Rx Académica Edição 2024

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ACADÉMICA

EDIÇÃO 2024 | REVISTA DOS ESTUDANTES DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS DA UNIVERSIDADE DO ALGARVE Palavras

Atualidade

Inteligência Artificial: Uma aliada na inovação farmacêutica ou uma ameaça ética?

Em

Saúde Mental

PROFESSOR DOUTOR HELDER MOTA FILIPE

Mensagem da

COORDENADORA

Ficha Técnica

RevistadoNúcleodeEstudantesdeCiências FarmacêuticasdaUniversidadedoAlgarve

Título da Revista

Rx Académica

Coordenadora Geral

Catarina Duarte

Redação

André Augusto; Beatriz Modesto; Catarina Duarte; Cristiana Amador; LauraRodrigues;MarianaCatarino; SofiaAnastácio

Grafismo e Paginação

Catarina Duarte

Periodicidade

Anual

Contactos

@necifarm ualg

necifarmualg

necifarm@aaualg.pt

Data de Publicação

19 de dezembro de 2024

Universidade do Algarve, Campus de Gambelas, Faculdade de Ciências e Tecnologia, Edifício 2, Sala 128 | 8005-139 Faro

Caros Colegas e Leitores,

É com grande entusiasmo e orgulho que apresentamos a edição de 2024 da Rx Académica, a revista do Núcleo de Estudantes de Ciências Farmacêuticas da Universidade do Algarve. Sob a mote deste mandato, o Departamento de Divulgação, Informação e Imagem comprometeu-se a revitalizar e a reestruturar a antiga revista do NECiFarm, de modo a torná-la mais dinâmica e apelativa para quem a lê

Com esta nova edição, tivemos como objetivo principal reaproximar os estudantes de Ciências Farmacêuticas da UAlg da revista, assim, cada página foi pensada de modo a enriquecer o percurso académico e profissional de todos.

Nesta nova edição, trazemos uma grande variedade de conteúdos que abordam temas atuais e relevantes na área das Ciências Farmacêuticas. Entre os destaques, exploramos a temática da Residência Farmacêutica, tema central do I Congresso Científico NECiFarm, e incluímos um artigo sobre saúde mental, dada a sua crescente importância no nosso dia a dia.

Para recordar e imortalizar algumas das atividades mais marcantes deste mandato, apresentamos artigos sobre o VI Simpósio Farmacêutico, a 3ª edição de NECiSocial e outras iniciativas de caráter solidário, bem como a I Feira de Emprego NECiFarm, um evento que esperamos que se torne uma atividade de referência do núcleo. Esta edição também conta com uma entrevista especial com um dos nossos estimados professores da UAlg-FCT.

Por fim, resta-me agradecer a toda a equipa que tornou possível o ressurgimento desta revista. Sem o empenho, dedicação e motivação certos, nada disto teria

Com o apoio de: necifarmualg necifarm.weebly.com sido possível.

Aos nossos leitores, desejo uma leitura enriquecedora. Que cada página folheada vos traga novos conhecimentos e perspetivas.

Boas leituras,

Mensagem da Presidente

Caras e Caros Colegas,

É com imensa honra e satisfação que, neste meu primeiro mandato, testemunho o ressurgimento e a renovação da Revista dos Estudantes de Ciências Farmacêuticas da Universidade do Algarve.

O último ano do NECiFarm foi marcado por desafios, conquistas e novas iniciativas, muitas das quais têm agora o privilégio de ser retratadas nas páginas desta edição. Cada atividade realizada reflete o empenho e a dedicação de uma equipa que nunca hesitou em trabalhar pelo crescimento e pelo sucesso do nosso núcleo.

Desde eventos académicos e científicos a iniciativas solidárias e sociais, este mandato procurou reforçar o impacto do NECiFarm na vida dos estudantes e na comunidade que nos rodeia. A criação de novas tradições, como a I Feira de Emprego NECiFarm, e a consolidação de outras, como o VI Simpósio Farmacêutico, são apenas alguns exemplos do esforço contínuo.

Espero que esta revista seja um reflexo da nossa evolução e que inspire não só os leitores, mas também as equipas futuras a abraçar este projeto, enriquecendoo com temas cada vez mais atuais e lapidando cada vez mais esta iniciativa tão rica.

Saudações Académicas, Maria de Fátima Lopes

NOTÍCIAS

MOSQUITO DO DENGUE EM PORTUGAL

Investigadores do Laboratório Associado Terra alertaram para os riscos à saúde pública associados à presença do mosquito Aedes albopictus em Portugal. Esta espécie, que pode transmitir doenças virais como dengue, chikungunya e Zika, tem aumentado a sua presença, particularmente nas regiões de Faro e Lisboa. Segundo o cientista Hugo Osório, do Laboratório Terra, a simples presença deste mosquito já aumenta o risco de surtos, o que exige medidas urgentes de vigilância e controlo Entre as soluções propostas, destacam-se a utilização de tecnologias inovadoras, como sensores automáticos em armadilhas, controlo genético de vetores e o desenvolvimento de vacinas. A "ciência cidadã" também tem sido apontada como uma ferramenta valiosa para acompanhar a expansão desta espécie, permitindo que qualquer pessoa envie fotografias de mosquitos para identificação Especialistas alertam ainda para a necessidade de evitar o acumulo de água e reforçar a fiscalização das espécies invasoras, especialmente considerando as condições climáticas favoráveis à sua disseminação.

OPAPELDASMITOCÔNDRIASNAMETÁSTASEDO

CANCRODAMAMA

Uma investigação recente, liderada pela Dra. Julie St-Pierre da Universidade de Ottawa, explorou o papel das dinâmicas mitocondriais na metástase do cancro da mama, concluindo que a promoção da fusão mitocondrial nas células tumorais pode reduzir a sua capacidade de propagação, configurando uma nova estratégia terapêutica para a prevenção desta doença metastática. O estudo demonstrou que células tumorais com mitocôndrias alongadas apresentam um menor potencial metastático, ao passo que mitocôndrias fragmentadas estão associadas a comportamentos mais agressivos Adicionalmente, verificou-se que um maior índice de fusão mitocondrial está relacionado com melhores prognósticos clínicos, incluindo em subtipos mais agressivos de cancro da mama. Neste contexto, os investigadores identificaram a leflunomida, um medicamento aprovado pela FDA, como um potencial promotor da fusão mitocondrial e inibidor da metástase, sugerindo a sua eventual aplicação na prevenção ou no atraso da recorrência metastática. Não obstante, embora promissora, esta descoberta requer estudos adicionais e ensaios clínicos para validar a eficácia terapêutica da leflunomida no controlo da disseminação deste tipo de cancro.

NOVASTERAPIASPARADOENÇASINFLAMATÓRIAS

EAUTOIMUNES

Uma investigação liderada por Salomé Pinho, do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S), revelou que os açúcares complexos (glicanos) presentes na superfície dos linfócitos T desempenham um papel fundamental no desenvolvimento e funcionamento do sistema imunitário. Publicado na revista Cellular & Molecular Immunology, o estudo demonstra que alterações na composição destes glicanos, que ocorrem desde os estádios iniciais até à maturação das células T no timo, podem aumentar a suscetibilidade a doenças inflamatórias, autoimunes e infeções Os investigadores verificaram, através de modelos animais, que a ausência de glicanos compromete o correto desenvolvimento das células T, resultando em respostas imunitárias deficientes. Este avanço científico abre portas para estratégias inovadoras, como a “glicoreprogramação” das células T, com o objetivo de regular respostas imunes e combater patologias como infeções, autoimunidade e cancro

Diário Internacional

Farmacêutica comunitária na Alemanha

Bruna Ramos: jovem, motivada e resiliente, atualmente a trabalhar como farmacêutica comunitária na Alemanha. Tornou-se Farmacêutica na Universidade do Algarve, iniciou a sua carreira no apoio ao SNS24 durante a pandemia de COVID-19 e, mais tarde, na Farmácia Ferreira da Silva, no Porto. Com a ambição de expandir a sua experiência profissional, mudou-se em 2022 para a Alemanha, onde exerce a profissão desde então. Nesta entrevista, Bruna partilha a sua perspetiva e vivências como farmacêutica comunitária no estrangeiro.

Quais são as principais diferenças entre o papel do farmacêutico comunitário na Alemanha e em Portugal?

