Naturale 27 ed

Page 1




Naturale 27a edição Junho/Julho - 2014

Pintura de Rob Gonsalves

ISSN 2237-986X

Caro leitor Esta edição é dedicada a todas e todos que fazem a diferença! Independente do âmbito em que se encontrem, as ações movidas pela solidariedade, pelo espírito voluntário, por uma visão de conjunto, por uma boa causa, mobilizam inúmeras pessoas. Interessante que atrás de cada ação vemos que na base está a Educação, no mais amplo sentido que esta palavra pode ter. Por isso escolhi como imagem para ilustrar este editorial uma pintura de Rob Gonsales, artista canadense, mestre na arte fantástica, cujas obras interagem entre o mundo real e o imaginário. Dentro desta biblioteca vemos uma cidade... Assim trabalham aqueles que fazem a diferença, com a simples atitude de saber perceber a necessidade do outro, movem-se para encontrar soluções e entram em ação. Apontar o problema é uma atitude passiva, estagnada, mas reconhecê-lo, analisá-lo e buscar soluções para transformar a realidade, faz sim toda a diferença. Quando me refiro que não importa o âmbito em que se encontrem é por que na realidade em cada esfera, seja ela individual, empresarial, associativa, acadêmica ou governamental, encontramos pessoas dispostas a melhorar o mundo, a empregar seu tempo para ações que possam ser um passo adiante para a sociedade. A colaboração de todos afinados com estes ideais transformam uma situação, e ai, como na pintura, podemos ver uma cidade pulsando para além dos livros... e assim estimular cada vez mais pessoas a olharem para o lado positivo, construtivo e transformador, para que sejam imbuídas da energia de reciprocidade, gratidão e da alegria de poder servir e fazer o bem! Boa leitura! Elaine Pereira

3 Está aberta a temporada de montanhismo!!! 5 Pela primeira vez, Brasil sedia Encontro Internacional da Rede de Sementes Livres 7 Jovens rurais do Sul de Minas no projeto "Transformar" e Semana do Jovem Agricultor — SEJA 8 Instituto Helibras lança projeto de orien tação vocacional em escolas de Itajubá 9 Horizontes do desenvolvimento científico, tecnológico e social na construção de um futuro regional 11 Associados Acipa contribuem para o crescimento 12 Fazer a diferença! 16 Parceria entre os reinos 17 Ministério do Meio Ambiente lança 8 cursos a distância para formar 10 mil pessoas 18 Maio Amarelo — Atenção pela Vida 20 Pesquisas afirmam que mascar chiclete em excesso pode causar dores de cabeça severas em crianças e adolescentes

expediente Naturale é uma publicação da DIAGRARTE Editora Ltda-ME CNPJ 12.010.935/0001-38 Itajubá/MG Editora: Elaine Cristina Pereira (Mtb 15601/MG) Colaboradores Articulistas: Aline de Oliveira Guidis, Aloísia Hirata, Alvaro Antonio Alencar de Queiroz, Flora Teixeira de Castro, Dra. Gracia Costa Lopes, Luiz Carlos Rocha, Maria Neuza Carvalho, Nildo Batista, Renata Nunes, Ricardo Bustamante de Almeida, Tinna Oliveira. Revisão: Marília Bustamante Abreu Marier Projeto Gráfico: Elaine Cristina Pereira Capa: Elaine Cristina Pereira Vendas: Diagrarte Editora Ltda-ME Impressão: Resolução Gráfica Tiragem: 3.000 exemplares impressos e 20.000 eletrônico

Apoio para distribuição:

Distribuição Gratuita - impressa e eletrônica Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores. Direitos reservados. Para reproduzir é necessário citar a fonte. Faça parte da Naturale e integre esta corrente pela informação e pelo bem.

Anuncie: (35) 9982-1806 e-mail: revistanaturale@diagrarte.com.br Acesse a versão eletrônica:

www.diagrarte.com.br Impresso no Brasil com papel originado de florestas renováveis e fontes mistas.


Está aberta

a temporada de

montanhismo!!! Por Ricardo Bustamante de Almeida

Entramos no outono e caminhamos para o inverno, uma estação muito aguardada pelos praticantes de atividades em montanhas. Isso devido a diversos fatores positivos dessa época, como a estiagem das chuvas, o clima com temperaturas amenas, o contraste de cores nas paisagens, causado pelo clima seco, a hibernação de animais indesejados como cobras, aranhas, carrapatos e insetos. É a época ideal para subir montanhas e estamos em uma região privilegiada para essa prática: a Serra da Mantiqueira, perfeita para caminhadas, escaladas, mountain bike, acampamentos, voo livre, cavalgadas e outras atividades na natureza. Um estudo feito pela International

Naturale junho/julho - 2014

Union for Conservation of Nature e publicado pela Revista Science classificou a Serra da Mantiqueira como a 8a Região insubstituível do Planeta, devido às suas riquezas naturais, principalmente pela proteção oferecida à diversidade de vida animal existente na área. Existem lugares inimagináveis nestes pedaços de Serra, com uma beleza cênica singular fascinante, a maioria ao alcance dos praticantes iniciantes, com trilhas entre mata atlântica e campos de altitude, passando por cachoeiras, patrimônios históricos e cumes de montanhas com belas paisagens panorâmicas de onde se percebe o dito popular o “mar de Minas são as montanhas da Mantiqueira”. Em todos os municípios da re-

gião existem trilhas para caminhadas, contudo a maioria é desconhecida do público em geral, apenas algumas são norteadas por Agências de Turismo Receptivo, que conduzem o visitante de forma segura e responsável, com aplicação das normas de mínimo impacto ambiental nas áreas visitadas e focadas nos locais ideais para o melhor aproveitamento das paisagens. As trilhas trabalhadas como roteiros turísticos abrangem desde os níveis de dificuldade mais baixos ao médio e alto, quase sempre superando as expectativas dos visitantes. Para os iniciantes sugiro trilhas na Pedra do Pedrão em Pedralva, Pedra Aguda em Itajubá, Fazenda Boa Esperança em Delfim Moreira com várias cachoei-

3


por onde passamos é premissa indispensável para garantir a nossa segurança, a de quem vem em seguida e a da fauna local. Lembre-se que nem sempre o celular encontra área de cobertura nestas localidades, então evite fazer o percurso sozinho. Na região há agências de receptivo com oferta de roteiros de montanhismo. Aproveitem a temporada com responsabilidade, conheçam novos lugares e restabeleçam a ligação energética com o planeta Terra e suas raízes naturais, isso faz um bem danado para a saúde e para o espírito! Ricardo Bustamante de Almeida atua como Diretor de Turismo e Cultura na Prefeitura de Pedralva (MG), proprietário da Agência de Turismo Receptivo Pedra Gerais. Turismólogo formado na Faculdade de São Lourenço faz conduções no Marins (Marmelópolis), a Travessia Marins-Itaguaré (Passa Quatro), Serra da Pedra Branca (Conceição das Pedras), Pedra do Pedrão (Pedralva) e Fazenda Boa Esperança (Delfim Moreira).

ras pelo caminho e a Pedra Branca em Conceição das Pedras, que também pode oferecer um trajeto mais técnico em sua travessia. Já para os montanhistas com alguma experiência, o Pico dos Marins é um prato cheio para desafios, sem contar a Travessia MarinsItaguaré, que requer bastante resistência e técnica para vencer as trilhas de cume e escalaminhadas pelo percurso. Na região há outras áreas da Mantiqueira bastante famosas como a Serra Fina onde se encontra o ponto mais alto do Estado de São Paulo, o Pico das Agulhas Negras no parque Nacional do Itatiaia; a Pedra do Baú em São Bento do Sapucaí, dentre outras. Sem a pretensão de querer enumerar as principais montanhas existentes na região, pois não conheço um centésimo delas, o que me parece ótimo, assim tenho a possibilidade de me surpreender sempre com novos locais. Para garantir a segurança nas trilhas alguns itens básicos devem ser observados, como: avisar os familiares sobre onde você vai e quando pretende retornar, utilizar roupas apropriadas para caminhadas, principalmente o calçado que deve estar laceado, levar um kit de primeiros socorros, lanterna, água, lanche ou alimento não perecível, equipamentos de segurança quando necessário e ir acompanhado de alguém que conheça bem a trilha escolhida, um bastão de caminhada pode ajudar bastante, além é claro, de recipiente para trazer seu lixo de volta, preservar os caminhos

