Legionário 1931, números 72 a 91

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BIMENSARIO

Orjíam da Congregação Mnriana da Anminciaçfio de Nossa Senhora — Paroeliia de Santa Cecília.

com approvnçfto eccleaiastica.

Redacção e Administração: Rua Immaculada Conceição, 5

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ANNO IV

Caixa Postal, B47J

Director: JOSE* FILINTQ DA SILVA JUNIOR

SÃO PAULO, 11 DE JANEIRO DE 1931 --------- 4— ..

Secretario: TELMO DE SOUZA PEREIRA

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Gerente: DARIO SILVIO RUSSO

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NUM. 72

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PRECURSOR O anno que findou ha poucos dias marca para um Brasil uma nova phase politica. Com a victoria da Re­ volução, sôme-se do scenario de nos­ sa historia uma das maiores affrontas feitas ã nossa nacionalidade — a Constituição de 91. Agora que os brasileiros aguardam confiantes a elaboração de uma Lei Magna que esteja mais em harmonia com suas aspirações, seria interes­ sante volvermos nossas vistas para a Constituinte do Império, onde se degladiaram as mais diversas corren­ tes políticas, representadas pelos maiores estadistas do tempo. Occupando um extremo da assembléa, a maçonaria, que em vão trabalhára em 1822 para fazer do Bra­ sil uma republica, lançava as ultimas cartadas para obter uma Constituição Democrática e um regímen monarchico sem CÔrte, sem Veo e Poder de dar titulos por parte do Imperador, emfim, como nota Gonçalves dos Santos, “um Imperador Primeiro, sem segundo Fazendo frente ao pessoal das lo­ jas, que contava com o líder da Assembléa, Antonio Carlos, — um gru­ po de catholicos ás direitas reagia contra essa tentaiva de maçonisar a formula em que se condensaria o Império. EJntre uns e outros, na mediocrida­ de da indistincção, o clero, aquelle clero formado ao sopro de Rousseau 1 e Voltaire, na Universidade de Coim- 5 bra, cuja orientação dada por Pombal,* facilitára a infiltração, em Por- | tugal e no Brasil, das idéas da En- j cyclopedia e, da heresia jansenista • e do scisma gallicano a perverterem \ os sacerdotes, que ao mesmo tempo se ordenavam e recebiam as insignia3 das lojas. Na sua Constituição, não podia o ferasil abandonar os princípios de­ baixo dos quaes vira se formar a sua .'nacionalidade- e que haviam insantos preceitos da Igreja Catholica. E muitos pastores desta eram então aquelles clérigos pombalisados que só acabaram definitivamente após a reacção purificadora do grande Frei Vital Maria de Oliveira. Tendências gallicanas faziam alguns delles tran­ sigir ante o liberalismo maçonico. Ardua, portanto, a tarefa que se apretava aos catholicos scientes de seu papel, de obediência e disciplina aos princípios intangíveis da Igreja e á autoridade suprema do Vigário de Christo, o Santo Padre. Dessa missão é que se desempe­ nhou com bravura a figura mascula do Visconde de Cayru', graças ao precioso auxilio que foi encontrar no Padre Manuel Rodrigues da Costa, sacerdote exemplar naquelle tempo de relaxamento dos costumes clericaes.

E EXEMPLO Admiremos agora, por instantes, a acção desses paladinos do Bem nas tumultuosas reuniões legislativas de 1824. Comecemos transcrevendo uma pagina do opusculo “O Patriotismo e o Clero no Brasil” do já citado ViIhena de Moraes, a proposito do preambulo de projecto da Constitui­ ção, redacção de A. Carlos: “A assembléa geral constituinte e legisla­ tiva do Império do Brasil, depois de ter religiosamente implorado os au­ xílios da Sabedoria Divina, confor­ mando-se aos princípios da justiça e da utilidade geral, decreta a seguin­ te Constituição.” “O deputado Maia por achar tal­ vez que, em se tratando de brasilei­ ros, era excusada a periphrase, pro­ põe um substitutivo: Trlmlnde San­ tíssima, Santo.