Não existem grandes diferenças entre o papel do farmacêutico entre estes dois países. Tal como em Portugal, a principal função do farmacêutico é o aconselhamento farmacológico do utente. Na Alemanha, o farmacêutico também é responsável pela dispensa de Medicamentos Sujeitos a Receita Médica (MSRM) e Psicotrópicos. Uma das diferenças é que na Alemanha a verificação e validação de receitas em papel (receituário) ainda é uma grande função farmacêutica, uma vez que, o país só implementou a receita eletrónica noiníciodesteano.

Existem algumas práticas ou métodos adotados na Alemanha que, na tua opinião, poderiam ser implementados em Portugal para melhorar os serviços farmacêuticos?

A comunicação entre o médico e o farmacêutico é bastante comum na Alemanha, o que nos ajuda bastante pois aquandodadispensadeummedicamento podem surgir dúvidas quanto à dose e possíveis interações entre medicamentos. Uma boa comunicação com o médico ajuda-nos a prestar um serviço de qualidadeaoutente.

Bruna Ramos

Emtermosdeequilíbrioentrevidapessoaleprofissional,quaissãoas principaisdiferenças quedenotasentreestesdoispaíses?

Na cultura Alemã existe um maior equilíbrio entre a vida profissional e a vida pessoal. Os horários de trabalho são, na minha opinião, melhores do que os praticados em Portugal. Para além disso a maioria das farmácias encerra as 18:30h e ao fim de semana abrem apenas no sábado.

Pornorma,otrabalhadortemumhoráriofixoenãotrabalhaporturnos

OutravantageméquenaAlemanhaexistem35diasdefériasanuais.

No que diz respeito à língua, é necessário ter um domínio avançado do alemão, ou é viável desempenhar a funçãoapenascomoinglês?

Para se poderem tornar farmacêuticos na Alemanha, é obrigatório o domínio da línguaalemã.

Devem ter no mínimo o nível linguístico B2, para que depois possam integrar um curso linguístico de nível C1 específico para farmacêuticos, onde o exame é feito na entidade equivalente à Ordem dos FarmacêuticosdePortugal.

Que desafios e oportunidades um farmacêutico comunitário português pode encontrar ao tentar integrar-se na prática farmacêutica na Alemanha, em termos de adaptação cultural e profissional?

No que toca aos desafios: a cultura é bastante diferente, o sistema de saúde também funciona de forma diferente, uma vez que, não existe um sistema de saúde público, a língua pode ser um grande desafiotambém!

Quanto as oportunidades, podem esperar um bom horário de trabalho, uma remuneração e progressão na carreira justas e uma valorização da profissão farmacêutica por parte da maioria dos utentes.

Descobrindo a Doença

Doenças explicadas de uma forma simples

Alzheimer

A doença de Alzheimer é um tipo de demência que provoca uma deterioração global, progressiva e irreversível de diversas funções cognitivas, as quais se associam a alterações do comportamento e incapacidadefuncional.

Acada

3s

é diagnosticado um novo caso de demência no mundo.

Sintomas Principais

A perda de memória é o sintoma cognitivo mais comum da doença de Alzheimer. Juntam-se posteriormente sintomas como dificuldade em reconhecer pessoas ou lugares, problemas de linguagem, alteração de personalidade ou dificuldade em planear e resolver problemas. Também se verifica alterações de comportamento precoces como apatia, depressão,ansiedadeeirritabilidade.

CAUSAS

Ainda é desconhecida, embora fatores genéticos desempenhem um papel significativo,comcercade5 a 15% dos casos a afetarem pessoas com antecedentes familiares. Alterações no cérebro também pode ser uma das causasdadoençadevidoà acumulação de placas senis(beta-amiloide).

182 mil

é o número estimado de portugueses que apresentam demência.

SEXO FEMININO

Ainda que atinja ambos os sexos, 67% é do sexo feminino.

Idade a partir da qual, por norma, a doença se começa a manifestar.

TIPOS DE DOENÇA DE ALZHEIMER

Esporádico: É o tipo mais comum, podendo afetar adultos de qualquer idade, embora seja mais frequente apósos65anos.

Familiar: Menos comum, este tipo é hereditário e transmitido de uma geração paraoutra

DIAGNÓSTICO

Não existe um teste específico para identificar aDoençadeAlzheimer.

de herdar o gene mutado do progenitor.

FATORES RISCO

A idade é o principal fator de risco para o desenvolvimento da doença de Alzheimer, mas considera-se que existem outros fatores implicados:

HIPERTENSÃO ARTERIAL DIABETES

COLESTEROL ALTO TABAGISMO

Odiagnósticoclínicopode incluir a realização de: históriamédicadetalhada, examefísicoeneurológico aprofundado; exame do funcionamento intelectual; avaliação psiquiátrica; avaliação neuropsicológica; e análises laboratoriais ao sangueeurina.

PREVENÇÃO Tratamento

Não há forma de prevenir a doença de Alzheimer. No entanto, existem fatores, nomeadamente a elevada escolaridade, atividade física regular e socialização, que são considerados fatores protetores.

A Doença de Alzheimer não tem cura, mas é possível estabilizar o funcionamento cognitivo dos pacientes. Para isso, utilizam-se inibidores da acetilcolinesterase, que aumentam a transmissão colinérgica no sistema nervoso central, e antagonistas do recetor NMDA, que reduzem a ação excitadora do glutamato sobre os recetores NMDA.

Efeitos Indesejáveis

TREMORES

BRADICARDIA

NÁUSEAS

DIARREIA

ANOREXIA

MIALGIA

VI Simpósio Farmacêutico

ONE HEALTH

No dia 19 de março realizou-se, no Grande Auditório do Complexo Pedagógico da Universidade do Algarve no Campus de Gambelas, a sexta edição do Simpósio Farmacêutico do Núcleo de Estudantes de Ciências Farmacêuticas (NECiFarm). Este ano, o tema foi "One Health", um conceito emergente que sublinha a interconexão entre a saúde humana, a saúde animal e a saúde ambiental.

A crescente expansão das populações humanas para novas regiões geográficas tem intensificado o contacto entre os seres humanos e animais, sejam eles selvagens ou domésticos. Esta proximidade acrescida aumenta a possibilidade de transmissão de doenças entre humanos e animais.

Para além disto, fatores como as alterações climáticas, a degradação ambiental e as doenças zoonóticas estão a intensificar a pressão sobre os ecossistemas, ressaltando a importância crescente do conceito de "One Health" e a necessidade da sua abordagem na sociedade.

Este simpósio teve como objetivo promover a cooperação entre profissionais das diversas áreas da saúde, estimulando uma reflexão crítica sobre como uma abordagem integrada pode contribuir para resolver problemas que afetam todos os seres vivos.

O evento foi direcionado não apenas a Estudantes de Ciências Farmacêuticas, mas também a estudantes de outros cursos, Docentes, Investigadores e Profissionais de Saúde, contando com um programa diversificado e a presença de ilustres oradores.

Os painéis principais abordaram os temas: “A saúde Humana e Medicamentos de Uso Humano”, “A Saúde Animal e Medicamentos de Uso Veterinário” e “Saúde Ambiental”. Enquanto oradores estiveram profissionais como, Dr. Carlos Lima Alves, Vicepresidente do INFARMED, Dra. Inês Martins de Almeida, Chefe da Divisão de Gestão e Autorização de Medicamentos da DGAV e o Engenheiro José Machado.

Esta atividade terminou com uma Mesa Redonda com o tema “O papel dos Profissionais”, onde se reforçou a importância da intervenção de diversos profissionais de áreas distintas neste conceito de “One Health”, sendo estes o Dr. Dário Santinha, o Engenheiro Silvério Guerreiro, o Professor Doutor Rui Cabral, e como moderador e conselheiro científico o Professor Doutor Jaime Conceição. Em regime online ainda fizeram parte desta mesa, a Investigadora Ângela Novais, e a Professora Doutora Cátia Caneiras, Vogal da Direção da SRSRA da Ordem dos Farmacêuticos

Em suma, este simpósio proporcionou uma experiência enriquecedora e essencial para todos os participantes, reforçando a ideia de que a saúde das pessoas está intimamente ligada à saúde dos animais e ao ambiente que compartilhamos. Permitindo a quem participou a toma de decisões mais apropriadas e conscientes.

I Congresso Científico NECiFarm Residência

Farmacêutica

Nos dias 2, 3 e 4 de Dezembro decorreu na Universidade do Algarve, no campus de Gambelas o I Congresso Científico - NECiFarm, organizado pelo Núcleo de Estudantes de Ciências Farmacêuticas cujo tema principal foi a Residência Farmacêutica.

