Legionário 1929, números 27 a 49

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Orgam da Congregação Mariana da Legião de S. Pedro (sob o Titulo da Annunciação de Nossa Senhora) Parochia de Santa Cecilia

Quinzenario com approvação ecclesiastica Redacção e administração :

Rua Immaculada Conceição, 5 - Cx. Postal, 3471

Direclor : JOSÉ FILINTO DA SILVA JUNIOR ANNO II

Redactor-Chefe: RUY CALASANS

SÃO PAULO, 13 DE JANEIRO DE 1929

Pela mesma estrada Assumindo a direcção dc “ O Legio- : nario", não podemos deixar de dizer aos seus amigos, algo sobre o que pre­ tendemos fazer afim de justificar a confiança com que nossos Director e Presidente nos honraram. • Não é um programma que vamos apresentar: um jornal não pódc csíabecel-o com a certeza absoluta de po­ der seguiLo até o fim. As finalidades do quinzenario da Congregação dc Santa Cccilia conti­ nuam, nem podia deixar dc ser assim, as mesmas para as quaes foi fundado. Propagar as Congregações cm geral c a nossa em particular; defender a fé catholica, instruir sobre cousas de re ■ ligião e de sciencia; ser o porta-voz da acção desenvolvida pelos nossos congregados, eis os seus fins principaes. Ser essencial e fundamentalmen­ te mariano, eis a sua característica. * Continuaremos por essa mesma es­ trada, não nos arredaremos uma linha dessa trajectoria percorrida por “ O Legionário ”, pela mão segura de Pau­ lo Sawaya, em já quasi dois annos de existência. Infeíizmente *sao quasi desconheci­ das dos eatholicos as dificuldades imnrensas que, a imprensa catholica en­ contra em seu caminho, das quaes uma das maiores é a financeira. “ O Legionário ” como orgam que é, embora humilde, da boa imprensa, tem pela frente todos esses espantalhos,

inclusive esse ultimo. Nosso jornal tem sido, até agora, um onus para a Con­ gregação, que, aliás, o supporta sem desgosto, antes com alegria. Vencer esse precalço será a nossa primeira e maior preoccupaç.ão. Ence­ taremos logo e intensamente a lueta e esperamos venccl-a breve, afim de po­ dermos, commcmorando o segundo anniversario da fundação dc “ O Legio? nario ”, augmentar-lhe o numero de paginas de matéria util. Para isso precisamos do apoio e do auxilio de todos os eatholicos c dos congregados, em particular. Para o progresso de nosso orgam, deve elle tornar-se necessário aos seus leitores.

Estudos da Primeira Semana Social Mariana realisada em S. Paulo

cidade que só pensa em frivolidades e desportes não é juventude, não é a meiga juventude doirada, é velhice, não tem grandes ideacs, não tem a luz das grandes victorias. No prefa­ cio com que Monsenhor Manfredo Leite apresenta ao publico este livro, ha umas palavras que illuminam todas suas paginas: “Os surtos dc piedade, repontando, aqui e ali, cm todos os trabalhos; o desassombro com que se enfrentam todos os erros e vicios; a devoção sincera que emana de todos estes estudos, estão a dizer plena c ca­ ba Imentc do espirito dessa phalangc de. moços, norteados pelo ideal christão. Estas paginas, que têm o encanto da crença e o enthusiasmo da mocidade, destinam-se a despertar reflexões boas e duradouras”. Mais não se pode di^cr. O livro está elegantemente impreso em magnifico papel buffon e podese adquirir pelo preço modico de 5$000 na Matriz de Santa Cccilia. (Da “Ave Maria”.)

