Naturale - 15a edição

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Domingos Tótora - Studio de Arte e Design

Caro leitor Nesta edição trazemos como tema “A arte de reciclar” e mostramos artistas plásticos, designers, artesãos, que produzem peças belíssimas tendo como matéria prima, o papel, o papelão, as fibras naturais, a madeira e móveis descartados pelas ruas ou nos lixões das cidades, transformando-os de maneira criativa em algo novo e útil. Foi gratificante conhecer estas belas pessoas que nos trazem o belo através de sua arte, mostrando assim suas almas boas e comprometidas com o bem do planeta. A “arte de reciclar” também passa por caminhos que nos levam ao poder público com programas de incentivo à coleta seletiva, à Política Nacional de Resíduos Sólidos aprovada no Congresso Nacional, a questões sociais de geração de renda de inúmeras pessoas que hoje vivem do “lixo”, às indústrias que precisam fazer o descarte correto de seus resíduos e podem contar com o Programa Nacional de Simbiose Industrial, ao comércio que alimenta diariamente o descarte de embalagens e afins e ao conhecimento através de pesquisas científicas que obtém também no “lixo” a matéria prima para novos produtos industrializados, como por exemplo, a pesquisa anunciada recentemente do tijolo feito com lixo orgânico, em Araraquara/SP. Segundo o químico que desenvolveu a técnica, Marcelo dos San- tos, “o custo para a fabricação de cada tijolo com a nova composição pode cair pela metade, já que o produto originado pelo lixo doméstico é autossustentável e pode substituir até 50% da areia e 30% do concreto utilizados na produção convencional”. Juntam-se aqui outros materiais como a madeira plástica hoje industrializada em larga escala e que retira dos lixões vários tipos de plástico, as telhas ecológicas feitas de fibras e as produzidas com embalagens de pasta de dente, o asfalto ecológico que tem pneus descartados em sua composição, entre tantos outros produtos que reciclam materiais com grande eficiência. Voltando aos caminhos trilhados, passamos também pelos produtores rurais que podem produzir adubo orgânico e aderir a técnicas menos poluentes, evitando a contaminação da terra e da água e de todos os alimentos produzidos para animais ou humanos com adubos químicos. Em nossa casa, percorremos este caminho, no consumo integral dos alimentos aproveitando cascas, talos e sementes, na separação dos resíduos secos dos orgânicos e porque não dizer pela transformação do nosso próprio lixo orgânico em adubo para o jardim. Sim, todos temos um caminho comum a trilhar, independente de nossa área de atuação, todos moramos no mesmo planeta e utilizamos seus recursos, bem como geramos resí- duos que precisam ser destinados de forma adequada. Que possamos abrir a janela de nossos olhos e ampliarmos nosso modo de ver e relacionar com tudo que nos rodeia de forma criativa, bela e sustentável. Boa leitura a todos! Elaine Pereira

Naturale 15a edição Junho/Julho - 2012

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Quem quer ser sustentável? Cidades Criativas — do desejável ao possível A arte de reciclar Lixo pode virar insumo e se transformar em renda Licenciamento ambiental Gema, compromisso com a sustentabilidade Lixo orgânico caseiro vira adubo Danos ambientais, o que pode ser feito? Aproveitando cascas, talos e sementes... Reciclagem na geração de energias renováveis A importância das cores Programa Produção Associada ao Turismo nos Caminhos do Sul de Minas Piranguinho faz o maior Pé-de-moleque do mundo Transforme seus sonhos em realidade Biomateriais: quando o homem cria ciborgues à sua imagem Curso G9, em parceria com a Facesm, cria Clube de Xadrez em Itajubá Dicas para uma boa saúde bucal

24 Vamos conhecer Carmo de Minas

expediente Naturale é uma publicação da DIAGRARTE Editora Ltda CNPJ 12.010.935/0001-38 Itajubá/MG Editora: Elaine Cristina Pereira (Mtb 15601/MG) Colaboradores Articulistas: Alvaro Antonio Alencar de Queiroz, Ana Carla Fonseca, Anderson Costa Lopes, Bill Souza, Cláudia Tavares S. Stancioli, Cleber Marinho, Dra. Gracia Costa Lopes, Gilvane Alves Moreira, Luiz Otávio Guimarães Mendes, Maria Cecília Mendes, Maria Cristina R. Meirelles, Ronaldo Abranches e Silvano Silvério Costa, Revisão: Marília Bustamante Abreu Marier Projeto Gráfico: Elaine Cristina Pereira Foto capa: Cleber Miranda, Peças de Domingos Tótora Vendas: Diagrarte Editora Ltda Impressão: Resolução Gráfica Ltda Tiragem: 2.500 exemplares impressos e 10.000 eletrônico Distribuição Gratuita em mídia impressa e eletrônica Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores. Direitos reservados. Para reproduzir é necessário citar a fonte. Venha fazer parte da Naturale, anuncie, envie artigos e fotos. Faça parte desta corrente pela informação e pelo bem. Contate-nos: (35) 9982-1806 e-mail: revistanaturale@diagrarte.com.br Acesse a versão eletrônica: www.diagrarte.com.br Impresso no Brasil com papel originado de florestas renováveis e fontes mistas.

Apoio para distribuição


A revista Naturale Meio Ambiente Em evento oficial de abertura da XIV Semana do Meio Ambiente em Itajubá/MG, realizado em 4 de junho, a Prefeitura através da Secretaria de Meio Ambiente e do CODEMA (Conselho Municipal de Conservação, Defesa e Desenvolvimento do Meio Ambiente) homenageou personalidades e entidades ligadas à preservação do Meio Ambiente. Receberam a homenagem o comandante do agrupamento da Polícia Militar Ambiental, terceiro-sargento Máximo Rodrigues de Souza; o parceiro do Meio Ambiente, Sebastião Paulino Costa Simões; a empresa Copasa, representada pelo gerente distrital, Tales Augusto Noronha Mota e a Revista Naturale, representada pela editora Elaine Cristina Pereira que recebeu do presidente do CODEMA, o Sr. Edmilson da Silva Santos, “o certificado ‘Amigo do Meio Ambiente’, em virtude da dedicação, empenho e trabalho em prol do meio ambiente em nosso Município”. O prefeito Jorge Renó Mouallem falou em seu pronunciamento sobre a importância da educação no trabalho com o meio ambiente e que a revista Naturale contribui como veículo informativo e educativo nesta área. A Secretária do Meio Ambiente Andriane Tavares ressaltou que “a educação ambiental é primordial na conscientização e preservação dos recursos, tanto para crianças como para adultos, e que a revista Naturale com seu alcance tem contribuído muito nesse sentido”. A editora Elaine Pereira agradeceu “o reconhecimento pelo trabalho da Naturale, pois esta homenagem sinaliza o quão importante é desenvolver um projeto informativo de distribuição gratuita que leva a milhares de leitores, independente de localização e classe social, informações que visam também uma melhor qualidade de vida. Compartilho esta homenagem com todos os colaboradores e parceiros da Naturale”. A revista Naturale será homenageada em 17 de junho pela Academia Itajubense de Letras. Segundo sua presidente Maria de Lourdes Maia Gonçalves “a conservação, a proteção adequada e a racionalização no uso dos recursos naturais deve ser prioridade em nossas ações cotidianas. Deve pontuar o limite das atividades explorativas e transformadoras da paisagem, dentro do contexto do progresso e da consciência ecológica, como preconiza, com seriedade e conheci-

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Natanael Gonçalves

é homenageada no mês do

Vice-prefeito, Laudelino Augusto; a revisora, Marília Marier; a Secretária de Meio Ambiente, Andriani Tavares; a editora da revista Naturale, Elaine Pereira, o prefeito, Jorge Renó Mouallem e o presidente do CODEMA, Edmilson da Silva Santos.

mento, a Revista Naturale que, por estas razões, será homenageada na pessoa de sua editora, Elaine Cristina Pereira, neste mês de junho pela Academia Itajubense de Letras”. A editora Elaine Pereira agradece desde já “o reconhecimento dos acadêmicos que tão conhecedores das Letras e dos valores para a conservação do meio ambiente nos prestam esta homenagem e incentivo”. A revista Naturale também esteve presente com distribuição de exemplares no IV Salão Mineiro de Turismo, realizado nos dias 18 e 19 de maio, no Minas Centro, em Belo Horizonte, através do Circuito Turístico Caminhos do Sul de Minas, e na II Festa da Semente Biodinâmica e Orgânica do Sul de Minas, organizada pela Associação de Produtores Orgânicos e Biodinânicos Serras Verdes, realizada em 2 de junho na cidade de Córrego do Bom Jesus.