4

Imagens: Primata Turismo

Caminhada rumo ao Pico dos Marins

Pedra Branca

Naturale junho/julho - 2014


Foto: Cleber Miranda

Pela primeira vez, Brasil sedia Encontro

Internacional da Rede de Sementes Livres A cidade de Inconfidentes, no sul de Minas Gerais, foi o palco de uma grande reunião latino-americana em prol das Sementes Livres nos dias 22 e 23 de maio de 2014. As sementes livres são aquelas conhecidas também como crioulas, tradicionais, livres de transgênicos e agrotóxicos. Este foi o terceiro encontro internacional da Rede de Sementes Livres, formada em agosto de 2012, no Peru, em Ollantaytambo, cidade localizada no Vale Sagrado dos Incas e se consolidou em Laguna Verde, no Chile, onde se definiu o Brasil como sede do III Encontro. A Rede de Sementes Livres é integrada por agricultoras e agricultores dos países da América Latina, além de pesquisadores, estudantes e apoiadores, com o propósito de defender o patrimônio genético ancestral contido nas sementes e na agricultura tradicional ao redor do mundo. O III Encontro da Rede de Semen-

Naturale junho/julho - 2014

tes Livres, contou com a participação de mais de 500 pessoas oriundas de países das Américas do Sul, Central e Norte, além da França, que se dispuseram a enfrentar o frio próprio da região, nesta época do ano, para ouvir relatos de experiências bem sucedidas de agricultores da América Latina e os desafios de uma instituição europeia sobre a produção de sementes livres de agrotóxicos e de transgênicos, conhecidas como “crioulas”. Durante a cerimônia de abertura, o presidente da Associação de Agricultura Biodinâmica do Sul (ABD Sul) e representante do Brasil na Rede de Sementes Livres, o engenheiro agrônomo Nelson Jacomel Júnior, destacou a necessidade de buscar a inclusão nos processos relacionados à agricultura orgânica para que eles sejam participativos e se configurem como pensamento uno. “Estamos muito gratos com a recepção que o Sul de Mi-

nas nos dá. Esse evento trará novos trabalhos e diretrizes para a Rede de Sementes Livres”, declarou. O avanço dos transgênicos no mercado e na indústria e as consequências do consumo desse tipo de alimento aos animais e seres humanos foi o tema que abriu a programação de palestras. Ministrada pelo doutor em genética pela Universidade da Califórnia, Rubens Onofre Nodari, que também é docente da Universidade Federal de Santa Catarina, a reflexão chamou a atenção pelas duras críticas feita à pesquisa com alimentos transgênicos, que, para o pesquisador, tem provocado o empobrecimento da variedade de sementes cultivadas na agricultura. “Variedades crioulas são importantes porque o melhoramento genético reduziu significativamente a concentração de nutrientes nos alimentos originários das variedades modernas”, afirmou. 

5


6

Abertura do evento com autoridades presentes.

Blanche Magarinos-Rey, integrante da Kokopelli.

Fotos: IFSULDEMINAS

A França mostrou a experiência de uma organização chamada Kokopelli, entidade que luta pela preservação da biodiversidade cultivada. Formada em Direito Ambiental pela Universidade de Sorbonne, em Paris, a integrante Blanche Magarinos-Rey, veio ao Brasil especialmente para o encontro, explicou como nasceu a organização e apresentou a campanha “Sementes sem Fronteiras”, responsável pela distribuição de sementes crioulas em países em desenvolvimento da África, Ásia e América Latina. “Precisamos fortalecer a Rede com mais conexões internacionais, com os guardiões de sementes na Europa e na Índia, e tecer uma rede mundial para dar força à biodiversidade e às sementes, patrimônio dos povos”, enfatizou a francesa. Com braços em diversos países, a Kokopelli também está presente na Costa Rica e no Brasil e enfrenta processos jurídicos do governo da terra de Napoleão. O representante da organização no país da América Central, Eric Semeillon, esteve em Inconfidentes e mostrou como é a experiência em seu país, onde é realizado um trabalho com jovens e produtores rurais, por meio de capacitação dada por estudantes estrangeiros. Durante o evento, foram realizadas 15 oficinas na fazendaescola do Câmpus Inconfidentes e temas como a desibridação, melhoramento participativo do milho, apicultura biodinâmica e hortaliças não convencionais foram discutidos. Na opinião de Emanuel Dias, da AS-PTA – Agricultura Familiar e Agroecologia do Estado da Paraíba, a produção deste tipo de sementes precisa tornar-se política de governo. “O governo brasileiro precisa assumir as sementes com o status que elas precisam ter. Os governantes devem fomentar a produção das sementes crioulas como forma de segurança alimentar e geração de renda, através de leis”, defendeu o representante do Brasil. Apresentações culturais animaram os defensores da produção de sementes livres através do ritmo Maracatu, interpretado pelo grupo Oro Ari, da Unesp, de Rio Claro (SP). O coral Luz Figueira, da cidade de Carmo da Cachoeira (MG) emocionou a plateia com os cânticos “Ó Senhor do Universo”, “Fonte Mãe” e “Sementes de Luz” que inspiram a união entre povos, raças, credos e culturas. Envolvida com o propósito de semear esta ideologia no lugar onde vive, a jovem Karoline Lisanne Fendel, de Florianópolis (SC) apresentou um sonho: “Este encontro confirmou algo interno. Quero articular uma rede de sementes em Santa Catarina e mobilizar os agricultores para gerar o banco de sementes comunitário, além de uma associação de guardiães", enfatizou a bióloga catarinense, de malas prontas para o retorno a Santa Catarina. Certamente, sementes de utopia foram plantadas na consciência e na alma dos

Grupo Oro Ari, da Unesp de Rio Claro (SP).

participantes do 3º Encontro Internacional da Rede de Sementes Livres. Os defensores deste tipo de produção se encontrarão em 2015, no Equador, país anunciado como sede do próximo encontro internacional. Assessoria de comunicação do IFSULDEMINAS

Naturale junho/julho - 2014


Os jovens rurais do Sul de Minas no projeto "Transformar" e Semana do Jovem Agricultor - SEJA Por Aloísia Hirata¹, Luiz Carlos Rocha¹, Nildo Batista¹, Flora Teixeira de Castro², Aline de Oliveira Guidis², Maria Neuza Carvalho²

SULDEMINAS – Câmpus Inconfidentes e participaram dos diferentes minicursos, ofertados durante o evento. Ao todo, foram quase 30 cursos diferentes, em diversas áreas, como cafeicultura, bovinocultura, culturas anuais, olericultura, zootecnia, agroindústria e informática, sendo a sustentabilidade o eixo norteador de todos eles. A V SEJA promoveu um espaço de discussão sobre desenvolvimento sustentável e fortalecimento da agricultura familiar, focando mecanismos de redução de evasão de agricultores para as cidades. Com o objetivo de conhecer melhor a realidade da juventude rural do Sul de Minas e aprofundar um pouco mais em questões fundamentais para a continuidade e permanência dos jovens no campo, foi realizada uma pesquisa entre os participantes da V SEJA. Dentre os entrevistados, em sua maioria mulheres (64,2%) e com idade entre 19 e 25 anos (87,1%), mais de 80% veem a Escola como necessidade ou possibilidade de crescimento. Quando questionados sobre ficar ou sair do meio rural, contrariando as tendências de êxodo rural acentuado entre jovens, 80,4% responderam que pretendem continuar e entre os que manifestaram interesse em sair, informaram que mudariam de ideia se pudessem trabalhar sem abandonar os estudos, serem mais valorizados pelo trabalho de campo e/ou terem acesso a própria terra. Em relação aos sonhos, manifestaram a intenção de cursar uma faculdade (51,1%) e outros de possuir a própria terra (39,4%). Por fim, em relação à satisfação

quanto a sua origem rural, 58,1%, dos jovens estão satisfeitos e apontam a educação como ponto chave de investimento para a continuidade no campo. Observa-se que muitos jovens rurais do Sul de Minas querem ficar no campo, porém, um dos principais motivos que os levam a sair do meio rural, está na dificuldade de conciliar trabalho e estudo (alerta-se para a falta de uma política efetiva de educação do campo) e o acesso à terra. Neste sentido, é fundamental que as famílias, comunidades, lideranças e o poder público reconheçam estas necessidades e especificidades da juventude rural, criando e/ou ampliando ações e políticas públicas adequadas, que de fato insiram e promovam os jovens, contribuindo consequentemente para o fortalecimento da agricultura familiar e o desenvolvimento rural sustentável. Somente com um olhar especial e comprometido com a juventude rural, será possível vislumbrar um novo cenário, com jovens motivados vivendo no e do meio rural por opção, com dignidade, orgulho de suas origens e qualidade de vida. A SEJA, enquanto espaço de interação, valorização e reconhecimento da Juventude Rural do Sul de Minas, vem demonstrando que os jovens rurais devem ser contemplados como cidadãos de hoje, e não somente como aqueles que serão no futuro, ou seja, cidadãos com interesses e direitos, capazes de atuar como protagonistas e sujeitos de suas histórias. ¹ Instituto Federal do Sul de Minas Gerais. ² Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais – Emater/MG.