Promovida pela juventude Ma­ riana de S. Cecilia

A parte mais “preciosa” é também a mais “ util ” da acção catholica cha­ mou o Papa á Juventude, em seu ul­ timo discurso aos jovens eatholicos italianos. E os que tiveram a felicida­ de de ouvir dos proprios lábios do Pontífice essas palavras, affirmam que na augusta voz tremiam doces emo­ ções e que havia clarões de alegria nos olhos do Santo Padre. Folheando estes estudos sentimos perpassar pela alma uma nova onda dc vida e de enthusiasmo, postos ao ser­ viço dos mais formosos ideacs. A pro­ sa de cada dia abre aqui um clarão para uma alegre estrophe poética. O primeiro que dá na vista nos estudos desta primeira semana social Mariana c a constância e a effectividade da sua actuação. Frente a tantas organisações que apenas existem no papel, c frente a tantos accordos cooperativos que se diluem e evaporam na pregui­ ça e incapacidade características dc muitas obras catholicas e não catholi cas, campeia esta qualidade dos nossos jovens marianos: constância, efficacia, .vitalidade nos propositos, consequência e energia para leval-os á pratica. Não ha divorcio entre as ideas e os costu­ mes, entre o pensamento e a vida, na­ da pois pode ensombrar os optimismos sobre elíes formados. Idéas sãs, ideae? aJtos e nobres, aspirações alevantadas, vontades temperadas e fortes, victorias da intelligencia e do coração, e uma grande piedade christã a perfumar to­ da esta floração,* encontrarão neste li­ vro ;os leitores que não tiveram a feli­ cidade de assistir ás reuniões desta semana Mariana da parochia de Santa Cecilia. Em todas as paginas reçuma a juventude da alma e do corpo e co­ mo consequência a victoria. Essa mo­

Para alcançar tal objectivo, é preci­ so interessal-os. Será essa outra preoccupação nossa. Não temos a pretenção de surprehendel-os com novidades, noticias, ou informações de ultima ho­ ra : a não ser na parte mariana, pro­ priamente dita, elfas fariam o papel dos celeberrimos “granadeiros dc Offenback ” ; mas, envidaremos esforços para dar a “ O Legionário ”, uma fôr­ ma mais attractiva e mais didactica: será elle, assim, agradavel e util. Pro­ curaremos instruir divertindo: entreeriptos leves e agradaveis. Somos marinheiros dc primeira viagem, valer-nos-emos, por isso, da collaboração de amigos, jornalistas expe-

PELA PAROCHIA O Vigário recebeu e agradece os do­ nativos. seguintes: Para as imagens do altarmór: Do Sr. Sven Max Kok ___ 10§000 De D. M aria Amélia Costa Carvalho.............................. 200$000 Duma Filha de Maria.......... 10$000 Dum generoso anonymo ... 200^000 Dum outro anonymo ........ 50$000 Para o Asylo dos Padres Velhos: De D. Maria Amélia da Cos­ ta Carvalho ......................... 200$000 Dum anonymo .................... 10$000 Dum anonymo ..................... . 10§000 Dum outro anonymo ........ 20$Q00 Para a Cathedral: Do Sr. Manuel Gonçalves . 50§000 Para o Natal dos Pobres . 100$000 As esmolas para o Natal dos Pobres já foram entregues aos confrades de S. Vicente e ás Damas de .Caridade.

rimentados, cscriptores consagrados pelo saber e pela opinião, dos quaes prenderemos as lides jornalísticas, afim de que, num futuro talvez mais proximo do que imaginamos, quando em São Paulo a imprensa catholica diaria fôr, não mais uma aspiração, mas, uma realidade, podermos ser daquellcs que combatam na primeira li­ nha. Esse. também, é imy dos fins (pie lemos em vista: formar jornalistas ca- I tholicos, perfeitamente conhecedores o terreno em que pisam. Acolhere­ mos, portanto, com prazer, nas colum • nas d“* O Legionário ”, á; collahoração dos congregados. . Expostas nossas idéáj, esperamos continuar a merecer dos? nossos leito'i res e dos eatholicos em gèral, o mesmo apoio e sympathia que-; lhes mereceu “O Legionário” sob a antiga direcção. Aos nossos collegas da; imprensa ca tholica, cspecialmente aos nossos ir­ mãos marianos, agradecemos a boa acolhida que. sempre nos dispensaram, esperando continuar a não desmerecer do valor desses nossos • .companheiros de armas. Ao nosso caro Mons. Director, e ao dr. Paulo Sawaya, que guiou, com mão firmemos primeiros passos d’“O Lcigionano”t hypothecames nossa grati­ dão pela confiança com qije:nós distin­ guiram. esperando corresponder plenamente a ella e á espectativa dos nossos leitores. *

