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2 Desenvolvimento e mudanças ambientais 5 Agricultura sustentável 8 Animais abandonados 12 Tecnologia na odontologia

Prototipagem

14 Acupuntura e os níveis orgânicos 16 Inventariação turística do

Território Mantiqueira

18 Caminhe, respire, observe... 20 Marmelópolis

expediente Naturale é uma publicação da DIAGRARTE Editora Ltda CNPJ 12.010.935/0001-38 Itajubá/MG Editora: Elaine Cristina Pereira (Mtb 15601/MG) Colaboradores Articulistas: Dr. Cantídio Pettersen Ferreira, Gilberto Andreotti, Dra. Gracia Costa Lopes, Herika Nogueira e Equipe de divulgação científica do INPE Revisão: Marília Bustamante Abreu Marier Projeto Gráfico: Elaine Cristina Pereira Foto da Capa: Arquivo Diagrarte Editora Vendas: Diagrarte Editora Ltda Impressão: Gráfica Novo Mundo Ltda Distribuição Gratuita em mídia impressa e eletrônica Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores. Direitos reservados. Para reproduzir é necessário citar a fonte. Venha fazer parte da Naturale, anuncie, envie artigos e fotos. Faça parte desta corrente pela informação e pelo bem. Contate-nos: (35) 9982-1806 e-mail: revistanaturale@diagrarte.com.br Acesse a versão eletrônica: www.diagrarte.com.br/naturale_7ed.pdf Impresso no Brasil com papel originado de florestas renováveis e fontes mistas.

Apoio


Natanael Gonçalves

Desenvolvimento e Mudanças Ambientais Globais: um desafio para a ciência e a tecnologia Pela Equipe de divulgação científica do Centro de Ciência do Sistema Terrestre do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

O desenvolvimento do Brasil nos próximos anos passa, fundamentalmente, por melhorias em estruturas básicas, como o sistema de transporte (aéreo e terrestre), a saúde pública, o fornecimento de energia e, é claro, o sistema educacional. Mais do que nunca, as melhores respostas a essas demandas estão nas mãos de nossos cientistas e tecnologistas. As mudanças ambientais globais – sejam elas provocadas ou não pelas ações humanas – tendem a interferir cada vez mais em todas as áreas e em todos os segmentos da sociedade. Os impactos dessas alterações serão (alguns já estão sendo) percebidos em todo o planeta, em maior ou menor escala, sendo os países em desenvolvimento aqueles que mais sofrerão, justamente pelo maior índice de pobreza e por carência de ferramentas de prevenção e mitigação. É preciso estar preparado para

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adaptar-se, por exemplo, a um novo mapa de frequência e intensidade de chuvas que surgirá nas próximas décadas, a partir do aumento de alguns graus na média anual da temperatura de uma região ou país. Conhecer o comportamento das chuvas é importante para o planejamento agrícola que, por sua vez, é fator importante da economia. Tempestades e enchentes provocam deslizamentos de terra e danos nas cidades, principalmente entre as populações mais pobres. É possível prever, com modelos e sistemas, fenômenos extremos como esses, oferecendo subsídios para que os governos se planejem para esses eventos extremos, que deverão ocorrer com maior frequência. O setor elétrico, cada vez mais necessário para as atividades produtivas e para o nível de qualidade de vida exigido pela sociedade moderna, de-

ve utilizar energia limpa, e para isso é preciso estudar os recursos hídricos e pensar em tecnologias que produzam energias renováveis. Há mais de uma década, o Brasil vem se estruturando para enfrentar o desafio, não só de produzir ciência e tecnologia de qualidade para oferecer à sociedade esses subsídios essenciais ao desenvolvimento, como também de fomentar discussões interdisciplinares, promovendo a interação e a integração entre os pesquisadores. Essa, aliás, é uma premissa fundamental para o estudo das mudanças ambientais. Estamos em um bom caminho. O grande interesse internacional pela Amazônia e o papel que ela desempenha no cenário ambiental global direcionaram boa parte dos esforços iniciais de pesquisa para a região. Em 1998, o país liderou e planejou o Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia

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Climáticas Globais (PFPMCG) e de programas estaduais no Amazonas, em Pernambuco, no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul. Essas redes de pesquisa formaram as bases para a criação do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas (INCT-MC), a partir de edital lançado em 2008 pelo Conselho de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) que possibilitou a instauração de 123 INCT’s em todo o país, em diversas áreas da ciência e da tecnologia. Diferentemente do que ocorre com áreas mais antigas do conhecimento, como a medicina, a engenharia e a física, em que os países mais jovens muitas vezes precisam buscar no exterior, soluções já consolidadas para problemas emergentes, em relação às mudanças climáticas, pode-se dizer que, atualmente, o Brasil se equipara às nações desenvolvidas em termos qualitativos da pesquisa aqui produzida.

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(LBA). O LBA é considerado uma das maiores iniciativas de pesquisa realizada nos trópicos e resultou na conclusão de mais de 250 mestrados e doutorados brasileiros e na criação de uma efetiva rede de pesquisa nacional e internacional. De lá para cá, o interesse em desenvolver pesquisas aplicadas que pudessem subsidiar políticas públicas visando o desenvolvimento sustentável da Amazônia resultou no surgimento de programas como a Rede Temática em Modelagem Ambiental da Amazônia (GEOMA) e o Biota-FAPESP, uma rede de pesquisa voltada aos estudos de biodiversidade no Estado de São Paulo. A partir de 2007, as ações direcionadas à pesquisa sobre mudanças climáticas alcançaram novo nível com a criação da Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Globais (Reded CLIMA), o Programa FAPESP de Pesquisas em Mudanças

Área desmatada na Amazônia: desflorestamento e queimadas são a principal causa das emissões de gases de efeito estufa no Brasil, contribuindo para o aquecimento global, a perda de biodiversidade e as mudanças climáticas

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Embora ainda em quantidade incipiente quando comparada aos países mais desenvolvidos, a produção científica do país em Mudanças Climáticas tem crescido significativamente nos últimos anos. O Relatório 2009-2010 do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas (INPE, 2010) aponta que entre 2002 e 2007, o Brasil contribuiu com cerca de 1,5% da produção científica mundial sobre o tema em revistas indexadas. “Esse índice ainda está abaixo da contribuição média do país para a produção total do mundo científico, que era de 2% em 2007, mas representa um progresso considerável em relação à sua contribuição de 0,5% para o tema de mudanças climáticas no quinquênio anterior (1997-2001)”, diz o documento. O INCT para Mudanças Climáticas reúne e busca integrar 26 projetos de pesquisa, constituindo-se na maior e mais abrangente rede interdisciplinar de instituições de pesquisa em meio ambiente no Brasil. Envolve mais de 90 grupos de pesquisa de 65 instituições e universidades brasileiras e estrangeiras, com mais de 400 participantes. “É um ambicioso empreendimento científico criado para prover informações relevantes e de alta qualidade para ajudar o Brasil a cumprir os objetivos do seu Plano Nacional sobre Mudança do Clima”, afirma Carlos Nobre, coordenador científico do Instituto. Divididos em três eixos científicos e um tecnológico, os 26 projetos1 produzirão informação de alta qualidade e relevantes conhecimentos científicos, a fim de 1) compreender os riscos da variabilidade e das mudanças climáticas atuais para a sociedade, 2) prever os impactos de longo prazo das mudanças climáticas no Brasil, e 3) ajudar os tomadores de decisão e a sociedade em geral a escolher caminhos sustentáveis para o nosso futuro, para que medidas de adaptação eficazes sejam projetadas e adotadas e políticas de mitigação sejam implementadas com sucesso. Por ser um tema novo, com o