Este foi um evento inovador que reuniu estudantes residentes, professores e vários profissionais de saúde das diferentes áreas abordadas, tendo-se realizado sessões paralelas, palestras e debates que permitiram ao público conhecer e salientar a importância de uma carreira na residência farmacêutica, bem como a sua evolução na prática clínica.

O evento contou com um dia de Pré-Congresso onde se realizaram duas sessões paralelas com os temas: Terapia Genética e Inteligência Artificial nas Análises Clínicas. Desta forma, houve a possibilidade dos participantes escolherem qual delas preferiam assistir, dependendo dos seus interesses específicos. Estas sessões foram organizadas, com o objetivo de alojar uma pequena variedade de tópicos dentro do tema geral do congresso.

O primeiro dia do congresso iniciou com o Painel I, que proporcionou uma introdução à importância da Residência Farmacêutica. Durante este painel, foram explorados aspetos fundamentais relacionados com a estratégia e o propósito da formação especializada, destacando o seu papel essencial na qualificação dos profissionais. O público teve a oportunidade de assistir a dois painéis focados em aspetos práticos e específicos da Residência Farmacêutica: o primeiro abordou a aplicação da Residência na área da Farmácia Hospitalar, salientando o impacto na gestão dos medicamentos e à colaboração interdisciplinar, enquanto o segundo painel explorou a Residência em Análises Clínicas e Genética Humana, com foco nas inovações e nos avanços tecnológicos na área. No final de cada painel, foram promovidos debates dinâmicos entre os oradores, permitindo ao público interagir diretamente com os especialistas, esclarecer dúvidas e participar ativamente nas discussões. Esta interação possibilitou uma troca de ideias e experiências, fortalecendo o entendimento dos temas abordados.

O I Congresso Científico - NECiFarm encerrou com chave de ouro com a Mesa Redonda, que contou com a presença de diversos docentes. Durante esta sessão, foram debatidos tópicos fundamentais e questões de grande relevância voltadas para a melhoria contínua do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas, da Universidade do Algarve. A conferência englobou estratégias pedagógicas, inovações curriculares e desafios enfrentados pelos estudantes e professores, proporcionando um espaço enriquecedor de troca de ideias e reflexões sobre o futuro do curso.

FaçoumbalançogeralmuitopositivosobreocongressoForam discutidos temos de índole superior para a profissão farmacêutica e para os futuros farmacêuticos. A Residência Farmacêutica é seguramente uma opção para muitos dos finalistasefarmacêuticosnoativo,possibilitandoumaformação adequadaàssuasáreasdeinteresse,tornandoaprofissãocada vezmaiscompetente

JoãoFigueirinha,Participante

FazerpartedacomissãoorganizadoradoIcongressocientifico doNECiFarm,foiumaexperiênciaenriquecedora,umavezque foiaprimeiravezqueintegreiumaequipadeorganizaçãodeum eventouniversitário,tendoistopermitidoqueeudesenvolvesse competênciasqueantesnuncatinhaexplorado

SAÚDE MENTAL MENTAL

A saúde mental tem-se tornado um tópico cada vez mais relevante junto dos profissionais de saúde, refletindo uma preocupação global com o aumento dos casos de condições que afetam o bem-estar psicológico e emocional. Nos últimos anos, observouse um crescimento significativo no número de pessoas que enfrentam desafios relacionados com a sua saúde mental, o que levanta importantes questões sobre a qualidade dos cuidados prestados e a forma como a sociedade encara este tema. Apesar da maior visibilidade, um grande número de indivíduos continua a sofrer em silêncio, muitas vezes devido ao estigma social que ainda persiste em torno das condições de saúde mental, perpetuado por padrões sociais rígidos. Este artigo aborda de forma abrangente a temática da saúde mental, explorando conceitos fundamentais como a definição de saúde mental, as características clínicas dos problemas associados e a distinção entre problemas de saúde mental e transtornos mentais.

Textopor:AndréAugusto

O QUE É A SAÚDE MENTAL?

De acordo com a Organização

Mundial da Saúde (OMS), a Saúde Mental trata-se de um estado de bem-estar psicológico que permite as pessoas ultrapassarem os eventos de stress que vão ocorrendo durante a vida, percebam as suas capacidades, aprendam e trabalhembemequecontribuam paraasuacomunidade.Trata-se de um tópico de importância central em Saúde que sustenta a capacidade das pessoas e da população em tomar decisões, construir relações entre indivíduos e modular o mundo onde se vive. Portanto, a Saúde Mental é muito mais do que a ausência de um Transtorno Mental. Ela é um contínuo complexo que é experienciado de forma diferente para cada indivíduo e que se pode traduzir em diversos resultados tanto a nívelclínico,comoanívelsocial.

Distinção entre problemas de saúde mental e transtornos mentais

Os problemas de Saúde Mental são um grupo muito heterogéneo de distúrbios psiquiátricos que afetam uma grande percentagem da população mundial e que incluem os Transtornos Mentais, as incapacidades psicossociais e muitos outros estados psicológicos que possam provocar sofrimento no utente, prejudicar a sua eficiência na realização de tarefas diárias e, em caso mais extremos, podem induzir a ideações suicidas. Por norma, utentes com estes tipos de condições psiquiátricas são mais propensos a experienciarem menores níveis de bem-estar psicológico

Esquizofrenia

Transtornos Mentais são várias vezes confundidos os problemas de Saúde Mental. De acordo com a ão da OMS, os Transtornos Mentais são um grupo heterogéneo de condições clínicas onde ocorrem ões significativas no foro psiquiátrico dos utentes, nomeadamente, na

O Transtorno Mental é também o maior subgrupo de doenças mentais onde o Farmacêutico consegue tomar uma posição ativa no tratamento ou na melhoria da Saúde Mental dos seus utentes. parte cognitiva, no controlo das emoções e no seu próprio comportamento. Para além de ser o subgrupo de doenças mentais que mais afeta a população (1 em cada 8 indivíduos, ou seja, 12,5% da população mundial).

de Transtornos Mentais

edade

sentimentos frequentemente como aumento sudação, mas persistente, interfere provoca sofrimento passa a ser

Doença Bipolar

A doença bipolar, é uma condição desaúde mental caracterizada por alterações extremas de humor, energia e níveis de atividade. Essas mudanças variam entre episódios de mania ou hipomania (euforia, aumento de energia, impulsividade) e depressão (tristeza profunda, falta de energia,desesperança).

depressão

Distúrbios Alimentares

As perturbações do comportamento alimentar são doenças que provocam distúrbios graves na forma como os doentes avaliam o seu peso e imagem corporal, com marcado impacto desta avaliação no seu autoconceito.

Distúrbios do Neurodesenvolvimento

A esquizofrenia é um transtorno mental crónico e incapacitante que geralmente tem início na adolescência ou no início da idade adulta, caracterizando-se por ilusões, alucinações frequentemente na forma de vozes — e transtornos de fala ou pensamento. Os seus sintomas podem ser classificados como positivos, como as alucinações e ilusões, ou negativos, que envolvem a ausência ou diminuição de funções normais

É um transtorno comum, mas sério, que interfere na vida diária, capacidade de trabalhar, dormir, estudar, comer e aproveitar a vida. É causada por uma combinação de fatores genéticos, biológicos, ambientais e psicológicos.

Os distúrbios do neurodesenvolvimento são um grupo de condições que afetam o desenvolvimento do cérebro e do sistema nervoso, geralmente manifestando-se na infância. Estas condições têm impacto em áreas como a cognição, o comportamento, a aprendizagem, bem como nas capacidades motorasousociais.

Algunsexemplos:

Perturbação do Espetro do Autismo (PEA)

Perturbação de Hiperatividade e Défice deAtenção(PHDA)

Aimportânciados profissionaisdesaúdena promoçãodaSaúdeMental

Tal como todas as outras condições clínicas, a Saúde Mental deve ser sempre cuidada e promovida por todos os profissionais de saúde, nomeadamente, daqueles que diretamente e frequentemente interagem com os seus utentes. Destes destacam-se os psicólogos, no tratamento e prevenção de todos os quadros clínicos associados à ausência de Saúde Mental, e em particular, os farmacêuticos e os psiquiatras, quando a ausência de Saúde Mental está diretamente associada a quadros clínicos onde existem alterações fisiopatológicas nos indivíduos (Transtornos Mentais).

Neste contexto, é de realçar a importante função que os farmacêuticos desempenham na promoção da Saúde Mental das suas comunidades, uma vez que este é o primeiro profissional de saúde com que os utentes contactam, mesmo quando estes desconhecem do seu próprio quadro clínico.