CONGRESSO MARIANO, EM SEVILHA A 15 de Março, vindouro, inaugu­ rar-se-á, cm Sevilha, uma grande ex ­ posição Ibero-Americana. A esse gran­ de certamen concorrerão todos ou quasi todos os paizes da America La­ tina. O Brasil, como os outros, far-se-á representar, já estando muito adeaníados os trabalhos da commissão no­ meada para dirigir os trabalhos, ne­ cessários a (pie a referida exposição seja um verdadeiro triumpho para nos­ sa patria. Ao que consta, todos os Estados da Federação concorrerão com seus produetos agrícolas, industriaes, c artísti­ cos. O Pavilhão que servirá á mostra dos nossos produetos já está quasi prompto. Certamente, muito lucrará o Brasil, nessa exposição, que dará aos que a visitarem, uma impressão verdadeira e forte do nosso progresso. Mais ou menos na mesma época, re­ unir-se-á, na mesma cidade, um Con­ gresso Mariano, também ibero-ameri­ cano. O Brasil participará dos traba­ lhos desse Congresso? A resposta a essa pergunta ninguém ainda a pode­ rá dar. Pensamos, porém, que o Brasil, e mormente São Paulo, depois do exito do Congresso da Mocidade realisado em Setembro passado, não poderá dei­ xar de assistir ás sessões desse certa­ men de fé. Que acham os nossos leitores de uma commissão de congregados de S. Pau­ lo, que fosse a Sevilha, levar nossa adhesão aos nossos irmãos ibero-ame­ ricanos?As difficuldades são muitas... Deus, porém, proverá...

Gerente: MAURÇ PINTO E SILVA

NUM. 27

Nas escolas de Minas Alguns jornaes se “implicaram”, nome de Jesus, é intrometter-se no porque, em Minas, o Governo conce­ qu.e lhes não pertence, é uma dictadudeu o ensino facultativo do catecismo ra das consciências, para a qual não nas escolas publicas aos filhos dos ca- têm mandato nem os eatholicos lhes tholicos. deram representação. O laicismo foi, Nesse proposito, recebemos a se­ cm tlicsc, condcmnado sempre pela igreja. Por isso talvez elles o querem guinte missiva: “ Sr. Redactor. impôr dc continuo ao catholicismo. Alguns articulistas dc S. Paulo es- Amam vêr o catholicismo crucificado pantaram-se que o Governo mineiro quanto á instrucção publica nas esco­ haja concedido aos eatholicos a liber­ las. Amor interesseiro. Tanto mais que dade de ensinarem a seus filhos, nas a neutralidade completa, na pratica, é escolas publicas, o catecismo, o gran­ uma utopia, não existe, e a experiência de esteio da educação moral cm nos­ ha ensinado amargos fruetos contrarios. Os phariseus um dia pediram a sos dias. Espantam-se. de má fé. Querem aca­ Jesus que as crianças deixassem de so dictar ordens aos pacs mineiros a cantar hosannahs, quando Elle ia en­ que eduquem os seus filhos silenciando trando em Jerusalém. o nome dc Jesus, como ensinam, des­ E Jesus lhes respondeu que si ellas crentemente, os anticlericaes ? Ousam se calassem, as pedras falariam. Eis o impingir aos filhos dos eatholicos um laicismo. Querem que as crianças mi­ indifíerentismo em matéria que lhes e neiras silenciem o nome de Jesus nas ■i mais cara, quando nas escolas de tu­ escolas. Detestam que os filhos dos cado falam: sobre plantas, sobre ani- iholicos louvem a seu Deus! Porque maes, sobre astros, sobre políticos? tanto odio á liberdade dos eatholicos? Porque desejar que só os paes cathoO Governo mineiro concedeu o ensi­ licos sejam obrigados a seguir o ensi­ no facultativo, não obrigatorio do ca­ no amoral dos descrentes de que nas tecismo. Si elle obrigasse aos athcus, escolas os paes eatholicos não tives­ aos incrédulos de quacsquer seitas ou sem a liberdade de ensinar a seus fi­ aos eatholicos relapsos, ainda se comlhos o catecismo? O lar para isso não prehende, que poderiam reclamar, por­ basta; nem ha tempo, muitas vezes, de que invadiria direitos dc terceiros. ali o ensinarem. Nem sempre a Igreja Mas, uma vez respeitados os direitos é sufficientc. O logar do ensino é a es­ destes, — de não acceitarem elles o ca­ cola. Os mestres são delegados dos tecismo — o que é irrazoavel, injusto c p'aes" tr' õ^governosr troxikares-na-edtr^- J1tiõy**5'e'''C^)mpre-henide qrre—èsse-s- ter— cação dos filhos. ceiros queiram ser os tutores dos pri­ Não nos consta ainda que o Gover­ meiros, aferrolhando-lhes a liberdade no haja chegado ao conceito socialista de instrucção. Já seria sectarismo dc Estado dc absorver tudo — até a vesgo. liberdade individual c a liberdade das A Constituição não é sómente, delfamílias c os direitos correlativos des­ les. a liberdade não é sómente delles, tes, cscravisando os paes eatholicos a nem a exegese da Constituição é a in­ um laicismo dc pura indifferença ou justa exegese anticlcrical. que favore­ odio para que sc cale a seus filhos o ça só os acatholicos. nome de Jesus. A Constituição a todos garante am­ Que elles, os acatholicos, a seus fi­ lhos. não falem cm Jesus, nós lhes pla liberdade de ensino e de religião. concedemos esse direito c lhes respei­ Os eatholicos tenham a sua. Os aca­ tholicos, a sua. Isto é direito. Isto é tamos essa liberdade. justo. O que não é direito, o que não Nada mais consentâneo e natural. Mas que elles queiram governar a é justo é que os acatholicos queiram educação dos filhos eatholicos a ponto cscravisar ao seu laicismo os paes cadc que estes nas escolas silenciem o tholicos. ”