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qual o Brasil se identifica fortemente — não apenas por abrigar boa parte da Amazônia e toda a sua biodiversidade, mas também por seus recursos naturais —, as mudanças climáticas propiciam ao país uma oportunidade ímpar de desenvolver trabalhos que contribuam efetivamente em níveis nacional e mundial para enfrentar os efeitos e os impactos das alterações ambientais globais. Se conseguirmos vencer esse desafio, com a continuidade dos investimentos e dos incentivos à pesquisa científica e tecnológica nessa área, o Brasil estará preparado para se desenvolver e crescer com sustentabilidade no novo cenário que se desenha a partir da realidade das mudanças climáticas. Quem sabe poderemos então despontar como a “potência ambiental do século XXI”, como preconizou o ex-ministro Rubens Ricúpero.

A era do Antropoceno As décadas de 1990 e 2000 foram as mais quentes dos últimos 160 anos, desde que existem medições modernas e globais de temperatura. As projeções do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) indicam que nos próximos 100 anos poderá haver um aumento da temperatura média global entre 1,8°C e 4,0°C, e um au-

mento do nível médio do mar entre 0,18 m e 0,59 m, o que pode afetar significativamente as atividades humanas e os ecossistemas terrestres. As ações humanas têm interferido sobre o ambiente num ritmo muito acelerado. Estudos indicam, por exemplo, que, enquanto a temperatura média global subiu aproximadamente 5°C em 10 mil anos — contados desde o fim da última glaciação até 10 mil anos atrás — pode aumentar os mesmos 5°C em apenas 200 anos, a continuar o ritmo de aquecimento global que se observa nas últimas décadas. Essa rápida transformação levou o Prof. Paul Crutzen, Prêmio Nobel de Química, em 1995, a definir os últimos 200 anos a partir da Revolução Industrial como o “antropoceno”, isto é, uma era geológica dominada pelas transformações ambientais globais causadas pelas atividades humanas. Veja alguns números que mostram como o homem está mudando o meio ambiente:  A cada hora, 9 mil pessoas somamse à população mundial  A cada hora, 4 milhões de toneladas de CO2 são emitidas  A cada hora, 3 espécies são extintas (1.000 vezes mais rápido do que os processos naturais)

 A cada hora, atividades humanas adicionam ao ambiente 1,7 milhões de quilos de nitrogênio reativo  A cada hora, 1.200 hectares de florestas são derrubadas. Estudos de Impactos, Adaptação e Vulnerabilidade às Mudanças Climáticas e a sua Mitigação são duas grandes áreas de estudo dos cientistas ligados às mudanças ambientais globais. Estes estudos não deixam dúvida de que, a longo prazo, a redução dos impactos das mudanças climáticas passa necessariamente pela estabilização das concentrações dos gases de efeito estufa na atmosfera em níveis que façam com que o aumento das temperaturas à superfície não ultrapasse cerca de 2°C. Mesmo com este aumento, devemos esperar e nos preparar para enfrentar e adaptar as atividades humanas a variados impactos, que podem ser significativos, como já é detectável em várias partes do mundo. O Brasil tem metas inscritas em lei federal para diminuir o ritmo de aumento de emissões de gases de efeito estufa até 2020, reduzindo desmatamentos na Amazônia e Cerrado e nos setores da agropecuária e energia. Podemos nos tornar um dos países mais limpos do mundo, sendo exemplo para o resto do globo.

A Base Científica: Detecção, Atribuição e Variabilidade Natural do Clima, Amazônia, Mudanças dos Usos da Terra, Ciclos Biogeoquímicos Globais, Oceanos, Gases de Efeito Estufa, Interações Biosfera-Atmosfera, Cenários Climáticos Futuros e Redução de Incertezas; Estudos sobre Impactos, Adaptação e Vulnerabilidade: Cenários de Mudanças Climáticas para o Século XXI, Agricultura, Recursos Hídricos, Energias Renováveis, Biodiversidade, Saúde, Zonas Costeiras, Urbanização e Megacidades, Economia das Mudanças Climáticas, Estudos de Ciência, Tecnologia e Políticas Públicas; Mitigação: Emissões de Lagos e Reservatórios, Processos de Combustão, Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação; Produtos Tecnológicos: Modelo Brasileiro do Sistema Climático Global, Modelo de Circulação Global da Atmosfera do CPTEC, Modelagem Multiescala: Desafios para o Futuro, Tecnologias Observacionais para Mudanças Climáticas, Sistema de Informações para Redução de Riscos de Desastres Naturais. 1

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Agricultura sustentável Por Luis Fernando Wolff

A agricultura tradicional é definida pelo conjunto de técnicas de cultivo utilizadas há vários séculos por comunidades camponesas ou indígenas. Fundamentase na utilização de recursos naturais e de mão-de-obra direta. Historicamente tem sido praticada em pequenas propriedades e destina-se, basicamente, à própria subsistência da comunidade, produzindo uma grande variedade de produtos. A partir do final da Segunda Guerra Mundial teve início o declínio desses procedimentos tradicionais de cultivo. Na década de 1960, começou a ser implantada uma nova agricultura, denominada agricultura moderna, caracterizada pelo uso intensivo de insumos externos, utilização de máquinas pesadas, manejo inadequado do solo, uso de adubação química e pesticidas. Esse tipo de agricultura, praticada atualmente, também conhecida por agricultura moderna, convencional, química ou de consumo. Essa agricultura, que teve origem nas modificações técnicas da produção agrícola, a chamada modernização do processo de cultivo, apresenta como primeira consequência o consumo exagerado de insumos externos, gerados fora da propriedade ou da região, que, geralmente, são caros e causam a dependência financeira, tecnológica e biológica do produtor. Da mesma forma, a aplicação não é de conhecimento e controle do produtor, de onde vem a dependência tecnológica e, junto com ela, a biológica, no que se refere à manipula-