Como profissional de saúde, é o farmacêutico que, muitas vezes deteta alterações no comportamento das pessoas e é o profissional de saúde que melhor direciona os seus utentes para receberem os tratamentos ou diagnósticos mais adequados a cada pessoa. Para além disso, os farmacêuticos, em conjunto com os psicólogos, são os dois profissionais de saúde mais importante no acompanhamento e na evolução do quadro clínico dos seus utentes, o farmacêutico através da validação da medicação prescrita pelo psiquiatra e através da avaliação da resposta terapêutica do utente face ao tratamento escolhido, enquanto que o psicólogo, através das várias seções de Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), é capaz de decifrar as causas que comprometeram a Saúde Mental dos seus utentes e, a partir da informação e do histórico clínico destes, o psicólogo será capaz de identificar a melhor forma de melhorar a Saúde Mental de cada um dos seus utentes.

REFLEXÃO FINAL: COMBATER O ESTIGMA SOCIAL

É fundamental sensibilizar a população sobre a crescente importância de abordar a Saúde Mental de forma aberta, combatendo o estigma social que ainda persiste em torno daqueles que enfrentam problemas nesta área. A pandemia de COVID-19, com as suas restrições de circulação e confinamento, resultou num aumento acentuado de transtornos mentais, especialmente depressão e ansiedade, revelando a fragilidade de muitos indivíduos.

Os problema de saúde mental para além de impactar diretamente os indivíduos que sofrem com estes distúrbios, afetam também todos aqueles que convivem com eles. A Saúde Mental é um direito fundamental, e é responsabilidade dos profissionais de saúde promovêlo, desmistificando a sua influência na saúde global da sociedade. A ausência de cuidados adequados nesta área é um dos principais fatores que leva à invalidez precoce em pessoas em idade ativa e é uma das causas mais graves de perda de saúde e de vida.

ONECiSocialéumainiciativadoDepartamentodePromoçãoparaaSaúdeeAção Social(DPSAS)quevisapromoveroespíritosolidárioecívicoentreosparticipantes, por meio da realização de diversos projetos e ações, enquanto contribui para a promoçãodaliteraciaemsaúdedapopulação.

A 3ª edição do NECiSocial teve início com a realização de rastreios numa farmácia em Quarteira, proporcionando um contato direto e próximo com a população local. A adesão positiva à iniciativa reflete uma preocupação crescente com a saúde, evidenciando o interesse e o envolvimento da comunidade.

Seguiu-se uma palestra que teve como foco a política que é um tema onde a capacitação é cada vez mais necessária nos dias de hoje e encerrou-se o dia com uma sessão que abordou a farmácia comunitária numa vertente mais prática das tarefas que se realizam.

Nosegundodia,aabordagem foimaislúdica,comumavisita a um abrigo de animais que proporcionouocontatodireto com os animais e a oportunidadedecompreender melhor o funcionamento da instituição.Eassim,encerrouse mais uma edição do NECiSocial, com um balanço positivo tanto em relação à adesãodosestudantesquanto àaquisiçãodeconhecimentos, mantendo sempre um forte ênfasenavertenteprática.

Rastreios à População Rastreios à População

O Núcleo de Estudantes de Ciências Farmacêuticas, através do seu Departamento de Promoção para a Saúde e Ação Social, organizou mais uma edição da atividade de Rastreios à População. Esta iniciativa tem como objetivo aproximar os estudantes da realidade de um farmacêutico comunitário

A medição regular da glicemia e da pressão arterial é fundamental, não apenas para o controlo de condições como diabetes e hipertensão, mas também para a prevenção de complicações graves de saúde Conscientes desta importância, o núcleo promoveu esta ação na Farmácia Holon Almancil, nos dias 15 e 16demarço,oferecendoàcomunidade local a oportunidade de participar em rastreios gratuitos, realizados pelos própriosestudantes.

A atividade foi organizada em dois módulos distintos. O primeiro módulo, de caráter teórico, ministrado pela farmacêuticaCatarinaCarmo,

eosegundomódulodenaturezapráticaondeoses-

A edição deste ano dos Rastreios à População demonstrou ser um sucesso. A rápida adesão ao evento e o preenchimento total das vagas evidenciam o interesse e a importância de atividades deste género. Os participantes destacaram a dinâmica do evento e a valiosa oportunidade de interagir diretamente com os pacientes, uma experiência que contribuiu significativamente para o seu desenvolvimento profissional. tudantesaplicaramos conhecimentosadquiridosemambientereal.

Este evento, mais do que uma simples atividade educativa, foi uma oportunidade para os estudantes experimentarem o impacto positivo que podem ter na vida das pessoas, reforçando a importância do farmacêutico comunitário em ações de saúdepúblicaenapromoçãodeestilos devidasaudáveis.

PharmKids

No dia 2 de maio, a Escola Básica Bom João, em Faro, foi palco de uma manhã repleta de descobertas e diversão com a realização da primeira edição do "PharmKids: Farmácia dos Pequeninos”. Esta iniciativa, organizada pelo Departamento de Promoção para a Saúde e Ação Social, teve como objetivo levar as crianças do 1º ciclo a mergulharem no mundo da Profissão Farmacêutica.

Esta atividade começou por desmistificar a profissão, apresentando-a de uma forma acessível, permitindo aos mais novos compreender o papel dos farmacêuticos na sociedade. Durante o evento, os alunos também tiveram a oportunidade de se tornarem "pequenos cientistas", participando em várias experiências práticas que combinaram ciência e brincadeira.

As atividades realizadas com as crianças incluíram a criação do seu próprio Pega Monstros, preparação de Areia Movediça e a manipulação de uma Pasta de Lassar.

O sucesso da primeira edição do PharmKids foi visível no entusiasmo e na participação ativa das crianças em todas as atividades propostas.

O evento destacou-se pela sua capacidade de educar e entreter simultaneamente, aproximando as crianças de uma profissão que, muitas vezes,lhesparecedistante

Dado os resultados positivos, o Departamento de Promoção para a Saúde e Ação Social planeia expandir o PharmKids para outras escolas. A intenção é continuar a promover a saúde e o conhecimento da profissão desde tenra idade.

AInfluênciadaImpressão3D naIndústriaFarmacêutica

A impressão 3D é uma tecnologia inovadora que está a transformar diversas indústrias, com destaque para a indústria farmacêutica.

Com a capacidade de criar objetos tridimensionais a partir de modelos digitais, a impressão 3D abre novas possibilidades para a pesquisa, desenvolvimento e produção de medicamentos. Para além disso, esta tecnologia poderá revolucionar o ensino das Ciências Farmacêuticas, proporcionando aos estudantes uma compreensão mais prática e inovadora dos processos de fabrico e formulação de medicamentos.

Textopor:LauraRodrigues

Uma das maiores inovações que a impressão 3D trouxe à indústria farmacêutica é a capacidade de produzir medicamentos personalizados, ajustados às necessidades específicas de cada paciente. Esta personalização é particularmente importante no tratamento de doenças crónicas, onde a dosagem precisa ser ajustada de acordo com a resposta terapêutica individual. A impressão 3D permite "imprimir" pílulas que contêm diferentes doses e combinações de fármacos, melhorando a eficácia dos tratamentos e minimizando possíveis efeitos adversos.

Além da personalização, a impressão 3D facilita o desenvolvimento de formas farmacêuticas inovadoras e mais eficientes. Através da impressão em camadas de materiais com diferentes propriedades de solubilidade, é possível criar comprimidos de libertação controlada, onde o fármaco é liberado no organismo de forma gradual ao longo do tempo. Esta abordagem seria extremamente difícil de alcançar com os métodos tradicionais de fabrico de medicamentos.

Outro aspeto crucial da impressão 3D na indústria farmacêutica é a otimização dos processos de produção, tanto em termos de custos quanto de tempo. Tradicionalmente, a síntese de medicamentos envolve processos longos e dispendiosos, desde a fase de desenvolvimento da molécula até à produção em larga escala.

Com a impressão 3D, torna-se possível prototipar rapidamente diferentes formulações e designs de comprimidos, otimizando o processo e reduzindo os custos associados a desperdícios e reprocessamento.

IntegraçãodaImpressão3Dno planodeestudosdeCiências Farmacêuticas

A integração da impressão 3D no currículo do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas (MICF) oferece uma série de vantagens pedagógicas. Esta tecnologia permite aos estudantes experimentarem, num ambiente controlado e seguro, a aplicação prática dos métodos de fabrico de medicamentos. A prática com a impressão 3D facilita a compreensão de tópicos complexos, como a formulação de medicamentos e a libertação prolongada de fármacos, tornando o ensino mais dinâmico e interativo.