A revista Naturale é uma publicação da Diagrarte Editora, com periodicidade bimestral e distribuição gratuita por meio impresso e eletrônico. Todas as edições estão disponíveis na página www.diagrarte.com.br. Faça você também parte desta corrente de informação pelo bem. Contate-nos pelo telefone (35) 9982-1806 ou pelo e-mail: revistanaturale@diagrarte.com.br

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Martim Garcia / MMA

Quem quer ser

sustentável? Por Silvano Silvério Costa

Não há um único gestor municipal neste país que saia em defesa dos lixões ou aterros inadequados de sua cidade. Se existe um consenso nos mais de 4 mil municípios ainda sem disposição adequada, ele é em torno da necessidade de dar a destinação adequada aos resíduos sólidos. É por isso que o Congresso Nacional rompeu uma letargia de quase 20 anos e aprovou a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), sancionada em seguida pelo Palácio do Planalto e regulamentada em menos de cinco meses. Ambos os instrumentos legais, Lei e Regulamento, são consistentes e factíveis. Vão trazer não apenas a redução do impacto ambiental, mas em 2010 cerca de 23% das cidades destambém a inclusão, com a geração de emprego e renda e em consequência a redução tinaram seus resíduos urbanos a aterros controlados e apenas 27% em aterros da pobreza extrema. A revolução a que se propõe a PNRS não está restrita ao manejo e à destinação sanitários adequados. Partindo do princípio de que o cho- ambientalmente adequada dos resíduos sólidos. Pretende alterar o modus operandi das empresas, citando nominalmente dez cadeias produtivas e o setor público, e afeta rume resultante da decomposição do li- radicalmente as relações de consumo, aquelas práticas não sustentáveis que as pes- xo orgânico dos resíduos sólidos urbasoas desprezam, mas não abandonam. No entanto, pode-se afirmar, sem exageros, nos contamina o lençol freático e que o que sua implementação estabelece um novo horizonte para os pactos sociais, pela gás metano não é coletado convenien- sustentabilidade urbana no Brasil e para as economias locais. Todos querem ser eco- temente, estima-se que 73% dos municípios ainda dispõem os seus rejeitos e logicamente corretos. resíduos de forma ambientalmente inaA lei diz respeito não apenas aos “Estão previstos R$ 42 milhões dequada. Agrava o quadro, o fato de os resíduos sólidos urbanos, mas também para viabilizar os planos de coleta lixões e aterros controlados servirem a aos de estabelecimentos comerciais e atividades de subsistência dos catadoprestadores de serviços, aqueles gerados seletiva em 153 municípios que res, expondo milhares de pessoas ao pelos serviços públicos de saneamento compreendem aqueles situados contato com resíduos químicos perigobásico, os industriais, dos serviços de sos, lixo hospitalar e à convivência com saúde, do transporte, da construção ciem regiões metropolitanas e animais vetores de doenças infectoconvil, da mineração e até os resíduos do tagiosas. outros mais populosos, todos que campo. Cada caso exigirá uma logística A separação do lixo seco do molhaespecífica a ser pactuada entre govercontam com aterros sanitários.” do, alvo de uma campanha de utilidade nos, empresas, municípios e a sociedade pública do Ministério do Meio Ambiente civil. Os planos de gestão estão sendo construídos com o apoio do Ministério em 2011, ainda está longe de produzir os efeitos desejados. O resultado da falta de cuidado da população é o baixo índice de reciclagem dos resíduos sólidos gerados. do Meio Ambiente. Em março deste ano, o Ministério A PNSB de 2010 identificou que pouco mais de 15% dos municípios contam com colocou à disposição dos quase 4 mil programa de coleta seletiva. Já o Sistema Nacional de Informações em Saneamento (SNIS/SNSA/MCidades) prefeitos, atentos ou não para a obrigatoriedade dos prazos legais da PNRS, o identificou que programas de coleta seletiva dos municípios retiraram das unidades Manual de Orientação para Elaboração de disposição final menos de 3% dos resíduos. O País recicla apenas 13% dos resí- dos Planos de Gestão de Resíduos Sóli- duos que são gerados, segundo dados do Cempre. O potencial de reaproveitamen- dos. Números da Pesquisa Nacional por to, de acordo com o Relatório de Pesquisa do Ipea/MMA, elaborado sob encomenda Amostragem de Domicílios (PNAD) do em 2010, é 30,4%. Estamos diante de enormes desafios. Para prevenir e reduzir a geração dos resíIBGE dão conta de que 97% das cidades brasileiras estão cobertas por serviços de duos sólidos é preciso mudar hábitos de consumo em um país em desenvolvimento, coleta domiciliar dos resíduos sólidos. O que assiste à entrada de 1 milhão de novos consumidores a cada ano. A eliminação desafio da PNRS é fazer com que 49% dos lixões e o aumento da disposição adequada dos rejeitos requerem o engajamendos municípios destinem adequadamen- to sem precedentes dos prefeitos, governadores, do setor privado e da população. te os seus resíduos sólidos e disponham, Quanto ao aproveitamento do potencial da reciclagem e da reutilização dos resíduos de forma ambientalmente adequada, os sólidos e do sistema de logística reversa só serão possíveis com a mudança de valores por parte do empresariado e a adoção de novos patamares de valoração econômica. seus rejeitos. A Pesquisa Nacional de Saneamen- Com muita propriedade, a Lei buscou diferenciar resíduos (aquilo que tem valor ecoto Básico, também do IBGE, revelou que nômico, que pode ser reciclado ou reaproveitado) de rejeitos (aquilo que não pode

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Silvano Silvério Costa, Diretor do Departamento de Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente.

Cidades Criativas do desejável ao possível Por Ana Carla Fonseca

Em busca de um antídoto para os problemas urbanos? Entra em cena

a criatividade! Termo ainda nascente no Brasil e adolescente no mundo, uma cidade criativa, seja ela grande ou pequena, antiga ou nova, apresenta três características principais. A primeira é inovação. Não apenas tecnológica, mas também as inovações sociais, Serra do Baturité (Ceará) culturais, aqueles nós em pingo d’água que o brasileiro é tão versado em dar e que acabam transformando o limão em uma limonada. Não há dinheiro para comprar material de construção? Eis que surge um alpendre com o material que está à mão. E não é que ele pára em pé? Inovação é criatividade posta em prática, para transformar problemas em soluções. O segundo traço das cidades criativas é conexão. As conexões, aqui, são de várias ordens: entre público e privado (já que um sem o outro não consegue resolver muito), entre áreas da cidade (de modo que todos se apropriem e zelem pelo espaDoces artesanais (Carmo do Rio Claro/MG) ço de todos), entre passado e futuro (entendendo que, para projetar o futuro, é preciso entender o passado). A maior conexão da cidade criativa é consigo mesma, entendendo o que tem de diferencial, reconhecendo e valorizando suas diversidades, inclusive como forma de criar produtos e serviços impossíveis de copiar. Por fim, uma cidade que se pretende criativa percebe o valor da cultura como essência identitária, mas também como geradora de recursos econômicos (basta pensar nas festas, na gastronomia e em quanto as atividades artísticas movimentam). Acima de tudo, a cultura é fundamental para despertar novos pontos de vista, ampliar os horizontes e os repertórios das pessoas e atiçar um sentimento permanente de questionamento e curiosidade, matérias-primas da criatividade. Quão mais criativas forem as pessoas que moram em uma cidade, mais criativa será a cidade, mais rica e diferencial será a economia e, com isso, mais realizadas as pessoas serão. Viva a criatividade! Fotos: Ana Carla Fonseca

ser reaproveitado ou reciclado). A PNRS institui um conjunto de princípios, objetivos, instrumentos e metas importantes para sua implementação e vai além, fixando prazos. O princípio do poluidor pagador é norteador das determinações. Ao atribuir responsabilidade compartilhada a fabricantes, importadores, comerciantes, distribuidores, cidadãos e titulares dos serviços de limpeza pública e manejo de resíduos sólidos urbanos pelo ciclo de vida dos produtos, prescreve também as sanções para quem desrespeitar a lei e seus prazos. O MMA gastou R$ 36 milhões o ano passado para apoiar estados e municípios na elaboração de 35 planos de gestão de resíduos em 17 estados e 18 arranjos de municípios, que permitirão com que municípios e consórcios intermunicipais busquem financiamentos junto à Caixa Econômica para implantarem a gestão correta. Estão previstos R$ 42 milhões para viabilizar os planos de coleta seletiva em 153 municípios que compreendem aqueles situados em regiões metropolitanas e outros mais populosos, todos que contam com aterros sanitários. Os prazos são relativamente curtos em face da complexidade exigida para a plena execução das metas. A erradicação dos lixões a céu aberto, com a disposição final adequada dos rejeitos, deve ser implantada, como determina a PNRS, até agosto de 2014. A Lei de Crimes Ambientais passou a ser aplicável aos casos em que resíduos forem dispostos em lixões mediante laudo de constatação, com responsabilização dos prefeitos e multas para os municípios em desacordo com a legislação e com seus prazos. A responsabilidade ambiental não é dever apenas do estado, mas também do cidadão.

Ana Carla Fonseca é economista e urbanista. Diretora da Garimpo de Soluções, tem nove livros publicados, e é consultora e palestrante internacional em economia criativa e cidades criativas.

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A arte de

reciclar Por Elaine Pereira

Por dom, por inspiração ou soltando a criatividade com os materiais que se tem a mão, vemos a cada dia uma gama de peças de design e de artesanato que além de belas, práticas, funcionais, estão dentro da economia verde, ou seja, contribuem com a preservação do meio ambiente, geram renda e chegam inclusive a fazer um trabalho socioeducativo. Vamos compartilhar aqui algumas destas peças, sim, pois são inúmeros os artistas que com suas mãos transformam em beleza, o que para muitos seria apenas material para ser descartado. Um verdadeiro Dom... Papelão, jornal e saco de cimento vazio são ingredientes para o preparo do papel machê, palavra originada do francês papier mâché, significa papel picado que misturado com água e cola resulta em uma massa que pode ser moldada de diversas formas. Esta técnica se desenvolveu na China, por volta de dois séculos antes de Cristo, e também em re- giões das antigas Pérsia e Índia. Na Europa deu forma a peças decorativas e máscaras, curioso é que na Noruega foi construída uma igreja toda feita em papel machê, que durou 37 anos em ótimas condições. Segundo Domingos Tótora, designer premiado internacionalmente, “o papel vem da madeira e com o trabalho da reciclagem ele volta a origem... volta a ser madeira novamente”, haja vista a resistência que o papel machê adquire. Hoje, diferentemente dos primórdios, os milhões de toneladas de papel e papelão produzidos se tornaram um farto ingrediente para a confecção de peças que vão desde máscaras e artesanatos de pequeno porte até peças de design e móveis. Com isso muitos artistas tem feito pesquisas para aprimorar esta massa, incorporando a ela outros materiais e texturas, como as fibras vegetais, por exemplo. Domingos Tótora desenvolve seu trabalho em Maria da Fé/MG, sua oficina conta com oito funcionários e seu consumo mensal de papelão chega a 800 kg. Ele utiliza boa parte do papelão descartado pelo comércio local, mas também compra na cidade vizinha. Entre peças de decoração e móveis de design arrojado, Domingos tem participado de diversas exposições internacionais e recebeu prêmios como: Prêmio Craft+Design e Menção Honrosa pelo trabalho focado em Ação sócioambiental; Prêmio Objeto Brasileiro na categoria Objeto de Produção Autoral; Prêmio Top XXI — Mercado Design na categoria Design Sustentável; Brazil Design Awards 2009 — Brasil Design Week; Prêmio Design do Museu da Casa Brasileira — categoria mobiliário. Participou das exposições Brit Insurance Designs of the Year 2011 no Design Museum de Londres; Brazilian Design Modern & Contemporary Furniture em Berlim; Alegria — Design Contemporâneo Brasileiro no Design Flanders Galery em Bruxelas e da Casa Cor em São Paulo.