Foto: IFSULDEMINAS

No ano internacional da Agricultura Familiar, principal responsável pela produção de alimentos na mesa dos brasileiros, torna-se imprescindível evidenciar a categoria da Juventude Rural pela sua importância social na manutenção e sucessão da agricultura familiar. De acordo com dados do IBGE (2012), existem cerca de 8 milhões de jovens vivendo no meio rural, o que corresponde a 15,2% do total de jovens e 4% da população nacional. Preocupados com este público, o IFSULDEMINAS e a EMATER-MG, realizam há seis anos a Semana do Jovem Agricultor (SEJA). Trata-se um evento que busca a valorização das atividades rurais e de projetos desenvolvidos por jovens agricultores, para despertar seu interesse por atividades cotidianas e munir o jovem de ferramentas capazes de garantir sua permanência no meio rural com desenvolvimento sustentável. A SEJA objetiva a promoção de espaços para a realização de diversos cursos voltados para jovens agricultores, com idade entre 14 a 29 anos, preferencialmente. Desde 2012 é realizada em conjunto com o Programa Transformar, uma ação da EMATER-MG, que também busca a capacitação de Jovens Rurais. Em 2013, na sua quinta edição, o evento manteve a proposta de mais uma vez, oferecer momento de aprendizado e inovação para os jovens agricultores da região. Com a temática: “Pela garantia da sustentabilidade no campo”, atraiu cerca de 600 jovens, oriundos de 40 municípios de todo o Sul de Minas. Entre diversas outras atividades, eles conheceram o IF-

Naturale junho/julho - 2014

7


8

Naturale junho/julho - 2014


Horizontes do desenvolvimento científico, tecnológico e social na construção de um futuro regional “Tornou-se aterradoramente claro que a nossa tecnologia ultrapassou a nossa Humanidade” Albert Einstein

Pelo Dr. Alvaro Antonio Alencar de Queiroz

A era contemporânea da humanidade evidencia que o impacto da ciência e tecnologia na sociedade passa por um crescimento exponencial; quase instantâneo quando se consideram as tecnologias da informação. Como consequência, a expectativa de vida humana também se beneficia desse crescimento que se deve principalmente à organização e sistematização do trabalho voltado para a geração e uso de conhecimentos científicos. O intuito é produzir tecnologias que resultem em novos ou melhores produtos e serviços que satisfaçam os desejos centrais e as necessidades do ser humano. O conhecimento científico deixou de ser um bem puramente cultural, para tornar-se insumo importante, senão o mais valioso, para a geração de inovações tecnológicas que garantem mais que a sobrevivência individual; garantem a sobrevivência de uma sociedade. Até o século XIX, a ciência e as técnicas utilizadas para a produção de bens e serviços eram praticamente independentes. Mesmo após a ocorrência da revolução científica iniciada no século XVII, ambas, a ciência e as artes eram consideradas como parte cultural de uma sociedade e eram desenvolvidas sem objetivos econômicos. A equivalência ciência-arte permitia o avanço da tecnologia baseada unicamente na intuição e no empirismo e era um assunto do interesse quase exclusivo do setor produtivo (agricultores, artesãos, comerciantes e principalmente do exército). É somente a partir do século XIX que o avanço tecnológico começou a fazer uso significativo dos conhecimentos científicos através das inovações ocorridas na indústria química e nos usos da energia elétrica. A ciência passou então a suprir a tecnologia com o uso cada vez mais amplo do método científico de investigação para a solução de problemas que interessavam essencialmente ao setor produtivo. No século XX, a Segunda Grande

Naturale junho/julho - 2014

Guerra consolida a inter-relação entre ciência e tecnologia produzindo-se avanços significativos ao longo deste século através de um regime democrático e participativo como modelo proeminente de organização política ao redor do mundo. A integração entre ciência e tecnologia proporcionou uma mudança social significativa com a expansão da alfabetização, dos serviços básicos da saúde e a reforma agrária (ou ao menos sua proposição nos países em desenvolvimento). Por sua vez, as mudanças sociais decorrentes deste elo estabelecido estão associadas à expansão do capital humano. A interdependência entre a capacidade e o capital humano permite estabelecer uma previsão sobre as possíveis linhas de mudança e progresso social. À parte de todo progresso científico/ tecnológico alcançado no século passado, observam-se no presente, sociedades que vivem um mundo de privação, destituição e opressão alarmantes para uma era considerada desenvolvida. A persistência da pobreza, a fome coletiva e crônica disseminadas, a violação de liberdades formais básicas, a negligência assustadora da saúde e graves ameaças ao meio ambiente e à sustentabilidade da vida econômica e social são privações encontradas nos países pobres, mas também visíveis naqueles considerados ricos. “Se for verdade incontestável que o ser humano detém os direitos inalienáveis da vida, liberdade e a busca da felicidade” (Thomas Jefferson, presidente norte americano no período 1801-1809) também deve ser verdade que nas sociedades contemporâneas o abandono de milhões de pessoas ao desemprego e à miséria, macula o poder da tecnologia na busca da justiça social. Os progressos científicos alcançados no século XIX e na primeira metade do século XX foram, em geral, benéficos para a sociedade como um todo, distribuindo riqueza tanto para os ricos como para os pobres com o mínimo de equi-

dade. Luz elétrica, telefone, refrigerador, rádio, televisão, tecidos sintéticos, antibióticos, vitaminas e vacinas tornaram-se equalizadores sociais, a vida ficou mais confortável e estreitou-se a distância entre ricos e pobres. Entretanto, é na segunda metade do século XX que a ciência perde seu contato com os problemas cotidianos e passa a caminhar por campos esotéricos. Por outro lado, a ciência aplicada se concentra atualmente em produtos que possam ser vendidos com bom lucro impulsionando as tecnologias que somente os ricos podem pagar. O fracasso da ciência em produzir benefícios para os pobres nas últimas décadas parece se dever essencialmente ao seu afastamento das necessidades humanas. Ao mesmo tempo, o forte elo entre a tecnologia e a lucratividade imediata torna a tecnologia capitalista, ou seja, a transformação da matéria-prima em produtos é feita pelo trabalhador, que vende sua força de trabalho ao capitalista em troca de um salário. O capitalista se apropria do conhecimento da ciência aplicada (através de patentes) e se torna dono dos meios de produção e dos produtos acabados. Uma concepção adequada de desenvolvimento científico, tecnológico e social deve ir muito além da simples acumulação ou distribuição de riqueza pelo ser humano. Os fins e os meios proporcionados pela ciência e tecnologia requerem uma análise quantitativa para uma compreensão mais ampla do processo de desenvolvimento social tendo-as como ferramentas para o desenvolvimento socioeconômico de determinada região, segundo as necessidades estabelecidas e impulsionadas pelo auto-interesse de ambos, cientistas e engenheiros. O progresso social dependerá essencialmente da minimização de comportamentos associados a ações que não refletem os valores sociais claros e que se situam nos limites estreitos do comportamento egoísta. É bem conhecido o

9


importante papel que os valores sociais desempenham no estabelecimento dos direitos civis elementares. Na ciência é muito comum se experimentar o “observador imparcial” analisado por Adam Smith (filósofo e economista escocês, 1723-1790). Sob este aspecto, não há a necessidade de se criar artificialmente na mente um espaço para a justiça social e equidade com bombardeio dos arsenais moral ou técnico, pois esse espaço já existe no ser humano. A tecnologia não é um simples produto (commodity) que possa ser desenvolvida em escala industrial, que esteja acessível e passível de ser transferida facilmente a partir do mercado. As tecnologias sempre foram de difícil transferência, requerendo competências internas e sujeitas a condições e decisões políticas e institucionais requerendo um esforço comum de governo, empresas e universidades. Entretanto, confiar excessivamente na ciência e na tecnologia e identificá-las com seus produtos é perigoso uma vez que se supõe um distanciamento delas em relação às questões com as quais se envolvem. As finalidades e interesses sociais, econômicos, políticos e militares que resultam no impulso dos usos de novas tecnologias também implicam em riscos uma vez que o desenvolvimento científico e tecnológico não são independentes dos auto-interesses e desprovidos de imparcialidade. Sob este aspecto paira tanto sobre a ciência quanto sobre a tecnologia, a moral de que não haja qualquer distinção entre os fins e os meios. Um projeto de desenvolvimento econômico e social deve envolver necessariamente o enfrentamento de problemas estruturais e emergenciais de modo a resgatar as populações mais desfavorecidas utilizando tecnologias apropriadas de baixo conteúdo tecnológico. Ao mesmo tempo deve formar capital humano para sua inserção no mercado de tecnologias avançadas. O investimento em tecnologias regionalmente apropriadas parece ser uma boa alternativa que poderá contribuir para o estímulo da demanda por tecnologias com maior valor de conhecimento agregado formando assim uma cadeia de produção com retroalimentação positiva, gerando empregos ao mesmo tempo em que produz riquezas. É ilusório imaginar que o livre mercado produzirá tecnologias acessíveis aos pobres. A grande tarefa da ciência e da tecnologia desse século será a identificação de forças para estimular o desen-