Os laboratórios equipados com impressoras 3D oferecem aos estudantes a oportunidade de criar os seus próprios modelos de comprimidos e outros dispositivos de administração de medicamentos. Esta prática não só desenvolve as habilidades técnicas dos estudantes, mas também estimula a criatividade e a inovação, competências essenciais para a futura geração de farmacêuticos. Os estudantes podem experimentar diferentes formas e estruturas de comprimidos, compreendendo como essas variáveis influenciam a eficácia dos medicamentos.

Além disso, o uso de impressão 3D no ensino promove uma abordagem mais integrada e interdisciplinar. A produção de medicamentos impressos em 3D exige conhecimentos de Química, Biologia, Engenharia e Informática. Esta convergência de disciplinas reflete a realidade da pesquisa farmacêutica moderna e prepara os estudantes para colaborar em equipas multidisciplinares, uma competência crucial para o sucesso nas suas futuras carreiras.

DesafiosePerspectivas

Futuras

Embora a impressão 3D ofereça inúmeras vantagens, ainda existem desafios a serem superados As questões regulamentares são um ponto crítico, uma vez que o fabrico de medicamentos através da impressão 3D deve garantir a qualidade e segurança dos mesmos.

Também, há uma necessidade contínua de desenvolver materiais biocompatíveis específicos para a impressão de formas farmacêuticas que sejam seguras e eficazes para uso humano. No entanto, à medida que a tecnologia avança, é esperado que esses desafios sejam superados. A impressão 3D tem o potencial de revolucionar não apenas o fabrico de medicamentos, mas também a formação dos futuros farmacêuticos. A incorporação desta tecnologia nos currículos de Ciências Farmacêuticas é um passo fundamental para garantir que os profissionais estejam preparados para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades a na área farmacêu

A impressão 3D está a desempenhar um papel transformador na indústria farmacêutica. As suas aplicações na personalização de medicamentos, desenvolvimento de formas farmacêuticas inovadoras e otimização dos processos de produção prometem melhorias significativas nos cuidados de saúde e na formação de futuros profissionais da farmácia. A continuidade desta evolução tecnológica é crucial para assegurar que os farmacêuticos estejam preparados para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades que surgem numa era de constante inovação.

Palavras com...... HELDER MOTA FILIPE

Quemudançaslegislativasgostariade ver implementadas para fortalecer a profissãofarmacêuticaemPortugal?

Tem havido mudanças legislativas nos últimos tempos com todos os novos serviços e documentos que têm vindo a ser desenvolvidos. O que eu acho que é importante,maisdoquemudançaslegislativas, háumamudançaquetemdeaconteceréada leidafarmáciahospitalarqueéade1962epor isso a farmácia hospitalar tem de estar preparadaparaasmudançasqueaívêm.Mas mais importante do que isso é o desenvolvimento de novas intervenções do farmacêutico que desencadeiem ganhos em saúdeparaosdoenteseparaasociedade,mas nãocomeçamospelasmudançaslegislativase simpelamudançaeinovaçãonasintervenções.

Quaissãoasiniciativasparaapoiaros novosfarmacêuticos,queacabamagora ocursoeaincentivá-losadesenvolver carreiraprofissionalemPortugalenãono estrangeiro?

Há dois aspetos importantes em relação à ida de profissionais para o estrangeiro. Uma é o crescimento profissional, isto é, há colegas nossos que têm ofertas de emprego e oportunidades no estrangeiro e vão desenvolver-se e depois há outro aspeto que temavercomafaltadecondiçõesemPortugal. Quanto mais melhor até porque depois essas pessoas podem voltar e voltam com um conjuntodeconhecimentosedesenvolvimento profissional que ajuda ao desenvolvimento do país.

Os outros que emigram porque não têm em Portugal o reconhecimento do ponto de vista salarial, é necessário haver um esforço do ponto de vista político e das organizações profissionais de tentar mudar esta realidade. Por exemplo, a nível do Serviço Nacional de Saúde os farmacêuticos não vêem a sua grelha salarial alterada desde 1999 e portanto esteéumproblemaquetemdeserresolvidoa bem das próprias instituições de saúde e do Serviço Nacional de Saúde porque nenhuma instituição de saúde pode viver sem medicamentos e para ter os medicamentos adequados no momento e forma adequada para os doentes precisam de farmacêuticos e se não conseguem reter o seu talento ou criar as condições para que os farmacêuticos exerçam a sua profissão temos um problema de segurança e qualidade da prestação dos serviços.

Os farmacêuticos enfrentaram um grandedesafionapandemiadoCovid-19. Comoéqueosfarmacêuticossepodem prepararmelhorparafuturascrisesde saúdepúblicaequeoutrosdesafiosda profissão farmacêutica podem vir a enfrentar?

Euachoqueseaprendeucomapandemiada Covid-19ealgunsdessesaspetosqueforam aprendidosestãoaserincorporados,porexemplo anovaalteraçãoeadecisãodealargarosistema dedispensademedicamentoshospitalaresem proximidaderesultoumuitodaexperiênciada Covid que demonstrou que os doentes ganhavamcomessanovarealidadeequeestá agoraaserimplementadaequeesperoque assim continue nos próximos tempos. É fundamental que os farmacêuticos não esqueçam esta experiência e que o sistema percebaondeéqueosfarmacêuticosforamuma mais-valiaequeaincorporemnosistema.Nãofoi só nos medicamentos de proximidade foi a possibilidadequefoidadapelarededefarmácias comunitáriassemanteremabertasdurantetodoo períododepandemiamastambémacapacidade demonstradanodesenvolvimentodetestesque foramfundamentaisparaocontrolodainfeçãoe maisrecentementenacapacidadeenopotencial ainda não totalmente explorado que os farmacêuticos comunitários demonstraram na coberturavacinal.

Qualéoconselhoquedáaosestudantes deMICFparaalcançaremsucessoanível profissional?

Primeiroquetudoqueseaproximemdesdeo início do trajeto do mestrado integrado à profissão.Éaprofissãoquevãotereporissoé fundamental que não percam tempo a aproximar-se da profissão e da realidade profissionalnomeadamenteatravésdaOrdem dosFarmacêuticos,masnãosóOoutroaspeto importante é durante o trajeto do mestrado integrado não perderem a oportunidade de realizar estágios nomeadamente de curta duraçãoeirexperimentandoáreasdeatuação daprofissãoparaidentificarquaissãoasáreas quemaisvosvãointeressaredevemapostar. Issodeveserfeitoduranteotrajetodomestrado integrado até porque quando acabam o mestradoeseinscrevemnaprofissãojátêmuma ideiaclaradaáreaquequeremseguireao mesmo tempo ficam com um currículo diferenciadorelativamenteaoscolegasresultado dasexperiênciasqueforamtendoduranteo própriocurso.Outroaspetoimportanteéquese envolvamnasdiscussõessobredecisõesde políticaemgeraleparticularmentepolíticade saúdeenãoapenasnasáreasmaisespecíficas do farmacêutico. É fundamental que os farmacêuticos tenham uma visão política nacionaledapolíticadasaúdeenãoapenasda suaáreaespecíficadeintervençãoparaque possamajudaropaísacrescereaomesmo tempocondicionardeformapositivaasdecisões políticasdesaúde.

IINTELIGÊNCIA NTELIGÊNCIA

ARTIFICIAL: ARTIFICIAL:

Uma aliada na inovação farmacêutica Uma aliada na inovação farmacêutica ouumaameaçaética? ouumaameaçaética?

Nos últimos anos, a Inteligência Artificial (IA) tem protagonizado avanços tecnológicos significativos em diversas áreas, e a saúde não é exceção. A IA está a transformar rapidamente a maneira como os médicos, farmacêuticos e outros profissionais de saúde trabalham, oferecendo novas ferramentas para diagnóstico, monitorização, tratamento e desenvolvimento de fármacos.

Este artigo pretende explorar o papel crescente da IA na área farmacêutica, desde o diagnóstico precoce de doenças, ao desenvolvimento de fármacos personalizados e à automatização de processos em farmácias comunitárias e hospitalares. Para além disso, discute-se a importância de uma implementação ética e segura destas tecnologias, os desafios e obstáculos à sua adoção.