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ção genética e uso de microorganismos. As sementes tradicionais, selecionadas e utilizadas pelos camponeses, ano após ano, estão se perdendo. Hoje, existe apenas uma pequena variedade de plantas para obter a mesma produção a cada safra. Em geral, o produtor não consegue mais utilizar a mesma semente, tem que adquirir outras variedades e usar novos insumos. É o que acontece com a semente híbrida, que exemplifica a típica ideologia da agricultura moderna: o consumo permanente. Na agricultura moderna, todos os dejetos, efluentes ou resíduos tornam-se lixo que é depositado na natureza, causando impacto ambiental. Esta maneira de pensar consumista é uma concepção muito nova, moderna, destruidora, não-regenerativa que reflete a falta de harmonia entre homem e ambiente e a despreocupação com o todo. O mesmo acontece nas cidades, o que significa que o homem polui a si mesmo. A utilização de máquinas pesadas também faz parte da ideologia da agricultura moderna. No entanto, estas máquinas são caras e exigem financiamentos que causam o endividamento do produtor agrícola. Outro inconveniente do uso de máquinas pesadas é o grande impacto na estrutura do solo e o afastamento do agricultor da terra. A desestruturação do solo causa a pulverização e compactação da terra. O afastamento do agricultor da terra faz com que se perca o contato, o diálogo com a natureza e a observação das plan-

tas e animais. Além disto, também possui consequências sociais, como a migração do colono para as cidades por causa de financiamentos que acabam comprometendo a propriedade. O manejo inadequado e o uso intensivo do solo provocam desestruturação. Na camada mais superficial, o solo fica desintegrado, pulverizado. Na camada mais profunda, o solo fica compactado pelo uso sistemático de máquinas pesadas. Com o tempo, forma-se uma camada dura e compactada embaixo da terra e uma camada fofa e pulverizada em cima, que, teoricamente, seria o ideal para receber a semente. No entanto, essas condições, aliadas à chuva, causam o deslocamento do solo, também chamado de perda de solo anual, a dificuldade de penetração e fixação das culturas, a dificuldade de trocas químicas, de absorção de água e oxigênio e a intoxicação ou eliminação total da microvida. Esse é o custo ambiental da agricultura moderna e do manejo inadequado do solo. A adubação química pesada, de alto custo, causa o desequilíbrio fisiológico da planta, o desequilíbrio ecológico do solo e a dependência do agricultor. As plantas possuem um mecanismo de resistência a “pragas” — o termo correto seria “insetos com fome” (Teoria da Trofobiose, de Francis Chaubossou) — que se baseia em seu equilíbrio fisiológico. As plantas equilibradas não são boas hospedeiras ou bons alimentos para bactérias, fungos, vírus, insetos, nematóides,

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ácaros. Isso ocorre porque essas plantas apresentam em sua seiva proteínas complexas que não podem ser desdobradas por esses organismos pela falta de enzimas necessárias para promover a quebra das cadeias de proteínas. Já as plantas desequilibradas por estresse, por aplicação de produtos químicos, por variações de clima, por inadequação da espécie à região, são bons alimentos, pois possuem menor capacidade de metabolização dos aminoácidos livres para transformá-los em proteínas complexas. Dessa forma, o inseto dito “praga” tem condições de evoluir, já que os aminoácidos livres são alimento para ele. O desequilíbrio biológico do solo, causado pela utilização de produtos químicos, afeta microorganismos responsáveis pela disponibilidade de nutrientes importantes para a planta que não consegue absorvê-los através de suas raízes. Dessa forma, não existe a colaboração de microorganismos do solo para processamento da matéria orgânica. Essa microvida está sendo sistematicamente eliminada. Além disso, quando o agricultor trabalha constantemente com adubação química, cria a necessidade cada vez maior de utilização de nutrientes químicos, ocorrendo sua dependência econômica e cultural. O uso frequente e intensivo de biocidas (herbicidas, inseticidas, acaricidas, nematicidas, fungicidas) é uma prática de consequências bastante graves. Os adeptos da agricultura moderna não gostam desse termo, mas, na verdade, biocidas são produtos que matam a vida. Alguns matam ervas, insetos, ácaros, mas se o homem entra em contato com estes produtos também acaba morrendo ou tendo doenças como câncer e degenerações genéticas. O que fica bem caracterizado dentro do modelo de agricultura moderna é a dependência tecnológica e cultural. A cultura agrícola camponesa, tradicional, vai se perdendo com o tempo, principalmente com o desrespeito ao agricultor e a supervalorização do técnico-cientista, que impõe técnicas importadas, desconhecidas pelo agricultor, assim como acontece com os insumos.

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A destruição de alimentos, o consumo exagerado, a insustentabilidade a longo prazo e o balanço energético negativo também são características próprias da agricultura moderna. Dentro das estruturas de transformação de alimentos, a perda e a ineficiência do processo são muito grandes. A destruição de alimentos pode ser observada através das questões de mercado, da estocagem, do transporte e da comercialização. A agricultura moderna, extremamente consumista, não fecha ciclos, não tem a preocupação de reciclar, regenerar, fazer com que o produto retorne para a fonte. Isso é observado nos lixões das cidades. O material orgânico não retorna para a agricultura em forma de adubo e o material mineral — latas, vidros — não retorna para a produção. Tudo é consumido ou descartado. O não fechamento de ciclos tem um balanço energético negativo. A sociedade moderna consome mais do que produz e isto tem reflexos na insustentabilidade da agricultura moderna. Considerando-se a história da humanidade, este novo modelo de agricultura está em prática há um período muito curto. No entanto, já mostra seu colapso. Deve-se perceber este colapso e encontrar caminhos. Um deles é retomar a agricultura tradicional do camponês, conhecer fundamentos e práticas agrícolas já esquecidas e buscar alternativas sustentáveis para a agricultura. Como alternativa à agricultura moderna amplamente praticada atualmente, a agricultura ecológica começa a se estender no mundo e no Brasil através de diversas correntes que se diferenciam em alguns pontos, mas possuem princípios comuns. Estas tendências têm origem e precursores diferentes, recebem denominações específicas — Orgânica, Biodinâmica, Natural, Permacultura, Alternativa, Nasseriana —, mas possuem o mesmo objetivo: promover mudanças tecnológicas e filosóficas na agricultura. Agricultura Orgânica: É a mais antiga e tradicional corrente da agricultura ecológica. Teve origem na Índia e foi trazida por acadêmicos franceses e ingleses,