10

volvimento de tecnologias e suprir as necessidades do ser humano empobrecido a um custo que estes possam enfrentar. Uma força que representa a soma vetorial resultante da cooperação entre governo, instituições de ensino e pesquisa, e empresas; todos comprometidos com a melhoria da condição humana. A concentração de forças de semelhante grandeza parece estar concentrada em um polo ou parque tecnológico, a exemplo do que pode ser observado no velho mundo. Observando ao redor, com muito pouco esforço percebemos como a vida se propaga em um mundo consternador em nosso planeta no qual milhares vivem atormentados pela miséria extrema, pela fome persistente, por vidas miseráveis e sem esperança onde milhões de crianças morrem por falta de alimento, assistência médica ou social.

O aluno de doutorado Vinicius F. de Castro opera o Reator para a síntese de novos materiais, para produção e caracterização de novas partículas magnéticas para o tratamento do câncer, no Laboratório de Materiais Biofuncionais da UNIFEI. .

A ciência e a tecnologia deveriam desenvolver capital humano e capacidade humana e concentrá-los de modo a contribuir significativamente para o processo de expansão econômica e social. De modo geral, o acesso à ciência e tecnologia pela sociedade requer o estabelecimento de condições biológicas, econômicas, culturais e políticas que nem sempre existem em todos os lugares. A condição biológica se refere à alimentação e saneamento adequados desde a infância para o crescimento e desenvolvimento intelectual do jovem, melhorando o nível educacional e re-

duzindo os transtornos de aprendizado causados por deficiências nutricionais, tais como a anemia e a desnutrição. Um jovem desnutrido não será ativo física e mentalmente e pouco se interessará pelos problemas científicos e tecnológicos que afetam a sociedade na qual vive. O financiamento da ciência e da tecnologia é um grande desafio para qualquer país. As dificuldades de organização, de cultura institucional e de infraestrutura não exercerão um impacto significativo sobre a sociedade local. Com relação ao aspecto cultural, é através do avanço das fronteiras do conhecimento humano que a ciência proporciona aos povos que participam de fato de seu desenvolvimento uma melhor qualidade de vida. Isto é conseguido através da libertação do homem em relação às necessidades básicas de sobrevivência e da consequente sofisticação da atividade humana nos seus aspectos sociais, econômicos, culturais e artísticos. Em última instância, fazer ciência e tecnologia é viver na plenitude a aventura do homem sobre a terra. Os povos que não participam do desenvolvimento científico e tecnológico estão, em sua maior parte, alijados dos avanços nos padrões de qualidade de vida e são economicamente subalternos em relação aos povos que lideram os avanços do conhecimento. Reverter esta situação não é tarefa fácil, já que criar uma cultura científicotecnológica exige grandes investimentos em educação e cultura, o que é dificultado pelas carências advindas da dificuldade que estas sociedades têm em criar riquezas sem o insumo principal para isso, que é o conhecimento. Levar o cidadão a conhecer seus direitos e obrigações, de pensar por si próprio e de ter uma visão crítica da sociedade onde vive, e especialmente de ter a disposição de transformar a realidade para melhor, são maneiras de quebrar o círculo vicioso. Os tremendos problemas enfrentados por uma sociedade requerem não apenas vontade política e mudanças econômicas, mas também compreensão das circunstâncias e dos fatores do atraso. Olhar a realidade de maneira objetiva e identificar os temas de relevância científica e tecnológica não desenvolvidas a nível regional e/ou nacional, a prospecção de temas relevantes para o desenvolvimento social e cultural da região/ país e a elaboração de uma política para a correção dessas deficiências propiciará as condições necessárias para a forma-

Naturale junho/julho - 2014


ção de líderes capazes de transmitir seu entusiasmo pela criação e difusão do conhecimento científico. Atualmente a sociedade contemporânea é adepta do modelo linear de desenvolvimento onde o bem-estar social está associado a um somatório envolvendo a produção científica, a produção tecnológica e a geração de riquezas para o país. Entretanto, este modelo deve ser observado com cuidado, pois os desenvolvimentos científicos e tecnológicos também conduziram decadências sociais associadas a sérios desastres ambientais no século passado. O modelo linear de desenvolvimento foi superado por outros, destacando-se o modelo interativo de inovação presente nos Parques Científicos e Tecnológicos (PCIT´s); que combina interações que compreendem o interior das empresas e interações entre as empresas individuais e o sistema de ciência e tecnologia mais abrangente em que elas operam. Os PCIT´s fazem parte da infraestrutura de ciência e tecnologia de um Estado. Seus objetivos principais são aumentar a capacidade de desenvolvimento socioeconômico das diversas regiões que

compõem os Estados, mediante o apoio à constituição de uma infraestrutura tecnológica nas instituições de ensino e pesquisa, públicas ou privadas, voltadas essencialmente para a viabilização de projetos de base tecnológica bem como a modernização e manutenção ou elevação da competitividade dos diversos agentes econômicos voltados à produção de bens de serviço. A missão inalienável da universidade pública é contribuir para o processo de desenvolvimento econômico, cultural e social de nosso país, principalmente, das regiões nas quais estão inseridas. E é exatamente nesse contexto que se insere a Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI), contribuir para o crescimento científico, tecnológico e social de Itajubá através do conceito do Sistema Regional de Inovação. Recentemente esforços foram unidos na UNIFEI entre Ciência/Tecnologia e Desenvolvimento Social através da implantação do Curso de Mestrado Stricto Sensu em Desenvolvimento, Tecnologias e Sociedade no ano de 2012. Coordenado pelo Prof. Dr. Carlos Alberto Máximo Pimenta, o curso é caracterizado como

“um espaço de pesquisa, no qual se propõe intercâmbios e trocas de experiências para a realização de estudos que contribuam à compreensão dos problemas característicos de diferentes regiões em processo de desenvolvimento, com a finalidade de subsidiar políticas socioculturais e econômicas, públicas ou privadas, integrando-os em função das contingências da atual realidade mundial” (UNIFEI). O problema fundamental da sociedade humana do século XXI é o aviltante descompasso entre a ciência, a tecnologia e as necessidades básicas dos pobres. Sob este aspecto, a lacuna é ampla e cresce assustadoramente. O principal desafio a ser vencido será a capilarização quanto à habilitação de todos os atores sociais quanto à ativação e mobilização da ciência e tecnologia no campo de ação coletiva ampliando os horizontes do desenvolvimento social regional através de ferramentas da Ciência e Tecnologia para a obtenção de novos produtos e processos que beneficiem o ser humano. Dr. Alvaro Antonio Alencar de Queiroz, Instituto de Física e Química – IFQ. Universidade Federal de Itajubá – UNIFEI.

ASSOCIADOS ACIPA CONTRIBUEM PARA O CRESCIMENTO

Imagem Google

Nos últimos anos, a cidade de Pouso Alegre destaca-se no cenário brasileiro pelo crescimento do comércio e da indústria, além de outras áreas. Segundo pesquisa publicada na revista Exame (edição nº 1064 Abril 2014), o município aparece no ranking dos 100 melhores para se investir. As mais de 1.500 empresas associadas à Acipa (Associação do Comércio e Indústria de Pouso Alegre) participam de grande parte deste crescimento, por meio de empreendimentos em todos os setores e portes. Quem procura opções de produ-

tos e serviços de qualidade encontra nas empresas associadas, que estão prontas e capacitadas para oferecer estes e outros benefícios aos consumidores mais exigentes. Elas investem em mercadorias de qualidade, atendimento, treinamentos específicos e assim se destacam das demais. Com o suporte necessário, a Acipa oferece ferramentas, ações, produtos e serviços, dando ao empresário segurança para alavancar os seus negócios. Em mais de 90 anos, a Acipa tem como missão fortalecer o associativismo, representar com ética e

transparência os associados e fomentar a economia. Benefícios e vantagens são oferecidos de maneiras diversas, como a rede de desconto, correspondente bancário do BDMG, vendas seguras com consultas de SCPC, certificação digital, treinamentos empresariais, medicina do trabalho e campanhas em períodos específicos. Pouso Alegre caminha com desenvolvimento. As empresas associadas à Acipa oferecem tudo que você procura com toda confiabilidade e tradição que a maior Associação do Comércio e Indústria do Sul de Minas tem.