Padre,

Filho

e

Espirito

O P RES E PI O 4 ^

O ESTÁBULO A piedade e a phantasia dos ar­ tistas christãos têm representado o presepio de diversas formas. Na Idade Media, não só o scenario, mas, ainda, os vestuários e toda a indumentária eram os do tempo e do meio em que vivia o artista. Os episodios, então, eram violentamente arrancados de seu logar na His­ toria e transplantados para a épo­ ca, para o ambiente em que a tela era trabalhada. Seria iriso do gosto do pintor? Este sacrificaria seu paladar, pelo do publico, futuro admir-idor ou reprovador . de seu trabalho? Em todo o caso, tal era certamente do agrado do povo. Ainda hr.je, nos innumeros “presepios” que, em obe­ diência a uma piedosa tradição, se armam, encontra-se um resto desse gosto popular. E* commum ver-se nelles, ao lado * dos pastores em adoração, um garboso soldadinho de chumbo: a par de um camello carregado, um automovel de latão. Segundo a “Historia Scholastitica”, citada por\ Jacopo da Varazze, José e Maria \abrigaram-se em uma especie de pórtico, entre duas casas, o qual servia, talvez, tam­ bém de estrebaria, \ onde qualquer pessoa podia guardai seus animaes.

pinente o que hoje chamamos de (estalagens. O estranho era recebido Num dos numerosos e imporfèm qualquer casa onde chegasse. As |Èscripturas estão cheias de exem- antes orgãos da imprensa paulis­ jplos dessa sagrada obrigação de dar ta li, á columnas tantas, um [pousada, alimento e descanço ao sensacional protesto da Liga •peregrino. f Havia, porém, ao longo das estra­ (creio que assim se chama) do das palmilhadas pelas caravanas ou apelos viandantes, nos logares onde ♦sombra e agua convidavam ao re­ pouso. uns cercados de ped^a, onde r|á falta de commodidade, enconjtrava-se segurança para homens e janimaes.

Livre Pensamento, alojada nu­ ma rua importante de São Pau­ lo em frente, quasi dos Jesuí­ tas, que, na sua mentalidade, pertenceriam ao Pensamento... forçado. O protesto é encaminhado pa­ ra o dr. Getulio Vargas, nobre Presidente da Republica, e se refere ao ensino religioso, cuja introducção nas escolas consti­ tue um dos mais ardentes dese­ jos dos catholicos no Brasil. Nem se cogitou ainda de se for- í rnular um pedido official e já j

•Chamavam-se “khans”, palavra joriunda do persa, e eram construi­ mos segundo o modelo commum ás 'edificações orientaes: um corpo de 'edifício, quadrangular, de um só andar, com tecto plano, sem janel‘las e possuindo uma só porta larga para servir a homens, animaes e jcarros. Aos fundos havia a parte, I por assim dizer, essencial da construcção: um grande cercado de pe­ dras, onde era recolhido o gado, que nos vem um protesto. Os catho os viajantes levavam ao mercado ou licos, incontestavelmente, são que lhes servia de transporte,

“Começam, timidamente, a desmas­ carar-se as baterias maçónicas. Falla-se em Ente Supremo, estylo vieuxgenre dos convencionaes francezes. Nisso, um orador pede a palavra... “E* um velho todo branco, quasi septuagenário, “nas raias da eterni­ dade”, como de si mesmo declara, já acurvado para a terra, mas cuja vi­ da-intensa se resume toda no fulgor dos olhos e na palavra ardente... Não tendo tido noticia das cerimo­ nias religiosas da abertura, exordian- do. exclama: “— Nem tão pouco acho ser verdade que esta assembléa tenha religiosamente implorado o auxilio da Sabedoria Divina, pois não vi acto religioso algum de * adoração em culto externo, como me parecia indispensavel, com o Joelho em terra. “E unindo o gesto á palavra, humiildemente, prostrasse po chão... Oâ artistas, que no principio in­ Desenvolvida em seguida a sua thedicavam, em geral, convencionalmen­ se, conclue: “— Proponho que em titulo de te o espaço, sem definir a scen^, preambulo se ponha: Em • nome tln mais tarde, recorreram, á tradição

uma nação? Teem os princípios leigos aquelle cunho de univer­ salidade, de popularidade, de democracia que teem os princí­ pios religiosos, que irmanizam a todos os homens deante do dever? A moral leiga é uma moral de pura philosophia, uni­ camente ao alcance de quem tem meios para estudal-a e compreendel-a. E* essencialmente anti-democratica. O protesto dirigido ao sr. Presidente da Republica resente-se d’esta estreiteza mental. Adduz, como razão decisiva con­ tra a desejada introducção do en­ sino religioso, as lutas religiosas entre os adeptos dos differentes “Credos”. Respondo: a briga seria de idéas ou a pedradas? Se for do primeiro modo, diremos que o pensamento é livre como apregoam “buocis tumicíis” os adversários. Se a pedradas, não falta policia em S. Paulo e alhures. Fallando serio, porém, não é isso o mesmo que tomar por imprudentes os professores de religião? Seria a lucta tão temi- ,