ainda hoje influenciando a sua sistemática de trabalho. A agricultura orgânica é baseada na compostagem de matéria orgânica, com a utilização de microorganismos eficientes para processamento mais rápido do composto; na adubação exclusivamente orgânica, com reciclagem de nutrientes no solo; e na rotação de culturas. Os animais não são utilizados na produção agrícola, a não ser como tração dos implementos e como produtores e recicladores de esterco. Agricultura Biodinâmica: Originária da Alemanha, é baseada no trabalho de Rudolf Steiner. As principais características, além da compostagem, é a utilização de “preparados” homeopáticos ou biodinâmicos, elementos fundamentais na produção que são utilizados para fortalecimento da planta, deixando-a resistente a determinadas bactérias e fungos, e do solo, ativando sua microvida. Os animais são integrados na lavoura para aproveitamento de alimentos, ou seja, aquilo que o animal tira da propriedade volta para a terra. A importação de adubo orgânico não é permitida, pois materiais orgânicos de fora da propriedade ou da região não são adequados por não possuírem a bioquímica, a energia ou a vibração adequada à cultura. Existe a preocupação com o paisagismo, com a arquitetura e com a captação da energia cósmica. A agricultura biodinâmica está baseada na Antroposofia, que prega a importância de conhecer a influência dos astros sobre todas as coisas que acontecem na superfície da terra. Agricultura Natural: Com origem no Japão, a principal divulgadora desta corrente de trabalho ecológico é a Mokiti Okada Association (MOA). Além da compostagem, utilizam microorganismos eficientes que têm capacidade de processar e desenvolver matéria orgânica útil. Utilizam a adaptação da planta ao solo e do solo à planta. Este é o primeiro passo para a manipulação genética e, consequentemente, para a dominação tecnológica, característica semelhante à agricultura moderna, não sendo bem aceita por outras correntes da agricultura ecológica.

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Permacultura: Tem origem na Austrália e no Japão e segue o pensamento de Bill Mollison. As características são os sistemas de cultivo (sistemas agro-silvo-pastoris) e os extratos múltiplos de culturas. Utilizam a compostagem, ciclos fechados de nutrientes, integração de animais aos sistemas, paisagismo e arquitetura integrados. Na Permacultura não existem tecnologias adequadas ou próprias, mas sim “tecnologias apropriadas”. A comunidade tem determinada importância, deve ser autossustentável e autossuficiente, produzindo seus alimentos, implementos e serviços sem a existência de capital. Agricultura Alternativa: Seus precursores no Brasil foram Ana Primavesi, José Lutzenberger, Sebastião Pinheiro, Pinheiro Machado e Maria José Guazelli. Os princípios desta corrente são a compostagem, adubação orgânica e mineral de baixa solubilidade. Dentro da linha alternativa, o equilíbrio nutricional da planta é fundamental. Aparece, então, o conceito de Trofobiose, que considera a fisiologia da planta em relação à sua resistência a “pragas” e “doenças”. Outra característica é o uso de sistemas agrícolas regenerativos, e daí surgiu a agricultura regenerativa, termo defendido por José Lutzenberger. Outras pessoas dentro desta mesma tendência adotaram o termo agroecologia (Miguel Altieri) que possui um cunho político e social. A agroecologia prioriza não só a produção do alimento, mas também o processamento e a comercialização. Esta linha também se preocupa com questões sociais como a luta pela terra, fixação do homem ao campo e reforma agrária. Nasseriana: É a mais nova corrente da agricultura ecológica e tem como base a experiência de Nasser Youssef Nasr no estado do Espírito Santo. Também chamada de biotecnologia tropical, defende o estímulo e manejo de ervas nativas e exóticas, a multidiversidade de insetos e plantas, a aplicação direta de estercos e resíduos orgânicos na base das

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plantas, adubações orgânicas e minerais pesadas. Nasser diz que a agricultura de clima tropical do Brasil não precisa de compostagem, pois o clima quente e as reações fisiológicas e bioquímicas intensas garantem a transformação no solo da matéria orgânica. No Brasil, defende Nasser, o esterco deve ser colocado diretamente na planta, pois esta sabe o momento apropriado de lançar suas radículas na matéria orgânica que está em decomposição, e os microorganismos do solo buscam no esterco os nutrientes necessários para a planta e os levam para baixo da terra. Outro ponto interessante é o uso de ervas nativas e exóticas junto com a cultura para que haja diversidade de inços. Desta forma, é preciso manejar as ervas nativas de maneira que elas mantenham o solo protegido e façam adubação verde. Não temos uma agricultura de solo, mas de sol. Todas estas diversas correntes e tendências dentro da agricultura ecológica concordam que a agricultura sustentável precisa de alguns princípios básicos para se implantar como tal. O primordial seria o respeito, a observação e o diálogo com a natureza. Um verdadeiro camponês, agricultor, agrônomo ou técnico agrícola deve ter a capacidade de perceber e de entender o que está acontecendo com a planta e com o animal. Isto resulta no uso da natureza a favor da cultura. Também é importante o aproveitamento de recursos naturais renováveis, a reciclagem de lixo orgânico e de resíduos, a adubação orgânica e a humidificação do solo, a adubação mineral pouco solúvel, o uso de defensivos naturais, o controle biológico e mecânico de insetos e ervas, a permanente cobertura do solo e a adubação verde. Outras técnicas comuns são a diversificação dos cultivos e dos animais, a consorciação e a rotação de culturas e a não-utilização de agrotóxicos, adubos químicos solúveis e hormônios vegetais ou animais. Com relação a defensivos naturais, alguns são tolerados pela agricultura ecológica. Nenhuma corrente recomenda produtos para controle de insetos, ácaros ou fungos, mas existe a possibilidade de usar extratos e caldas vegetais — piretro, nicotina, retonona, sabadilha —, pó de enxofre, calda bordalesa e sulfocálcica, sulfato de zinco, permanganato de potássio. Esses produtos são usados com pouco ou menor impacto ambiental. Soluções de óleo mineral, querosene e sabão são produtos que podem ser usados, pois não são intoxicantes ou impactantes no meio ambiente. Luis Fernando Wolff, engenheiro agrônomo, Coordenador Técnico da Fundação Gaia. www. guiafloripa.com.br


Animais abandonados Por Gilberto Andreotti O abandono e a posse irresponsável de animais domésticos (cães e gatos) ou domesticados (cavalos e bois) representa hoje, no mundo inteiro, um grave problema para todas as administrações e órgãos de saúde pública. O risco de possíveis ataques e transmissão de doenças como a raiva, a leishmaniose e a toxoplasmose é um fato, mas é preciso observar que, os laços afetivos desenvolvidos nos últimos 40.000 anos entre os humanos e estes animais, tornarão impopulares, todas e quaisquer ações que venham apresentar algum tipo de violência contra os mesmos, além de que, no caso do Brasil estas ações não poderão ferir o artigo 225 da Constituição Federal e a lei 9605/98 — Art. 32 que rege: “Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos: Pena — detenção, de três meses a um ano, e multa. Parágrafo 1º — Incorre nestas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos. Parágrafo 2º — A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal”. Obviamente, alguma coisa precisa ser

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feita para conter este problema que cresce de forma ininterrupta. A parceria entre poder público, associações protetoras dos animais e população é indispensável. A Associação Resgacti, com sede em Itajubá/MG, desde 2008, levanta dados estatísticos sobre a ocorrência deste problema em algumas cidades do Sul de Minas, e apresenta as seguintes conclusões: Quem abandona? Em geral os animais são abandonados pela população de baixa renda e de baixo nível de instrução. Observamos que o abandono do animal vem sempre acompanhado de uma desestrutura emocional e afetiva da família, fato que merece a atenção dos órgãos de assistência social. Por que abandonam? Tornam-se indesejados quando:  Ficam doentes.  Fêmeas entram no cio provocando aglomeração de cães ao redor.  Nascem filhotes, além da quantidade que pode ser doada.  O dono muda para novo endereço, ina-

dequado para o animal.  O animal fica grande demais para o espaço disponível.