Fazer a diferença! Por Elaine Pereira

Em todas as comunidades, estejam elas inseridas nas pequenas, médias ou grandes cidades, há pessoas, empresas, entidades de classe e instituições de ensino que se engajam em obras sociais e desenvolvem a cultura do voluntariado. Muitos são os tipos de trabalho e projetos desenvolvidos, que vão desde a doação de alimentos e produtos de higiene até programas de preservação ambiental e colaboração em eventos mundiais como a Copa e as Olimpíadas. A cultura do voluntariado abre uma janela para que as pessoas percebam o que se pode fazer para melhorar a vida de sua comunidade. Todos os projetos e programas são importantes e vemos que na base de todos eles está a “Educação”! Educação no mais amplo sentido que esta palavra pode ter. Educação para tratar com pessoas, educação como oportunidade de aprendizado para se desenvolver uma habilidade ou profissão, educação para pesquisa e parâmetros de análise, educação para identificar e planejar uma ação que beneficie outras pessoas. As empresas de modo geral também precisam executar seus programas para o cumprimento dos “8 Objetivos do Milênio”, estabelecidos pela ONU

12

(Organização das Nações Unidas) em setembro de 2000 e renovado em 2010. Trata-se de um compromisso firmado por 189 países para: 1. Redução da pobreza; 2. Atingir o ensino básico universal; 3. Igualdade entre os sexos e a auto nomia das mulheres; 4. Reduzir a mortalidade na infância; 5. Melhorar a saúde materna; 6. Combater o HIV/Aids, a malária e outras doenças; 7. Garantir a sustentabilidade ambien tal; 8. Estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento. Objetivos estes a serem alcançados até 2015. Bem, vemos que apesar do prazo estar chegando muito ainda há que ser feito, seria uma grande realização para a humanidade se isto acontecesse no período determinado, mas temos de reconhecer que o fato de estarmos caminhando para este objetivo já faz uma grande diferença, pois ações começaram a ser implementadas neste sentido, e este comprometimento não é apenas do poder público, mas do privado e dos indivíduos. Muitas empresas possuem ações para com seus funcionários, para com a comunidade onde estão instaladas, com relação a preservação

do meio ambiente e com a cultura, o que proporciona inclusive que capital seja empregado para realização destes projetos. Ao iniciarmos as pesquisas sobre este assunto vemos que muitas pessoas estão engajadas em alguma atividade e inúmeras entidades prestam e solicitam ajuda. Muitos profissionais se dispõem a doar um dia de seu serviço ou alguma consultoria em prol de uma ação beneficente, as pessoas individualmente contribuem com doações para as mais diversas causas, sejam elas campanhas de agasalho, fraldas, leite, ração, serviço e por ai afora. É a oportunidade que cada um tem de se doar um pouco, de passar a um desconhecido algo que ele necessita. Mas será que fazemos isto com o mesmo amor e desprendimento seja para quem for o beneficiado? A frase “Fazer o bem sem ver a quem” é bem ilustrativa deste espírito de doação. Normalmente somos solícitos para atender indivíduos que consideramos de “bem”, que estejam com alguma necessidade ou algum projeto que fará a diferença para muitas outras pessoas. Mas e quando este benefício é para alguém que está no sistema prisional? Aqui encontramos um grande preconceito, mas felizmente há pessoas e

Naturale junho/julho - 2014


empresas que acreditam que a Educação aqui também fará a diferença. Não há como negar o receio e/ ou preconceito que de modo geral as pessoas trazem por quem transgrediu a lei, roubou ou tirou a vida de alguém... Não entraremos aqui no mérito do que os levou a chegarem a este ponto em suas trajetórias de vida, mas abordaremos como o Sistema Prisional e Empresas estão proporcionando que estas pessoas trabalhem, estudem e aprendam um ofício enquanto cumprem suas penas e que ao serem reinseridas na sociedade possam trabalhar e reconstruir suas vidas, sem infringirem no mesmo erro e sem serem consideradas uma ameaça à sociedade. O Programa de ressocialização “Trabalhando a cidadania”, tem mudado a rotina de detentos e esperamos que transformado suas vidas. Este programa garante aos presos assistência jurídica, educacional, social, religiosa e à saúde. Abordaremos aqui a questão educativa que é proporcionada pelo ensino dentro do presídio seja da grade curricular do Ensino Fundamental e Médio, seja de cursos profissionalizantes, além da oportunidade de trabalho aos indivíduos privados de liberdade que estejam inseridos nos regimes semiaberto e fechado, que apresentam bom comportamento. Para se beneficiarem deste programa, ao serem inseridos no sistema prisional, os detentos passam por uma Comissão Técnica de Classificação

Naturale junho/julho - 2014

com um grupo multidisciplinar que engloba psicólogo, assistente social, enfermeira, pedagoga, analista jurídico, segurança, inteligência e gerente de produção. Cada profissional elabora um parecer que é analisado por todos para verificar quais indivíduos estão aptos para o trabalho e/ou estudo. O Presídio de Itajubá, inaugurado em novembro de 2009, tem-se destacado no estado de Minas Gerais na execução deste programa. Em parceria com 13 empresas proporciona a 170 internos a oportunidade de trabalharem e a 80 de estudarem. As aulas são ministradas dentro da unidade prisional na modalidade do EJA (Educação de Jovens e Adultos), pela Escola Estadual Major João Pereira, que tem como segundo endereço a Unidade Prisional de Itajubá. Há também cursos profissionalizantes de alvenaria, horticultura, agricultura orgânica, costura e solda elétrica, sendo este último com início previsto para o segundo semestre. Os detentos do regime interno aprovados na avaliação trabalham na cozinha, padaria, lavanderia, limpeza e manutenção da unidade, horta, e em galpões construídos com mão de obra deles e recursos fornecidos pelas empresas parceiras, de Itajubá e Santa Rita do Sapucaí, onde aprendem uma profissão e desenvolvem seus trabalhos. São elas: Stillus Alimentação, Padaria Evaldo Lopes, Vilma Artigos Religiosos, Montec, Moletok, DS Po-

Naturale junho/julho - 2014


tencial, Y Confecções, Megatron, Ideia Ativa, Frivasa, Truss Armações Metálicas, PKC Group e Prefeitura Municipal de Itajubá. A Prefeitura de Itajubá tem utilizado a mão de obra dos reeducandos em regime semiaberto para reforma e construção de inúmeros prédios públicos, como postos de saúde, escola, quadras poliesportivas. Segundo informações do presídio, os detentos trabalharam na reforma do Tigrão; do Museu; da Unidade Básica do Ano Bom, da Piedade, do Anhumas; do Posto do Mercado; da Quadra Poliesportiva do Rebourgeon; no plantio de palmeiras na entrada da cidade; na varrição e capina de ruas; na fabricação de bloquetes. As roupas de todas as UBS (Unidades Básicas de Saúde) são lavadas e passadas dentro do presídio. Em parceria com a Helibrás um novo projeto tem início, trata-se de transformar bicicletas apreendidas pela Polícia Civil e repassadas ao Presídio, em cadeiras de rodas, para serem doadas a instituições. A empresa orienta os detentos na construção das cadeiras e fornece peças, além de inspecionar a qualidade das mesmas. Segundo o Diretor Geral da Unidade, Dr. Rodney Dantas Pinto, “as parcerias firmadas com estas empresas tem sido muito positivas. Os detentos também trabalharam em ações sociais, como a reforma de uma casa no bairro Jardim das Colinas, na limpeza e manutenção do Lar da Providência, na reforma das Escolas Major

