VENDO FUTURO

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VENDO FUTURO Livrinho ilustrado de Neco Tabosa e Raul Souza


VENDO FUTURO (roteiro para as ilustrações do) Livrinho ilustrado de Neco Tabosa e Raul Souza

LIVRINHOS


Cenário: Toda a ação se passa na mesma vila que margeia a mata. 1. Mato | Menino um Close no rosto de uma criança brasileira de 6 anos, bem mestiça, que está acordando com os raios de sol. Pele queimada do sol e as marquinhas dos óculos de miopia. Ela acorda no quarto com poucos móveis, vê tudo embaçado, apanha os óculos que estão entre lápis de cor e giz de cera bem gastos. Ele coloca os óculos, se levanta


Ele vai até o limite do quintal da casa, de onde percebe que a estrada de terra batida acaba lá longe. O menino tira uma remelinha do canto do olho e passa pela cerca de madeira pra caminhar pelo acostamento.


Os pezinhos nos chinelos de borracha pisam firme pela terra avermelhada. A estrada tem um desvio para um caminho recém reaberto e aquilo intriga o menino. A criança fica ali parada olhando curiosa e sente um deslocamento de energia vindo em sua direção. A criança fica ali parada olhando curiosa e sente um deslocamento de energia vindo em sua direção.


O menino acorda.


2. Mato | Menino um (de novo) Close no rosto de uma criança brasileira de 6 anos, bem mestiça, que está acordando com o susto da imagem que viu no sonho. Ela acorda, vê tudo embaçado, apanha os óculos que estão entre lápis de cor e giz de cera bem gastos.


Ele coloca os óculos, se senta, tira uma remelinha do canto do olho e desenha o que viu no sonho. O caminho, o desvio, a carinha dele assustado e uma ave grandona voando em diração contrária ao movimento que veio do desvio. Ele fica admirando o papel, guarda cuidadosamente o desenho e se levanta.


Ele vai até o limite do quintal da casa, de onde percebe que a estrada de terra batida agora acaba mais perto da cerca da casa dele.


Ele coloca a cabeça pela cerca e olha o caminho. Ele olha para um lado e para o outro quando sente o deslocamento de energia vindo.


3. Mato | Ave um Do alto de uma árvore vemos que o deslocamento de ar foi gerado pelo rasante de uma ave que passa raspando na cabeça do menino. Ela voa apressada para o lado oposto do desvio.


Passamos a acompanhar o voo da ave.


A ave está voltando para o ninho onde vemos três filhotes e um ovo pouco trincado, de uma avezinha prestes a nascer. O ninho foi construido num galho que quase toca no fio do poste de iluminação (desses que são no tronco de uma árvore, típico de zona rural em zonas de garimpo ou monocultura de cana-de-açucar).


O vento forte fica sacudindo o galho e os fios. A mãe ave fica ali apreensiva, chocando o ovo e dando comida na boca dos outros filhotes.


De cansaço, ela dorme.


4. Mato | Ave um (de novo) A ave acorda e vê o avanço de novos fios sendo esticados por operários em direção ao ninho.


Ela abre as asas de supetão e se lança ao ar.


Voa apressada em direção ao desvio. Voltamos a acompanhar o voo da ave.


Do alto de uma árvore, vemos que a cerca da casa do menino foi deslocada para outro ponto na rua. Hoje a rua está ainda mais curta.


A ave procura minhocas e besouros nas cascas das árvores e sabe que precisa voltar o quanto antes para o ninho.


A ave voa apressada para o lado oposto do desvio. Acompanhamos o voo da ave.


Quando ela cruza o novo portão da casa do menino, vemos que a criança agora só sai até a varanda, acuado pela nova movimentação na estrada.


A ave chega à área de onde ela saiu. A árvore não está mais lá. Ela fica batendo asas em cima do buraco onde ficava a árvore.


À distância, conseguimos ver o caminhão carregando a árvore na caçamba pela estrada de terra.


5. Zona desmatada | Na firma Passamos a seguir o caminhão. Os operários estão levando a árvore inteira para a fábrica de postes, dentro de um complexo agroindustrial todo decorado com a mesma logomarca vista no caminhão e nos uniformes.


Na boleia do caminhão, temos um detalhe do motorista diminuindo o volume do radio assim que chega na guarita de segurança da fábrica. A árvore é içada por um guindaste, lavada e talhada automaticamente.


Na esteira da linha de produção, homens encaixam ganchos e transformadores que transformam a árvore talhada em poste de energia. Na linha de montagem, o poste é colocado junto com outros vários postes na caçamba de um caminhão que se dirige à guarita de segurança da fábrica, para protocolar a saída da carga.


Nessa página outro caminhão entra na fábrica. Vemos a fila de caminhões chegando.


6. Zona desmatada | Na firma (de novo) Na boleia do caminhão, o motorista diminui o volume do radio assim que chega na guarita de segurança. Ele traz uma carga de caixas para embalar os produtos que vão sair de fábrica: de micro-ondas a camisetas, passando por bateria para celular e videocassetes, DVD Player, Blu-Ray Player, notebooks. Todos os objetos tem a forma da logomarca da empresa.


7. Cidade | Menino dois | Zero mato Menino mestiço, sem nenhum sinal de sol na pele, acorda com o despertador. Ele divide o quarto com o pai, a mãe e um irmão.


Ele usa um aparelho que retira automaticamente as remelas no canto dos olhinhos.


A tela do tablet chega até ele que, ainda deitado, desenha com uma canetinha ‘uma ave chegando a um ninho’.


A ave surge exuberante no desenho animado como num stopmotion intuitivo animado na telinha do tablet. O menino artista está orgulhoso de sua arte.


E é impactante mesmo o efeito da ave felizona animada e colorizada digitalmente na telinha do tablet do menino.


A última imagem é de um plano geral da cidade a partir do prédio/conjunto habitacional onde mora o menino dois. Alguns outdoors eletrônicos exibem fotos com elementos que remetem à mata. Outros piscam só cores loucas nada a ver.


Zoom out, o som de uma ave – gravado num aplicativo de tablet – soa bem alto. FIM


(em branco)


CONTRACAPA


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