 O animal destrói objetos pessoais, ata-

ca galinhas, entre outras travessuras.  Ocorrem reclamações de vizinhos quanto ao cheiro ou barulho.  Apresentam alguma agressividade.

Onde abandonam? Os animais são abandonados em praças públicas, em cidades vizinhas, beiras de rios e estradas rurais, tornando-se neste último caso predadores da fauna silvestre. Podemos observar que o abandono está ligado à escolha inadequada na hora da aquisição, mas apresenta como principal causa a superpopulação de cães e gatos. Cada fêmea produz em média seis filhotes por semestre, com a proporção de dois machos para quatro fêmeas. Se desconsiderarmos os índices de mortalidade e infecundidade, cada fêmea pode gerar 15.625 descendentes em três anos, apresentando uma taxa de crescimento superior ao da raça humana. Sem a intervenção humana, o controle populacional ocorre através de doenças, por ataque de predadores e ainda pelo fato, de as mães abandonarem e até devorarem os filhotes mais fracos. Como este assunto vem sendo tratado? Quando as pessoas encontram um

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animal abandonado ou ferido, o sentimento que prevalece, é o de piedade associado a uma sensação de impotência. A atitude mais comum é a de fechar os olhos, e deixar o problema para que outros resolvam, até o momento em que o incômodo é tal, que obriga alguns a tomarem algumas das seguintes ações, seguidas aqui pelas suas consequências: Ação: ligar para a Vigilância Sanitária ou para o CCZ do município (caso exista). Consequência: o animal é levado para o canil público onde recebe alimento e abrigo, mas a superlotação, a ausência de banho de sol e o estresse causado pela perda de afeto e liberdade, o submete ao risco de adquirir doenças ou ser morto em brigas por disputa de território ou alimento, mesmo porque o animal parece preferir o afeto de um dono sem condições, do que a indiferença de um abrigo coletivo, por isso o abrigo ideal necessita de vigilância e presença humana ininterrupta. Ação: ligar para alguma associação protetora de animais. Consequência: historicamente as associações começam com o entusiasmo de muitos e terminam ou se estabilizam com a sobrecarga de poucos, assim a escassez de recursos humanos e financeiros, impede que elas por si só resolvam totalmente o problema. Abrigar todos os animais abandonados é um sonho que em pouco tempo se transforma em pesadelo, pois os abrigos das ONGs enfrentam as mesmas dificuldades que os públicos, o que traz desilusão e sofrimento aos voluntários, por criarem vínculos afetivos com os animais. Ação: jogar os animais na porta de clínicas veterinárias. Consequência: as clínicas veterinárias têm por finalidade a obtenção de lucro no tratamento de animais, restando a elas o encaminhamento do animal para o CCZ ou para as Associações Protetoras. Ação: jogar os animais na porta das casas de quem já possui vários animais. Consequência: normalmente os que possuem muitos animais agem mais pela emoção do que pela razão, desta forma enfrentam sérios problemas decorrentes da aglomeração, como reclamações de vizinhos e dificuldades em oferecer tratamento, higiene e alimentação de qualidade, além de tornar-se um foco de reprodução de animais indesejados. Ação: convencer alguém a adotá-lo.

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Consequência: Apenas uma pequena parcela da população tem condições afetivas e financeiras para possuir de forma responsável um animal de estimação. São enormes as chances de em pouco tempo este animal ser novamente descartado. Ação: levar o animal para casa, e mesmo em condições desfavoráveis, acolhê-lo. Consequência: a aquisição de um animal deve ser muito bem planejada. O desconhecimento das características e necessidades do animal pode trazer grandes aborrecimentos e torná-lo forte candidato ao reabandono. Ação: levar o animal a um veterinário e custear seu tratamento. Consequência: este é um ato digno, porém sempre acompanhado pela cruel questão, para onde mandar o animal quando estiver saudável? Ação: matar o animal por envenenamento, espancamento, afogamento ou outros métodos. Consequência: ato de extremo desespero, que ocorre comumente quando o animal esta provocando algum distúrbio na localidade. Devemos lembrar que tal ato configura crime passível de multa e pena de detenção, conforme artigo 32 da lei 9605 de 1998. Outro fato preocupante é a utilização do popular “chumbinho”, veneno que apesar de proibido, é facilmente adquirido, não sendo raros os casos de óbitos de crianças ou pessoas desavisadas. Proposta Propomos uma campanha de controle e redução da população de cães e gatos, aplicada de forma não violenta através da castração, o que inclusive torna o animal mais tranquilo. Esta campanha lançada e aplicada

simultaneamente entre os diversos municípios de uma região, de forma transparente, educa, conscientiza e obtém a participação consensual da população. Seu objetivo é permitir que todos os animais possam estar sob a guarda humana de forma responsável. Como fazer? Devemos considerar duas situações distintas: a dos animais abandonados, que exige ação socorrista, e a dos animais que se encontram em domicílios, situação esta, que necessita de ação preventiva.  Ação socorrista

Para animais abandonados ou sob tortura, propomos que sejam:  Avaliados por voluntários da Resgacti para possível solução do caso, evitando o envio deles para o abrigo coletivo.  Capturados e transportados de forma não violenta por funcionários públicos, com a possibilidade de apoio de voluntários da Resgacti (conforme rege a lei de voluntariado). Recomenda-se a utilização de cambão para a segurança da captura, e veículo adaptado com separação isolada para o animal. Estes custos são de responsabilidade do poder público.  Abrigados em local limpo, com separações, água e alimentação adequada. Devendo estes abrigos serem mantidos pelo poder público, para um número limitado de animais, com a possibilidade de apoio de voluntários da Resgacti (conforme rege a lei de voluntariado). Destacamos que cada animal consome 400g de ração por dia, ração esta com no mínimo 20% de proteína e extrato etéreo de 8%, além de boa palatabilidade.  Avaliados por um conselho de ética formado por um veterinário, voluntários


da Resgacti e representante da Secretaria Municipal de Saúde.  Se agressivos ou muito doentes, após avaliação do conselho de ética, eutanasiados por profissional competente, de forma indolor, com anestesia e injeção letal, e encaminhados para descarte adequado, sendo estes custos arcados pelo poder público.  Se saudáveis, vacinados e mantidos em