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Fotos: Arquivo dos artistas

Domingos criou há 15 anos o “Projeto Gente de Fibra”, projeto sociocultural envolvendo a comunidade que reúne artesãos de Maria da Fé, que além do papel machê utiliza a fibra de bananeira. Hoje estes artesãos formam a Cooperativa Mariense de Artesanato, também mundialmente conhecida pelas peças que produz.

Peças de Domingos Tótora

Peças da “Oficina Gente de Fibra”

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Entre os elementos misturados ao papel machê o design João Paulo incorpora a borra de café para dar textura e coloração as suas peças, trabalha também com cascas de eucalipto. Utiliza em torno de 350 kg de papelão por mês, adquirido de catadores de sua cidade e região. Suas peças são comercializadas em Maria da Fé/MG e Santo Antônio do Pinhal/SP além de exportar para New York e Israel.

Já Hélio Silvério, de Carmo de Minas/MG, utiliza também no papel machê caixas de ovo e palha de café. Suas peças ganham uma textura muito especial e retratam a cultura cafeeira. A matéria prima é coletada tanto no comércio como nas residências.

José Ronaldo Guerra desenvolve um trabalho interessante de imitação de madeira utilizando cimento, tinta natural a base de terra e polvilho azedo. Um dos principais restauradores das obras do artista plástico português Chico Cascateiro (do início do século XIX), Guerrinha como é conhecido, faz esculturas, elementos decorativos imitando madeira e pedra em construções residenciais e restaura móveis que recolhe nas ruas e no lixão, utilizando esta mesma técnica. Utiliza também restos de madeiras dos cafezais, tão comum em Carmo de Minas.

Outro trabalho interessante é o da artista plástica Adriana Alvarez, móveis e malas antigas, madeira de descarte, vidro, lona, entre outros materiais são sua matéria prima. Adriana nos diz que “o mais bacana é garimpar um objeto ou um móvel que aparentemente estava no final de sua vida útil e com criatividade, técnica e muito trabalho, dar uma cara nova, um novo uso, enfim revitalizar aquela peça que estava esquecida ou abandonada, e que pode se transformar na ‘estrela’ da decoração”.

Já na linha da permacultura, Hélio Brasil, aproveita garrafas de vidro, copos, pratos entre outros objetos junto com adobe (massa a base de terra crua) para criar paredes que além de luz trazem também arte ao ambiente. Fotos: Arquivo dos artistas

Bem, estes são apenas alguns exemplos de artistas que fazem uma produção harmoniosa, aproveitando e reaproveitando recursos disponíveis, com respeito ao meio ambiente e que com muita criatividade manifestam a beleza em suas mais variadas formas, cores e texturas, produzindo uma experiência única e despertando os sentidos dos que entram em contato com suas peças.

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e se transformar em renda Por Cláudia Tavares S. Stancioli

Nada se perde, tudo se transforma. A máxima, hoje popular, encontra tradução prática em iniciativas de empresas e pessoas que conseguem transformar lixo em fonte de renda. Um exemplo é o projeto Simbiose Industrial, da Federação das Indústrias de Minas Gerais – Fiemg, que coloca frente a frente indústrias de diversos segmentos para que uma identifique oportunidades econômicas no resíduo gerado por outra. “É uma roda de negócios. A empresa oferece o resíduo que ela tem e que pode virar insumo ou matéria-prima em outro ramo”, diz o gerente de meio ambiente da entidade, Wagner Soares Costa. A raiz da palavra simbiose deriva do grego symbiosis e quer dizer vida em comum com o outro. Na natureza é muito comum a associação entre plantas e animais na qual ambas as partes têm benefícios. Em muitos casos se ver livre de materiais sem serventia ou de resí- duos com responsabilidade tem custo alto. Se o material em questão é rea- proveitado, ganham as empresas envol- vidas e o meio ambiente. Em Divinópolis, a empresa Farmax gera acetona como resíduo industrial e tem altos custos para descartá-la. A empresa Colormax se interessou pelo produto para utilização na produção de tinta sintética. O que era lixo tornou-se insumo. Os paletes de madeira antes descartados por uma fundição, gera energia através da queima para outra indústria do mesmo setor. É uma espécie de escambo do século XXI. Recursos como energia, água, pro- dutos, resíduos e até mesmo capacidade técnica, inutilizados ou descartados por uma empresa podem ser aproveitados

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Lixo pode virar insumo

por outra. A ideia aparentemente simples dá resultados financeiros e socioambientais. As possibilidades são infinitas. Para organizar o reaproveitamento de forma otimizada e aproximar empresas, o Sistema FIEMG, em parceria com as Federações dos Estados do Rio Grande do Sul e Alagoas e com o patrocínio do SEBRAE, está implantando o Programa Brasileiro de Simbiose Industrial. O programa foi criado em 2003, no Reino Unido. Intitulado National Industrial Symbiosis Programme (NISP) e financiado pelo governo britânico, conta com cerca de 10 mil empresas. A primeira versão brasileira foi implementada em 2009 na região Centro-Oeste de Minas Gerais. Em 2012 estão sendo realizados eventos em Minas Gerais nas cidades de Betim, Itajubá, Governador Valadares, Uberaba, Uberlândia, Ipatinga, Divinópolis e Montes Claros. Acontecerão ainda cinco eventos no Rio Grande do Sul e dois em Alagoas. Na prática, cada empresa participante precisa se engajar na exploração do seu quadro de recursos e materiais para identificar o que ela efetivamente pode oferecer e o que pretende adquirir. E não apenas insumos: uma empresa pode colocar à disposição um funcionário que fica parte do dia ocioso, um equipamento ou mesmo conhecimento. Cláudia Tavares S. Stancioli, Administra- dora Ambiental especializada em Direito Ambiental e em Tecnologia Ambiental pela UFMG. É Analista Ambiental da Gerência de Meio Ambiente da FIEMG no Núcleo de Resíduos Sólidos e coordenadora do Programa Brasileiro de Simbiose Industrial.


Peça de João Paulo - Design

GEMA,

Licenciamento ambiental Por Elaine Pereira

da no Plano de Gestão de Resíduos das empresas, na qual necessariamente deverá constar os dados dos receptores, caracterização/descrição do resíduo, volume e data. Para que a empresa cadastre os interessados em receber este material, ela pode pedir aos mesmos uma Certidão de Dispensa de Licenciamento Ambiental. Esta certidão pode ser solicitada por artistas plásticos e artesãos com CNPJ ou por cooperativas à SUPRAM da região com o preenchimento do Formulário Integrado de Caracterização do Empreendimento (FCE)”. O FCE pode ser obtido também no site: http://www.semad.mg.gov.br/regularizacao-ambiental/formularios. Abre-se assim um importante caminho para as empresas, pois além de destinarem corretamente seus resíduos, estes podem tomar o caráter social, contribuindo para a geração de renda de muitas pessoas. É claro que se deve ter atenção ao volume de material mensal que cada empresa dispõe, assim pode-se quantificar corretamente se atenderá a um artesão ou a uma cooperativa. Se os resíduos podem ser transformados em peças de arte, móveis e outros utensílios, todos ganham: a indústria por não ter que gastar com a queima do produto, o que de certa forma gera poluição; os que a processam por terem matéria prima para suas peças e assim geram renda; a população de modo geral que se beneficia dos objetos e o planeta que sofre menos com a poluição. A simbiose pode assim abranger um número cada vez maior de pessoas e empresas com um ganho de proporções que talvez ainda não possamos computar, mas que certamente resultará em melhor qualidade de vida.

sustentabilidade Por Bill Souza

Nove empresas associadas ao Sindicato das Indústrias de Itajubá (SIMMMEI) criaram, há dois anos, o Grupo Estratégico de Meio Ambiente (GEMA). O objetivo é reunir e trocar informações e experiências bem sucedidas que são desenvolvidas pelas indústrias da microrregião. Os encontros são mensais. “A criação do GEMA é uma forma de promover estudos na área de gestão ambiental visando a sustentabilidade de nossa cidade e país. São ações que, com certeza, contribuem para termos um planeta mais saudável”, explica a gerente do SIMMMEI, Sandra Márcia Cortez Ribeiro. Desde o seu nascimento, lembra a gerente, o grupo já realizou uma série de palestras sobre o tema e promoveu ações de conscientização junto aos funcionários da indústria, nas escolas públicas e na sociedade. Em 2011, o GEMA trabalhou a questão da reciclagem e coleta seletiva na Semana do Meio Ambiente e promoveu a distribuição e o plantio de mudas no início da Primavera. Nesse ano, o tema escolhido foi o descarte correto do óleo de cozinha, em uma parceria com a empresa Minas Bioenergia. Foi feito campanha de divulgação em emissora de rádio, distribuição de material informativo e contato direto com a população em um estande montado na Praça Wenceslau Braz, no início de junho. Fazem parte do GEMA as seguintes empresas: AEES, Alfresa, Alstom, Balteau, Cabelauto, Fania, Helibras, Mahle e Stabilus. A participação é aberta aos representantes da área de meio ambiente das empresas associadas ao SIMMMEI.