maioria no Brasil, mas, na dou­ trina dos representantes do Pen­ samento Solto ou Livre, repre­ sentantes que, com os represen­ tados, constituem minoria, os ! catholicos não teem direito al­ gum de fazer sentir «seu peso na obra de reforma cjiie , se qciuer iimá 'dessas" gfufas^oT^que empreender: devem resignar-se Idade Media, até CavaUini preferia nasceu o Rei dos reis, o Senhor do ao papel de “parias”. Só elles. Negamol-° redondamente,

approva. (Annaes da Constituinte. O registo ttachygra.phíco menciona entre parentheses: "o orador ajoe­ a gruta. Giotto ideou a pequena | cabana. A Perugino agradou mais o lhou”). “Quem seria esse obscurantista, es­ portico. Botticelli seguiu c: *m rigor se ultramontano. esse velho retro­ as indicações de Jacopo da Varazze grado? na “Legenda Aurea". Correggio, ain­ “José Maria cia Silva Lisbôa, fu­ da que representando, na “Nativi­ turo visconde de Cayru’, até então o expoente máximo da mentalidade e dade de Brera”, a gruta e o portico, cultura brasileira e ainda hoje, no transportou a scena para o ar livre. dizer de Eduardo Prado, o mais fe­ Qual, de todos esses artistas, esta­ cundo dos escriptores nacionaes”. rá mais perto da realidade histórica? Sím! José Maria da Silva Lisbôa não foi só um político activo, mas Os mais abalisados exegetas são também um eminente theorista polí­ pela caverna. São Justino, que era tico.

Cultor apaixonado do humanismo, professor de grego e hebraico em Coimbra, bacharel em direito canôni­ co e philosophla, jurista de incontes­ tável valor, cujo principal mérito se E ê por isso que concordamos in­ acha estampado em obras sobre fi­ teiramente com o historiador Vilhe- nanças, moralista egregio, defensor ecclesiastica contra na de Moraes quando diz: “Padre da disciplina Rodrigues da Costa, José da Silva ■ Feijó e até mesmo catechista dedicaLisbôa, encarnam bem, convenhamos, ! do a livros de formação moral, eil-o essas duas figuras, a alma da Patria 1 agora desassombrado e sem o resnaquelle cenáculo de representantes”, j Peito pelos homens de posição e de Porque a alma da Patria é pro- successo que constitue apanagio dos fundamente christã e le$se>s dois ■ medíocres a defender energicamente campeões do catholicismo defendiam j a Fé catholica entre poderosos pollna Constituinte o symbolo da Cruz, ticos. Introductor da economia poli­ tica no Brasil, foi, segundo Veríssi­ atacado pelos maçons. Cayru', representa o leigo catholi- mo, “o primeiro que nas línguas neoco, interessado na defesa de seus latinas escreveu sobre essa sciencia”, princípios, chamado para combater no que antecedeu, portanto, a J. B. os inimigos da Igreja afim de cum­ Say, vulgarisador de Adam Smith em prir um dever de crente, affirmando França. Em torno de Cayru’ congregam-se a sua honestidade. Exemplo do políti­ co catholico, que tem obrigação de immediatamente todos os bons catho­ servir á Causa da Igreja. Exemplo licos. Vemos a Maciel da Costa, por do intellectual catholico, publicando occaslão dos debates em torno da mostrar que livros de moral e religião depois de “liberdade religiosa”, ter adquirido renome como econo­ “liberdade religiosa se deveria en­ mista. Exemplo do catholico de ca­ tender apenas no sentido de se não racter, que tem o dever de se sub- permittlr perseguição áquelle que metter auctoridade .do Summo Pontí­ não pregasse a sua religião por mo­ estas fice, defendendo-a sempre dos ata­ do sedicioso”, acrescentando ques de heresias ou scismas, e fazen­ palavras que no momento de se reu­ do-se assim um “soldado de Christo”, nir nova Constituinte entre nós de­ prompto como todo o bom soldado a vem ser muito lembradas: “De mais, Snr. Presidente, para derramar seu sangue pelo ideal que defende. quem legislamos nós? Para brasilei­ De Como tal, Cayru' é um precursor. ros, isto é, catholicos romanos. Precursor dessa nova geração catho­ quem recebemos procuração? De bra­ lica, que se levanta contra a índif- sileiros, isto é, catholicos romanos. E ferença do passado. Precursor daquel- para que? Para decretarmos que nós, filhos, nossa le gigante da acção catholica que que elles, què nossos foi Jackson de Figueiredo, forçado a posteridade, temos o direito de aposse fazer político para empunhar nos tatar da verdadeira religião, da re­ ásperos campos da vida publica o la- ligião, dos nossos gloriosos maiores? baro de Christo. Não, Snr. Presidente, não. Tal poder E o Padre Manuel Rodrigues da nos não foi outorgado em nossas Costa, outro precursor. Representan­ procurações, e nem podia, nem do a pureza da carreira sacerdotal devia ser.” em momentos de crise para esta. O Padre Manuel Rodrigues da Cos­ pugnava ao lado de Cayru', na Ca- i ta vem auxilial-o, mostrando “ o que deia Velha, onde se legislava, e on­ seria ver-se erguer no Brasil nltnr de havia permanecido encarcerado contra altar”. (V. Moraes, op. cit.). por 31 annos, para cumprir a pena Chega, emfim, a vez de Silva Lis­ que lhe fôra imposta após a Incon­ bôa, que appella para a palavra de fidência Mineira. Christo: “Não ha lugar algum no Precursor, pois, do santo Frei Vi­ Evangelho, diz Cayru’, onde Elle (o tal, que iniciou a época de disciplina nosso divino Salvador) declarasse a do virtuoso clero de nosso paiz, com ! permissão . de deixar o bom lavraD. Antonio de Macedo Costa, e que I dor penetrara sizania, por mão initambem conheceu osporões infectos 1 miga, em seu campo plantado para a dum presidio. | sementeira”.