áreas de quarentena do abrigo.  Após a quarentena, encaminhados para

área de soltura do abrigo, onde voluntários da Resgacti avaliarão sua capacidade de socialização e seu potencial para adoção.  Se sociáveis, castrados, fotografados e

divulgados pelos meios de comunicação da Resgacti e do poder público, para possível adoção. Os não sociáveis deverão ser reavaliados pelo conselho de ética.  Quando adotados, registrados e moni-

torados pelos voluntários da Resgacti. Obs.: No caso de inviabilidade ou superlotação de um abrigo, o conselho de ética deverá providenciar outro em condições similares ou adotar outras medidas cabíveis.  Ação Preventiva

Para animais que se encontram em domicílios, propomos: Orientação à sociedade sobre as punições previstas por lei para os casos de abandono e maus-tratos, assim como, instruir e convencer os proprietários sobre a necessidade e as vantagens da castração. Orientação esta, realizada por voluntários da Resgacti com apoio das Secretarias Municipais de Saúde e Comunicação. Dimensionar o problema através de visitas dos agentes de saúde e de voluntários da Resgacti aos domicílios, obtendo-se:  Quantidade de animais por domicílio.  Características de cada animal, tipo cão ou gato, sexo, tamanho, cor, idade, índole e condições de abrigo e saúde.  Características sociais, econômicas e

culturais dos proprietários.

 Declaração assinada pelo proprietário

 Redução da população de filhotes e

de interesse em castrar seu animal, assumindo parte do custo.

aumento da adoção de animais adultos abandonados, reduzindo gradativamente os animais nas ruas e nos abrigos.

 Declaração assinada pelo proprietário de assumir toda a responsabilidade pelo não interesse em castrar seu animal, cuidando dos filhotes que forem gerados e/ou doando-os para pessoas que assumam a posse responsável. Ações estas que poderão ser monitoradas pela Resgacti e pelo poder público.

 Redução das críticas e apoio da população às ações políticas e administrativas sobre este tema.

 Declaração assinada pelo proprietário de interesse em adotar outro animal.

 Distribuição adequada, de animais adequados para cada família, obtendo-se a posse responsável e a melhoria da qualidade de vida dos animais, bem como o desaparecimento dos efeitos negativos destes sobre as cidades e a natureza.

 Declaração assinada pelo proprietário de interesse em doar seu animal.

DOAÇÕES

Realização de campanha de castração, envolvendo o poder público, a Resgacti e os proprietários, tendo cada um às seguintes atribuições:  O poder público fornece transporte e medicamentos para as castrações, e em caso de serem coletivas, fornece também o local.  A Resgacti avalia e prioriza a ordem das

castrações, negocia com veterinários a cirurgia a baixo custo, em locais e condições apropriadas. Este custo deve ser rateado entre o proprietário do animal e os patrocinadores parceiros da Resgacti. Cabe ainda à Resgacti orientar os proprietários quanto aos procedimentos pós-operatórios até a retirada dos pontos e criar registros para apresentação de resultados estatísticos à sociedade.

Se você tem possibilidade de contribuir com parte do custo de uma castração solicitamos a doação de R$ 60,00, no Banco Bradesco, Ag. 1275-0, C/C 0659150-7, Associação Resgacti. O depósito deve ser identificado para transparência na prestação de contas da Resgacti. Ressaltamos que qualquer quantia poderá ser doada, pois além das castrações a Associação tem despesas com medicamentos, transporte, alimentação, consultas entre outras. Você também pode contribuir:  Como voluntário e/ou associado da

Resgacti.  Adotando um animal.  Com contribuições mensais através de

carnês da Associação Resgacti nas clínicas veterinárias da cidade.

 O proprietário assina declaração de in-

 Com a doação de ração com 20% de

teresse em castrar seu animal relatando nesta, de forma idônea e responsável, sua disponibilidade em custear parte da mão de obra do veterinário, assim como, seguir as orientações e cuidar adequadamente do resguardo de seu animal durante o período pós-operatório.

proteína, extrato etéreo de 8%, além de boa palatabilidade, nos seguintes endereços: em Itajubá, Rua Primo Capelo, 155 com Fátima; em Piranguinho, Av. JK, 513 com Alcione.

Resultados esperados  Castração de 20 fêmeas de cães e gatos por mês, evitando-se o nascimento estimado de 5.760 filhotes por ano.

Para mais informações ou sugestões entre em contato com a Resgacti pelo (35) 9945-0494 e pelo e-mail: resgacti@yahoo. com.br Gilberto Andreotti é presidente da Associação Resgacti

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Campanha

cidadão consciente A solução começa com você. Faça sua parte. Pequenos atos podem mudar o mundo. Acredite! O Lions Clube Itajubá Inconfidência e a Diagrarte Editora — Revista Naturale, lançam esta Campanha oferecendo sugestões de pequenos atos que incorporados ao nosso dia a dia fazem toda a diferença. Experimente você também e veja mudanças acontecerem.  Lixo reciclável precisa ser reciclado. Separe seu lixo doméstico para a coleta seletiva.  Pilhas e baterias — leve às agências dos correios.  Óleo de cozinha usado, no esgoto nunca mais. Doe para Acimar (35) 3623-7794/9122-6873, Minas Bioenergia 3622-9029, Paróquia São Benedito 3621-1510 e Comunidade N. Sra. da Soledade 3622-0994.  Óculos usados — pontos de coleta da Campanha Olhares: Papelaria São Miguel (R. Major Belo Lisboa, 267) ou L´acqua di Fiori (R. Américo de Oliveira, 417).  Roupas e objetos que não usa mais — doe a bazares beneficentes ou Acimar.  Revistas — para o Projeto Leitura do Hospital Escola de Itajubá, 3629-7614/3629-8700 ramal 714.  Cuide de sua calçada.  Identifique-se com uma causa, seja um voluntário. Contribua com seu trabalho ou doações para alguma entidade assistencial de sua cidade, muitas passam por dificuldades. Sugestões: Associação Resgacti — adote um animal (cão ou gato), contribua com parte do custo de uma castração (R$ 60,00), doe ração ou contribua mensalmente para a manutenção dos animais recolhidos. Depósitos identificados no Bradesco, agência 1275, conta 0659150-7. Informações 9945-0494, e-mail: resgacti@ yahoo.com.br. Associação Viva a Vida – Núcleo Regional de Apoio e Prevenção de Câncer. Tele-doações: (35) 3622-9397. Lar da Providência de Itajubá (idosos) — Rua Abel dos Santos, 162. Tel.: (35) 3623-1744/3623-9413. Envie sugestões para ampliar esta lista e ajude a divulgar a campanha. Contatos: rosamalf@hotmail.com (35) 8845-1779 ou revistanaturale@diagrarte.com.br Promoção:

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Tecnologia na odontologia Prototipagem Pela Dra. Gracia Costa Lopes Desta forma o protótipo gerado em modelo sólido tridimensional com tamanho real, feito de resina, tem acabamento preciso e reproduz a forma de qualquer dente, ossos e estruturas associadas, com complexidade em detalhes. A qualidade é tamanha que até outras deficiências ou disfunções na região da face podem ser observadas. A técnica já é conhecida da medicina, mas na odontologia o método ainda é novo.