Dr. Andrade Furtado Ha um mez, foi victima de um attentado vil c vergonhoso o jornalista catholico de Fortalza Dr. Andrade Fur­ tado. Tivemos no Congresso da Mo­ cidade Catholica a felicidade de conhecel-o dc perto e admirar os seus dotes. O chefe da imprensa leigo-mai onica daquella cidade, entendeu que esse homem bom e de caracter firme deveria desapparecer. Deus entretanto vela pelos seus vassallos fieis. Nada aconteceu. Mais uma vez podemos comparar o valor do Catholico intimo­ rato na defesa dc seus princípios e de na fé c a cobardia do homem que fre­ quentou a escola sem catecismo, a vilania do leigo-maçon que para com­ bater o adversário no campo do pen­ samento o . meio legal para li­ vrar-se de um adversário, recorre a(punhal fascinora, e ás sccnas de ban­ ditismo. Mais uma vez a Verdade triumpha da mentira e de seus adeptos superficiaes, embora sendo para aquella defendendo a moral e a justiça. Es­ tes fazendo da justiça uma exteriori­ dade, c da moral uma simples con­ venção. ..

CONEGO PERICLES BARBOSA O tclegraplio nos trouxe a infausta noticia do fallecimento, na Suissa, do Revmo. Sr. Conego Pericles Barbosa. Está,*portanto, de luto, todo o clero paulista que perde uma das suas joias, porque joia e preciosa era esse sacer­ dote, cuja vida foi um tecido de virtu­ des peregrinas, cujo zelo e apostolado se acham bem concretizados nas múl­ tiplas obras que todos admiramos na modelar Parochia de São Geraldo das Perdizes. A Parochia de Santa Cecilia por muitos títulos particulares unida a de S. Geraldo, a Parochia de Santa Cecilia, que mereceu os benefícios do ministério de S. Revma. quando era aqui coadjutor, a Parochia de Santa Cecilia chora com sua irman a morte do Conego Pericles, esperando que te­ nhamos mais um amigo junto de Nos­ so Senhor. A missa de 9 horas hoje na Matriz será em suffragio da sua alma, bem como a communhão geral dos Con­ gregados de S. Cecilia.

PRO’-CATHEDRAL

Realizar-se-á, a 22 do corrente, ás 19 horas, na Matriz de Santa Cecilia. '.eguindo o programma da “ Semana da Cathedral ”, uma conferencia, por São dessa tempera, os homens que notável orador sacro, que desenvolve­ Esperemos que São Paulo se faça o bairrismo maçonico está formando rá a these: “As virtudes thcologaes representar nesse Congresso. tu* Brasil... na doutrina de São Paulo”.


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