luís Miguel Silva Ribeiro Aboobacar Zainadine Dauto Changa* Rogério Nkomo*

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO BOARD OF DIRECTORS

Presidente

Joaquim Serrão da Silva Correia Administradores

Rogério Francisco Martins Dias Beatriz João Nuno de Oliveira Jorge Palma Francisco Jorge Coelho da Rocha e Silva Fernando Manuel Lúcio Marques da Costa Manuel Jorge Tomé* Octávio Filiano Mutemba* Paulo Muxanga* Gildo Abílio Sibumbe*

2 Em Outubro de 2006, na data da assinatura do acordo entre Portugal e Moçambique, o Conselho de Administração foi alargado para 9 elementos, tendo sido eleitos mais 2 administradores moçambicanos, Paulo Muxanga e Gildo Abílio Sibumbe. Os órgãos sociais renunciaram ao mandato a 27 de Novembro de 2007 por força da transferência do controlo accionista para Moçambique.

TRIÉNIO DE 2007-09

ASSEMBLEIA GERAL GENERAL ASSEMBLY

Presidente Miguel Galvão Teles Vice-Presidente Zeferino Andrade Alexandre Martins*

Primeira-Secretária Adelaide Anchia Amurane

Segundo-Secretário Adelino Manuel Muchanga*

CONSELHO FISCAL FISCAL BOARD

Presidente Açucena da Costa Xavier Duarte* Vogais Efectivos Paulo Nhantumbo* Luís Miguel Silva Ribeiro

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO BOARD OF DIRECTORS

Presidente Paulo Muxanga* Comissão Executiva Gildo Abílio Sibumbe* Ernesto Max Elias Tonela* Domingos do Rosário Ntefula Torcida* Isabel Jonas Daviro Guembe* Fernando Manuel Lúcio Marques da Costa

Administradores Não-Executivos Manuel Jorge Tomé* Rosaque João Guale* Álvaro João Duarte Pinto Correia

233 CAHORA BASSA UM EMPREENDIMENTO EM TRANSFORMACÃO CAHORA BASSA A TRANSFORMING ENTERPRISE

2009 – 2016

ASSEMBLEIA GERAL GENERAL ASSEMBLY

Presidente José Dias Loureiro Vice-Presidente Ilídio Bambo

1º Secretario Leonardo Chaipa Mouzinho -

CONSELHO FISCAL FISCAL BOARD

Açucena Duarte – Presidente Paulo Nhantumbo – Vice-Presidente

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO BOARD OF DIRECTORS

Presidente Paulo Muxanga*

Comissão Executiva Gildo Sibumbe Domingos Torcida Isabel Guembe Moisés Machava

Administradores Não-Executivos Manuel Jorge Tomé Inácio José dos Santos

2017 – 2019

ASSEMBLEIA GERAL GENERAL ASSEMBLY

Presidente José Dias Loureiro Vice-Presidente Ilídio Bambo

2ª Secretária Maria Loureiro de Almeida Afonso Gamboa

CONSELHO FISCAL FISCAL BOARD

Presidente Castro Armindo Sanfins Namuaca

Vogal Efectivo do Conselho fiscal Paulo Nhantumbo

Vogal efectiva Iva Olinda Ribeiro Amade Fernandes

Vogal efectiva Brígida Isabel Martins Rodrigues Palma Cardoso

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO BOARD OF DIRECTORS

Presidente Pedro Conceição Couto Comissão Executiva Manuel Gameiro Moisés Machava Nelson Henri Bitee Francisco Itai Meque

Administradores Não-Executivos Manuel Jorge Tomé João Faria Conceição

234 CAHORA BASSA UM EMPREENDIMENTO EM TRANSFORMACÃO CAHORA BASSA A TRANSFORMING ENTERPRISE

2019

ASSEMBLEIA

GERAL GENERAL ASSEMBLY

Presidente

Delfim de Jesus Júnior Vice-Presidente Elidio Bambo

Secretária Maria Luísa Sales Lucas Mate

2ª Secretaria Maria Loureiro de Almeida Afonso Gamboa

CONSELHO FISCAL FISCAL BOARD

Presidente

Carla Roda de Benjamim Soto

Vogal efectiva Iva Olinda Ribeiro Amade Fernandes

Vogal efectiva Brígida Isabel Martins Rodrigues Palma Cardoso

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO BOARD OF DIRECTORS

Presidente Boavida José Lopes Muhambe

Comissão Executiva Rui Manuel Alfredo Rocha Moisés Machava Abraão dos Santos Rafael Nilton Sérgio Rebelo Trindade

235 CAHORA BASSA UM EMPREENDIMENTO EM TRANSFORMACÃO CAHORA BASSA A TRANSFORMING ENTERPRISE
Produção/Production: Sociedade do Notícias SA Edição/Edition: Gil Filipe Textos/Texts: Gil Filipe e Hidroeléctrica de Cahora Bassa Revisão/Proof Reading: Fuller Essau Design: Ermelindo Bambo Fotografia/Photos: Hidroeléctrica de Cahora Bassa Tradução/Translation: Arlindo Saia Impressão/Press: Sociedade do Notícias Gráfica ISBN 978-989-8322-00-5 Novembro/November, 2022
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