CONTEXTO

Vivemos um momento da história em que a grande descoberta está em criar meios para o reaproveitamento dos recursos existentes e já utilizados, para minimizarmos a exploração dos recursos naturais. A necessidade aliada à criatividade tem aberto novos campos de pesquisa e novas empresas, que a nível individual, de pequeno ou de médio porte, bem como em cooperativas vêm aproveitando resíduos como, por exemplo, madeira e papelão. De outro lado, as indústrias, dentro das normas de Licenciamento Ambiental, precisam fazer um descarte correto de seus resíduos, para tanto precisam declarar para onde os mesmos estão sendo enviados e como estão sendo processados. Este procedimento faz parte do Plano de Gestão de Resíduos das empresas. Ai vem a pergunta: esta destinação pode ocorrer apenas entre as indústrias e com as empresas que tratam de resíduos? Como artistas plásticos e artesãos podem obter este material? Vale ressaltar que em se tratando de resíduos inertes, ou seja, aqueles que devido as suas características e composição físico-química não sofrem transformações físicas, químicas ou biológicas de relevo, mantendo-se inalterados por um longo período de tempo, no caso aqui exposto como o papelão e o palets de madeira, não há impedimento para doação e reutilização ou aproveitamento na montagem de produtos artesanais, desde que os artesãos disponham desses resíduos de forma correta e deem destinação ambientalmente adequada aos mesmos. Segundo o Superintendente Regional de Meio Ambiente — Supram Sul de Minas, Luciano Junqueira de Melo, “a doação desses resíduos deve ser contempla-

compromisso com a

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Lixo orgânico caseiro vira

adubo Por Gilvane Alves Moreira

Fonte: blog Sustentabilidade é Ação

Segundo dados da EMBRAPA, o Brasil produz 241.614 toneladas de lixo por dia, plásticos, fezes de animais domésticos, onde 76% são depositados a céu aberto, em lixões, 13% são depositados em aterros material tratado com produtos químicos, controlados, 10% em usinas de reciclagem e 0,1% são incinerados. Do total do lixo vidro, metal, óleos, não podem ser utiliurbano, 60% são formados por resíduos orgânicos que podem se transformar em zados na compostagem. A compostagem pode ser feita de excelentes fontes de nutrientes para as plantas. Nota-se que cada residência tem potencial para reduzir a grande massa de lixo diversas formas. Entretanto, como a produzida no país, e ainda, produzir adubo orgânico que pode ser utilizado em hortas finalidade é a produção caseira, devee pomares domésticos, jardins e outros. O lixo orgânico é formado por materiais de se utilizar um processo mais simples e origem animal tais como estercos de animais (cavalo, porco, galinha, etc), materiais com materiais de fácil aquisição. Uma de origem vegetal tais como bagaço de cana-de-açúcar, restos de capina, aparas de maneira prática é utilizar tambores plásgrama, restos de folhas do jardim, palhadas de milho e de frutíferas, entre outras. In- ticos de 100 a 200 litros, encontrados clui-se também os restos de alimentos de cozinha, crus ou cozidos, tais como cascas no comércio de reciclagem. Faça alguns furos de meio centímetro de diâmetro de frutas, cascas de legumes, restos de comida, saquinhos de chá, borra de café. na base do tambor para que o líquido A compostagem doproduzido na fermentação (chorume) seméstica é um processo que ja escoado. Coloque o tambor em local não requer conhecimentos de fácil acesso. Se for possível coloque técnicos, é simples, ecoo tambor diretamente sobre o solo. Conomica e ecologicamente mece adicionando algum tipo de palha sustentável, uma vez que seca no fundo do tambor para facilitar a implica na redução dos redrenagem. Após isto, se disponível, adisíduos domésticos enviados cione uma camada de cerca de 5 cm de para o lixo. Transforma todo esterco bovino. Assim, diariamente, adimaterial de origem orgânica cione o lixo produzido de acordo com os em adubo, conhecido como materiais permitidos citados acima, alcomposto orgânico, fertiliternando sempre que possível, materiais zante que pode ser usado verdes ou molhados (cascas de frutas, como nutriente e corretivo legumes, folhas de legumes) com matede solo nos jardins, hortas e quintais. O uso do compos- riais secos (folhas de arbustos e árvores, grama aparada, palhas). Sempre que possível adicione to permite ainda aumentar a esterco na proporção 30%, ou seja, para cada 30 cm de lixo adicionado, adicione 10 cm de esterresistência das plantas con- co. Deve-se sempre molhar um pouco o esterco a fim de melhorar o processo de compostagem. O topo do tambor deve ser completado com palha seca para evitar o aparecimento de insetos. Após tra pragas e doenças. Carnes e queijos, de- completar o volume do tambor, pode-se colocar uma tela para evitar a entrada de pássaros. Em vem ser evitados na com- cerca de 60 a 90 dias o composto estará pronto. Para continuar com este processo diariamente, o postagem para que não ideal é que se tenha mais de um tambor. Assim, ao terminar de encher um, passe para o outro, até haja atração de roedores, que o primeiro tambor fique pronto e seja disponibilizado para uma nova montagem. A sustentabilidade nem sempre depende de atitudes drásticas a serem tomadas, mas sim, na moscas e outros animais indesejáveis. Outros materiais maioria das vezes, em pequenos esforços feitos no dia a dia por cada um de nós. tais como, pilhas, baterias, Gilvane Alves Moreira, especialista em Agricultura Orgânica – FAEPE/UFLA. Sítio Santa Luzia.

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Danos

ambientais, o que pode ser feito? Por Luiz Otávio Guimarães Mendes

Em caso de danos causados ao meio ambiente tais como: lixão em área de preservação ambiental, extração ilegal de minério, retirada de areia de praia, bem como na prevenção de dano em área de preservação permanente e na proteção à fauna (proibição de mortes de animais em centro de controle de zoonoses e pesca ilegal), existe a possibilidade de ser feito um Termo de Ajustamento de Conduta, mais conhecido como TAC, que substitui Processo Judicial ou até mesmo para encerramento deste, para que haja recuperação mais ágil do dano causado ao meio ambiente. Pode ser proposto pelo Ministério Público, União, Estados, Municípios, Distrito Federal. Para que um dos órgãos acima mencionados possa propor o TAC, deve tomar ciência da ocorrência do dano ambiental, procurar o seu causador e com este fazer um acordo no qual toma-se as providências necessárias para a rápida recuperação do dano causado, cominando nele multas capazes de serem cobradas em caso de não cumprimento da obrigação acordada. Caso um cidadão verifique a ocorrência de danos ambientais, deve procurar um dos órgãos legitimados para que estes viabilizem o TAC o quanto antes. O TAC encontra-se previsto na Lei de Ação Civil Pública (Lei 7345/85), em seu art. 5°, §6°: “§ 6° Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais, mediante cominações, que terá eficácia de título executivo extrajudicial”. O Termo de Ajustamento de Conduta é um meio rápido, uma vez que não necessita de Processo Judicial, e eficaz, pois em caso de não cumprimento é possível executar judicialmente as obrigações e multas nele contidas. Diante de todo o exposto pode-se dizer que o TAC é um verdadeiro amigo do meio ambiente. Luiz Otávio Guimarães Mendes, Advogado

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Aproveitando

cascas, talos e sementes... Por Maria Cecília Mendes Atualmente o Brasil enfrenta dois problemas paradoxais: a fome e o desperdício de alimentos, pois o país que produz e exporta milhões de toneladas de alimentos é o mesmo que comporta milhões de pessoas sem acesso a ele em quantidade e qualidade suficientes para suprir suas necessidades diárias. Se por um lado milhares de brasileiros passam fome todos os dias, toneladas de alimentos produzidos são jogadas fora diariamente, seja no processo produtivo, seja nas sobras domésticas. Estima-se que cerca de 30% dos alimentos comprados nos lares tem como destino o lixo. As constantes crises financeiras e a falta de informação afetam diretamente as camadas sociais menos favorecidas, que encontram dificuldades em administrar o valor do ordenado destinado à compra de alimentos e as escolhas, neste momento, são decisivas na economia do lar. A alimentação mais econômica e também a mais saudável é a realizada com alimentos fundamentais como grãos, frutas, verduras e legumes e como solução para uma economia ainda maior, seria o aproveitamento integral destes alimentos, utilizando suas cascas, folhas, talos e sementes. O uso destas partes ‘não convencionais’ deve ser incentivado independentemente das camadas socioeconômicas, pois além de contribuir com a economia doméstica, acrescentam nutrientes importantes e ainda estimula o consumo consciente, com menor geração de lixo orgânico. Apesar disso, grande parte da população ainda tem problemas em adotar essa prática, por preconceito ou por não terem informações claras sobre o valor nutritivo e melhor forma de preparo destes alimentos, e aca-