14

João Pereira, Wenceslau Braz (Agrícola) e Novo Tempo. A unidade está aberta para analisar novas parcerias e solicitações de entidades”. O Gerente de Produção Evandro Meireles, ressalta que “todo o trabalho dentro da unidade é feito com o mesmo padrão de qualidade e cumprimento de horários nas empresas que estão ali instaladas. O bom comportamento e entrosamento dos presos nas atividades é premissa básica, pois se infringirem alguma regra podem perder o benefício e retornarem para a ala interna”. Os detentos incluídos neste programa recebem até ¾ do salário mínimo sem impostos ou vínculo empregatício, sendo 50% do valor reservado ao preso ou a um familiar credenciado para o receber, 25% é depositado em uma conta judicial chamada “conta pecúlio”, em que o preso terá o direito de resgatar quando obtiver o alvará de soltura e os 25% restantes ficam com o Estado para ressarcir despesas com alimentação e vestuário do interno. As empresas efetuam os pagamentos através de uma guia DAE diretamente ao Estado. Este programa também inclui o benefício de a cada 3 dias trabalhados reduzir 1 dia da pena. Há também o projeto “Retornando com Dignidade”, em que o reeducando, que quando preso laborou na parceria, ao receber seu alvará de soltura, é contratado pela empresa. Segundo Remy de Andrade Filho,

proprietário da Vilma Artigos Religiosos, “o interesse da empresa em ofertar trabalho aos presidiários está ligado ao entendimento de que é necessário oportunizar a reinserção dos mesmos à nossa sociedade após o cumprimento de suas penas. O impacto da violência na sociedade nos dias atuais é evidente e crescente. Entendemos que agindo assim, trazemos uma pequena, mas efetiva, contribuição na solução deste problema. É necessário compreendermos que os presidiários atuais retornarão ao nosso convívio mais dia, menos dia. Desejamos que retornem melhores e que possam seguir suas vidas como pessoas de bem. Os trabalhos por eles prestados são de excelente qualidade, não ficam em nada a dever aos de nossos funcionários. Notória também é a boa vontade com que se dedicam na execução de suas atividades. Propiciar trabalho nos presídios me parece o exemplo mais ilustrativo de uma relação em que todos ganham. Ganha o presidiário por diminuir seu tempo de permanência no presídio, ser remunerado e se habilitar para exercer outra atividade após sua saída; ganha a Empresa por ter condições diferenciadas de contratação dentro de um regime legal; ganha a administração do presídio que mantem seus detentos ocupados de forma proveitosa, diminuindo os riscos de problemas e por fim, ganha o Estado que é ressarcido financeiramente pelas empresas e cumpre seu papel de ressocializar os detentos”.

Naturale junho/julho - 2014


Premiação do I Concurso de Redação e Poesia “Fábio Pereira”, realizado em 2013.

de 2013, os reeducandos puderam participar do I Concurso de Redação e Poesia “Fábio Pereira”, promovido pelo Rotary Club de Itajubá em parceria com a Academia Itajubense de Letras. Foram dez trabalhos inscritos e três premiados, sendo que todos os demais receberam certificados de participação. Podemos ver, aqui também, que a educação é um importante meio de transformação. Em dias em que a maior parte do tempo e do espaço dos noticiários é dedicado a mostrar o grande índice de violência nas cidades e no meio rural, é importante termos o olhar também para projetos que possam auxiliar que estes números diminuam. Projetos que tirem as crianças das ruas, que combatam as drogas, que eduquem e que mantenham os valores da dignidade, que não incentivem a violência por motivos fúteis e principalmente que promovam uma mudança naqueles enquadrados pela justiça, para que possam ter contato com profissões, ideias construtivas, e que ocupem seu tempo e seu pensamento com projetos positivos, para que efetivamente sejam ressocializados. Viver como pessoa de bem, trabalhar, estudar, enfim... viver honestamente é um dos maiores tesouros que uma pessoa pode ter consigo.

Imagens: Arquivo da Unidade Prisional de Itajubá

Richard Carvalho, proprietário da Montec, empresa de Santa Rita do Sapucaí, acredita que “é direito de todos os cidadãos, ainda que tenham cometido algum delito, serem tratados com dignidade e respeito. Nesse contexto cresce a importância da adoção de políticas que efetivamente promovam a recuperação do detento no convívio social. A lei deve ser cumprida na hora de punir, mas nunca podemos esquecer de ressocializar. O trabalho é uma grande ferramenta para dar dignidade e esperança aos reeducandos. Agradeço ao Presidio de Itajubá a oportunidade desta parceria, principalmente, da chance a mim concedida, de poder ajudar aqueles privados de sua liberdade, que no meu ver tem todo o direito de ter a oportunidade de trabalhar, baixar o tempo de sua pena, ocupar sua mente com conhecimentos técnicos e ganhar seu dinheiro honestamente. Somos uma equipe onde todos precisam uns dos outros e quanto mais comprometidos e envolvidos estivermos no trabalho, melhores resultados teremos em todas as áreas de nossa vida. Desta maneira quero agradecer a toda equipe da unidade prisional de Itajubá, que Deus possa abençoar esta parceria e todos que estão envolvidos direta e indiretamente neste projeto. Que esta união se fortaleça cada vez mais para integração da sociedade”. Ao conversarmos com alguns detentos vimos que reconhecem a oportunidade que estão tendo de poderem empregar melhor o tempo em que permanecerão na unidade, seja estudando ou trabalhando. Alguns assumem claramente que erraram, e que a oportunidade do trabalho, de aprenderem um ofício, lhes dá esperança de retornarem à sociedade com uma profissão e repensarem suas escolhas, principalmente entre os que vieram transferidos de outras unidades que ainda não apresentam este projeto ou que estavam superlotadas. Como incentivo aos que estudam, em junho

Naturale junho/julho - 2014

15


Parceria entre os reinos Por Elaine Pereira

Seria tão bom se refletíssemos sobre os papéis dos reinos mineral, vegetal e animal nas nossas vidas... Pense por um instante como seria se eles não existissem... Bem, nós também não poderíamos existir, pois dependemos deles para tudo: alimentação, vestuário, construção e produção de tudo o que se possa imaginar. Fazemos parte de um todo e a interação harmoniosa entre os reinos é que permite a vida no planeta. Sem o trabalho das abelhas, por exemplo, o reino vegetal teria dificuldades com a polinização e não forneceria seus frutos, que além de gerar as sementes para a perpetuação das espécies vegetais, nos alimentam. Sem o reino mineral, a vida também não seria possível. Apenas para dar um exemplo citamos a água, sem a sua nutrição a vida nos demais reinos não se perpetuaria. O que dizer dos animais, tão explorados em sua força, trabalho e como alimento... Interessante observar que nos reinos todos executam suas funções e desta forma contribuem para o equilíbrio da Natureza. De forma bem simples podemos ilustrar um ciclo: a água nutre a terra que nutre a semente que se transforma em planta que gera o pólen que alimenta a abelha que poliniza a flor que se transforma em fruto que nos dá alimento e que alimenta também os animais que disseminam as sementes que caem no solo e que ativam novamente todo o ciclo de vida. Apenas o homem não trabalha de forma harmônica com este ciclo e poucos são os que o observam e preservam. Na era atual temos acesso a tudo pronto nas prateleiras das lojas e dos supermercados, na maioria das vezes consumimos coisas que não temos ideia de como foram fabricadas e de suas composições, então os ciclos naturais não são assuntos comuns para reflexões, somos consumidores passivos, que desconhecem por quais meios o que temos em mão foi produzido e qual impacto podem ter gerado nos demais reinos. Ainda bem que existe uma parcela da humanidade que realmente reconhece estes dados e travam uma batalha

16

diária para a preservação do planeta. Diversos são os grupos e pessoas que tentam alertar a população sobre a importância da preservação e do respeito aos outros reinos. Como estamos falando nesta edição de pessoas e empresas que fazem a diferença, não podíamos deixar de citar o trabalho da Associação Resgacti, que tem sede em Itajubá, mas atua também nas cidades de Piranguinho e Brazópolis. A Resgacti nasceu em 2009 com vários objetivos, sendo seu norte a preservação e o respeito pela vida em todos os reinos. Tornou-se mais conhecida por seu trabalho com animais de rua, no qual promove campanhas de castração e doação de animais. Ser uma associação do terceiro setor ligada à preservação da vida animal é uma tarefa sem fim e que vimos durante estes anos contar com o apoio e a descrença de muitas pessoas. Vale ressaltar que o trabalho de retirada e encaminhamento de animais de rua, independente do porte, cabe ao poder público. As ONGs espalhadas pelo mundo tentam contemplar ou minimizar os efeitos de serviços não executados e de maus-tratos. Para isso, contam com a ajuda de voluntários para o serviço diário de manutenção de espaços e tratamento dos animais, bem como para arrecadação de ração e medicamentos. No presente momento da Resgacti é importante ressaltar as parcerias com veterinários nas cidades onde a ONG atua. Sem a colaboração dos mesmos para efetuarem a preços especiais as castrações dos animais de rua e os pertencentes a população de baixa renda, além do atendimento clínico e aconselhamento no trato com os animais, o trabalho da Resgacti encontraria ainda mais dificuldade. Muitos são os voluntários que doam rações e seu tempo precioso para projetos da Resgacti. Cuidam dos animais que são recolhidos e que também precisam de carinho além de alimento e cuidados médicos. Há que se ressaltar a parceria com o poder público que reconhece como uma força importante uma organização