A prototipagem biomédica surgiu no final da década de 80, porém os modelos confeccionados a partir da anatomia humana tinham apenas finalidade didática, para posteriormente auxiliar em cirurgias. Hoje eles permitem a percepção tátil da parte da anatomia desejada e da patologia estudada. Em odontologia, ela pode ser usada nas áreas de cirurgia e traumatologia bucomaxilofacial, implantodontia, reabilitação oral e ortodontia. Os modelos biomédicos, além de ajudarem na comunicação entre a equipe cirúrgica, o paciente e seus familiares, também servem para simulação e planejamento cirúrgico, para confecção de implantes personalizados e como preservação, servindo de parâmetro para posterior comparação pós-operatória. Para se chegar ao modelo final, em resina, o processo passa por algumas fases. Primeiro, o paciente faz a tomografia computadorizada e, com auxílio de um programa de computador, as imagens geradas em cortes axiais de 1 mm são sobrepostas, formando um modelo tridimensional virtual. Então, é possível selecionar as áreas desejadas para impressão pela densidade

do tecido. A impressão da imagem em três dimensões é possível graças à técnica de estereolitografia, que imprime peças sólidas em resina a partir de imagens tridimensionais geradas pelo computador. Obtemos um material translúcido, que facilita a visualização das estruturas anatômicas, conseguimos então ver o limite dente-osso. A confecção dos modelos é rápida. Na área do ensino, a biomodelagem permite reprodução de deformidades congênitas ou adquiridas, geralmente raras, que podem ser distribuídas em escolas para fins de aprendizagem. Este potencial para demonstração anatômica e patológica é grande, sendo que, provavelmente, num futuro próximo, os biomodelos sejam integrados nas práticas educacionais rotineiras de largo alcance em várias disciplinas, pois são ideais para ensinar e demonstrar cirurgias, servindo para que estudantes, cirurgiões e radiologistas possam praticar um procedimento no biomodelo e, assim, aprenderem técnicas sem riscos para os pacientes.

www.machadodecarvalho.com/pdf/ livro20apdesp.pdf

www.artis.com.br

Protótipos são réplicas de determinados objetos e estruturas. Na odontologia construímos modelos por moldagem direta com gesso e silicone. Com o desenvolvimento da informática foram desenvolvidos sistemas de prototipagem rápida. Esta tecnologia permite a obtenção de protótipos físicos diretamente de um modelo sólido feito em um sistema CAD 3D ou a partir da conversão de imagens obtidas por tomografia computadorizada.

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Acupuntura e os níveis orgânicos Por Dr. Cantídio Pettersen Ferreira

A Acupuntura é o principal tratamento da Medicina Tradicional Chinesa. Teve início aproximadamente há 5 mil anos. A Medicina Tradicional Chinesa enxerga o organismo como um conjunto. Além da parte material (músculos, ossos, nervos, sangue, etc.) possui também a parte funcional, a parte energética, a parte mental e a parte emocional. A saúde é fruto do equilíbrio dinâmico existente entre essas partes. A patologia é um desequilíbrio orgânico que pode se manifestar em algum desses cinco níveis, ou como ocorrem nas doenças crônicas em todos esses cinco níveis. Na maioria das vezes a pessoa inicia um processo mental alterado (1º nível) com pensamentos negativos, percepção da realidade sobre uma ótica distorcida (Eu não me identifico com a UNIDADE) e que influi diretamente no nível emocional (2º nível) causando emoções negativas. A Medicina Tradicional Chinesa no decorrer desses 5 mil anos de existência conseguiu a sutileza e o aprofundamento para chegar até a relação existente entre as emoções e os órgãos correspondentes. Assim sendo, a ansiedade excessiva e crônica gera doenças cardíacas e circulatórias, a preocupação excessiva gera doenças gástricas, a tristeza e a angústia geram doenças pulmonares, o medo gera doenças renais, a raiva e a ira geram doenças de fígado e vesícula biliar. Se os pensamentos e sentimentos desequilibrados permanecerem, ocorrerá uma alteração no nível de nutrição, bloqueio, acúmulo ou déficit de energia circulante nos órgãos e/ou tecidos, atingindo o nível energético (3º nível) e aparecerão sintomas desagradáveis (por exemplo, cefaléia, indisposição, sensação de corpo pesado, calafrios, etc.) que não serão detectados em exames laboratoriais, ou de imagens, pois a alteração ainda está a nível energético, mas que já podem ser tratados pela Acupuntura, pois ela age justamente neste nível. O corpo humano possui doze canais

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de energias principais, onde circula a energia que nutrirá todos os órgãos e tecidos do corpo. Cada um desses canais possui diversos pontos: o canal de energia principal da bexiga possui 67 pontos, o do estômago 45 pontos, que podem ser estimulados pela acupuntura para que se restabeleça seu funcionamento, sua circulação satisfatória, pois a energia tem a natureza semelhante a da água, se circula tem vitalidade, se estagna perde a vitalidade. Somente quando a doença atinge o nível funcional (4º nível), por exemplo, em um caso de hiperacidez gástrica quando a função do estômago encontra-se alterada, é que a doença torna-se detectável por exames de imagens e/ou laboratoriais. No caso descrito acima, se a condição de hiperacidez gástrica cronificar-se, ocorrerá uma erosão da mucosa gástrica gerando assim uma alteração material (5º nível). Para cada nível de alteração do organismo existe uma medicina mais indicada. No nível mental (1º nível) e emocional (2º nível) as terapias psicológicas, psiquiátricas e de autoconhecimento são importantes, nos casos de patologias que atingem o organismo no nível funcional (4º nível) e material (5º nível) a alopatia exerce um papel importante. A Acupuntura como também a Homeopatia são medicinas especiais, pois agem principalmente a nível energético, sendo este o responsável pela nutrição e comunicação entre a parte mais sutil do organismo (parte mental e emocional) e a parte mais orgânica (funcional e material). Portanto para se ter saúde é preciso buscar o equilíbrio pleno de todo organismo, nos tornando mais autoconscientes e perceptivos. Dr. Cantídio Pettersen Ferreira, Médico Clínico Geral pela Faculdade de Medicina de Itajubá, Especialista em Acupuntura pela UNIFESP, Título de especialista em Acupuntura pela Associação Médica Brasileira e Colégio Médico de Acupuntura, Especialista em Homeopatia pelo Instituto Sul Mineiro de Homeopatia.