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bam não aderindo à causa, contrariando todos os conceitos de combate à fome e ao desperdício. A realidade é que o aproveitamento integral dos alimentos ainda é um território a ser explorado. O movimento desta bandeira é discreto, que esconde inúmeros fatores sociais, mas que tem sido divulgado cada vez mais através de campanhas de educação nutricional. Segundo análises químicas, as partes alimentares não convencionais muitas vezes possuem quantidades de nutrientes mais concentrados que no alimento propriamente dito. As cascas são ricas em fibras insolúveis, proteínas, vitaminas e minerais, que melhoram o trânsito intestinal, atuam como antioxidantes (fatores que combatem o envelhecimento celular), antiinflamatórios e aceleram a cicatrização. Os talos e as folhas concentram os níveis de minerais como cálcio, ferro e substâncias funcionais como os carotenóides, importantes para a integridade da pele e visão. Já as sementes podem apresentar proteínas, minerais como magnésio, potássio e zinco, vitaminas do complexo B, importantes para ossos e músculos. Segue uma lista de alimentos e suas partes que normalmente não são usadas, mas que poderiam ser adicionadas na alimentação diária de maneira criativa, a fim de melhorar o aporte vitamínico e de minerais das refeições:  Folhas/ramas de cenoura, beterraba, batata doce, couve-flor, rabanete podem integrar omeletes, tortas, refogados, risotos;  Talos e Cascas de hortaliças como couve flor, couve, brócolis, batata, berinjela, beterraba, abóbora podem compor sopas, saladas, tortas. Cascas e entrecascas de frutas como melão, maracujá, melancia,

goiaba, banana, laranja, mexerica, mamão, maçã, abacaxi, podem ser usadas para confeccionar doces, compotas, geleias...  Sementes de abóbora, melão podem ser torradas e usadas como aperitivos. Agora vamos aprender a fazer uma receita que comprova que aproveitar ‘sobras’ resulta em pratos saborosos!

Torta gourmet de talos Massa: 1½ xícara de farinha de trigo; 1 colher sobremesa de sal; 1 colher de chá de açúcar; ½ xícara de manteiga; 1 ovo; 1 colher de café de fermento em pó; 4 colheres de sopa de leite; (se tiver sobras de casca de abobrinha ou abóbora, pode cortar em tirinhas e acrescentar na massa). Recheio: 1 ricota pequena; 1 colher de sopa de manteiga; ¼ xícara de leite; 1xícara de cascas e talos picados de vegetais que tenha em sua casa; 3 colheres de sopa de queijo parmesão ralado; 1 gema; sal a gosto; 1 dente de alho picado em cubinhos Modo de preparo — Massa: misture a farinha, o sal, o açúcar e a manteiga até formar uma farofa grossa. Acrescente o ovo, o leite e o fermento a misture delicadamente a massa até que não grude nas mãos. Forre o fundo e as laterais de uma forma e asse até ficar seca. Recheio: bata no liquidificador 2/3 da ricota com o alho, o sal, o leite, a manteiga, a gema e o queijo. Depois coloque a ricota restante esfarelada e os talos. Coloque sobre a massa pré-assada e volte para o forno, asse até ficar dourada. Bom apetite! Maria Cecília Mendes, Nutricionista pela Universidade Anhembi-Morumbi. Pós-graduada em Nutrição Humana e Saúde pela UFLA e em Ciências Biológicas pela UFOP. Diretora da Associação Nutrasaúde.

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Reciclagem na geração de

energias renováveis Vamos falar sobre a reciclagem. Em especial, sobre a origem do conceito e sobre a relação da reciclagem com as energias renováveis. Por que o tema reciclagem é tão importante? Vamos encontrar a resposta em uma afirmativa feita por volta de 1770, hoje de uso público: Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma. Esta é a síntese da Lei de Lavoisier. Antoine Lavoisier é considerado o pai da química. Ele observou que o contato entre o oxigênio e uma substância inflamável produz a combustão. Observou, também que nunca se cria a matéria do nada ou se transforma a matéria em nada. Mas, sim, transforma-se algo em uma outra coisa. Este é o Princípio da Conservação da Massa, anteriormente publicado por Mikhail Lomonosov em 1760 e que encontrou em Lavoisier o seu melhor defensor e divulgador. Tudo mesmo? Vejamos. Se colocarmos uma fruta na janela, uma maçã, por exemplo, e ao lado um pedaço de vidro, o que podemos observar? Em poucos dias, no lugar da maçã encontraremos apenas uma mancha. Mas o pedaço de vidro estará lá, aparentemente no mesmo tamanho e com a mesma composição. E assim poderá ficar por muito tempo, talvez por uma infinidade de anos se nenhum evento o atingir e provocar a sua fragmentação e sua transformação. Mas, o que ocorreu com a maçã? Sua composição entrou em diferentes ciclos da natureza: parte foi consumida por pássaros, formigas e outras pequenas espécies; parte foi levada pelo vento e depois se transformou em fragmentos da atmosfera, da água, da terra. Transformou-se em outras coisas.

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A lei da conservação da massa explica um dos maiores problemas da atualidade, a poluição, pois se a matéria não se transforma em nada, gera os resíduos. Se estes resíduos ficam acumulados sem nenhum tratamento, certamente poluem a natureza. Quando os resíduos se acumulam, pode ocorrer excesso de nutrientes, na água de lagos, do mar e o consequente excesso de matéria orgânica. Por outro lado, quando os resíduos são utilizados novamente, ocorre o processo de reaproveitamento. Por exemplo, a água utilizada na máquina de lavar roupa pode ser reaproveitada para lavar o quintal. Ainda há um outro caminho para os resíduos: se eles são incorporados ao meio e são novamente utilizados em diferentes formas, estão sendo reciclados. Neste caso, podemos ter como exemplo as garrafas PET que são picotadas e transformadas em peças de construção de moradias. O processo de reciclagem pode ocorrer de forma natural pela própria dinâmica da natureza, ou pode se dar por ação humana que transforma aquela matéria em outra coisa. O produto gerado pela reciclagem pode ser de grande valia para o desenvolvimento da sociedade. Uma das transformações importantes para uso e bem estar dos cidadãos ocorre na geração de energia. Em 1905, Einstein mostrou que a energia possui, como a matéria, a propriedade da inércia ou da massa. Conforme concluíra Lavoisier, Einstein demonstrou que a matéria não desaparece, apenas se transforma. Ele introduziu o conceito de massa inercial e demonstrou a relação entre a massa e a energia. Partindo agora para o contexto de


energias renováveis, pode-se afirmar que estas e o processo de reciclagem celebram a sua estreita relação, pois a energia renovável busca na natureza as suas fontes, transformando a matéria prima em energia, desde que a matéria utilizada seja naturalmente renovada e não ocorra agressão ao meio ambiente. Vejamos a fonte de diferentes energias renováveis:  Energia Solar: energia proveniente

dos raios solares.  Energia Eólica: energia gerada pelo

vento resultante do deslocamento de massas de ar.  Biomassa: energia química contida em

fonte orgânica que pode ser convertida em várias formas de energia: eletricidade, combustível ou calor.  Células de combustível: energia ge-

rada por dispositivo eletroquímico que transforma continuamente a energia química em energia elétrica.  Energia Hídrica: energia potencial

resultante dos fluxos de água nos rios (queda), convertida em eletricidade.

 Energia das Ondas: energia gerada

pela movimentação das ondas que produz trabalho mecânico, convertido em eletricidade.  Energia das Marés: energia gerada

pela diferença de amplitude entre marés que produz trabalho mecânico, convertido em eletricidade.  Energia Geotérmica: energia gerada

pelo aproveitamento do calor interno da Terra. Assim, a energia renovável é também um processo de reciclagem na transformação de água, luz solar, vento, resíduos de plantas, frutos, madeira entre outros, para gerar energia com o objetivo de trazer qualidade de vida para seus usuários. Entendemos que conhecer como obter energia da própria natureza poderá ampliar as alternativas de reciclagem, contribuindo com a qualidade ambiental e com um mundo melhor. Equipe APROER – Energias Renováveis, é uma associação sem fins lucrativos que busca a promoção social, educativa e ambiental das comunidades onde atua, desenvolvendo projetos de energias renováveis. Com sede em Itajubá/MG atua em todo o território nacional e em alguns países da América Latina. www.aproer.org.br


A importância

das

Cores

Por Anderson Costa Lopes

Assim como pisos, revestimentos e móveis, as cores escolhidas para pintura da casa são de suma importância para tornar o ambiente bonito e agradável. Além de respeitar os gostos pessoais é bom estar atento ao tipo de sensação que o local irá transmitir com a cor escolhida. O uso de uma ou várias cores no ambiente pode alterar a comunicação, as atitudes e a aparência das pessoas, a cor pode trazer tranquilidade, reduzir o estresse ou aumentar a energia, a disposição e o desempenho. O vermelho traduz vida e alegria, contribui também para a confiança em si mesmo, a coragem e uma atitude otimista ante a vida. É uma cor que também tem seu aspecto negativo, e pode expressar raiva. Se estamos rodeados de muito vermelho, pode influir-nos negativamente e deixar-nos irritáveis e impacientes. O amarelo contribui para a felicidade. É uma cor brilhante, alegre, que simboliza o luxo - é como estar em festa a cada dia.

O branco é uma cor mais protetora, reflete paz e conforto, alivia a sensação de desespero, ajuda a limpar emoções, os pensamentos e o espírito. O excesso de branco, quando não é necessário, pode dar a sensação de solidão e frio. Paredes brancas abrem a possibilidade de ousar nas cores dos estofados. O verde tem uma forte ligação com a natureza, é a cor que procuramos instintivamente quando estamos deprimidos. A cor verde cria um sentimento de conforto e paz interior.

O azul traz tranquilidade, nos faz sentir descontraídos e calmos, ajuda a controlar a mente, a ter clareza de ideias e a ser criativo. Além das cores, existe hoje um grande leque de opções para mudar a sua casa, texturas e efeitos decorativos que tornam o ambiente mais aconchegante. Enfim, pequenas e boas transformações podem gerar grande impacto na sua vida, nunca tenha medo de mudar.