do terceiro setor atuante nesta área. Mostramos aqui os casos das Prefeituras de Piranguinho e Brazópolis. No ano de 2010, em Piranguinho, a então administração cedeu a título experimental, o espaço da Escola Rural das Gomeiras para abrigar cães abandonados sob os cuidados da Resgacti. Segundo Gilberto Andreotti, membro executivo da Ong, “esta parceria possibilitou que adquiríssemos experiência e criássemos uma normativa para recebimento, separação e alimentação dos animais, normativa esta que poderá ser seguida por outros municípios da região”. Mesmo com a mudança de gestão, a administração atual firmou em maio de 2013, novo convênio com a Resgacti que além da cessão e manutenção do espaço das Gomeiras, passou a fornecer 90 litros de gasolina para apoio aos trabalhos da Resgacti no município. Em novembro de 2013, foi firmado convênio com a Prefeitura de Brazópolis, que repassa verbas para a Resgacti realizar castrações em cadelas e gatas pertencentes à população de baixa renda e das que estão abandonadas, além da retirada, acolhimento e encaminhamento para adoção de animais de rua. Nestas cidades, soluções estão sendo propostas para minimizar o problema do animal de rua, que não deixa de ser também uma questão de saúde pública. O que demonstra que parcerias do poder público, associações e sociedade podem sim fazer a diferença na cidade. A associação também é bastante solicitada para verificar denúncias de maus-tratos de animais. Nestes casos a Ong procura o proprietário do animal e tem uma conversa procurando orientar a pessoa de como tratar seu animal e das penas que a pessoa pode sofrer se houver denúncia à polícia. Bem, aqui temos um exemplo de cooperação do reino humano para a preservação da vida, e aproveitamos este exemplo para parabenizar o trabalho de milhares de outras Ongs e milhões de pessoas que se engajam na causa da preservação planetária, incluímos aqui as boas políticas públicas e projetos de empresas.

Naturale junho/julho - 2014


Ministério do Meio Ambiente lança oito cursos a distância para formar 10 mil pessoas Cursos sobre cidadania e sustentabilidade socioambiental serão realizados pela plataforma Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) Por Tinna Oliveira (MMA)

O Ministério do Meio Ambiente (MMA) vai promover, neste ano, oito cursos a distância sobre cidadania e sustentabilidade socioambiental. A previsão é formar 10 mil pessoas até dezembro deste ano. Os cursos serão realizados por meio da plataforma Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA). O objetivo é ampliar o acesso de diversos públicos interessados nos processos de formação e capacitação desenvolvidos pelo MMA. O diretor de Educação Ambiental, Nilo Diniz, explica que o MMA e suas entidades vinculadas procuram, na atualidade, articular e potencializar a capacidade institucional de formação e capacitação, ampliando a base social da política ambiental no país. “Este é o propósito desses cursos, que, por meio de uma nova plataforma virtual e de metodologias específicas, se somam a outras formações presenciais em andamento, bem como a processos participativos, como os conselhos e as conferências nacionais de meio ambiente, tanto a versão adulto, quanto a versão infanto-juvenil", enfatiza. Em julho, serão realizados dois cursos. O primeiro aborda questões que visam qualificar e reduzir o consumo infantil. O curso Criança e Consumo Sustentável” tem como público-alvo as mães e os pais. Serão 20 horas de curso para duas mil vagas. O curso Estilo de Vida Sustentável ”tem como objetivo trabalhar uma nova perspectiva de

Naturale junho/julho - 2014

qualidade de vida com base em padrões sustentáveis. São duas mil vagas para qualquer pessoa interessada no tema. O curso tem carga de 20 horas. De agosto a dezembro, será realizado o curso Formação de agentes populares de educação ambiental na agricultura familiar, com duas mil vagas. O objetivo é colaborar com a formação de lideranças do campo e técnicos de instituições que atuam com educação ambiental e agricultura familiar. O curso visa auxiliar no desenvolvimento de processos formativos e de mobilização nos territórios em favor da regularização ambiental, da adoção de práticas agroecológicas e sustentáveis e do enfrentamento de questões e conflitos socioambientais. A iniciativa é destinada aos agentes de assistência técnica e extensão rural (Ater), lideranças de movimentos, sindicatos, associações, técnicos de organizações não governamentais (ONG), pastorais, prefeituras, órgãos públicos, empresas, professores, jovens, ambientalistas, animadores culturais. O curso compreende 120 horas de aula. Apoio à implantação do Programa de Educação Ambiental e Agricultura Familiar (PEAAF) nos Territórios” é o tema da quarta capacitação, que busca refletir sobre questões relacionadas à temática socioambiental no campo. Podem participar gestores públicos estaduais e municipais e representantes de instituições que atuam com educação ambiental

e agricultura familiar. Será ministrado de setembro a novembro, com 60 horas de duração e 300 vagas disponíveis. O curso que aborda as estratégias de implantação do programa Agenda Ambiental na Administração Pública, destinado aos gestores de órgãos governamentais, acontecerá de agosto a setembro. Serão disponibilizadas duas mil vagas e o curso durará 20 horas. Igualdade de Gênero e Sustentabilidade” é o tema da sexta capacitação, aberta a todos os interessados. Ocorrerá de setembro a outubro, com mil vagas e 20 horas de duração. Também será realizado um curso de formação de conteudistas em educação a distância. A proposta é realizar a formação técnica sobre estratégias e metodologias de desenvolvimento de conteúdos na linguagem à distância. O curso é destinado aos servidores do MMA e das unidades vinculadas, além de representantes de instituições que atuam com ensino a distância. Será ministrado de outubro a novembro, com 20 horas de duração e 500 vagas disponíveis. O último curso tem o intuito de apresentar as etapas necessárias para elaboração dos Planos Municipais de Resíduos Sólidos para os gestores públicos municipais. Será realizado em novembro, com 200 vagas e 20 horas de duração. As inscrições serão abertas em julho pelo site www.mma.gov.br. Fique atento!

17


O Movimento Maio Amarelo nasceu com uma só proposta: chamar a atenção da sociedade para o alto índice de mortos e feridos no trânsito de todo o mundo. O objetivo do movimento é uma ação coordenada entre Poder Público e a sociedade civil. A intenção é colocar em pauta o tema da segurança viária e, mais do que chamar a atenção da sociedade sobre os altos índices de mortos, feridos e sequelados permanentes no trânsito do país e do mundo, é mobilizar o envolvimento dos órgãos de governos, empresas, entidades de classe, associações, federações, sociedade civil organizada para, fugindo das falácias cotidianas e costumeiras, para efetivamente discutirem o tema, engajarem-se em ações e propagarem o conhecimento, abordando toda a amplitude que o tema exige, nas mais diferentes esferas. Acompanhando o sucesso de outros movimentos, como o “Outubro Rosa” e “Novembro Azul”, os quais, tratam do câncer de mama e próstata, o “Maio Amarelo” estimula atividades voltadas a conscientização, ao amplo debate das responsabilidades e avaliação de riscos sobre o comportamento de cada cidadão, dentro de seus deslocamentos diários no trânsito.

18

A escolha propositada do laço AMARELO como símbolo do Movimento vai ao encontro da necessidade da sociedade tratar os acidentes de trânsito como uma verdadeira epidemia e, consequentemente, acionar cada cidadão a adotar as cautelas e prudência hábeis a poupá-lo de ser uma vítima. A motivação para o Movimento Maio Amarelo não é novidade para a sociedade. Muito pelo contrário, é respaldada em argumentos de conhecimento público e notório, mas comumente desprezados sem a devida reflexão sobre o impacto na vida de cada cidadão. A participação e envolvimento de todos os comprometidos com o bemestar social, educação e segurança é importante para levantar essa bandeira e dar início à mudança de atitude no trânsito e na “atenção pela vida”. Neste primeiro mês de divulgação, o Movimento alcançou resultados expressivos, mais de 600 mil pessoas mobilizadas no Brasil. O trabalho continua para que um número cada vez maior de pessoas estejam conscientes da importância da sua participação por um trânsito seguro e com ATENÇÃO PELA VIDA.