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Municípios do Circuito Turístico Caminhos do Sul de Minas participam de inventariação turística do Território Mantiqueira Por Herika Nogueira

O Circuito Turístico Caminhos do Sul de Minas, como organização vinculada à Associação de Desenvolvimento Integrado do Território Mantiqueira (ADITM), está participando do Inventário de Oferta Turística, requisitado pelo Ministério do Turismo (MTur), como mais uma das ações do Programa Brasil Próximo. Quatro cidades integradas ao CT Caminhos do Sul de Minas se associaram a ADITM e participam do Projeto de inventariação da oferta turística do Território Mantiqueira. São elas: Cristina, Itajubá, Piranguçu e Piranguinho. Os municípios passaram por um levantamento, identificação e registro de seus atrativos, serviços e equipamentos turísticos (hospedagem, gastronomia, agenciamento, transporte, eventos, lazer e entretenimento). O Inventário de Oferta Turística das cidades que compõem o Território Mantiqueira viabilizado através de Convênio entre o Ministério do Turismo e a ADITM, com recurso do Orçamento Geral da União (O.G.U.), do MTur, foi assinado em 30 de abril de 2010, em evento realizado no Espaço Minas Gerais, em São Paulo/SP. Há importante contrapartida dos municípios para a viabilização da ação. A inventariação resultará num conjunto de informações e dados sobre as características turísticas dos municípios que compõem o Território da Mantiqueira. Atualmente, está sendo inventariada a infraestrutura oferecida como apoio ao turismo. Nesta inventariação, o Instituto UNIEMP é responsável pela pesquisa

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através do preenchimento de formulários: A – Dados Gerais do Município; B – Serviços e Equipamentos Turísticos de Hospedagem, Gastronomia, Agenciamento, Transporte, Eventos, Lazer e Entretenimento, outros serviços; C – Atrativos Turísticos: Naturais, Culturais, Atividades Econômicas, Realizações Técnicas, Científicas ou Artísticas, Eventos Permanentes. O Instituto também é responsável pelo lançamento dos dados no Sistema de Inventariação Turística do Ministério do Turismo, o INVTUR. A Objetiva Comunicação Estratégica realiza o registro fotográfico dos produtos turísticos inventariados e também a produção de fotos para o banco de imagens. Com tecnologia de geoprocessamento os dados georreferenciados permitem o uso de informações cartográficas (mapas, cartas topográficas e plantas) e outras a que possa se associar suas coordenadas, permitindo ao internauta a noção mais próxima possível do que encontrará quando visitar um dos municípios do Território da Mantiqueira. O Território Mantiqueira é piloto na ação de intervenção pelo MTur e é o único que envolve dois Estados: Minas Gerais e São Paulo. Além das cidades do CT Caminhos do Sul de Minas, também foram inventariados os municípios mineiros de Maria da Fé (recentemente desligada do CTCSM, mas não da ADITM); Sapucaí Mirim (Serras Verdes do Sul de Minas), Carmo de Minas, São Lourenço e Caxambu (CT das Águas); e os municípios

paulistas de Campos do Jordão, Santo Antônio do Pinhal e São Bento do Sapucaí (Circuito Turístico Mantiqueira). Programa Brasil Próximo O Programa Brasil Próximo, como é denominado o Termo de Cooperação Técnica Brasil – Itália, com as regiões italianas de Marche, Úmbria, Emília Romagna e Toscana, assinado pelo então Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, visa trazer para regiões do Brasil com vocação para o turismo rural, um pouco da experiência que a Itália tem no setor para que possam ser desenvolvidas nos territórios turísticos brasileiros. Como resultado macro, o Programa Brasil Próximo visa à geração de políticas públicas de turismo a serem aplicadas pelo Ministério do Turismo brasileiro, no tocante ao avanço do programa de regionalização do turismo. Desde a criação do Programa Brasil Próximo, em 2004, recursos advindos das quatro regiões italianas foram aplicados em diagnósticos, estudos, mapeamentos e missões técnicas. Missão técnica para a Itália Também como ação resultante do Programa Brasil Próximo, uma missão técnica brasileira visitou Florença, na Itália, nos dias 18 e 22 de outubro de 2010, onde o Circuito Turístico Caminhos do Sul de Minas esteve representado pelo seu presidente, José Maurício Carneiro da Silva, o gestor, Walter Santos de Alvarenga e o prefeito de Cristina, Luiz Dárcio Pereira, que também integram a diretoria da

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ADITM como secretários adjuntos e vice-presidente do Território Mantiqueira. A missão técnica visou, em especial, a aquisição de conhecimentos e troca de informações quanto as tecnologias, ações e demais atividades realizadas na região da Toscana para o desenvolvimento do turismo, com foco para o funcionamento do Observatório de Turismo, um núcleo de estudo e pesquisa que analisa periodicamente o comportamento do turismo, destacando seus impactos e resultados mais significativos, fornecendo dados que serão utilizados para moldar um cenário de referência, facilitando a gestão turística e a tomada de decisões de maneira consciente e assertiva. Com esta experiência e a concretização do Inventário de Oferta Turística, a ADITM pretende, posteriormente, instalar um Observatório de Turismo no Território Mantiqueira. Também há intenção de instalar um Observatório de Turismo no CT Caminhos do Sul de Minas, segundo informou seu presidente, Zeca Maurício, destacando que para isto será fundamental que os municípios associados mantenham seus inventários turísticos atualizados e os utilizem como mecanismo de consulta e de fonte de informações para o desenvolvimento organizado e sustentável do turismo. A Associação de Desenvolvimento Integrado do Território Mantiqueira A ADTIM é uma organização sem fins lucrativos responsável pela gestão do Território Mantiqueira e que representa, junto ao Programa Brasil Próximo, o conjunto dos municípios e respectivos circuitos turísticos que a integram: Sapucaí Mirim (Serras Verdes do Sul de Minas); Cristina, Itajubá, Piranguçu e Piranguinho (CT Caminhos do Sul de Minas); Maria da Fé; Carmo de Minas, São Lourenço e Caxambu (CT das Águas); e municípios paulistas: Campos do Jordão, Santo Antônio do Pinhal e São Bento do Sapucaí (Circuito Turístico Mantiqueira). Sua Diretoria está composta por: Presidente – José Augusto de Guarnieri Pereira, Prefeito de Santo Antonio do Pinhal; Vice-presidente – Luiz Dárcio Pereira, Prefeito de Cristina; Secretários Adjuntos: Márcia Filippo – Sec. de Turismo de Campos do Jordão, Márcia Azeredo – Sec. de Turismo de São Bento do Sapucaí, José Maurício Carneiro da Silva – Vice-presidente do CT Caminhos do Sul de Minas e Walter Santos de Alvarenga – Gestor do CT Caminhos do Sul de Minas.

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