Textopor:BeatrizModesto

A implementação da IA na medicina tem como objetivo principal aumentar a precisão e a rapidez no diagnóstico, sobretudo em áreas como a imagiologia. Tecnologias como a ressonância magnética e a tomografia computorizada beneficiam-se de sistemas de IA capazes de identificar anomalias que podem escapar ao olho humano. Desta forma, a IA ajuda a reduzir diagnósticos errados e potencia a deteção precoce de doenças, essencial para tratamentos eficazes.

Para além da imagiologia, a IA contribui para o diagnóstico de doenças através de algoritmos avançados. Por exemplo, os assistentes virtuais de saúde conseguem avaliar sintomas fornecidos pelos pacientes e sugerir potenciais diagnósticos ou encaminhamentos automáticos. Estes assistentes também são úteis no monitoramento contínuo de parâmetros de saúde, como a frequência cardíaca, qualidade do sono, ou fornecendo informações importantes sobre o estado de saúde dos pacientes facilitando a gestão de condições crónicas.

Desenvolvimento de novos Fármacos

Um dos processos mais demorados e dispendiosos na área da saúde é o desenvolvimento de novos medicamentos.

Tradicionalmente, o desenvolvimento de um fármaco pode demorar mais de uma década e envolver milhões de euros. No entanto, a IA está a revolucionar este cenário.

A IA permite acelerar a fase de descoberta de novas moléculas, uma etapa crítica no desenvolvimento de fármacos.

Utilizando modelos quantitativos de relação estrutura-atividade (QSAR), a IA pode prever a eficácia de compostos com base nas suas estruturas químicas. No entanto, a tecnologia vai mais além. Com a IA, é possível prever não só a atividade dos compostos, mas também a sua farmacocinética e farmacodinâmica como o corpo absorve, distribui e metaboliza os fármacos, e os potenciais efeitos tóxicos.

Adicionalmente, a IA está a ser usada para identificar novos alvos terapêuticos, ou seja, proteínas ou moléculas envolvidas nas doenças. Este processo acelera a criação de medicamentos mais seletivos, que se ligam a esses alvos específicos, resultando em tratamentos mais eficazes e com menos efeitos colaterais.

Automatização nas Farmácias

Nas farmácias, a IA tem potencial para transformar o atendimento ao doente e a forma como os profissionais de saúde gerem as suas tarefas diárias.

Esta automatização permite que os farmacêuticos se concentrem no aconselhamento aos pacientes, oferecendo um serviço mais personalizado. Em vez de estarem focados em tarefas repetitivas, os profissionais podem dedicar mais tempo a discutir interações medicamentosas, ajustar dosagens ou fornecer orientações detalhadas sobre tratamentos. Muitas farmácias já estão a adotar tecnologias de automatização para gerir processos internos, como o controlo de stock e a dispensação de medicamentos.

organizam medicamentos, localizando-os e entregando-os aos farmacêuticos com precisão. Outro exemplo são as máquinas de distribuição de Preparação

Individualizada da Medicação (PIM), que preparam doses diárias de medicamentos em compartimentos selados, prontos para serem dispensados.

Barreiras e Desafios na Implementação da IA

Apesar dos benefícios, a adoção da IA nas ciências farmacêuticas enfrenta alguns obstáculos. Em primeiro lugar, a falta de conhecimento sobre as aplicações da IA, tanto por parte dos profissionais como do público, pode dificultar a sua implementação. Muitas farmácias hesitam em investir em novas tecnologias devido a preocupações financeiras ou de privacidade.

profissionais para em com a IA. A tecnologia é a recente, e os profissionais isam de ser capacitados para lizarem de forma eficaz e a. Além disso, é necessário antir que as soluções de IA prem rigorosos padrões de urança e respeitam os direitos humanos e as normas de privacidade.

A Farmácia do Futuro: IA ao Serviço da Saúde formação

A integração da IA nas farmácias não só melhora a eficiência dos processos como também redefine o papel do farmacêutico. Farmácias que adotam estas tecnologias podem evoluir de meros pontos de venda de medicamentos para verdadeiros centros de gestão de saúde. Com a IA, os farmacêuticos podem oferecer serviços mais personalizados, como a monitorização de doenças crónicas, o ajuste de terapias e o aconselhamento nutricional e de estilo de vida.

Mais do que um simples suporte, a IA pode ser uma aliada no acompanhamento do utente, melhorando os resultados de saúde e prevenindo complicações. No entanto, é fundamental que a IA seja utilizada como complemento ao julgamento humano, nunca como um substituto.

Expofarma

-Congresso Nacional dos Farmacêuticos

O Congresso Nacional dos Farmacêuticos 2024 regressou no seu formato mais tradicional, após uma edição anterior realizada online. Seis anos depois, os farmacêuticos portugueses voltaram a reunir-se presencialmente no Centro de Congressos de Lisboa, nos dias 21, 22 e 23 de novembro, para o maior encontro nacional da profissão farmacêutica. Este evento decorreu em paralelo com a Expofarma 2024, a maior feira nacional dedicada ao setor farmacêutico.

O Congresso Nacional dos Farmacêuticos 2024 (CNF’24) teve um papel de especial relevância, não apenas para a classe farmacêutica, mas também para o sistema de saúde e para a sociedade em geral. Foi uma oportunidade ímpar para discutir os desafios de uma profissão que os portugueses tanto valorizam, bem como para debater e apresentar soluções que garantam o acesso, a qualidade e a sustentabilidade dos cuidados de saúde prestados à população.

Sob o tema “Mais Inovação, Melhor Saúde”, o congresso centrou-se no papel essencial do farmacêutico ao longo de todo o circuito do medicamento, incidiu sobre temas como One Health, o acesso à inovação e a medicamentos inovadores, a inteligência artificial e o acesso pelo farmacêutico a dados clínicos relevantes, culminando na discussão sobre o futuro da profissão

. Simultaneamente, a Expofarma 2024 reuniu 90 expositores representando o mercado farmacêutico nacional. Mais do que uma feira, a Expofarma destacouse como um espaço de partilha, inovação e colaboração, promovendo o debate sobre a saúde e o bem-estar da população, com o objetivo de construir um futuro mais saudável e sustentável.

Durante os três dias da feira, o NECiFarm esteve presente, aproveitando esta plataforma para estabelecer contactos estratégicos com empresas e entidades do setor da saúde. Esta presença foi uma oportunidade valiosa para identificar potenciais parceiros e fortalecer colaborações para projetos futuros.

FEIRA DE EMPREGO NECiFarm 2024

A primeira edição da “Feira de Emprego NECiFarm” realizou-se no dia 25 de setembro, no Campus de Gambelas da Universidade do Algarve Organizada pelo departamento de Estágios e Saídas Profissionais (DESP) e o Departamento de Marketing e Gestão de Parcerias (DMGP) Este evento no âmbito das comemorações do Dia Mundial do Farmacêutico teve como objetivo aproximar os futuros farmacêuticos do panorama profissional que o Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas (MICF)oferece

O evento foi meticulosamente planeado para apresentar aos estudantes diversas perspetivas e áreas de atuação nas ciências farmacêuticas Começou com uma palestra da Professora Doutora Tânia Nascimento, que abordou o tema "Por trás da Dermofarmácia e Cosmética" A palestra destacou o papel específico do farmacêutico neste campo, focando-se no aconselhamento até a recomendação de produtos para uma rotina geral de cuidados com apele.

Após o momento formativo, os estudantes tiveram a oportunidade de entrar em contacto com algumas entidades como Ordem dos Farmacêuticos, a Farmácia Almeida e a Ezfy proporcionado aos alunos uma visão sobre as diferentes oportunidade e desafios que os esperam

Para complementar o momento formativo e as interações com empresas, a Speak and Lead conduziu um workshop prático focado em habilidades essenciais para a entrada no mercado de trabalho. Dividido em duas partes, o workshop abordou temas de elaboração de currículos e preparação para entrevistas, ajudando os alunos a desenvolverem habilidades e técnicas eficazes para se destacarem nos processos seletivos.

Por ser a primeira edição, o programa da Feira de Emprego foi aquém do que perspetivamos inicialmente Apesar disso, recebemos feedback positivo tanto dos estudantes como de entidades. Entidades que não puderam participar este ano já demonstraram interesse em marcar presença na próxima edição.

Assim é importante destacar a relevância deste evento para os estudantes dado que oferece uma oportunidade de entender melhor as funções que podem exercer nas variadas saídas profissionais de MICF.

O NECiFarm tenciona expandir a feira de emprego nas próximas edições, incorporando mais momentos formativos, mais bancas e introduzindo dinâmicas como speed recruitments.