(Continuação)

originário da Palestina, diz que Je­ sus nasceu “em uma caverna perto da cidade”. No segundo século, quando vivia Origcnes, apontava-se ao peregrino, como um testemunho da narrativa evangélica, uma caver­ na a que chamavam de “gruta da Natividade”. E os proprios pagãos contavam que alli havia nascido um certo Jesus adorado pelos christãos ”.

u Perto de Belém, a uns duzentos ■metros, ainda existem ruinas de um destes caravançarás, grande “khan” [construído por um servo de David. E* um vasto pateo circundado de uma galeria coberta, que sã encosta â collina onde haviam escavado re­ fúgios (ou aproveitado os naturáes) para os rebanhos ’

universo. O logar era santificado. os solto-pensadores teem direi-1 Negamol-o, por termos evi­ Fôra um refugio para David, o rei poeta. Quantas vezes o pequeno ven­ to de fallar em nome de todo o í dentes exemplos contrários, não cedor de Golias não teria recolhido ]3rasil. i s° na Allemanha, na Italia, na os rebanhos de Jessé a esse estábulo -n j ' • J Inglaterra. Bélgica e alhures, Poderá parecer muito natural i cavado na rocha ?

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Ao longo das paredes lateraes havia mangedouras baixas para car­ neiros, feitas de pedras unjdas com cimento.

Hoje, sobre essa cóva ergue-se magestosa a basílica da Natividade; e na extremidade oriental dessa ca­ verna, que tomou o aspecto de cryPta, á volta de uma estrella de prata engastada no pavimento, lê-se Depois da victoria da Ponte Mil- a inscripção: Hic de Virgine Maria via e do triumpho do Christianismo, Jbsús Ohristus Natus Est. Santa Helena e Constantino fizeram ........................... erigir no logar uma basílica magni­ fica . A tradição da caverna é admittida também nos evangelhos apocry- :: Revista Catholica Nacional phos. Um delles narra que o anjo, Dirigida por que acompanhava Maria e José, in­ troduziu a Virgem em uma gruta TRISTÃO DE ATHAYDE subterrânea, onde jamais havia pe­ — e PERILLO GOMES — netrado um raio de sol. A’ entrada de Maria uma luz divina inundou Assignatura annual, 6 numeros: a caverna.