Programa Produção Associada ao Turismo nos Caminhos do Sul de Minas

Integrantes da Missão Técnica Serra Gaucha em visita técnica à Vila Valduga: Eliza Bitencourt; Pedro Germiniani; Jean Carlo Nemanis; Thania M. Machado; o enólogo da Vinícula Valduga; Presidente do CTCSM, José Maurício; Carmen Matsue; Rosana Carnevalli; Gestor do CTCSM, Walter Alvarenga; Herika Nogueira e Orlando Mohallem.

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nica para a Serra Gaúcha, formada por representantes dos setores mapeados pelo Programa. Ações 2012

O Circuito Turístico Caminhos do Sul de Minas apresentou o Programa PAT nos Caminhos do Sul de Minas no “Seminário de Produção Associada ao Turismo”, realizado pelo SEBRAE Nacional e Ministério do Turismo, em Belo Horizonte, no dia 09 de maio. Dando continuidade às ações do Programa Produção Associada ao Turismo, em 2012, os parceiros SEBRAE MG e CTCSM já iniciaram a segunda fase do mapeamento nos segmentos de Agronegócio, Conhecimento e Tecnologia.

PAT BH – Herika Nogueira, Assessora em Comunicação CTCSM; Mônica Stela de Alencar Castro, Coordenadora Estadual de Turismo do SEBRAE Minas; José Maurício, Presidente CTCSM; e Elaine de Fátima Rezende, Técnica do SEBRAE Microrregional Itajubá.

Também realizaram a primeira etapa do “Circuito de Palestras Caminhos Empreendedores 2012”, visando atender as necessidades de capacitação das comunidades envolvidas. São destinadas a micro e pequenos empresários, formais ou informais, empreendedores e estudantes. A primeira etapa aconteceu em maio nas cidades de São José do Alegre, Delfim Moreira, Itajubá, Piranguinho e Marmelópolis. Em junho acontecerá a segunda etapa nos municípios de Cristina, Pedralva, Piranguçu, Santa Rita do Sapucaí e Wenceslau Braz.

Uma conquista importante para o CTCSM em seus 10 anos de existência é a representação da entidade na Diretoria da Associação Comercial, Industrial e Empresarial de Itajubá – ACIEI, por meio de seu Presidente, José Maurício Carneiro da Silva, que assumiu a cadeira de Turismo junto à entidade empresarial. A eleição da nova Diretoria aconteceu no dia 13 de abril e foi empossada em 04 de maio durante a festividade comemorativa pelos 87 anos da ACIEI – “Medalha Didi Pereira”.

Fotos: Arquivo CTCSM

O Programa Produção Associada ao Turismo nos Caminhos do Sul de Minas – PAT, em sua atual fase, está mapeando empresas e empreendedores cuja produção, de alguma forma, atrai o fluxo turístico e enriquece a visibilidade da região através da qualidade e inovação de seus produtos. O Programa PAT, desenvolvido pelo Circuito Turístico Caminhos do Sul de Minas – CTCSM em parceria com o SEBRAE MG, através da Microrregional Itajubá, cumpriu sua primeira fase, em 2011, mapeando e cadastrando mais de 200 empreendedores, dos 11 municípios integrados ao CTCSM, que já desenvolvem produtos nos segmentos de Artesanato, Eventos Turísticos, Comidas e Bebidas Típicas. Associado ao PAT, também foram realizados em 2011: o Mercado Caminhos do Sul de Minas, que apresentou a produção associada ao turismo e os roteiros da região nas cidades de Itajubá, Cristina, Piranguinho, Santa Rita do Sapucaí; o Projeto Escadaria em Belo Horizonte e na FRICI 2011; Oficina sobre Lei Geral e Empreendedor Individual; Curso de Elaboração de Projetos; Circuito de Palestras em cinco municípios, atingindo mais de 200 pessoas; e a Missão Téc-

Diretoria ACIEI – Ex-presidente do CTCSM e da ACIEI, Associado Benemérito do CTCSM e atual Conselheiro Consultivo da ACIEI, Luiz Roberto Costa Fortes; Presidente do CTCSM e atual Diretor de Turismo da ACIEI, José Mau- rício e o Presidente biênio 2012-2014 da ACIEI, Remy Andrade Filho.

O Circuito Turístico Caminhos do Sul de Minas – CTCSM, é uma Agência de Desenvolvimento Regional, cuja missão é: “Orientar e estimular seus associados para atuarem no desenvolvimento sustentável da atividade turística na região”. Atualmente abrange os municípios de Conceição das Pedras, Cristina, Delfim Moreira, Itajubá, Marmelópolis, Pedralva, Piranguçu, Piranguinho, Santa Rita do Sapucaí, São José do Alegre e Wenceslau Braz. www.caminhosdosuldeminas.com.br Av. Cel. Carneiro Júnior, 192 1º andar Itajubá/MG (35) 3621-1859

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Piranguinho faz o maior

Pé-de-moleque do mundo Por Cleber Marinho

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Circuito Turístico Caminhos do Sul de Minas, a festa reúne cultura regional e o prazer da degustação da gastronomia junina, o que é um forte atrativo para quem gosta de apreciar belíssimas apresentações e busca a vivência em uma cidade do interior mineiro. Em sua sétima edição, a Festa do Maior Pé-de-moleque do Mundo acontece de 15 a 17 de junho, a partir das 19h, no domingo com início às 9h. O ápice da festa ocorre no sábado, dia 16, quando será confeccionado em praça pública o Maior Pé-de-Moleque do Mundo, com 17 metros, superando a marca do ano passado.

Fotos: Banco de imagem da Prefeitura de Piranguinho

A tradição da cidade de Piranguinho na produção dos deliciosos pés-de-moleque, iguaria que foi declarada Patrimônio Cultural do Estado de Minas Gerais, vem sendo destacada desde 2006 na Festa do Maior Pé-de-moleque do Mundo. A união do poder público municipal e de 11 produtores locais do doce, mais o apoio da comunidade através das escolas e instituições, faz da realização dessa famosa festa um sucesso garantido, atraindo turistas da região do Sul de Minas, São Paulo, Vale do Paraíba e de diversos outros estados. A Festa do Maior Pé-de-moleque do Mundo é um misto de atrações culturais, o melhor da gastronomia junina, shows variados e artesanato regional. Destaca-se na festa a dança do pau de fitas, em que a coreografia desenvolvese como uma ciranda de participantes que orbitam ao redor de um mastro central, esta apresentação reúne 150 crianças. Ao todo, na preparação e realização das atrações da festa, que conta com quadrilhas e danças regionais, são envolvidas mais de 1.200 pessoas. O envolvimento de 11 produtores de pés-de-moleque é o que faz a atração principal da festa. Na primeira festa, o pé-de-moleque gigante contou com 11 metros, sendo 1 metro doado por cada produtor. Desde então, a cada ano, foi-se aumentando o tamanho do doce em 1 metro e a festa cresceu mais que a proporção do doce. Em 2010, o pé-de-moleque gigante foi homologado pelo Rank Brasil, o livro dos recordes brasileiro, como o Maior Péde-moleque do Brasil, tendo 15 metros de comprimento, 60 cm de largura, 2 cm de altura e 232kg. Em 2011 o feito foi superado pelos produtores quando o pé-de-moleque atingiu 16 metros. Considerado um evento âncora do

A festa conta com serviço de bar, com o melhor da gastronomia junina e delicioso almoço no domingo. Exposição na Casa da Cultura retrata as edições anteriores da festa e expõe textos dos alunos do 5º ano do ensino fundamental da Escola Municipal Almerinda Valente de Lima, além do artesanato e da estrutura de parque de diversão com brinquedos infláveis. Piranguinho se destaca no cenário turístico e cultural na região do Sul de Minas, sendo referência regional na promoção de eventos e na valorização da sua cultura, preservando a história e a memória local.


Aumente sua capacidade de transformar seus sonhos em realidade, seja um empreendedor! Mas, quem é essa pessoa? No Brasil, o termo empreendedorismo chegou com forte vinculação com à capacidade de identificar oportunidades de novos negócios e desenvolvê-los com prosperidade e sucesso. Assim tem sido divulgado e disseminado por algumas organizações que contribuem na formação empreendedora. Através dos estudos e pesquisas realizadas pelo Núcleo de Empreendedorismo da Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas do Sul de Minas (FACESM) temos consolidado o termo empreendedorismo como: “Idealismo com efetividade, como agente de transformação econômica e social”. Esta definição abrange a capacidade de idealização e transformação em algo real, prático e concreto. Estas ações geram valores econômicos de maneira inclusiva e distribuída, ajudando a reduzir as desigualdades sociais. Assim, todo sonho, ideal, desejo ou projeto que seja transformado em realidade, é empreendedorismo.