Cerimónia de Tomada de Posse

26 anos APEF

No passado dia 9 de dezembro, a Associação Portuguesa de Estudantes de Farmácia (APEF) celebrou o seu 26º aniversário, um evento que ficou marcado pelo lançamento da nova edição da revista Reflexus e com a cerimónia de tomada de posse dos novos órgãos sociais da APEF.

Entre os momentos de destaque da cerimónia, merece especial atenção a participação do NECiFarm, que teve o orgulho de ver duas das suas membras assumirem cargos de relevância na nova direção da APEF. Catarina Duarte, antiga Vice-Presidente para as Relações Externas (VPE) do NECiFarm, assumiu agora o cargo de Vice-Presidente para a Gestão Interna (VPI) da APEF. Por sua vez, Vanessa Dudnic, que exerceu a função de Tesoureira no NECiFarm, tomou posse como Tesoureira da APEF.

Estas conquistas são motivo de grande orgulho e representam a culminação de anos de dedicação e trabalho em prol dos estudantes. Elas são também um exemplo claro de que, com esforço e determinação, é possível alcançar metas significativas e contribuir para o desenvolvimento da nossa comunidade académica.

O NECiFarm expressa os mais sinceros votos de sucesso às suas exdirigentes, desejando que este novo mandato seja repleto de realizações e aprendizagens. É com muita satisfação que vemos o crescimento das nossas representantes e o impacto positivo que elas continuarão a ter na APEF e, por extensão, na representação dos estudantes de ciências farmacêuticas em Portugal.

Endometriose

SINTOMAS DE ENDOMETRIOSE

As queixas causadas pela endometriose variam de acordo com a profundidade da invasão e os órgãos onde a doença se manifesta. Como o tecido endometrial fora do útero continua a responder ao ciclo menstrual, tal como faria na cavidade uterina, como resultado pode ocorrer hemorragias internas e reações inflamatórias , o que com o tempo leva ao aparecimento do sintoma mais comum - dor pélvica que pode associar-se à menstruação (dismenorreia) ou a relações sexuais (dispareunia). Também se pode verificar dor nas pernas, no fundo da coluna e por vezes, até dor generalizada. Nos casos em que a endometriose atinge a bexiga ou o reto, pode ocorrer a presença de sangue na urina ou nas fezes durante o período menstrual.

PORQUE DEMORA TANTO TEMPO A SER DIAGNOSTICADA?

A endometriose é uma doença silenciosa, e o seu diagnóstico pode demorar até 10 anos a ser obtido. Para identificá-la, é geralmente necessária uma avaliação médica detalhada, incluindo o historial clínico e a realização de exames complementares. No entanto, o diagnóstico pode ser tardio devido a quatro possíveis razões principais:

Normalizaçãodador:Está intituladoqueénormaldurante amenstruaçãoasmulheres teremdores; 1. Faltadeconsciencialização sobreadoença; 2. Sintomassemelhantesa outrasdoenças 3. Faltadeacessibilidade4.

GRUPOS DE RISCO

Algumas pessoas são mais propensas a desenvolver endometriose devido a fatores genéticos e imunológicos. Estes fatores não apenas determinam a probabilidade de desenvolver a doença, como também influenciam a gravidade com que ela se manifesta. Em Portugal, estimase que existam cerca de 700 mil casos de endometriose.

FERTILIDADE E ENDOMETRIOSE

Sabias que 10% das mulheres em idade reprodutiva têm endometriose e que, em 60% dos casos de infertilidade feminina, esta é a causa principal? A endometriose é uma doença inflamatória que afeta os órgãos do sistema reprodutor, provocando alterações anatómicas pélvicas, nas trompas (incluindo a sua permeabilidade), no útero e no endométrio, comprometendo assim a implantação do embrião.

No entanto, com um tratamento adequado, é possível melhorar significativamente o potencial fértil, permitindo resolver a infertilidade em muitos casos.

TRATAMENTO

Aendometrioseéumadoençacrónicasemcura,mascomopções detratamento.Emestádiosiniciaisoumoderados,utilizam-se medicamentosparaaliviarossintomas,incluindoterapêutica hormonaleanti-inflamatóriosparaocontrolodasdores.Outra opçãoéobloqueiotemporáriodamenstruaçãoparareduzira inflamaçãoeadoraolongodotempo. Noscasosmaisgraves,podesernecessáriaintervençãocirúrgica.

Entrevista Professora Doutora Vera Linda Ribeiro Marques

Oqueamotivouaseguirumacarreiranoensino?

A resposta não é muito difícil. Fiz um curso de cinco anos que, na altura, ainda era uma licenciatura. Durante a universidade, tive a oportunidade de realizar um estágio científico no Instituto Gulbenkian, e a partir daí fiquei apaixonada pela investigação. Tanto que, ao terminar o curso, tive duas alternativas: aceitar um emprego estável ou optar por uma bolsa de doutoramento e seguir por esse caminho, apesar da instabilidade que isso traz. Escolhi fazer o doutoramento.

Naquela altura, não havia muitos institutos privados dedicados à investigação. Quem q seguir essa área só conseguia fazê-lo no amb académico. Assim, ao concluir o doutoramento, procurei colocação universidades e, algum tempo depois, con aqui, na Universidade do Algarve. Portanto, nunca foi propriamente um deliberado de "quero dar aulas". No entant longo da vida, a balança foi mudando. C passar dos anos, acabamos por nos dedicar mais ao ensino do que à investigação, por tempo não estica e é necessário investir tempo a preparar e dar aulas Não foi uma es premeditada, mas hoje acredito que fiz bem.

Quandoecomosurgiuoseuinteresse pelaáreadaBioquímica?

No terceiro ano do meu curso, depareime com uma formação profundamente focada em química, uma vez que, na altura, ainda não havia muitas licenciaturas em bioquímica. A primeira licenciatura em bioquímica em Lisboa surgiu apenas no ano seguinte ao meu ingresso. O curso que frequentei oferecia dois ramos de especialização: Química Orgânica e Química Física e Inorgânica.

Para mim, a escolha foi clara, pois já sabia que a bioquímica era a minha paixão. A partir desse momento, o meu interesse pela área foi crescendo, especialmente no campo molecular e da genética.

Ainda durante esse ano, tive a oportunidade de realizar um estágio num laboratório de bioquímica na Fundação Gulbenkian, onde a chefe do laboratório era farmacêutica. Esse contacto precoce com o trabalho laboratorial e a sua aplicação no estudo do metabolismo de fármacos consolidaram o meu interesse pelas ciências farmacêuticas. Desde então, dedico-me profissionalmente a esta área.

Por que considera a disciplina de Bioquímica fundamental para a formaçãodeumestudanteemCiências Farmacêuticas?

Sem a Bioquímica, seria impossível compreender os mecanismos de ação dos fármacos. A farmacologia, por exemplo, não faz sentido sem um conhecimento prévio do que é uma proteína, de como funcionam as vias de sinalização hormonal numa célula, das vias de degradação de nutrientes, ou mesmo de como um composto usado, por exemplo, para emagrecimento age como os que estão em destaque atualmente , ou de como surgem os efeitos indesejáveis dos fármacos.

Tudo isso é difícil de explicar sem uma base sólida, e essa base vem do conhecimento do metabolismo.

Sem a Bioquímica, seria muito difícil estudar mecanismos de ação, toxicidade, ou mesmo genética. Por isso, acredito que a Bioquímica é uma “pedrinha fundamental” na construção desse conhecimento Ela precisa estar na base para que todo o resto se sustente.

Quais foram os maiores desafios que enfrentou até se tornar professora?

Quando entrei na Universidade do Algarve, já entrei como professora auxiliar, ao contrário de alguns colegas que começaram como assistentes e depois progrediram para professores. Fiz o meu doutoramento antes disso, num ambiente relativamente protegido, pois trabalhei numa instituição privada que oferecia todas as condições necessárias Não havia grandes preocupações com financiamento interno, embora ainda tivéssemos de concorrer a financiamentos externos. Durante o doutoramento, o foco estava exclusivamente no trabalho de investigação, sem precisar pensar em como financiar o projeto ou garantir recursos e equipamentos. Estava habituada a concentrar-me apenas na investigação

No entanto, ao terminar o doutoramento e receber uma bolsa de pósdoutoramento, que na altura tinha a duração de apenas dois anos, comecei a procurar colocações. O primeiro obstáculo foi a falta de vagas nas universidades das grandes cidades como Lisboa e Porto, onde os corpos docentes eram compostos por pessoas jovens que haviam entrado há pouco tempo. Isso limitava as oportunidades, e precisei considerar outras possibilidades.