A ORDEM

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Para se comprehender hem o que succedeu aos dois santos viajores, á sua chegada a Bethléem, é necessá­ rio recordar ao leitor que no Orien­ te, onde as leis da hospitalidade eram mais que um dever religiosa­ mente cumprido, não havia propria-

Dias após, propondo Antonio Car­ los que as restricções oppostas á li­ berdade rellgioíSa não formariam artigo constitucional, podendo ser destruídas no todo ou em parte pelas legislaturas ordinárias”, Cayru* sem­ pre alerta, sem deixar escapar de sua facilidade de argumentação a menor manobra da maçonaria, dá com esta resposta mais uma prova da sua presença de espirito e da so­ lidez de seu caracter: “Permittir que legislaturas ordiná­ rias alterem o que fizer a Consti­ tuinte é permittir que um architecto tire as pedras angulares do edifício, feito por outro, sem derrubal-o. Nem i a arrogancia -franceza de impôr pe| na de morte a quem propuzesse I emenda á Constituiçãovotada, nem

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í mas na própria capital em que 1 1 ° Pensamento Solto tem seu . A . centro. A pouca distancu do tal centro temos a escola allemã da rua Olinda, uma das mais bem aparelhadas do genero, em que se administra o ensino religio­ uma prova manifesta de incon­ so a catholicos e protestantes, sequência que causa pasmo, por­ desde muitos annos, sem que que é impossível não admittir jamais haja havido o minimo • que quem o formulou ou os que attrito, o minimo incidente que o discutiram, antes de o confiar possa justificar os receios do ao correio, não possuam no ce- Livre-Pensamento. Reina, pelo rebro a necessária matéria cin­ contrario, perfeita harmonia en­ zenta para o exercício do pensa­ tre os rapazes do corpo discen­ mento, posto que livre. Começa te, e os dois lentes são bons dizendo que, justamente por amigos pessoaes. causa da nova phase em que a Mas, como dissemos, o livrerevolução fez entrar o Brasil, pensador não apreende nada, não se deve introduzir o ensino nem pela experiencia, justamennas escolas. Quer dizer, que, I te por ser livre pensador. O para entrar no caminho das re­ formas, para formar a consciên­ pensameno não pode ser, não cia do cidadão, devemos mar­ foi e nunca será livre. Pensar, effecivamene, é esta­ char como até agora. Porque, belecer nexo entre idéas, e o ne­ como formar consciências sem xo obedece a regras objectivas princípios? E quaes princípios formam a consciência, senão os de lógica, perante as quaes não contidos unicamente (pelo me­ pode haver liberdade. Não de­ nos quanto á sua efficacia) na pende de minha liberdade o fa­ cto que 3 mais 3 fazem 6. Livrereligião? pensador significa não fazer ca­ O liberal, o livre pensador é so de lógica, nem de regra al­ creátura infeliz. Não apreende guma objectiva: o livre-pensa­ nada: a historia não lhe ensina dor vae ás soltas. Note-se, comnada. Fecha-se e limita-se na­ tudo que, quando o livre pensa­ quelle estreito circulo ferreo de dor, como é o caso em geral, vi­ idéas que lhe são dictadas pelo ve submisso á seita maçónica, sectarismo e de lá não ha meio então só tem liberdade de pen­ de o fazer sahir, nem a tiro. sar o que lhe é mandado pelo Que liberal possa ser patriota, sectarismo. não duvido. Mas o patriotismo E’ o coitado uma contradicção nelle confunde-se com a seita. Não poucas vezes é homem de ambulante...

A caverna media mais de qua- um protesto de tal genero por; ^ . , « , renta pés de comprimento, por uns parte de quem ex-professo j dez de altura e doze ou quinze de detesta qualquer religião, e so largura. A luz entrava unicamente pela porta, esparramando-se fraca bretuclo a unica positiva, porque pelo chão desigual, onde se viam a unica revelada, que é a catho­ montes de palha e feno. lica. Mas no mesmo protesto ha

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Rs. 25$000

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Com o Dr. PAULO SAWAYA — Al. Barros N.° 31

S. PAULO

Quem não conheceu a Jesus Christo não pôde deixar de ter alguma grande falha na intelligencia ou no coração. — Sainte-Beuve.

a indecência do extremo opposto!” Quanta affirmatividade semelhan­ te ao desassombro de Jackson no vigôr dessas palavras! E quanta energia de um caracter puro e fir­ me a deixar na penumbra aquelles constituintes de 1891, com raríssimas excepções. A energia hercúlea de Cayru*, a força de suas convicções e daquelles que com elle luetavam era de facto a alma da nação reagindo furiosamente contra as machinações das Lojas. E os verdadeiros repre­ sentantes desses sentimentos nacio­ naes, eis o que faltou á Constituinte da Republica... Que a figura de Cayru* seja sempre lembrada pelos nossos legisladores! José Pedro Galvfío de Sousa.

6-1-931.

letras, de certa cultura, mas não é capaz de superar o seu horizon^ para ver o que a historia lhe diz. Qual é a moral leiga que tenha algum dia reformado

D. Lourenço Lumini O. S. B.


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