Sobre a Década de Ação para Segurança no Trânsito A Assembleia Geral das Nações Unidas editou, em março de 2010, uma resolução definindo o período de 2011 a 2020 como a “Década de Ações para a Segurança no Trânsito". O documento foi elaborado com base em um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) que contabilizou, em 2009, cerca de 1,3 milhão de mortes por acidente de trânsito em 178 países. Aproximadamente 50 milhões de pessoas sobreviveram com sequelas. São três mil vidas perdidas por dia nas estradas e ruas ou a nona maior causa de mortes no mundo. Os acidentes de trânsito são o primeiro responsável por mortes na faixa de 15 a 29 anos de idade, o segundo na faixa de 5 a 14 anos e o terceiro na faixa de 30 a 44 anos. Atualmente, esses acidentes já representam um custo de US$ 518 bilhões por ano, ou um percentual entre 1% e 3% do produto interno bruto de cada país. Se nada for feito, a OMS estima que 1,9 milhão de pessoas devem morrer no trânsito em 2020 (passando para a quinta maior causa) e 2,4 milhões, em 2030. Nesse período, entre

Naturale junho/julho - 2014


20 milhões e 50 milhões de pessoas sobreviverão aos acidentes a cada ano com traumatismos e ferimentos. A intenção da ONU com a "Década de Ação para a Segurança no Trânsito" é poupar, por meio de planos nacionais, regionais e mundial, cinco milhões de vidas até 2020. O Brasil aparece em quinto lugar entre os países recordistas em mortes no trânsito, precedido por Índia, China, EUA e Rússia e seguido por Irã, México, Indonésia, África do Sul e Egito. Juntas, essas dez nações são responsáveis por 62% das mortes por acidente no trânsito. O problema é mais grave nos países de média e baixa renda. A OMS estima que 90% das mortes acontecem em países em desenvolvimento, entre os quais se inclui o Brasil. Ao mesmo tempo, esse grupo possui menos da metade dos veículos do planeta (48%), o que demonstra que é muito mais arriscado dirigir um veículo – especialmente uma motocicleta – nesses lugares. As previsões da OMS indicam que a situação se agravará mais justamente nesses países, por conta do aumento da frota, da falta de planejamento e do baixo investimento na segurança das vias públicas. De acordo com o Relatório Global de Segurança no Trânsito 2013, publicado pela OMS recentemente, 88 países membros conseguiram reduzir o número de vítimas fatais. Por outro lado, esse número cresceu em 87 países. A chave para a redução da mortalidade, segundo o relatório, é garantir que os estados-membros adotem leis que cubram os cinco principais fatores de risco: dirigir sob o efeito de álcool, excesso de velocidade, não uso do capacete, de cinto de segurança e de cadeirinhas. Apenas 28 países, que abrigam 7% da população mundial, possuem leis abrangentes nesses cinco fatores. O relatório destaca que: ªª89 países, cobrindo 66% da população mundial, têm legislação com relação a beber e dirigir, com limite

Naturale junho/julho - 2014

de álcool no sangue de 0.05g/dl ou menor, conforme recomendado pela OMS; ªª90 países, cobrindo 77% da população mundial, têm leis que obrigam o uso de capacete; ªª111 países, cobrindo 69% da população mundial, têm leis que obrigam o uso do cinto de segurança para todos os ocupantes; ªª96 países, cobrindo 32% da população mundial, têm uma legislação para cadeirinhas. O documento também aponta que na maioria dos países – mesmo alguns

daqueles com melhores resultados – a aplicação das leis é inadequada. Alguns grupos foram identificados como aqueles com maior risco de morrer em acidentes de trânsito: ªª59% das vítimas fatais estão na faixa etária dos 15 aos 44 anos, e 77% são homens; ªªpedestres e ciclistas representam 27% de todas as mortes no trânsito. Em alguns países, esse percentual é superior a 75%, resultado de décadas de negligência com a segurança desses usuários nas políticas públicas, em favor do transporte motorizado.

Em ação A Diagrarte Editora e a Revista Naturale fazem parte do Movimento Maio Amarelo e passarão a trazer dicas de segurança no trânsito em suas edições, pois acreditam que a melhoria do trânsito depende da conscientização e ação de cada indivíduo, independente da idade. Nesta edição, além de apresentar o Maio Amarelo com as informações acima, fornecidas pela organização do movimento, dá a seguir algumas dicas elaboradas em parceria com Renata Nunes do CFC Minasul de Itajubá (MG). 1. Manutenção preventiva – É de responsabilidade do condutor a avaliação do estado em que se encontra seu veículo, por isso é de suma importância fazer a avaliação periódica dos pneus, da sinalização luminosa (faróis, setas, lanternas, luz de freio), do sistema de suspensão, amortecedores, freios, limpadores de para-brisas, além é claro de estar atento ao nível do combustível. 2. Ao dirigir em condições adversas de tempo fique atento a: Em caso de neblina, em que a visibilidade diminui, recomenda-se ligar o farol baixo e só parar em locais com acostamento sinalizando com o pisca alerta. Em caso de chuva, a pista molhada diminui a aderência entre os pneus e o solo, o que pode gerar aquaplanagem e perda de controle do veículo. Diminua a velocidade e freie com cuidado. 3. Sempre mantenha distância do carro da frente e não ultrapasse em locais proibidos. Observe e respeite os limites de velocidade da via. 4. CICLISTAS ATENÇÃO: trafeguem nas ciclovias e quando estas não existirem, permaneçam próximos à guia. Bicicleta também é um veículo, então respeitem as sinalizações de trânsito. 5. PEDESTRES, a faixa é o local mais seguro para sua travessia, dê preferência a ela. 6. CONDUTORES, não estacionem em local proibido, pois estará dificultando o fluxo da via e colocando os demais em situação de risco. Lembrem-se pedestres, ciclistas, motociclistas e condutores, todos nós fazemos parte do trânsito e interagimos diretamente com ele, então se cada um fizer a sua parte e souber ser gentil com o próximo, certamente tornaremos o trânsito de nossa cidade melhor! Faça sua parte todos os dias! A Atenção pela Vida Agradece!

19


Pesquisas afirmam que

mascar chiclete em excesso pode causar dores de cabeça severas em crianças e adolescentes Pela Dra. Gracia Costa Lopes

Uma pesquisa realizada por Nathan Watermberg MD, no Department Pediatrics, Meir Medical Center, e publicado em Janeiro de 2014, na revista Pediatric Neurology, demonstrou que o uso excessivo de chiclete pode ser um fator precipitante de dor de cabeça em crianças e adolescentes, devido ao uso excessivo da articulação temporomandibular (ATM), responsável pelo movimento de abertura e fechamento da boca.

Imagem: Google

Dores de cabeça são comuns na infância e se tornam mais comuns e frequentes durante a adolescência, especialmente entre as meninas. Fatores desencadeantes de dor de cabeça são o estresse, cansaço, falta de sono, calor, jogos de vídeo games, ruído, luz solar, tabagismo, falta de refeições e menstruação. Há pouca pesquisa médica sobre a relação entre o chiclete e a dor de cabeça.

excessivo em que a pessoa masca o chiclete. Acredita que o aspartame é uma causa improvável pois a quantidade existente no chiclete é baixa e o mesmo tende a perder o sabor após alguns minutos. Em sua pesquisa, ele recrutou 30 adolescentes com idade média de 16 anos com dor de cabeça crônica e uso excessivo de chiclete que responderam a um questionário de características de dor de cabeça, triggers points, história familiar de dor de cabeça e hábitos de mascar chiclete. Estes pacientes concordaram em parar por um mês de mascar chiclete,

19 deles relataram que a dor de cabeça desapareceu totalmente, em 7 deles ocorreu diminuição da intensidade da dor. Para testar o resultado, 26 deles concordaram em retornar a mascar chiclete durante 2 semanas e todos eles relataram um retorno dos sintomas de dor de cabeça.

Os pesquisadores encontraram apenas duas referências anteriores na literatura que demonstravam os motivos desencadeadores de dores de cabeça: o uso excessivo de chiclete e a presença do aspartame, que é um adoçante artificial presente no chiclete.

O uso excessivo de chiclete pode levar a uma sobrecarga na ATM gerando um microtrauma nos músculos da mastigação e juntamente com outros fatores como oclusão, fatores sistêmicos e psicológicos e até genéticos podem então desencadear uma disfunção na articulação temporomandibular (DTM muscular) induzindo a uma cefaleia secundária.

Watemberg et al. sugeriu que a relação de chiclete e dores de cabeça está mais ligada ao tempo

Existem vários tratamentos para a DTM, mas para que seja eficaz, o diagnóstico deve ser preciso. Assim, uma consulta com um neurologista e um especialista em DTM e Dor Orofacial é sempre indicada.

os n a 7 2 erruptos

inint r no a pre o sem e com a! meir a pri

98,7 Mhz

A rádio do jeito que você gosta!

(35) 3622-4649

Sempre levando até você notícias relevantes e músicas de qualidade.

www.jovemfm.com.br (programação ao vivo pela internet e atualização diária de notícias) e-mail: jovemfm@jovemfm.com.br

20

Naturale junho/julho - 2014




Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.