Ao entrar na Universidade do Algarve, o principal desafio foi assegurar condições para realizar investigação Por outro lado, algo muito positivo foi a liberdade que nos deram, especialmente aos jovens professores, para decidir o que queríamos estudar. Podíamos dedicar-nos a investigar os temas que nos interessavam, sem que ninguém nos dissesse o contrário, o que é uma grande vantagem. Contudo, o lado negativo era a falta de condições adequadas, já que a universidade era relativamente jovem e enfrentava dificuldades de financiamento.

O maior desafio foi, então, criar condições equivalentes às de outras universidades de onde vínhamos. Para isso, foi necessário concorrer a muitos projetos e, mais tarde, criar um centro de investigação financiado pela FCT na área da saúde. Esse centro acabou por dar suporte a muitos outros cursos.

Diria que o desafio não foi tanto chegar à profissão ou conseguir uma colocação, mas sim garantir que tanto nós como as pessoas que trabalham connosco tivéssemos as condições necessárias para nos dedicarmos ao que realmente queríamos fazer

Quais considera serem os maiores desafios que o Ensino Superiorenfrentaatualmente?

Identifico três grandes desafios que o Ensino Superior enfrenta atualmente. O primeiro é a velocidade com que as mudanças tecnológicas acontecem. Apesar dos esforços dos docentes, a adaptação a essas mudanças não tem sido rápida o suficiente. A pandemia é um exemplo claro, onde fomos forçados a adaptar o ensino à distância, sem preparação prévia, o que exigiu um esforço reativo. Deveríamos, no entanto, antecipar as mudanças tecnológicas e adaptar o ensino de forma proativa.

Entre Palavras e Saberes

O segundo desafio é a questão do alojamento para estudantes deslocados. Em muitas cidades, incluindo Faro, é extremamente difícil encontrar alojamento acessível. Este problema afeta tanto estudantes nacionais quanto estrangeiros, e exige uma intervenção não só das instituições de ensino, mas também do poder político, com políticas de habitação mais eficazes.

Por último, noto uma mudança na postura e dedicação dos alunos em relação às aulas. Muitos estudantes acreditam que as aulas não fazem diferença, o que é uma tendência crescente. A tecnologia tem contribuído para isso, pois muitos alunos acreditam que podem obter toda a informação online. Embora existam ótimas ferramentas, os alunos precisam ser orientados pelos docentes sobre as melhores fontes a consultar, pois sem essa orientação, surgem erros nas avaliações. Este é um problema que impacta diretamente a taxa de aprovação e que deve ser abordado em conjunto pelos docentes.

Como consegue conciliar a sua carreira académica com outros compromissos profissionaiseavidapessoal?

É algo que muda ao longo da vida, e acredito que seja assim para quase todas as pessoas na mesma posição que a minha Há uma fase da vida em que dedicamos muito tempo e energia a criar condições para o futuro: estabelecer condições laboratoriais, garantir financiamento para projetos, orientar alunos e, além da docência, focar intensamente na investigação. No meu caso, foi quase inevitável deixar outros projetos pessoais para trás, simplesmenteporqueotemponãoéelástico.

Com o passar dos anos, começam a surgir outras preocupações, sobretudo a nível familiar. À medida que envelhecemos, os nossos pais e a família mais próxima frequentemente precisam de mais apoio.

Isso faz com que, nessa fase, tenhamos de redirecionar parte da atenção, que antes talvez fosse negligenciada, para essas necessidades.

Passamos a dedicar-nos mais à família, ajustando o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. Esse equilíbrio, na minha opinião, muda ao longo da vida, mas o meu conselho para os mais jovens é que tentem encontrar esse balanço o mais cedo possível. É um cliché, mas o tempo realmente desaparece. Olhamos para os anos que passaram e perguntamo-nos como tudo aconteceu tão depressa. Por isso, quanto mais cedo percebermos a importância de manter este equilíbrio, melhor.

Entre Palavras e

Háalgumprojetoouiniciativaquegostariadedesenvolverno futuroouquetenhamarcadoasuacarreira?

O projeto que mais marcou a minha carreira, do ponto de vista científico, está relacionado com a área de maior dedicação entre as três áreas que leciono: a Farmacogenética. Desde cedo percebi que esta área teria um grande impacto no futuro. A Farmacogenética estuda as razões pelas quais duas pessoas diferentes reagem de forma distinta a um composto químico. Quando esse composto é um fármaco, isso pode explicar porque uma pessoa responde ao tratamento e outra não, ou por que uma desenvolve efeitos adversos e a outra não Embora essa área já existisse há algum tempo, teve um grande desenvolvimento na mesma altura em que entrei para a Universidade. Foi então que percebi a oportunidade de desenvolver investigação independente, com o meu próprio grupo de investigação, nessa área. Nos últimos anos, tenho me dedicado principalmente a duas vertentes dessa área: as doenças infecciosas, por um lado, e as doenças oncológicas, por outro, mas sempre com foco no metabolismo de fármacos de uma forma geral. Nesse contexto, estabelecemos várias colaborações com hospitais, e tenho grande satisfação em ter sido pioneira na introdução dessa área de investigação aqui, no Algarve Na altura, em Portugal, eram poucas as pessoas que trabalhavam com Farmacogenética. A minha orientadora de doutoramento foi uma das primeiras a iniciar essa área em Portugal, mas fui eu quem trouxe esse foco para o Algarve. Com o tempo, outros grupos começaram a surgir, aos poucos, em diferentes locais do país, e tenho muito orgulho de ter sido uma das primeiras a iniciar este trabalho. Outro marco importante foi a criação do curso de Farmácia, no qual a disciplina de Farmacogenética foi incluída desde o início, o que me dá grande satisfação. Tivemos a visão de incluir esta disciplina muito antes de outras universidades, algumas mais estabelecidas e renomadas, adotarem essa abordagem. Hoje, a Farmacogenética é considerada essencial na nova diretiva da União Europeia sobre os programas dos cursos para formar farmacêuticos, e fico muito contente por termos dado esse passo 20 anos antes.

Um projeto que também marcou profundamente o meu percurso na Universidade foi a criação do primeiro centro de investigação em ciências da saúde, o Centro de Biomedicina Molecular Estrutural, que mais tarde foi reestruturado e renomeado como Centro de Biomedicina (CBME). Esse centro foi financiado entre 2013 e 2015, e embora tenha sido descontinuado, sinto um enorme orgulho de ter feito parte da equipa que o criou. Quando conseguimos esse financiamento, foi uma grande conquista, especialmente porque éramos todos novos na Universidade. Foi um marco importante para nós e, acredito, para a própria Universidade.

Conhece a nova Direção mandato 2025

O NECiFarm inicia o ano de 2025 com uma equipa renovada e uma visão clara para continuar a restruturação do núcleo Maria de Fátima Lopes volta a assumir a direção recandidatando-se para mais um mandato.

Sob a liderança de Maria de Fátima Lopes, a nova direção compromete-se a seguir os valores de continuidade, proximidade, transparência,aprendizagem,otimizaçãoeambição,quesãoospilaresfundamentaisparaconstruirumfuturopromissorparaos estudantesdeCiênciasFarmacêuticasdaUniversidadedoAlgarve AnovadireçãoécompostaporFátimaPedro,queocupao cargo de Vice-Presidente para a Gestão Interna, Maria Nascimento, que é a Vice-Presidente para as Relações Externas, Laura Rodrigues,queocupaocargodeTesoureira,eMarianaPires,queéaSecretária-Geral NoDepartamentodeFormaçãoePolíticaEducativa,estãoosmembrosDalilaRodrigues,RaquelBanhaeFilomenaGonçalves ODepartamentodeRelaçõesInternacionaiscontacomInêsHarrieseMariaVarão JáoDepartamentodeMarketingeGestãode Parcerias é composto por Telma Barbas e Bruna Franco O Departamento de Estágios e Saídas Profissionais conta com Tânia Nobre e João Mexia No Departamento de Promoção para a Saúde e Ação Social, estão David Dias e Mariana Parreira O DepartamentodeCulturaeLazerécompostoporLeonorMateuseAfonsoJacinto.Porfim,oDepartamentodeComunicaçãoe ImagemécompostoporBeatrizModesto,CristinaYeeSaraBailote.

Tesoureira Vice-Presidenteparaas RelaçõesExternas Vice-Presidenteparaa

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