O conceito de empreendedorismo tem dois enfoques: o econômico, representado por pensadores como Schumpeter e o comportamental, por pensadores como McClelland. Os economistas tendem a ligar os empreendedores com a inovação, enquanto os comportamentalistas concentraram-se nas características atitudinais. Uma sociedade culturalmente empreendedora é capaz de gerar riquezas, elevar sua condição socioeconômica, melhorar o índice de desenvolvimento humano (IDH), possibilitar às classes menos favorecidas acessos a determinados recursos que podem gerar a independência, favorecendo a obtenção da cidadania. Desenvolver uma nova cultura, não é algo que se estabelece em curto prazo, pois é necessário que seja sedimentada na sociedade ao longo dos anos. Por isso, o ideal é que o ensino de empreendedorismo seja inserido desde os primeiros anos escolares, a fim de mudar uma realidade e caminhar ao encontro dessa nova cultura. O estilo de educar deve

Por Ronaldo Abranches fazer parte do projeto pedagógico do ensino básico, médio e superior. A educação, além de ensinar, ajuda a integrar ensino e vida, conhecimento e ética, reflexão e ação, a ter uma visão da totalidade. Neste contexto, o desafio da proposta educacional empreendedora é construir novos valores em uma sociedade heterogênea, marcada positivamente pela diversidade cultural, mas, negativamente pelas diferenças abissais de renda, poder e conhecimento. Mudar esta realidade significa fazer uma verdadeira revolução. O Empreendedorismo deve ser articulado como uma política pública, moderna e desafiadora, capaz de mudar a realidade de uma comunidade, estado e nação, a começar por você! Prof. Ronaldo Abranches, Bacharel em Admi- nistração, Especialista em Qualidade e Produtividade; Mestre em Engenharia de Produção. Professor e diretor do Instituto de Pós-graduação, Pesquisa e Extensão da FACESM. Diretor da Quality Steps Assessoria Empresarial.


Biomateriais: quando o homem cria ciborgues à sua imagem Pelo Dr. Alvaro Antonio Alencar de Queiroz “… e criou Deus o homem à sua imagem...” (Gn 1:27) Ao longo da História, a constante luta do ser humano para sobreviver e melhorar sua qualidade de vida levou à criação de uma imensa interface entre o homem e a natureza, impedindo a seleção natural. A integração entre o organismo biológico humano e os materiais sintéticos proporcionados pela ciência contemporânea tem levado a um grande aumento na expectativa de vida; muito além do imaginado pelo Império Romano onde a esperança média de vida era cerca de quarenta anos. Entretanto, o ser humano enfrenta com o envelhecimento, a progressiva deterioração dos tecidos e órgãos biológicos após cerca de quatro décadas de existência. O desenvolvimento de procedimentos cirúrgicos para a implantação de novos órgãos ou tecidos e a evolução dos processos de fabricação de próteses a partir de materiais sintéticos é uma rotina neste século. A utilização de materiais sintéticos na medicina ocorre desde a antiguidade, principalmente os metais — o vidro e o ouro — devido a sua inércia química aparente quando em contato com o organismo humano. Diversos materiais sintéticos podem ser utilizados na reconstituição do tecido humano lesado por trauma ou enfermidades a exemplo da utilização dos materiais compostos baseados no polímero biodegradável — poli (caprolactona) e hidroxiapatita (HA) (Figura 1).

Figura 1. Tomografia computadorizada mostra defeito facial por trauma indicado por seta em (A). Em (B) tomografia computadorizada ilustra o preenchimento do defeito com rede de compósito de hidroxiapatita/poli (caprolactona) (HA/PCL) conforme indicado pela seta. Em (C) RX mostra o preenchimento de falha óssea em mão com o compósito HA/PCL. Em (D) e (E) microestrutura do compósito HA/PCL. Em (F), (G) e (H) as diversas formas nas quais podem ser fabricados o compósito HA/PCL sintetizados na UNIFEI.

A partir de meados do século XX houve uma verdadeira revolução quanto ao desenvol- vimento de materiais para aplicações médicas.

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A utilização dos polímeros na medicina permitiu inovações que não eram pos- síveis com os materiais tradicionais a exemplo dos metais e cerâmicas pro- porcionando assim uma enorme flexibilidade na fabricação de peças molda- das, além de densidade menor e resistência significativamente maior que os materiais tradicionais. Os biomateriais passaram por uma espetacular evolução nas últimas três décadas. Em poucos anos, a demanda social, as necessidades clínicas e o desenvolvimento tecnológico levaram ao desenvolvimento de próte- ses biocompatíveis que permitem não somente a recuperação da qualidade de vida do paciente, mas muitas vezes sua total reabilitação profissional (Figura 2). Uma definição importante de um biomaterial é a sua biocompatibilidade com o organismo biológico receptor, isto é, a capacidade do material ter uma resposta favorável numa aplicação específica, com o mínimo de reações alérgicas, inflamatórias ou tóxicas, quando em contato com os tecidos vivos ou fluidos do organismo. Entretanto, não existem materiais totalmente inertes, há sempre uma resposta Figura 2. O implante de uma prótese de quadril dos tecidos a qualquer corpo espermite que a competidora olímpica Sonia tranho quando inserido no corpo Stravinsky patine com leveza e performance humano. Alterando algumas prode grande beleza. priedades dos materiais é possível minimizar ou controlar a resposta do tecido biológico ao material sintético implantado. A Figura 3 ilustra os principais materiais desenvolvidos para aplicações na medicina, também denominados de biomateriais. Durante os últimos trinta anos, as doenças cardiovasculares (CVD) aumentaram substancialmente em muitos países em desenvolvimento. A doença arterial coronariana, conhecida como infarto do miocárdio, é a manifestação mais comum do CVD, contribuindo significativamente para sua elevada taxa de mortalidade. As projeções atuais com base em estudos epidemiológicos estimam que as taxas de mortalidade global da doença arterial coronariana deverá dobrar na próxima década. Figura 3. Materiais sintéticos desenvolvidos O infarto agudo do miocárdio para aplicações médicas específicas. resulta em uma grave lesão no coração devido à obstrução do fluxo sanguíneo em uma artéria do tecido cardíaco, formado essencialmente por células do miocárdio. Devido à súbita obstrução do fluxo sanguíneo, o tecido cardíaco sofre uma isquemia e necrose (morte celular). A esta morte do tecido cardíaco se dá o nome de infarto (Figura 4). Uma vez que o coração humano não possui a capacidade de se autorregenerar, as células mortas formam um tecido cicatricial não contráctil fibroso na área de infarto do miocárdio que reduz a eficiência contrátil do coração.

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Figura 4. Ilustração simplificada do infarto agudo do miocárdio. Após o fechamento da artéria coronariana ou de um de seus ramos por um coágulo sanguíneo ou, obstrução da luz do vaso por arteriosclerose, células do miocárdio morrem por falta de oxigênio.

Recentemente, uma equipe de pesquisadores da Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) coordenada pelo prof. Dr. Alvaro A. A. de Queiroz desenvolveu processo utilizando a eletrofiação para a obtenção de uma membrana contendo nanotubos de polianilina capazes de regenerar as células do miocárdio de um paciente que sofreu infarto. A polianilina é um polímero condutor de eletricidade, entretanto não é biocompatível. Os nanotubos são revestidos com um polímero biocompatível derivado da glicerina (PGLD) (Figura 5). A membrana obtida após ser colocada em contato com a área infartada é estimulada eletricamente com o auxílio de um marcapasso e sua estrutura flexível permite os movimentos de contração e expansão, similarmente ao tecido cardíaco. Estudos em laboratório apontam que a membrana eletricamente ativa permite o crescimento de células do miocárdio e poderá em um futuro próximo regenerar áreas infartadas do coração. Atualmente, os pesquisadores da UNIFEI estão trabalhando em técnicas que levem a uma concentração maior de nanotubos PANI na membrana e ao mesmo tempo uma melhoria nas suas propriedades adesivas ao tecido cardíaco de modo que possa mimetizar a condução dos impulsos elétricos do músculo cardíaco. A pesquisa desenvolvida poderá aumentar as expectativas da qualidade de vida e restaurar as funcionalidades fisiológicas do tecido cardíaco após o infarto. Outra vertente da pesquisa é a utilização do material obtido em feixes de fibras eletroativas para a robótica na fabricação de músculos artificiais. Nesse caso, o feixe de fibras será capaz de mudar sua forma em resposta a estímulos externos, se contraindo de forma similar aos movimentos gerados pelos músculos humanos. A invenção poderá ter um potencial suficiente para permitir sua utilização em robótica na

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Figura 5. Ilustração da técnica de eletrofiação para a obtenção de uma matriz extracelular nanofibrosa que induz a proliferação de células do miocárdio, desenvolvida no Centro de Estudos e Inovação em Materiais Biofuncionais Avançados da UNIFEI. As nanofibras são formadas pelo polímero condutor poli (anilina) (PANI) que estimula eletricamente o crescimento de células do miocárdio.

fabricação de próteses inteligentes que se movimentam com o auxílio da inteligência artificial (Figura 6). As próteses inteligentes já são uma realidade, mas seu preço é inacessível à população de baixa renda devido à tecnologia importada, além da falta de engenheiros qualificados no Brasil para a demanda de fabricação e/ou manutenção. Atualmente, os pesquisadores da UNIFEI estudam a densidade de cargas elétricas no material e o torque gerado por massa de fio em função de sua composição.

(A) (B)

(C)

Figura 6. Utilizando técnicas da nanotecnologia, o material eletroativo desenvolvido nos laboratórios da UNIFEI (CEIMBA) está sendo fabricado na forma de feixes de fibras que mimetizam o músculo humano (A). A eletricidade gerada nas nanofibras pelas contrações musculares será utilizada para movimentar próteses bioelétricas. Como exemplo de próteses inteligentes tem-se as próteses mioelétricas de mão (http://www. sierraortho.com/i-limb-hand) (B) e braços biônicos (http://www.ric.org/research/centers/cbm/) (C). Entretanto, tais próteses não utilizam o tipo de tecnologia desenvolvida na UNIFEI.

Os desenvolvimentos conseguidos na Ciência dos Biomateriais estão intimamente ligados aos avanços de outras áreas da ciência, a saber: Bioinformática, Física/ Química Supramolecular e Biologia Molecular. No entanto, embora a convergência da Ciência em novas tecnologias ofereça novas possibilidades quanto à manutenção da qualidade de vida na longevidade

humana também apresenta novos desafios. Embora as descobertas científicas nas áreas de Ciências biológicas, Química e Física ocorram com impressionante rapidez neste século, tais avanços não chegam à clínica na mesma velocidade que a tornam avanços científicos. A flecha do tempo faz com que o organismo biológico humano enfraqueça e viva em uma combinação mórbida do aumento da longevidade e o envelhecimento do corpo humano. Em mais algumas décadas, a perspectiva de vida ultrapassará uma centena de anos e o acoplamento entre a célula biológica e o silício será inevitável. A corrida pela medicina regenerativa deverá ser abandonada à medida que se percebe que não basta manter o corpo restaurado, mas que é preciso ampliar suas capacidades físicas e mentais para assegurar a sobrevivência; tarefa essa inicialmente executada pelos lentos passos dos caprichos da evolução natural no alvorecer humano sobre a Terra. Com os notáveis avanços deste século, mesmo que o corpo humano entre em total e inevitável declínio biológico devido à flecha do tempo, sua associação às máquinas lhe dará perspectivas de viver mais e com qualidade. O ser humano do século XXI oscila entre os extremos do orgânico e do inorgânico e, diferentemente da ficção científica, não é um aperfeiçoamento artificial da espécie humana, mas sim apenas a última tentativa de sobrevivência. Nesse caso, a célula biológica e os chips estarão tão intimamente interligados que a existência da mente e da consciência não mais pressuporá a da vida. Dr. Alvaro Antonio Alencar de Queiroz, Coordenador Científico do Centro de Estudos e Inovação em Materiais Biofuncionais Avançados, UNIFEI.

Naturale junho/julho - 2012


Curso G9, em parceria com a Facesm, cria Clube de Xadrez em Itajubá Grupo será reconhecido oficialmente pela Federação Mineira de Xadrez Por Bill Souza

O Curso G9, em parceria com a Facesm (Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas do Sul de Minas), está criando o Clube de Xadrez do Curso G9 (CXG9), que será reconhecido oficialmente pela Federação Mineira de Xadrez (FMX). A documentação necessária já foi encaminhada a Belo Horizonte, sede da instituição, que deverá oficializar o clube ainda em junho. “Ao receber o aval da Federação, teremos uma série de vantagens. A prin- cipal delas, sem dúvida, será a possibili- dade de sediarmos campeonatos minei- ros e brasileiros de xadrez”, disse o dire- tor geral da Facesm, professor Hector Gustavo Arango, que será o primeiro pre- sidente do CXG9, como será chamado o clube. O diretor de Planejamento do G9, professor Giovanni Henrique Faria Floriano, que será vice-presidente do Clube

de Xadrez, apresenta outras oportunidades que se abrem com a oficialização do CXG9. “Haverá o reconhecimento dos atletas associados, o que os credencia a disputar campeonatos oficiais. Também iremos promover cursos e treinamentos aos associados”, ressalta. Os encontros serão sempre nas manhãs de sábado, no Curso G9. Giovanni Faria aponta ainda outra vantagem: “A exemplo do que realizamos no G9, queremos incentivar os associados à prática de ações solidárias. Os nossos atletas podem se tornar instrutores para levar o xadrez até outras instituições”, fala. Para o presidente do Clube Itajubense de Xadrez (CIX), Aécio Zózimo Bustamante, o CXG9 irá preencher uma lacuna que o CIX já não consegue preencher. “Em nosso tempo, produzimos grandes campeões em Itajubá, mas agora

é a hora de passar essa responsabilidade à nova geração”, diz. O CIX foi fundado em 1971, mas não é um clube oficial da FMX. A implantação do Clube de Xadrez é mais um passo que o Curso G9 dá para promover o resgate do esporte em Itajubá. Há três anos, o colégio criou a Oficina de Xadrez, que já revelou talentos para o esporte. A equipe conquistou vários títulos no recente Festival Mineiro da Juventude Rápido 2012, realizado em maio, e se classificou para a Fase Regional dos Jogos Escolares de Minas Gerais (JEMG).


Dicas para uma boa saúde bucal Pela Dra. Gracia Costa Lopes

Hálito puro e sorriso saudável são o resultado de uma boa higiene bucal, aprenda como garanti-la. Trinta e dois dentes, essa é a quantidade de dentes alinhados que um adulto deveria ter para um processo digestivo adequado, uma estética agradável e toda alegria de sorrir. Só que esse não é o número de dentes que a maioria dos brasileiros apresenta. O Brasil é conhecido como o país dos desdentados e cabe a nós, profissionais de saúde, orientar as pessoas para que tenham uma boa saúde bucal. Confira algumas dicas fundamentais para conservação dos dentes e uma melhor qualidade de vida:

pois chega até locais mais difíceis e remove as bactérias que ali se encontram.

 Manter uma alimentação saudá-

vel — rica em fibras e com baixo teor de açúcares e carboidratos. O grande risco dos açúcares para os dentes é a fre- quência em que eles são ingeridos e não a quantidade. Evitar alimentos e bebidas com corantes que possam manchar os dentes e as restaurações de resina. Evitar ingerir refrigerantes e bebidas ácidas, assim como chupar frutas cítricas com muita frequência (exemplo: limão). Elas podem causar erosões dentárias e sensibilidade excessiva.

 Escovar os dentes ao acordar,

Imagens: www. google.com.br

depois de cada refeição e antes de dormir — as escovas devem ser individuais e trocadas com frequência média de três meses, pois o uso constante deforma as cerdas, fazendo com que a limpeza seja menos eficiente e com o tempo bactérias e fungos podem se depositar entre elas. Escolha sempre uma escova macia. Realize as escovações com pasta de dente que contenha flúor.

 Use e abuse do fio dental — o fio

dental complementa a ação da escova,

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como a gengivite, uma inflamação que, quando não tratada pode evoluir para outros problemas. E se a gengiva sangra durante a escovação, procure um dentista.

 Escove sempre a língua — utilize

sempre limpadores de língua para remover a “saburra”, restos de alimentos e células que deixam a língua com aspecto esbranquiçado/amarelado.

 Flúor — crianças abaixo de 12 anos devem ingerir água potável fluoretada, dentifrícios fluoretados e quando necessário aplicação de flúor pelo dentista.  Fique de olho na gengiva — é importante observar a cor e o aspecto da gengiva, pois mudanças nestes quesitos indicam o aparecimento de doenças

 Hálito ruim não é bom sinal — Além de muito desagradável, ele pode ser um indício de que a saúde bucal não está nada bem. O sintoma pode sinalizar a periodontite, doença provocada pela inflamação da gengiva, que pode causar perda dos dentes, se não for tratada na forma correta. A halitose geralmente está associada à existência de cáries e a má higiene bucal, porém pode ter outra origem como a respiratória (sinusite e amidalite), digestiva (erupção gástrica, dispepsia, neoplasias e úlcera duodenal) e a de origem metabólica e sistêmica (diabetes, enfermidades febris, alterações hormonais, secura da boca, estresse).  Previna problemas odontológicos

— visite seu dentista a cada seis meses.

Naturale junho/julho - 2012



Circuito das Águas de Minas Gerais

Vamos conhecer

Carmo de Minas Por Maria Cristina R. Meirelles

Fotos: Frank Bacelar

Localizada na face mineira da Serra da Mantiqueira, Carmo de Minas exibe mirantes de altitude e paisagens de tirar o fôlego. O município está inserido na primeira região do Sul de Minas a receber o selo de Indicação de Procedência do Café. Faz parte do Circuito Turístico das Águas e possui enorme vocação para o turismo no espaço rural associado à cafeicultura. Os cafés especiais da microrregião da Serra da Mantiqueira, em especial os de Carmo de Minas são equilibrados e balanceados, com sabores complexos e doçura elevada. A combinação entre o clima, solo e o manejo sustentável são condições favoráveis na produção de grãos de alta qualidade, reconhecida por torrefadores e cafeterias no mundo inteiro. Sua economia se baseia na agropecuária, sendo que a cultura do café responde por mais de 70% do Produto Interno Bruto do Município. Nos últimos 20 anos, o processo de produção de cafés foi aprimorado com a implantação da colheita seletiva de grãos precoces, médios e tardios, o uso de lavadores e descascadores do café cereja, a expansão e adequação de novas variedades. A Associação dos Produtores de Cafés da Mantiqueira vem desenvolvendo um trabalho na microrregião, visando a capacitação dos cafeicultores e a definição de estratégias de mercado mais competitivas, o que permite ao consumidor identificar aromas e sabores peculiares de cada origem, através das Denominações Geográficas, tornando a microrregião referência na comercialização de cafés. Produzindo cafés há mais de cem anos, Carmo de Minas representa hoje o Brasil na produção dos melhores cafés do mundo. Somado a isto, é uma das 12 cidades brasileiras agraciadas pelas obras do famoso artista português, o naturalista Francisco da Silva Reis, conhecido como “Chico Cascateiro”, que deixou sua marca no Coreto da Praça da Matriz, cuja obra foi moldada em argamassa, areia, óleo de baleia e cerâmica, imitando madeira e pedras. O estilo arquitetônico das construções históricas, como a Igreja Matriz que possui traços barrocos e intervenções neoclássicas e abriga em seu interior os 14 quadros da Via Sacra de Cristo, tombados como Patrimônio do Município; as obras literárias de escritores carmenses con-

sagrados como Murilo Rubião, Plínio Motta e Oto Nogueira, dentre outros; as manifestações culturais genuínas, os saberes e fazeres de seu povo e a possibilidade de conhecer de perto o processo de produção do café, do pé à xícara, são experiências inesquecíveis que o turista pode vivenciar em Carmo de Minas. Venha experimentar novas emoções!




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